Pelo contrário, há uma complicação semiótica aplicada que está presente
crescente, em se tratando desta tanto nos estudos culturais, em questão, afetando problemas de comunicação ou na literatura quanto representação, interpretação, em lingüística (aplicada ou não) e escritura, etc. que parece não se comprometer com um, diríamos, Peirce integral. Isto 7. Ver Debrock & Hulswit (1994) é, que pensa sua semiótica como em que pode-se encontrar várias sistema de elementos para se refletir referências à filosofia da mente de epistemo-logicamente (Apel, 2000) e, Peirce. além disto, entender o pragmatismo 8. Ver "Logic, Mind and Reality: peirceano como uma ontologia Early Thoughts". (p. 15-40) fenomenalista (Lorenz, 1994). 9. Pensamos, sobretudo, em uma Rodrigo Borges de Faveri certa tradição de estudos em UFSC
De livros completos de Blake
em português brasileiro, estavam Canções da Inocência e da publicados somente O Matrimô- Experiência – Revelando os dois nio/Núpcias do Céu e do Inferno, estados opostos da alma humana O Livro de Thel, Todas as Religi- de William Blake. Tradução de ões são Uma Única. Depois tínha- Mário Alves Coutinho & Leonardo mos excertos do Matrimônio, se- Gonçalves. Belo Horizonte: leções, algumas peças esparsas das Crisálida, 2005, 147 pp. Canções, as mais populares, pro- jetos isolados de tradutores. Can- ções da Inocência e da Experiên- A obra de William Blake (1757- cia – Revelando os dois estados 1827) é idiossincrática do início opostos da alma humana, tradu- ao fim; não há nada parecido no ção de Mário Alves Coutinho & nosso sistema literário, e a quanti- Leonardo Gonçalves (Fale/ dade de traduções que vêm che- UFMG) sob encomenda da edito- gando parecem refletir um interes- ra Crisálida, é a primeira versão se crescente pela sua poesia em brasileira integral, em meio im- nossa língua. presso, de The Songs of Innocence 272 Resenhas de Traduções
and The Songs of Experience, o «Inferno», de que «bem» e «mal»
como publicados em 1794, unidos são noções incompatíveis. Como numa mesma edição, com o subtí- diz em The Marriage of Heaven tulo «Shewing the Two Contrary and Hell: States of the Human Soul». Todas as Bíblias ou códigos O livro The Songs of Innocence sagrados têm sido as causas dos and The Songs of Experience aju- seguintes Erros: da a traçar o eixo da impressio- 1.Que o Homem possui dois nante simbologia da que se consi- princípios reais de existência: dera a segunda fase do autor, na um Corpo & uma Alma. qual ele empreende a gravação de uma série de poemas longos, com 2.Que a Energia, denominada um aparelho mitológico próprio. Mal, provém apenas do É talvez esta a razão de os poemas Corpo; & que a Razão, denominada Bem, provém desta segunda fase ainda não te- apenas da Alma. rem sido traduzidos no Brasil – além de serem textos muito obs- 3.Que Deus atormentará o curos, a tradução de qualquer de- Homem pela Eternidade por les praticamente exige a tradução seguir suas Energias. de todos, pois funcionam mal se- Mas os seguintes Contrários paradamente. As Canções são, de são Verdadeiros: fato, um caso à parte: é possível apreciá-las separadas da obra com- 1.O Homem não tem um pleta do autor. Corpo distinto de sua Alma, pois o que se denomina Corpo Influenciado inicialmente pelos é uma parcela da Alma, escritos de Swedenborg, depois por discernida pelos cinco Böhme e Paracelso, Blake enfoca Sentidos, os principais a situação política, social e cultu- acessos da Alma nesta Etapa. ral do seu tempo sob uma pers- pectiva transcendental da existên- 2.Energia é a única vida, e cia humana, e contesta o pensa- provém do Corpo; e Razão, o mento religioso tradicional de que limite ou circunferência há no homem um «corpo» externa da Energia. dissociado de uma «alma», de que 3. Energia é Deleite Eterno1. atender às vontades do «corpo» O poeta então procura unificar equivale a uma aproximação com os contrários – nunca contraditó- Resenhas de Traduções 273
rios, e sempre necessários. Pois, Nesta edição da Crisálida, as
«Without Contraries there is no Canções da Inocência contêm progression. Attraction and uma «Introdução» e 18 poemas; e Repulsion, Reason and Energy, as Canções da Experiência, «In- Love and Hate, are necessary to trodução» e 26 poemas (a seqüên- Human existence»2. Ora, o con- cia e o número de poemas pode fronto entre os opostos é a conse- variar de acordo com a cópia-re- qüência natural, tão inevitável ferência). Os poemas estão com- quanto imprescindível, do desdo- postos em formas variadas: bala- bramento do Criador em Criação. das, hinos e nursery rhymes, ao Porque Ele, o Um Eterno (nem estilo da literatura infantil em as- bom, nem mau, pois não existe censão na época. A idéia do livro, nada antes Dele) precisou desdo- suspeitam alguns críticos brar-se em criaturas participativas (Ackroyd; Grierson & Smith), para o seu fim único que é a pode ter sido orientada pela ironia autocontemplação, segundo a teo- do poeta sobre os hinos mora- logia de Böhme. O equilíbrio dos lizantes para crianças que então contrários, esta é a base da crítica estavam sendo publicados. As pe- que Blake faz a respeito do risco ças reunidas em Canções da Ino- de se reprimir as virtudes rema- cência e da Experiência são ricas nescentes da inocência em favor em imagens pastorais, de lingua- da tolice adquirida, a experiência gem simples, mas estão repletas de da Razão. É o declínio da raça simetrias internas, extremamente humana de um estado primal de musicais. Não por acaso, compo- inocência (como entendido por sitores de diferentes tradições já Swedenborg nas conversas com os musicaram as Canções de Blake, seus espíritos e anjos), a humani- entre outros, William Bolcom, dade tornando-se progressivamen- Allen Ginsberg, Larry Bell, te mais materialista, o que Blake Vaughan Williams e Finn Coren. busca analisar em The Songs, como O próprio Blake estava atento à se cada poema fosse um exemplo música folclórica, e há informação palpável da verdade espiritual nele de que ele cantava a sua poesia. guardada, se nos é permitido di- O fato é que a alta carga zer assim; o invisível que se ma- imagética, a simbologia, os jogos nifesta visível, para falar nos ter- de sons, as ilustrações, fazem das mos de Paracelso. Canções um trabalho único. 274 Resenhas de Traduções
O poema de abertura da pri- dade dos tradutores. Vejamos a
meira parte do livro, por exem- tradução de Mário Alves Coutinho plo, tem um ritmo todo regular, & Leonardo Gonçalves (p. 27): com acentos cuidadosamente dis- Trilando por velhos vales tribuídos e repetições estratégicas, Canções de muita alegria que o fazem muito convidativo à Vi na nuvem um menino memorização: Que risonho me pedia: Piping down the valleys wild Uma canção de cordeiro. Piping songs of pleasant glee Eu toquei com muito gosto; On a cloud I saw a child. Flautista toque outra vez – And he laughing said to me. Vi lágrimas no seu rosto. Pipe a song about a Lamb: Deixe a flauta, a doce flauta So I piped with merry chear, Cante cantos de alegria, Piper pipe that song again– Voltei na mesma cantiga So I piped, he wept to hear. Chorou feliz quando ouvia. Drop thy pipe thy happy pipe Sente-se e escreva-a, flautista, Sing thy songs of happy chear, num livro bom de se ler – So I sung the same again Sumiu-se da minha vista, While he wept with joy to E oca cana fui colher. hear. E uma pena rústica eu fiz, Piper sit thee down and write E a água clara foi manchada, In a book that all may read– E escrevi canção feliz: So he vanish’d from my sight, que ela alegre a criançada. And pluck’d a hollow reed. O tetrâmetro trocaico torna-se And I made a rural pen, redondilha maior, o que garante And stain’d the water clear, ao verso traduzido uma duração And I wrote my happy songs, parecida com o esquema original. Every child may joy to hear As rimas finais estão refeitas em Traduzir a «Introdução» (p. 26) soluções razoáveis: gosto-rosto; das Canções da Inocência em po- alegria-ouvia; flautista-vista; ler- ema que lembre satisfatoriamente colher; fiz-feliz; manchada-crian- os seus detalhes de som, sem çada. O problema são as regulari- distorcer a mensagem, é realmen- dades sonoras internas (down- te uma tarefa que desafia a habili- cloud; pleasant-laughing, primei- Resenhas de Traduções 275
ra estrofe, por exemplo), as repe- final do livro. É o caso desta “In-
tições que fazem o elo entre as es- trodução”, por exemplo. trofes, que são a essência do rit- As “Notas” são comentários à mo, piping-pipe-piped; songs- tradução das canções, com a dis- sing-sung; happy, etc, completa- cussão da simbologia de algumas mente diluídas na tradução. «Oca delas, e trazem alguns rascunhos, cana» retoma a aliteração mas tal- versos descartados pelos traduto- vez não reproduza a sonoridade res. E é nas “Notas” que Coutinho blakeana. Provavelmente devido a & Gonçalves revelam ao leitor o que as aliterações em «p» e «s» não seu projeto de tradução, e as difi- são reproduzidas, perde-se muito culdades enfrentadas: em musicalidade. Assim, o poe- Comparada com o português, ma traduzido não transmite a jo- a língua inglesa é extremamente vialidade sugerida no original. concisa, por vezes monossilábica. Além disso, está diminuída a fun- O tradutor que lida com a métri- ção de apresentação das canções ca desta língua se vê constrangi- subseqüentes («And I wrote my do a ter que alterar o tamanho do songs»: «E escrevi canção feliz»), verso e/ ou abdicar de certas pa- ou seja, é importante que esta «In- lavras num constante jogo de com- trodução» simbolize a visão de um pensações. Por isso, tentamos re- anjo inspirando o poeta a escrever tomar aqui o sentido perdido de e registrar o conjunto de canções, algumas delas. no plural, que se seguem no livro Elaborando esta tradução, pro- (imagem ressaltada pela ilustração- curamos seguir de perto, na medi- frontispício às Canções da Inocên- da do possível, a métrica e a rima cia), idéia que a tradução não pre- do original. Mas Blake se permite serva de modo satisfatório. certas liberdades quanto a isso, e Editar Blake é sempre um pro- de repente temos versos que fo- blema, pois o que geralmente se gem às regras. Também nos per- consegue é uma transcrição textu- mitimos essa liberdade, em favor al dos poemas, excluindo-se assim de uma melhor fluência dos sons o seu caráter pictórico. Os tradu- do verso em português. Muitas tores aqui intentam compensar esta vezes seguimos o metro original perda descrevendo para o leitor inglês; em alguns casos, isso era algumas das ilustrações originais impossível. Nestes, aumentamos o na seção de «Notas», que vem no número de sílabas. Há momentos 276 Resenhas de Traduções
em que não existe rima no origi- duções de William Blake em lín-
nal, mas que em português esta gua portuguesa” (p. 143). surgiu quase que naturalmente. Outra amostra da análise Por outro lado, em outras passa- blakeana do conflito inocência vs. gens não nos foi possível rimar experiência, na forma de canção onde existia a rima em inglês: infantil: como geralmente isto acontece no Old John with white hair mesmo poema, achamos que uma Does laugh away care, coisa compensava a outra (p. 133). Sitting under the oak, O prefácio, nietzscheanamente Among the old folk, intitulado «William Blake: huma- They laugh at our play, no, demasiadamente humano», And soon they all say, está dividido em nove breves se- Such such were the joys, ções, e abre e fecha com citações When all girls & boys, de T. S. Eliot sobre Blake. Aqui In our youth time were seen, os tradutores procuram informar On the Ecchoing Green. o leitor do contexto da composi- Esta é a segunda estrofe de ção da obra; comentam sobre o «The Ecchoing Green» (p. 30). A misticismo do poeta, a sua mito- opção acertada pelo condensado logia pessoal; explicam muito ra- verso de seis sílabas se esforça por pidamente a obra e alguns poemas atingir as simetrias internas do como retratos da realidade da épo- poema original. O esforço mais ca, a técnica da poesia blakeana, a visível é o deslocamento do verso autoconsciência do poeta, Blake segundo para quarto: ofensivo. O texto limita-se a resu- mir as principais opiniões da críti- Velho John, grisalho, ca, dando ênfase à excentricidade Sob o velho carvalho, do poeta – assim, Blake é «lou- Junto ao grupo ancião, co», «alienado», «demente», «doi- Afasta a preocupação, do» ou «paranóico» treze vezes em Riem de nossos jogos E todos dizem logo, treze páginas de prefácio. Mostra- Era esta a alegria, se, contudo, uma bibliografia bá- Quando guri e guria, sica sobre Blake. A útil bibliogra- Éramos vistos antes, fia aparece ampliada no final do Nos Verdes Ecoantes. volume, onde encontramos tam- bém as referências de “algumas tra- Resenhas de Traduções 277
“The Ecchoing Green” sem dú- Bosom – ficam festa-flecha, feliz-
vida tem o encadeamento rítmico triz e leito-peito. O rascunho des- melhor cuidado que “Os Verdes cartado é (p. 135): Ecoantes” (p. 31). Cabe indagar Pardal que é todo festa se não seria mais adequado, e mais Sob as folhas tão verdes de acordo com o espírito do origi- Uma feliz flor nal, domesticar “John” em Vê seu vôo de flecha “João”, quando se ultradomestica A buscar uma fresta nas formas “guri” e “guria” para Junto ao meu Amor. “boys” e “girls”. “The Blossom.” (p. 38), de rit- A tradução para “The Chimney mo mais complexo, com variações Sweeper”, “O Limpador de Cha- súbitas: minés” (p. 41), é ousada:
Merry Merry Sparrow Quando mamãe morreu eu
Under leaves so green era bem moleque, A happy Blossom E ao vender-me meu pai, Sees you swift as arrow minha língua a custo é que Seek your cradle narrow Gritava ’arre ’arre ’arre Near my Bosom. ’arre-dor: [primeira estrofe] Durmo em fuligem, das chaminés sou varredor. Pardal que é todo festa [primeira estrofe] Sob folhas verdinhas Uma flor feliz O contorcionismo do segundo Vê teu vôo de flecha verso confunde o sentido: fica pa- Que no leito acerta recendo que o garoto comprou o Meu peito por um triz pai da mãe morta, ou da própria [p. 39] língua. O original (p. 40) é bem claro: As aliterações de “The Blossom.”, “r”, “s”, estão mais When my mother died I was ou menos representadas na tradu- very young, ção com os sons de “f” e “r”. A And my father sold me while repetição desaparece; os parale- yet my tongue, lismos rítmicos desta estrofe – Could scarcely cry weep weep weep weep. sparrow-arrow-cradle-narrow, So your chimneys I sweep & leaves-green-sees-seek, Blossom- in soot I sleep. 278 Resenhas de Traduções
“O Limpador de Chaminés” Qual mão em tua chama
das Canções da Experiência (p. pousa? 91) cuida em manter o diálogo Por que braço & que arte é entre os poemas homônimos: feito Na neve um ponto negro vai Cada nervo do teu peito? Chorando ’arre ’arre em tom E teu peito ao palpitar, de ai! Que horríveis mãos? & pés Onde seu pai & sua mãe hão sem par? de estar? Que martelo? Que elo? Tua Sei. Foram ambos à igreja mente rezar. Vem de qual fornalha [primeira estrofe] ardente? O segundo par de versos me- Qual bigorna? Que mão forte nos felizes que o primeiro. A es- Prendeu o teu terror de trofe original (p. 90): morte?
A little black thing among the Quando em lanças as estrelas
snow: Choraram no céu, ao vê-las: Crying weep, weep, in notes Ele sorriu da obra que fez? of woe! Quem fez o cordeiro te fez? Where are thy father & Tygre Tygre fogo ativo, mother? say? Nas florestas da noite, vivo, They are both gone up to the Que mão imortal armaria church to pray. Tua terrível simetria? “The Tyger”, o poema mais O metro desta tradução varia popular da língua inglesa3, ficou muito, 7, 8, 9, 10 sílabas, o que é assim (p. 101): imperdoável para o ritmo de uma O Tygre peça que tem como original uma canção tão simétrica: Tygre, Tygre, fogo ativo Nas florestas da noite vivo; The Tyger Que olho imortal tramaria Tyger Tyger. burning bright, Tua temível simetria? In the forests of the night: Que profundezas, que céus What immortal hand or eye, Acendem os olhos teus? Could frame thy fearful Aspirar quais asas ousa? symmetry? Resenhas de Traduções 279
In what distant deeps or skies. das tônicas não corresponde ao ri-
Burnt the fire of thine eyes? gor do original; “palpitar” é deli- On what wings dare he cado demais para o contexto; aspire? “mente” afeta o símbolo original. What the hand, dare sieze the “The Tyger” exige muita atenção fire? também quanto ao conteúdo inter- And what shoulder, & what no do texto, pois mesmo peque- art, nos desvios podem comprometer Could twist the sinews of thy a simbologia. O original faz apro- heart? ximação de idéias através da rima, And when thy heart began to efeito praticamente perdido na tra- beat, dução. “In” omitido torna em pas- What dread hand? & what sivo no primeiro par de versos da dread feet? segunda estrofe traduzida o que é What the hammer? what the ativo no original. Adições dema- chain, siado previsíveis para a formação In what furnace was thy de rima e ajustes que soam artifi- brain? ciais (ativo-vivo; ousa-pousa; Que What the anvil? what dread martelo? Que elo?; & pés sem grasp, par); tudo isso faz distanciar o tra- Dare its deadly terrors clasp! duzido do original de Blake, todo When the stars threw down construído de rimas perfeitas e their spears correlações fonéticas, mas sempre And water’d heaven with their provocando um efeito de harmo- tears: nia simples, fluida, o que dá à ca- Did he smile his work to see? dência da peça um tom espontâ- Did he who made the Lamb neo e natural. make thee? Aparentemente Coutinho & Gonçalves levam em conta as tra- Tyger, Tyger burning bright, duções anteriores. Augusto de In the forests of the night: Campos está aí: What immortal hand or eye, Quando as lanças das estrelas Dare frame thy fearful cortaram os céus, ao vê-las, symmetry? quem as fez sorriu talvez? Há falhas no tempo do conjun- Quem fez a ovelha te fez? to do poema traduzido; o arranjo 280 Resenhas de Traduções
[“O Tygre”4, quinta estrofe] brasileira definitiva; servirá de in-
Saem-se melhor, os tradutores, centivo a novas versões, que co- em “A ROSA DOENTE” (p. 95): meçam a aparecer: Canções da Inocência e Canções da Experiên- Ó Rosa, estás doente. cia: os Dois Estados Contrários da O verme que vadia, Alma Humana (São Paulo: Disal, Invisível na noite 2005), edição bilíngüe comenta- De uivante ventania: da, tradução também a quatro Achou teu leito feito mãos, duela com a tradução ante- De prazer carmesim: rior já no título. Seu negro amor secreto Juliana Steil Dedica-se ao teu fim. UFSC O quarto verso é realmente obstáculo que faz o ritmo trope- Notas çar. “THE SICK ROSE” (p. 94), o magnífico original de Blake: 1. Blake, William. O Matrimônio do Céu e do Inferno e O Livro de Thel. O Rose thou art sick. 4ª ed. Trad. José Antônio Arantes. The invisible worm, São Paulo: Iluminuras, 2001. p. 19. That flies in the night In the howling storm: 2. Blake, William. The Marriage of Heaven and Hell, copy C, pl. 3. The Has found thy bed William Blake Archive. Ed. Morris Of crimson joy: Eaves, Robert N. Essick, and Joseph And his dark secret love Viscomi. 13 November 1997 <http:/ Does thy life destroy. /www.blakearchive.org/>. Em certos momentos, a tra- 3. Segundo a pesquisa de William dução é problemática. «A Harmon (The Top 500 Poems. New POISON TREE.», no qual o po- York: Comlumbia University Press, eta claramente alude à Árvore do 1992), “The Tyger” ocupa o primeiro Mistério da mitologia bíblica, lugar na lista dos poemas mais traduzido «UMA PLANTA VE- antologizados da literatura em língua NENOSA.» (p. 114) é no míni- inglesa. mo estranho. 4. In: Campos, Augusto. Viva Vaia. Esta edição das Canções de São Paulo: Ateliê Editorial, 2002. Blake está longe de ser a tradução