AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer e expressar minha gratidão elas seguintes pessoas que muito me têm influenciado.
Meus pais, John e Kay Eevere, pelo exemplo de vida piedosa que me deram.
Minha esposa Lisa que, depois do Senhor, é a pessoa mais amada. Ela tem um testemunho de integridade,
sabedoria, amor e fidelidade. Sempre agradecerei ao Senhor por sua vida.
Aos meus quatro filhos, Addison, Austin, Alexander e Arden, lembrança constante da bondade de Deus;
preciosos tesouros que me foram concedidos por Ele.
Aos membros do Conselho, pelas palavras de sabedoria e amor. Agradeço, também, à equipe pelo apoio
fiel e pela grande ajuda. Quero dizer a todos que Lisa e eu os amamos muito!
Agradeço também a Al Erice, varão de Deus, que tem pastoreado nossa família com palavras de sabedoria,
ajudando-nos em momentos difíceis!
Agradeço a Stephen e a Joy Strang pelo apoio que nos têm dado, publicando nossas mensagens como
vindas de Deus.
Também à equipe da Creation House, gente simples; companheiros de trabalho.
Aos muitos pastores e amigos pessoais que nos encorajaram a sermos fiéis ao chamamento divino.
Acima de tudo, estou eternamente agradecido ao meu Senhor Jesus Cristo, que nos redimiu com seu
próprio sangue. Ele é tremendo!
SUMÁRIO
Introdução.
1. A Porta do Diabo.
2. Quando o Sacrifício Deixa de Ser Bênção Para Ser Maldição.
3. Deus Quer Obediência e Não Sacrifício.
4. O Mistério da Iniqüidade.
5. Feitiço Não Pega, a Não Ser Que.
6. A Força da Rebelião.
7. A Força Motriz da Obediência.
8. Graça Enganosa.
9. A Batalha da Fé.
10. Humildade: o Segredo do Sucesso.
11. Arme-se!
12. Os Benefícios da Obediência.
Epílogo.
Notas Bibliográficas.
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INTRODUÇÃO
Há uma porta na alma, uma passagem pela qual nosso inimigo pode ter acesso. Ela é, para muitos,
imperceptível. Mas este portal está ali e só pode ser reconhecido no mundo espiritual. Esta porta fica
entreaberta, um acesso entre a luz e as trevas e têm uma história tão antiga quanto os filhos de Adão.
Pelas leis de Deus nosso inimigo tem como área de atuação restrita o reino das trevas. Quando nos
convertemos, somos transportados deste reino de trevas, contudo, se esta porta é aberta, Satanás e seus
asseclas têm, legalmente, entrada garantida. Seu alvo: controlar nossas vidas, o que sempre termina em
roubo, destruição e perda da liberdade e, pode até, custar nossas vidas.
Jesus as chamou de "portas do inferno" #Mt 16:18 e declarou em Apocalipse que tem, em suas mãos, as
chaves que trancam firmemente essas portas! #Ap 1:18. Como podemos fechar essas portas em nossas
vidas, especialmente quando não estamos cientes de sua existência?
Como um bom soldado, por um momento, considere-se como o adversário pensa. Imagine você sendo um
adversário mau, com acesso livre e sem qualquer empecilho para entrar num prédio. Você entra à vontade
no prédio, tem liberdade até de tirar uma soneca lá dentro e se prepara para roubar. Você se sente bem com
os planos feitos.
Pergunto: o que você faria, a fim de manter seu direito de acesso ao prédio? Como tiraria vantagem de
tudo isso? É claro que você tomaria todas as precauções necessárias para que o dono do prédio não
notasse a sua presença, pois assim que ela fosse notada, ele, certamente, fecharia todos os acessos do
prédio para você.
É assim que o Diabo faz! Se ele puder manter você em completa ignorância, ficará dono da porta de
acesso, É Deus quem diz", o meu povo será levado cativo, por falta de entendimento, " #Is 5:13.
O ignorante paga um alto preço, mas não precisamos continuar na ignorância, por isso, o propósito deste
livro é despejar luz neste engano do Diabo, expondo-o a você a fim de que feche permanentemente as
portas do Diabo,
Este livro que você está lendo, é uma exposição clara sobre a raiz que permite ao Diabo usar as mais
diversas maneiras em sua tentativa de controlar a vida dos crentes, Todo aquele que confessa o Nome de
Jesus deveria ler este livro, Eu não falo isto, porque fui eu quem escreveu este livro, mas sim pelo fato de
tratar-se de uma exposição firmada na Palavra de Deus que é verdadeira, Devo acrescentar que a mão de
Deus estava sobre mim enquanto escrevia este livro e que a sabedoria aqui inserida não é minha, e sim
Dele! Muitas vezes meu coração queimava e sabia que era a mão de Deus sobre mim, Tal revelação,
aumentou sobremaneira o meu amor por Ele, O meu desejo é que você sinta o mesmo ao ler estas páginas.
O objetivo deste livro não é somente o de instruir e iluminar sua vida, este livro é, também, um alerta!
Estou certo que em determinados momentos você não terá desejo de dançar ou de gritar de alegria, mas a
leitura deste livro evitará a você muita agonia e lutas no futuro. Os conceitos são sobrepostos, por isso,
recomendo que você leia os capítulos em seqüência, conforme foi escrito, Os primeiros quatro capítulos
colocam os fundamentos sobre os quais os demais capítulos estão firmados. Se pular um capítulo o
impacto será menor e você perderá a seqüência.
Gostaria de orar com você antes de seguir adiante com a leitura: “Pai, em Nome de Jesus, reconheço
minha total dependência de Ti e do Espírito Santo, Só assim entendo a Tua vontade e a Tua Palavra. À
medida que leio, quero conhecer melhor o Teu coração e a Tua vontade, Dá-me olhos para ver, ouvidos
para ouvir e um coração para perceber e entender o que o Espírito Santo está dizendo. Acima de tudo, não
quero apenas ouvir mas agir à luz do que o Espírito Santo está me dizendo. Ao chegar à última palavra
deste livro, quero dizer, com sinceridade, que jamais serei a mesma pessoa, Receba a glória e a honra que
mereces, e, desde já, agradeço por tudo que receberei de Ti, Amém!"
Que a graça de Deus, o Pai, e do Senhor Jesus Cristo seja com você.
CAPÍTULO UM
A Porta do Diabo
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Quero que pense no seguinte quadro: imagine você, morando num bairro cheio de violência e crimes.
Todos dias você ouve falar de alguém que foi assassinado, violentado ou seqüestrado. Alguém fica de
campana perto de sua casa aguardando o momento certo de entrar e pegá-lo de surpresa. Os planos são os
de tomar você e sua família como reféns, roubar sua casa, destruir seus equipamentos e ferir aqueles que
você mais ama. Ele não descarta a possibilidade de matar alguém se houver reação. O sujeito age com
frieza e não adianta chorar e suplicar por misericórdia. Ele está disposto a tudo!
Sabendo da violência que o cerca, você deixaria as portas e janelas de sua casa sem trancas? Claro que
não!
Imagine um pouco mais. Você iria dormir com a porta da sua casa apenas encostada? Ou totalmente
aberta? Claro que não! Deixar a casa destrancada e sem segurança é um absurdo e é exatamente assim que
as pessoas agem, só que estou falando da casa espiritual: as pessoas costumam deixar aberta a porta da
alma.
É isto o que vejo todos os dias. As pessoas estão ali a minha frente, assentadas nos bancos das igrejas por
onde tenho pregado a Palavra. Não importa onde estejam essas igrejas. Gente de todos os povos e culturas.
Gente rica e pobre. Gente aqui na América e em outros países. Cultos e incultos, sábios e ignorantes, todos
têm algo em comum: são vítimas de um adversário arquitetador, sábio, que os controla onde quer que
estejam. Elas deixaram abertas as portas ao diabo!
Este livro não trata de bruxaria e maldições, astrologia e práticas ocultas, leitura de mãos, búzios ou de
cartomantes. Este tipo de coisa é um convite aberto ao mundo demoníaco e muitos crentes passam longe
de tudo isto. Falo, isto sim, de algo mais sutil que age no mundo silencioso da ignorância e da omissão. E
neste tipo de arena, até mesmo o melhor dos crentes pode ser uma presa fácil.
Não estou falando aqui de um novo fenômeno ou de algo inigualável em nossa geração; é algo tão velho
como o próprio Diabo. A iniqüidade foi a causa da queda da estrela da manhã, Lúcifer, e a expulsão de um
terço dos anjos do céu. A desobediência à autoridade de Deus é rebelião.
Possivelmente você suspire e diga: bem, rebelião e desobediência não é comigo. Isto não me preocupa.
Calma! Você ficará surpreso. Satanás não é tão bobo assim! Ele e seus asseclas são astutos e habilidosos.
Muitos irmãos não são voluntariamente rebeldes, ao contrário, caem na rebelião de forma sutil e enganosa.
Estou certo de que você deseja conhecer este tipo de engano e quer guardar sua casa, sua família e sua
vida. Este livro foi escrito com o fim de alertar e protegê-lo. As verdades nele contidas abrem os nossos
olhos para o engano de Satanás, e podem salvar a sua vida.
Dias de engano
Satanás é especialista em fraudes. Ele não é somente um enganador, Jesus disse que ele é o pai da mentira
#Jo 8:44. O Senhor nos alertou que as ilusões e as mentiras do Diabo serão tão fortes nos últimos dias que
enganarão até mesmo os eleitos de Deus #Mt 24:24. Vivemos nos dias profetizados por Jesus. Paulo, por
exemplo, faz um forte apelo aos crentes de Corinto quando diz: "Porque zelo por vós com zelo de Deus;
visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo. Mas
receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a
vossa mente, e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo." #II Co 11:2,3.
Paulo comparou esta vulnerabilidade do crente com a decepção da maneira como Eva foi enganada. Eva
foi seduzida pelo engano #Gn 3:13. Com Adão foi diferente: ele não foi enganado #I Tm 2:14. Ao falar da
natureza da transgressão de Adão, a Escritura diz: "Logo, assim como por meio da desobediência de um só
homem muitos foram feitos pecadores." #Rm 5:19. Eva foi seduzida à desobediência, enquanto Adão agiu
conscientemente.
Os crentes transgridem os mandamentos de Deus abertamente, conscientes daquilo que estão fazendo.
Essas pessoas não estão sendo enganadas, elas estão suicidando-se espiritualmente, e tais pessoas são
muito difíceis de serem alcançadas.
Por pura ignorância é que a maior parte dos desobedientes estão sendo enganados. Tenho um clamor
especial por este tipo de pessoa e, creio que, ao conhecer a verdade, ela colocará o inimigo porta a fora,
correndo.
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Distorcendo a Palavra de Deus
Vejamos como Eva foi enganada por Satanás. Eva, ao que parece, não era lá tão suscetível ao engano,
afinal, vivia num ambiente saudável e nunca sofrera abuso de autoridade. Ela não tinha problemas com o
pai, patrão ou com o pastor. O jardim florido em que vivia era livre de qualquer influência ou opressão
demoníaca. Tudo o que ela conhecia era a bondade e a provisão divina já que Deus a visitava todos os
dias. Ela caminhava na presença de Deus. Então, como a serpente conseguiu enganá-la?
Deus deu a seguinte ordem: "De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do
conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás."
#Gn 2:16,17.
Em sua bondade, Deus fez uma provisão alimentar que dizia: "comerás livremente". Sua autoridade,
contudo, colocara restrições: "da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás". Deus disse que
poderiam comer de todas as árvores, menos uma.
Um dos atributos de Deus é o de amar e o de dar. Ele queria companheiros no jardim que o amassem e o
obedecessem. Ele não criou robôs sem liberdade de escolha, criou, sim, pessoas à Sua imagem com poder
de decisão. Ao restringir o acesso à arvore da vida Ele escolheu a maneira de protegê-las da morte. Elas
teriam que usar o livre arbítrio: confiar e obedecer. Sem ordens não há escolha.
Vejamos as palavras da serpente: "É assim que Deus disse: Não comer eis de toda árvore do jardim?" #Gn
3:1.
A serpente ignorou a generosidade de Deus e deu ênfase à exceção, deixando Eva entender que estava
sendo privada de alguma coisa. Com apenas uma pergunta ela distorceu a ordem protetora de Deus,
fazendo-a soar como se fosse uma injustiça. Você percebe o desdém na entonação da voz da serpente
quando pergunta: "Então, Deus disse que não poderás comer de toda árvore?" A pergunta insinuante, leva
Eva a pensar em Deus como um tomador, e não um doado.
Satanás conduziu Eva pelo caminho da razão e, com isto, colocou em dúvida a bondade e a integridade de
Deus. Depois foi fácil, bastava um pequeno passo e Eva estava contra a autoridade de Deus.
Satanás é esperto: ele atacou os alicerces da autoridade de Deus. Ao dar a idéia de um Deus injusto, a
serpente atacou o domínio territorial de Deus na mente de Eva. A Palavra diz que: "...justiça e juízo são a
base do seu trono. " #SL 97:2 - o grifo é do autor
Eva corrigiu a observação da serpente, mas a semente da dúvida contra a bondade de Deus já estava
semeada. “Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do
jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais." #Gn 3:2,3.
Creio que, quando Eva respondeu à serpente, é bem possível que ela tenha pensado a respeito da bondade
de Deus: "Não estou certa do porquê de não podermos comer daquela árvore. Que mal faz? O que há nela
de tão perigoso?" Com tantas dúvidas, Eva se expôs e passou, então, a questionar a autoridade de Deus.
A serpente viu uma boa oportunidade de atacar a autoridade, fidelidade e bondade de Deus,
contradizendo-o ousadamente: "É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele
comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal." #Gn 3:4,5.
O mestre do engano minou a confiança e a lealdade de Eva a Deus afirmando-lhe que não morreria. Ao
agir com rapidez, ela trouxe o.seguinte raciocínio: "Vocês não vão morrer, ao contrário, serão como Deus,
sábios e capazes de escolher entre o bem e o mal. Assim, vocês não ficarão mais subjugados a Ele e às
suas ordens injustas."
Eva ficou atônita! Arrazoando consigo mesma, pensou: "Será que esta é a razão por que Deus não quer
que eu coma daquele fruto?" Ao olhar para a árvore mais uma vez ela a viu sob uma outra perspectiva.
Fixando-lhe os olhos, viu o fruto proibido. Julgou que ele era bom e agradável e não era um fruto ruim e
mau. Sua mente vagueou, arrazoando: "Puxa! Deve ser gostoso e nos dará conhecimento. Por que negar a
mim mesma um fruto tão gostoso?"
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Ao colocar em dúvida o fundamento do caráter divino e ao questionar a bondade e a integridade de Deus,
ela viu que não havia mais razão de submeter-se à Sua autoridade. O próximo passo foi a rebelião ou a
vontade própria. Eva apanhou o fruto, comeu e o deu ao seu marido.
Seus olhos foram imediatamente abertos e viram que estavam nus. A desobediência trouxe consigo a
morte espiritual. Eles se submeteram a Satanás, usurpando a Palavra de Deus. Abriram as portas de suas
vidas ao Diabo, que se tornou seu novo mestre. Não somente permitiram que ele entrasse em suas vidas,
mas em todo o mundo. Paulo falou da seguinte maneira: "Portanto, assim como por um só homem entrou
o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque
todos pecaram." #Rm 5:12.
Foi assim que este ato de desobediência gerou destruição, pecado e enfermidades que se multiplicaram
geração após geração. A rebelião de Adão e Eva abriu as portas para que Satanás dominasse e destruísse a
raça humana. Ele aproveitou a oportunidade para tornar-se como Deus sem submeter-se a Ele, subjugando
a criação de Deus e se entronizando sobre a terra.
A maneira de Satanás agir mudou muito pouco em nossos dias. Ele ainda tem gana em perverter o caráter
de Deus, jogando-nos contra a Sua autoridade.
"Não vos enganeis, meus amados irmãos. Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do
Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança." #Tg 1:16,17.
Você deve colocar em seu coração de que fora da vontade de Deus não existe coisa boa. Tiago mostra que
podemos ser enganados pelo simples fato de admitirmos que exista algo bom fora da provisão divina.
Pense bem no que estou dizendo. Não importa se parece bom e gostoso, nem se você ficará rico, farto, ou
se irá fazer de você uma pessoa sábia e plena de sucesso: se não procede de Deus, você será levado a
sofrer e até mesmo, morrer. Cada dom perfeito vem de Deus. Não existe outra fonte. Abrace esta verdade
e coloque-a em seu coração. Não deixe que as aparências o enganem. Se Eva levasse em conta esta
advertência jamais cairia no laço do Diabo. Ao contrário, ela mirou além da provisão de Deus pensando
em seus próprios desejos.
Quantas pessoas casam com a pessoa errada por razões também erradas? Deus já as havia advertido
através de seus pais ou de seus pastores, e até mesmo mostrando-lhes que estavam fazendo a escolha
errada. A razão dessas pessoas trabalhou mais forte, sufocando as outras vozes. Determinadas a este tipo
de companheirismo, escolheram pessoas agradáveis aos olhos e às suas satisfações pessoais, decidindo
fazer sua própria vontade e não a vontade de Deus. O sofrimento virá como conseqüência da falta de
juízo.
Muitas pessoas desobedecem a Deus porque são seduzidas por aquilo que lhes parece bom e agradável. É
bem possível encontrar prosperidade e conselho fora da Palavra de Deus. São pessoas que buscam fazer
sua própria vontade, divertem-se e vivem como bem querem. Tais pessoas têm prazer no "não" de Deus.
Pensam que Deus as privou de tudo o que é bom e divertido. Acham que Deus não entende suas
necessidades e ignora a importância de seus desejos. Acham que Deus lhes é infiel por não responder as
orações como elas querem. Arrazoam com perguntas como: "Por que esperar pela resposta de Deus? Fique
com o que é bom e agradável, agora!"
Considere a vida de Jesus. Ele esteve no deserto durante quarenta dias e quarenta noites. Esteve ali sem
qualquer conforto, abstendo-se de água e comida. Teve fome e esteve perto da inanição. Se não tivesse
logo um pouco de água e comida, morreria. O que apareceu primeiro? A provisão ou a tentação?
Foi nesta hora que o Diabo veio tentá-lo, dizendo: "Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se
transformem em pães." #Mt 4:3. Ele fez com Jesus o mesmo que havia feito com Eva. Questionou o que
Deus declarara quarenta dias antes junto às margens do rio Jordão, proclamando dos céus que Jesus era
seu Filho.
Satanás tentou distorcer o caráter de Deus. "Por que Ele o trouxe aqui? Para você morrer de fome? Por que
Ele não providencia comida? Quem sabe você tem que sair à procura de alimento? Se não o fizer, ficará
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desnutrido, poderá morrer ou ficar com sérios problemas de saúde. Use Sua autoridade. Sirva-se! Tome
estas pedras e transforme-as em pães."
Os filhos de Israel enfrentaram o mesmo problema quando saíram do Egito. No deserto ficaram sem água
e comida e, depois de três dias, acharam que Deus os havia abandonado à morte. Começaram a murmurar
e alguns até achavam que seria bem melhor terem morrido como escravos no Egito. Finalmente, recebem
comida #Ex 16. Eles acharam que Deus os enganara levando-os ao deserto para matá-los de fome e
enganaram-se, achando que Deus se escondera deles.
A murmuração foi uma manifestação exterior da anarquia de seus corações. Estavam dispostos a se
submeterem a Faraó e não à autoridade de Deus. Obedeceriam quem melhor os ajudasse. Duvidaram do
caráter de Deus e não queriam seguir sob a liderança divina, pois teriam que Nele confiar. Facilmente
foram enganados a não se submeterem à autoridade divina. Tal comportamento levou-os à rebelião e,
conseqüentemente, ao impedimento de entrarem na terra prometida.
Ao contrário dos israelitas, Jesus negou-se a si mesmo, esperando na provisão divina. Ele não permitiu
que o inimigo viesse a perverter o caráter de Deus em sua mente. Sabia que o seu Pai supriria suas
necessidades e estava disposto a ficar sob a autoridade de Deus, não se importando com as dificuldades do
momento. Resistiu à tentação do Diabo que queria que Ele tomasse a iniciativa própria, e só depois disto é
que o Diabo o deixou, "...e eis que vieram anjos e o serviam. " #Mt 4:11. Por quê?
"Jesus, nos dias de sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o
podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causa da sua piedade, embora sendo Filho, aprendeu a
obediência pelas cousas que sofreu." #Hb 5:7, 8.
Deus o ouviu por causa de Sua vida piedosa. Ele não duvidou da bondade de Deus, mesmo diante de tão
grande tentação. Sob fogo cruzado, sofreu mais do que qualquer outra pessoa e, mesmo assim, escolheu o
caminho da obediência ainda que isto significasse mais sofrimento. A obediência e a submissão de Jesus
bloquearam todos os acessos do inimigo à Sua vida. Satanás não teve acesso à porta de entrada. A porta ao
Diabo estava fechada. Jesus viveu em perfeita obediência ao Pai e, por isso, Ele pôde testemunhar na noite
de sua morte: "...aí vem o príncipe do mundo,. e ele nada tem em mim,. contudo, assim procedo para que o
mundo saiba que eu amo o Pai e que faço como o Pai me ordenou... "#Jo 14:30,31.
Jesus fala da obediência, ao declarar que o príncipe deste mundo, Satanás, nada encontrou Nele. Foi pela
obediência ao Pai que Jesus manteve firmemente fechadas as portas pelas quais o Diabo poderia entrar.
Jesus não pecou!
CAPÍTULO DOIS
A desobediência e o engano caminham de mãos dadas, e, juntas, estão em alta! A vida de Saul é um
exemplo do que quero dizer. O profeta Samuel veio a Saul, o rei, com uma ordem de Deus, dizendo: "Vai,
pois, agora, e fere a Amaleque, e destrói totalmente a tudo o que tiver, e nada lhe poupes; porém matarás
homem e mulher; meninos e crianças de peito, bois e ovelhas, camelos e jumentos." #I Sm 15:3.
A ordem foi específica e direta. Tudo o que Amaleque possuía, gente ou animais deveria ser destruído. Em
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aparente obediência, Saul reuniu o seu exército e partiu para a guerra. Atacaram, mataram homens e
mulheres, meninos e crianças de peito. Milhares de pessoas morreram pela espada de Saul.
Saul, porém, preservou Agague, rei dos amalequitas, o melhor das ovelhas, carneiros, cordeiros e tudo o
que tivesse bom proveito. Agindo contra as ordens de Deus, Saul e o exército tiveram um argumento bom
e razoável: "É um desperdício destruir tanta coisa boa!" #I Sm 15:9,24.
Saul nem havia retornado da guerra quando Deus avisou a Samuel que ele o desobedecera. Deus disse que
estava arrependido de ter constituído como rei a Saul. Não adiantou matar tanta gente e preservar tanto
gado!
Eu obedeci!
No dia seguinte, Saul encontrou-se com Samuel e foi logo dizendo: "Bendito sejas tu do Senhor; executei
as palavras do Senhor:" #I Sm 15:13.
Saul cria, piamente, que havia obedecido ao Senhor, mas como veremos mais adiante, a opinião de Deus
era bem diferente! As razões e as motivações de Saul o enganaram. É isto o que geralmente acontece
quando não obedecemos o que Deus ordena. O Novo Testamento nos incita, dizendo: "Tornai-vos, pois,
praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos." #Tg 1:22.
Uma pessoa pode crer que fez o que era melhor e correto, quando na realidade está enganada e em
rebelião. Isto acontece freqüentemente com aqueles que desobedecem a Palavra de Deus. São pessoas que
colocam um véu de escuridão sobre os seus corações por somente usarem argumentações da razão e
vivem, por isto, sob constante engano.
Paulo advertiu a Timóteo que alguns que vivem em desobediência na igreja, ". ..irão de mal a pior;
enganando e sendo enganados." #II Tm 3:13. Engano e desobediência andam lado a lado levando as
pessoas a sofrerem sérias conseqüências se não forem confrontadas. O desobediente não somente engana a
si mesmo, ele atropela todo aquele que cruzar o seu caminho! O engano faz com que a pessoa pense que
está agindo corretamente, quando na realidade está totalmente equivocada.
Aquele incidente de Saul com o gado não foi o primeiro de sua vida. Ele era um desobediente contumaz!
Samuel já o advertira anteriormente pelo mesmo motivo. Saul seguia um padrão de desobediência. Depois
que uma pessoa forma um padrão assim, ela não consegue discernir o certo do errado. Da mesma forma, a
magnitude da desobediência cresce de forma proporcional, e somente um arrependimento genuíno
libertará a pessoa abrindo-lhe os olhos para que veja o engano!
Deus sempre dá uma chance de arrependimento. Samuel sempre confrontou Saul mostrando-lhe as provas
de sua desobediência: "Que balido, pois, de ovelhas é este nos meus ouvidos e o mugido de bois que
ouço?" #I Sm 15:14.
Rápido como uma flecha, Saul respondeu: "De Amaleque os trouxeram; porque o povo poupou o melhor
das ovelhas e dos bois, para os sacrificar ao Senhor; teu Deus; o resto, porém, destruímos totalmente." #I
Sm 15:15.
Ao invés de admitir o seu erro, Saul colocou a culpa no povo: "Pequei ...porque temi o povo e dei ouvidos
à sua voz. " #I Sm 15:24. Uma pessoa que não se arrepende, sempre que for pega pecando, colocará a
culpa nos outros. Nunca assume o seu erro.
Era Saul quem conduzia o povo e não o contrário. Ele tinha que prestar contas de sua desobediência e a
daqueles que o seguiam. Era ele quem tinha autoridade para instruir e conduzir o povo. Os líderes devem
saber que prestarão contas da desobediência que eles induzem nos demais.
Eli, o sacerdote que conduziu Israel por quarenta anos, sabia que seus filhos desprezavam os regulamentos
do templo, e nada fez para detê-los. Ele os repreendeu mas não usou da autoridade para fazê-los parar.
Deus, então, decretou: "Porque já lhe disse que julgarei a sua casa para sempre, pela iniqüidade que ele
bem conhecia, porque seus filhos se fizeram execráveis, e ele os não repreendeu." #I Sm 3:13. Eli foi
julgado junto com seus filhos!
Assim, Saul primeiro culpou o povo, depois, apontando os animais disse a Samuel que havia uma boa
razão em preservá-los: seriam para o sacrifício a Deus! Aqui está o engano: Saul achava que sacrificando
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os animais seria aceito diante de Deus.
Eis aí a forma mais enganosa de rebelião. A mesma coisa aconteceu com Caim, o primeiro filho de Adão,
que trouxe um sacrifício do qual Deus não se agradou, pois trouxe a Deus os frutos do campo. Sabemos
que Caim trabalhou bastante para trazer tal sacrifício, já que a terra estava amaldiçoada por Deus #Gn
3:17-19.
Ele teve que limpar a terra das pedras e espinhos, depois arou e trabalhou o solo. Plantou, irrigou,
fertilizou e protegeu o campo. Foi com grande esforço que trouxe o sacrifício a Deus, mas era algo de sua
natureza humana e não um sacrifício que agradava a Deus. Aquilo representava o seu trabalho a Deus,
fruto da força da carne e de sua habilidade; não era um ato de obediência.
Abel, por sua vez, trouxe o primogênito de seu rebanho e da gordura, e o ofereceu ao Senhor. Ele também
teve que dar duro para cuidar do rebanho, ainda que não tivesse trabalhado tanto quanto Caim.
Trabalhar duro, não quer dizer, necessariamente, que você está fazendo o que é certo. Quanto mais ando
com o Senhor, descubro que não é por estar demasiadamente ocupado que faço a obra. Trabalhar muito
não é sinal de obediência.
Quando trouxeram suas ofertas perante o Senhor, ': ..Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta; ao
passo que de Caim e de sua oferta não se agradou. Irou-se, pois, sobremaneira Caim, e descaiu-lhe o
semblante." #Gn 4:4,5.
Ambos sabiam o que Deus queria, pois foram ensinados por seus pais. Conheciam a história de como seu
pai e sua mãe tentaram encobrir a nudez com folhas de figueira. Estas folhas representam o esforço
próprio em encobrir os seus pecados. Deus lhes mostrou do que Ele se agradava ao matar um animal e
usando a pele deste animal para cobrir a nudez de Adão e Eva. Adão e Eva sabiam que o sacrifício de
animal era a maneira correta de cobrir os pecados e agradar a Deus.
Deus disse a Caim que ele sabia o que devia fazer #Gn 4:7 e, mesmo assim, Caim tentou agradar a Deus
sem dar atenção ao Seu conselho. Deus lhe disse que o sacrifício não tem valor se não houver obediência.
Deus confrontou a Caim e lhe deu uma chance de arrependimento. "Por que andas irado e por que descaiu
o teu semblante? Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o
pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo." #Gn 4:6,7 - o grifo é do autor.
Caim tinha que escolher. O Diabo estava à porta. Rebelar-se-ia diante de Deus e convidaria Satanás a
entrar? Ou deveria escolher dominar o pecado negando o acesso a Satanás?
Como poderia Caim dominar o pecado? Recordemo-nos das palavras de Jesus: "...aí vem o príncipe do
mundo,. e ele nada tem em mim." #Jo 14:30. Nem o pecado nem o Diabo puderam dominar Jesus por
causa de sua obediência perfeita ao Pai. O pecado poderia ficar ali o tempo que quisesse, agachado junto à
porta. Jesus a tinha fechado!
Entretanto, Caim não dominou o pecado, ao contrário, permitiu que a culpa, a traição e o ódio entrassem
pelas portas de sua vida. Depois disto, levantou-se e assassinou seu irmão. Ele tentou servir a Deus e
chegou a ser bem fervoroso em sua tentativa, mas a desobediência, a falta de arrependimento e a culpa
aumentaram, até que ele cometeu o crime.
Muitos, à semelhança de Caim e Saul, querem servir a Deus à sua maneira. Podem até ter bons motivos no
começo, mas a independência de seus corações cedo ou tarde se manifestará. Gente inocente, como Abel,
morre ou fica ferida por causa desses cruzadas religiosas, pessoas que querem fazer sua própria vontade
usando o nome do Senhor.
A mensagem silenciosa
Quando Samuel confrontou a Saul provando-lhe que estava enganado, o profeta lembrou-lhe de alguns
acontecimentos do passado, e, antes que Saul apresentasse outras desculpas, Samuel o silenciou, dizendo:
"Espera, e te declararei o que o Senhor me disse esta noite. Respondeu-lhe Saul. Fala. Prosseguiu Samuel:
Porventura, sendo tu pequeno aos teus olhos, não .foste por cabeça das tribos de Israel, e não te ungiu o
Senhor rei sobre ele? Enviou-te o Senhor a este caminho e disse: Vai, e destrói totalmente a estes
pecadores, os amalequitas, e peleja contra eles, até exterminá-los. Por que, pois, não atentaste à voz do
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Senhor; mas te lançaste ao despojo e fizeste o que era mal aos olhos do Senhor?" #I Sm 15:16-19.
No passado, Saul era um sujeito modesto, humilde e manso, o que se percebe do primeiro encontro com
Samuel, ao ficar sabendo que reinaria sobre Israel. Naquela ocasião, Saul disse: "Porventura, não sou
benjamita, da menor das tribos de Israel? E a minha família, a menor de todas as famílias da tribo de
Benjamim? Por que, pois, me falas com tais palavras?" #I Sm 9:21. No dia em que foi anunciado que seria
o rei sobre Israel, ele se escondeu entre a bagagem (1 Sm 10:21,22).
Ele era humilde aos seus próprios olhos e Samuel o lembrou disto. Depois acrescentou algumas palavras
mais ou menos nestes termos: "Agora, o Senhor te deu uma ordem para destruir a todos os amalequitas.
Por que te agarraste sobre os despojos como um esfomeado?"
Na realidade, Samuel estava dizendo: "Saul, quando você começou a achar que sabe mais do que Deus? O
que aconteceu com aquele varão outrora humilde e desinteressado? Por que você acha que agora sabe
mais do que Ele?"
Pergunto a você que lê este livro: Você também acha que sabe mais do que Deus? Claro que não!
Entretanto, quando o desobedecemos, esta é a mensagem que comunicamos àqueles que estão ao nosso
redor. Que ignorância achar que sabemos mais do que Aquele que está assentado em seu trono de glória;
foi Ele quem criou todas as coisas e é Ele quem a tudo sustenta com Sua mão poderosa. Ele é aquele que,
com Sua mão, fixa as estrelas nos céus. Contudo, nós nos exaltamos acima Dele e ignoramos o Seu
conselho!
Deus mostrou todo o Seu poder ao povo de Israel, quando Moisés os conduziu pelo deserto abrasador.
Depois de anos de peregrinação, chegaram a um lugar chamado Cades, onde o povo voltou a reclamar da
falta de água. E não foi a primeira vez. Antes, em Refidim, Deus mandou Moisés falar à rocha #Ex 17:6.
Desta feita, o Senhor disse a Moisés: ". ..falai à rocha, e dará a sua água; assim lhe tirareis água da rocha."
#Nm 20: 8. Moisés ajuntou a congregação e, ao invés de falar à rocha como Deus havia ordenado, ele a
feriu duas vezes!
Moisés desobedeceu a Deus. Entretanto, apesar de sua desobediência, da rocha ferida saiu água para o
povo de Deus. A impressão que fica é que Deus teria aprovado a desobediência de Moisés. Mas não foi
assim.
Mais tarde Deus disse a Moisés: "Visto que não crestes em mim, para me santificardes diante dos filhos de
Israel, por isso, não fareis entrar este povo na terra que lhe dei." #Nm 20:12.
Você não pode ignorar o que Deus lhe pede agora, em razão do que Ele lhe falou anteriormente. Este
único ato de desobediência de Moisés foi suficiente para que ele não entrasse na terra prometida. Por que
pagar um preço tão alto por ferir uma rocha? Moisés honrou mais o que ele pensou do que o que Deus lhe
pedira. Ele agiu à sua maneira e não como Deus pediu!
Agiu como se soubesse o que fazer para conseguir água da rocha, melhor do que Deus. Ele condicionou a
Palavra de Deus à sua maneira. Numa versão mais simples, Deus estava dizendo a Moisés: "Tu não me
honraste diante do povo de Israel! Deste ao povo uma péssima imagem de quem eu sou. Eu queria lhes dar
água! "
Aquele que desobedece, comunica à Deus e àqueles que estão ao seu redor, que sabe mais do que Deus!
Desonramos a Deus e perdemos a autoridade Dele em nossas vidas.
Ninguém, que seja sensato, irá contra as ordens de Deus. É aqui que o engano entra como um forte
elemento de desobediência, mesmo que estejamos enganando a nós mesmos. A argumentação humana
jamais deverá exceder a vontade divina.
Pagando o preço
Tanto Moisés como Saul eram líderes, e o preço que pagaram pela desobediência foi muito grande.
Quanto maior maturidade adquirimos, maior será o veredicto de nossa desobediência. #Tg 3:1 diz: "Meus
irmãos, não vos tomeis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo." Meu
garoto de quatro anos pode ser arteiro e fazer coisas próprias de uma criança; a disciplina dele será
proporcional à sua idade. Contudo, se o meu filho de dez anos fizer as mesmas travessuras a disciplina
será bem maior.
Vocês que estão à frente como líderes da Igreja: Ouçam a Palavra do Senhor! Deus requer de cada um de
vocês maior responsabilidade e pedirá prestação de contas. Seja, portanto, um líder forte e obediente a
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Deus. Você não precisa basear sua autoridade em sua força natural para ser aceito pelas pessoas. Não fique
tentado usar a força e a severidade para intimidar as pessoas. Os grandes líderes do reino, são aqueles que
obedecem a Deus, mesmo estando sob forte pressão. A Palavra e a vontade de Deus sempre prevalecerão!
CAPÍTULO TRÊS
Depois de sete anos de conversão, comecei a trabalhar numa congregação que dava muita ênfase ao
exercício da fé como forma de receber as bênçãos de Deus.
Pessoalmente, clamava a Deus, querendo conhecê-lo melhor. Queria servi-lo pelo que Ele é e não por
aquilo que podia fazer por mim. Deus começou, então, a me levar para uma vida de santificação, uma vida
crucificada, e tais conceitos me eram estranhos até então.
Naquela época, eu era um torcedor fanático do Dallas Cowboys. Todo domingo, quando havia
campeonato, chegava correndo da reunião da igreja e ligava a televisão. Só durante o intervalo é que ia ao
quarto trocar de roupa. Se minha esposa precisasse de ajuda, ela tinha que esperar. Eu dizia: "Querida, os
Cowboys estão jogando. " Almoçávamos no intervalo ou depois que terminasse o jogo.
Num daqueles dias, era domingo de decisão. Os Cowboys estavam jogando contra o Philadelphia Eagles e
o vencedor iria para as quartas de finais. O perdedor cairia fora. O jogo estava bem disputado e faltavam
apenas oito minutos para terminar e um gol daria a vitória aos Cowboys. Eu ficava ali roendo as unhas,
nervoso, pensando assim: "Basta um lance de sorte e chegaremos lá!" Ali, no sofá da sala, fiquei em pé,
torcendo. Até parecia que eu estava no estádio, gritando como todo mundo.
De repente, o Espírito de Deus começou a me incitar à oração! Veio um forte peso de oração sobre mim.
Sabia que não poderia deixar para mais tarde; teria que ser naquela hora.
Orei: "Senhor, só faltam oito minutos para o jogo terminar. Prometo que ficarei em oração, se necessário,
durante cinco horas. "
Fiquei pensando: "Ah, oito minutos passam rápido. Posso orar o tempo que Deus quiser depois deste
jogo." Mas aquele sentido de urgência não me abandonou, ao contrário, foi ficando cada vez mais forte.
Tentei barganhar com Deus: "Senhor, prometo que vou orar o resto do dia e até toda a noite se for
necessário. Simplesmente permita que eu assista esses oito minutos finais!"
Pensei: "Bem, até que estou sendo generoso com Deus!" Aquela urgência em orar continuou e havia uma
forte convicção em meu coração de que o Senhor não aceitara minhas condições.
Aplaquei aquele desejo interior com um pensamento muito sincero: "Vou ficar orando durante horas. Nada
irá acontecer nos próximos minutos que não poderá ser resolvido com cinco horas de oração." Eu tinha
certeza que poderia fazê-lo pois tinha toda a tarde livre.
Sabe o que eu fiz? Fiquei assistindo o restante do jogo. Depois, entrei no quarto, tranquei a porta e fui
orar. Queria cumprir com minha palavra e orar pelo menos umas cinco horas.
Durante quinze minutos lutei, tentando balbuciar alguma oração, mas o céu parecia de bronze. Minhas
palavras eram vazias e secas. Aquela urgência de orar desaparecera. Sabia que errara e uma forte
convicção de pecado veio sobre mim. Deus mostrou-me que o que eu queria era mais importante do que
aquilo que Ele pedira. Depois de alguns minutos sob um silêncio tenebroso, Deus me disse: "Filho, não
quero cinco horas de oração. Quero tua obediência!"
Era como se Deus me desse uma bordoada! Quanta ignorância! Pensar que alguns minutos vendo um jogo
fossem mais importantes do que aquilo que Deus queria. Como pude tratar Deus daquela maneira? Um
jogo de futebol teve mais prioridade em minha vida do que fazer a vontade de Deus!
Jesus declarou: "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me." #Mt
16:24.
Alguns usam a cruz concentrando-se na imagem de sofrimento e na vida de sacrifício que ela representa.
Neste texto, contudo a cruz não é o resultado final. Ela nos leva à obediência. Você, poderá viver uma vida
de autonegação e de sacrifício sem seguir Jesus. Na realidade, você pode optar pela autonegação e pelo
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sacrifício e ainda assim estar em rebelião contra Deus!
Jesus está aqui dando ênfase à obediência! A única maneira de obedecer é tomar a cruz. Se nossos desejos
pessoais e nossas agendas não morrerem, ficaremos expostos a uma constante batalha entre fazer a
vontade de Deus e a nossa. Se não nos negarmos a nós mesmos, acharemos um jeitinho de fazer nossa
própria vontade e encontraremos até base bíblica para o que queremos fazer!
É bíblico oferecer sacrifícios e Saul tinha todas as bases bíblicas. Tinha o apoio da Escritura em querer
oferecer sacrifícios de animais, entretanto, ele havia desobedecido a uma ordem de Deus! Pode-se servir a
Deus pela desobediência? Se fosse assim, Satanás seria glorificado pelas nossas práticas "bíblicas "
religiosas ou pelos nossos sacrifícios. Satanás é o pai da rebelião. Deus, contudo, declara: "Tem,
porventura, O Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra?
Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender; melhor do que a gordura de carneiros." #I Sm
15:22.
Quero continuar a desenvolver este conceito no restante deste capítulo usando como guia o que Isaías
apresenta em seu livro.
Você já foi a uma entrevista para conseguir um emprego? Você coloca o melhor terno, ajeita o penteado e
escova os dentes. Por quê? Por causa do nível social da pessoa que vai entrevistá-lo. Isaías trata da
obediência e dos sacrifícios e nos dá um vislumbre de quem é Deus, a pessoa a quem devemos obedecer.
“Assim diz o Senhor: O céu é o meu trono, a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis vós? E
qual é o lugar do meu repouso? Porque a minha mão fez todas estas cousas; e todas vieram a existir; diz o
Senhor”: #Is 66:1,2.
Vejamos este texto numa linguagem moderna. Deus diz: "Eu moro nos céus onde fica o meu trono. Eu fiz
a Terra. Ela fica abaixo de mim e eu a uso para apoiar os meus pés. Sou muito maior do que você pensa.
Sou Deus."
Pare um instante e medite nisto! Quem sabe você poderá captar um pequeno vislumbre de Sua glória. Ele
criou a Terra e o Universo. Cada estrela foi colocada nos céus cuidadosamente. Muitos de nós não
entendemos a imensidão do universo. Por ter formação universitária como engenheiro, pesquisei alguns
dados fascinantes a respeito da vastidão da criação divina.
A luz viaja a uma velocidade de 300.000 quilômetros por segundo (não por hora, mas por segundo). Mais
ou menos a 1,6 milhões de quilômetros por hora! (Um milhão e seiscentos mil quilômetros por hora).
Nossos modernos aviões voam a 900 quilômetros por hora.
A Lua está, mais ou menos, a 382 mil quilômetros da Terra. Se fôssemos de avião até lá, viajaríamos
durante vinte dias sem escalas! A luz, contudo, chega em 1,3 segundos.
O Sol está a 148 milhões de quilômetros da Terra. Se fôssemos até lá de avião, demoraríamos, pelo menos,
vinte e um anos, numa viagem sem parada para reabastecer! Imagine os últimos vinte e um anos de sua
vida e depois imagine que você teria gastado todos esses anos viajando sem parar! Se você preferir ir de
carro, a viagem vai demorar 250 anos, sem parar para o lanche! A luz gasta apenas 8 minutos e 20
segundos para chegar do Sol até a Terra!
A estrela mais próxima, está a 4,5 anos-luz da Terra. (Imagine você viajando a 300 mil quilômetros por
segundo!) Para ir até a estrela mais próxima de avião, você vai demorar cinqüenta e três bilhões de anos!
Isto mesmo: 53.000.000.000! A luz, contudo, demora apenas quatro anos e meio!
Uma estrela comum, que você vê a olho nu, está de 100 a 1.000 anos-luz da Terra. Nem me atrevo a
calcular o tempo que demoraríamos para chegar lá de avião. Apenas pense nisto: a luz viajando a uma
velocidade de 300 mil quilômetros por segundo demora mil anos para chegar à Terra! A luz de algumas
estrelas que você vê à noite, saiu de lá, quando Eduardo era o rei da Inglaterra e viajou, desde então, a uma
velocidade de 1.120.000.000 (um bilhão e cento e vinte milhões de quilômetros por hora)! A luz de uma
estrela assim, começou a brilhar 700 anos antes do Brasil ser descoberto!
Vamos continuar com o nosso raciocínio: agora, na década de 90, o Hubble, que é um super telescópio
espacial da NASA, enviou fotos de galáxias que estão a sete mil (7.000) anos-luz da terra. Nem podemos
imaginar uma distância assim. Você não consegue ver um pequeno vislumbre da Glória de Deus?
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O que você poderá fazer por mim?
Deus colocou com Seus dedos cada estrela nos céus. O Universo não pode contê-lo (1 Rs 8:27). O profeta
Isaías diz que Deus mediu as águas da Terra nas palmas de Sua mão e mediu os céus a palmo #Is 40:12.
Quanta glória!
Neste contexto, Deus pergunta a Isaías: "O céu é o meu trono, e a terra o estrado dos meus pés; que casa
me edificareis vós? E qual é o lugar do meu repouso?" #Is 66:1. Em outras palavras, Deus está dizendo:
"Eu sou Deus. Pense sobre a minha glória, habilidade e poder. Você pode Me acrescentar algo mais?" Um
outro modo de perguntar, é: "O que você pode fazer por Mim?" Você entendeu?
No fim de sua vida, Salomão escreveu: "Sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe
pode acrescentar e nada lhe tirar; e isto faz Deus para que os homens temam diante dele." #Ec 3:14.
Há uma grande diferença entre o que eu faço e o que Deus faz. Quando é Deus quem faz, nada precisa ser
acrescentado e nada precisa ser tirado. Contrastando com isto, diz-nos o #SL 127:1. "Se o Senhor não
edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam." Veja bem, você poderá dar duro na obra de Deus e
tudo será vão sem qualquer valor eterno!
Nada pode ser tirado ou mudado dos planos de Deus! Deus leva a cabo o que pretende fazer! Você pode
dar duro trabalhando para mudar os planos Dele e de nada adiantará!
Os irmãos de José acharam que ao vender José como escravo para o Egito, abortariam o plano de Deus em
torná-lo governador. Na realidade, o plano maligno de seus irmãos contribuiu para levar adiante os
propósitos divinos #Gn 37 a 45.
Salomão disse: "O que é já foi, e o que há de ser; também já foi; e Deus pede conta do que passou." #Ec
3:15 V. Corrigida.
O rumo está traçado. O que é e o que virá já são partes dos planos de Deus e isto mostra quão soberano
Ele é. Deus, contudo, pede contas do que já passou, isto é, prestaremos contas se obedecemos ou não o
que Ele nos ordenou. Vemos aqui uma ilustração do livre-arbítrio do homem.
Alguém poderá dizer: "Se este é o caso, então o homem poderá subtrair do que Deus faz sem precisar
fazer o que Deus planejou." Não, porque Deus conhece antecipadamente o fim e Ele sabe o que cada
pessoa fará, antes mesmo dela fazer, porque Ele é o autor. Ele não é o autor do mal, mas em seu
conhecimento maravilhoso Ele usa o mal. Você está vislumbrando Sua glória?
Uma pessoa pode desobedecer de duas maneiras: primeiro, fazendo o que Deus não pediu e, em segundo,
quando deixa de fazer o que Deus lhe pediu. É por isso que Salomão disse: "Deus pede conta do que
passou”.
Jesus não fazia mais ou fazia menos o que via o Pai fazer. Ele nada acrescentava ou tirava, o que
contrastava fortemente com o que pensavam os líderes religiosos da época. Examine atentamente estas
duas citações onde Jesus usa a palavra, nada:
"Então, lhes falou Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo.
Senão somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer; o Filho também semelhantemente
o faz. " #Jo 5:19.
"Eu nada posso fazer de mim mesmo; na forma por que ouço, julgo. O meu juízo é justo, porque não
procuro a minha própria vontade, e sim a daquele que me enviou." #Jo 5:30.
Jesus não ministrou antes de completar trinta anos. Você pode imaginar uma coisa dessas? Quando tinha
doze anos Ele já sabia que era o Messias. Sabemos disto porque depois de o procurarem por vários dias,
seus pais o encontram no templo, ouvindo e interrogando os mestres. Ele diz aos seus pais: "Por que vocês
estavam me procurando? Não sabiam que eu devia estar na casa de meu Pai?" #Lc 2:49 –NVI. Podemos
confirmar isto, pois o Seu primeiro milagre foi no casamento em Caná da Galiléia #Jo 2:11.
Imagine Jesus aos 25 anos de idade, encontrando os cegos, surdos, aleijados e leprosos pelas ruas de
Nazaré! Ele poderia, naquela época, ter curado toda aquela gente, mas não o fez. Ele esperou. Certamente
ficou trabalhando na marcenaria, indo às sinagogas e subindo os montes da Galiléia, buscando um lugar
de oração até completar os trinta anos, sem se lançar, por conta, no ministério. Ele esperou a ordem do Pai.
Quando completou os trinta anos de idade, dirigiu-se a João Batista, a fim de ser batizado e cumprir toda a
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justiça. Foi nesta ocasião que seu Pai bradou dos céus: "Este é o meu Filho amado, em quem me
comprazo." #Mt 3:17. Jesus nada fez durante todo aquele tempo, a não ser o trabalho da carpintaria. A
razão de Deus ter prazer e alegria foi a perfeita obediência de Jesus em todas as coisas e, muitas delas,
nem chamaríamos de ministério! Aqui está a razão de Sua alegria!
O ministério de Jesus
Vamos olhar um pouco mais o ministério de Jesus. Há muitos fatos que refletem sua perfeita obediência.
Vejamos alguns deles.
Havia um homem, Lázaro, a quem Jesus amava. Ele tinha duas irmãs, Marta e Maria. Certo dia, Lázaro
estava à morte e suas irmãs mandaram um recado para que Jesus viesse urgentemente.
Os mensageiros encontraram Jesus e falaram da urgência do caso, pois Lázaro estava à morte. Jesus nada
respondeu. “Quando, pois, soube que Lázaro estava doente, ainda se demorou dois dias no lugar onde
estava. " #Jo 11:6.
Eles pensaram que Jesus não entendera o recado e voltaram a pedir-Lhe que fosse até lá depressa. Jesus
nem se moveu!
A noite chegou e eles ficaram olhando uns para os outros, indagando-se: "Será que Ele não vai até lá? Por
que ainda não partiu para Betânia? Faz horas que estamos aqui esperando. Que tipo de amigo é Ele?"
Jesus percebia que eles estavam desanimando, mas não mexeu uma palha!
Veja a diferença entre a falta de prontidão de Jesus e o estilo rápido-como-quem-voa de Saul! Saul sabia o
que Deus queria, mas sucumbiu diante da pressão popular #I Sm 15:24. Cedeu e fez o que o povo queria.
Agradou aos homens e desprezou a Deus. Freqüentemente procedemos assim: agradamos às pessoas e
desagradamos a Deus.
Jesus só fazia o que o Pai pedia! Depois de dois dias, Jesus diz: "Vamos outra vez para a Judéia." #Jo 11 :
7.
Os mensageiros devem ter pensado: "Se Ele sabia que iria, por que não foi dois dias atrás? Por que
agora?" Há uma razão para a atitude de Jesus: "... o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente
aquilo que vir fazer o Pai..." #Jo 5:19.
Se fosse comigo, agiria diferentemente. Deus me mostrou que eu sairia correndo, pegaria o carro e em
poucos minutos chegaria à casa da pessoa enferma. Logo, impondo as mãos oraria pela pessoa. Tudo seria
feito de forma automática sem ao menos buscar a vontade de Deus!
Eu tinha aquela mentalidade igrejeira de "onde eu for, Deus vai, e Ele fará tudo quanto lhe pedir." Claro
que Ele nunca nos abandonará nem se esquecerá de nós, mas tratá-lo como alguém submisso à nossa
vontade é muita mesquinhez! NÓS lideramos e Deus nos segue, não, é o contrário: Deus lidera e nós o
seguimos! #Jo 12:26. Seguimos e Ele nos instrui.
Erramos quando pensamos que, pelo fato de impormos as mãos sobre os enfermos, independentemente da
orientação do Espírito, Deus haverá de confirmar através de milagres. Se assim fosse, os hospitais
ficariam vazios. Sentimo-nos desencorajados quando Deus não nos acompanha com sinais e milagres.
Deus cura e faz milagres quando Ele conduz e nós o seguimos.
Há muitas referências bíblicas dizendo que Jesus curou a todos. Não eram, entretanto, acontecimentos
universais. Imagine, por exemplo, a quantidade de enfermos, cegos, aleijados e surdos que ficaram junto
ao tanque de Betesda depois que Jesus curou aquele homem que estava paralítico por 38 anos #Jo 5. Por
que somente curou uma pessoa e deixou as demais ali, enfermas?(*¹)
O que você diz a respeito do homem aleijado de nascimento que todos os dias era levado à porta do
templo? Jesus passava por ele, sempre que entrava no templo. E por que não o curou? Porque o Pai não
Lhe dera ordens! Mesmo assim, era da vontade de Deus que ele fosse curado. Anos mais tarde, Pedro e
João, o curaram, dirigidos pelo Espírito Santo #At 3.
Jesus também não usou fórmulas ou métodos de cura. Curou cuspindo numa pessoa, sobre outras impôs as
mãos e com outras, apenas falou uma palavra! Fez lodo e colocou nos olhos de um cego e alguns Ele
enviou aos sacerdotes. Por que a variedade? Porque Jesus não era agarrado a métodos: Ele fazia o que via
fazer o Pai!
É assim que Deus quer que o sirvamos. Ele quer que cheguemos ao ponto de fazer apenas o que Ele quiser
e, isto quer dizer que nada poderemos fazer se Deus estiver calado. Ele quer que abandonemos os
sacrifícios firmados naquilo que pensamos, e que somos pressionados a fazer, ou no que deseja a nossa
alma, para retornarmos à simplicidade da obediência. Isaías destacou que nossos sacrifícios não
acrescentam nada a Deus.
Assim diz o Senhor: O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis vós? E
qual é o lugar do meu repouso? “Porque a minha mão fez todas estas cousas, e todas vieram a existir; diz o
Senhor; mas o homem para quem olharei é este: o aflito e abatido de espírito e que treme da minha
palavra.” #Is 66:1,2.
Quando nos maravilhamos diante de nossa incapacidade, nosso Pai glorioso promete ficar atento,
sustentando o humilde que treme diante de Sua Palavra. Veja bem, somente o mais humilde e manso dos
homens recebe a atenção de Deus.
(* ¹) Não estou questionando a vontade de Deus em curar. A Bíblia diz que Jesus cura todos os enfermos
#SL 103:3. Estou tratando apenas da cura à luz da vontade de Deus em nossas vidas em relação aos
outros.
Tenho aqui uma lista reveladora de algumas características da pessoa que treme diante da Palavra de Deus.
Medite nelas:
1. Obediência imediata.
2. Considera a vontade de Deus acima de todas as coisas.
3. Não argumenta e nem reclama.
4. Procura saber qual é a perfeita vontade de Deus.
5. Se a vontade de Deus não está bem clara, espera Nele até ter certeza.
6. Prefere ser rejeitado pelos amigos do que desagradar a Deus.
7. Não acrescenta ou diminui aquilo que Deus diz.
8. Possui grande admiração por Deus e por Sua sabedoria, pois não há ninguém como Ele.
Isaías traça um gráfico da atitude de Deus àqueles sacrifícios que não provêm de um coração obediente:
"O que imola um boi é como o que comete homicídio; o que sacrifica um cordeiro, como o que quebra o
pescoço a um cão,. o que oferece uma oblação, como o que oferece sangue de porco,. o que queima
incenso, como o que bendiz a um ídolo..." #Is 66:3.
Não foi o próprio Deus quem ordenou sacrifício de animais? Não foi Ele quem ordenou a oferta de
cereais? Não foi Ele quem orientou Moisés a queimar incenso no santuário do tabernáculo?
Então, por que o Senhor compara o sacrifício de um boi e a oferta de um cordeiro com a morte de um
homem ou como alguém que quebra o pescoço de um cão? Por que Ele diz que a oferta é como se
estivesse trazendo sangue de porco? Por que comparar o incenso (uma figura da oração e da adoração)
como se estivesse bendizendo a um ídolo?
"Como estes escolheram os seus próprios caminhos, e a sua alma se deleita nas suas abominações, assim
eu lhes escolherei o infortúnio e farei vir sobre eles o que eles temem,. porque clamei, e ninguém
respondeu, falei, e não escutaram; mas fizeram o que era mau perante mim e escolheram aquilo em que eu
não tinha prazer " #Is 66: 3,4.
Quando Deus chamou, ninguém respondeu. Quando falou, ninguém ouviu! As pessoas estavam tão
ocupadas "servindo a Deus" com sacrifícios religiosos (Deus os chamava de abominações, que não
respondiam ao seu chamado. Deus se lamentou por eles, quando disse: "escolheram aquilo em que eu não
tinha prazer " #Is 66:4 Deus deixou claro que o seu prazer não está nos sacrifícios!
E o que dizer do que acontece hoje? Estamos tão ocupados servindo a Deus com orações intercessoria,
ofertas generosas, cultos bem ordenados, missões, administração eclesiástica, jejuns, estudos bíblicos,
conferências cristãs e convenções que estamos perdendo o que Ele está dizendo. Será que não perdemos a
simplicidade de ouvir Sua voz e tremer diante de Sua Palavra?
É fácil, hoje, construir uma máquina ministerial e perder o alvo, o propósito do ministério. É fácil,
sucumbir diante das pressões da obra, obrigações financeiras, diante do status que tem que ser mantido,
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das exigências do povo e diante de tudo que tenta ditar as normas para nós. E como fica a obediência ao
Espírito de Deus?
Podemos Segui-lo, ou estamos limitados pelos nossos cultos carismáticos e nossas reuniões de poder?
Talvez nossos cultos não possuam um programa como acontece em algumas denominações, mas a verdade
é que muitas igrejas pós denominacionais possuem, também, uma liturgia mas apenas não está escrita no
boletim! Assim, zombamos daqueles que são suficientemente honestos para colocar no boletim o
programa do culto, julgando-os como tradicionais e não tão livres como nós.
Nós já temos uma ordem de culto. Louvamos, depois adoramos (a propósito, caso você não saiba a
diferença, o louvor são os cânticos rápidos e a adoração os cânticos lentos...). Depois fazemos os
anúncios, tiramos as ofertas, pregamos, fazemos o apelo e possivelmente oramos com imposição de mãos
para ver algumas pessoas caírem. Orgulhamo-nos deste tipo de adoração. O certo é que nos livramos dos
hinários e nos escravizamos às transparências. E ainda achamos que somos o povo dirigido pelo Espírito!
Isto nos coloca numa posição vulnerável. Ficamos sensíveis ao tipo de desobediência encontrado em Saul,
achando que ter todos os requisitos ministeriais é mais importante do que obedecer a Deus. Num quadro
assim, Deus nem liga para nós, apenas observa enquanto prosseguimos nosso caminho.
Mas, não são apenas os ministros que se envolvem desta forma. Isto ocorre, também, com cada um de nós.
Lembre-se da experiência que tive quando assistia pela televisão o jogo dos Dallas Cowboys. Eu já era um
obreiro de tempo integral, trabalhando de sessenta a setenta horas semanais, incluindo os domingos, e era
sempre o último a sair do templo. Depois de fazer tudo isto, na hora em que o Espírito me compeliu a orar,
achei que poderia postergar, pois, afinal, considerava-me um servo trabalhador e fiel.
A atitude silenciosa que mantive naquela hora, dizia a Deus que eu tinha o direito de escolher a hora que
quisesse para ouvir e obedecê-lo. Era uma opção que eu tinha, pois achava-me um obreiro fiel e exemplar.
Temos que ter em mente que mil atos de obediência são anulados por um simples ato de desobediência
Arrependo-me, profundamente, de minha arrogância e ignorância. Jesus entregou Sua vida por mim e eu
julguei, de forma errada, a orientação que me dera, por causa de minhas obras vãs. Que Deus nos guarde
dos enganos sutis que conduzem à desobediência.
CAPÍTULO QUATRO
O Mistério da Iniqüidade.
Feitiçaria é uma palavra cuja conotação invoca imagens de mulheres vestidas de preto, balbuciando
ladainhas, voando em vassouras, ou mulheres que examinam o futuro numa bola de cristal, enquanto o
caldeirão está fervendo no fogo cheio de asas de morcego e pernas de aranhas. Ou a versão moderna de
alguém que profere maldições para obter ganhos ou fazer com que outras pessoas tenham prejuízos.
Deixemos de lado, entretanto, todos esses conceitos examinando o coração da feitiçaria. O importante não
é a aparência da feitiçaria, mas o que está no âmago dessa perversidade.
Samuel viu feitiçaria na vida de Saul ao dizer-lhe: "...Eis que o obedecer é melhor do que sacrificar; e o
atender; melhor do que a gordura de carneiros. Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a
obstinação é como a idolatria..." #I Sm 15:22,23
Observe a ligação entre rebelião e feitiçaria feita por Samuel. Ele liga as duas coisas dizendo que "a
rebelião é como o pecado de feitiçaria. (*2)
(*2) Observe que as palavras "é como" em algumas versões aparecem em itálico. Isto é comumente
utilizado pelos tradutores para dizer que tais palavras não constam do texto original. Uma tradução mais
precisa diria "a rebelião é pecado de feitiçaria".
A palavra hebraica usada para feitiçaria é. qesem (¹) cuja tradução em português é adivinhação, feitiçaria e
bruxaria. Alguns tradutores, contudo, dizem que a tradução exata desta palavra em referência ao ocultismo
é desconhecida. A importância está, não na palavra, mas no resultado da feitiçaria.(²)
O texto deveria ser lido assim: "a rebelião é feitiçaria" e, assim, o contexto ficaria bem claro. Uma coisa é
comparar a rebelião à feitiçaria e outra bem diferente é afirmar que ela é feitiçaria. Nenhum cristão, estou
certo, iria praticar obras de feitiçaria sabendo do que se trata! Quantos, porém, estão vivendo sob sua
influência por causa do engano da rebelião?
Qualquer prática de feitiçaria traz o mesmo resultado: abre acessos diretos à atuação demoníaca no mundo
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espiritual, cujo alvo é controlar as pessoas e circunstâncias nas mais diversas situações. Isto ocorre através
de brechas abertas sem que a pessoa entenda o que está acontecendo no mundo espiritual. Uma pessoa não
percebe o que está fazendo nem a dimensão de sua ação, ignorando totalmente o envolvimento dos
poderes das trevas ao seu redor. O alvo da feitiçaria é controlar, mas, inevitavelmente, a pessoa que é
controlada passa a ser a controladora por causa do envolvimento no reino demoníaco.
No passado, quando pastoreava a juventude, entrei em contato com um grupo barulhento de praticantes de
ocultismo no estado da Flórida. Muitos estudantes universitários se deliciavam nos vários níveis do
ocultismo. Alguns jovens da igreja relatavam que muitos de seus colegas de aula estavam envolvidos na
feitiçaria.
Descobri que, como forma de iniciação, os jovens eram induzidos a beber, drogar-se, ter relações sexuais
ilícitas, roubar e a praticar outros delitos num aberto desafio às leis do nosso país. Eu não sabia porque isto
fazia parte da iniciação da bruxaria até que Deus revelou-me esta verdade: "A rebelião é feitiçaria."
Quando o jovem iniciante de práticas ocultas se rebela contra os pais, contra a sociedade e contra as leis
de Deus, inconsciente mente dá às forças demoníacas o direito legal de as influenciar e controlar. Por quê?
Porque a rebelião é feitiçaria. Por causa da rebelião e, com as portas escancaradas, os demônios recebem o
direito legal de agirem contra a pessoa; quanto maior a rebelião, mais larga a porta de acesso.
Talvez você se pergunte porque uso o termo, direito legal. É que Deus estabeleceu ordens de ação no
mundo espiritual. Sob a severa lei de Deus os demônios têm o direito de habitar nas regiões das trevas.
Sendo assim, a desobediência à autoridade divina, seja direta ou indiretamente, afasta a pessoa da luz
levando-a para as trevas espirituais onde o inimigo tem acesso legal, por ser território dele veja #I Ts 5:5 e
#Mt 6:24.
As pessoas que, voluntariamente, se entregam a Satanás, conhecem bem este princípio. Outras, entretanto,
são levadas pelo engano, em sua ignorância confundindo iniqüidade com liberdade. Rebelam-se achando
que, com isto, estão ficando livres. Entretanto, não há liberdade na rebelião. O Novo Testamento dá um
retrato do que geralmente acontece: o rebelde se torna escravo da depravação. Pedro expõe este erro da
seguinte maneira: "Essa gente, com palavras de vaidosa arrogância e apelos aos desejos libertinos da carne
seduz os que estão quase conseguindo fugir do erro. Fazem afirmações dizendo: você tem o direito de ser
livre, de fazer o que quiser: Prometem liberdade, mas eles mesmos são escravos da corrupção, pois o
homem é escravo daquilo que o domina. " #II Pe 2:18,19 tradução livre.
A verdade é bem clara: não existe liberdade, ao contrário, o rebelde é escravo do Diabo e está sob o
controle da rebelião abrindo, com isso, sua alma ao controle e à opressão demoníaca. Paulo enfatiza este
ponto: "Você sabe muito bem que pode escolher alguém para ser o seu dono. Você pode escolher o pecado
(que termina em morte) ou a obediência (que quita os seus pecados). Aquele à quem você se submeter;
será o seu patrão e você o servirá." #Rm 6:16 tradução livre.
Caim teve a oportunidade de escolher entre fazer a vontade de Deus fechando as portas ao pecado e aos
demônios (feitiçaria) e escolher fazer sua própria vontade, rebelando-se e permitindo o acesso do pecado e
do mestre que o controlaria #Gn 4:7.
Como Caim poderia fechar as portas? O Novo Testamento nos diz: "...Deus se opõe aos orgulhosos, mas
concede graça aos humildes. Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao diabo, e ele fugirá de vocês. "
#Tg 4:6,7 –NVI.
Quando nos submetemos a Deus, resistimos ao Diabo fechando, com trancas, as portas de acesso ao
inimigo. Submeter-se é obedecer e não está limitado apenas a ações, mas é algo que envolve todo o
coração.
Muitas pessoas tentam resistir ao Diabo, orando fervorosamente e citando as Escrituras. Não que estejam
erradas, esta é uma forma de guerrear no mundo espiritual, só que não adianta fazer tudo isto e viver em
constante rebeldia à autoridade divina em outras áreas. O Diabo fica rindo da pessoa. É a desobediência
que dá a ele o direito legal de entrar, e ele é "legalista". Uma pessoa pode amarrar e dar ordens até ficar
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vermelha, mas de nada adianta pois a falta de submissão é maior do que as palavras que fala!
A queda de Caim foi progressiva. Primeiro ele injuriou o seu irmão e, como conseqüência, o ódio, seguido
do engano, entraram em seu coração, numa espécie de caminho asfaltado em direção ao crime.
Quando o pecado entrou no coração de Caim, ele fez o que nunca se passara antes em seu coração. Se
quando jovem alguém lhe tivesse dito "um dia você vai assassinar seu irmão", provavelmente ele teria
respondido: "Você está louco! Nunca faria uma coisas dessas!" Entretanto, ele matou o irmão. Por quê?
Porque a desobediência abriu a Satanás as portas de seu coração e este o dominou!
A rebelião abriu uma porta na alma de Saul, permitindo a entrada de um espírito controlador, levando-o a
comportar-se de forma estranha e alheio à vontade Dele. A Bíblia dá a entender que pouco tempo depois
daquele ato de rebelião, um espírito maligno começou a atormentá-lo #I Sm 16:14. Não houve libertação
para Saul porque também não houve um arrependimento sincero.
Saul se tornou um homem bem diferente. Antes ele nem queria assumir o fato de que era rei, era obediente
ao pai e respeitava as leis de Deus. Se, naquela ocasião, você tivesse falado a ele, profetizando: "'Saul,
você vai matar oitenta e cinco sacerdotes do Senhor, todos inocentes e matará também todas as esposas e
filhos deles", ele teria se jogado com fúria sobre você, exclamando: "Eu nunca farei uma coisas dessas!"
Entretanto, ele o fez #I Sm 22:17,18. Aquele espírito maligno o levou a viver uma vida de ciúmes, inveja,
ira e ódio; levou-o à rebelião e a ser um criminoso.
Já que estamos tratando da feitiçaria, deixe-me fazer um alerta. Muitas vezes os crentes ficam furiosos
com o Diabo.
Conheci um pastor que começou a ler todos os livros cristãos a respeito do ocultismo. Ele queria ficar
"afiado" para combater a feitiçaria e só falava sobre isto. Ele achava que estava enfrentando, diariamente,
uma intensa guerra espiritual e, por isso, nem falava mais a respeito de Jesus. Toda a conversa tinha como
centro, o inimigo com o qual ele estava lutando. Alertei-o sobre isto. Avisei-o de que ele estava tirando os
olhos de Cristo. Ele me ignorou dizendo que eu nada entendia a respeito de guerra espiritual.
Depois de um ano ele me encontrou e foi logo dizendo: “John, você se lembra do que falou um ano atrás,
quando advertiu-me a respeito de meu interesse pelo ocultismo?"
Claro, que me lembrava. Ele acrescentou: '"Deus levou-me a queimar todos aqueles livros. Nunca vivi sob
tão intenso terror em toda a minha vida. Aqueles livros tiraram os meus olhos de Cristo e eu só via a
Satanás."
A Bíblia diz que temos que olhar atentamente para Jesus, O autor e consumador da fé #Hb 12:2. Olhar
para Jesus! Se o Diabo interferir, resista com firmeza e continue a olhar para Jesus. Se ficarmos a ver
demônios atrás de cada poste, facilmente cairemos no laço do engano. Aquilo para o qual olhamos torna-
se o alvo que seguimos. E se você mantém os olhos fixos num alvo por muito tempo aquilo indicará o
rumo a seguir. Se você olha para Jesus, você o segue; se olha para o Diabo atentamente, você também o
segue!
O homem da iniqüidade
Em 1990, liguei a televisão do hotel onde minha esposa e eu estávamos hospedados e dei de cara com um
programa sobre satanismo e feitiçaria. Não gosto de me expor ao ocultismo e já ia mudar de canal quando
algo me chamou a atenção. O programa falava da bíblia satânica.
Fiquei impressionado ao ouvir que o primeiro mandamento daquela bíblia é: "faça o que você quiser."
Aquilo me chocou! É o contrário do que Jesus disse; é uma forma perversa de oposição a Jesus. Ele disse:
"...não procuro a minha própria vontade, e, sim a daquele que me enviou. " #Jo 5:30.
Desliguei a televisão. Havia visto o suficiente. Comecei a considerar: " Jesus tinha o Espírito de Deus sem
medida."
"Pois aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, porque ele dá o Espírito sem limitações. " #Jo
3:34- NVI.
É através do testemunho de João que sabemos porque Jesus recebeu o Espírito de Deus sem medida: é que
Ele somente agia e falava as palavras que de Deus ouvia. Esta obediência perfeita, deu-lhe plenitude
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completa do Espírito, pois nosso Deus dá do Seu Santo Espírito somente àqueles que o obedecem #At
5:32.
Viver, tendo vontade própria, e a determinação de fazer o que se quer, é rebelião e feitiçaria. Assim como
Jesus ficou cheio do Espírito Santo sem medida por ser perfeitamente obediente, a desobediência coloca a
vida de uma pessoa sob a influência demoníaca sem medida.
É isto o que se vê na vida do anticristo. A Bíblia o chama de "o iníquo." #II Ts 2:8. Ele é descrito como
aquele que "se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus, ou é objeto de culto, a ponto de assentar-
se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus. " #II Ts 2:4. A vida dele está em
constante rebelião a Deus.
Este versículo apresenta dois níveis de entendimento. Sim, ele provavelmente se assentará de forma física
no templo de Deus, mas ele também é um praticante da rebelião em nosso próprio corpo. A Bíblia diz que
o nosso corpo é o templo do Espírito Santo.
Por que o anticristo receberá o poder de Satanás sem medida? Por ele ser um rebelde na mais alta e
completa perfeição do termo rebelião! A rebelião temos que nos lembrar, é feitiçaria e dá acesso legal ao
Diabo em uma pessoa. Por viver em perfeita desobediência, o anticristo terá, operante nele, todo o espírito
de Satanás!
"Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder; e sinais, e prodígios da
mentira." #II Ts 2: 9.
O iníquo será a antítese de nosso Senhor e Cristo. É por isso que ele é chamado de anticristo.
"Filhinhos, já é a última hora,. e, como ouvistes que vem o anticristo, também, agora, muitos anticristos
têm surgido; pelo que conhecemos que é a última hora." #I Jo 2:18.
Ainda que este versículo se aplique à cada geração desde os dias de João, esta é uma palavra profética que,
acertadamente, fala da última geração antes da vinda de Cristo. Pedro, ao escrever sobre os últimos dias,
diz: "não deveis esquecer; que, para com o Senhor; um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia". #II
Pe 3:8. Um dia aos olhos de Deus equivale a mil anos nossos. Divida mil por vinte e quatro e você terá o
número de anos para uma hora de Deus: aproximadamente quarenta anos! Assim, quando João se refere à
última hora, ele tem em mente a última geração, a qual muitos crêem que é a nossa geração!
Veja como #I Jo 2:18 termina: "...também, agora, muitos anticristos têm surgido,. pelo que conhecemos
que é a última hora. " Este homem da iniqüidade não irá aparecer ao acaso, repentinamente, sem qualquer
aviso ou preparação. Antes dele aparecer, a rebelião se tornará uma prática comum e normal, e muita
iniqüidade já estará sendo praticada em nossa sociedade.
Na carta de Paulo aos tessalonicenses, ele fala a respeito da iniqüidade e da rebelião que haverá antes da
revelação do homem iníquo: "Com efeito, o mistério da iniqüidade já opera..." #II Ts 2:7.
O mistério da iniqüidade é aquele princípio escondido de rebelião que se levanta contra toda autoridade
estabelecida, e é feitiçaria! Este princípio já está em operação e a iniqüidade aumentará progressivamente,
até que o homem da iniqüidade se manifeste. Este tipo de rebelião não causará um choque na sociedade
porque o mistério da iniqüidade já estará em operação na sociedade e na igreja.
Você pode perguntar: "E nas igrejas também?" Sim. É na igreja que este princípio opera de forma sutil. O
espírito do mundo tem penetrado na igreja de diversas maneiras. A rebelião está aumentando e se tornando
um novo estilo aceitável de vida. Há certos aspectos da rebelião que achamos coisa normal e que
deixariam nossos antepassados apavorados quarenta anos atrás. Por exemplo, a maneira como os filhos
tratam os pais, a maneira como as pessoas tratam seus pastores e a falta de ética nos negócios deixariam
nossos avós arrepiados!
Esta aceitação passiva entrou na igreja. Este tipo de pensamento é contrário à obediência, mas tem entrado
na vida de muitos crentes. Mais adiante, neste livro, falaremos sobre isto.
Precisamos mudar nossa maneira de pensar. O reino de Deus não é uma democracia, mas um reino
governado por um Rei. Tem estrutura de realeza, tem escalões de autoridade e leis, e os membros do reino
são-lhe submissos. Não há opções. Ele não está submisso a nós, nós é que somos submissos a Ele. Há
conseqüências quando Suas leis são desprezadas, ignoradas, violadas ou propositadamente rejeitadas.
Jesus predisse a este respeito quando seus discípulos perguntaram-lhe quais os sinais de sua vinda. Ele
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disse que haveria sinais em Israel, na sociedade, na natureza e na igreja. Jesus citou a rebelião grassante
como fator indicativo do tempo do fim.
"E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos." #Mt 24:12.
Muitos, ao lerem o que escrevo, poderão dizer: "é claro que a rebelião abunda em nossa sociedade",
contudo, nesta passagem, Jesus estava falando aos crentes (veja os vs. 10,11). A palavra grega para amor
aqui é ágape. Esta palavra grega é usada no Novo Testamento para descrever o amor de Deus; amor
encontrado apenas nos discípulos de Jesus Cristo. É o único tipo de amor que Ele pode dar. O mundo não
possui tal tipo de amor. Jesus, na realidade, está dizendo: "Pelo fato da desobediência grassar até mesmo
no meio dos crentes, o amor de Deus esfriará em seus corações. "
O mistério da iniqüidade (rebelião) seduz a sociedade e os crentes igualmente, dando a Satanás e a seus
asseclas o direito legal de entrarem em nossos lares, na igreja, nas instituições e no governo.
As boas novas.
As boas novas são que muitos que são mantidos cativos, ficarão livres, à medida que a tirania e o engano
da iniqüidade forem sendo expostos. Já não mais ficarão cativos do Diabo para fazer a vontade dele. Deus
haverá de revelar os esquemas do Diabo àqueles que são fiéis a Jesus e ficarão livres do controle da
iniqüidade.
Os que amam a verdade não serão enganados por este mistério da iniqüidade #II Ts 2:10. Os vencedores
abraçarão a obediência e viverão uma vida de serviço, pois, tudo o que querem é ver o propósito de Deus
realizado na Terra!
CAPÍTULO CINCO
Quando pastoreava o grupo jovem da igreja, ouvi um testemunho muito interessante de Brad, (*3) um
rapaz de 15 anos, muito fervoroso em Cristo. Ele veio, pela primeira vez, a uma de nossas reuniões
quando tinha apenas 14 anos de idade. Naquela ocasião ele me disse: "Eu quero Deus!" Aquele moço tinha
muita fome de Deus, e Deus o transformou naquela mesma noite.
Ele era quarto-zagueiro do time de futebol da escola, e namorava uma garota de sua classe. Logo após
converter-se, terminou o namoro. Quando ela pediu uma razão, ele disse: "Agora sou de Jesus, e sei que
você não quer ser dele."
Brad era o mais fervoroso de todo o grupo. Era comum vê-lo, com outros rapazes da mesma idade,
levantar-se às quatro da manhã e orar até a hora de ir para a escola.
Um ano mais tarde, ele veio todo eufórico falar comigo dizendo: "Pastor John, você tem que ouvir o que
aconteceu comigo hoje na escola. "
(*3) Este não é o seu nome verdadeiro.
Como falei anteriormente, muitos jovens se envolviam com o ocultismo nas escolas da cidade e alguns
dos jovens da igreja freqüentemente tinham que confrontar seus colegas de aula.
"Muito, bem, Brad, conte-me o que aconteceu." E ele me falou: "Um colega de aula me disse: 'vou jogar
uma maldição sobre você.' Quando ele me disse aquilo comecei a rir descontroladamente. Eu não queria,
mas ria à vontade."
"Aquele garoto me disse: 'vou jogar uma maldição tão pesada sobre você que em dois dias você estará
morto', e aí foi que eu ria mais ainda."
"Ele ficou tão zangado que começou a gritar: 'vou amaldiçoá-lo e você morrerá agora mesmo se não parar
de rir.' E eu não parava de rir."
"Um rapaz muito maior e mais velho se ajuntou a nós. Ele enxotou dali o baixinho que me ofendia,
gritando: 'dá o fora, dá o fora!' Depois, virando-se para mim, disse: 'ele é novo nisto. Ele não sabe o que
está dizendo.' Parei de rir e fiquei matutando: o que está acontecendo?"
"Aquele rapaz mais velho me disse: 'ele não sabe que você é uma daquelas pessoas marcadas que não
podemos tocar, porque o Deus que você serve é maior do que o nosso."'
"Foi então que eu perguntei ao grandalhão: por que você não entrega sua vida a Jesus?"
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"Ele sacudiu a cabeça negativamente, dizendo: 'não posso! Já fui longe demais! (*4)
Quando uma pessoa caminha em obediência a Deus, os feiticeiros não têm poder sobre ela. O lugar de
Satanás é as trevas #Jd 6, por isso ele não tem acesso quando estamos unidos a Deus, em quem não há
trevas #I Jo 1:5.
Os efeitos da feitiçaria são visíveis em nossa sociedade e, de forma sutil, sente-se seu efeito na igreja. Este
capítulo, visa orientar o leitor que acha que está livre da influência da feitiçaria, e não está!
(*4) É claro que ele foi enganado. Ele poderia escapar do ocultismo, pois ninguém está tão perdido que o
sangue de Jesus Cristo não o possa salvar.
Durante a caminhada pelo deserto, o povo de Israel chegou às planícies de Moabe. J á haviam destruído os
amonitas por não permitirem que passassem por seu território e, recentemente, haviam destruído o rei de
Basã.
Agora, enquanto Israel estava acampado no meio de Moabe, Balaque, rei de Moabe, e Midiam tinham um
desafio pela frente. Seu reino tremia diante de uma multidão de israelitas. Balaque sabia que Israel havia
destruído todas as nações que se lhe opuseram no caminho.
Foi assim que o rei Balaque enviou alguns mensageiros ao profeta Balaão, um homem reconhecido por
sua capacidade de ver a situação e de ter respostas para os problemas. O rei sabia que tudo o que Balaão
profetizava, acontecia. Se ele abençoava, eram abençoados e se amaldiçoava, eram amaldiçoados.
Depois que duas comitivas de embaixadores o visitaram, Balaão consentiu avistar-se com Balaque e ver se
poderia amaldiçoar o povo de Israel. A esta altura, Balaão já havia sido seduzido pela possibilidade de
ficar rico com as ofertas de Balaque. Balaão, contudo, advertiu o rei de que somente poderia falar as
palavras que Deus colocasse em seus lábios.
No dia seguinte, ambos subiram o monte de onde podiam avistar o acampamento de Israel. Depois de
fazer uma estimativa do povo, Balaão instruiu Balaque a que levantasse sete altares imolando sacrifícios
em cada um deles. Balaão, então, abriu sua boca para amaldiçoar o povo, mas de seus lábios somente
saíram palavras de bênçãos. É claro que o rei ficou apavorado com o que ouviu! "Que me fizeste?
Chamei-te para amaldiçoar os meus inimigos, mas eis que somente os abençoaste. " #Nm 23:11.
Balaão sugeriu que subissem a um monte mais alto. Quem sabe, com isto, poderia amaldiçoar o povo.
Outra vez erigiram sete altares e ofereceram outros tipos de sacrifícios. Mas outra vez, ao abrir a boca, ele
abençoou ao invés de amaldiçoar.
Isto se repetiu duas outras vezes. Cada vez que tentava amaldiçoar, Deus o levava a abençoar o povo. Nas
palavras de Balaão encontramos esta tremenda declaração:
"Não viu iniqüidade em Jacó, nem contemplou desventura em Israel; o Senhor; seu Deus, está com ele, no
meio dele se ouvem aclamações ao seu Rei. Deus os tirou do Egito; as forças deles são como as do boi
selvagem. Pois contra Jacó não vale encantamento, nem adivinhação contra Israel... " #Nm 23:21-23.
Israel caminhou em aliança com Deus e sua mão poderosa o havia arrancado da opressão dos egípcios,
que é uma figura da liberdade que temos do sistema deste mundo. Agora, o povo fazia parte de uma nação
que tivera os seus pecados perdoados e que fora batizado no Mar Vermelho. É por isto que Deus diz que
não viu iniqüidade alguma em Israel!
Balaão declarou que, por ser um povo de aliança com Deus, não havia feitiçaria nem agouro que pudesse
amaldiçoar Israel. Você pode declarar este princípio da seguinte maneira: nenhuma feitiçaria tem poder
contra o povo de Deus, nem qualquer maldição tem poder contra a Igreja!
Deveríamos encorajar-nos com esta promessa. Deixe que os feiticeiros e macumbeiros batam tambores,
acendam velas, delirem, cantem, amaldiçoem e joguem pragas, porque nenhuma delas atingirá o povo de
Deus! Nenhuma maldição nos alcançará! #Pv 26: 2 diz: "Como o pássaro que foge, como a andorinha no
seu vôo, assim, a maldição sem causa não se cumpre."
Como posso amaldiçoar a quem Deus não amaldiçoou ?
Balaão enfatizou: "Como posso amaldiçoar a quem Deus não amaldiçoou?" #Nm 23:8 Ao ser atacado,
Davi escreveu: "Esconde-me da conspiração dos malfeitores e do tumulto dos que praticam a iniqüidade,
os quais afiam a língua como espada e apontam, quais flechas, palavras amargas, para, às ocultas,
atingirem o íntegro..." #SL 64:2-4.
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Os bruxos podem amaldiçoar os remidos o quanto quiserem mas nenhuma maldição terá efeito sobre nós,
ao contrário, as pessoas que amaldiçoam é que são prejudicadas. Veja o que diz a Bíblia: "Mas Deus
desfere contra eles uma seta; de súbito, se acharão feridos. Dessarte serão levados a tropeçar. a própria
língua se voltará contra eles. .." #SL 64:7,8.
Veja bem: a maldição liberada para atingir os crentes, dá meia volta e cai sobre eles! Usando de uma
metáfora, Davi diz: "...abriram cova diante de mim, mas eles mesmos caíram nela." #SL 57:6
Se Balaão tivesse amaldiçoado o povo de Israel as predições feitas cairiam sobre ele mesmo! Por mais que
tentasse, Balaão sabia que era impossível amaldiçoar o povo de Israel. Mais tarde, Moisés recordou este
episódio aos ouvidos do povo, dizendo: "...alugaram contra ti a Balaão, filho de Beor; de Petor; da
Mesopotâmia, para te amaldiçoar: Porém o Senhor; teu Deus, não quis ouvir a Balaão; antes trocou em
bênção a maldição, porquanto o Senhor; teu Deus, te amava. " #Dt 23:4,5.
O conselho de Balaão
As bênçãos proferidas por Balaão deixaram Balaque furioso, a ponto de exclamar: ". ..Chamei-te para
amaldiçoares os meus inimigos; porém, agora, já três vezes, somente os abençoaste. Agora, pois, vai-te
embora para tua casa; eu dissera que te cumularia de honras; mas eis que o Senhor te privou delas." #Nm
24:10,11.
O rei estava disposto a recompensar Balaão financeiramente e com muitas honras se ele amaldiçoasse seus
inimigos. Na realidade, ele estava dizendo a Balaão: "Esqueça o dinheiro. O Deus que você serve não o
quer ver rico, Deus, é claro, não quer que você ganhe recompensa alguma. Por isso, caía fora! "
Ao terminar a história de Balaão e Balaque o livro de Números diz algo interessante:
"Habitando Israel em Sitim, começou o povo a prostituir-se com as filhas dos moabitas. Estas convidaram
o povo aos sacrifícios dos seus deuses; e o povo comeu e inclinou-se aos deuses delas. Juntando-se Israel a
Baal-Peor.." #Nm 25:1-3.
O que aconteceu com o povo que havia servido ao Senhor? O livro de Apocalipse diz que Balaão
"...ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem cousas sacrifica das aos
ídolos e praticarem a prostituição." #Ap 2:14 - Veja também #Nm 31:16.
Posso imaginar uma cena assim: Balaão, de fato, queria o dinheiro de Balaque, por isso deve ter dito ao
rei: "Não consigo amaldiçoá-los com minha boca, ou com qualquer forma de agouro, mas posso dizer-te
como levá-los a ficar debaixo de maldição!"
Balaque perguntou: "O que você poderá fazer?"
Balaão disse: "Envie suas mulheres. Deixe que elas se infiltrem no acampamento de Israel. Oriente-as a
trazer com elas os seus ídolos e isto colocará o povo sob maldição."
.Uma nação que era protegida das maldições, caiu sob maldição por causa da desobediência. "...a ira do
Senhor se acendeu contra Israel... (e) os que morreram da praga foram vinte e quatro mil" #Nm 25:3,9.
Esta foi a maior perda que Israel sofreu no deserto, e tudo aconteceu por causa da rebelião.
A desobediência radical abriu a porta à praga radical! A rebelião naqueles dias foi tão gritante que um
homem israelita levou uma mulher para a tenda dele e coabitaram na presença de Moisés e de toda a
congregação de Israel.
Então, o que deteve a praga? Você acertou. Um ato de obediência radical!
"Vendo isso Finéias, filho de Eleazar; o filho de Arão, o sacerdote, levantou-se do meio da congregação, e,
pegando uma lança, foi após o homem israelita até ao interior da tenda, e os atravessou, ao homem
israelita e à mulher; a ambos pelo ventre,. então, a praga cessou de sobre os filhos de Israel." #Nm 25:7-8.
Permita-me dizer uma coisa: Deus não é o autor das pragas e doenças. Os filhos de Israel de forma
aviltante rebelaram-se e abriram uma brecha, abandonando a proteção de Deus. A porta foi aberta, e o
inimigo entrou com toda a maldição!
Fica provado, portanto, que a rebelião é feitiçaria e dá direito de acesso legal ao controle de Satanás. Israel
não foi atingido por maldição alguma, mas foi dizimado por sua própria desobediência.
Vimos, portanto, que a rebelião deixou o povo do Antigo Testamento sob maldição, por isso, examinemos
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este princípio no Novo Testamento. O apóstolo Paulo escreveu uma carta austera aos Gálatas #GL 1:2. Foi
uma carta escrita aos crentes dali e não para toda a população da Galácia. Paulo os exortou duramente
quando disse: “Ó gálatas insensatos! Quem os enfeitiçou. Não foi diante dos seus olhos que Jesus Cristo
foi exposto como crucificado?” #GL 3:1- NVI.
Foi pela pregação de Paulo que Deus havia revelado sua salvação pela graça à essas igrejas. Não demorou
muito e as igrejas começaram a desobedecer aquilo que lhes fora pregado. Viraram as costas e seguiram
um outro evangelho... um evangelho de obras #GL 3:1,16. Não é este ato específico de desobediência que
quero tratar aqui; quero, isto sim, mostrar que Deus já havia-lhes revelado Sua vontade e eles a
abandonaram seguindo um outro tipo de evangelho, uma outra argumentação. Foi esta argumentação que
os enfeitiçou.
Paulo alertou esta igreja dizendo que aqueles irmãos estavam sob influência de feiticeiros. Alguns,
entretanto, poderão argumentar: "Pensei que nenhuma maldição ou feitiçaria pegasse nos crentes!" E está
certo! Nenhuma maldição pega nos obedientes. Lembre-se, contudo, que a rebelião ou desobediência
colocam as pessoas sob os efeitos da feitiçaria!
Quero deixar este ponto bem claro diante de você. Ficamos "enfeitiçados" quando desobedecemos às
ordens claras de Deus e não quando desobedecemos aquilo que não nos foi revelado! Os gálatas
desobedeceram aquilo que foi-lhes claramente revelado.
Quando comecei no ministério, Deus me instruiu, dizendo: "John, não faça coisas só porque os outros
ministros estão fazendo." Descobri que outros ministros poderiam fazer determinadas coisas que, para
eles, era a decisão correta. Seria errado espelhar o ministério que Deus me deu no ministério deles, se
Deus não me dissesse para fazer a mesma coisa!
(*5) A versão usada em inglês pelo autor, apresenta a palavra "enfeitiçar", neste texto, diferente da palavra
"fascinou" das nossas versões em português, Assim, a NVI foi a versão mais próxima do pensamento do
autor.
Outra coisa que Deus me enfatizou: "Se aparecer para você uma oportunidade ministerial, não a aceite só
porque lhe parece bom, procure saber se é de minha vontade. " Ainda que Deus tivesse falado de forma
mais clara, não absorvi direito o que Ele me dissera e tive que aprender a duras penas!
Fazia bem pouco tempo que estávamos viajando ministerialmente. A centralidade de minhas pregações era
sobre o propósito de Deus nos tempos de secura espiritual. Muita gente foi fortalecida em Deus com
aquelas mensagens. Senti que Deus queria que eu escrevesse um livro não apenas sobre o assunto que
estava pregando, mas também porque estava vivendo. Fizemos uma publicação autônoma do livro Victory
in the Widemess (Vitória no Deserto).
Um certo editor ficou sabendo da mensagem e enviou um de seus secretários para falar comigo. Ele me
disse que cria que aquela era uma mensagem urgente para o corpo de Cristo: " John, cremos na mensagem
que Deus lhe deu, e queremos ajudá-lo a levar esta mensagem a todas as pessoas. " Foi aí, então, que
expressou o desejo de receber os direitos de republicar o livro em sua editora.
Conversamos por trinta minutos. Contou-me as várias maneiras de distribuir o livro. Disse-me que
trabalhavam com todos os principais distribuidores e que poderiam colocar o livro como um best seller em
todas as livrarias do país. Disseram-me que gastariam milhares de dólares em publicidade. Falou sobre
outros autores desconhecidos e de como seus livros ficaram conhecidos por todos os Estados Unidos,
como prova de que eram bons!
Ao terminar a conversa, fiquei um tanto inquieto, pois Deus já me dissera que eu não deveria assinar
nenhum contrato com eles. Eu já aprendera, até então, a reconhecer um "não" de Deus e de ouvir sua voz!
Conversei com minha esposa sobre o assunto e concordamos que, mesmo sendo uma boa oferta,
deveríamos ouvir o que dizia o nosso coração. Eu tinha que dizer "não". Mais tarde, quando orei a
respeito, não mudei de idéia. Bem dentro de mim eu sabia que não era da vontade de Deus.
No dia seguinte o telefone tocou. Era o editor. Mesmo sabendo que não era da vontade de Deus, queria
ouvir o que ele tinha a acrescentar. Tenho que admitir, agora, que aquilo foi um leve sinal de que teria
problemas pelo caminho. Por que deveria ouvi-lo quando Deus já dissera que não era da Sua vontade?
Olhando para trás, consegui ver a razão. As vantagens eram tantas que fiquei lisonjeado. Sabia que Deus
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queria que eu levasse essa mensagem a todo o país, era uma palavra que Ele havia confiado a mim. Eu não
sentia um chamado local ou regional, sentia que Deus me chamava para toda a nação, contudo, havia
trabalhado duro sem qualquer reconhecimento nacional. Foi aí que pensei: "Isto fará com que a mensagem
seja publicada nacionalmente, abrindo portas tremendas para atingir toda a nação. Será que não estou
perdendo uma oportunidade? A sorte nunca bate duas vezes..."
Meus argumentos obscureceram a direção clara que Deus me havia dado no dia anterior. E continuei a
arrazoar: "Não estarei me comportando como um supercrente? Esta é uma porta aberta; uma oportunidade
rara. Por que dizer não a uma oportunidade de levar a Palavra de Deus a toda a nação?"
Sentindo-se animado, aquele homem começou a me telefonar quase todos os dias, durante quinze dias.
Quanto mais o ouvia, mais convencido ficava de que deveria publicar o livro com aquela editora. Cheguei
a um ponto em que não havia como retroceder em meu espírito. Permiti que a argumentação e as lisonjas
calassem aquela voz pequena, mas audível de Deus. Fiquei, portanto, numa posição delicada. Convenci a
mim mesmo de que aquilo que antes me fora negado por Deus, era, agora, a vontade Dele!
Fiz, então, planos para que minha esposa tomasse um avião e fosse até a cidade onde estava a editora para
assinar o contrato. Fiquei empolgado com a oportunidade. Contudo, na noite anterior à viagem, dois de
nossos filhos começaram a vomitar violentamente.
Quando o segundo de nossos filhos ficou doente, próximo às três e meia da manhã, minha esposa me
disse: " John, não creio que poderei viajar amanhã. Creio que estamos cometendo um erro. Deus permitiu
que nossos filhos ficassem doentes para nos chamar a atenção."
"De maneira nenhuma", respondi-lhe. "Isto é o Diabo metendo o seu dedo sujo. Ele não quer que
assinemos o contrato com a editora. Você tem que ir. Ficarei cuidando dos nossos filhos."
Mesmo discordando, ela tomou o avião naquela manhã e assinou o contrato de publicação do livro.
Desobedeci ao que Deus anteriormente falara comigo. Daquele dia em diante, o inferno desabou sobre
minha vida. A porta ao inferno foi aberta por causa de minha desobediência. Levei o que pedi!
Desde os dias de minha conversão, as bênçãos foram tantas, que nunca havia sofrido qualquer
enfermidade física. Toda a glória seja dada a Deus! Minha esposa costumava me dizer: "Você nunca fica
doente!" De fato, eu nunca pegava nada e, se o acontecesse, tudo desaparecia em vinte e quatro horas.
Jesus nos proveu da cura física e do perdão dos pecados na cruz #Is 53:4,5. Mas daquele dia em diante
comecei a ficar doente a ponto de me desesperar.
Comecei a vomitar na noite do dia em que o contrato foi assinado. Agora, éramos três em casa a vomitar:
as crianças e eu. Em toda minha vida, esta era a segunda vez que eu tive uma crise de vômitos. Uma
semana mais tarde, venci a gripe, mas peguei um vírus. Minha esposa e eu saímos da cidade para
comemorar nosso aniversário de casamento. Por vários dias tive febre de quarenta graus. Naquela mesma
semana preguei numa igreja com febre alta e tremor de frio.
A febre continuou nas próximas semanas enquanto estive pregando no Canadá. Pregava sob intensa febre
e voltava ao quarto do hotel cobrindo-me com cobertores, tremendo de frio. Gastei vários dias na cama,
ficava prostrado em cadeiras ou sofás.
Fiquei três semanas com febre. Minha esposa e eu não conseguíamos crer no que estava acontecendo.
Nunca enfrentei uma situação semelhante. Finalmente, decidi ir ao médico. Ele receitou alguns
antibióticos e dentro de alguns dias melhorei.
Uma semana depois de terminar de tomar os antibióticos peguei um forte resfriado. Sofri, terrivelmente,
de dores de garganta e dores de cabeça e, por uma semana, fiquei me arrastando.
Menos de duas semanas depois de ficar bom do resfriado, machuquei o joelho quando subia no muro da
casa. Tive que andar de cadeira de roda e mais tarde pular num só pé apoiado em muletas. Somente quase
um mês depois, é que comecei a caminhar manquejando.
Como se tudo isto não bastasse, um mês depois fui atacado novamente por uma virose e, outra vez, tive
que apelar para os antibióticos para poder ficar novamente bom. Ficava bom apenas uma semana, e já na
seguinte era atacado por novas enfermidades.
Este ciclo de enfermidades durou quase quatro meses. Neste período, minha esposa nunca ficou enferma.
Para piorar o quadro, durante todo este tempo, tive problemas com os meus editores. Não conseguíamos
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concordar em nada. Nosso relacionamento ficou desgastado e o livro não saía do prelo.
Tudo isto e mais um pouco, além dos problemas pessoais que me envolviam, cada um mais difícil de
resolver do que o outro.
Desde minha conversão e, especialmente, desde que havia me dedicado ao ministério, sempre enfrentei
tribulações, dissabores e aflições, mas agora era diferente. Eu orava, enfrentava o inimigo com a Palavra
de Deus confessava os meus pecados sem alívio algum. Aquilo que antes me levava à vitória, agora me
deixava num estado de frustração e desespero.
No decorrer dos dias, percebi que perdera Deus de vista! Arrependi-me da desobediência, mas ainda me
sentia preso a um laço. Minha esposa e eu sabíamos que somente um milagre cancelaria aquele contrato.
Juntos, oramos e pedi incessantemente perdão dos meus pecados, suplicando-Lhe uma saída desta
enrascada gerada por um ato de desobediência.
Após uma semana, os editores me escreveram sugerindo o cancelamento do contrato. Eles também se
sentiam frustrados e começaram a ver a inviabilidade do projeto de publicação do livro. Que alívio! A
vontade de Deus foi restabelecida, mas tive que pagar um alto preço! Tudo isto, trouxe a reboque, uma
despesa de quase quatro mil dólares e quase quatro meses de frustrações. Gastamos tudo o que tínhamos,
não sobrou um centavo. Aprendi uma dura lição!
Algum tempo mais tarde, minha esposa e eu conversávamos sobre tudo o que se passara e admitimos
que as enfermidades vieram como resultado de minha desobediência. Hoje, posso ver que a partir do
momento do arrependimento, minha saúde voltara ao normal. Todos os demais problemas que se abateram
sobre nós também foram resolvidos de forma maravilhosa. Eu sabia que Deus não havia lançado todas
aquelas enfermidades e opressões sobre mim. Através da desobediência é que expus minha vida à
opressão e às doenças. Sabia o que era correto, mas permiti que minha vontade fosse mais forte que a de
Deus. A porta ao tormento foi fechada no exato momento em que me submeti totalmente a Deus,
resistindo ao Diabo.
Constantemente, encontro na igreja, pessoas que vivem em desobediência. Vivem crise após crise! Sempre
têm algum problema para o qual não vêem solução. Saem de uma péssima situação e entram em outra,
cada uma pior que a anterior. Isto traz conseqüências desastrosas e consomem toda a nossa energia.
É com tristeza, que vejo o divórcio grassando na vida de muitas dessas pessoas que vão de mal a pior,
chegando até mesmo a perderem seus empregos. Caem vítimas do roubo, de crises financeiras e de
tragédias. Procuram sempre alguém em quem colocar a culpa, seja o marido, a esposa, o patrão, o pastor,
um parente ou os pais. A verdade, porém, é que em algum momento de suas vidas abriram as portas ao
Diabo permitindo a entrada de demônios opressores.
Há dois culpados que se revezam neste ataque: o primeiro deles é o engano. As trevas invadem seus
corações por não obedecerem a Palavra de Deus #Tg 1:22. O segundo culpado é o laço emaranhado de
espíritos controladores que são autorizados a agir por causa de nossa desobediência. Eis aí um paradoxo:
por serem desobedientes, as pessoas colocam a culpa em tudo, menos em sua própria rebelião que os cega,
não permitindo ver qualquer porta de escape para seus problemas.
Louvado seja Deus por Sua Palavra! Ela jorra luz sobre o engano, expondo-o e discernindo os
pensamentos e intenções do coração #Hb 4:12. Davi confessou nestes termos: “Antes de ser afligido
andava errado, mas agora guardo a tua palavra. Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que
aprendesse os teus decretos. " #SL 119:6 7,71.
Infelizmente, alguns afligidos, por causa da desobediência, recusam-se a obedecer, vagando no deserto da
desobediência. Todo mundo é culpado, menos os próprios envolvidos, que não aprendem com seus
próprios erros.
Quero esclarecer uma coisa: nem sempre os problemas ou dificuldades são frutos da desobediência. O que
sabemos é que muitos sofrem mesmo andando em completa obediência a Deus.
José era uma pessoa que vivia em completa obediência e, mesmo nascido em liberdade, sua obediência
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não o impediu de viver como escravo por vários anos. Chegou a ficar mais de dois anos numa masmorra,
não porque era desobediente, bem ao contrário: por causa de sua obediência a Deus!
Ele fugiu da sedução e da imoralidade sexual. A obediência trouxe-lhe mais dureza. Quanto mais sofria
mais as pessoas viam que Deus era com ele. Sua vida piedosa tornou-se evidente a todos #Gn 39:2,3; 21-
23.
Caim veio a sofrer, mas por razões bem diferentes. Ressentido, recusou-se a se arrepender de sua
desobediência, o que lhe trouxe maldição pelo resto de sua vida, vivendo como fugitivo e vagabundo
sobre a terra. A experiência de viver desorientado, vagando pela terra, serviu de exemplo às gerações
seguintes. Este foi o alto preço pago por recusar o arrependimento que lhe foi proposto e por não obedecer
a Deus.
CAPÍTULO SEIS
A Força da Rebelião
Como pode alguém desobedecer a Deus conhecendo Sua vontade? Sinceramente temos que responder esta
pergunta, pois ela revela as motivações de nossos corações.
Alguns anos atrás, quando lia o Novo Testamento, uma passagem saltou diante dos meus olhos e aguçou o
meu espírito: "O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei”. #I Co 15: 56.
Veja o que diz a segunda parte do versículo: "...a força do pecado é a lei. " Antes de ter uma revelação
deste texto, pensava que a força do pecado, que é a iniqüidade ou a rebelião, fosse do Diabo ou da
natureza de nossa carne. Jamais pensara que o pecado recebia sua força diretamente da lei.
Encontrei um outro texto que diz: "Porque, quando vivíamos segundo a carne, as paixões pecaminosas
postas em realce pela lei operavam em nossos membros, a fim de frutificarem para a morte”. #Rm 7: 5.
Conclui, a partir deste texto, que a lei desperta a paixão ou o desejo pela rebeldia, pois a rebelião recebe
força através da lei! Sem lei não haveria rebelião.
Você deve estar se perguntando: como isto pode ser aplicado a um cristão gentio do século vinte? Eu vivo
na graça e nunca estive sob a lei.
Será que é verdade? Veja se algumas destas frases lhe são familiares: não posso dormir aqui em sua casa,
pois tenho que ir ao culto amanhã. ..Ainda não fiz minha leitura diária de quatro capítulos. ..Agora tenho
que retirar-me para minha oração silenciosa. ...Não posso ver este programa, nem fazer isto, porque sou
um crente.
Ou talvez você já ouviu coisas assim: Tenho que dar o dízimo do bruto ou do líquido? Posso divorciar-me
se não estou mais apaixonado por minha esposa? Posso beber vinho? Posso namorar? Como crente, posso
fazer isto ou aquilo?
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Pergunto-lhe um pouco mais: Você se sente pressionado a cumprir determinadas regras para permanecer
sob as bênçãos de Deus? Você obedece com medo das conseqüências? Se a resposta for "sim" por certo
você está apresentando alguns sintomas de viver sob a lei!
Por que orar sobre o assunto?
Temos que examinar este assunto à luz da vida de Balaão. O rei de Moabe enviou embaixadores pedindo
que Balaão amaldiçoasse Israel com a promessa de riqueza e honras. O profeta respondeu: "Ficai aqui esta
noite, e vos trarei a resposta, como o Senhor me fala1:" #Nm 22: 8. Observe que Balaão usa a palavra
Senhor. Ele não era um profeta de Baal ou de outro deus; era profeta de Jeová e Balaão o chamava de
Senhor.
Deus pergunta a Balaão: "Quem são estes homens contigo? (v.9) Deus estava perguntando: "Balaão, você
sabe quem são estes homens”? Por que recebê-los em sua casa? Eles não merecem tanta atenção! Eles
querem amaldiçoar o meu povo. A resposta é óbvia. Por que você se deixa ficar cego pelas 'ofertas' deles?"
Há certas coisas, sobre as quais, nem precisamos orar. Quando determinadas situações trazem-nos
benefícios que transgridem as leis de Deus ou prejudicam nossos irmãos, nem deveríamos nos preocupar
em buscar a Deus ou o auxílio de um pastor.
Deus, apesar de tudo, foi misericordioso com Balaão, instruindo-o de forma bem clara: "Não irás com
eles, nem amaldiçoarás o povo, porque é povo abençoado. " (v.12) Não havia dúvida sobre qual era a
vontade de Deus!
Obediência relutante
Na manhã seguinte, Balaão falou o que Deus lhe dissera aos príncipes de Balaque: "Tornai à vossa terra,
porque o Senhor recusa deixar-me ir convosco. " (v.13)
"O Senhor não me permitiu", disse Balaão! É semelhante a uma criança que quer brincar com seus
amiguinhos, mas os pais lhe dizem que já é hora de ir para a cama! A criança sai à porta e diz aos seus
amigos: "Meus pais não querem que brinque lá fora." A ordem dos pais é a lei que restringe a criança, e
ela fica triste! Da mesma forma, Balaão via as ordens de Deus como uma restrição ao que ele queria fazer.
Balaque não aceitou a resposta de Balaão como uma resposta final. Enviou mensageiros mais importantes
que os primeiros, gente do alto escalão do governo com uma oferta ainda maior. Eles disseram a Balaão:
"Balaque fará o que você pedir."
O que seu vizinho possui não pode ser comparado ao que o rei de uma nação podia oferecer a Balaão. Era
uma proposta irrecusável!
Balaão ficou firme quando respondeu: “Ainda que Balaque me desse a sua casa cheia de prata e de ouro,
eu não poderia traspassar o mandado do Senho1; meu Deus, para fazer cousa pequena ou grande." (v.18)
Até parece que ele dizia a verdade, pois suas motivações ficam claras na seguinte declaração: "agora, pois,
rogo-vos que também aqui fiqueis esta noite, para que eu saiba o que mais o Senhor me dirá. " ( v. 19)
Ele não entendeu o que Deus lhe disse da primeira vez? Precisava ouvir alguma coisa mais? Deus fora
direto e preciso da primeira vez quando disse: "Não irás com eles."
Será que uma quantidade de dinheiro maior mudaria a decisão de Deus? Você pode imaginar Deus
dizendo assim: "Oh, Balaão, vejo que você será muito abençoado. Eu segurei você aqui até que ele
aumentasse a oferta. Agora, você pode ir com eles!" Isto é um absurdo!
Olhemos uma vez mais a resposta de Balaão: 'Ainda que Balaque me desse a sua casa cheia de prata e de
ouro, eu não poderia traspassar o mandado do Senhor, meu Deus, para fazer cousa pequena ou grande. "
(v. 18) Observe a expressão "não poderia " ao invés de "não traspassaria " .Com isto, Balaão admite que a
ordem de Deus era uma lei, um obstáculo ou uma restrição a ele. Ele não tinha prazer nas leis de Deus!
Balaão tinha conhecimento espiritual suficiente para saber que ele não poderia ir além do que o Senhor lhe
dissera, o que poderia tirar dele toda a proteção espiritual. O mesmo acontece com gente em nossas
igrejas; são pessoas que obedecem a Palavra de Deus da mesma forma que Balaão. Servem ao Senhor
buscando benefícios próprios, anelando o céu e as bênçãos aqui na terra. Chamam-no Senhor e o
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obedecem apenas enquanto podem obter alguma vantagem. São crentes cujo slogam é: levo vantagem em
tudo!
O sentimento espiritual que têm, é suficiente para conseguir problemas, pois admitindo que não o podem
desobedecer e continuar sob a bênção, tais pessoas procuram uma brecha que lhes permita fazer sua
própria vontade com a permissão de Deus. Procuram aconselhar-se com pastores, conselheiros e amigos
cristãos, ou qualquer pessoa que lhes fale algo de Deus, querem que seja dito o que elas querem ouvir.
Ao falar com Deus uma segunda vez, a resposta que recebeu foi diferente da primeira. Deus lhe disse: "Se
aqueles homens vierem chamar-te, levanta-te, vai com eles; todavia, farás somente o que eu te disser: "
(v.20)
Deus mudou de idéia! Balaão, agora, poderia ir! Quem sabe Deus levou em conta as considerações de
Balaão. Talvez Deus permitiu que ele fosse porque agora a oferta era bem maior!
N o dia seguinte, Balaão levantou-se credenciado por Deus. Encilhou sua mula e seguiu os príncipes de
Moabe.
“Acendeu-se a ira de Deus, porque ele se foi; e o Anjo do Senhor pôs-se-lhe no caminho por adversário”.
(v.22) O que está errado? Primeiro Deus diz não e depois, sim, e logo a seguir fica zangado por Balaão ter
partido para Moabe. Por que Deus ficou mudando de idéia?
Deus nunca mudou de idéia! Ele sabia que Balaão queria ir, por isso deu-lhe permissão.
Este é um princípio que todo crente deveria nele agarrar-se e entender. Quando importunamos o Senhor
depois de ter-nos mostrado Sua vontade, ele muda de idéia permitindo-nos seguir adiante com nossos
planos, ainda que não seja o que Ele queria para nós. Quando nos dispomos a fazer uma coisa, Deus
permitirá, sabendo de antemão que mais tarde sofreremos as conseqüências.
Encontramos na Bíblia outros exemplos do que quero afirmar. Deus, de forma sobrenatural, enviou o
maná aos filhos de Israel. Era uma comida tão forte que Elias, depois de comer dois bolos de maná
caminhou quarenta dias e quarenta noites (1 Rs 19:5-8). Os israelitas, contudo, enjoaram daquela dieta
celestial.
"E o populacho que estava no meio deles veio a ter grande desejo das comidas dos egípcios; pelo que os
filhos de Israel tornaram a chorar e também disseram: Quem nos dará carne a comer? Lembramo-nos dos
peixes que, no Egito, comíamos de graça; dos pepinos, dos melões, dos alhos silvestres, das cebolas e dos
alhos. Agora, porém, seca-se a nossa alma, e nenhuma cousa vemos senão este maná. " (Nm 11 : 4-6 )
Quando pediram carne, Deus proveu-lhes codornizes. "Então. ..lhes fez o que desejavam. Porém não
reprimiram o apetite. " (SL 78:29,30) "Estava ainda a carne entre os seus dentes, antes que fosse
mastigada, quando se acendeu a ira do Senhor contra o povo, e o feriu com praga mui-grande." (Nm
11:33)
Quem lhes deu carne? Deus! Deus se irou enquanto o povo comia a carne e os colocou sob juízo (SL
78:31). A razão era mais forte que a comida. Deus estava vendo além do que o povo pedia; Deus via o
coração do povo. Ele encontrou rebelião e um povo preocupado em satisfazer seus desejos carnais.
Foi pago um alto preço por aquele pedido: esta nova dieta, parece-nos, alimentou a carne mas
enfraqueceu a alma.
"Concedeu-lhes o que pediram, mas fez definhar-lhes a alma " (SL 106 : 15)
Uma tradução literal diz: "Ele (Deus)... enviou um vazio às suas almas." (I) Foi esta magreza ou vazio de
alma que os deixou fracos, sem forças de entrarem na terra prometida. Claro, Deus dará a você o que
pedir, mas o preço será bem alto. Deus é soberano, mas não o forçará a obedecer a Sua vontade; tudo o
que Deus quer são filhos que entendam que, o que Ele quer, sempre, será o melhor para eles.
Conseqüentemente, submetem-se à Sua vontade, obedecendo-O sem murmuração alguma.
Há um outro episódio quando o povo decidiu ter um rei. Samuel trouxe o pedido do povo a Deus e este
respondeu que não era de sua expressa vontade que Israel tivesse um rei. Deus antecipou-lhes a vida dura
que um rei imporia ao povo.
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"Dizimará o vosso rebanho (ficará com dez por cento), e vós lhe sereis por servos. Então, naquele dia,
clamareis por causa do vosso rei que houverdes escolhido... Porém o povo não atendeu à voz de Samuel e
disse: Não! Mas teremos um rei sobre nós. Para que sejamos também como todas as nações." (1 Sm 8:17-
20) Deus não queria que fossem igual às outras nações. Ele os queria como propriedade particular. De
tanto reclamar e murmurar, Deus os atendeu, mesmo sabendo que sofreriam nas mãos de reis iníquos. E,
de fato, como sofreram!
Outro exemplo está na parábola do filho pródigo. Ele pediu a parte de sua herança antecipadamente. O pai
previa o que aconteceria com os bens que havia adquirido com tanto suor se caíssem nas mãos de um filho
imaturo. Mesmo assim, não negou ao filho o direito à herança. Não demorou muito para que o filho,
depois de gastar tudo, fosse comer com os porcos no chiqueiro.
Estes são apenas alguns exemplos que ilustram as conseqüências de uma tolice quando você se dispõe a
contrariar a Palavra de Deus. Ele até pode atender ao seu pedido, mas o prejuízo será muito grande!
Pequei!
Voltemos à história de Balaão. Ele cavalgava a mula com o propósito de amaldiçoar a Israel quando "o
Anjo do Senhor pôs-se-lhe no caminho por adversário. " (Nm 22:22)
Depois de algum contratempo com a mula, o Senhor abriu-lhe os olhos e ele viu um anjo com a espada
desembainhada. O anjo disse a Balaão: "Eis que eu saí como teu adversário, porque o teu caminho é
perverso diante de mim." (Nm 22:32)
Balaão viu que estava sendo julgado e disse: "Pequei, porque não soube que estavas neste caminho para te
opores a mim. " (v. 34) Ele estava arrependido, mas não era uma tristeza por ter desobedecido a primeira
ordem de Deus. Ele estava era com medo das conseqüências! A tristeza de Balaão não era fruto de uma
vida piedosa, mas de sua auto-estima, deixando-o aberto ao engano.
"Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a
tristeza do mundo produz morte." (2 Co 7:10) Temos aqui duas tristezas e ambas pedem desculpas. Ambas
dizem: "pequei”. Ambas derramam lágrimas, contudo, apenas uma conduz à vida. Qual a diferença? A
tristeza do mundo olha apenas para a conseqüência da desobediência. A tristeza piedosa, contudo, mira o
fato de que entristeceu o coração de Deus; o coração Daquele que ama o pecador.
A natureza do rei Saul, por exemplo, é evidente. Quando não havia ninguém mais em quem colocar a
culpa, ele disse: "Pequei; honra-me, porém, agora, diante dos anciãos do meu povo." ( 1 Sm 15:30)
Ele reconheceu o seu pecado, o que geralmente acontece quando uma pessoa é colocada contra a parede.
Contudo, era uma tristeza egoísta, cheia de autocomiseração. Ele preocupou-se com sua fama e com o que
diriam os anciãos de Israel e não em quanto o seu pecado havia ofendido a Deus.
Ele cumpriu sua agenda pessoal. A ordem de Deus o impediu de usufruir os resultados de sua
desobediência. A Palavra de Deus para Saul era uma lei impeditiva, não o prazer de sua vida. Foi esta
atitude de seu coração que o induziu ao engano.
A atitude de Balaão era muito parecida. Ele também tinha uma agenda contrária à vontade de Deus.
Quando confrontado, reconheceu o seu pecado, mas sua tristeza era baseada no fato de que havia sido
pego em flagrante e que seria logo julgado.
"Pequei, porque não soube que estavas neste caminho para te opores a mim; agora, se parece mal aos teus
olhos, voltarei. " (Nm 22:34)
"Se eu não te agradei!" O que acontecerá? Um anjo vem para matá-lo por causa de seus pecados, e ele
ainda tenta descobrir se poderá levar adiante o seu compromisso e ficar dentro da vontade de Deus. Ele via
a Palavra de Deus como restritiva, fortalecendo, com isto, a rebelião em seu coração.
A maneira como reagimos à Palavra de Deus, expõe a rebelião que está em nós. A Palavra de Deus dá-nos
prazer ou impedimento? Quando a serpente torceu para Eva o sentido da Palavra de Deus, esta se tornou
lei ao invés de vida, e ela desobedeceu. A rebelião agigantou-se nela levando-a a morrer espiritualmente.
Com Moisés foi diferente. A atitude dele diante da Palavra de Deus levou-o a separar-se dos filhos de
Israel. Moisés tinha fome de Deus. Deliciava-se nos caminhos e mandamentos do Senhor. Quando Deus se
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manifestou pela primeira vez a Moisés na sarça ardente, ele respondeu: "Irei para lá e verei essa grande
maravilha. .." (Ex 3:3) Daquele momento em diante tudo o que ele mais desejava era Deus. Moisés
almejava encontrar a Deus no Sinai ou no tabernáculo de Deus.
Em contraste, os filhos de Israel interessavam-se apenas no que Deus podia fazer por eles. O povo não
tinha fome de Deus nem o desejava ardentemente. É por isso que a Palavra de Deus tornou-se-lhes lei.
Aquela atitude do povo impediu que as gerações por vir obedecessem a Deus no futuro.
Tal disposição mental fortaleceu a tentação em ser cada vez mais rebelde. Um bom exemplo é a reação do
povo quanto à abstinência sexual até o casamento. Freqüentemente aconselho casais que cometeram
fornicação antes do casamento. Por verem as orientações divinas como uma restrição e não uma proteção,
a lei os fez arder em desejos promíscuos.
A argumentação torna-se a regra: "Não posso estar errado, nós nos amamos, portanto, o que queremos
fazer é algo puro. Afinal, vamos nos casar. Estou certo de que esta é a pessoa certa para mim. Por que
negar-nos e cumprir as leis convencionais do casamento? Podemos experimentar a beleza de sermos,
desde já, uma só pessoa."
A lei conduz à cobiça, a cobiça à razão, e a razão conduz à rebelião. Por estarem em rebelião, acreditam
piamente que suas razões são aceitas diante de Deus. Abrem a porta pela qual entra o engano de Satanás.
Podem até casar-se no futuro, mas descobrem que seus desejos sexuais um para com o outro diminuíram
acentuadamente. Agora, tudo está dentro da lei, e a cobiça que serviu de combustível à paixão,
desapareceu. O casamento perdeu aquela pureza que Deus tanto quer ver em seus filhos.
Faça seu próprio estudo, na Bíblia, sobre a rebelião. Em todas as passagens que tratam da rebelião, você
perceberá que a Palavra de Deus era vista de forma impeditiva. Isto é verdadeiro não apenas na Bíblia,
mas nos dias de hoje também.
Com isto, entraremos no próximo capítulo. Se em nossa ótica a Palavra de Deus é vista como algo
restritivo que fortalece a rebelião, o que, então, fortalece a obediência?
CAPÍTULO SETE
A Força Motriz da Obediência
São duas as forças poderosas que nos fortalecem em nossa obediência para com Deus: amor a Deus e
temor do Senhor. Temos que mostrar estas duas forças se quisermos terminar a carreira da obediência.
Se me amais...
Estava me preparando em oração para ministrar uma noite, quando senti que Deus queria falar ao meu
espírito. Fiquei calado diante Dele, e Ele me disse: "Leia João 14:15."
Eu não sabia o que estava escrito em João 14:15. Abri o texto e observei que, em minha Bíblia, era o
começo de um novo parágrafo.
Li estas palavras de Jesus: "Se me amais, guardareis os meus mandamentos".
Li do versículo 15 até o 24. Todos estes dez versículos se relacionam com o versículo 15. Ao terminar de
ler o último versículo o Senhor falou ao meu coração: "Você não captou. Leia de novo."
Li todos os dez versículos outra vez. O que ouvi neste texto bíblico foi: "Guardando os meus
mandamentos, você prova que me ama " .
Outra vez O Senhor falou: "Você não captou a mensagem. Leia outra vez." Fiquei curioso. Li os dez
versículos uma vez mais e ouvi o Senhor me dizer: "Você não captou. Leia outra vez." Isto aconteceu
várias vezes, deixando-me frustrado.
Ao terminar de ler lá pela oitava vez, exclamei desesperado: "Senhor, perdoa minha ignorância. Abra os
meus olhos para que eu veja o que Tu estás dizendo."
Li o versículo 15 outra vez. Só então percebi que a palavra "guardar" está no futuro, guardareis.
Esta descoberta fez a diferença em mim. Percebi, então, o que Ele estava dizendo: "John, eu não estava
dizendo que se você guardar os meus mandamentos você prova que me ama. Eu já sei se você me ama ou
não! O que quero dizer é que se você se apaixonar totalmente por mim, você guardará os meus
mandamentos. " A lei era o meu ponto inicial de partida e, agora, o novo ponto de vista é o
relacionamento.
Você tem que demonstrar quando ama alguém
Você já se apaixonou? Quando noivei com Lisa, minha esposa, vivia no mundo da lua de tanto amor por
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ela. Ela dominava meus pensamentos. Fazia o possível para gastar todo o tempo possível com ela.
Caso ela precisasse de alguma coisa, enfrentaria as dificuldades e, se possível, conseguiria o que ela me
pedisse. Se me acordasse no meio da noite e me dissesse: "Querido, gostaria tanto de comer um sorvete",
perguntaria imediatamente: "de chocolate ou de baunilha? Já trago em alguns minutos." Fazia qualquer
coisa por ela.
Era devido a este amor ardente por ela que alimentava todos os seus prazeres. Não fazia com a intenção de
provar que eu a amava; eu fazia porque a amava!
É isto o que Jesus quer dizer. Quando nós o amamos apaixonadamente temos prazer em fazer Sua vontade.
Sua Palavra não é uma restrição, e sim, nossa paixão ardente!
À luz do que expliquei no tópico anterior, analisemos a vida de Davi. Ele amava Deus apaixonadamente.
Deus disse: “Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará toda a minha vontade."
(At 13:22) Não havia vontade rebelde em seu coração. O que o habilitou a fazer toda a vontade de Deus?
Ele tinha prazer na lei do Senhor. Ele não via a Palavra do Senhor como algo impeditivo, e sim como elos
do seu relacionamento com Deus.
Veja o que Davi dizia a respeito da lei: "Terei prazer nos teus mandamentos, os quais eu amo. ..os teus
testemunhos são o meu prazer, são os meus conselheiros." (SL 119:47 ,24)
"Terei prazer nos teus decretos,. não me esquecerei da tua palavra " (SL 119:16)
"Guia-me pela vereda dos teus mandamentos, pois nela me comprazo! (SL 119:35)
“Agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu..." (SL 40:8)
Davi amava o Senhor, por isso, tinha prazer em obedecê-Lo. De fato, há um período negro na vida de Davi
quando agiu desobedientemente. Possuiu Bate-Seba, mulher de Urias, um fiel soldado seu e, quando ficou
sabendo que Bate-Seba estava grávida, mandou trazer das fileiras do exército o marido dela para não dar
na vista. Assim, ao dormir com Bate-Seba, Urias de nada desconfiaria. Urias recusou-se a dormir com sua
mulher em respeito aos colegas de farda que ainda estavam no front da guerra, e foi colocado no meio do
fogo cruzado, por ordens de Davi, para morrer.
Uma vez mais o profeta foi enviado para confrontar o rei. Desta feita, o profeta era Natã, que expôs de
forma clara, a traição cometida por Davi, pronunciando a sentença: ':4gora, pois, não se apartará a espada
jamais da tua casa. ..posto que com isto deste motivo a que blasfemassem os inimigos do Senhor. .. (2 Sm
12:10,14) Aquele ato de desobediência de Davi abriu as portas ao Diabo, deixando sua vida e a de seus
familiares vulneráveis aos inimigos de Deus. Toda sua família e toda a nação viriam a sofrer por causa da
desobediência de Davi.
Ao ser confrontado por Natã, Davi, como fruto do grande amor que tinha por Deus, prontamente
arrependeu-se do seu pecado. Ele clamou diante do profeta: "Pequei contra o Senhor”: (2 Sm 12: 13)
Veja bem, Davi e Saul disseram a mesma coisa: "Pequei." Saul preocupava-se consigo mesmo, enquanto
Davi entendeu que havia ferido o coração de Deus. Davi não ponderou o que pensariam os anciãos de
Israel. Ele se colocou sozinho diante de Deus e não ligou para o que os anciãos de Israel iriam dizer. Ele
amava Deus intensamente. Sabendo que machucara o coração de Deus, não quis ser confortado por
homens, tudo o que queria era reconciliar-se com seu Mestre.
Clamou intensamente diante de Deus: "Pequei contra ti, contra ti somente..." (SL 51:4) Estava
profundamente quebrantado por ter ofendido Aquele a quem amava. Foi a pior conseqüência de sua
desobediência. Diferentemente de Bal4ão, ele não temia a espada e sim a brecha que ficou aberta entre ele
e Deus!
Aquele filho gerado com Bate-Seba, morreu. Mais tarde, uma de suas filhas, foi violentada pelo próprio
irmão. Um filho matou o outro. Um dos filhos favoritos deu um golpe de estado, o que levou Davi a fugir
de Jerusalém com medo de ser morto por Absalão. Este querido filho também foi morto. Ele pagou um
alto preço pela desobediência. Deus, contudo, manteve Davi como rei de Israel.
Davi desejava agradar a Deus, enquanto Saul desejava o reino. O amor que Davi tinha por Deus, era o
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sustentáculo de sua vida, enquanto Saul era destruído por amar a si mesmo. O juízo divino por causa de
seu erro não levou Davi a agir como um rebelde, como alguém que vê a lei como algo impossível de ser
cumprida. Ao contrário, a lei de Deus o levou a amar a Deus de forma mais radical, para que nunca mais
fracassasse outra vez.
Estes dois episódios ilustram o que o Senhor me revelou através de João 14:15. Quando amamos o Senhor
de todo nosso coração, é fácil obedecê-Lo. Todas as demais coisas perdem o seu brilho, pois nada é mais
importante que o amor a Deus. Ele se toma a nossa vida.
O temor do Senhor
A segunda força motriz que fortalece a obediência é o temor do Senhor. Provérbios 16:6, diz: "Pelo temor
do Senhor os homens evitam o mal." Temendo o Senhor, afastamo-nos da desobediência.
Aprendemos muito quando examinamos a vida do povo de Israel. Paulo diz que: "Estas cousas lhes
sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos
séculos têm chegado." (1 Co 10:11) Aprendemos com o erro de Israel.
Aquele povo não pôde entrar na terra prometida por causa da desobediência. Paulo diz: "E contra quem
jurou que não entrariam no seu descanso, senão contra os que foram desobedientes?" (Hb 3:18)
Não foi pela falta de conhecimento que desobedeceram. A Palavra de Deus havia sido proclamada; eles a
ouviram e contra ela se rebelaram. (Hb 3:16)
Por que desobedeceram o Deus que havia-lhes feito tantos milagres? Por que desobedeceram o Deus que
vivia entre eles? Deus o resumiu da seguinte maneira: "Quem dera que eles tivessem tal coração, que me
temessem e guardassem em todo o tempo todos os meus mandamentos, para que bem lhes fosse a eles e a
seus filhos, para sempre. " (Dt 5:29)
Eles não guardaram os mandamentos porque não temiam a Deus. A pessoa que teme a Deus, se dispõe a
guardar todos os Seus mandamentos e, não apenas aqueles que lhe são mais convenientes. Temê-lo é
tremer diante de Sua Palavra. Você tem que levar a sério tudo o que Ele diz. Cada ordem deve ser honrada
como de suma importância.
Leia com atenção a exortação dada aos crentes do Novo Testamento: "Temamos, portanto, que, sendo-nos
deixada a promessa de entrar no descanso de Deus, suceda parecer que algum de vós tenha falhado." (Hb
4:1) Este versículo exorta-nos a temer para que não deixemos de entrar na terra que nos foi prometida,
como aconteceu com o povo de Israel. Como um crente da nova aliança poderá perder as promessas de
Deus? Paulo diz: "Esforcemo-nos, pois, por entrar naquele descanso, a fim de que ninguém caia, seguindo
o mesmo exemplo de desobediência. " #Hb 4:11.
Há uma ligação estreita entre a desobediência e a falta de temor a Deus, assim como a obediência está
lado a lado com o temor do Senhor. E a força que nos impulsiona a obedecer, está no temor do Senhor.
"Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do
espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus. " (2 Co 7: 1 -o grifo é do autor)
O temor do Senhor inclui reverência e respeito, mas não se, limita a isto apenas. E o reconhecimento de
Sua glória, honra e preeminência que somente Ele tem. Com isto em mente, nós o honraremos e
procuraremos fazer Sua vontade colocando-a acima de todas as coisas. Odiaremos o que Ele odeia e
amaremos o que Ele ama, curvando-nos ante Sua Palavra e Sua presença.
Creio que Deus retém Sua glória com o fim de nos testar e nos preparar. Será que nós o temeremos e o
obedeceremos mesmo que Sua presença tangível não se manifeste? Freqüentemente, a igreja se comporta
totalmente como a nação de Israel; alegra-se quando vê o Senhor e os milagres que faz, mas peca quando
estas coisas não estão presentes.
Os israelitas vibraram quando Deus os abençoou realizando milagres entre eles. Quando Deus abriu o Mar
Vermelho e os levou por terra seca sepultando os seus inimigos, eles cantaram, dançaram e deram gritos
de júbilo (Ex 15: 1-21 ). Até parece uma reunião carismática dos dias de hoje!
Alguns dias mais tarde, contudo, quando a presença de Deus não era tão aparente, o povo, sentindo sede e
fome, murmurou contra Deus querendo voltar ao Egito. Cedo esqueceram-se de que eram escravos no
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Egito e até achavam que era bem melhor continuar sendo escravos do que viver no deserto (Ex 16:3).
Mais tarde, Deus apareceu gloriosamente no Monte Sinai, envolto numa nuvem negra que cobria Sua
brilhante glória. Houve trovões, relâmpagos e terremotos. Ainda não vimos glória tão magnificente!
Deus desceu para falar com Moisés e com todo o povo de Israel. Desta feita, não murmuraram e nem
desobedeceram, temerosos por Sua presença maravilhosa, e recuaram! Moisés suplicou-lhes: "Não temais;
Deus veio para vos provar; e para que o seu temor esteja diante de vós, a fim de que não pequeis. " (Ex
20:20) Observe as palavras de Moisés: "A fim de que não pequeis."
É bom notar a diferença entre ter medo de Deus e ter temor a Deus. Quando se está com medo, a pessoa
corre e se esconde; não obedece a Palavra por não conhecer o coração de Deus. Os filhos de Israel
recuaram diante da presença de Deus. Prometeram obedecer Sua Palavra (Ex 24:3), mas não o
conseguiram por dois mil anos.
Por outro lado, a pessoa que teme a Deus (mas não tem medo Dele), aproxima-se cada vez mais de Deus.
"O povo estava de longe, em pé; Moisés, porém, se chegou à nuvem escura onde Deus estava. " (Ex
20:21)
Somente quando chegamos perto de Deus é que encontramos força para obedecer. Muitos pais descobrem
que os filhos que lhe são mais chegados, são os mais obedientes.
Nós pensamos assim: depois de experimentar tanta glória, os filhos de Israel deveriam obedecer, certo?
Errado. Enquanto o povo recuou, Moisés entrou nuvem adentro. Sem a presença de Moisés, aquela
presença tangível de Deus desapareceu.
O que fez o povo? Tomou do ouro conquistado para Deus dos egípcios e fez um bezerro de ouro.
Interessante, não é? Tomou das bênçãos de Deus e fez um ídolo! (Já não fizemos o mesmo tantas vezes?)
Outra vez, afirmo que foi a falta do temor de Deus que levou à desobediência.
A história de José é bem diferente. Num sonho, Deus mostrou que ele seria um grande líder. Ele lideraria
sobre seus irmãos e até seus pais estariam sob seu governo. Os filhos de Israel tinham a promessa de uma
nova terra e José a promessa de ser o líder. Os irmãos sobre os quais ele liderara no sonho, jogaram-no
num poço, mas em nenhum momento, vemos José reclamando de Deus.
Depois, foi vendido por seus irmãos como um escravo para os estrangeiros. Trabalhou duramente como
escravo na casa de Potifar por mais de dez anos, Ainda que o sonho fora-lhe dado por Deus, José, dia após
dia, aparentemente caminhava na direção oposta. Ele deveria se perguntar: "Onde está Deus? Onde estão
Suas promessas?" Apesar de ter tais pensamentos, jamais sujeitou-se a eles.
O povo de Israel não lutou contra estes pensamentos, ao contrário, alimentava-se deles. Enquanto José
esperou pacientemente mais de dez anos, o povo de Israel estava desistindo em menos de quarenta dias.
Tem gente que fica zangada com Deus se suas orações não forem respondidas em duas semanas.
Diferentemente de José, não é mesmo?
José agüentou firme por mais de dez anos sem qualquer perspectiva do cumprimento do que Deus lhe
prometera. Estava só, numa terra pagã, longe de todos quanto conhecia e amava. A mulher de Potifar
fulminava-o com olhares sensuais, Ela era sedutora e o queria a todo custo. Vestida com o melhor do Egito
e usando os melhores perfumes, ela sabia como conquistar um homem, Ela o tentou, não apenas uma vez,
mas diariamente.
Admiro a maneira como José temia a Deus; ele não o desobedeceu, ainda que tivesse que enfrentar
dissabores e desapontamentos. José desviava-se daquela mulher atraente: "como, pois, cometeria eu
tamanha maldade e pecaria contra Deus?" (Gn 39:9) Não e não, era a resposta constante de José. Este ato
de obediência a Deus, conseqüentemente, colocou-o na masmorra de Faraó, Ali, na prisão, ele continuava
a temer a Deus! Nenhum desapontamento iria afastar o coração dele da obediência exclusiva a Deus.
Temos pregado, muitas vezes, afirmando que se você está enfrentando problemas é porque está fora da
vontade de Deus. Contudo, em obediência a Deus, José sofreu!
Medo e temor
Está bem claro que o temor a Deus fortalece a obediência enquanto a falta de temor conduz à
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desobediência.
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais
agora na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor,' porque Deus é quem efetua
em vós tanto o querer como o realizar segundo a sua boa vontade." (Fp 2: 12,13) Sei que esta é uma carta
de Paulo aos filipenses, mas é também uma carta de Deus a nós. Gosto de ler tais palavras como se Deus
falasse comigo pessoalmente. Mostra como o temor do Senhor me fortalece à obediência não somente
quando em Sua presença, mas também na Sua ausência. (Não estou dizendo que Deus se afasta de nós.
Afinal, Ele disse que jamais nos deixaria ou de nós se esqueceria; refiro-me, isto sim, àquele período
quando não sentimos Sua presença ou quando Suas promessas não são cumpridas)
Deus opera naqueles que o amam, não apenas nos que querem fazer Sua vontade, mas naqueles que a
fazem! Sei que muita gente pede a Deus que cumpra Suas promessas, mas tais benefícios são restritos
àqueles que temem e tremem ante Sua majestosa presença!
As pessoas não entendem o que é temer a Deus. Alguns acham que é algo opcional oferecido aos crentes
do Novo Testamento, enquanto outros pensam tratar-se apenas de uma reverência e respeito a Deus.
Contudo, se tudo o que precisamos é respeito, por que Paulo fala em "temor e tremor"? Tremor é
diferente, não é apenas um respeito.
Se Paulo quisesse falar apenas em reverência, por que o escritor de Hebreus advertiria: "... retenhamos a
graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso Deus
é Jogo consumidor"? (Hb 12:28,29) Creia-me, o fogo consumidor é mais do que simples reverência!
Nosso Pai celestial, o grande fogo consumidor, aquele que pôs com Seus dedos as estrelas no firmamento,
merece muito mais do que uma simples admiração. Como podemos afirmar que o conhecemos se não o
tememos? O temor do Senhor é o começo, o início, de como o conhecemos (Pv 1:7; 2:5). Você, de fato,
nem chega a conhecê-lo até que aprenda a temê-lo.
Sim, Ele nos ama. Ele é amor (1 Jo 4:8), mas Ele é, também, fogo consumidor (Hb 12:29). Ele é o nosso
Pai (Rm 8:15), mas é também o Juiz de todos (Hb 12:23). Claro, temos que amá-lo, mas também temê-lo.
Somos orientados a considerar "...a bondade e a severidade de Deus”. (Rm 11 :22)
Nosso ministério e obediência a Ele será incompleto sem amor e temor. "E compadecei-vos de alguns que
estão na dúvida; salvai-os, arrebatando-os do fogo; quanto a outros1 sede também compassivos em temor;
detestando até a roupa contaminada pela carne”. (Jd 22,23)
Oremos, pedindo que Deus nos encha de Seu amor (Rm 5:5), sem negligenciar, contudo, o Espírito do Seu
santo temor (Is 11 :2,3). Estas duas forças nos capacitarão a caminhar em obediência diante Dele.
CAPÍTULO OITO
Graça Enganosa
A igreja de nossos dias desenvolveu um conceito errado e enganoso, gerado a partir do desenvolvimento e
um ensino desequilibrado da graça. Já ouvi, muitas vezes, referências à graça como uma desculpa que
encobre nossa vida de desobediência. Falando asperamente, usamos a graça como forma de justificar
nosso estilo de vida egoístico, pessoal e carnal.
Determinados grupos enfatizam sobremaneira a bondade de Deus em detrimento de Sua santidade e
justiça. Esta guinada à esquerda fez com que muitas pessoas perdessem de vista o propósito de Deus. Não
é como uma criança desacostumada a uma dieta equilibrada, já que come o que quer. Tira-se da criança
não somente o gosto por alguns tipos de alimentos, mas, também, os nutrientes tão necessários ao seu
desenvolvimento físico.
Jamais teremos apetite por aquilo que nunca provamos. Para manter-nos em equilíbrio, temos que
considerar a "...bondade e a severidade de Deus." #Rm 11:22. Se o conselho não for certo, teremos a
tendência de forjar um entendimento torto e empenado de Deus.
Em conversa com pastores e ouvindo algumas pregações, vemos como os líderes usam a graça e o amor
de Deus como uma desculpa à desobediência. A graça não vem por merecimento próprio, ela nos cobre,
mas não da maneira como vimos aprendendo.
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Esta falta de equilíbrio penetrou tão forte em nossa maneira de pensar que sentimo-nos livres para
desobedecer a Deus sempre que nos for conveniente. Alimentamos a idéia de que Deus encobre nossa
desobediência. Afinal, Deus nos ama e sabe como vivemos ocupados em Sua obra e Ele quer manter-nos
alegres a qualquer custo! Certo? Dizemos a nós mesmos que não é assim, que não pensamos desta
maneira, mas é assim mesmo que vivemos!
Tal pensamento é autenticado pelos frutos vistos na igreja. Infelizmente, é comum encontrarmos na igreja,
pessoas irreverentes a toda forma de autoridade. São pessoas com muita vontade própria, ranzinzas,
insubordinadas, guiadas e dirigidas pela luxúria e sensualidade.
Buscam o estilo de vida e as riquezas que o mundo oferece, e dizem que tudo aquilo são bênçãos do
Senhor. Inconscientes do engano em que vivem, sentem-se seguras e calmas, alimentadas pela falsa idéia
de uma segurança baseada na graça de Deus.
A graça de Deus não é meramente um tapa-buraco. É claro que ela encobre, mas vai muito mais além
disto; ela nos capacita, dando-nos poder para viver uma vida de obediência.
Veja o padrão que Deus procura na vida dos fiéis. Jesus disse: "Ouvistes que foi dito aos antigos... eu,
porém, vos digo..." (Mt 5:21,22)
Este padrão foi citado por Jesus outras cinco vezes no resto do capítulo. Primeiro, ele citou as exigências
da lei de Moisés: "ouvistes o que foi dito". Daí ele introduz o que Deus espera do crente sob a nova
aliança: "Eu, porém, vos digo." Com estas palavras, o Senhor fez um contraste entre a lei mosaica com a
graça e a verdade.
"Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. "
(Jo 1: 17)
Esta é a razão de ter dito: "Eu, porém, vos digo." Ele introduziu a dimensão que a graça teria sobre a lei. A
lei era um impedimento externo, enquanto a graça uma transformação interna.
Freqüentemente, ouço crentes e pastores lamentando as duras exigências da lei, expressando que agora,
sob a graça, estão livres para viver um outro estilo de vida. Bem, eu também exulto por não estar mais sob
a lei, mas o padrão de Deus não diminuiu sob a graça, ao contrário a graça elevou o padrão. Vejamos o que
Jesus diz a respeito de alguns temas específicos: "Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu! porém! vos
digo: Qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração! já adulterou com ela. " (Mt 5
:27,28)
No Antigo Testamento, quando uma pessoa cometia adultério era julgada fisicamente. Em contraste, sob a
nova aliança, o juízo é feito se apenas olhar para uma mulher com desejos de possuí-la. Em linguagem
simples, sob a lei você a possuía, mas sob a graça da nova aliança, basta olhá-la com pensamentos
impuros e pronto, já pecou!
Vejamos uma outra comparação: "Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará
sujeito a julgamento. Eu! porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão
estará sujeito a julgamento... e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo." (Mt 5:21,22)
A palavra tolo aparece como raca na versão revista e atualizada e na linguagem de hoje. Seria como dizer:
"Você não presta, cara!"(l) Era uma forma de desprezo usada pelos judeus nos dias de Jesus. Se uma
pessoa, num acesso de ira, chamar alguém de tolo, disse Jesus, tal pessoa está correndo o perigo de ir para
o inferno.
No Antigo Testamento você seria condenado à morte se matasse alguém, e sob a graça do N ovo
Testamento, Deus compara a ira contra seu irmão como digno da pena de morte. João diz: "Todo aquele
que odeia a seu irmão é assassino,. ora, vós sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente
em si. ( 1 Jo 3:15)
A diferença? Sob a lei bastava enfiar a faca em alguém e era condenado. Sob a graça se você recusar a
perdoar alguém, se você prejudicar o seu irmão, ou se tiver ódio em seu coração, é o suficiente para
evidenciar que a graça de Deus não está em você.
Fomos enganados e levados a crer que pode-se entrar no rei- no de Deus com iniqüidade no coração. Não
é assim que somos levados a crer? Somos tentados a ver a graça de Deus como uma forma de encobrir as
coisas.
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Se a graça fosse apenas um tapa-buraco, Jesus teria contraditado a própria graça que veio conceder.
Isto não é verdade, pois em Tito 2: 11,12, encontramos o seguinte: "Porquanto a graça de Deus se
manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões
mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente. " A graça é a habilidade de
vivermos livres da iniqüidade e das paixões humanas. Na realidade, é a capacidade de vivermos um estilo
de vida de obediência.
As paixões carnais são a evidência externa de um coração que vive em desobediência.
"Sabei, pois, isto: nenhum incontinente, ou impuro, ou avarento, que é idólatra, tem herança no reino de
Cristo e de Deus. Ninguém vos engane com palavras vãs; porque, por essas cousas, vem a ira de Deus
sobre os filhos da desobediência." (Ef 5:5,6)
Paulo diz que aqueles que não entram no reino de Deus são "filhos da desobediência". O pecado cometido
é fruto de um coração desobediente.
As manifestações do coração de Caim foram ira, ciúme e ódio. A raiz de tudo, entretanto, estava na
desobediência à autoridade de Deus.
O escritor aos Hebreus nos exorta". retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável,
com reverência e santo temor: .." (Hb 12:28) A graça é a força que nos capacita a servir a Deus de forma a
agradá-lo. É a essência do poder de viver uma vida de obediência a Deus. Esta é a prova de nossa
salvação. Aprendemos que Jesus "a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade e
purificar; para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras”. (Tt 2: 14)
Alguns argumentam contradizendo, mas a Bíblia diz que é pela graça que somos salvos e não por obras. É
dom de Deus (Ef 2:8,9).
E isto é verdadeiro! É impossível viver uma vida digna de entrar no reino de Deus baseada em nossas
obras, pois todos pecamos e nos distanciamos dos padrões de Deus (Rm 3:23). Ninguém poderá
apresentar-se cheio de boas obras diante de Deus querendo, com isto, o direito de entrada no reino de
Deus. Todos transgredimos e, portanto, mereceríamos queimar eternamente no lago de fogo.
A solução à esta deficiência é a salvação através de Sua graça. Um dom não se ganha por merecimento.
Romanos 4:4 diz que "ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim como dívida”. Se
trabalha para conseguir, já não é a graça que opera. Ainda que você tente ganhá-la, nunca viverá o
suficientemente bem para obtê-la. Você pode gastar sua vida fazendo boas obras, sacrificando-se em prol
das pessoas e, mesmo assim, nunca ganhará esta graça. É um dom e só pode ser-nos concedido através de
Jesus Cristo.
São muitas as pessoas que entendem desta forma. Martinho Lutero recebeu esta revelação perto de 1.500
d.C. que, de tão revolucionária, abriu caminho para a reforma. Tal revelação do dom da graça contribuiu
para tirar as pessoas da cegueira religiosa espiritual da época. É correto que preguemos a força desta
verdade que predomina tanto nas igrejas evangélicas como nas pentecostais.
Fracassamos, contudo, quando deixamos de enfatizar o poder desta graça não apenas como força
redentora mas como algo que nos habilita a viver a vida cristã de maneira diferente. A Palavra de Deus
declara: “Assim também a fé, se não tiver obras, por si só está morta. Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu
tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé”. #Tg
2:17,18.
Fé que opera
Tiago não estava contrariando a Paulo, ele estava polindo ou esclarecendo o que Paulo dizia. A vida de
obediência ao Senhor é a evidência de que uma pessoa recebeu o dom da graça de Deus. U ma pessoa que,
de forma consistente, desobedece a Deus, mostra que, na verdade, nunca teve fé ou que fracassou na fé. O
quê? A fé de uma pessoa pode morrer? Com certeza! Jesus disse a Pedro: "Eu, porém, roguei por ti, para
que a tua fé não desfaleça,. tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos. (Lc 22:32) Se a fé não
desfalecesse, por que teria Jesus orado desta maneira?
Jesus alertou sua igreja: “Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras
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obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas”. (Ap 2:5) Jesus
está tratando de obras que fracassaram. Ele não menciona suas boas intenções! Amado, ouça Sua Palavra e
pare de ouvir as doutrinas incompletas de meros homens!
"Verificais que uma pessoa é justificada por obras e não por fé somente. " (Tg 2:24)
Tiago usa como exemplo de sua declaração Abraão, o pai da fé: "Não foi por obras que Abraão, o nosso
pai, foi justificado, quando ofereceu sobre o altar o próprio filho, Isaque? Vês como a fé operava
juntamente com suas obras,. com efeito, foi pelas obras que a fé se consumou, e se cumpriu a Escritura, a
qual diz: Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça. " (Tg 2:21-23)
O que aconteceu aqui? Abraão creu em Deus e, portanto, praticou as obras que o justificaram. Nos dias em
que vivemos, o crer, foi reduzido a uma justificação mental. Multidões já repetiram a oração do pecador
levadas pela emoção do momento e, contudo, voltaram às práticas antigas. Continuam vivendo para si
mesmas, confiando numa salvação intelectual que nunca modificará os seus corações. Claro, essas pessoas
crêem em Deus, mas Tiago diz também: "Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios crêem,
e tremem." (Tg 2: 19) Qual o benefício de reconhecer o Senhor Jesus Cristo sem uma mudança de coração
e de vida?
A palavra "crer" na Escritura diz respeito não só a reconhecer a existência de Jesus, mas também obedecer
e crer em Sua Palavra. Hebreus 5:9 diz que Jesus "tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que
lhe obedecem. " Crer é obedecer. A prova da fé de Abraão estava nas obras de obediência. Ofereceu a
Deus o que tinha de mais precioso, mostrando que, nada, nem mesmo o seu próprio filho, era mais
importante do que Deus. Esta é a fé verdadeira. É por isso que recebeu o título de pai da fé (Rm 4:16).
Você consegue ver este tipo de fé na igreja, hoje? Como temos sido enganados!
O fato de você achar que tem fé, não quer dizer que você a tenha. Como a fé pode ser real se não vem
acompanhada de atos de obediência? Ouça outra vez a Palavra: "Verificais que uma pessoa é justificada
por obras, e não por fé somente. " (Tg 2:24) Talvez chegue o dia quando a igreja proclamará em voz alta
como o texto de Efésios 2:8,9. Aí, então, será uma igreja zelosa, que já não mais se debate indiferente
diante dos problemas.
O livro de Apocalipse contém uma mensagem às sete igrejas históricas. O uso destas mensagens não é
limitado à essas igrejas, ao contrário, não seriam incluídas na Escritura. Cada mensagem tem uma
aplicação histórica e profética. Muitos teólogos admitem que as sete igrejas representam um modelo
cronológico progressivo da igreja primitiva até os nossos dias e aos dias futuros.
Ainda que não saibamos o dia e a hora do seu retorno, Jesus disse que saberíamos a época. Muitos crêem
que vivemos na época do seu retorno. Assim, a última mensagem, Laodicéia, profeticamente seria
aplicada a nós. Note, primeiramente, que a carta não foi escrita para a cidade de Laodicéia, mas à Igreja
daquela cidade. Fixe-se nesta verdade enquanto você lê.
“Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas cousas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o
princípio da criação de Deus. " (A p 3: 14)
Jesus chamou a si mesmo de testemunha fiel e verdadeira. Fiel, porque é consistente e constante.
Verdadeiro porque somente falará a verdade ainda que não seja agradável. Fiel e verdadeiro falam Dele
como consistentemente verdadeiro, sem levar em conta como reagimos ou o pressionamos.
Uma testemunha falsamente e bajula, dizendo somente aquilo que você quer ouvir às custas do que você
necessariamente precisa ouvir. Um vendedor desonesto quer o dinheiro que você tem e o tratará de forma
mais cordial possível; ele dirá somente o que você quer ouvir, pois seu único objetivo é tirar de você. Na
igreja recebemos pregadores e os saudamos mui bem-vindos, pois queremos que nos digam o queremos
ouvir. Queremos ouvir apenas as coisas maravilhosas e boas, negligenciando a verdade que tanto
precisamos.
O Senhor Jesus edifica e conforta, mas não às custas da verdade. Ele ama e perdoa, mas também disciplina
e corrige. Veja estas palavras: "Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente." (Ap 3:15)
Observe bem: Ele diz obras e, não, intenções. O caminho para o inferno é pavimentado de boas intenções.
Como sabia Ele do estado daquela igreja? Pelas obras ou ações.
A ação daqueles que são frios é desobediência gritante aos olhos de Deus. Fingem ser uma coisa, sendo
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outra. Estão perdidos e disto sabem muito bem. Sabem que não estão servindo a Deus e servem a outros
deuses: o dinheiro, os negócios e a si mesmos. Vivem pelo prazer do momento na orgia e na arruaça. Esta
é a vida de um pecador ou de um desviado assumido.
Por outro lado, aqueles que são quentes, são consumidos por viver para Deus; Ele os cerca por dentro e
por fora. Tais pessoas têm prazer em obedecer a Deus. Sabem, também, de sua verdadeira condição.
Jesus advertiu a esta última igreja que sua condição não era nem quente nem fria. Agora, veja esta
declaração: "Quem dera fosses frio ou quente!" (Ap 3:15)
Esta declaração sempre me deixou intrigado. Por que diria Jesus a uma igreja que preferia que ela fosse ou
fria ou quente? Por que não disse que gostaria que fossem somente quentes?
Ele poderia ter dito: "Gostaria que fosses quente." Obviamente que o estado em que viviam (em algum
ponto entre o frio e quente), era mais desagradável a Deus do que ser apenas frio.
Como pode um pecador ou um desviado assumido estar em melhor posição do que os assim chamados
crentes? Ele responde a esta pergunta, quando diz: “Assim, porque és morno e nem és quente nem frio,
estou a ponto de vomitar-te da minha boca. " (Ap 3: 16)
O que é ser morno? É algo que não está suficientemente quente para ser considerado quente nem tão
pouco frio, para ser considerado frio. Morno, é o resultado da mistura de algo quente com algo frio. Tem
calor suficiente por ter-se misturado indelevelmente com o quente, e frio suficiente para passar
desapercebido por frio.
As pessoas mornas se adaptam ao ambiente. Se estão ao lado de gente obediente, pegam um pouquinho do
seu sabor. São pessoas que conhecem a Bíblia, cantam hinos, usam um linguajar evangélico e seguem os
mesmos clichês.
Se voltam para o mundo, pegam novamente o sabor do mundo. Podem não fumar nem beber, mas se
comportam como mundanos: são egoístas. Obedecem a Deus quando é agradável ou quando têm algum
interesse pessoal. Na realidade, são pessoas motivadas por desejos pessoais.
Jesus disse: "estou aponto de vomitar-te da minha boca." Por que Jesus escolheu esta analogia? Para obter
a resposta, precisamos saber porque uma pessoa vomita. Vomitamos aquilo que o nosso corpo não
assimila. Recentemente, levei dois de meus filhos para lanchar fora. Ambos pediram hambúrgueres.
Dentro de uma hora ambos tinham vomitado tudo. Comeram uma carne estragada e o corpo expeliu
porque não era bom para eles. Aqueles hambúrgueres eram iguais aos que costumavam comer.
Jesus está dizendo: "Vou vomitar para fora do meu corpo aqueles que dizem que me pertencem, mas não
são meus.
As pessoas "frias" não são enganadas. As "quentes", também não. Mas as pessoas mornas, são pessoas
vítimas do engano. Acham que são uma coisa, quando na realidade são outra bem diferente. É por isso que
o juízo de Deus sobre tais pessoas será mais severo do que para um pecador. O pecador, pelo menos, sabe
que não serve a Deus, mas as pessoas mornas, acham que servem a Deus. Confessam que são salvas pela
graça, quando na realidade caíram pela própria graça que confessam (Hb 12:15).
Este tipo de gente é a mais difícil de ser alcançada. As pessoas que acham que são salvas não vêem
necessidade de salvação. É por isto que Jesus entra em detalhe a respeito da verdadeira condição desta
gente: "Pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de cousa alguma, e nem sabes que tu és infeliz,
sim, miserável, pobre, cego e nu”. (Ap 3: 17)
Sem dúvida, crêem estar salvas, seguras e a caminho do céu! Por que arrepender-se? Se dizem nascidos de
novo, mas a vida que vivem negava tal afirmação. Por amá-los tanto é que Jesus coloca o dedo na moleira
deles: Vocês estão sendo enganados.
"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor." Nem todos os que dizem ser salvos pela graça, o são de fato. O
verdadeiro crente não é conhecido por aquilo que confessa; é reconhecido pelos frutos da obediência.
“Assim pois, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor; Senhor! entrará no reino
dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. (Mt 7:20,21)
Permita-me colocar estas palavras numa linguagem moderna: "Sim, o meio de identificar uma árvore, ou
uma pessoa é pela qualidade do fruto que dá. Nem todos os que falam como gente religiosa são realmente
assim. Tais pessoas podem referir-se a Mim como Senhor; porém apesar disso não entrarão no céu. Porque
a questão decisiva é se elas obedecem ao meu Pai do céu, ou não. " (Bíblia Viva)
Disse mais Jesus: "Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor; Senhor! Porventura, não temos nós
profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos
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milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a
iniqüidade. " (Mt 7:22,23)
Na linguagem da Bíblia Viva: "No juízo, muitos me dirão: Senhor; Senhor; nós falamos aos outros a seu
respeito, e usamos o seu nome para expulsar demônios, e para fazer muitos outros grandes milagres. Mas
eu responderei: Vocês nunca foram meus. Vão embora, porque as suas obras são más”.
Estas palavras não são minhas. Não é nada agradável pensar que há muitos irmãos aos quais ser-lhes-á
negada a entrada no reino dos céus. Muitos dos quais expulsam demônios e realizam milagres em Seu
nome.
As pessoas que faziam milagres em nome de Jesus certamente já haviam sido salvas há algum tempo.
Pessoas que nunca professaram crer no nome de Jesus não poderiam operar no sobrenatural em Seu nome.
Temos em Atos o registro dos sete filhos de Ceva que usavam o nome de Jesus para expulsar demônios.
Eles diziam: "Esconjuro-vos por Jesus, a quem Paulo prega." O espírito maligno lhes respondeu:
"Conheço a Jesus e sei quem é Paulo,. mas vós, quem sois?" O texto acrescenta que aquele espírito
maligno pulou sobre eles, dominou-os e eles tiraram a roupa fugindo desnudos e feridos (At 19:13-16).
Vemos, então, que pessoas não crentes não conseguem expulsar demônios no nome de Jesus, ainda que o
tentem imitando os crentes. Isto reforça o fato de que em Mateus 7:22,23, Jesus estava falando das pessoas
a quem foi-lhes negada a entrada nos céus, ainda que o tenham seguido durante certo tempo de suas vidas.
Na década de 80, tive uma visão que mudou o rumo de minha vida e do meu ministério. Vi uma enorme
multidão, tão grande que não podia ser enumerada em tal magnificência como nunca vira antes. Era uma
multidão espremida junto aos portões do céu esperando por entrar. Esperavam o Mestre dizer-lhes:
"Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.
" (Mt 25: 34) Ouvi- ram, contudo, o Mestre lhes dizer: ':4partai-vos de mim. Nunca vos conheci. " Deus
permitiu-me ver a agonia estampada em seus rostos. Aquilo teve um efeito tremendo dentro de mim e
ainda repercute.
A Bíblia fala de dois grupos de pessoas que aguardam entrada no reino, o qual, lhes será negado:
1. Aquelas pessoas que entregam suas vidas ao Senhor com propósitos egoístas. Estão mais interessadas
na bênção do que no Abençoador. Muitas dessas pessoas abandonam os caminhos do Senhor por causa dos
cuidados, riquezas e prazeres da vida que abalam sua fé (Veja Lc 8: 15).
2. Aquelas pessoas que se convertem, sinceramente, mas mais tarde perdem sua salvação. Este grupo (que
creio ser menor do que o outro grupo) caminham para longe da obediência e do seu senhorio.
No capítulo seguinte olharemos este segundo grupo de pessoas. Agora, no entanto, ficaremos com o
primeiro grupo.
Unidos a Jesus
As pessoas do primeiro grupo unem-se a Jesus buscando apenas os benefícios da salvação. Aceitam o
Senhor Jesus e Sua salvação mas jamais conhecem o coração de Deus. Vão até onde a provisão que têm
lhes permite. Buscam a Deus pensando em benefícios próprios. A motivação que têm é da carne e não
fruto do amor de Deus.
Jesus disse: "Nunca vos conheci. " (Mt 7:23) Neste versículo a palavra conheci vem do grego ginosko. No
N ovo Testamento esta palavra é usada para descrever o relacionamento sexual entre homem e mulher (Mt
1 :25). Fala da intimidade. Jesus dirá: "Nunca vos conheci na intimidade."
Em 1 Coríntios 8:3, lemos: "Mas, se alguém ama a Deus esse é conhecido por ele." Neste caso aparece
novamente a palavra ginosko. Deus conhece, intimamente, os que o amam. São pessoas que dão a vida por
Ele (Jo 15:13). Somente os que o amam guardam Seus mandamentos. Lembre-se: "Quem não me ama não
guarda as minhas palavras." (Jo 14:24)
A verdadeira prova de que amamos Jesus não é o que você diz, mas o que vive. Não adianta se mostrar
dinâmico, poderoso e ousado. Se você não se submete à autoridade de Deus é porque não o ama.
Conhecem a Deus, mas Deus intimamente não os conhece.
Judas estava ali ao lado de Jesus. Parecia amá-lo. Deixou tudo a fim de seguí-lo. Judas permaneceu ao
lado de Jesus no ardor da batalha e nas ameaças de morte. Ele não abandonou a Jesus como outros
discípulos o fizeram (Jo 6:66). Ele expulsou demônios, curou os enfermos e pregou o evangelho. "Tendo
Jesus convocado os doze (Judas estava junto), deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, e
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para efetuarem curas. Também os enviou a pregar o reino de Deus e a curar os enfermos. " (Lc 9:1,2)
A motivação de Judas, contudo, não era correta desde o começo. Ele nunca se arrependeu de buscar os
seus próprios interesses. Seu caráter foi revelado no dia em que procurou o sumo sacerdote, perguntando:
"Que me quereis da1; e eu vo-lo entregarei?" (Mt 26: 15) Ele mentiu e bajulou procurando ter vantagens
(Mt 26:25). Durante todo o tempo em que andou com Jesus, e por ser o tesoureiro, usou o dinheiro do
ministério de Jesus para seu uso pessoal (Jo 12:4-6). Judas nunca conheceu intimamente ao Senhor Jesus
embora estivesse com Ele por três anos e meio.
Tem gente que é como Judas: sacrifica-se no ministério, prega o evangelho, possivelmente opera nos dons
de Deus, mas não conhece a Jesus de forma íntima. Todo o labor é estimulado por desejos de promoção
pessoal.
"Por que me chamais, Senhor; Senhor; e não fazeis o que vos mando?" (Lc 6:46)
A palavra Senhor no texto acima vem do grego kurios. O dicionário de palavras gregas de Strong a define
como "suprema autoridade, ou amo". Jesus estava dizendo que muitos o confessariam como Senhor, mas
não o seguiriam como suprema autoridade.
Vivem uma vida que não condiz com o que confessam viver. Obedecem a Palavra de Deus apenas
enquanto não conflite com os desejos de seus corações. Se a vontade de Deus os leva por caminhos
diferentes do que eles querem, seguem o que desejam para si mesmos e ainda continuam a chamar Jesus
de Senhor.
É muito comum os pastores medirem o sucesso de seus ministérios pela quantidade de pessoas. Tal
mentalidade faz com que os obreiros utilizem expedientes os mais diversos para encher o altar de suas
igrejas com "convertidos" e suas igrejas com "membros". Para conseguir isto, pregam a Jesus apenas
como salvador e não como Senhor. A mensagem deles é: "Vem para Jesus e receba a salvação, paz, amor,
alegria, prosperidade, sucesso, saúde e etc." Claro, Jesus é o cumprimento de todas estas promessas, mas
os benefícios são tão enfatizados que a pureza do evangelho foi reduzida a um "agora " como resposta aos
problemas, seguida, muitas vezes, de uma garantia de vida eterna nos céus.
É o tipo de pregação sedutora, que atrai os pecadores. Ouvem uma mensagem "açucarada", e não ouvem a
respeito da necessidade do arrependimento. "Dê uma oportunidade a Deus e Ele lhe dará amor, paz e
alegria!" Pulamos o arrependimento para ganharmos "convertidos". Temos muitos convertidos, mas de
que tipo?
Jesus confrontou os ministros de seu tempo, dizendo: "vocês percorrem terra e mar para fazer um
convertido e, quando conseguem, vocês o tornam duas vezes mais filho do inferno do que vocês." (Mt
23:15 - NVI) É fácil conseguir convertidos, mas são eles de fato verdadeiros filhos obedientes de Deus?
Esses auto-convertidos são desovados como frutos da vida que pregamos, não da vida que vivemos.
Jesus colocou condições claras aos que o ouviam: "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue,
tome a sua cruz e siga-me. Quem quiser; pois, salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a vida por
causa de mim e do evangelho, salvá-la-á. " (Mc 8:34,35) Se você isolar do texto a palavra quiser, verá que
o desejo de salvar a vida resulta em perda. Veja também que ao falar em perder a vida, Ele não diz "quem
quiser perder a vida por amor a mim". Não se pode desejar perder a vida simplesmente, a pessoa tem que
perder!
O jovem rico tinha grande desejo em ser salvo. Correu até Jesus, ajoelhou-se diante dele, suplicando pela
vida eterna. Seu desejo não era suficiente, pois Jesus lhe disse: " Só uma cousa te falta”. (Mc 10: 17-22)
Ele se retirou triste quando avaliou o preço da obediência. Bem, pelo menos temos que respeitar a
honestidade dele.
Há milhares de pessoas que não vão à igreja, mas que gostariam de receber os benefícios da salvação se ao
menos pudessem continuar controlando suas próprias vidas. De alguma forma percebem o que muita gente
na igreja perdeu: há um preço a ser pago para servir a Deus. As pessoas não querem pagá-lo. Por outro
lado, há aqueles que são enganados. Freqüentam a igreja, chamam Jesus de Senhor, declaram sua
submissão a Ele, mas, na realidade, não se submetem a Ele cousa alguma!
Espero que você observe a diferença entre a graça pregada por Jesus e aquela em que tanta gente crê. Hoje
os pregadores exortam assim: "Creia em Jesus; faça a oração do arrependimento, confesse-o como Seu
salvador, e você terá parte no reino de Deus." Pouco ou nada se menciona sobre a cruz e o
arrependimento.
Aquelas pessoas que se convertem desta maneira, tendem a crer que qualquer ato de desobediência é
coberto pelo cartão de crédito da graça de Deus. Não seria esta a causa da falta de uma autoridade
espiritual verdadeira e da falta de poder em nossas igrejas?
Espero que esta mensagem atinja você com o mesmo espírito que foi liberada por Deus. Amo o povo de
Deus e quero também que eles sejam prósperos como é prospera a alma deles; por isso, sou impelido a
proclamar a verdade, O ensino e a doutrina formam a crença do indivíduo para toda a vida, Fico com o
coração quebrantado em ver tanta gente iludida na igreja, vivendo num estado de mornidão, Paulo instruiu
a Timóteo, dizendo: “Atente bem para a sua própria vida e para a doutrina, perseverando nesses deveres,
pois, agindo assim, você salvará tanto a si mesmo quanto aos que o ouvem," (I Tm 4:16- NVI) Precisamos
atentar à esta exortação. A verdade, quando pervertida, pode soar-nos muito bem, porém conduzirá ao
engano.
A verdade da Palavra de Deus nos alimenta e nos edifica, treinando-nos a discernir entre o pensamento
correto e o pensamento errado. Uma verdade pervertida desqualifica-nos para o reino. É por isso que a
Palavra de Deus nos orienta dizendo: "Maneja bem a Palavra da verdade". Este capítulo tratou sobre
exortação e encorajamento. O alerta é: não permita que as falsas doutrinas da graça o desqualifiquem. O
encorajamento é: existe uma força motriz que nos leva a viver uma vida pela graça de Deus sem fracassar.
CAPÍTULO NOVE
A Batalha da Fé
Você já observou que os pastores, quando iniciam no ministério, estão cheios do fogo de Deus? Já
observou como estão alguns anos depois? Estão mornos! Você pode perguntar: "Como alguém com tanto
entusiasmo chega ao fim do ministério morno, letárgico, sem esperança?"
São pessoas feridas na batalha; são a baixa de uma guerra em que lutaram desapercebidamente. Judas
escreveu uma carta dedicada totalmente às pessoas envolvidas em tal conflito.
'.:4mados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que
me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que
uma vez por todas foi entregue aos santos. " ( Jd 3 )
Você percebe como esta mensagem é urgente para estes dias? Ela é de muita importância. Numa
linguagem mais simples, Judas está dizendo: "Amados, é sobre nossa salvação comum que estou
preocupado em escrever-lhes. Vi a urgência e senti-me impelido, por isso quero exortá-los a lutar até o fim
da batalha da fé."
Batalhar é o mesmo que lutar e combater. A expressão diligência mostra a dedicação de Judas.
Precisamos nos perguntar: com o quê ou contra quem lutamos? Ouço respostas diferentes à esta pergunta.
Alguns sugerem que nossa batalha de fé é lutar resistentemente contra os demônios nas regiões celestiais.
Ainda que isto seja de fato guerra espiritual
(Veja Efésios 6:10-12), não é sobre ela que Judas está falando. A resposta está no versículo seguinte:
"Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente
pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso
Deus”... (Jd 4)
Temos que batalhar pela fé, pois certos indivíduos entraram sorrateiramente em nossas igrejas, dando a
entender que a graça de Deus é um tapa-buraco ou uma permissão para se pecar. A palavra grega para
libertinagem é aselgeia. O dicionário grego do Novo Testamento de Strong a define como "lascívia,
sensualidade desenfreada ou excessiva”. São indivíduos que pervertem a graça de Deus vivendo um estilo
de vida excessivamente carnal, enquanto proclamam a salvação pela graça. A Bíblia Viva despeja mais luz
sobre o texto. Ela diz que "depois que nos tornamos cristãos podemos andar como quisermos, sem medo
do castigo de Deus. " (Jd 4)
Talvez alguns pensem assim: "Ninguém entra em nossas igrejas pregando que Deus e o Senhor Jesus
- 41 -
Cristo não existem." Você está certo! Qualquer pessoa que fizesse isso, seria posto a correr de nossas
igrejas como nos dias de Judas, o apóstolo. Judas, entretanto, diz que tais pessoas entram
dissimuladamente sem serem percebidas. Ninguém que negue a Jesus passaria desapercebido. Os
versículos abaixo jorram alguma luz em como essas pessoas se introduziram em nosso meio: "Para os
puros, todas as cousas são puras,. mas para os impuros e descrentes, nada é puro. ..Eles afirmam que
conhecem a Deus, mas por seus atos o negam,. são detestáveis, desobedientes e , desqualificados para
qualquer boa obra. " (Tt 1:15, 16 -NVI)
Essas pessoas não negam o Senhor por aquilo que dizem, mas pela maneira como vivem. Entretanto,
afirmam conhecer o Senhor. Paulo os chama de impostores.
"Contudo, os perversos e impostores irão de mal a pior; enganando e sendo enganados. " (2 Tm 3:13
-NVI)
Um impostor é alguém que engana o próximo por ter um caráter pretensioso ou por ter más intenções
(como um lobo com pele de ovelha). Paulo diz que eles não somente enganam os outros, mas enganam-se
a si mesmos. De fato, crêem que servem ao Senhor, dizem que nasceram de novo, falam uma linguagem
evangélica, conhecem a Bíblia e participam de todas as atividades da igreja. A única maneira de identificá-
los é olhando os frutos de suas vidas (Mt 7:18-20).
Esses impostores "contaminam a carne, como também rejeitam governo e difamam autoridades
superiores. " (J d 8) "Murmuradores, são descontentes, andando segundo as suas paixões. A sua boca vive
propalando grandes arrogâncias; são aduladores dos outros, por motivos interesseiros:. .São esses os que
promovem divisões, sensuais, que não têm o Espírito." (Jd 16,19)
Temos, aqui, uma descrição perfeita dos que criam problemas no lar, na igreja e no ministério. Muita
gente, é influenciada inocentemente por tais indivíduos.
“Ai deles.' Porque prosseguiram pelo caminho de Caim, e, movidos de ganância, se precipitaram no erro
de Balaão, e pereceram na revolta de Coré." (J d 11 )
Judas compara essas pessoas com três homens do Antigo Testamento: Caim, Balaão e Coré. Todos estes,
em algum período de suas vidas, tiveram comunhão com Deus ou estavam envolvidos no ministério.
Caim apresentou uma oferta desobedientemente; ofendeu-se, rebelou-se contra o que Deus lhe disse e
depois assassinou seu irmão.
Balaão era ávido pelo poder, posição e dinheiro, corrompendo a unção de Deus em sua vida. Por causa
disto, morreu pela espada do exército de Deus (Js 13:22).
Coré era um sacerdote da linhagem de Levi e foi ele quem se levantou contra Moisés e Arão no deserto,
exigindo alguns direitos pessoais. Ele disse: “Basta” por que, pois, vos elevais sobre a congregação do
Senhor?" (Nm 16:3) Ele não estava preocupado com a sobrecarga ministerial de Moisés; ele queria um
pouco de autoridade sobre o povo.
Ele tinha como agenda secreta um pouco de autopromoção. insubordinando-se contra a autoridade
delegada de Deus, acusou a Moisés (que Deus exaltara), de querer ser o chefão! Quando assim procedeu,
Coré agiu contra a autoridade de Deus (Rm 13: 1,2). Foi julgado como rebelde e engolido vivo pela terra
(Nm 16:31-33).
Caim, Balaão e Coré não conseguiram manter um bom relacionamento com Deus porque tinham como
alvo servir a si mesmos. Eles não buscavam servir ao povo ou a Deus. Judas os descreve, dizendo: "Estes
homens são como rochas submersas, em vossas festas de fraternidade, banqueteando-se juntos sem
qualquer recato, pastores que a si mesmos se apascentam. .." (J d 12)
As festas de fraternidade eram ocasiões em que a igreja se reunia para refeições comunitárias.(l) Uma
festa de amor é quando os irmãos, até mesmo em pequenos grupos, se reúnem para comer. Os impostores
que freqüentavam estas festas eram chamados de "manchas" (versão corrigida) por causa de seu
comportamento. Jesus virá para buscar uma "...Igreja gloriosa, sem mácula (mancha), nem ruga nem cousa
semelhante..." (Ef 5:27) Os impostores não farão parte do dia do Senhor. Judas continua: "Nuvens sem
água impelidas pelo vento. " (Jd 12)
Nuvens sem água ilustram com propriedade a condição espiritual dessa gente. Ainda que aparentam ser
piedosas, tais pessoas carecem do caráter de Jesus. Têm uma aparência cristã sem a vida e a fé de um
cristão. Observe atentamente o que Judas acrescenta: “Arvores em plena estação de frutos, destes
desprovidas. " (Jd 12)
Judas os compara a árvores que, no outono, ainda estão sem frutos. O outono é a época da colheita quando
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as frutas deveriam estar maduras nas árvores. Judas diz que estas árvores estéreis, infrutíferas, estão
"duplamente mortas".
Que descrição: duas vezes mortas! Para que se esteja duas vezes morto, é necessário morrer uma vez. Tal
expressão descreve as pessoas que estavam mortas sem Cristo, receberam a salvação apenas para
morrerem outra vez, pois definitivamente abandonaram a Cristo em seus corações!
Uma doutrina enganosa propagou-se por toda a igreja: o ensino de que um indivíduo salvo, está salvo para
sempre. É um assunto bastante controverso, e tem que ser assim. A controvérsia existe porque alguns
ensinadores torceram as Escrituras a ponto de dizerem o que nós queremos ouvir em total oposição ao que
diz a Palavra de Deus. Se o coração está predisposto a crer em algo, a pessoa fará o possível para afunilar
os textos bíblicos interpretando-os àquilo que crêem e não ao sentido exato do texto.
Eu o desafio a examinar o que a Bíblia tem a dizer a respeito. Não filtre os textos bíblicos à luz do que diz
o dr. Fulano de Tal, mas compare texto a texto procurando ouvir o que o Espírito Santo está dizendo.
Escute com o coração, pois o Espírito Santo não mentirá para você. Não há porque temer a verdade se
você ama a Deus. Se você o ama de coração, Ele não o abandonará jamais.
Primeiramente, temos que determinar quais os versículos que se referem às pessoas que foram salvas.
Tiago tem um ótimo exemplo: "Meus irmãos, se algum entre vós se desviar da verdade, e alguém o
converter; sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e
cobrirá multidão de pecados." (Tg 5: 19,20)
Tiago diz, "meus irmãos" e "se algum entre vós". Ele não se dirige àqueles que pensam estar salvos, ele
está descrevendo uma pessoa que desviou-se da verdade. Tiago chama aquele que se desviou da verdade
de pecador e diz que caso não retorne à verdade o destino dele é a morte. Judas descreve como alguém
"morto duas vezes " .Pelo texto de Tiago fica claro que uma vez essas pessoas estavam em Cristo. O livro
de provérbios analisa este texto: "0 homem que se desvia do caminho do entendimento na congregação
dos mor- tos repousará. " (Pv 21: 16)
Uma pessoa só se desvia da verdade depois de ter andado nela. Entretanto, depois de abandonar a verdade,
se a pessoa não retornar ao caminho da justiça, o destino final será a "assembléia dos mortos", que é o
inferno.
Pedro disse: "Portanto, se, depois de terem escapado das contaminações do mundo mediante o
conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo..." (2 Pe 2:20)
Antes de prosseguir, faça a si mesmo a seguinte pergunta: uma pessoa que escapou da contaminação do
mundo pelo conhecimento de nosso Senhor Jesus estaria salva? Você responderá com um poderoso, sim!
Pedro, então, está falando de pessoas que eram salvas. Agora, vejamos: "...se deixam enredar de novo e
são vencidos, tornou-se o seu último estado pior que o primeiro. Pois melhor lhes fora nunca tivessem
conhecido o caminho da justiça do que, após conhecê-lo, volverem para trás, apartando-se do santo
mandamento que lhes fora dado. " (2 Pe 2:20-21)
Essas pessoas voltaram para o mundo, foram por ele dominadas e nada fizeram com o fim de restaurar o
seu relacionamento com o Senhor. Um desviado pode retornar aos caminhos do Senhor, basta haver um
arrependimento genuíno (lemos sobre isto em Tiago). Se querem persistir no engano, aí sim, melhor seria
se nunca tivessem conhecido a verdade. Em outras palavras, aos olhos de Deus, é melhor nunca ter sido
salvo do que depois de haver recebido o dom da vida eterna, abandoná-lo totalmente.
Judas diz que as pessoas que conheceram o caminho da verdade e o abandonaram estão "duplamente
mortas... para as quais tem sido guardada a negridão das trevas, para sempre. " (Jd 12,13)
A eles está reservada uma eternidade de trevas. Aqueles que conheceram a Jesus, sabiam qual era a
vontade Dele e mesmo assim o abandonaram definitivamente, receberão um maior juízo na segunda
morte. (Veja Ap 2:11; 20:6,14 e 21:8)
Foi Jesus quem descreveu o tormento que sofrerão: "Mas, se aquele servo disser consigo mesmo: Meu
senhor tarda em vir, e passar a espancar os criados e as criadas e a comer, a beber e a embriagar-se, virá o
senhor daquele servo, em dia em que não o espera e em hora que não sabe, e castigá-lo-á, lançando-lhe a
sorte com os infiéis. Aquele servo, porém, que conheceu a vontade de seu senhor e não se aprontou, nem
fez segundo a sua vontade, será punido com muitos açoites. Aquele, porém, que não soube a vontade do
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seu senhor e fez cousas dignas de reprovação levará poucos açoites... " (Lc 12:45-48)
No capítulo anterior, vimos o primeiro grupo de pessoas que aguardam a vinda de Jesus e, esperando um
convite para entrar nos céus, ouvem-no dizer: "Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a
iniqüidade." (Mt 7:23) São pessoas que se uniram a Cris- to buscando apenas os benefícios próprios. Tais
pessoas o seguem até certo ponto, mas sua falta de compromisso fica logo evidente (como no caso de
Judas Iscariotes).
Agora, encontramos o segundo grupo de pessoas de Mateus 7:22,23. Estes são os que perdem sua
salvação. Pessoas que o conheceram e até fizeram milagres em nome de Jesus, mas não foram fiéis até o
fim. Jesus advertiu essas pessoas com uma flamante resposta: "Nunca vos conheci." Como acontece uma
coisa dessas?
"Mas, desviando-se o justo da sua justiça e cometendo a iniqüidade, fazendo segundo todas as
abominações que faz o perverso, acaso, viverá? De todos os atos de justiça que tiver praticado não se fará
memória,' na sua transgressão com que transgrediu e no seu pecado que cometeu, neles morrerá." (Ez
18:24)
Deus diz que não se lembrará das coisas boas que a pessoa fez , É como se nunca as tivesse feito, Quer
dizer que Deus se esquecerá delas, É como se nunca conhecera a pessoa. Eis a razão porque Jesus dirá
àqueles que não perseveraram até o fim: "Nunca vos conheci,"
Ele se esquecerá da justiça dessas pessoas da mesma forma como esquece os pecados dos justos. Ele diz:
"Esta é a aliança que farei com eles, depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei no seu coração as minhas
leis, e sobre a sua mente as inscreverei, Também de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das
suas iniqüidades, para sempre," (Hb 10:16,17) Deus recusa lembrar-se dos nossos pecados. O Diabo gosta
de cavoucar os pecados do passado. Deus, entretanto, declara que não se lembra dos pecados que
praticamos. Aos olhos de Deus é como se nunca tivéssemos pecado!
Façamos um resumo do que Judas quer dizer, Ele suplica que lutemos diligentemente pela fé e depois
descreve o foco e a natureza de nossa batalha. O que Judas tem em mente são aquelas pessoas que,
dizendo-se cristãs, obedecem a Deus por conveniência, apenas, Ou nunca se converteram, como no caso
de Iscariotes, ou caíram da graça. De qualquer modo são impostores mornos, falsos irmãos, lobos em pele
de ovelhas e manchas na igreja,
Praticamente, todas as vozes do Novo Testamento, Jesus, Paulo, Pedro, Judas e João, o apóstolo, alertaram
sobre aqueles que abandonariam a fé. Como eles, faço eco ao que disseram. Por quê? Porque é a voz do
amor alertando, procurando protegê-los. Aqui, descobrimos a natureza de nossa batalha: guardar-nos e
àqueles sob o nosso pastoreio para que não caiam no mesmo estado de desobediência.
Depois de alertar sobre aqueles que pervertem a graça de Deus, Ele nos deu esta forte exortação de
proteção:
"Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no Espírito Santo, guardai-vos no
amor de Deus..." (Jd 20,21)
Devemos nos manter no amor de Deus. Lembre-se: os que amam a Deus o obedecem também (Jo 14:15).
O alerta de Judas foi quanto ao fermento da desobediência que infiltrou-se em suas vidas (1 Co 5:6). A
desobediência é contagiante. Se você fica ao lado de uma pessoa com uma enfermidade contagiosa, sua
defesa imunológica será afetada e você acabará por ficar enfermo também. O mesmo acontece com a
desobediência, só que as palavras de alerta e o ensino, agem como se fossem vacinas preventivas,
fortalecendo nossa imunidade, dando-nos resistência contra o vírus da desobediência.
Se uma enfermidade contagiosa estivesse se espalhando por sua cidade, e as autoridades sanitárias
aparecessem com uma vacina preventiva, você não levaria seus filhos para serem vacinados? Certamente
que sim. Faríamos questão de correr até o posto de saúde mais próximo buscando o antídoto para que o
mal não atingisse nossos filhos.
Da mesma forma, o Senhor e os apóstolos que escreveram estas exortações fizeram todo o possível para
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nos livrar desta enfermidade contagiosa, cujos sintomas são mornidão e desobediência! Veja o alerta
enviado aos anciãos da Ásia: “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos
constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. Eu sei
que, depois de minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão rebanho. E que, dentre
vós mesmos, se levantarão homens falando cousas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles.
Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, por três anos, noite e dia, não cessei de admoesta1; com lágrimas,
a cada um" (At 20:28-31)
As palavras de Paulo são: atendei e na versão corrigida aparece, olhai, num alerta repetido noite e dia,
suplicando com lágrimas em seus olhos. Ele desejava manter seus filhos espirituais distantes da
enfermidade da desobediência, afirmando-lhes que os lobos entrariam no meio do rebanho. Jesus
comparou os falsos profetas que entram na igreja a lobos vestidos com peles de ovelhas (Mt 7: 15) .Falam
como os crentes, mas são traídos pelo tipo de vida que vivem (Mt 7:16). Os lobos entram no meio do
rebanho quando ninguém está cuidando dele.
Muitas vezes, queremos ouvir apenas mensagens positivas e encorajadoras. Paulo, contudo, deixou claro
que ao pregar o evangelho temos que advertir e encorajar. Procedendo assim, apresentaremos todo homem
perfeito a Cristo (CL 1 :28). Os elementos chaves que nos permitem completar a carreira em Cristo são
quando entendemos e obedecemos as advertências dadas por Deus na Bíblia.
Davi notou a importância dos mandamentos de Deus. Ele os descreveu da seguinte forma: "Os juízos do
Senhor são verdadeiros e todos igualmente, justos. São mais desejáveis do que ouro, mais do que muito
ouro depurado e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos”. (SI 19:9-10).
Para o crente maduro, todo o conselho da Palavra de Deus é, doce, incluindo as advertências, e há grande
recompensa quando damos ouvidos ao que Deus diz.
Os obreiros são chamados não apenas para alimentar o rebanho, mas também para protegê-lo; alertando-
o sobre os laços do inimigo. Muitos pastores não alertam o rebanho por pensarem que estarão pregando
negativamente. Bem ao contrário, é uma mensagem preventiva, que salvará muitas vidas e congregações
inteiras. Jesus não foi negativo ao dizer: "Vede que ninguém vos engane”. (Mt 24:4), repetindo outra vez:
"Vede, guardai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes”. (Mc 8: 15) O fermento dos o
fariseus consistia de um legalismo contagiante que levava, à hipocrisia; Já o fermento contagioso de
Herodes levava a um estilo de vida, desobediente que, por fim, terminava em hipocrisia. Estas são duas
doenças contagiosas que atacam uma pessoa desprotegida levando-a a viver desobedientemente.
Pedro nos alertou, dizendo: "Vós, pois, amados, prevenidos como estais de antemão, acautelai-vos; não
suceda que, arrastados pelo erro desses insubordinados, descaiais da vossa própria firmeza”. (2 Pe 3: 17)
Ouça o que ele diz: "quando a pessoa não é advertida, facilmente pode abandonar o caminho da
obediência pelo qual anda firmemente, levada pelos erros daqueles que já caíram da fé."
Alguns dos lugares mais difíceis de se ministrar são as organizações cristãs. As escolas cristãs são ainda as
mais difíceis. Poderia exemplificar com as experiências pelas quais passei nessas instituições cristãs.
Escreveria vários capítulos sobre elas, este, contudo, não é o propósito deste livro.
Estes lugares, ditos cristãos, quase não podem ser alcançados porque são o terreno fértil onde crescem as
sementes da rebelião e da desobediência. Geralmente são aqueles estudantes mais antigos, criados na
escola dominical, alguns até dizendo-se nascidos de novo. Na realidade são desobedientes às autoridades,
escravos da lascívia e alguns até usam drogas ou bebidas alcoólicas em plena adolescência. São jovens
cujos ídolos são jogadores de futebol, artistas de Hollywood; jovens que se entregam aos prazeres e
luxúrias da carne. Na maioria das vezes são filhos de líderes cristãos, de pastores e ministros e não foram
educados para que se comprometessem com Cristo, tornando-se, por causa disto, cristãos hipócritas!
Tornam-se, por isso, perigosos e insensíveis a tudo!
Esses estudantes endurecidos não percebem, portanto, que o seu estilo de vida é uma forma de pregação às
pessoas que convivem ao seu redor. (Nossa vida fala mais alto do que nossa mensagem). Com isto,
estamos dizendo ao mundo: "Você pode estar salvo, fazer as coisas que gosta e viver as delícias do
mundo!"
Seus colegas de aula e os novos convertidos ficam confusos, perguntando: "Como os crentes podem viver
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desta maneira?" Primeiramente sentem-se chocados, depois, concluem que Deus realmente não se importa
com a maneira que você vive. Tudo bem! A doutrina da graça pervertida começa a permear seus
pensamentos, apoiada pelo estilo de vida de seus colegas cristãos. A pressão é muito maior em tornar-se
um desobediente do que o contrário. Paulo disse a respeito: "Vocês não percebem que se uma pessoa
continuar a viver em pecado no meio da igreja, todas as demais serão afetadas?" (I Co 5:6 - tradução livre)
Lembro-me, particularmente, de uma escola que visitei. Era uma das mais conceituadas daquele estado e
orgulhava-se do caráter cristão de seus estudantes. A maioria dos alunos procediam de lares cristãos,
jovens criados na igreja.
Uma vez por semana, a capela da escola abria para um culto que durava exatamente cinqüenta minutos.
Alertaram-me que o diretor costumava arrancar o microfone dos pregadores que se excediam por alguns
minutos. Ao subir no púlpito fui fulminado por olhares ameaçadores, por estudantes que batiam com os
pés remexendo-se sem parar. Senti que a platéia era dura de coração e que aquela atitude de indiferença e
obstinação era uma forma de me dizer: "Já ouvimos isto antes, seja rápido porque já estamos cheios de
sermões." As palavras de Deus a Ezequiel saltaram em meu coração: "Mas a casa de Israel não te dará
ouvidos, porque não me quer dar ouvidos a mim; pois toda a casa de Israel é de fronte obstinada e dura de
coração. Eis que fiz duro o teu rosto contra o rosto deles e dura a tua fronte, contra a sua fronte. Fiz a tua
fronte como o diamante, mais dura do que a pederneira; não os temas, pois, nem te assustes com o seu
rosto, porque são casa rebelde. " (Ez 3:7-9)
Aprendi que a unção profética aumenta na presença de gente rebelde. Quando mais duro o povo, mais
dura a mensagem profética. Contudo, o único objetivo é o de amar e restaurar, e não com o fim de punir.
Um coração só é quebrado quando recebe uma boa martelada. Deus diz: "Não é a minha palavra... martelo
que esmiúça a penha?" (Jr 23:29)
Enquanto pregava senti que a unção crescia em mim. Falei as verdades que você leu nestes dois últimos
capítulos. O comportamento dos estudantes começou a mudar. Ao invés de mostrarem-se distantes,
inclinavam-se a ouvir-me e pareciam estar assustados, me olhando atentamente. A luz da Palavra de Deus
penetrou em seus corações trazendo à tona sua desobediência. Parecia que estavam acordando de um
sonho, cientes da contaminação de seus corações. Não puderam mais suportar o pecado em suas vidas.
Muitos deles, criados em lares cristãos, viram que nunca haviam sido salvos ou que estavam desviados,
caindo sob forte convicção de pecado. Quando terminei de pregar, lágrimas escorriam de seus rostos,
pingando pelo queixo abaixo.
Fiz um apelo bem simples, dizendo: "Aqueles que ainda não entregaram totalmente suas vidas a Jesus,
venham até a frente." De um grupo de 230 alunos, 185 correram para o altar. A maquiagem de algumas
moças escorria pelo rosto caindo no uniforme, por alguns, usado como lenço para enxugar as lágrimas.
O culto deveria terminar às 9:35h da manhã. Às 9:25h fiz o apelo, mas na realidade os alunos ficaram na
capela orando até as onze e meia da manhã. A dureza de seus corações se quebrou diante de um Deus
Santo. Aleluia!
Deus também operou na vida do diretor que suplicou-me, dizendo: " John, há muito tempo esperávamos
uma coisa assim. Por favor, volte amanhã de manhã. Vamos postergar todas as aulas e ter um culto
especial onde você pode ministrar à vontade."
Concordei. O pastor que coordenou o culto dos estudantes nem creu quando relatei tudo o que aconteceu.
Ele sabia que a escola era muito rígida quanto aos horários das classes. Expliquei-lhe como Deus derrubou
por terra aquele muro tão alto. No passado, muitos dos pastores que pregaram para os estudantes, tentaram
ganhar a confiança deles e não conseguiram; na realidade, queriam ganhar a confiança sem dizer a
verdade!
No dia seguinte, o culto com os estudantes começou exatamente às 8:45h da manhã. Falei ao diretor que
terminaria pontualmente as 9:35 h. Ele, encorajando-me, disse: "Faça o que quiser sem se preocupar com
o horário." Neste dia, os estudantes estavam atentos e ávidos. Alguns choravam enquanto outros
estudantes testemunhavam da transformação sentida na reunião anterior. Ao levantar-me para falar, senti
que a unção era muito forte sobre mim. Uma vez mais os adverti da contaminação da desobediência que se
espalha como uma praga e que uma rocha não fica presa à terra apenas sobre o pó. Ela está enterrada! Os
estudantes que não vieram à frente no dia anterior, neste dia correram para o altar arrependidos. Os demais
que haviam se arrependido no dia anterior vieram com os outros, arrependendo-se de pecados em outras
áreas de suas vidas. O Espírito de Deus desceu sobre aqueles jovens que choravam arrependidos diante de
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Deus. O culto encerrou-se às onze e quinze da manhã!
Algum tempo depois, nossa família estava em San Diego, a uns 2.400 quilômetros daquela escola.
Enquanto procurávamos ver nossas malas na esteira de bagagens do aeroporto, um moço aproximou-se de
nós e, mui respeitosamente, depois de apresentar-se, disse que ele era um dos alunos que estava naquele
culto onde preguei. Disse-me que sua vida foi totalmente transformada pelo Espírito Santo. Percebi o
respeito pelas palavras intransigentes que Deus lhe falou naqueles dois cultos na escola. Regozijei-me
diante do Senhor pela evidência de uma vida transformada. Deus merece toda a glória!
Poderia contar-lhes muitas experiências semelhantes que não aconteceram apenas em escolas, mas
também em igrejas e institutos bíblicos. Já preguei em lugares onde centenas de pessoas ficaram chorando
diante de um Deus Santo. Suas lágrimas eram como lágrimas de purificação jamais sentidas
anteriormente; muitos deixaram o culto sentindo-se livres da condenação da lei e com aquela certeza de
que o amor e a misericórdia e a graça de Deus são bem melhores.
Certo dia, um homem de negócios procurou-me com lágrimas nos olhos, agradecendo-me por ter sido
obediente a Deus. Repetidas vezes ouço expressões, como: “John, eu era um crente morno a ponto de ser
vomitado da boca de Deus, mas agora você me disse a verdade." Em todos os lugares que vou ouço este
tipo de testemunho. O que mais aprecio é que estas pessoas continuam firmes, pois anos mais tarde, ouço
de seus pastores ou deles mesmos que ainda continuam ardendo em chamas por Deus!
Jesus não está voltando para uma noiva morna que vive fornicando com o mundo. Ele está voltando ao
encontro de uma noiva consagrada, sem manchas ou rugas. Você se casaria com alguém que lhe dissesse:
"Serei fiel a você 364 dias do ano, e tudo o que quero é apenas um dia para dormir com meus antigos
amores?" Claro que não! Nem tão pouco Jesus. Ele não virá para uma noiva que reservou uma parte do
tempo para o amor antigo. Não se engane, não se contamine! Não se deixe contaminar pela sutileza da
desobediência. Não abandone a posição firme adquirida em Cristo para jogar-se numa fossa de podridão.
Ao encerrar este capítulo, eu o desafio a ler a Bíblia à luz do que o Espírito Santo de Deus revelou a você
nestes dois últimos capítulos. Sei que esta mensagem não deixou você pulando de alegria, mas ela tem
uma riqueza de conhecimento e sabedoria que o manterá para sempre alegre; não mais aquela alegria
temporária que você vinha experimentando. Deus o abençoe!
CAPÍTULO DEZ
Humildade: o Segredo do Sucesso
É quando estamos bem que ficamos mais suscetíveis ao fracasso e à queda. Ao alcançarmos um
determinado patamar de sucesso, é fácil esquecer a graça que nos ajudou a chegar até lá. Isto é tão
verdadeiro que somos recomendados por Pedro a cingir-nos "de humildade, porque Deus resiste aos
soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça”. ( 1 Pe 5:5)
Uzias, um descendente de Davi, foi entronizado como rei quando tinha apenas dezesseis anos. N o começo
ele buscava a Deus diligentemente. Você faria o mesmo se fosse coroado rei com apenas 16 anos. Ele
ficou maravilhado e impressionado com a magnificência do posto, no entanto, "nos dias em que buscou ao
Senhor Deus o fez prospera”. (2 Cr 26:5)
Esta busca constante de Deus trouxe-lhe grandes bênçãos. Declarou guerra aos filisteus, derrotando-os em
muitas cidades; lutou contra os arábios e contra os amonitas. Sob seu governo a nação de Israel tornou-se
econômica e militarmente forte e havia muita fartura e prosperidade sob sua liderança. Tudo isto era o
resultado da graça de Deus em sua vida, Com o passar dos anos, contudo, ele mudou. N o lugar da
humildade veio a confiança nele mesmo.
"Mas, havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu coração para a sua própria ruína, e cometeu
transgressões contra o Senho1; seu Deus, porque entrou no templo do Senhor para queimar incenso no
altar do incenso. " (2 Cr 26: 16)
Não foi num momento de fraqueza que ele se exaltou, foi quando tudo estava bem que ele foi tomado pelo
orgulho. No momento em que passou a admirar o sucesso e a prosperidade de seu reino, seu coração parou
de buscar o Senhor. Agora, ele conseguia fazer tudo sozinho e já sabia como andar com as próprias pernas,
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Ele pensou que Deus continuaria a abençoar suas conquistas como das vezes anteriores; época em que
andava humildemente.
Ele não chegou ao topo do orgulho de forma súbita, foi lenta e gradual. E isto pode acontecer a qualquer
pessoa, Deus alertou-me, certo dia, dizendo: "John, as pessoas não caem em épocas de secura espiritual,
elas caem quando estão experimentando grande abundância. "
E é exatamente isto que acontece com os crentes. Quando se convertem, têm fome de Deus e anelam
andar em Seus caminhos; vivem humildemente buscando-o e confiando Nele em todas as coisas. Vão à
igreja com fome em seus corações: "Senhor, quero Te conhecer melhor", dizem. Não têm qualquer
dificuldade em submeter-se às autoridades delegadas na igreja. Mais tarde, entretanto, depois de crescerem
no conhecimento e polidos pela experiência, mudam de atitude em todos os aspectos.
Depois, ao invés de lerem a Bíblia buscando conhecer a Deus, eles a usam como base doutrinária do que
crêem, lendo o que crêem ao invés de crer no que lêem. Não mais ouvem a voz de Deus através de seu
pastor; inclinam-se na cadeira preguiçosamente, dizendo: "Vamos ver o que ele sabe." Entendem a Bíblia
mas em seus corações não há mais humildade e a mansidão. A graça de Deus definhou em suas vidas.
Em 1 Coríntios 8:1 lemos: ".,.reconhecemos que todos somos senhores do saber: O saber ensoberbece,
mas o amor edifica, " O amor não busca seus próprios interesses; o amor dá a vida pelo Mestre e por
aqueles chamados a servi-Lo. O orgulho é que busca seus próprios interesses e para isto utiliza-se de uma
máscara de religiosidade. Deus explicou que o conhecimento sem o amor resulta em orgulho.
Uzias ficou mais ou ficou menos religioso quando o orgulho penetrou no seu coração? A resposta é: ele se
tornou ainda mais religioso! Seu coração se elevou e ele entrou no templo para adorar. O orgulho e o
espírito religioso andam de mãos dadas. O que acontece? Uma pessoa com um espírito de religiosidade
pensa que é humilde por causa da sua aparente espiritualidade, mas a verdade é só uma: ela é orgulhosa!
Um indivíduo fica escravizado a um espírito religioso, porque é orgulhoso demais para admitir que tem
um espírito religioso. Eis a razão porque o orgulho é tão bem camuflado na igreja. Ele se esconde atrás de
uma máscara de um religioso, carismático, pentecostal ou evangélico.
Azarias e os demais oitenta sacerdotes do templo entraram no santuário onde Uzias queimava incenso e o
confrontaram, dizendo: “A ti, Uzias, não compete queimar incenso perante o Senhor:.. sai do santuário,
porque transgrediste; nem será isso para honra tua da parte do Senhor Deus. " (2 Cr 26: 18) Ouça o que
Uzias respondeu: “Então, Uzias se indignou; tinha o incensario na mão para queimar incenso; indignando-
se ele, pois, contra os sacerdotes, a lepra lhe saiu na testa perante os sacerdotes, na casa do Senho1; junto
ao altar do incenso. " (2 Cr 26: 19)
Uzias zangou-se, pois o orgulho sempre quer se justificar. Esta defesa pessoal sempre virá acompanhada
da ira. Uma pessoa orgulhosa sempre acusa os outros como forma de se justificar. Uzias irou-se contra os
sacerdotes; o problema, porém, estava bem no fundo de seu coração. O orgulho o deixara cego. Ao invés
de humilhar-se, permitiu que a ira alimentasse o seu orgulho. A lepra saiu-lhe bem na testa onde todos
poderiam ver. N este caso, a lepra foi uma manifestação externa de uma condição interior.
A lepra do Antigo Testamento é usada como uma figura do pecado no Novo Testamento. É triste admitir
que muita gente na igreja cai por causa do pecado. Um deles é o pecado na área do sexo. Deus me disse: "
John, muitos dos que caem em pecado, a raiz não é o pecado em si mesmo; a raiz é o orgulho."
O orgulho é um inimigo mortal que age de forma muito sutil. A pessoa que é orgulhosa não se dá conta de
sua verdadeira condição. A humildade é a única que expõe ou traz à luz o orgulho. O orgulho é a própria
raiz da rebelião, e sua influência vem desde os tempos antigos quando Lúcifer rebelou-se contra Deus.
Deus descreve a vida de Lúcifer e desvenda o seu coração, quando diz: "Tu eras querubim da guarda
ungido, e te estabeleci,. permanecias no monte santo de Deus, no brilho das pedras andavas. Perfeito eras
nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti. Na multiplicação
do teu comércio se encheu o teu interior de violência, e pecaste. ..Elevou- se o teu coração por causa da
tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor." (Ez 28: 14-17)
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Tudo o que ele tinha e possuía foram dádivas de Deus, contudo, em algum momento ele esqueceu-se disto
e queria mais. Seu coração se elevou e ele resolveu agir por conta própria. A partir do orgulho de seu
coração ele fez várias declarações começando com as seguintes palavras: "Eu... " (Is 14:12-15) Já não
havia mais humildade em seu coração e foi jogado para fora da presença de Deus.
Ouçam isto, servos do Senhor. Deus concede graça aos humildes, mas resiste aos soberbos. Você jamais
encontrará a graça de Deus numa pessoa que se esqueceu de onde veio e de quem a tirou do pecado. Tiago
disse: “Antes, ele dá maior graça; pelo que diz: Deus "resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.
Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós." (Tg 4:6,7)
Resistimos ao Diabo quando nos submetemos a Deus. A graça de Deus vem sobre nós quando andamos
em humildade e obediência. Estas são armas poderosas contra o Diabo.
Graça redentora
Já tratamos sobre a graça de forma intensa no capítulo oito, entretanto, quero lembrar-lhe sobre como a
graça opera na vida do crente. Hebreus diz-nos a respeito de Jesus: "Porque não temos sumo sacerdote que
não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as cousas, à nossa
semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de
recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna." (Hb 4:15,16)
Com o fim de ajudar-nos Ele nos concede graça e misericórdia. Quando somos ignorantes e fracos Ele age
com misericórdia (1 Tm 1: 13 e Hb 5 :2), mas quando desobedientes, Ele age diferente- mente (Hb 10:26-
31). Ele nos ajuda em nossa fraqueza, suprindo-nos com a graça necessária.
Assim, à luz do que falei, temos um novo conhecimento da verdade, pois "a minha graça te basta, porque
o poder se aperfeiçoa na fraqueza”. (2 Co 12:9) A fraqueza é aquela incapacidade de obedecer a Deus
usando nossas próprias forças, pois não é possível viver a vida que Deus pede agindo por conta própria.
Assim, Ele acrescenta à nossa fraqueza, sua força! Esta ajuda é conhecida como graça. Podemos dizer,
portanto, que a graça capacita-nos a viver o que a verdade exige. Hebreus 12:28 confirma o que digo: "Por
isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo
agradável, com reverência e santo temor"
A graça de Deus não é uma experiência que se tem uma vez na vida. Tiago falou aos crentes, dizendo:
“Antes, ele dá maior graça... " (Tg 4:6) Dela precisamos todos os momentos de nossa vida. Em cada
epístola, Paulo começa saudando-nos com "Graça a vós outros e paz da parte de Deus nosso Pai." Eram
cartas escritas para os crentes que ilustram nossa contínua necessidade de receber a graça de Deus.
Somos também encorajados a crescer na graça de Deus (2 Pe 3: 17, 18). Com isto, recebemos força para
cumprir com o propósito de Deus, distanciando-nos cada vez mais da vontade humana. O que quero dizer
está bem claro na vida de Jesus: "Crescia o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de
Deus estava sobre ele. " (Lc 2:40) Foi a graça de Deus na vida de Jesus que o capacitou a desenvolver um
espírito forte, fazendo a vontade do Pai.
Há vários níveis da graça, e isto está claro em Atos 4:33: "Com grande pode1; os apóstolos davam o
testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. " Deveríamos ter
fome da graça de Deus. Quanto maior a graça, maior a capacidade de servir e glorificar a Deus. Lembre-
se, a Palavra de Deus diz que o caminho da graça é a humildade.
Devemos caminhar, sempre, em humildade, pois Deus concede graça somente aos de espírito quebrantado
(Tg 4:6,7), aos que vivem totalmente dependente Dele. Vemos esta humildade ou dependência completa
de Paulo na graça de Deus.
"Tenho alegria em falar da minha fraqueza. Sou um exemplo vivo do poder de Cristo, e jamais tenho
mostrado meu poder ou minha capacidade. ..quando estou fraco, aí é que sou forte. Quanto menos tenho,
mais dele dependo." (2 Co 12:9,10- tradução livre)
Veja o que ele diz: "quanto menos tenho, mais Dele dependo. " Este era o sucesso da vida de Paulo.
Enquanto viveu, aprendeu a viver dependendo da graça de Deus, e a depender menos da sua própria força.
É uma atitude que exala humildade. Quanto mais velho ficava, mais Paulo esvaziava-se de si mesmo e se
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enchia da graça de Cristo.
Logo que se converteu, Paulo humilhou-se, deixando para trás as conquistas da carne, deixou de lado sua
própria sabedoria considerando-a como lixo.
"Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. " (Fp 3:7)
Todo o que vem a Jesus e verdadeiramente nasce de novo, alcança esta posição. A humildade, contudo,
não pára aqui, ela é progressiva.
Continuando a falar de Paulo como um exemplo, temos que admitir que ele era um líder de muita
revelação espiritual e de muita sabedoria, o que lhe permitiu fazer grandes conquistas para o Senhor. Sua
sabedoria poderia ser-lhe uma pedra de tropeço, por isso, voluntariamente deixou para trás tudo o que
adquiriu antes de sua conversão. E depois de tornar-se um líder, o que lhe aconteceu? Será que iria
permitir que sua sabedoria e realizações o exaltassem, ou continuaria a depender da graça de Deus? É o
próprio Paulo quem fala depois de anos de um ministério bem sucedido: "Porque eu sou o menor dos
apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus." (1 Co
15:9)
Você percebe a humildade destas palavras? Ele nem se considerava digno de ser chamado apóstolo por
causa das terríveis coisas que praticou antes de sua conversão. Ele, entretanto, recebeu de Deus uma das
maiores revelações: que um homem quando está em Cristo é uma nova criatura! Todas as condições
morais e espirituais que existiam antes de se converter, ficaram para trás, e tudo se fez novo (2 Co 5:17).
Com toda esta revelação e um ministério de sucesso, Paulo lembrava-se da magnitude e grandeza de Deus
para com ele.
"Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes,
trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus comigo."(l Co 15:10)
"Trabalhei mais do que todos os outros apóstolos!", diz Paulo. Será que ele está dando com a língua nos
dentes? Parece uma arrogância de Paulo, mas não é. Ela antecede uma outra declaração que Paulo faz de
sua dependência de Deus. A avaliação que faz de si mesmo como um dos menores apóstolos traz, em seu
bojo, a declaração de que tudo o que fez foi por causa da capacitação divina. Ele estava perfeitamente
ciente de que tudo o que fizera, fluiu espiritualmente de um favor imerecido e da graça de nosso Deus.
Paulo escreveu esta carta aos Coríntios no ano 55 de nossa era(1). A descrição que faz de si mesmo como
o menor dos apóstolos é difícil de ser engolida. Tanto em seus dias como através de toda a história da
Igreja, Paulo é tido como o maior dos apóstolos. Veja o que ele falou aos crentes de Éfeso sete anos mais
tarde, no ano 62 de nossa era (2), depois de muitas conquistas ministeriais: "Do qual fui constituído
ministro conforme o dom da graça de Deus a mim concedida segundo a força operante do seu poder. A
mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho das
insondáveis riquezas de Cristo. " (Ef 3: 7, 8)
Sete anos antes Paulo se considerou o menor dos apóstolos, e agora descreve a si mesmo como o menor de
todos os santos! O quê? Se alguém podia se orgulhar da fé, este alguém era Paulo, mas quanto mais servia
ao Senhor, menor se sentia. Ele tinha uma humildade progressiva. Seria esta a razão pela qual a graça de
Deus aumentava na vida dele à medida que ia ficando velho?
No final de sua vida Paulo enviou duas cartas a Timóteo.(3) Veja como descreveu a si mesmo: "Fiel é a
palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu
sou o principal. " ( 1 Tm 1 : 15)
Agora ele é o principal dos pecadores! Ele não disse que era um dos principais, e, sim, que era o principal!
Depois de anos de grandes conquistas, sua confissão não foi: "Terminei de fazer o trabalho. Meu grande
ministério deveria ser reconhecido. " Ele também não disse: "Fiz uma grande obra e mereceria o respeito
por ser um apóstolo. "
Entretanto, não foi assim. Ele começou dizendo: "Sou o menor dos apóstolos", para mais tarde
acrescentar: "Sou o menor dos santos." Já no final de sua vida disse: "De todos os pecadores, eu sou o
principal. " Mesmo sabendo que em Cristo ele era feito justiça de Deus (2 Co 5:21), jamais perdeu de vista
a graça e a misericórdia de Deus. Na realidade, quanto mais vivia, mais dependente tornava-se de Sua
graça.
Eis a razão de uma outra declaração feita por Paulo já no fim de sua vida: (4)
"Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma cousa faço: esquecendo-me das cousas que
para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da
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soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. " (Fp 3: 13, 14 )
Você percebe o tom humilde de suas palavras: "Ainda não cheguei lá, e procuro esquecer tudo o que
consegui até agora. Nada se compara ao fato de conhecer a Jesus Cristo, meu Senhor!"
Suas palavras foram: "Prossigo para o alvo", o que significa que ele encontrava resistência e. oposição; ele
tinha que forçar para chegar ao alvo. Um dos maiores adversários para alcançarmos o alvo é o orgulho e é
por isso que é tão fácil se perder o rumo.
Como crentes deveríamos lutar contra este inimigo chamado orgulho; jamais lutar em busca de nossos
direitos e privilégios. Como gastamos tempo defendendo-nos a nós mesmos! Isto conduz a contendas e
divisões. Certa ocasião, minha esposa e eu estávamos tendo uma intensa comunhão (discutindo).
No calor da discussão, o Senhor me disse: "Você está expondo todo o seu orgulho." Fiquei convencido do
pecado quando o seguinte texto veio-me à mente: "Da soberba só resulta a contenda, mas com os que se
aconselham se acha a sabedoria. " (Pv 13: 10)
Deus acrescentou: "John, toda vez que você e Lisa discutem, é porque o orgulho está rondando em algum
lugar, e você tem que dar um jeito nele." A argumentação, entretanto, pergunta: "E seu eu estiver certa?"
Deixe que Jesus responda à esta pergunta: "Entra em acordo sem demora com o teu adversário." #Mt 5:25.
Ao recusar defender-se, uma das duas coisas acontecerão: você deixa de ser orgulhoso e isto abrirá os seus
olhos e você reconhecerá falhas em seu caráter; falhas que você não sabia ter, ou, se você estiver com a
razão, você deverá seguir o exemplo de Cristo, permitindo que ele ocupe o seu lugar de reto juiz: 'porque
isto é grato, que alguém suporte tristezas, sofrendo injustamente... Porquanto para isto mesmo fostes
chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus
passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca,. pois ele, quando ultrajado,
não revidava com ultraje; quando maltratado não Jazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga
retamente. " ( 1 Pe 2:19,21-23)
Somos chamados a seguir o exemplo de Cristo que sofreu quando a culpa não era Dele. Tal preceito não é
aceito pela mente natural pois tem uma lógica absurda. A sabedoria de Deus, contudo, mostra que a
humildade e a obediência abrem espaço para que Deus julgue retamente. A defesa, punição, vingança ou
qualquer outra coisa que acharmos apropriada deveria proceder das mãos de Deus e não da nossa.
Uma pessoa que se justifica não anda em humildade com Cristo. Ninguém na terra tem maior autoridade
que Cristo, no entanto, Ele nunca se defendeu. Vejamos: "E, sendo acusado pelos principais sacerdotes e
pelos anciãos, nada respondeu. Então, lhe perguntou Pilatos: Não ouves quantas acusações te fazem? Jesus
não respondeu nem uma palavra, vindo com isto a admirar-se grandemente o governador " (Mt 27:12-14)
Jesus foi acusado de ser um mentiroso! Não havia um só fragmento de verdade no que eles diziam de
Jesus. Contudo, Ele não os acusou ou defendeu-se a si mesmo. Seu comportamento deixou o governador
deslumbrado. Ele nunca vira uma pessoa comportar-se daquele jeito.
Por que Jesus não se defendeu diante das acusações? Procedendo assim, ele poderia permanecer sob o
juízo e proteção de Deus. Lembre-se do que Pedro disse: "quando ultrajado, não revidava com ultraje,.
mas entregava-se àquele que julga retamente. " (1 Pe 2:23) Quando recusamo-nos a nos defender ficamos
escondidos sob a graça e julgamento de Deus. Sua mão nos acolhe com misericórdia. Não existe lugar
mais seguro na terra!
"Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. " (Rm 8:33)
No sentido contrário, aqueles que defendem a si mesmos caem sob o julgamento de seus acusadores. N o
momento em que você se justifica ou se defende diante de outra pessoa, você cede a ela o direito de julgá-
lo. Você permite que uma outra pessoa confisque sua autoridade ou posição em Cristo, pois ao ceder às
críticas o acusador cresce diante de você. Fica claro, então, que a autoridade dessa pessoa cresce diante de
você, por você ter se defendido. Na tentativa de provar sua inocência, você sucumbe diante do seu
acusador.
"Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o
adversário não te entregue ao juiz, o juiz, ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te
digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo." (Mt 5:25,26)
De acordo com esta parábola, será exigido que você pague tudo o que o seu acusador pedir como
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restituição. Você fica sem qualquer ajuda e à mercê dele. Quanto maior a acusação contra você, menos
misericórdia ele demonstrará. Ele cobrará de você até o Último centavo.
O orgulho diz: "defenda-se": Jesus disse: "Entra em acordo com o teu adversário." Procedendo desta
forma, você pisará sobre o seu orgulho deixando que Deus tome conta da situação.
Meu filho de nove anos, Addison, contou-nos sobre um problema que enfrentava na escola. Ele alegava
que um dos seus professores não gostava dele, pois sempre que alguém conversava ou fazia arruaças na
sala de aula, ele era apontado como o culpado.
Depois de algum tempo o professor anotou uma advertência em sua agenda escolar. Addison tinha plena
certeza de que não era ele e esta advertência foi demais! Com lágrimas nos olhos contou-nos na hora do
jantar que estava frustrado e com medo.
Demos um voto de confiança a ele e pedimos que nos contasse o mais detalhadamente possível o que
estava acontecendo. Ele disse: "Eu sou culpado de tudo o que há de errado. Se não há ninguém em quem
colocar a culpa, então, eu levo a culpa. Não somente isto: sou culpado por coisas que não faço. Hoje, os
dois garotos que se assentam perto de mim, estavam de risadinhas e cochichos e o professor me encarou e
gritou comigo." Bem, para uma criança de nove anos isso era demais.
Todos os outros professores atestavam que ele era um menino bem comportado, por isso entendi que este
era um fato isolado. Perguntei-lhe: "Como você reage quando o professor reclama de você?" Rapidamente
respondeu-me: "Digo que não fui eu e sim aqueles dois meninos. "
Perguntei-lhe: "É assim que você geralmente responde quando você é repreendido?"
Ele respondeu-me que sim e que não era ele quem fazia bagunça na classe. Olhei para ele e disse: "Bem,
filho, aqui está o problema. Você está se defendendo. Quando você se defende, Deus fica quieto."
Compartilhei com ele alguns textos da Bíblia e depois contei a ele um problema difícil que enfrentei muito
parecido com o dele. Eu trabalhava no escritório de uma grande igreja e meu chefe não gostava de mim.
De fato, ele queria me dar o aviso prévio. Ele falava mal de mim ao pastor da igreja e, depois, falava
comigo dizendo que o pastor não gostava de mim, mas que ele já havia intercedido várias vezes por mim.
É claro, isto causou um sério problema de relacionamento entre o pastor e eu. Todos os departamentos da
igreja recebiam memorandos reclamando de alguém que, pelas entrelinhas, qualquer pessoa que
trabalhava no escritório da igreja sabia que ele se referia à minha pessoa.
Passaram-se os meses e não havia uma solução para aquela situação, a ponto de que eu não tinha mais
qualquer contato com o pastor principal da igreja. Este supervisor atacava também outros colegas de
ministérios o que me deixava até certo ponto confortado. Nossa família vivia em constante angústia pois
sempre havia uma incerteza quanto ao nosso futuro, se iríamos permanecer ali ou não.
Chegaram em minhas mãos provas documentadas de algumas decisões erradas que este supervisor havia
feito. Aquelas provas caíram como luvas em minhas mãos. Preparei todas as evidências e estava pronto
para trazê-las ao pastor da igreja.
N a manhã seguinte, contudo, entrei em grande luta diante do Senhor. Por quarenta e cinco minutos tentei
acalmar meu espírito daquela possibilidade de me vingar dele. Pensava assim: "Deus, este homem é
desonesto e perverso e precisa ser exposto. Ele é uma força negativa nesta igreja. O pastor deveria saber
quem ele realmente é!" Continuei a justificar minha atitude e minhas intenções, dizendo: "Tudo o que vou
relatar está documentado, é um fato e não um querela emocional."
Finalmente, frustrado, gritei: "Deus, tu não queres que eu o exponha, não é mesmo?" A paz que inundou
meu coração era Deus confirmando minha pergunta. Eu sabia que Deus queria que eu nada fizesse.
Pasmado, joguei no lixo as evidências contra ele. Mais tarde, entendi que, no fundo do meu coração, eu
pensava mais em defender-me do que defender o ministério da igreja. Argumentei achando que eu estava
certo. Meus motivos estavam errados!
Passaram-se os dias até que, numa ocasião, enquanto orava no pátio da igreja antes de começar o
expediente, vi aquele homem descer do seu carro. Deus falou-me ao coração que deveria pedir-lhe perdão.
Imediatamente fiquei na defensiva: "Senhor, ele é quem tem de vir a mim. Ele é que é o causador dos
problemas."
Continuei a orar mas percebi que o Senhor insistia comigo. Eu não queria fazê-lo, por isso entendi que era
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Deus quem pedia tal coisa. Chamei-o e, juntos, entramos no escritório dele. Deus havia tratado comigo,
por isso não foi-me difícil pedir-lhe perdão de todo o coração. Confessei-lhe que era muito crítico e que o
julgava demasiadamente. Ele aquiesceu e, juntos, conversamos por uma hora. Daquele dia em diante ele
parou de me atacar.
Seis meses mais tarde, enquanto pregava fora do país, toda a vida daquele homem veio à tona; tudo o que
fez de errado foi exposto. Não me envolvi com nada. Deus trouxe à tona algumas áreas da vida dele, dos
negócios e do envolvimento com outras pessoas.
O que ele fez foi muito além do que sabíamos. Ele foi dispensado do trabalho. O juízo veio sobre ele, e eu
não precisei dizer uma só palavra para julgá-lo. Tudo o que ele tentou fazer com os outros, aconteceu com
ele. E o interessante é que fiquei triste! Fiquei triste por todas as conseqüências que a família dele teve que
enfrentar. Entendi seu sofrimento porque eu sofrera as mesmas coisas nas mãos dele.
Depois de compartilhar este acontecimento com meu filho Addison, eu lhe disse: "Filho, você tem uma
escolha: você pode continuar a defender-se expondo-se ao julgamento de seu professor, ou você deve
admitir que não tem sido muito polido com suas respostas. Assim, você deveria dirigir-se ao seu professor
e pedir-lhe perdão pela falta de respeito e por resistir à autoridade."
Addison, perguntou: "E o que devo fazer quando sou acusado de uma coisa que não fiz?"
"Deixe Deus defendê-lo", respondi. "Acaso, adiantou alguma coisa você ficar por aí defendendo-se?"
No dia seguinte ele procurou o seu professor e humilhou-se diante dele. Pediu-lhe perdão por desafiá-lo
toda vez que era corrigido.
O professor o perdoou e, na semana seguinte, Addison foi eleito o melhor aluno da semana daquela classe.
Ele nunca mais teve problemas e terminou o ano como o pupilo favorito do professor.
Se uma criança, de apenas nove anos de idade, pode humilhar-se obedecendo à Palavra de Deus numa
hora de crise, muito mais nós! Creio que isto ilustra o que Jesus disse: "Portanto, aquele que se humilhar
como esta criança, esse é o maior no reino dos céus. " (Mt 18:4)
Ao nos humilharmos obedecendo à Palavra de Deus, recebemos Dele graça, justiça e amor. É muito difícil
desenvolver uma atitude assim numa sociedade tecnológica. Somos ensinados a ter a força necessária para
agüentaremos firmes. Deus nos liberta, muitas vezes, de maneiras diferentes do que nós pensamos. Com a
libertação, entretanto, vem grande glória! A humildade é o verdadeiro caminho do sucesso!
CAPÍTULO ONZE
Arme-se!
Se quisermos seguir o Mestre, temos que entender o seguinte: aquele que obedece a Deus sofrerá nesta
vida!
"Ora, tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também vós do mesmo pensamento; pois aquele que sofreu
na carne deixou o pecado. 11 (1 Pe 4: 1)
Sei que este versículo não é aquele que você costuma tirar da caixinha de promessas todos os dias. Não
consigo vê-lo afixado na porta da geladeira, no espelho do banheiro ou em lugares visíveis onde você
possa pedir que se cumpra em sua vida! Contudo, este texto contém uma das mais fortes promessas do
Novo Testamento. Este versículo assegura-nos que, aquele que sofreu como Cristo sofreu, abandonará o
pecado. Chegará à uma maturidade espiritual completa.
Assim como uma pessoa amadurece física e mentalmente, um crente também amadurece espiritualmente.
Começamos nossa jornada de fé como crianças em Cristo (I Pe 2:2) e depois de sermos meninos, ficamos
jovens para depois nos tornarmos adultos (Ef 4: 14; Hb 5:14).
O crescimento físico aumenta com o decorrer dos tempos. Você nunca encontrará uma criancinha de seis
meses com um metro e sessenta de altura! O crescimento físico não pode ser acelerado pois é um processo
normal. Você cresce de forma natural, a uma velocidade normal que está ligada ao tempo.
O crescimento intelectual não é uma questão de tempo, mas de aprendizado. Se você já tem trinta anos e
não terminou o primeiro ano da escola, por certo não compreenderá o que se ensina no segundo ano do
segundo grau. Por outro lado, há crianças de doze anos que conseguiram terminar o segundo grau!
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O crescimento espiritual, também, não é devido ao tempo de aprendizado. É lamentável dizer que há
pessoas que foram salvas há anos e ainda são crianças espirituais. Há pessoas que conhecem bem a Bíblia
e sabem, de cor, muitos versículos mas que ainda são meninos na fé! O conhecimento que têm da Palavra
não significa que são hábeis ou aplicados na fé.
Se o fato de conhecer a Bíblia fosse sinal de maturidade espiritual, os fariseus seriam o povo mais maduro
dos dias de Jesus. Eles podiam citar os primeiros cinco livros da Bíblia na ponta da língua, todavia não
reconheceram que, aquele que expulsava demônios e curava os enfermos e ressuscitava os mortos era o
Filho de Deus.
Então, o que faz com que cresçamos espiritualmente? Acabamos de ler que aqueles que sofrem como
Cristo sofreu alcançam a maturidade espiritual. É, então, uma questão de sofrimento? Sei de muitos que
sofreram muito na vida cristã, e, contudo, permanecem nas valas da amargura e do desespero. Isto não é
maturidade espiritual.
O sofrimento em si mesmo não provoca o crescimento espiritual. A maturidade vem de nossa obediência a
Cristo em meio ao sofrimento. É isto o que significa sofrer como Cristo sofreu.
"Embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas cousas que sofreu. " (Hb 5:8)
O sofrimento de Jesus era o resultado direto de Sua obediência à vontade de Deus. O curso ou o fluxo do
sistema do mundo está em oposição direta ao reino de Deus, por isso, ao obedecermos a Deus, nadamos
contra a correnteza. Isto traz conflitos imediatos, vindo a seguir a perseguição, aflição e tribulação. A
obediência, em meio a este conflito, tem como resultado o crescimento espiritual. Veja outra vez as
palavras de Pedro: "Ora, tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também vós do mesmo pensamento;
pois aquele que sofreu na carne deixou o pecado, para que, no tempo que vos resta na carne, já não vivais
de acordo com as paixões dos homens, mas segundo a vontade de Deus." (1 Pe 4:1,2)
Este sofrimento, medido pelo padrão de Cristo, é que traz ao crente a maturidade espiritual. É o resultado
de nossa resistência à vontade dos homens para submeter-nos totalmente à vontade de Deus.
Não é aquele tipo de sofrimento religioso em que você se ajoelha em grãos de areia ou procura a auto-
flagelação física ou moral. Não é também ficar enfermo ou sem dinheiro para pagar as contas. Deus não
terá glória alguma com este tipo de situação. Tal mentalidade tem feito com que muitas pessoas inflijam a
si mesmas o sofrimento para sentirem-se valorizadas. Acham que Deus se agrada deste tipo de flagelo por
Ele. Tal atitude perverte o relacionamento da pessoa com Deus, levando-a a um relacionamento firmado
nas obras da carne e não da graça.
Temos que abraçar o tipo de sofrimento que Cristo enfrentou. Jesus não sofreu por estar enfermo e não ter
dinheiro para pagar suas contas. Não, o sofrimento que Ele experimentou foi por ser tentado de todas as
maneiras possíveis e permanecer obediente ao Pai. “Antes, foi ele tentado em todas as cousas, à nossa
semelhança, mas sem pecado. " (Hb 4: 15)
Sabe quando enfrentamos resistência? Quando o nosso desejo ou o desejo daqueles que nos influenciam
vão numa direção e Deus quer que sigamos noutro rumo.
Jesus e seus discípulos haviam chegado a Cesaréia de Filipos. Ele perguntou aos discípulos se sabiam
quem Ele era. Pedro, ousadamente, respondeu dizendo que ele era o Cristo, o Filho do Deus vivo. Jesus
confirmou tudo o que Pedro disse.
Imediatamente, depois desta declaração, Jesus lhes disse que estava indo para Jerusalém, onde seria preso
e morto, mas que ressuscitaria no terceiro dia. Pedro ficou perturbado com tal afirmação, por isso, levando
Jesus à parte, repreendeu-o, dizendo: "Tem compaixão de ti, Senhor,. isso de modo algum te acontecerá.
Mas Jesus, voltando-se, disse a Pedro: Arreda, Satanás! tu és para mim pedra de tropeço, porque não
cogitas das cousas de Deus e sim das dos homens. " (Mt 16:22,23)
Jesus disse aos discípulos que a vontade de Deus é que Ele sofresse, morresse e ressuscitasse outra vez.
Pedro e os demais discípulos, contudo, criam que era apenas uma questão de tempo até que Jesus
declarasse a chegada do reino (At 1:6). Foi esta a razão de terem agüentado tantos dissabores seguindo a
Jesus. Por que Jesus morreria, agora que a esperança do reino estava tão próxima?
Pedro ficou confuso. "O que quer Ele dizer com estas palavras: 'ser morto'? O que será de nós? Que
beneficio teremos com a morte Dele?"
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O medo os levava a pensar neles próprios e não em fazer a vontade do Pai. Pedro cedeu aos mesmos
desejos egoísticos que entraram no homem no jardim do Éden. É a nossa vontade própria que se opõe à
vontade do Pai. Jesus viu aí uma boa oportunidade de corrigir a Pedro e ensinar aos discípulos esta
verdade poderosa: "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.
Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa acha-la-á." (Mt
16:24,25)
A única maneira de seguir a Jesus é negando-se completamente, tomando a cruz; quer dizer, negar-se aos
seus próprios desejos e vontade. É esta atitude que nos habilita a seguir os passos obedientes de Cristo
mesmo diante dos sofrimentos.
Se você já morreu ou não para os seus desejos próprios, chegará o momento que terá que escolher entre o
conforto, as vantagens, a segurança, os prazeres e a vontade de Deus.
Deus, propositadamente, nos conduz a situações em que somos obrigados a decidir entre fazer a nossa
vontade ou a Dele. É a provação. No Salmo 11:5 está escrito que “O Senhor põe a prova ao justo.” e O
Salmo 17: 3 diz: “Sondas-me o coração. ..provas-me no fogo e iniqüidade nenhuma encontras em mim; a
minha boca não transgride”. Paulo declarou: “Assim falamos, não para que agrademos a homens e sim a
Deus, que prova o nosso coração”. (1 Ts 2:4)
Abraão esperou durante vinte e cinco anos pelo filho da promessa. Só isto já foi uma grande prova. A
maior parte das pessoas não espera nem alguns meses pela promessa de Deus. Depois que Isaque nasceu,
Deus esperou que ele e o menino fossem grandes amigos para colocá-lo à prova mais uma vez.
"Depois destas cousas, pôs Deus Abraão à prova e lhe disse: Abraão! Este lhe respondeu: Eis-me aqui!
Acrescentou Deus: Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá;
oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei”. (Gn 22: 1,2)
Veja bem. A Escritura diz que "pôs Deus Abraão à prova". Isaque era-lhe mais precioso que a própria vida
e, mesmo assim, Abraão provou todo o seu amor a Deus oferecendo-lhe o que de mais precioso possuía.
Abraão levantou-se pela madrugada, caminhou durante três dias até ao lugar que Deus lhe mostrara.
Amarrou o seu filho no altar e levantou a faca em obediência a Deus. O Anjo do Senhor, porém, bradou
dos céus: "Não estendas a mão sobre o rapaz e nada lhe faças; pois agora sei que temes a Deus, porquanto
não me negaste o filho, o teu único filho”. (Gn 22: 12 )
Vejamos outra vez a vida de José, neto de Abraão. Em sonho, Deus lhe mostrou que seria um líder. Deus
sabia de antemão como tudo aconteceria: os irmãos mais velhos o venderiam como escravo. O Senhor não
entrou em pânico quando os irmãos dele, perversamente, o venderam. Deus sabe o que acontecerá no
futuro (Is 46:10). Deus não assinou embaixo aprovando aquela atitude bárbara, entretanto, usou a
oportunidade para pôr à prova o coração de José.
“Adiante deles enviou um homem, José, vendido como escravo; cujos pés apertaram com grilhões, e a
quem puseram em ferros, até cumprir-se a profecia a respeito dele, e tê-lo provado a palavra do Senhor:"
(SL 105:17-19)
José não desobedeceu ou desonrou a Deus. Ele creu no sonho e, acima de tudo, porém, ele creu na
promessa de Deus. A promessa ficou-lhe tão clara que José se agarrou à ela no meio da incredulidade e da
adversidade. Creu e sofreu, e sua obediência foi sob intenso sofrimento, enfrentando as mesmas tentações
que seus descendentes anos mais tarde passariam no deserto. O que fazer num momento desses?
Reclamar, ofender-se com Deus, ou aprender a obediência pelo sofrimento? Preferiu obedecer, agüentando
o sofrimento por saber que Deus era fiel. Sua fidelidade trouxe-lhe, finalmente, grande recompensa.
Um coração diferente
O povo de Israel, descendente direto de José, passou por inúmeras provas. O povo, porém, tinha um
coração bem diferente do de José. Os fracassos se repetiram, pois o povo buscava apenas o seu próprio
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bem-estar, segurança e prazer e não procurava fazer a vontade de Deus.
O primeiro teste veio quando Faraó não o permitiu ir, mesmo em vista dos grandes milagres. Por causa da
dureza de Faraó, as coisas ficaram difíceis para o povo que já não tinha a palha necessária para a
fabricação de tijolos. Isto significa que, depois de trabalhar sob o sol forte do Egito, o povo saía pelos
campos durante à noite à procura de palha; o povo reclamou e acusou a Moisés de metê-los em tanta
dificuldade (Ex 5:6-21).
Mais tarde, depois de presenciarem milagres ainda mais poderosos, Moisés encorajou o povo a crer nas
promessas de Deus de que os livraria das mãos de Faraó, "mas eles não atenderam a Moisés, por causa da
ânsia de espírito e da dura escravidão”. (Ex 6:9) Ao que parece, quanto mais o propósito de Deus era-lhes
revelado, mais o povo sofria. Ficaram tão desencorajados a ponto de querer esquecer o sonho da liberdade,
preferindo submeter-se à escravidão dos egípcios. Tamanha pressão levou-os a se preocuparem mais com
as coisas da terra, do que com o que Deus lhes havia planejado.
Ao partirem do Egito, Deus os levou até o Mar Vermelho e endureceu o coração de Faraó que os perseguiu
furiosamente. Agora, diante deles havia um enorme mar e atrás um exército poderoso como caçadores
atrás da presa. Veja como o povo reagiu: "Disseram a Moisés: Será por não haver sepulcros no Egito, que
nos tiraste de lá, para que morramos neste deserto? Por que nos trataste assim, fazendo-nos sair do Egito?
Não é isto o que te dissemos no Egito: Deixa-nos, para que sirvamos aos egípcios? Pois melhor nos fora
servir aos egípcios do que morrermos no deserto," (Ex 14:11,12)
Olha que reação: "melhor nos fora", Esta é uma declaração – chave, pois revela a desobediência de seus
corações, pois o povo estava mais preocupado consigo mesmo do que em fazer a vontade de Deus. Era
isto o que Jesus dizia a Pedro, ao afirmar: "não cogitas das cousas de Deus, e, sim, da dos homens." (Mt
16:23) A única maneira de cumprir com a vontade de Deus é submeter totalmente nossas vidas para fazer
a vontade Dele, do contrário, toda vez que enfrentarmos dificuldades vamos abortar o que de melhor Deus
tem para nós.
Apesar da murmuração, Deus os libertou abrindo o Mar Vermelho em duas partes, Atravessaram-no por
terra seca e viram aqueles que, durante séculos, os oprimiram morrendo afogados nas águas do mar.
Depois de um milagre deste, Israel dançou e cantou de alegria, Que confiança depositaram em Deus
naquele momento de livramento! Afinal, viram que Deus é poderoso, certo? Errado.
Três dias depois Deus os levou a uma outra prova: "Fez Moisés partir a Israel do Mar Vermelho, e saíram
para o deserto de Sur; caminharam três dias no deserto e não acharam água. Afinal, chegaram a Mara,.
todavia não puderam beber as águas de Mara, porque eram amargas,' por isso chamou-se-lhe Mara, E o
povo murmurou contra Moisés, dizendo: Que havemos de beber?" (Ex 15:22-24)
A murmuração é uma forma de rebelião já que admite que o que Deus quer não é o melhor, e o que Ele
provê não é o suficiente, Apenas três dias depois de virem a mão poderosa de Deus fracassaram no teste.
Deus, entretanto, fez-lhe provisão de água.
Alguns dias mais tarde, o povo murmurou porque não havia comida e, aborrecido, disse que a comida do
Egito era bem melhor mesmo sob intensa escravidão, do que nada ter no deserto.
Deus disse a Moisés: "Eis que vos farei chover do céu pão, e o povo sairá e colherá diariamente a porção
para cada dia, para que eu ponha à prova se anda na minha lei ou não." (Ex 16:4)
Este comportamento rebelde repetiu-se em muitas outras oportunidades levando o povo a dar voltas em
tomo de si mesmo num ciclo repetitivo de prova e de rebelião. O livro de Hebreus sintetiza assim: Assim,
como diz o Espírito Santo: Hoje, se vocês ouvirem a sua voz, não endureçam o coração, como na rebelião,
durante o tempo de provação no deserto, onde os seus antepassados me tentaram, pondo-me à prova,
apesar de, durante quarenta anos, terem visto o que eu fiz. Por isso fiquei irado contra aquela geração e
disse: Os seus corações estão sempre se desviando e eles não reconheceram os meus caminhos." (Hb 3:7-
10 -NVI)
Em outras palavras, Deus estava dizendo: "Os seus corações estavam sempre ligados nas coisas do
mundo." Este é o comportamento de uma pessoa que escolheu o conforto ao invés da obediência. Quando
o caminho era bom o povo seguia a Deus, mas quando havia dificuldades, o povo se esquecia Dele.
"Claro, isto não é obra de Deus", dizia o povo cada vez que a curva da estrada apontava um caminho
- 56 -
difícil pela frente. Ainda que no coração houvesse a certeza de que aquele era o caminho de Deus, suas
mentes os enganava, afIrmando: "Deus quer que eu seja alegre, tenha paz e seja próspero!"
Ouça o que Paulo diz às jovens igrejas de Listra, Icônio e Antioquia para onde foi, a fim de fortalecer a
vida dos recém-convertidos. Paulo lhes disse que"...através de muitas tribulações, nos importa entrar no
reino de Deus. " (At 14:22) Os amantes da "boa vida " questionariam tal declaração, perguntando: "E você
acha que vou ficar fortalecido com isto?"
Veja o que o Espírito Santo falou através de Paulo aos crentes de Tessalônica: "Por esta causa nos
gloriamos em vocês entre as igrejas de Deus pela perseverança e fé que demonstram em todas as
perseguições e tribulações que vocês estão suportando, as quais são prova do justo juízo divino, para que
vocês sejam considerados dignos do Reino de Deus, pelo qual também estão sofrendo." (2 Ts 1:4,5- NVI)
Estes irmãos são elogiados por Paulo. Hoje, entretanto, consideraríamos tais agruras um sinal de fé? Veja a
declaração mais ou menos assim: "Deus está usando do sofrimento para habilitar vocês para O reino."
Assim como Jesus, aprendemos a obediência pelo sofrimento. É assim que somos preparados para o Reino
porque o crescimento espiritual aumenta à medida que o obedecemos em meio ao sofrimento. Isto dá à
carta de Paulo aos filipenses um novo entendimento.
"Pois a vocês foi dado o privilégio de não apenas crer em Cristo, mas também de sofrer por ele. " (Fp 1 :
29 -NVI)
Foi somente depois de anos de fé que reconheci estes textos. Havia passado por eles muitas vezes, mas
não cria que o crente deveria sofrer. Eles não se encaixavam em minha doutrina. Por isso, eu os omitia já
que, aos meus olhos, todo o que sofria estava no pecado ou não tinha fé suficiente para crer em Deus. Eu
era um imaturo!
Quando Deus abriu meus olhos à esta verdade, tive que rir. Paulo diz que o sofrimento deveria ser motivo
de alegria ou, como uma linda promessa. "Vocês são uns privilegiados", disse Paulo. Você se pergunta:
"Que bênçãos, então, foram-me asseguradas?" Empolgado, você continua a ler e descobre que "tudo é por
amor a ele". O que Paulo quer dizer com "privilégio"? É uma promessa? Parece mais um relatório
desanimador!
Na realidade, esta é uma promessa porque somos "...herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo,. se com
ele sofrermos, também com ele seremos glorificados. " (Rm 8: 17) Aqueles que com Ele sofrem, com Ele
também serão glorificados. Como sofremos com Ele? Paulo amplia esta questão na carta aos Colossenses:
“Agora, me regozijo nos meus sofrimentos por vós; e preencho o que resta das aflições de Cristo, na
minha carne, a favor do seu corpo, que é a igreja." (CL 1:24 )
Paulo compreendia, muito bem, a razão do seu sofrimento pela maneira como o Senhor o chamou para o
ministério. Paulo recebeu o chamamento de Deus através de Ananias que orou por ele para que
recuperasse a visão depois de ter ficado cego na estrada de Damasco. Deus disse a Ananias: "Vai, porque
este é para mim um instrumento escolhido, pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu
nome. " (At 9: 15, 16) Deus preparou Paulo para o sofrimento desde o prime-iro momento em que o
chamou.
"Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar; deixando-
vos exemplo para seguirdes os seus passos." (1 Pe 2:21)
Tenho prazer
"Para o conhecer e o poder da sua ressurreição e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com
ele na sua morte. " (Fp 3: 10) A palavra comunhão significa, "participar com". Paulo desejava participar
com Cristo em seus sofrimentos e, veio a descobrir, que nos sofrimentos de Cristo encontrava comunhão
íntima com Jesus.
Em anos anteriores Paulo pedira a Deus que afastasse as dificuldades que enfrentava. Ele tinha ainda que
entender o propósito que levava o piedoso a sofrer (2 Co 12:7-9). Mais tarde, entretanto, ele entendeu o
propósito do sofrimento e não mais suplicava a Deus que o livrasse dos sofrimentos, ao contrário: "Por
isso, por amor de Cristo regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas
angústias. Pois quando sou fraco é que sou forte. " (2 Co 12: 10 -NVI)
Veja que ele diz: "regozijo-me nas fraquezas". Ele realmente disse isto? Claro, ele foi cativado por Cristo e
já não tinha mais interesses pessoais e antevia a glória que seguiria os seus sofrimentos. Por isso, podia
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dizer aos crentes de Roma: "Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não
são para comparar com a glória por vir a ser revelada em nós. " (Rm 8: 18) A quem Paulo se refere quando
diz "nós"? Todos os que sofreram em Cristo.
Veja esta maravilhosa promessa: “Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós,
destinado a provar-vos, como se alguma cousa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário,
alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na
revelação de sua glória, vos ale greis exultando. " ( 1 Pe 4:12,13)
Se você atentar bem para estes versículos, verá que, quanto maior a tribulação, a alegria será
proporcionalmente maior. Verá, também, que a medida dos seus sofrimentos em Cristo é a medida da
glória que será revelada em você. Isto explica porque os discípulos se alegravam na tribulação: eles
miravam além das tribulações, vendo a esperança da glória.
Os que se alegram na fornalha, saem da fornalha. Os que murmuram no deserto, morrem nele. Os filhos
de Israel não podiam olhar além do deserto. Já Josué e Calebe viam mais além do sofrimento do deserto;
eles viam a terra prometida que manava leite e mel.
Você tem que saber que existe tribulação quando se quer servir ao Senhor. Não é que procuramos
oportunidades para sofrer, o que acontece é que quando se vive em obediência a Deus elas virão. Somos
alertados pela Palavra: "Muitas são as aflições do jus- to..." (SL 34:19)
Contudo, não há derrotas no sofrimento de Cristo. O salmista continua dizendo: "...mas o Senhor de todas
o livra." (SL 34: 19)
Paulo fez a seguinte declaração: "Graças a Deus que, nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor
Jesus Cristo." (1 Co 15:57)
Arme-se!
Se quisermos seguir o exemplo de Jesus (1 Pe 2), temos que nos armar da mesma maneira. Paulo o fez e
disse aos irmãos de Éfeso e aos líderes em que consistia sua armadura: "Constrangido em meu espírito,
vou para Jerusalém, não sabendo o que ali me acontecerá, senão que o Espírito Santo, de cidade em
cidade, me assegura que me esperam cadelas e tribulações. " (At 20:22,23)
Como reagiríamos às palavras proféticas nos alertando que enfrentaríamos perseguições, durezas e
oposição em cada esquina da cidade? Não estou afirmando que toda profecia de Deus seja desta natureza,
mas é necessário haver um equilíbrio.
Muitas de nossas profecias e pregações são encorajadoras e provocam atitudes erradas nos irmãos. Nossa
mensagem é fofinha, bonita, feliz ou empolgante; são profecias predizendo prosperidade, paz e que tudo
será bom! Conseqüentemente, as pessoas se sentem encorajadas a buscar a Deus por aquilo que Ele pode
lhes fazer. O fundamento de seu amor para com Ele muda de quem Ele é para o que Ele lhes pode fazer.
Buscam-no com o fim de cumprir a profecia ao invés de buscar o Deus da profecia. Já não têm mais
interesse em glorificar a Jesus, seja morrendo ou vivendo (Fp 1 :20). Querem a promessa! Não estão
preparados para o sofrimento!
Muitos dos que cercavam a Paulo tentaram dissuadi-lo a não seguir para Jerusalém porque as profecias
diziam que ali ele iria sofrer. Paulo, contudo, sabia que Jerusalém era para onde Deus queria que fosse, por
isso disse que iria para lá de qualquer maneira.
"Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o
ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus”. (At 20:24)
Veja bem, Paulo estava preparado para sofrer e isto lhe deu habilidade de terminar, com alegria, a carreira
que lhe foi proposta. Muitos nem mesmo começam ou terminam sua carreira, por não estarem preparados
ou porque lhes parece muito difícil. É como correr uma maratona sem qualquer treinamento.
Alguns serão salvos, mas terão que passar primeiro pelo fogo ( 1 Co 3: 15) .Escolheram crer na mensagem
errada. Queriam ouvir pregações que os animasse e os encorajasse. As lágrimas derramadas no dia do
juízo serão lágrimas de dor. Serão derramadas à luz do conhecimento de que teria sido bem melhor
obedecer até o fim.
Alguns há que terminarão a carreira com grande alegria. São os vencedores, que venceram pelo sangue de
Jesus e pela palavra do seu testemunho. Não amam suas vidas mesmo diante da morte (Ap 12:11).
Vencedores! Que este seja o nosso alvo e nosso testemunho!
CAPÍTULO DOZE
Os Beneficias da Obediência
Agora, queremos focalizar um pouco o nosso pensamento a respeito dos benefícios da obediência. Esta é a
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parte que mais gosto. Sim, sofremos quando obedecemos a Deus, mas nada é comparável com as bênçãos
da obediência! Eis a razão porque Paulo e Silas cantavam hinos durante a noite na prisão (At 16:25). Eles
puderam ver além do sofrimento antevendo a glória.
Muitos livros poderiam ser escritos a respeito dos benefícios da obediência a Deus. Como você viu, tal
não foi a direção de Deus para este livro. Ainda que cubramos apenas alguns benefícios, você descobrirá
muitos deles se continuar a estudar e a ter experiências em Cristo.
Creio que a ordem de Deus foi para que este livro sirva de alerta e de instrução. Aprender como andar em
obediência é um alerta a mantermo-nos longe do engano. O ensino e o alerta são mais importantes que os
benefícios. E veja bem: quando você caminha no propósito de Deus, você experimenta de forma
automática, sem ao menos perceber, de todos os benefícios. Por outro lado, você pode conhecer todos os
benefícios sem jamais recebê-los, especialmente se você não estiver firmado na Palavra de Deus.
Aumenta-nos a fé
Algumas semanas antes de começar a escrever este livro, cheguei ao escritório às cinco e meia da manhã
com a finalidade de orar e estudar a Bíblia. Gosto desta hora do dia pois ninguém me interrompe. Abri a
Bíblia numa das epístolas do Novo Testamento, mas antes de começar a lê-la Deus me disse: "Abra sua
Bíblia em Lucas 17:5." Fiquei empolgado porque sei que toda vez que Deus fala comigo desta maneira
Ele me mostra algo bem específico. Rapidamente anui e abri o texto.
"Então, disseram os apóstolos ao Senhor:. Aumenta-nos a fé. " (Lc 17:5) Pensei: "Bem, Deus irá falar
comigo sobre a fé." Já li e preguei tantas vezes sobre este texto e sabia o que diziam os próximos
versículos, Ainda assim li, procurando encontrar alguma verdade escondida em cada palavra. Fiquei
surpreso quando vi que Deus não queria falar-me a respeito da fé, mas sobre a obediência. Continue
comigo: "Respondeu-lhes o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira:
Arranca-te e transplanta-te no mar, e ela vos obedecerá." (Lc 17:6)
Isto mostra que a fé é concedida a cada crente como um grão de mostarda, É o princípio de semeadura e
colheita do reino. "O reino de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à terra." (Mc 4:26)
Quando somos salvos recebemos uma medida de fé (Rm 12:3), e esta fé vem em forma de semente,
Os apóstolos pediram ao Senhor que lhes aumentasse a fé, mas entendemos daquilo que o Senhor disse
que a responsabilidade de aumentar a fé é nossa. Veja como Ele ilustra sobre o aumento da fé nesta
parábola.
"Qual de vós, tendo um servo ocupado na lavoura ou em guardar o gado, lhe dirá quando ele voltar do
campo: Vem já e põe-te à mesa? E que, antes, não lhe diga: Prepara-me a ceia, cinge-te e serve-me,
enquanto eu como e bebo; depois, comerás tu e beberás? Porventura, terá de agradecer ao servo porque
este fez o que lhe havia ordenado?" (Lc 17:7-9)
Esta parábola sempre me intrigou. Por que Jesus teria comparado fé a uma semente de mostarda passando
em seguida a falar sobre o servo no campo que volta para casa, cuida das ovelhas e ainda prepara alimento
para o seu Senhor? Não havia entendido até aquela manhã quando Deus me revelou.
Em primeiro lugar, temos que nos lembrar qual a pergunta que Ele está respondendo ao utilizar uma
parábola. A pergunta poderia ser parafraseada assim: "Como fazer para aumentar esta semente de fé?" Em
segundo lugar, veja que o objetivo principal da parábola é a obediência do servo ao seu senhor. Ao referir-
se ao servo que fez todo aquele trabalho, Jesus disse que ele obedeceu todas as coisas que foram-lhe
ordenadas.
Um servo é responsável em fazer toda a vontade do seu senhor, não apenas uma parte; ele tem que fazer
tudo do começo ao fim. É comum as pessoas começarem a trabalhar num projeto, largando tudo depois de
lado, ou por perderem o interesse ou por ser demasiadamente difícil. O servo fiel e verdadeiro termina o
que lhe foi solicitado fazer. Veja bem. Ele não apenas trabalha no campo, mas; traz para casa os frutos da
colheita e ainda prepara a refeição do seu senhor. Eis aqui um exemplo de verdadeira obediência.
Vejamos dois pontos extremamente importantes:
1. Temos que crescer espiritualmente na graça de Deus.
2. Crescemos através da obediência.
Como fazer crescer esta semente de fé em nossos corações? Agora você já conhece a resposta: pela
obediência. Não aquela obediência parcial e ocasional, mas a obediência diligente e fiel. Olhe mais
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atentamente ao que Jesus acrescenta: “Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi
ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer: " (Lc 17: 10)
Na resposta de Jesus, temos dois aspectos de como a fé aumenta. Primeiramente obedecendo em tudo. Isto
está na expressão: "Depois de haverdes feito tudo quanto vos foi ordenado." Em segundo lugar, pela
humildade diante de Deus, ao dizer: "Fizemos apenas o que devíamos fazer."
Somos obedientes quando fazemos tudo o que nos foi ordenado. Além de obedecer, temos que manter-nos
humildes na graça de Deus, pois ambas as coisas contribuem com o ambiente no qual a fé cresce. Jesus
usou esta parábola para dizer que a fé aumenta quando nos submetemos à autoridade de Deus. Quanto
maior nossa submissão a Deus, maior nossa fé!
Jesus está ensinando os discípulos da seguinte maneira: "Procurem viver uma vida de humildade pois,
somente assim, vocês ficarão protegidos na graça de Deus. É esta graça que os ajudará a caminhar
obedientemente. Ao submeter-se à autoridade de Deus e ao caminhar em completa obediência a fé de
vocês aumentará."
Grande fé
O Espírito Santo lembrou-me do centurião romano que veio a Jesus em busca de socorro (Mt 8). Abri a
Bíblia para rever este episódio com outros olhos. Jesus, ao entrar em Cafarnaum deparou-se com um
centurião romano que veio ao seu encontro, pedindo-lhe que curasse o seu servo que estava enfermo em
casa, paralítico, sofrendo terrivelmente.
"Sim", disse-lhe Jesus, "Eu irei curá-lo." O centurião romano o deteve, dizendo: "Senhor, não sou digno
que entres em minha casa; mas apenas manda com uma palavra e o meu rapaz será curado." Observe
atentamente por que o centurião podia fazer um pedido assim a Jesus: "Pois também eu sou homem
sujeito à autoridade, tenho soldados às minhas ordens e digo a este: vai, e ele vai; e a outro: vem, e ele
vem; e ao meu servo: faze isto, e ele o faz. " (Mt 8:9)
Aquele soldado romano tinha um grande entendimento do que é autoridade; ele sabia que uma pessoa que
se submete à autoridade pode ser também uma autoridade delegada. Ele estava dizendo: "Reconheço que
tu és um homem que vive sob a autoridade de Deus, assim como eu estou sob as ordens de meu chefe
romano e posso dizer apenas uma palavra e os soldados sob meu comando obedecem."
Ele reconheceu de onde Jesus recebia autoridade; ele sabia que a autoridade de Jesus vinha de Deus. Ele
sabia que Jesus se submetia apenas ao Pai. Por isso, tudo o que Jesus precisava fazer era dizer uma palavra
e os demônios que atormentavam o seu criado teriam que obedecer. Veja a reação de Jesus à resposta do
centurião: "Ouvindo isto, admirou-se Jesus e disse aos que o seguiam: Em verdade vos afirmo que nem
mesmo em Israel achei fé como esta." (Mt 8:10)
Observe que Jesus fez uma ligação entre submissão e fé. Aquele soldado romano demonstrou possuir
grande fé, por ser um homem que honrava, respeitava e submetia-se à autoridade.
O centurião disse: "Tudo o que tens a fazer é dizer uma palavra e o demônio o deixará." Agora, ligue isto
com o que Jesus disse aos seus discípulos que queriam ter a fé aumentada: "Se tiverdes fé como um grão
de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e trans-planta-te no mar; e ela vos obedecerá." (Lc 17:6)
Jesus disse que tudo o que você precisa fazer é dar uma ordem à árvore e ela o obedecerá! A quem a
amoreira obedecerá? Àquele que fez tudo o que lhe havia sido ordenado (Lc 17:9,10).
Os crentes que são insubordinados à autoridade de Deus enfrentam muitos problemas. São pessoas que
mal conseguem chegar a lugar nenhum, pessoas que apenas sobrevivem, não apenas nas finanças mas em
outras áreas, como no casamento, na criação de filhos, no viver cristão e assim por diante. São irmãos que
têm uma boa conversa, oram fervorosamente e ainda assim ficam admirados de que quase não têm fé. Está
claro que a fé é fraca porque têm medo de submeter-se à Palavra de Deus.
Conheço crentes que, também, se submetem à autoridade e têm uma fé bem simples. São pessoas que,
geralmente, não aparecem, porque são muito humildes, mas suas palavras retinem com a autoridade dos
céus. Quando as coisas não vão bem, elas continuam firmes, a brilhar.
Deus quer que vivamos por fé, pois "sem fé é impossível agradar a Deus. Pois, pela fé, os antigos
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obtiveram bom testemunho." (Hb 11:6,2) Assim como os antigos, recebemos as promessas de Deus “pela
fé e pela longanimidade" (Hb 6:12). Quanto maior a fé, maior a capacidade de recebermos as promessas
de Deus. Nossa fé cresce à medida que aumenta nossa obediência. É isto O que vemos na vida de Abraão:
"Pela fé Abraão, quando posto à prova, ofereceu Isaque; estava mesmo para sacrificar o seu unigênito
aquele que acolheu alegremente as promessas. " (Hb 11:17)
A obediência de Abraão foi completa. Ele não argumentou a ordem de Deus nem a adiou, mas levantou-se
cedo e partiu com Isaque, enfrentando uma dura viagem de três dias ao lugar que Deus lhe dissera. Ali
amarrou o seu filho sobre o altar e preparou-se para dar o golpe final naquele que era sua grande
promessa.
Enquanto meditava neste episódio, Deus falou comigo, dizendo: "Não coloque Ismael no altar!" Mesmo
depois de ter recebido a promessa de que Sara teria um filho, Abraão coabitou com a serva de Sara
gerando Ismael. O filho da escrava representa aquilo que você faz com suas próprias forças; é a nossa
tentativa em fazer cumprir a promessa do Senhor. Isaque, por sua vez, representa a promessa de Deus, a
qual você tem desejado ardentemente. Deus não pedirá que ofereçamos o nosso Ismael em obediência; Ele
sempre pede o nosso Isaque para provar nossa obediência.
Depois que o Anjo do Senhor impediu Abraão de sacrificar o seu filho, algo aconteceu como resultado de
sua obediência: "Tendo Abraão erguido os olhos, viu atrás de si um carneiro preso pelos chifres entre os
arbustos; tomou Abraão o carneiro e o ofereceu em holocausto, em lugar de seu filho. E pôs Abraão por
nome àquele lugar - o Senhor proverá." (Gn 22:13,14)
Deus se revelou de maneira diferente a Abraão: revelou-se como Jeová Jiré. Ele foi o primeiro a receber
esta revelação do caráter de Deus, que significa, " o Senhor proverá " .
Foi somente depois de passar pelo teste da obediência que Deus se revelou a Abraão como "o Senhor
proverá". Muita gente diz conhecer as diferentes características da natureza divina, mas não sabe o que é
obedecer a Deus nas horas difíceis. Podem até cantar " Jeová Jiré, meu provedor" , mas é algo cantado
pela mente e não pelo coração. Precisam ainda chegar ao lugar árido e difícil onde Deus se revela.
Abraão, não somente recebeu uma nova revelação da natureza de Deus, mas apropriou-se, pela
obediência, da promessa que Deus lhe havia feito. Depois de passar pelo teste, Deus lhe disse: "Nela (na
tua descendência) serão benditas todas as nações da terra, porquanto obedeceste à minha voz. " (Gn 22:
18)
Seus descendentes, anos mais tarde, no deserto, experimentaram algo diferente. Aquelas pessoas também
receberam uma promessa, mas nunca entraram na terra prometida por causa da dureza de seus corações.
Um teste de Obediência
Entrei para o ministério de tempo integral em 1983 deixando para trás uma ótima posição como
engenheiro mecânico na Rockwell Internacional. Comecei a trabalhar, inicialmente, como auxiliar de
pastor numa grande igreja. Uma de minhas atribuições era buscar os conferencistas no aeroporto e rios
hotéis zelando por suas necessidades.
Era um trabalho que exigia obediência e vi a mão de Deus no que eu fazia. Estava claro que entramos num
nível de fé maior, jamais experimentado por nós anteriormente. Foi naquela ocasião, que descobri algumas
habilidades e sabedoria que antes não possuía.
Depois de dois meses trabalhando como auxiliar, tive o prazer de transportar um famoso evangelista
internacional, através de quem milhares de pessoas haviam sido salvas ao redor do mundo. Logo,
tornamo-nos bons amigos. Ele me deu o número do telefone de sua casa dizendo que eu poderia chamá-lo
quando bem quisesse, o que aconteceu nos quatro anos seguintes. Ele visitava nossa igreja uma ou duas
vezes ao ano, período no qual ou trocávamos cartas ou telefonávamos um ao outro. Tínhamos a mesma
altura e ele meu deu um " guarda-roupa " completo de seus ternos. Convidou-nos a visitá-lo em sua casa e
parecia que tínhamos uma atração especial um pelo outro.
Eu sabia que havia sido chamado a pregar o evangelho às nações do mundo pois esta era uma das
promessas que Deus me dera. Com o passar dos anos, senti-me atraído em trabalhar com ele. Quanto mais
tempo gastava com ele, mais desejo tinha de servi-lo. Algumas pessoas chegavam a dizer-me: "Acho que
algum dia você vai trabalhar com este homem. " Isto sempre encheu-me de expectativa porque era
também o desejo de meu coração. Quem sabe, pensava, desta maneira poderei pregar a Palavra de Deus
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em outras nações. Entretanto, continuei dirigindo um lindo automóvel; era apenas um motorista, com um
sonho de Deus dentro de mim.
Depois de quatro anos nesta posição, compartilhei com o pastor e sua esposa que Deus estava guiando-nos
noutra direção. Eles apoiaram minha decisão, deixando aberta a possibilidade de continuar trabalhando
com eles o tempo que quisesse.
Oito horas depois desta decisão, aquele evangelista internacional chamou-me por telefone. Ele pediu que
Lisa e eu supervisionássemos uma igreja e a escola bíblica que ele estava abrindo. Ele disse: "John, você
pode ver a visão? Você começa uma igreja aqui nos Estados Unidos e depois outras surgirão ao redor do
mundo naqueles lugares onde minha esposa e eu temos pregado."
Ao desligar o telefone depois de quase duas horas de conversa, eu dava pulos de alegria e quase batia no
forro da casa. Sai para comemorar o convite recebido. Era muito bom para ser verdade. Ao sair para o
pátio tive um sentimento de desconforto em meu coração. Pensei: "Deus, por acaso estás dizendo, não?"
Não podia conceber tal sentimento, por isso tentei me livrar de tal pensamento.
Aquela estranha sensação de Deus dizendo-me "não" continuava a martelar em meu espírito. Durante três
dias lutei, argumentando que tal pensamento não poderia ser de Deus. Finalmente, em completa
frustração, agi de forma bem ignorante. Pensando que aquilo era a voz do inimigo, gritei: "Eu vou
trabalhar para ele em nome de Jesus!" Aquela sensação desapareceu.
Três semanas mais tarde, tomamos um avião e fomos aos escritórios daquela organização onde nos
entrevistaram durante cinco horas. Aceitamos o cargo e fomos recepcionados durante um jantar de Natal.
O salário foi acordado entre nós e conseguiram um lugar de residência.
Voltei para Dallas, demiti-me do emprego e começamos a preparar as malas. Apenas três semanas antes de
partirmos, aquela sensação em meu espírito voltou, dizendo-me que não deveria ir. Graças a Deus por Sua
misericórdia.
Tomamos um avião e retomamos para lá. Desta feita, a coisa mudou; a reunião foi tensa e desconfortável
para todos. Juntos concluímos que aquela não era a vontade de Deus. Despedimo-nos e saímos conscientes
de que havíamos obedecido a Deus. Contudo, senti-me vazio e perplexo e o sonho que acalentava e que
tanto me encorajava, desapareceu.
Nos dias seguintes, clamei muito em oração. Certa manhã, confuso, clamei a Deus: "Por que me pediste
para colocar sobre o altar o sonho que tanto acalentei?"
Deus imediatamente respondeu: "Queria ver se você iria servir a mim ou ao sonho." Imediatamente aquela
tristeza me abandonou. Aquele foi o momento de muitas respostas. Agora entendia perfeitamente. Mais
tarde, Deus me mostrou que eu havia passado no teste.
Alguns meses mais tarde um outro evangelista internacional convidou-me para fazer parte de sua equipe
pastoreando os jovens da igreja. Quase ri ao ouvir tal convite: "Isto é gozação! Acabei de deixar de lado
uma grande oportunidade e agora oferecem-me uma posição tão pequena!" (É trágico, mas isto foi o que
pensei. Procurei desesperadamente em meu espírito alguma inquietação, mas encontrei apenas, paz!)
Tive certeza que aquilo vinha de Deus e dois dias mais tarde aceitei o cargo. Quando aceitei o convite, a
alegria e a vida brotaram de novo dentro de mim. Encaixotamos nossos pertences e nos mudamos.
No primeiro culto que participei daquela igreja o pastor convidou-me para ser o pregador.
Antes de aceitar este cargo, sentia-me ávido por pregar, mas eu não era lá um bom pregador. Na realidade,
naquele ano eu perdi a matriz de uma fita que fazia parte de uma série para a escola dominical e eu queria
gravar uma outra fita. Por isso, convidei minha esposa e uma de suas amigas para que fossem à minha
congregação enquanto pregava. Na metade da pregação ambas adormeceram. Hoje, vejo que foi até
cômico. Fiquei tão frustrado que queria acordá-las, mas não podia, porque estava gravando a mensagem.
Preguei o resto do tempo para duas pessoas que dormiam.
Agora, estava em pé diante de duas mil pessoas. Minha esposa me contou mais tarde, que chegou a ficar
orando: "Deus, não permita que o homem confunda 'alhos com bugalhos”!
Quando peguei O microfone, o Espírito de Deus veio sobre mim e, dentro de trinta segundos toda a
congregação vibrava. Sabia que aquelas palavras não eram minhas e sentia uma autoridade como nunca
antes experimentara. Pela primeira vez senti que havia poder nas palavras que pregava. Era como se um
fogo ardesse em mim.
Sentei-me e o povo continuou a dar gritos de alegria. Eu tremia sob a presença do Deus vivo. Continuei
por alguns instantes. Minha esposa olhava sem acreditar no que via: "O que aconteceu com você? Você
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nem parece o mesmo homem!" E isto se repetiu quando levantei-me para pregar no segundo culto daquele
dia.
O grupo de jovens aumentou de 60 para 250 jovens em apenas uma semana. Eu pregava como um novo
homem. Minha esposa disse: "Quando você atravessou os limites do estado para nossa nova casa, você se
tornou um novo homem.”
A fé e a unção cresceram em função da obediência. Creio que se tivesse aceita do o primeiro trabalho com
aquele evangelista inter- nacional, não me ergueria em fé, em unção e em autoridade como aconteceu
quando assumi o pastoreio dos jovens. Temos que saber que Deus dá do Seu Espírito àqueles que o
obedecem (At 5:32).
Cresci muito mais neste novo trabalho do que nos oito anos anteriores. Um ano e meio mais tarde, nosso
pastor teve uma visão que compartilhou com os outros onze pastores de sua equipe. A visão consistia de
três partes: uma tinha a ver com os Estados Unidos, a outra com a igreja local e a terceira com um dos
pastores da equipe.
Contou-nos sobre o que Deus lhe mostrara sobre os Estados Unidos e sobre a igreja na localidade e, então,
disse: "Deus me mostrou que um de vocês não vai permanecer aqui por muito tempo. Irá viajar todo o
tempo. Este pastor é você, John Bevere. "
O Espírito de Deus veio sobre mim e eu chorei. Ele acrescentou: "Não sei quando, tudo o que sei é que
acontecerá."
Seis meses mais tarde, em agosto de 19891 recebi sete convites de várias partes dos Estados Unidos
convidando-me a pregar, todos, num período de três semanas. Marquei uma hora para falar com o meu
pastor.
"O que fazer com tantos convites?", perguntei-lhe. Ele riu e me disse: "Eu profetizei. Parece que você vai
me deixar." Juntos, planejamos que eu deixaria aquele cargo até o fim do ano.
N os três meses seguintes dois pregadores vindos de outros países, em duas ocasiões diferentes, tomaram-
me à parte e profetizaram sobre mim e sobre o que Deus iria fazer comigo. Eles nada sabiam do que
acontecera nos últimos meses. N a realidade, eles pregaram aos jovens da igreja que ouviram, pela
primeira vez, que Deus estava me enviando a outros campos. Tanto o pastor, minha esposa e eu ficamos
admirados como o Espírito de Deus confirmava o que Ele iria fazer.
Um mês antes deixei de ganhar da igreja e fiquei preocupado com aquilo. Tinha apenas dois convites para
ministrar (tendo cumprido com os outros sete convites recebidos anteriormente), um convite para janeiro e
o outro para o fim de fevereiro. Quase não tínhamos dinheiro nem mesmo a terça parte do aluguel da casa.
Meu pastor deu-me uma carta de recomendação e uma listagem com o endereço de 600 pastores mais ou
menos, dizendo-me: "Faça um bom uso disto."
Já havia subscrito vários envelopes, quando o Espírito de Deus me perguntou: "O que está fazendo?"
Respondi-lhe: "Estou escrevendo para as igrejas dizendo que estou disponível para conferências e
pregações. "
Ele, então, me disse: "Você vai ficar fora de minha vontade." "Mas, Senhor", redargúi, "ninguém sabe que
existo".
Ele me respondeu: "Eu o conheço muito bem. Confie apenas em mim."
Joguei os envelopes na cesta de lixo. Hoje, sete anos mais tarde, depois daquela experiência, ainda viajo
tempo integral, sem nunca ficar sem um centavo ou uma igreja para pregar. Nunca foi necessário enviar
cartas pedindo apoio financeiro. Às vezes, confesso, é difícil, mas Deus é fiel! Ele levou-me por mais de
trinta estados do país e a várias nações. Deus é fiel às suas promessas!
Deus continua a cumprir suas promessas para comigo. Sempre como Ele quer. A cada novo passo de
obediência, surge um novo nível de fé.
Obedecer ao Pai é a única saída pelas seguintes razões:
1. Ele recebe a glória que lhe é devida.
2. As vidas são transformadas.
3. Obedecer Sua vontade aumenta a fé e desenvolve o caráter.
4. É a única fonte de vida, alegria e paz.
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5. Há uma recompensa eterna àqueles que o obedecem.
"Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba
segundo o bem ou mal que tiver feito por meio do corpo." (2 Co 5:10)
Este não é um juízo para os pecadores, mas para os crentes. Paulo diz, "bem ou mal". Sobre aqueles que
fazem a vontade de Deus, diz a Palavra: "manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a
demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o
provará. Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão." (1 Co
3:13,14)
Nosso Deus é fogo consumidor (Hb 12:29). Ele é quem prova cada uma de nossas obras. O fogo devora
aquilo que não é permanente. Nossos motivos, intenções e nossas obras serão reveladas à luz de Sua
glória. Os que de coração obedecem, serão re-compensados.
Por outro lado, diz a Palavra: "Se a obra de alguém se queimar sofrerá ele dano; mas esse mesmo será
salvo, todavia, como que através do fogo. " ( 1 Co 3: 15)
A maneira como viveremos na eternidade é determinada por nossa obediência à autoridade aqui na terra.
Nada mais importa, a não ser uma vida de obediência à Sua vontade.
"Portanto, irmãos, empenhem-se ainda mais para consolidar a sua vocação e eleição, pois se fizerem estas
coisas, jamais tropeçarão, e assim vocês estarão ricamente providos quando entrarem no Reino eterno de
nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. " (2 Pe 1 : 10, 11 -NVI)
"Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento,. ...como as estrelas, sempre e
eternamente." (Dn 12:3)
Receba amado irmão, a graça e o amor de nosso Senhor Jesus Cristo.
EPÌLOGO
Quando recebi do Senhor, em oração, o título deste livro, Feche a Porta na Cara do Diabo, não entendi
realmente o que Ele me queria dizer. Mais tarde, enquanto escrevia, descobri que Deus havia advertido a
Caim de que o pecado jaz à porta (Gn 4:7). O título deu certo.
Ao concluir, quero deixar um pensamento final sobre esta porta. Quando estivermos diante do pecado,
poderemos escolher uma das quatro alternativas.
1. Desobediência gritante
Ouça o que diz a Bíblia: "Os que se assentaram nas trevas e nas sombras da morte, presos de aflição e em
ferros, por se terem rebelado contra a palavra de Deus e haverem desprezado o conselho do Altíssimo. "
(SL 107:10,11)
“Ainda assim foram desobedientes e se revoltaram contra ti,. viraram as costas à tua lei e mataram os teus
profetas, que protestavam contra eles, para os fazerem voltar a ti,. e cometeram grandes blasfêmias. Pelo
que os entregaste na mão dos seus opressores..." (Ne 9:26,27)
A desobediência é um caminho duro de ser trilhado.
2. Desobediência voluntária
"E os entregou ao poder das nações,. sobre eles dominaram os que os odiavam. Também os oprimiram os
seus inimigos, sob cujo poder foram subjugados. Muitas vezes os libertou, mas eles o provocaram com os
seus conselhos e, por sua iniqüidade, foram abati- dos." (SL 106:41-43 -o grifo é do autor)
Tal declaração veio precedida de uma longa lista das rebeliões de Israel, incluindo aquela ocasião em que
Saul guardou para si uma parte do rebanho que Deus ordenara que fosse destruído (1 Sm 15). "Rebelaram-
se em seus conselhos", diz a Bíblia. Argumentavam a favor de si mesmos até encontrar razões para
desobedecerem, o que custou-lhes a vida. Por isso vem a advertência: "Porque as armas da nossa milícia
não são carnais e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas..." (2 Co 10:4)
O que são estas fortalezas? "Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o
conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo. " (2 Co 10:5
-NVI)
Foi argumentando que Eva comeu do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. E esta falsa linha
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de raciocínio tem perturbado as pessoas desde então.
"Se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra. " (Is 1:19)
Um escravo obedece forçado, sem disposição de servir; ele obedece passivamente. Se pudesse, não
obedeceria. Balaão obedeceu a Deus, mas o coração dele almejava as riquezas de Balaque. Tal rebelião
passiva foi eventualmente exposta.
Diferentemente de um escravo, o servo cristão obedece com disposição de coração. Somente aos
obedientes é concedido o direito de provar dos frutos da terra.
"Se o ouvirem e o servirem, acabarão seus dias em felicidade e os seus anos em delícias. " (Já 36: 11)
Que promessa! Entretanto, a prosperidade e o prazer do qual Ele fala, supera o tipo de coisa que o mundo
procura usufruir.
"Pela fé Moisés, quando já homem feito, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, preferindo ser
maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado; porquanto considerou o
opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do Egito, porque contemplava o galardão. Pela
fé, ele abandonou o Egito, não ficando amedrontado com a cólera do rei; antes permaneceu firme como
que vê aquele que é invisível. " (Hb 11:24-27)
A própria Bíblia reconhece que existe um tempo de prazeres do pecado que é passageiro e rápido. Os
prazeres e a prosperidade que o mundo procura são egoístas, trazem apenas gratificações pessoais, e
duram apenas um momento da eternidade. Em contrapartida, a prosperidade e os prazeres daqueles que
são obedientes a Deus, permanecerão por toda a eternidade. Não podem ser tirados do crente porque
foram-lhes concedidos por Deus.
Deus também promete que, através de uma obediência completa, derrubamos toda argumentação e
pensamentos que se exaltam contra a obediência de Deus (2 Co 10:3-6). Em outras palavras, nossa
autoridade contra o inimigo aumenta consideravelmente. Glória a Deus!
Tenho esperança e oro para que Deus lhe dê um coração obediente e um apetite por Deus. Todos o
desapontarão, menos Deus! Encerrando, gostaria de orar com você com a esperança de ver Jesus
glorificado em sua vida e em sua família:
"Pai, em Nome de Jesus, quero agradecer-te pelas verdades reveladas neste livro. Quero que a Tua verdade
inunde o meu coração. Não quero apenas entender Tua verdade, quero que ela me capacite a viver a vida
que me chamaste a viver. Sob Tua graça eu me humilho e reconheço que Jesus é mais do que meu
Salvador; Ele é também o meu Mestre e Senhor. Concede-me Tua graça para viver obedientemente. Quero
Te servir de todo o meu coração, com toda minha alma e com todo o meu entendimento. Guarda-me e
fortalece-me para que eu seja encontrado puro e sem mácula diante do trono de Cristo. Que o Teu nome
seja glorificado em minha vida, família, e na igreja. Obrigado, Senhor, por Tua fidelidade. Amém. "
"Ora, aquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação,
imaculados diante de sua glória, ao único Deus, nosso Salvador; mediante,Jesus Cristo, Senhor nosso,
glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém. " (Jd
24,25)
NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
Capa.
O INIMIGO CRIOU UMA ESTRATÉGIA SUTIL PARA DESTRUIR SUA VIDA. VOCÊ PRECISA
AGIR RÁPIDO.
Alguma vez você já foi dormir sem antes verificar se todas as janelas e portas da sua casa estavam bem
trancadas? Já deixou a porta aberta sabendo que a qualquer momento um ladrão poderia roubar seus bens?
Desde bem pequenos aprendemos que precisamos adotar algumas medidas praticas para viver em
segurança.
Na vida espiritual não e diferente. Existe uma porta em nossa alma que só e reconhecida no mundo
espiritual e pela qual o diabo e seus demônios tem acesso à nossa vida. Sua estratégia e manter-nos
ignorantes em relação a essa passagem e tornar-se o dono dessa porta de acesso. Este livro é um alerta
para cada cristão.
Aqui, John Bevere faz uma exposição clara das diversas armas que o inimigo dispõe em sua estratégia de
controlar a vida dos crentes. Apresenta também maneiras praticas de reconhecer a atuação do diabo e
impedir sua entrada pela porta da nossa alma.