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Neste capítulo, estudamos basicamente a cinemática estudada no ensino médio, porém, com
conceitos mais aprofundados. Cinemática é o estudo do movimento de um objeto, sem saber a causa
deste movimento.
Estudaremos o movimento de uma partícula que se move numa reta, por exemplo ao longo
de x. Note que esta reta deve possuir uma origem, ou seja, é um sistema de referência. Em física,
quando chamamos um sistema de referência de inercial se ele está em repouso ou em movimento
retilíneo uniforme (MRU).
Tipos de movimento:
1) Ausência de movimento:
x t =constante
x(t)
2) Velocidade Constante:
x t =AB t
x(t)
t
3) Movimento acelerado (a velocidade se altera):
x t =AB tC t 2
x t =A cos t
xt
3.0
2.5
2.0
1.5
1.0
0.5
t
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
xt
1.0
0.5
t
1 2 3 4 5 6
0.5
1.0
Velocidade Média
Definição:
x x final −x inicial
v = = (1)
t t final −t inicial
Velocidade Instantânea
dx
v t =
,
dt
ou seja, a velocidade média é a derivada da posição com relação ao tempo. É a taxa de variação da
posição com relação ao tempo.
Exemplos:
1) Ausência de movimento:
x t =A=constante
dx
v t = =0 m/ s
dt
2) Velocidade constante:
x t =AB t
dx
v t = = B
dt
3) Movimento acelerado:
x t = AB tC t 2
dx
v t = = B2C t
dt
x t= Acos t
dx
v t = =−Asin t
dt
Movimento acelerado
v v final −v inicial
a = = .
t t final −t inicial
Note que agora estamos tratando da variação da VELOCIDADE com relação ao tempo.
Podemos também definir uma aceleração instantânea:
dv d 2 x
a t = =
dt dt 2
dv
a= ∫ dv=∫ a dt
dt
resolvendo as integrais da parte à direita, depois da seta:
∫ dv=v−v 0
∫ a dt =a∫ dt =a t −t 0
se chamarmos t 0=0 seg. , temos:
dx x t t 1
v t = ∫x dx=∫t v dt x− x 0=∫t v 0 a t dt x=x 0v 0 t a t 2
dt 0 0 0 2
v
onde no último passo usamos que 0 e a são constantes.
1 2
Se eliminarmos t na equação v=v 0at , e substituirmos em x= x 0v 0 t a t ,
2
encontraremos (façam esta demonstração!!!):
2 2
v =v 02 a x− x 0 .
Queda Livre
Um objeto, quando solto de uma determinada altura fica sujeito à aceleração gravitacional
apenas (sendo que estamos desconsiderando o atrito com o ar e demais forças). Vamos assumir que
o sentido positivo de y como sendo para cima:
Desta forma, temos que o corpo de massa m está sujeito a uma aceleração constante de
módulo igual a g, porém com sinal negativo (por quê o sinal negativo???). Assim, as equações para
queda livre são iguais às equações encontradas na seção anterior, porém o sinal da aceleração é
negativo.
Observação: Para sabermos se uma aceleração (que pode ser positiva OU negativa) está acelerando
ou freando um corpo, basta observarmos o sinal da aceleração: se o sinal da aceleração for o mesmo
da velocidade, estamos acelerando o corpo; se for contrário estaremos freando. Pense num objeto
sendo jogado para cima: na primeira parte de seu movimento – na subida, desde o início até o ponto
máximo onde a velocidade é zero – a velocidade é positiva, e a aceleração negativa, portanto neste
caso estaremos freando o objeto. Quando ele inicia o movimento de descida, tanto a velocidade
quanto a aceleração serão negativas, e a velocidade aumenta, estamos acelerando o corpo.
Capítulo 3 - Vetores
As grandezas físicas podem ser divididas em:
• escalares: estas grandezas possuem apenas um valor absoluto. Exemplos: massa,
comprimento, tempo, densidade, energia, temperatura, etc;
• vetores: estas grandezas, além de um valor numérico, devem indicar sua direção e seu
sentido. Exemplo: deslocamento, velocidade, aceleração, campo elétrico, força, etc.
Exemplo: A velocidade média (escalar) de um carro é de 50 km/hora. O deslocamento
(vetor) do carro é no sentido Florestal → Pará de Minas e possui aproximadamente 25 km de
módulo.
v
O módulo (note que o módulo de um vetor é um número, portanto um escalar) de v (o
'tamanho da seta') é representado por ∣v∣ ou somente retirando a seta em cima da letra: v . É
útil também definirmos o vetor unitário, que nos dá a direção e o sentido de v (vetor unitário
v v =v v
possui módulo igual a 1): v = .
v
A soma de vetores pelo método gráfico (que é mais complicado de se utilizar na prática) é da
seguinte forma: sejam os vetores abaixo:
b
c
a
a b=
A soma c , da forma como está na figura.
Propriedades de vetores
• a b=
Associativa: b
a =c
b a
c
a
b
• a
Comutativa: a
b c = bc . Fica como exercício mostrar isto graficamente.
Subtração de vetores
Para subtrairmos um vetor do outro, primeiro notamos que, ao multiplicarmos um vetor por
(-1), o módulo e a direção do mesmo permanecem iguais, porém o sentido se altera:
-v
a −b=
Assim: a −b . A subtração é uma 'soma', com o sentido de um dos vetores
alterado.
O método gráfico, visto na seção anterior, não é dos mais úteis para trabalharmos na prática.
Usamos normalmente a decomposição de um vetor em componentes, em relação a um sistema de
coordenadas.
vy
v
θ
O vx x
Na figura acima, o vetor v é completamente caracterizado pelas suas componentes v x e v y ,
onde:
v x =v cos
v y =v sin
NUNCA DECORE que a componente x de um vetor está ligada ao cosseno e a y está ligada ao
seno. NUNCA!!! Observe cada caso e calcule a componente corretamente!!!
Vamos definir também os vetores unitários i e j , que são os vetores unitários que
estão orientados segundo os eixos x e y, respectivamente.
y
^j
^i x
∣v∣= a 2x a 2y
ay a
tan = =arctan y
ax ax
a b .
Seja: s =
Esta é uma equação vetorial, portanto as componentes em cada lado da equação devem ser
iguais! Como exemplo, seja a seguinte equação polinomial (não é um vetor!!!):
a xb y=7 x−5 y . Temos que (ensino médio): a=7 ; b=−5 . A equação vetorial é resolvida
da mesma forma.
Portanto, voltemos à equação s =a b . Podemos sempre escrever os vetores como:
s =s x is y j
a =a x i a y j
b =b x i b y j
O resultado acima é muito importante. Ele nos diz que, ao decompormos vetores e
trabalharmos com equações vetoriais, podemos nos preocupar somente com as componentes. Nos
diz também que os eixos x e y são independentes, as componentes de um eixo não alteram o
resultado em outro eixo. Em linguagem mais grosseira: o que acontece em x não interfere no que
acontece em y. (Note que está afirmação é válida somente para eixos ortogonais, mas iremos aplicá-
la em 99% das vezes que trabalharmos em nosso curso.)
Exemplo: dois vetores de módulo a e b formam um ângulo entre eles. Prove que o módulo de
sua soma é: r = a 2b22 a b cos . (Dica: faça um desenho mostrando os dois vetores, e
decomponha um vetor 'sobre' o outro)
Vetores em 3 dimensões
z
az
θ a
k
j ay y
i
ax φ
x
No caso da figura acima, teríamos: a =a x ia y ja z k . TODAS as regras de vetores se
aplicam tanto para 2 dimensões quanto para 3 dimensões!!!
Exercício: Mostre que, na figura acima: a z=a cos ; a y =a sin sin ; a x =a sin cos .
Multiplicação de Vetores
Produto Escalar
a
φ
b
a . b=a x b x a y b y
Propriedades:
• Se e são dois escalares, então: a .
b =a .
b ;
•
a . bc =
a .c .
a . b
• Comutatividade: a . b=b .a .
Exemplo - Calcule o ângulo entre as diagonais de um cubo.
a = l (i + j + k ), b = l (i + j − k ).
a⋅ b a⋅ b
cos θ = , θ = arccos
ab ab
l
a = b = l 1+ 1+ 1 = 3l
a
l k b a ⋅ b = l 2 (1 + 1 − 1) = l 2
i j
l2 1
θ = arccos 2 = arccos = 70,5°
l 3l 3
Produto Vetorial
a e b é um novo vetor c =
O produto vetorial entre dois vetores a x b . O módulo do
produto vetorial é dado por: ∣c∣=c=a b sin , onde é o ângulo entre os vetores.
A direção e o sentido de c (o vetor resultado de um produto vetorial) é dado pela regra
da mão direita:
c
c
b
b
90
θ
90 θ
a
a
Observações importantes:
• c é SEMPRE perpendicular aos vetores que o formaram, no caso acima, perpendicular a
a e
b !!!
• No caso do produto vetorial A ORDEM DOS FATORES ALTERA O PRODUTO!!! Em
linguagem matemática, queremos dizer que o produto vetorial é anticomutativo:
a x b=−
bx
a
Exercício:
• Mostre que:
i . i= j . j =k . k=1
i x j =k ; j x k =i ; k x i = j
i . j= i . k = j . k =0
• a =a x ia y ja z k e
Mostre que, se b=b x i b y j b z k , então:
Da mesma forma como definimos posição (o 'lugar' que o corpo ocupa no espaço),
velocidade (a taxa de variação da posição em relação ao tempo) e a aceleração (a taxa com que a
velocidade varia no tempo) em uma dimensão (capítulo 2), iremos definir para 2 ou 3 dimensões. A
ideia é exatamente tomar todas as quantidades que são vetores (você consegue dar um exemplo de
uma destas quantidades?) e o raciocínio é exatamente o mesmo. Detalhe: como trabalharemos
com vetores, as equações são vetoriais e portanto, para nosso caso, sempre valerá: o que
acontece em x não interfere no que acontece em y, e vice-versa.
z
a
trajetória r v
x
Na figura acima, uma bolinha percorre a trajetória num espaço de 3 dimensões. Sua posição
é dada por r , sua velocidade é dada por v e sua aceleração é dada por a . A posição da
partícula pode ser escrita como r =x i y j z k .
d r
v =
dt
onde a equação acima é uma EQUAÇÃO VETORIAL, portanto ela nos dá (em 3 dimensões) o
seguinte:
v =v x i v y jv z k
d r d x d y d z
= i j k
dt dt dt dt
d r dx dy dz
v = 3 equações : v x = ; v y = ; v z =
dt dt dt dt.
Analogamente, a aceleração será dada por:
v
aceleração média : a =
t
d
v
a=
.
dt
d r dx dy
Solução: Temos que achar primeiro a velocidade. Temos que: v = ou v x = ; v y = ;
dt dt dt
para nosso caso: x=t 3−32 t e y=5 t 212 . Assim: v =3t 2−32 i10 t j . Agora,
dv
podemos achar a aceleração: a = =6 t i 10 j .
dt
Por aceleração constante temos que entender um vetor que não muda de módulo, sentido e
direção!!! Pense num exemplo físico de tal aceleração.
Sendo assim, a aceleração será dada por: a =a1 i a 2 ja 3 k , onde a 1, a 2 e a3 são
CONSTANTES!!!
Para este caso (aceleração constante), as equações cinemáticas possuem a mesma forma das
equações encontradas no capítulo 2, porém tratamos de vetores. Ou seja, supondo a posição inicial
de uma partícula como r0=x 0 i y 0 j z 0 k e a velocidade inicial como v0 =v 0x iv 0y jv 0z k ,
temos que:
v =v0a t
1 2
r =r0v0 t a t (Equações 1)
2
v . v = v0 . v02
a r − r0
Movimento de Projéteis
Ou seja, iremos lançar um objeto com velocidade inicial v0 , que faz um ângulo de 0
com a horizontal, e ele está sujeito apenas à aceleração gravitacional g
(que está direcionada no
sentido negativo de y).
Perguntas: (a) porque a aceleração está com sinal negativo? (b) porque a aceleração só possui
componente em y? (c) porque a velocidade inicial se decompôs como v0 =v 0 cos 0 iv 0 sin 0 j ?
Como NÃO há aceleração em x, a velocidade não varia, como era de se esperar. O movimento é
idêntico a um movimento retilíneo uniforme.
Em Y: (basta selecionarmos somente os termos em j ):
Exercícios:
g
y=tan 0 x− 2 2
x2 Equação 2
2 v cos 00
A equação acima mostra exatamente o que a figura no início desta seção nos mostra: que o
movimento do objeto é uma PARÁBOLA, com concavidade para baixo, se observarmos o
espaço y vs x.
3) Podemos também calcular o alcance máximo (R) alcançado pelo objeto, ou seja, a distância
R na figura do início da seção. Para isso, basta usarmos a equação 2 e acharmos a distância
em x que nos dá y=0 . Assim, mostre que o alcance máximo R é:
v 2o
R= sin 20
g
Dica: Lembre que 2 sin 0 cos 0=sin 2 0 .
Dica Geral: TODOS os exercícios de projéteis acabam caindo nas equações 1. Basta identificarmos
as condições iniciais!!!
Nas seções anteriores vimos que a aceleração é a taxa de variação da velocidade, correto?
Pois bem, como a velocidade é um vetor, a aceleração pode alterar tanto o sentido, a direção e o
módulo da velocidade. Ao estudarmos o movimento de um projétil, a aceleração (gravitacional)
alterava o módulo e o sentido da velocidade, em y, do projétil.
Nesta seção iremos estudar um tipo de movimento onde a aceleração altera a direção da
velocidade do objeto, mantendo o módulo constante. Chamamos este movimento de Movimento
Circular Uniforme (MCU).
Como exemplos deste movimento, podemos considerar (aproximadamente, claro): roda
gigante, globo da morte, Sonic girando num loop, uma curva grande numa estrada, etc. Sendo que
em todos devemos manter a velocidade (módulo) constante. Nesta seção, queremos encontrar o
valor – módulo – da aceleração que produz essa mudança na velocidade. Iremos chamá-la
aceleração centrípeta.
Seja a figura abaixo:
P1
r v1
θ
r
P2
v2
Na figura acima, r é o raio da circunferência (constante), o objeto se movimentou do ponto
P1 até o ponto P2, sento que neste movimento ele percorreu um ângulo na circunferência, e o
módulo da velocidade é o mesmo: ∣v1∣=∣v2∣=v (Note que a direção da velocidade mudou!!!). O
arco P1P2 tem comprimento igual à r =v t , isto é, a distância na circunferência percirrida pelo
objeto. Da última relação, temos que:
r
t= .
v
Da geometria básica, podemos ver que, na figura anterior (pense um pouco para chegar
neste resultado):
v2 θ v1
∆v
Desta forma, temos que (use apenas um dos triângulos acima e lembre que v 1=v 2=v ):
1
v=v sin
2 2
2 v sin sin
v 2 v2 2
Da definição de aceleração média, temos que: a = = = .
t r r
v 2
A equação acima já nos dá uma indicação do que aprendemos no ensino médio, que a
v2
aceleração centrípeta é: a c = . E agora, como proceder???
r
sin
Sabemos (pelo menos quem já fez Cálculo I), que: lim 0 =1 (Para quem ainda
não fez Cálculo I e/ou está duvidando do resultado do limite acima, pode pegar uma calculadora
científica e fazer as contas. Para até 10o o resultado é bastante satisfatório.)
r
Da equação t= , temos também que o limite em que t 0 é o mesmo que
v
fazermos 0 (Você consegue saber por quê?). Assim, para acharmos a aceleração instantânea
(que é a aceleração centrípeta que estamos procurando), temos que fazer o limite t 0 na
aceleração média (lembre-se da definição, lá no capítulo 2):
2 sin
v v 2 v2
a c =lim t 0 =lim 0 =
t r r
2
v2
a c=
r
Movimento Relativo
Quando estamos parados observando dois carros se movendo com velocidade constante
numa rodovia reta, um em direção ao outro, podemos medir a velocidade de ambos... vamos supor
que as velocidades dos carros 1 e 2 são, respectivamente: v 1=50 km/h ; v 2=−50 km/h (Porque a
velocidade do carro 2 é negativa?).
Agora, imagine que você é o(a) motorista de um dos carros, digamos do carro 1, e queira
medir a velocidade do carro 2. Você diria que a velocidade do carro dois é, em módulo, maior,
menor ou igual a 50 km/ h ??? Intuitivamente você sabe que a velocidade do carro 2 em relação à
sua velocidade, é maior em módulo que 50 km/ h . Nesta seção iremos estudar isto, ou seja, como
se relacionam as velocidades de objetos que se movem uns em relação a outros.
Vale notar que este problema foi um problema que 'quebrou a cabeça' de vários cientistas
durante muitos séculos, incluindo: Aristóteles e toda a escola grega, Galileu, Newton e Einstein.
Primeiro temos que definir um referencial inercial. Em física, chamamos por referencial
inercial o sistema de referência que está em repouso ou em movimento retilíneo uniforme. Por
exemplo, imagine na seguinte situação (aproximada e hipotética):
• Você está parado(a), sentado num banco de uma praça.
• Uma nuvem está se movendo com velocidade constante e em linha reta em relação a você.
• Um avião passa sobre a nuvem, se movimentando aceleradamente.
• Quais os referenciais inerciais???
• Você (que está em repouso) e a nuvem (que está em MRU).
Podemos esquematizar tal situação com os seguintes gráficos:
y y'
P
S'
S rPS'
rPS
x'
rSS'
x
Vamos identificar cada elemento da figura acima (cuidado com os índices):
• S é um referencial inercial, digamos que S está parado (você no banco da praça);
• S' também é um referencial, digamos que S' está num MRU em relação a S (nuvem em
relação a você);
• P é uma partícula que não necessariamente está com velocidade constante, ou seja, ela pode
possuir aceleração;
• rPS é a posição de P com relação a S (avião com relação a você);
• r PS ' é a posição de P com relação a S' (avião com relação a nuvem);
• r SS ' é a posição de S' com relação a S (nuvem com relação a você);
Sabemos também que S' (a nuvem) está se movimentando com relação a S. Portanto ela
possui uma velocidade com relação a S. Esta velocidade, CONSTANTE, é dada por:
d rSS '
vSS ' =
dt
Da figura acima (e do capítulo sobre vetores – método gráfico de soma de vetores), temos
que:
A última equação nos diz que: a velocidade de P em relação a S (avião com relação a você) é
IGUAL à velocidade de S' com relação a S (nuvem com relação a você) MAIS a velocidade de P
com relação a S' (avião com relação à nuvem).
Exercício: Tente pensar na equação acima com o exemplo dos carros: você está parado(a) numa
estrada reta (você = S). Dois carros (carro 1 = P; carro 2 = S') se movem com velocidade constante,
um em direção ao outro. Quais as velocidades relativas??? Faça também o caso em que os carros
possuem o mesmo sentido.
Agora iremos derivar a equação para as velocidades relativas ( vPS =vSS 'vPS ' )com
relação ao tempo. Assim, teremos:
Esta última equação é muito importante, pois ela nos mostra que as acelerações de objetos
que se movem com relação a REFERENCIAIS INERCIAIS são iguais!!! Quando estudarmos as
leis de Newton, iremos salientar que elas valem somente para estes tipos de referenciais (isto
também vale para a relatividade restrita de Einstein!). Você já pode ir pensando nisto... note que se
multiplicarmos a equação acima pela massa m do objecto, teremos exatamente a lei de força de
Newton ( F =m a ), e a equação acima nos diz que a lei de força é a mesma para referenciais
inerciais!
Antes de Newton pensava-se (ideia Aristotélica) que para um corpo se mover, ele necessita
sempre de uma “força” para gerar o movimento. Pensava-se também que o estado “natural” de um
corpo fosse o estado de repouso. Porém, a partir de observações (por exemplo, diminuindo o atrito
entre o piso e objetos que se movem nele), Newton chegou à seguinte conclusão3:
1a Lei de Newton: “Se nenhuma força atua num corpo, sua velocidade não pode mudar: ou ele
permanece em repouso ou em Movimento Retilíneo Uniforme”.
A aceleração é uma grandeza vetorial, a massa é uma grandeza escalar (não precisamos
dizer que um objeto possui 1 kilograma direcionado para cima ou para a direita). Como a força é
definida a partir da massa e da aceleração, ela também é uma quantidade vetorial: podemos atribuir
módulo, direção e sentido a uma força.
Uma característica importante de força é que elas obedecem ao princípio da superposição,
isto é:
Observação: As leis de Newton valem somente em referenciais inerciais, ou seja, que estão em
repouso ou MRU.
Massa
Massa inercial: característica de um corpo que relaciona a força sobre o mesmo com a
aceleração resultante. Novamente uma definição cíclica. Podemos definir massa como sendo a
quantidade de matéria em um corpo. Este conceito em física clássica (mecânica Newtoniana) é um
conceito aceitável, mas quando entramos no escopo da física quântica ou relatividade geral
esbarramos em várias dificuldades. Por exemplo, definir massa como quantidade de matéria em
relatividade é complicado, pois a própria massa de um objeto varia de acordo com sua velocidade.
Em física quântica temos outro problema: a própria definição de partícula se confunde com a
definição de ondas, que não são caracterizadas pela sua massa. Vamos assumir aqui o conceito
clássico de massa como sendo quantidade de matéria.
Observações:
• MASSA É DIFERENTE DE PESO!!! Um corpo de 1kg tem peso aproximado de 10 N na
Terra, um peso menor na Lua e um peso maior em Júpiter. Sua massa é a mesma nos três
planetas (e em qualquer lugar). Peso é força, massa é massa!!! :-)
• MASSA INERCIAL É IGUAL À MASSA GRAVITACIONAL. Em física temos dois
conceitos distintos de massa: a massa devida à inércia (cuja definição demos acima) e a
massa que constitui a “carga” da força gravitacional, a entidade responsável por atrair outros
corpos massivos. O mais interessante é que estas duas massas são iguais, e isto de forma
alguma é necessário para a teoria. Esta igualdade entre massa inercial e gravitacional foi o
“click” que deu em Einstein para começar a pensar na relatividade Geral.