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O impacto da automatização industrial

O que mais se ouve nos dias atuais no que se refere as grandes indústrias é
sobre o aumento da automatização industrial e da nova tecnologia da indústria 4.0, a
qual seria o grande passo para uma nova revolução industrial. Mas o que seria a
automatização senão o aumento do uso de máquinas-ferramenta impossíveis de
serem controladas intelectualmente ou manualmente pelo funcionário?
Segundo David Noble, o impulso à automatização está associado à obsessão
da direção pelo controle dos trabalhadores. Essa tecnologia permite restringir a
participação nas decisões e no controle de produção por parte dos “colaboradores”,
diminuindo assim a qualificação necessária para exercer tal função e
consequentemente podendo reduzir o seu salário.
Para Noble, os engenheiros-pesquisadores não estão empenhados em
“destruir diretamente o povo” (2001, p.16), mas sim fazer seu trabalho da melhor
forma possível. Seus objetivos (que se aproximam muito ao que os seus patrões
propõem) são criar sistemas livres de erros humanos, sistemas esses que Noble
chama de “à prova de idiotas” (2001, p.23). Assim, “eles acabam reforçando as
relações de classe”. Segundo o autor, isso acontece porque os engenheiros têm
pouco contato com o mundo dos trabalhadores e durante sua carreira profissional
somente se comunicam com as pessoas que exercem o controle do processo
produtivo.
É relevante assinalar que mediante a implementação da automatização a
nível micro (cada parte afetada diretamente), o aumento da produtividade deverá
implicar em uma eliminação de postos de trabalho. Com essa eliminação há uma
sobrecarga na intensidade do trabalho, podendo provocar assim lesões e acidentes
segundo Pinto (2003). Qualquer máquina não somente substitui o trabalho humano,
como põe em marcha um trabalho em “ritmo máximo”.
Isso também deve ser examinado de forma mais ampla no plano
macroeconômico e macrossocial analisando todos os possíveis efeitos indiretos e
secundários no que se refere à elevação da demanda dessas mercadorias
produzidas com a nova tecnologia, como por exemplo a queda dos seus preços,
relativos à produção mais enxuta, e a expansão de atividades, bens e serviços.
O objetivo básico desse sistema é facilitar os processos produtivos, ou seja,
produzir bens com: menor custo, maior quantidade, menor tempo e maior qualidade.
A automatização se baseia na construção de sistemas que realizem tarefas que
somente o homem era capaz de realizar. O homem, nessa situação, precisa usar
cada vez mais o cérebro e cada vez menos os músculos. Consequentemente obriga
os profissionais a buscar novas especializações para o desenvolvimento de suas
atividades. A adaptação a novos postos de trabalho e a qualificação profissional são
condições primordiais para a sobrevivência no mercado de trabalho, segundo Silva
(2000, p. 15).
Com a aplicação desse novo sistema, é necessário arrumar novos perfis de
qualificação dos trabalhadores, tais como: experiência prévia, múltiplas habilidades,
conhecimentos gerais e comprometimento/ desempenho individual no trabalho. As
empresas passaram a buscar o que se pode chamar de “flexibilidade interna” para a
diminuição da rotatividade. Reduziram seus quadros e cada vez mais os
funcionários atuam em diferentes funções e ao longo de jornadas também variáveis.
O avanço do processo de automatização tem levado à desvalorização de uma
variedade de conhecimentos, tornando-os obsoletos e desnecessários aos que os
possuem, sem contar que ao substituir trabalhadores por máquinas há uma “grande
economia” por parte dos empregadores no que se refere aos custos pessoais e
sociais. Em geral, o aumento do desemprego acaba elevando o custo de formação
de cada trabalhador e a disputa desesperada por vagas de emprego, onde o
trabalhador não valoriza a sua própria qualificação.
Hoje em dia existem cada vez mais máquinas pensando sozinhas e menos
pessoas operando. A tendência é a automatização fechar mais vagas do que criar. O
que acontecerá com esses funcionários substituídos?

BIBLIOGRAFIA

NOBLE, David. La locura de la automatización. Barcelona: Alikornio, 2001.

SILVA, Sérgio Francisco. Automação Industrial Via Internet: Uma Abordagem de


Software Voltada à Pequena Empresa. Centro Universitário do Triângulo - Unit,
Uberlândia − MG, 2000

PINTO, Geraldo Augusto. Reestruturação produtiva e organização do trabalho


na indústria de autopeças no Brasil. Dissertação (Mestrado em Sociologia) -
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, SP, 2003

PINTO, Geraldo Augusto. A organização do trabalho no século XX: taylorismo,


fordismo e toyotismo. São Paulo: Expressão Popular, 2007a.

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