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DILEAN BAPTISTA DE MELO SOUZA

A PROCLAMAÇÃO DO REINO DE DEUS

Trabalho de Conclusão de módulo


apresentado como requisito final no curso
de Pós-Graduação em Teologia Bíblica e
Missões da Faculdade Teológica Batista
de São Paulo

Orientador: Prof. Luiz Sayão.

SÃO PAULO
2018
SUMÁRIO

1. Introdução ............................................................................................................ 1
2. O Reino de Deus ................................................................................................. 2
3. O Reino de Deus anunciado no Antigo Testamento ............................................ 3
4. O Reino de Deus anunciado no Novo Testamento .............................................. 5
4.1 O Reino de Deus anunciado por João Batista .............................................. 5
4.2 O Reino de Deus anunciado por Jesus ........................................................ 6
4.3 O Reino de Deus anunciado pela Igreja do Novo Testamento ..................... 7
5. Conclusão ............................................................................................................ 9
6. Bibliografia ......................................................................................................... 11
1

1. INTRODUÇÃO

A questão do Reino de Deus tem sido alvo de profundo debate ao longo da


história da igreja. Isso porque os contextos, público alvo e também os leitores e
intérpretes dos textos sagrados foram mudando ao longo do tempo.

Esse é o grande problema. Os textos são interpretados por pessoas diferentes,


de lugares diferentes, com língua e cultura diferentes têm que lidar com o mesmo
texto diariamente. Isso traz enormes desafios para o entendimento do texto e
consequentemente para uma plena compreensão do seu significado direto, como
também dos diversos temas que podemos extrair das páginas das Escrituras.

Neste trabalho pretendo contribuir com a entendimento a respeito da


proclamação do Reino. Começo a expor desde o Antigo Testamento, quando Deus
escolhe um homem, Abrão, para dele iniciar um povo, um Reino, que tem uma missão
clara o objetiva: proclamar o Reino de Deus, Seus grandes feitos e Sua maravilhosa
Graça.

Ao chegarmos no Novo Testamento, podemos perceber que essa proclamação


continua e é expandida na pessoa e pregação de Jesus. Ele não somente apregoa
com toda autoridade, mas também é o próprio Rei do Reino esperado.

Seus discípulos autorizados e cheios do poder do Espírito continuam a


proclamação após Jesus ser assunto aos céus. O livro de Atos demonstra o evangelho
do Reino sendo anunciado a todo império. Ademais, os apóstolos, inspirados pelo
mesmo Espírito, escrevem para as igrejas exortando a que continuem a proclamar o
Reino e que cada cristão deve viver de modo condizente com a proclamação, como
verdadeiros cidadãos do Reino de Deus.
2

2. O REINO DE DEUS

Um dos temas recorrentes tanto no Antigo Testamento como no Novo


Testamento é o Reino de Deus. Mas o que é o Reino de Deus? George Ladd, em seu
livro “O evangelho do Reino”, publicado pela Shedd Publicações nos mostra que
existem vários pensamentos que surgiram na história da igreja para responder esta
pergunta.

Segundo Ladd1, alguns influenciados por teólogos como Adolf von Harnack
entendem o Reino de Deus como uma esfera somente espiritual, a qual Ladd chama
de esfera subjetiva. Uma outra perspectiva do Reino demonstrada por Ladd é a
perspectiva unicamente escatológica. Para tais teólogos, não há experiência atual,
nem sequer espiritual do Reino de Deus. Uma terceira perspectiva citada por Ladd é
a conexão entre Reino e Igreja. Ladd diz que

Desde os dias de Agostinho, identifica-se o Reino com a


igreja. Conforme a igreja cresce, o Reino cresce e se
estende no mundo. Muitos teólogos protestantes
ensinavam uma forma modificada dessa interpretação,
mantendo que o Reino de Deus pode ser identificado com
a verdadeira igreja, a qual é incorporada à igreja visível que
professa a fé. À medida que a igreja proclama o evangelho
por todo o mundo, ela estende o Reino de Deus2.

Goldsworthy explica em termos da relação governante e indivíduos. Para


Goldsworthy tem que haver

o rei que governa, o povo governado e a esfera em que


esse governo reconhecidamente acontece. Dito de outro
modo, o Reino de Deus envolve: a) o povo de Deus; b) no
lugar de Deus; c) sob o domínio de Deus.3

1
LADD, Georg Eldon, O evangelho do Reino: estudos bíblicos sobre o Reino de Deus, São Paulo:
Shedd Publicações, 2008 As citações a seguir são do capítulo 1 do livro: O que é o reino de Deus?
2
Ibid., p. 16.
3
GOLDSWORTHY, Graeme, Trilogia, São Paulo: Shedd Publicações, 2016, p. 55.
3

3. O REINO DE DEUS ANUNCIADO NO ANTIGO TESTAMENTO

É importante notarmos que não há muitas menções ao Reino de Deus no


Antigo Testamento como encontramos no Novo Testamento. Fazendo uma pesquisa4
pela palavra ‫( ַמְמֶ֥לֶכת‬reino), encontramos um total de 117 vezes na Bíblia Hebraica.
Porém, temos poucos textos que nos trazem a ideia de reino de Deus ou reino do
Senhor.

O primeiro encontramos em 2 Crônicas 13.8 onde encontramos a expressão


‫( ַמְמ ֶ ֣לֶכת יְהָ֔וה‬reino de Deus). Aqui a palavra ‫ ַמְמ ֶ ֣לֶכת‬acompanhada do nome pactual de
Yahweh pode ser entendida como o reino do Senhor, ou o reino, a nação que pertence
ao Senhor. A LXX traduz como βασιλείας Κυρίου.

O segundo verso está em 1 Crônicas 28.5 onde pode ser lido ‫( ַמְל֥כוּת יְה ָ֖וה‬reino
do Senhor). Aqui a palavra ‫ַמְל֥כוּת‬, também acompanhada pelo nome pactual de Deus,
deve ser entendida como o domínio real, a realeza, o poder do Rei. A LXX também
traduz como βασιλείας Κυρίου.

Encontramos algumas expressões do Reino em Salmos, como no Salmo


ֽ ָ ‫ ֝וַּמְלכוּת ֗וֹ ַבּ ֥כּ ֹל ָמ‬... ‫( ְי ֽהָ֗וה‬o Senhor ... reina sobre todo o reino). A
103.19 onde lemos ‫שָׁלה‬
ֽ ָ ‫ ָמ‬por δεσπόζει que significa ser um lorde ou um mestre, no
LXX traduz a palavra ‫שָׁלה‬
sentido daquele que governa e reina. O verso nos informa então que Deus
estabeleceu seu trono nos céus e seu reino está sobre todos os que governam na
terra.

Um dos textos chaves para o bom entendimento da proclamação do Reino no


Antigo Testamento é o Salmo 145, especialmente os versos 11 a 13 que dizem

Falarão da glória do teu reino e confessarão o teu poder,


para que aos filhos dos homens se façam notórios os teus
poderosos feitos e a glória da majestade do teu reino. O
teu reino é o de todos os séculos, e o teu domínio subsiste
por todas as gerações. O Senhor é fiel em todas as suas
palavras e santo em todas as suas obras.5

4
Pesquisa feita na Biblia Hebraica Stuttgartensia: with Werkgroep Informatica, Vrije Universiteit
Morphology; Bible. O.T. Hebrew. Werkgroep Informatica, Vrije Universiteit. Logos Bible Software.
5
ALMEIDA, João Ferreira de, Bíblia Sagrada: Almeida Revista e Atualizada, Barueri SP: Sociedade
Bíblica do Brasil, 1993.
4

Nestes versos podemos ver o desejo ardente do coração de Deus de que Seu
povo, Israel, fosse um verdadeiro proclamador do Reino e do Seu Rei. Os povos da
terra deveriam conhecer os feitos eternos do Senhor, assim como Sua glória, através
do Seu povo escolhido para que pudessem juntamente com Israel confessar que
Yahweh é Rei.

A chave para este entendimento encontramos no verso 9, quando Davi declara


que ‫“ טוֹב־יְה ָ֥וה ַל ֑כּ ֹל‬O Senhor é bom para todos...”. Sendo bom para todos, os Israelitas
como povo escolhido e que experimenta de forma intensa Sua bondade, tem a
responsabilidade de ser anunciador de Seus grandes feitos.

Calvino destaca que o Salmista enfatiza o fato de que Deus em “... sua
Paternidade e Clemencia, perdão dos pecados, e a sua bondade não tinha
discriminação, e Ele faz nascer o sol sobre os bons e sobre os maus.”6 Israel
experimenta as Obras do Senhor sobre o Seu povo, assim como Suas misericórdias.
Reconhecem a glória de Deus por Seus grandes feitos.

Não obstante, temos o conceito de Reino de Deus expresso também na aliança


divina com Abrão.7 Lendo atentamente a aliança abraâmica, podemos identificar
alguns quesitos relacionados a Reino:

Referência Texto Proposta de Reino


Farei de ti uma grande nação Uma grande nação aqui implica
Gn 12.28
necessariamente num reino.
À tua descendência dei esta Para haver um reino, é
Gn 15.18 terra necessário que haja a terra
onde este reino esteja
de ti farei nações, e reis Reis governam os grandes
Gn 17
procederão de ti Reinos

6
CALVIN, Jean, Commentary on the Psalms, Edinburgh; Carlisle, PA: Banner of Truth Trust, 2009
Logos Bible Software.
7
Creio que o tema poderia ser ampliado para os conceitos de domínio que Deus deu ao homem, como
no jardim do Éden (Gn 1.28), assim como para a aliança Moisaica, onde Deus declara que seu povo
será reino de sacerdotes (Ex 19.6) . Para este trabalho, me concentrarei somente no contexto da
aliança com Abrão.
8
Apesar do capítulo 12 não conter a expressão fazer aliança, deixei aqui registrado como
demonstração de que desde o chamado de Abrão, Deus já considerava a questão da multiplicação e
do Reino propriamente dito.
5

Percebemos, portanto, que tanto no chamado quanto nos textos que


expressam mais precisamente as alianças que Deus fez com Abraão, o quesito Reino
sempre esteve presente.

Dessa forma, podemos perceber claramente não só a perspectiva de Reino de


Deus no Antigo Testamento, mas o motivo pela qual Deus chamou, escolheu um povo:
para ser proclamador do Reino. Israel deveria, por ser escolhido e amado, anunciar
ao mundo todo o amor e a graça de Deus. Smith resume isso quando diz que

Israel foi escolhido para ser uma benção para as nações.


A única pressuposição lógica é que a eleição de Israel deve
de algum modo ser a resposta para a sina da humanidade.
O profeta, portanto, não está aprofundando uma doutrina
recém inventada quando proclama que Deus chamou
Israel para ser ‘luz para os gentios’ (Is 42.5-7).9

4. O REINO DE DEUS ANUNCIADO NO NOVO TESTAMENTO

O Reino de Deus é amplamente anunciado no Novo Testamento. Podemos ver


tanto João Batista como Jesus e depois seus apóstolos anunciando a verdade do
Reino. É também verdade que o mesmo desejo do coração de Deus, de que Seu
povo, agora a Igreja, continue a proclamar a verdade do Reino, alcançando o coração
de todos é encontrado nas páginas do Novo Testamento.

4.1 O REINO DE DEUS ANUNCIADO POR JOÃO BATISTA

O Reino de Deus é amplamente proclamado no Novo Testamento, começando


com o ministério de João Batista, no inicio dos evangelhos. João Batista, filho do
sacerdote Zacarias, anunciado pelo anjo Gabriel, tinha a missão de preparar o
caminho do Senhor Jesus (Lc 1.12ss). Lucas faz questão de mencionar que João é
cheio do Espírito Santo e que sua mensagem era cumprimento das palavras do
profeta Isaías 40. 3 – 5 (Lc 3. 4 – 6).

Como cumprimento da profecia Vétero Testamentária, a mensagem de João


tinha duas ênfases. A primeira era, de preparar o caminho do Senhor, envolvia
demonstrar que Jesus era o cumprimento final e o proclamador oficial do Reino. Os

9
SMITH, Ralph L, Teologia do Antigo Testamento: história, método e mensagem, São Paulo: Vida
Nova, 2001, p. 130.
6

evangelhos sinóticos fazem questão de demonstrar como João deu testemunho de


Jesus dizendo

11
Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas
aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que
eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará
com o Espírito Santo e com fogo. 12 A sua pá, ele a tem na
mão e limpará completamente a sua eira; recolherá o seu
trigo no celeiro, mas queimará a palha em fogo
inextinguível. 13 Por esse tempo, dirigiu-se Jesus da
Galileia para o Jordão, a fim de que João o batizasse. 14
Ele, porém, o dissuadia, dizendo: Eu é que preciso ser
batizado por ti, e tu vens a mim? Mt 3. 11- 14 (RA)

A segunda ênfase da mensagem estava intimamente ligada ao Reino. Sua


pregação incluía ἤγγικεν γὰρ ἡ βασιλεία τῶν οὐρανῶν10 Mt 3.2 (o reino dos céus está
próximo). Sua função de preparar o caminho do Senhor, cumprimento da profecia de
Isaías envolvia, portanto, o anúncio da chegada do Reino.

4.2 O REINO DE DEUS ANUNCIADO POR JESUS

Jesus, quando inicia seu ministério de proclamação, dá continuidade a


mensagem que João já havia introduzido no povo. Mateus deixa isso bem claro
quando apresenta a proclamação de Jesus no capítulo 4 como sequência direta da
pregação de João.

Conforme vimos acima, a mensagem de João dizia que o reino dos céus estava
próximo. Jesus, após seu tempo de tentação no deserto, quando retorna para Galiléia,
inicia sua pregação com as palavras ἤγγικεν γὰρ ἡ βασιλεία τῶν οὐρανῶν.11 (Mt 4.17)
Fica claro então que a pregação de Jesus continuava a pregação de João.

Jesus, porém, não era somente um proclamador do Reino, mas era também o
próprio Rei. Mateus faz questão de declarar quando apresenta Jesus como da
linhagem de Davi, a linhagem real (Mt 1.1). Ainda convém mencionar que em sua
apresentação do nascimento de Jesus, Mateus nos lembra da profecia de Isaías 7.14
e nos traduz o termo explicando que o nome do menino é Deus conosco (Mt 1.23).
Quando Mateus narra os visitantes magos do oriente que vieram adorar ao recém

10
The New Testament in the original Greek: Byzantine Textform 2005, with morphology. (Bellingham,
WA: Logos Bible Software, 2006), Mt 3.2.
11
The New Testament in the original Greek: Byzantine Textform 2005, with morphology. (Bellingham,
WA: Logos Bible Software, 2006), Mt 4.17.
7

nascido, a declaração dos mesmos é enfática: onde está o recém nascido rei dos
judeus? [grifo pessoal] (Mt 2.2).

Como Rei, sua proclamação autorizada está em anunciar ao povo tudo o que
o Pai havia ordenado. João deixa isso claro em seu evangelho quando diz a respeito
de Jesus “Porque eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou,
esse me tem prescrito o que dizer e o que anunciar.” (Jo 12.49).

O evangelho são as boas novas do reino de Deus. Goldsworthy diz que “... o
tema do evangelho tem relação com o Reino, e esse conceito de Reino não é algo
completamente novo ...”12 A pregação de Jesus a respeito de Reino dos Céus (reino
de Deus) é a confirmação da mensagem de esperança que o Antigo Testamento
proclamava. O Rei chegou e com Ele, seu Reino.

O Reino de Deus é chegado com Jesus. Isso fica claro quando Mateus
expressa a discussão de Jesus com os fariseus no capítulo 12. Quando os fariseus
afirmam que Jesus expulsou o demônio através de Belzebu, o chefe dos demônios
(Mt 12. 24), Jesus argumenta que se Satanás expulsa seus próprios demônios, seu
reino está dividido. Jesus, portanto o faz pelo Espírito de Deus e o Reino de Deus
chegou (Mt 12.28).

Com a passagem acima, podemos perceber que a proclamação do Reino por


Jesus estava ligada ininterruptamente com a manifestação do poder de Deus, pelo
Espírito de Deus, em seu Rei – Messias prometido.

A declaração de Jesus sobre o Reino de Deus é mais ampla que a de João,


pois apresenta não somente o Reino como chegado, mas o Reino chegou porque o
Rei está presente na Terra.

4.3 O REINO DE DEUS ANUNCIADO PELA IGREJA DO NOVO TESTAMENTO

Após Jesus ser assunto aos céus, os discípulos aguardaram a promessa da


descida do Espírito Santo, prometido por Jesus, para darem continuidade a
proclamação da mensagem do Reino.

12
GOLDSWORTHY, Trilogia, p. 101.
8

A promessa está descrita no texto de Atos dos Apóstolos 1.8 “... mas recebereis
poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em
Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra.” A descida
do Espírito Santo capacitaria a cada cristão a ser uma testemunha, um novo
proclamador da mensagem do Reino.

O livro de Atos é singular em apresentar o avanço da proclamação do


evangelho do Reino. Lucas, seu autor, apresenta como os discípulos de Jesus deram
continuidade na pregação do Reino, a começar de Jerusalém, focando os apóstolos
Pedro e João. Logo após, nos revela como a mensagem do Reino começa a se
espalhar através de Filipe, o evangelista. O ápice da proclamação do evangelho do
Reino acontece quando Lucas narra a chegada do apóstolo Paulo, missionário que a
partir da igreja de Antioquia, começa a levar a mensagem aos gentios, chegando a
Roma, capital do império.

Carlos Osvaldo em seu livro Foco e Desenvolvimento no Novo Testamento,


resumindo a mensagem central do livro de Atos nos diz que “A mensagem soberana
do Reino iniciada por Jesus encontra culminação autorizada em sua proclamação por
todo o mundo gentio.”13

A maior parte das cartas do Novo Testamento foram escritas para igrejas
gentílicas fundadas durante o avanço narrado no livro de Atos14. A mensagem do
evangelho do Reino de Deus continua sendo elemento importantíssimo em cada um
dos escritos. Minha intenção não é fazer uma lista exaustiva, mas demonstrar em
alguns textos como a mensagem do Reino continuava a reverberar nas igrejas do
Novo Testamento.

Para Paulo, o Reino de Deus fazia parte constante dos seus escritos. Podemos
ver em Romanos Paulo demonstrando que o Reino é “... justiça, paz e alegria no
Espírito ...” (Rm 14.17). Também declara que o Reino “... não consiste em palavras,
mas em poder ...” (1Co 4.20) de Deus. Paulo exorta a todos os que aceitaram o

13
PINTO, Carlos O. C., Foco e Desenvolvimento no Novo Testamento, São Paulo: Hagnos, 2008,
p. 199.
14
As cartas aqui mencionadas são as 13 cartas chamadas paulinas. As cartas conhecidas como cartas
gerais (Pedro, Tiago, Hebreus, João e Judas), foram em sua maior parte enviadas para comunidades
judaicas, como se pode notar pela expressão de início da primeira carta de Pedro “... aos eleitos que
são forasteiros da dispersão ...” (1Pe 1.1).
9

evangelho do Reino, que vivam “... de modo digno do evangelho de Cristo ...” (Fp
1.27), pois nossa cidadania é celestial (Ef 2.19).

Para o autor de Hebreus, da mesma forma, nosso testemunho é fundamental


para a proclamação do Reino de Deus. Ele diz que nós, que recebemos o reino
inabalável devemos servir a Deus de modo agradável, com reverência e temor (Hb
12.28).

Para Tiago, Deus escolhe pessoas para participarem do Seu Reino e serem
ricos em fé (Tg 2.5). Dentro do contexto de Tiago não fazer acepção de pessoas é
marca característica de todo cidadão do Reino.

Pedro declara que a salvação é a eleição de Deus de um povo para ser “ ...
sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de
proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa
luz ...” (1Pe 2.9).

Sem dúvida o Novo Testamento declara o Reino de Deus. Jesus promete o


Espírito para capacitar cada cristão a ser testemunha desse Reino, em palavras e em
ações. O Reino de Deus continua sendo proclamado por cada cristão.

5. CONCLUSÃO

O Reino de Deus é anunciado em toda a Bíblia. Desde o Antigo Testamento


pudemos ver o Reino sendo prometido em aliança; pudemos também ver o desejo do
coração de Deus de que Seu povo escolhido anuncie aos outros povos Seus grandes
feitos e assim seja um povo de proclamadores do Reino.

Ao analisarmos o Novo Testamento, observamos um aumento na intensidade


da proclamação da mensagem do Reino. João Batista vem para preparar o caminho
do Messias, proclamador e Rei.

Jesus não só dá continuidade a mensagem iniciada por João, mas a amplia


demonstrando que o Rei do Reino chegou. Toda possibilidade de se viver o Reino
está presente na Vida e na Obra de Jesus. Sabendo que não estará para sempre com
seus discípulos, Jesus promete Aquele que vem para capacitar seus seguidores a
continuar Sua Obra de proclamação, o Espírito Santo.
10

O Espírito vem no dia de Pentecostes, como narrado em Atos 2 e enche os


discípulos com o poder de Deus para testemunharem com ousadia a mensagem do
Reino, que se expande por todo império, chegando a todo o mundo. Vemos nos
escritos dos apóstolos do Novo Testamento a ênfase e que o Reino cresça e que cada
cristão viva de acordo com o evangelho do Reino.

Termino este trabalho citando o apóstolo Paulo quando ao escrever para a


igreja de Filipos resume o fato de que a proclamação do Reino deve continuar e que
isso deve ser alegria para todo cristão.

Todavia, que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer


modo, está sendo pregado, quer por pretexto, quer por
verdade, também com isto me regozijo, sim, sempre me
regozijarei. (Fp 1.18)
11

6. BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Sagrada: Almeida Revista e Atualizada. Barueri
SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.

CALVIN, Jean. Commentary on the Psalms. Edinburgh; Carlisle, PA: Banner of Truth
Trust, 2009.

GOLDSWORTHY, Graeme. Trilogia. São Paulo: Shedd Publicações, 2016.

KITTEL, Rudolf; RUDOLPH, Wilhelm. Biblia Hebraica Stuttgartensia. [s.l.: s.n.],


1997.

LADD, Georg Eldon. O evangelho do Reino: estudos bíblicos sobre o Reino de


Deus. São Paulo: Shedd Publicações, 2008.

PINTO, Carlos O. C. Foco e Desenvolvimento no Novo Testamento. São Paulo:


Hagnos, 2008.

RAHLFS, Alfred; HANHART, Robert; DEUTSCHE BIBELGESELLSCHAFT.


Septuaginta: id est Vetus Testamentum Graece iuxta LXX interpretes.
Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft, 2006.

ROBINSON, Maurice A.; PIERPONT, William G. The New Testament in the Original
Greek: Byzantine Textform 2005. Bellingham: WA: Logos Bible Software, 2006.

SMITH, Ralph L. Teologia do Antigo Testamento: história, método e mensagem.


Trad. Hans Udo FUCHS; Lucy YAMAKAMI. São Paulo: Vida Nova, 2001.

ZUCK, Roy B. Teologia do Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2016.


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