11/09/2018 Direito do Trabalho II - Professora Maria das Graças Prado Fleury Letícia Abadia Abreu Sangiuliano
Comentários sobre o texto: “Associar a CLT ao fascismo é uma mistificação da
História” de Cássio Casagrande
O texto em questão revela a ignorância sobre as origens do Direito do
Trabalho no Brasil e a afirmativa equivocada daqueles que entendem que a CLT está associada e inspirada pelo fascismo italiano.
O texto demonstra o desconhecimento em relação a isso a partir da análise
de um programa de televisão em que essa ideia foi apresentada e não foi refutada e desconstruída da forma correta. Assim, o autor demonstra que é absolutamente incorreto a afirmativa de que a CLT foi inspirada no fascismo italiano, mesmo possuindo semelhantes preceitos e ideologias da corporativa da ordem sindical.
Fica esclarecido que a concepção corporativa de ordem sindical é anterior
ao fascismo, estando presente já no positivismo sociol[ogio do fim do século XIX, como também na doutrina social da Igreja Católica. Também esteve presente como uma reação reformista ao sindicalismo revolucionário de origem socialista e anarquista, tanto em países autoritários quanto em estados liberais.
Desse modo, essa concepção também inspirou o modelo norte-americano
para o papel do Estado na organização dos sindicatos, inspirando-se nas mesmas ideologias corporativas da “Carta del Lavoro” - documento que se trata da proclamação política do Partido Nacional Fascista Italiano editada em 1927- e, mesmo assim jamais ouviu-se dizer que o direito coletivo do EUA é considerado “fascista”.
No Brasil, muitos atribuem esse caráter fascista à CLT em razão da
natureza autoritária do Estado Novo. Porém, o autor ressalta, que as diretrizes principais do sindicalismo na CLT foram determinadas antes do advento da ditadura do Estado Novo, influenciado pelas ideias positivistas de Augusto Comte. Assim, a unicidade e o controle do governo sobre o registro sindical foi instituído no Brasil sem nenhuma menção ou influência direta de sistemas totalitários.
O autor critica o exame simplório do processo histórico, pois assim seriam
considerados fascistas todos os relevantes códigos e importantes leis elaborados durante o Estado Novo, incluindo Lei de Introdução ao Código Civil de 1942; o CPC de 1939; e os vigentes Código Penal de 1940 e Código de Processo Penal de 1941. Considerá-los fascistas por carregarem algum traço histórico de concepções autoritárias de poder seria um grande desserviço e exagero.
Ademais, os princípios básicos da ordem sindical brasileira que se
originam nos mesmos conceitos adotados na Carta del Lavoro foram todos incorporados ao art. 8º. da Constituição democrática e cidadã de 1988 (como tinham estado, também, nas Constituições de 1946 e 1967).
Lá estão a unicidade, o registro sindical, as contribuições recolhidas via
Estado e o poder normativo do judiciário. Porém, isso não faz com que se denomine a nossa vigente Carta constitucional de “fascista”.