Você está na página 1de 154

(3)

Acórdão
e
939Ementa
ADI
160
ášzy//zziâwâ %Zíâzzzz/ fifgém/
SERVIÇO DE JURISPRUDÊNCIA
D.J. 18.03.94
EMENTARIO NQ 1 7 3 7 - 02

15/12/93 TRIBUNAL PLENO

AO D RETA DE INCONSTITUCIONALIDADE E2 939-7 DISTRITO


FEDERAL

RELATOR: MINISTRO SIDNEY SANCHES


REQTE. : CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NO COMÉRCIO
ADVS. z BENON PEIXOTO DA sILvA E OUTRO
(nrgnmo REQDO. : PRESIDENTE DA REPUBLICA /
00100000 REQDO. : cONGRESSO NACIONAL Ni*-
09391000 ç
00000140

EMENTA: - Direito ConstitfiéiggšlíšyTributário.


Ação Direta de Inconstitucionalidade de Emenda
Constitucional e de Lei Complementar.
I.P.M.F.
Imposto Provisório sobre a Movimentação ou a
Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza
Financeira ~ I.P.M.F.
Artigos 59, § 29, 60, § 49, incisos I e IV, 150,
incisos III, "b", e VI, "a", 'TYU.'WY'‹e "d", da Constituição
Federal.
1. Uma Emenda Constitucional, emanada, portanto, de
Constituinte derivada, incidindo em violação à Constituição
originária, pode ser declarada inconstitucional, pelo Supremo
Tribunal Federal, cuja função precípua é de guarda da
Constituição (art. 102, I, "a", da C.F.).
2. A Emenda Constitucional n9 3, de 17.03.1993, que, no
art. 29, autorizou a União a instituir o I.P.M.F., incidiu em
vicio (na inconstitucionalidade, ao dispor, no parágrafo 29
desse dispositivo, que, quanto a tal tributo, não se aplica "o
art. 150, III, "b" e VI", da Constituição, porque, desse modo,
violou os seguintes princípios e normas imutáveis (somente eles,
não outros):
19 - o princípio da anterioridade, que é garantia
individual do contribuinte (art. 59, § 29, art. 60, § 49,
inciso IV, e art. 150, III, "b" da Constituição);
29 o princípio (na imunidade tributária recíproca
-
(que veda à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municipios a instituição de impostos sobre o patrimônio, rendas
ou serviços uns dos outros) e que é garantia da Federação (art.
60, 5 49, inciso I, e art. 150, VI, "a", da C.F.);
39 - a norma que, estabelecendo outras imunidades,
impede a criação de impostos (art. 150, III) sobre:
"b"): templos de qualquer culto;
"c"): patrimônio, renda ou serviços dos partidos
politicos, inclusive: suas fundações, das 'entidades sindicais
dos Itrabalhadores, das instituições de educação ea de
assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os
requisitos da lei; e
_ "d"): livros, jornais, periódicos e o papel destinado
a sua impressão;
3. Em conseqüência, é inconstitucional, também, a Lei
Complementar n9 77, de 13.07.1993, sem redução de textos, nos
pontos em que determinou a incidência do tributo no mesmo ano
(art. 28) e deixou de reconhecer as imunidades previstas no.
art. 150, VI, "a", "b", "c" e "d" da C.F. (arts. 39, 49 e 89 do
mesmo diploma, L.C. n9 77/93).
zyfšfyésffzzø Êzáfizz/ 'ga-aéíc/ 1 61

ADI 939-? nz
Q.

4. Ação Direta de Inconstituäcší julgada


procedente, em parte, para tais fins, por maioria, nos termos
do voto do Relator, mantida, com relação a todos os
contribuintes, em caráter definitivo, a medida cautelar, que
suspendera a cobrança do tributo no ano de 1993.

fl~

#fl
IO
IU
IO
IM

IW
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam

os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária,

na conformidade da ata do julgamento e das notas taquigraficas,

por maioria de votos, em julgar procedente, em parte, a ação,

para declarar a inconstitucionalidade da expressão "o art. 150,

III, "b" e VI, nem", contida no § 29 do art. 29 da E.C. nsz

03/93, vencidos, em parte, os Ministros SEPÚLVEDA PERTENCE, que

declarava a inconstitucionalidade, apenas, da expressão "e VI",

o Presidente (Min. OCTAVIO GALLO'I'TI), que declarava a

inconstitucionalidade da mesma expressão "e VI", mas apenas

quanto à alínea "a" do referido inciso, e o Ministro MARCO

AURÉLIO, que -declarava a inconstitucionalidade de todo o art.

2g e seus parágrafos da mesma Emenda Constitucional. Em

conseqüência, quanto a Lei Complementar ng 77/93, o Tribunal,

por maioria, declarou a inconstitucionalidade do art. 28, na

parte em que permitiu a cobrança do tributo no ano de 1993,

vencidos, nesse ponto, os Ministros SEPÚLVEDA PERTENCE e

Presidente (Min. ocTAvIo_ cALLoTTIƒ. Ainda, gun: maioria,


declarar a inconstitucionalidade, sem redução de textos, dos

ar-tigos 39, 42 e 89 do mesmo diploma (L.C. n'E 77/93) por

haverem ~deixado de excluir, da incidência do I.P.M.F., as

pessoas jurídicas de Direito Público e as demais entidades ou

empresas referidas nas alíneas "a", "b", "c" e "d" do inciso VI

do art. 150 da Constituição Federal. Nesses pontos, ficaram


zgãgfiíówm %Zímóz/ giga/âm/ 16 2

vencidos, em parte, o Ministro MARCO AURÉLIO, que declarava a

inconstitucionalidade de toda a L..C. 119 77/93 e o Presidente

(Min. OCTAVIO GALLOTTI) que declarava a inconstitucionalidade,

sempre sem redução do texto, dos dispositivos legais referidos,

apenas no ponto em que deixaram de excluir as pessoas jurídicas

de Direito Público referidos no art. 150, VI, "a", da

Constituição Federal. Finalmente, por maioria, tornar

definitiva a medida cautelar de suspensão da cobrança do


I.P.M.F., no exercicio de 1993, vencidos, nessa parte, os

Ministros SEPÚLVEDA PERTENCE e OCTAVIO GALLOTTI, que a

revogavam. Falaram: pela requerente, o Dr. BENON PEIXOTO DA

SILVA e pelo Ministério Público Federal, o Dr. ARISTIDES

JUNQUEIRA ALVARENGA, Procurador-Geral da República.

Brasilia, 15 de dezembro de 1993.

\
OCTAVIO GALLOTTI - PRESIDENTE

. U
W
SYDNEY SANCHES - RELATOR
(10)
Relatório
wtf/mm' Êj/I'Iázøm/ :Q/"rfzé'm/

163
TRIBUNAL PLENO

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Ni 939-? DISTRITO


FEDERAL

RELATOR: MINISTRO sYDNEY sANCNEs


REOTE. z CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NO COMERCIO
ADvs. z EENON PEIXOTO DA sILvA E OUTRO
REODO. PRESIDENTE DA REPÚBLICA
REQDO. I CONGRESSO NACIONAL

01737020
00180000
09392000
00000280

0 SENHOR MINISTRO SIDNEY SANCHES: -

l. O ilustre Subprocurador~Geral da República, em

substituição, Dr. PAULO DE TARSO BRAZ LUCAS, no parecer de fls.

266/278, resumiu a hipotese e, em seguida, Opinou, nos termos


seguintes:

"1. Trata-se de ação direta de


inconstitucionalidade ajuizada pela Confederação Nacional
dos Trabalhadores lu) Comércio-CNTC (uma o objetivo
declarado cha impugnar I) "Imposto Provisório sobre
Movimentação Financeira (IPHF), instituído pela Emenda
Constitucional na 3 e Lei Complementar nu ?7/93".
2. Formalizada funu demonstração Ikë muito
apreço pela boa técnica juridico-processual exigida para
dedução de pedido de controle concentrado de
inconstitucionalidade, a ação foi proposta em face da
União Federal, com protesto pela produção de provas e
formulação de pedido não só de citação desta para
oferecer contestação 'Hana pena the confissão £2.revelia",
como também (ha sua condenação ãi devolução (ka todas as
parcelas já recolhidas (acrescidas de correção monetária
e fiuros) e ao pagamento de custas, despesas e honorários
advocatícios.
3. Segundo afirma ii requerente, logo após
transcrever o art. 150, caput e. inciso III, alinea "b",
da Carta Magna em vigor, I) referido "TRIBUTO, ao ser
instituído, feriu o consagrado EBINÇIRÂQ DA
ANÍEEIQRIDADE", afrontando igualmente os princípios IMI
rük) cumulatividade, th: equilílnür) orçamentário, da
capacidade contributiva e aquele que veda a bitrilmtaçao
do contribuinte. De resto, tal como pode ser inferido da
transcrição da alinea 'Hr' (indicada erroneamente como
alinea "a") do inciso 'VI ck) supracitadn _artiqo,
vulneraria a garantia de imunidade de impostos instituída
em favor ck) patrimônio, renda (ni serviços dos rmrtidos
políticos, inclusive saum; fundações, Ike; cntidades_

' "T .101001


tz'yâ'fwm w'á'fim / íWÇYÁ/rz /

ÀDI 939-7/DF

sindicais dos trabalhadores, das insti'


e de assistência social, sem fins l crativos.
4. Distribuído c) feito-zu) Exmo. Sr. LHJL
Sydney Sanches, submeteu S. Exa. o requerimento de medida
cautelar ao Plenário desse Colendo Tribunal, que
proferiu decisão com o seguinte teor:
"Por maioria de votos, o Tribunal
rejeitou a preliminar de inépcia da inicial,
suscitada pelo Ministro Carlos Velloso, vencidos
S. Exa. e o Ministro Ilmar Galvao. Ainda por
votação unânime, o Tribunal excluiu do processo a
União Federal, 1mm: ilegitimidade pmssiva (L em
conseqüência, a parte do pedido que contra ela se
deduziu. Votou o Presidente. Em seguida,
conhecendo, em parte, da ação, o Tribunal passou
ao exame do requerimento de medida cautelar,
deferindo-a, pelo wsnx: medio, ¡uuxi suspender,
até 31.12.1993, os efeitos do art. 2° e: seus
parágrafos, rki Emenda. Constitucional rfl 03, ch:
1?.3.l993, bem como da Lei Complementar nn ??, de
13.?.1993. Vencidos, em parte, os Ministros
Marco Aurélio e Celso de Hello, que deferiram em
maior extensão a cautelar, nos termos enunciados
em seus votos: e os Ministros Francisco Razer.,
Moreira Alves e Presidente (Min. Octavio
Gallotti), que a indeferiram. Ressalvou, ainda,
o Tribunal, que, não podendo ser pronunciada, até
.31.12.1993, a decisão definitiva, serao os autos
trazidos a Plenário, pelo Relator, em questão de
ordem, [anal que-su: delibere Eunnwê a subsistência
e se reavalie a extensão da medida cautelar."
5. Solicitados ru; informacoes the praxe,
prestaram~nas o Exmo. Sr. Presidente do Senado atraves do
ofício de fls. 54/55 Eizo Exmo. Sr. Presidente da Camara
rks;.eutados Ian: meio (k) ofício (ki fls. 57/64, este
último acompanhado dos documentos de fls. 65/165. as duas
ilustres autoridades citadas iimitaran-se, como lhes
competia, a discorrer sobre os aspectos formais dos atos
legislativos impugnados.
6. O Exmo. Sr. Presidente da República, por
:mui vez, encaminhou :1 mensagem tki fls. 16?, devidamente
acompanhada, a: titulo rh: informacoes, (ki expediente de
fls. 169/1'26, elaborado pela .advocacia Geral. da uniao,
que o reforçou anexando (na subsídios de ordem jurídica
oferecidos pela Procuradoria Geral da Fazenda. Nacional
(fls.1?8/262), por determinação do Exmo. Sr. Ministro de
Estado ck] Fazenda (fls. l??) e cmi conformidade :uma o
disposto no Decretofllei nn l4?, de 03.92.G?. As duas bem
lançadas peças iurfdicsu: abordaram. todosI os aspectos
relevantes atinentes amu: vícios ras? tem ruin) imputados
aos atos legislativos impugnados, dedusindo diversos
argumentos (amu o objetivo de demonstrar a improcedência
da presente acao direta de inconstitucionalidade.
Os autos foram remetidos a esta
7
Procuradoria Geral (ki República, para parecer, em
cumprimento ao r. despacho de fls. 26".
ü. U primeiro ponto a ser aqui examinado
a questao da legitimidade ativa da requer ente.
refere-se
,Wøiwfi ÊÍzfÁ/m/ 1%; 5m/ 1E5

[w
ADI 939-7/DF
I
l

'Ôoi
Tratando-se, como Em: trata, (k: coníedãršgggfíindioal e
estando atendido o disposto rn) art. 103, inciso IX, da
Constituição (nn vigor, ¡anunnu vicio :1 respeito pode ser
apontado.
e. Quanto ao exame dos requisitos formais da
petição inicial, cabe apenas a observação de que a
requerente somente pediu ao final que fosse "declarada a
inconstitucionalidade da lei que institui o Imposto
Provisório sobre Movimentação Financeira~IPHF", nada
dizendo explicitamente sobre :1 Emenda Constitucional nq
3, (ka l?.3.1993. Ora, rm: esta run) foi impugnada, esse
Colendo Tribunal não pode, em princípio, declarar a sua
inconstitucionalidade, por extrapolação dos limites
explícitos do poder de revisão. E isto constitui o
pressuposto logico necessario para que se possa exercer o
controle ck: constitucionalidade Ena relação à) Lei
Complementar nu 7?/93. Daí decorre que o pedido da
requerente, tal como íormulado, é juridicamente
impossível, sendo inepta a sua petição inicial. Ou, na
melhor (kn: hipóteses, estariin previa :z necessariamente
configurada a improcedência da ação-
lu. Qualquer (sua seja ai solução cam: esse
Colendo Tribunal venha a: adotar, até porque já rejeitou
preliminar de inépcia suscitada pelo Exmo. Sr. Min.
Carlos Velloso, cumpre neste parecer que se adentro no
exame do mérito 11a acão, procedendo-se como se nenhum
impedimento houvesse para tanto.

11, A ¡emmnhi Constitucional 11” 3/93 discos


sobre o IPMF nos seguintes termos:
"Art. 2" a União podera instituir,
nos termos de lei comple mentar, com vigência até
de dezembro de 1994, imposto sobre
31
movimentação ou transmissão de valores e ue
credi tos e direit os de nature za finan ceira.

§ il" :E alíquota (h: imposto ak: que


trata este artigo não excederá a vinte e cinco
centésimos por cento, facultado ao Poder
ou
Executivo reduzi-la ou restabelecãflla, total
nas condi coes e limite s fixado s em
parcialmente,
lei.

ii 2° fu) imposto (hi que inuflxi este


VT,
artigo não se aplica o artigo 150,11I, "b", e
nem o dispositivo do .§ 5" do artigo 153 ua
Constituição.

§ 3° o produto chi arrecadação rn)


imposto de que trata este artigo não se encontra
sujeito a qualquer modalidade de repartição com
outra entidade federada.

5 4° IR) produto (ki arrecauacão mk)


imposto de que trata este artigo serão destinados
custeio de programas de
.vinte por cento para
habitação popular . "

l2. A se? admitir, embora :1 requerente nada


que a referida Emenda Constitucional seja
mencione, sao
ãl Carta lkmnnl em vigor , qualq uer discus
contraria

.I'JIJJ'JT
cz'y'í/Vzw? ÍJ/rf-flzrfiífi/ y:r¿r/fff¿/I 166
ADI 939-?/DF

A
,f

(wi `
plausível E1 respeito snnmnnxa pode1teífñ;;;;?objeto, in
casu, (J disposto rm: § 4" «ha art. tn) desta última, que
estabelece os limites explícitos ou expressos do poder de
revisão, ou se se preferir as cláusulas pétreas ou
garantias de eternidade. A referida norma tem o seguinte
teor:
"AFE.GU..........................................
'ÇIÍIQIÇCIIIII'llllliflg'-.II'I'III-IGQIIIIII-iiilllpfl

§ 4* Não sera objeto do deliberação a proposta de


emenda tendente a abolir:

I - a forma federativo de Estado:


II ~ o voto direto, secreto, universal e
periódico:
III H a separação de Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais."

13. Tendo em vista as considerações lançadas


pela requerente, ha (nua se deduzir que, houvesse ela se
preocupado em fundamentar adequadamente (J seu. pedido,
teria apontado a inobservância exatamente do inciso Iv
acima transcrito. A Emenda Constitucional nu 3/93, no que
se refere ao IPHF, não poderia subsistir por se tratar de
emenda tendente a abolir direitos e garantias
individuais. Em suma, o poder constituinte derivado due a
editou não poderia, como fez, excluir a aplicação, ainda
fans transitorianmunua, quer'cha principio aki anterioridade
( art. 150, III, "h", da CF), quer do direito ou garantia
de imunidade de impostos de que gozam, quanto ao
patrimonio, renda cn: servicos, cn; partidos politicos e
respectivas fundações, as entidades sindicais. dos
trabalhadores ra as instituições de educação e de
assistência social :msn fins lucrativos (f art. 150, VI,
"e", da cr 3.
14. _ Por outro lado, a referência aos princípios
da não oumulatividade e da vedação de bitributaeão devo-
se presumir que diqa respeito ao disposto no art. 154, I,
da CF. E a mencão ao principio do equilibrio
orçamentário pode ter a ver com o disposto no art. 16?,
Iv, da CF, considerando que o art.2=, ä áfl, da Emenda n°
3/93 destinou 20% do produto da arrecadação do IPHF para
o custeio de programas de habitação popular.
15 De resto, Inn) se mostra impertinente,
apesar ck) completo silencio (nl requerente al respeito,
também abordar nesta oportunidade a questão atinente a
vulneracão da cláusula petrea de que trata o inciso I do
H 4" (na art. (HJrhi Constituição lknnnvfld Toria sido o
princípio federativo de alqum modo conspnrcado com a
derrodacão transitória da norma constitucional
qarantidora da imunidade recíproca, que favorece a
União, Estados, Distrito Federal, Municipios e
respectivas autarquias e £undações instituídas e mantidas
pelo Poder Público ?

JG. A sorte, portanto, já esta lanoada, não


havendo como deixar de ir avante, na busca de uma solução
adequada para todas as questoes acima delineadas. Não e
preciso dizer muito a respeito da magnitude de semelhante
missão. Como afirma c) conhecido jurista portugues Joree
Miranda, em sua conhecida obra "Manual de Direito
Constitucional ( Coimbra Editora, Limitada, 1988, E'
edição, revista, tomo II, pau. 165), "o sentido a
tgá/äfííffi ÍJ/:i'áffifi/ gšfíídf 1 6 7
ADI 939*7/DF _ 5

conferir aos limites materiais da réviššzbzzšítitucicnal


tem sido uma vaexata questio que há cerca de cem anos
divide os constitucionalistas".
1?. E as dificuldades, para quem não se deixa
escravizar' pelos dogmas e ideologias, embora os
possua,
e nem cultivo (me modo absoluto as certezas que só os
deuses podem ostentar, estao presentes em cada passo que
se de, assumimma as mais variadas formas. Em sua obra
"Direito Constitucional" í Livraria Almedina, Coimbr
a, 4'
edicao, 1989, pág. ?50), outro mestre portugues, Jose
Joaquim Gomes Canotilho, suscita com precis
ao aquele que
ele_ considera o verdadeiro problema levantado pelos
limites' materiais do poder de revisão. Talvez melhor
seria.‹que 'tivesse se referido ao "primeiro 'verdadeiro
problema". Eis o que ele nos ensina:

"Sera defensável vincular gerações futuras


. a idéias aki legitimacäo e :1 projectos politicos
que, provavelmente, 'já não serão os mesmos que
cantaram o legislador constituinte ? A.resposta
tem de tomar em consideração a verdade evidente
de que nenhuma constituição pode conter a vida, o
processo histórico, e, consequentemente, as
alterações constitucionais, se ela 'ja perdeu a
sua forca normativa. Mas ha também que assegurar
a possibilidade de as constituições cumprirem a
sua tarefa e esta não e compativel com a completa
disponibilidade ra: constituição fxflis; orgãos rn:
revisao. nesignadamente, quando o orgão de
revisão e o orqñc legislativo ordinário, não deve
hnnalisar-se a sujeição da lci fundamental a
disposição de maioria parlamentares <<de dois
terçosb>."

18. E nao se pode olvidar a grave advertenfiífl


de Pontes de Miranda ( Comentários a Constituição de fee?
com. a Immnnki rfl 1 de 1969, 3* ed., Rio tn: Janeiro,
Forense, lvü?, 13mm) III, pag. 145 ) :na sentido de qme
"Constituição que se impõe ao tempo e esse nao lne
conseoue corroer os textos, ou altera-los em discussao
normal, é Constituição que so deixa ao povo, ou as
gerações que nela não vêem solucao para os seus destinos,
o recurso da revolução"
19. Todas esmas; considerações podem parecer
deslocados do contexto em que se situam as questoes
jurídicas aqui postas, concretamente, a reflexão e
decisão desse Colendo Tribunal, mas elas tem uma virtude,
que e a de realçar a tensão dialética existente entre o
ideal de estabilidade, de um indo, ea o anseic› de
evolução» progresso ou mesmo de simples adaptação .a
realidade concreta dos fatos sociais, politicos e
econômicos, ck: outro. 15 como ninguem esta :hmnuz ao
efeitos (R1 contemplação the semelhante fenomeno, pode-se
perfeitamente supor (uma as reações que ele provoca não
são :neutras, mas assumem Lmi peso considerável no
espírito de quem quer que tenha que se defrontar' com a
tarefa de proceder, atraves da interpretação, a
concretização da constituição.
20. Como interpretar a norma do 5 4° do art.
GD da Carta Magna em xüifin?'? Qual o sentido, alcance e
extensão de cada um dos limites materiais postos em seus
xy'iáféwn ÚLÂHM/ ÃÕJÍZÁM/ 16 8

IC!
ADI 939r7/DF
f _/

mw
quatro incisos i ? Como atingir o pontof/fi/ƒfl?
de equilibrio no
qual :i.Constituioão nem fique tao engessada, ao ponto
de servir de argumento para rupturas tão do agrado dos
raqicais, nem fique ãi merce tm: maioria ocasionais ou
sujeita a pseudo-razões fundadas na suposta gravidade de
proclama-'is meramente circunstanciais, que muitas vezes
estimuiam e Enxnnxnnu pruridos In: sentido de mudanças
injustificaveis e irretletidas, que nem dao oportunidade
as normas constitucionais modificadas de serem postas
a
prova ? Eis a questão fundamental.
21. In casu, a Emenda Constitucional n" 3/93,
ao tratar do IPMF, não impôs alterações ao texto
permanente cn: Carta Magna (ni mesmo ck) respectivo ÀDCT.
Apenas subtraiu um imposto transitório, cuja instituição
autorizou, da regência de determinados principios e
normas que em regra limitam o poder de tributar. Para a
maioria (k: contribuintes çnnuni destaque :1 discussão em
torno do principio da anterioridade. Seria tal principio
uma garantia individual do tipo que o § 4” inciso iv,
do art. 60 da CF cobriu com o manto da imutaoilidade ?
Teria algum relevo :1 natureza excepcional e transitória
da derrogacäo do principio citado ?
22. Esta última indagação não parece que
ofereça maiores dificuldades. Até intuitivamente Se pode
chegar à conclusão de que não faz sentido admitir que um
originário considerou
princípio'ffl“3<3 PUÚEF Cüflstituintepara
de importancia transcendente, a identidade e
preservação th: SU” (HHTH Pofiäflz ainda (DHB minimamente,
ser mutilüdü Pelo poder constituinte derivado ou ue
revisão' OU: se não mutilado, artificiosamgnte
Contornadof Ênffflquüüídü (mi diminuído :nn seu âmbito de
aplicacao c eficácia.
, por
23' Tümpüuüfi ¡Huflflna ser significativa
outro lado, :1 circunstância, que muitos têm ressaltado,
de ter o ¬proprio poder' constituinte oriulnaricr aberto
exceções quanto ao princípio da anterior'Lumix-:s,çqui'inno,l no
fi 1° ak) art. 150, dispôs (nur a vedação do incrsc 111,
"b", do mesmo artigo "não se aplica aos _impostos
previstos nos arts. 153,I, II, IV e V, e 154,11", todos
da mesma Carta Magna. Ora, rfin›‹§ porque, ao delinear
determinado principio considerado transocnüüflte, o poder
constituinte originário abriu exceções, que se lui oe
considerar o poder de revisão também autorizado a fase?
lo, pmincipalmonte cnuuuk) semelhante rwancípio foi
fauna: as chamad as "cláus ulas
fiflprflfiflflmflfltc inseri do
: P
potreas".
24. Na busca da soiucño do problema em oaimí,
dos círculos Éicioeoa.
deve*se,tentar sair das armadilnas
ssão a ques tao das chamadas tvieàlaçoãã
Sem trazer a discu
ponto dg: ¡àar ¡tallqaü
implícitas", pode-se afirmar como ce unlšme; elo
rmin ado prin cipi o Pare
não e porque dete onto co eítot
intérprete que. ele deve ser 'considerado
tec1do pelo `_ Sons rpui¬v
manto aki imutab-ilidadei äè
originário com os fios vasiveis das äeggtoízroxgëñfiëà
prin cipio so r [le šoqš íbilíd núü th?
Ao contrario, c)
rh: afericao ai f o 1'_L() div
fundamental, para .fins
estiver fã) a›n;3 às
ser alterado, Em; efetivamente
definidasé pelo- reíeíi o ¡Íëíugíto,
“cláusulas petreas" a 'Êpš uè
possa chegar a qualquer conclusao
para que se
eaame dos Ffefei o q
tem-se, obviamente, que partir do expiessas.
coes
definem e.estabelecem as tais veda
óãflmw flãfiwfifgäáw/ 169
Í 7
ADI 9219-7/01?

ON
25. . I lx questão :nn torno ck) principio nha
anterioridade está relacionada com o preceito do § 4°,
inciso IV, rh) art. 60 (na CF, que xmnkl a deliberacãe de
proposta do emenda tmnlonto n abolir os direitos o
garantias individuais. Mas, aíinai de contas, quais
seriam especificamente estes direitos e garantias
indLviduais? Ora, da Constituição consta todo um
título (Ii) dedicado aos direitos e garantias
fundamentais. [Hei esta subdividido Em] 5 capitulos dos
Quais' c) primeiro trata nas; direitos E; deveres
individuais (é coletivos, o :umnnuka cuida ckx; direitos
sociais, o terceiro dispõe sobre a nacionalidade, o
quarto enumera os direitos politicos e o quinto anuncia
os principios :uma devem governar cu: partidos politicos.
Sera que tudo que ai esta, sendo expressão de um direito
ou garantia individual, deve ser considerado insuscetivel
de Imodificação ou abolição pelo poder constituinte
derivado? Direitos ou garantias previstos em outros
títulos estariam nesta mesma situação?
2o. Uma resposta afirmativa a tais indagacoes
nao parece plausível, pois isto significaria a quase
completa eliminação do poder de revisão. Deixar a
solução subordinada ao exame de cada caso concreto, a
valoração do direito ou garantia que, em um dado momento,
estiverem sendo cogitados, tampouco merece aplauso.
Conforme anotou Canotilho na obra acima citada, Forsthoff
moveu uma cerrado critica a chamada jurisprudência
valorativa, alertando para os "perigos da insegurança da
constituição, rua dissolução chi Itú. constitucional numa
casuística interpretativa, earecida de 'racionalidade e
evidencia, e onde os juizes deixam de estar sob a
constituição para passarem :1 donos da mesma
constituição".

27. E e o proprio Canotilno quem pontífice com


a seguinte e magistral lição:
"É evidente que numa constituição
ü ideoioqias,
rn; valo res e zu;
compromissoria, no texto
ou implicitamente plasm adas
expressa s
oriun das de vario s quad rante
constitucional, são à
s. Nela se enco ntram ideia s caras
politico ck:
r: à 'teor ia pmd itica
doutrina jusnaturalistn
nela se
democracia representativa e parlamentar:
inspirações nun; mode los ck; Estado
detectant
bstan ciam algun s princ ipios
social: nela sua consu
adores das cons tituiç ões socia listas . Por
inform e
as soluções concretas devem encontrar~s
isso,
da constituição o não fora, numa
dentro
hipotética ordem de valores. O texto da norma, o
norma e o âmbito da norma
programa da
da relativa unidade de
constitucional, dentro
hierárquicofinormativo da constituícão,
sentido qualquer
as traves mes tres para
serão ."
onc retiz açã o da con stitu ição
interpretaçãoflc
Carta Magna
28. Do art. 5°, caput, da vigente
mes tres de que fala o renomado
podesse extrair as travas ou, para usar a
jurista português. o núcleo imutável
Pon tes de mira nda , o cerne
expressão utilizada por
fi 4", inciso lv, do art. GU
de que trata o
inalteravol dos dlreitos e
Constituição Federal e composto
da E1 vida, ãi
fun! dignnl respeito diretamente
Garantias r: que, ali, no
liberdade, à: igualdade caãä propriedade,
c¶øhwm :BI/.LÁHM/ 3%;¡24
110/ 17O
ADI 939-7/DF

caput do citado art. 5°, vem reforçados”š;:/:š: cláusula


de inviolabilidade. A referência, no art. 34, VII, "h",
aos direitos (nl pessoa Innmnni como principio sensível
auxilia a firmar ainda mais essa linha de raciocínio. E,
Inn? outro lado, e exatamente (1 carater› universal E:
intemporal destes direitos e garantias, ligados mais
estritamente as esferas biológica, psicológica o
espiritual do seu: humano (cnnn exceção talvez nha direito
de propriedade, se considerado sob um prisma
absolutista), que, estando livre de maiores
controvérsias, provavelmente inspira o constituinte
originário a inserlfilas entre as cláusulas pétreas.
29. É verdade que cainnma em muitos aspectos
mereceria sun? melhor' explorado E3 desenvolvido :nn suas
amplas implicações, o que so e possivel alcançar apos um
longo e exaustivo processo de pesquisa e reflexão. nas,
nos limites (ki questão-annii posta concretamente, a rota
observada não parece conduzir a erro. O princípio da
anterioridade, por tmais. 'valioso (nn: seja para c:
contribuinte, não está ligado estritamente às esferas
biológica, psicológica e espiritual do ser humano. E nem
possui um caráter universal e intemporal. Não se
caracteriza, pois, como um direito ou garantia individual
que, na forma do art. 60, § 4°, inciso IV, da CF, seja
insuscetivel de modificação, suspensão ou abolição.
30. Igualmente dificil é extrair de uma simples
expressao como "forma federativo de Estado", inserida no
inciso I do 5 4° do art. GU da CF Í todas as
I I' .
potencialidades (na: justificaram :1 elevação do
Princípio (nas nela :se manifesta ãx condição (na materia
indisponível pelo ¡mnknrcna revisão. Mas felizmente não e
necessario aqui aprofundar tanto no exame ou na pesquisa
dos elementos conceituais que constituem a base e o corno
do principio federativo. Ja do primeiro contato com esse
tema decorre a convicção de que não se pode validamente
afirmar ai existência the uma federação (nun: as unidades
federativas não sejam dotadas de autonomia.
31. E :1 autonomia (ksa estados r: municípios
estaria gravemente comprometida sem al garantia da
imunidade recíproca ck: impostos ck: que trata o inciso
ví, alinea "a", (k) arts 150 ck: CF, :Hai porque c) que
poderia ser limitado, na linha da doutrina constitucional
americana, já o foi pelo proprio constituinte originário,
conforme se pode conferir pela simples leitura do 5 3°
(na mesmo artigo, (nur dispõe ranma: a inaplicabilidade da
imunidade recíproca em face do património, renda ou
servicos ¬relacionadosI com (Daiharação mn? atividades
economicas regidas pelas normas aplicáveis a
empreendiuwndsn: privados, <n1 em que: haja contraprestação
ou pagamento de precos ou tarifas pelo usuario.
32. Nos Isflxnnn; Unidos :nuns problema foi
amplamente cknnflflmkn chegando-se âl conclusão (na que (a
Congresso pode tributar as funções estaduais consideradas
não-governamentais. O Professor e Diretor do Instituto de
Direito Comparado Chi Universidade (na Nova York, Bernard
Schwartz, em sua obra "Direito Constitucional Americano"
(Forense, Rio de Janeiro, lvan, pag. 228), assim se
posicionou a respeito da questão:
i "As implicações para o
desenvolvimento do federalismo americano :ni
posição subordinada de cada estado no campo da
ä'øfmw yarífrmz/ ylmém/
171
ADI 939-Í/DF

4m,-
isencão fiscal sao (ha grande importância. Se se
conceder ao governo federal o poder de tributar
os estados, estes não terão mais a independência
que sempre se supós que tivessem. Eles são
relegados são relegados a condição mais sei-vil-
Ficam sujeitos à interferência e controle tanto
nas funções que exercem quanto nos metodos que
empregam. .Devem Jpagar ao governo federal pelo
privilégio ck; exercerem cx; poderes ch: soberania
que lhes são assegurados pela Constituição."
33. _ A passagem grafada em itálico foi
transcrito pelo citado autor do voto _do Juiz Douglas,
voto vencido, em New York v. United States, 326 U.S. em
595.
34. De modo que, adotando essas considerações
como marco orientador, pois elas são indiscutivelmente
válidas para o nosso modelo, a conclusão inevitável é que
a imunidade fiscal recíproca constitui um dos elementos
essenciais do principio federativo, e como tal não
poderia ter sido objeto de disposição do poder de
revisão. A Emenda nn 3/93 é, portanto, inconstitucional,
na parte do § 2n do seu art. 2n em que dispõe sobre a
não aplicação da vedação em causa em relação ao IPMF.

35. Quanto as demais questões presumivelmente


suscitadas pela requerente, pode-se dizer que carecem de
plausiiiilidade. O IPMF não foi instituído com base na
competência prevista no art. 154, I, da CF, uma vez que
extraiu seu fundamento de validade diretamente da Emenda
n" 3/93. Iran» não lui como ink) repelir :1 alegação de
vulneracäo aos principios da não cumulatividnde e ck:
vedação de bitributacão. O mesmo se aplica em relação ao
principio que a requerente denominou "do equilibrio
financeiro", que aqui se esta presumindo ter algo a ver
com 'mi disposto rm: art. 167, Iv; (ki CF. Estas
considerações, portanto, invalidam, lu: particular, ai
argüição de inconstitucionalidade também em íace da
própria Lei Complementar nn ??/93.

36. De resto, não estando a matéria do art.


150, VL, "o" da CF, ao abrigo da vedação expressa de que
trata o inciso IV do § 4" do art. 60 da mesma Carta
Magna, nenhum vício poderia ser apontado na Emenda
Constitucional nII 3ƒ93 por afastar a imunidade ali
prevista (mn favor (k) patrimônio, renda (ni serviços dos
partidos politicos e respectivas fundações, das entidades
sindicais (kms trabalhadores..§a das instituições de
educação e de assistência social. Ocorre que, no § 2° do
art. 2" da referida emenda, se fez menção genérica a todo
inciso VI do art. 150 da CF, sem qualquer discriminação a
respeito das hipóteses diferenciadas de que tratam as
suas respectivas alíneas. Sendo assim, declarada a
inconstitucionalidade (ki referência :na inciso VI, tendo
em vista a hipótese prevista na sua alinea "a", a
declaraçã o implicará na subsistê ncia da imunidade de que
tratam as demais alíneas, impedindo a incidencia da Lei
complementar nü 77/93 também: nas hipótesesr nelas
referidas.
37. . Iwflci exposto, :má rejeitada a
preliminar suscitada, opinamos por que se
-úl julgue

'PH-UCI?
Ô/fz' :fama Úaärrâm/ Wàsírz/ . .

nn: 939-?/2í lQ

172
parcialmente procedente n presente ação direta,
declarando-ee a inconstitucionalidade apennn (kl
referência no inoieo ví (ka.art. 150 da CF, contida no fi
2' do art. 2' da Emenda nu 3/93, e do inciso I do art. U"
da Lei Complementar n" ??/93.
Brasília, 2 do dezembro do iUQJ

(aee;] PAULO DE TARSO BRAZ LUCAS


Subproouradorzüoral da República,
em eubetituiçao".

2. (3 parecer ch) Subproourador-Geral íkú_.oprovado pelo

Exmfl sr. Pnocunanon-GERAL na REPÚBLICA, em exercicio, nr.

MOACIR ANTONIO MACHADO DA SIIJWLr com esta observação:

"Obeervo, poronn que, :Hu pronunciamento do


Procuradoria-Gor'ol (1a República no Mandado do
Soqllzƒ'nnf;n 11° ¡21.[1H11--f1--UF1I n Conclusão no sentido de
nueoncúji do *violngünw 1h) yuihluipío .h1norito lu) art.
GD, Q 4°, IV, àkl Conotilnihfih) Fodorol, resultou do
onlzron IfundnmonLonir divornon do apontado neste
paroooru
Brasília, 02 do dozomhro do 1993.
(a) HOHCHI. Atl'l'ON'iO MACHADO DA SILVA" .

É ÕWÊÊLHTÚRIO, do qual eo ouoaminharäo oopiao aos

Exmfie. Sra. Ministros.

i ú Í'ULIJD?
Óá/sa äfáxzra/ I gazém/
(69)
SANCHES
SYDNEY
-
Voto
173
15/12/93 TRIBUNAL PLENO

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDÀDE 939-? DISTRITO

lã.
FEDERAL
Í

E Q T Q
(i
O SENHOR MINISTRO SYDNEY SANCHES - (Relator):

l. A preliminar de inépcia da inicial, referida no

parecer da Procuradoria Geral da República, já foi rejeitada

pelo Egrégio Plenário, por maioria de votos, como se vê as

fls. 42. Trata-se, pois, de questão superada.

2. As informações do Senado Federal, subscritas por seu

Presidente, Senador HUMBERTO LUCENA, foram as seguintes (fls.

54/55):
"Em resposta ao Oficio n9 113/93-P/MC, de 16 de
setembro de 1993, referente à Ação de
Inconstitucionalidade ng 939~7/600, requerida pela
Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio -
CNTC, que visa atacar os efeitos do artigo 29 e seus
parágrafos, da Emenda Constitucional ng 03, de
0173?020
00180000 17.03.93, bem como da Lei Complementar nQ 77, de
09393000 13.07.93, temos a informar o seguinte:
01400370 C) projeto de .Emenda Constitucional nE 00048,
oriundo da Câmara dos Deputados, de autoria do
Deputado Luiz Carlos Hauly, que visava alterar os
artigos 146, 149, 150, 153, 155, 158, 159 e 161 da
Constituição Federal, cmmlúu objetivo (na promover c)
ajuste fiscal, foi despachado após sua apresentação
em plenário, à Comissão de Constituição e Justiça e
Redação, da Câmara dos Deputados, oportunidade em que
veio a receber aprovação unânime do parecer do seu
relator, Deputado Nilson Gibson.
Passo seguinte, deu-se a criação de uma Comissão
Especial, composta por parlamentares de varios
partidos, oportunidade em- que a matéria foi
exaustivamente debatida, inclusive com o recebimento
de varias emendas; presença de vários tributaristas e
de representantes de varios segmentos da sociedade e
de todos os Secretários da Fazenda dos Estados.
Nesta Comissão, foi designado relator da matéria
o Deputado Benito Gama, que apresentou substitutivo,
vindo este a ser aprovado.
Em plenário, a matéria foi discutida em turno
único.
Também emu plenário, já Ina fase ck? votação, c)
substitutivo do Deputado Benito Gama foi submetido a_

"` TF -10?-00'2
t%‹¿ë/'-zwn gšfzçflm / gãíía/ a

dois turnos, em ambos recebendo aprovação,


seguindo-se a fase de redação final e seu
encaminhamento ao Senado Federal.
Nesta casa, o referido projeto recebeu o número
00002/93, sendo encaminhado a Comissão de
Constituição e Justiça, onde foi designado relator o
Senador José Fogaça. Citado projeto foi aprovado
tanto pela sua constitucionalidade quando no mérito.
Em plenário, na fase de discussão, a matéria
recebeu várias emendas.
Na fase de votação, a matéria foi submetida a
dois turnos com vários requerimentos de destaques,
recebendo aprovação e dai procedendo-se seu
encaminhamenho a Comissão de Constituição e Justiça
para a confecção da Redação Final, oportunidade em
que foi aprovada sem debates. Posteriormente,
seguiu-se sua promulgação pelas Mesas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal.
Prestadas, assim, as informações solicitadas por
Vossa Excelência, apresento, na oportunidade,
protestos de elevado apreço.

Ass. : Senador HUMBERTO LUCENA


Presidente”

Estas as informações da Câmara dos Deputados,

prestadas pelo Deputado INOCÊNCIO OLIVEIRA, seu Presidente

(fls.58/64)z
"1. A Confederação Nacional dos Trabalhadores no
Comércio ~ CNTC propõe Ação Direta de
Inconstitucionalidade, com _pedido de liminar, com
fundamento no art. 103, IX, da Constituição Federal,
a proposito da instituição do Imposto Provisório
sobre Movimentação Financeira (IPMF), através da
Emenda Constitucional ng 3 e Lei Complementar' ng
77/93.
2. Relata, em sua petição, que a instituição do
Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira
(IPMF) "vem acarretando sérios prejuizos aos
trabalhadores de um modo geral, mormente aos do
COMÉRCIO (...)”, ocorrendo, na hipótese, o"periculum
in mora"e o'fumus bonis iuri'por ser a instituição do
IMPOSTO PROVISÓRIO SOBRE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA -
IPMF INCONSTITUCIONÀL (...)".
3. Acresce, nesse sentido, a violação aos
princípios :na anterioridade, cn: não-cumulatividade,
do equilíbrio orçamentário e, sobretudo, o da
bitributação do contribuinte.
4. Retifica .a Autora (3 pedido ck? liminar,
requerendo a procedência toral da ação, com a
declaração da inconstitucionalidade da lei que
instituiu o mencionado tributo.
5. Deferida a Medida Cautelar por esse Egrégio
Tribunal, com a suspensão dos efeitos do art. Zg e
seus parágrafos, da Emenda Constitucional ng 3, de
17.3.1993, bem como da Lei Complementar ng 77, de

|=F - :oz-oo:
áfé/fwma fa/šfámzz/ Ê'J/'ÉQÉM/ ..
1 7o

U
13.7.93, foram solicitadas asfpgšäeššes informações,
sobre o alegado na peça inicial.
6. A inconstitucionalidade das leis ou de atos do
Poder Público, na lição de José Afonso da Silva, ig
Direito Constitucional Positivo, p. 48, em face do
principio chi Supremacia uma Constituição, dá-se
formalmente (normas emanadas por autoridades
incompetentes ou em 1desacordo com formalidades ou
procedimentos estabelecidos pela Constituição) ou
materialmente (o conteúdo da norma contraria o
preceito ou principio da Constituição).
7. Faz-se mister, nesse sentido, tecer
considerações acerca do aspecto formal da apreciação
da Proposta de Emenda ã Constituição ng 3, de 1993.
8. Dispõe o art. 60, ca ut, da Constituição
Federal, quer a proposta de emenda à Constituição
poderá ser apresentada por um terço, no minimo, dos
membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal,
pelo Presidente da República, e por mais da metade
das Assembléias Legislativas das unidades da
Federação (hipótese em que se exige a manifestação de
cada uma delas, pela maioria relativa de seus
membros).
9. O Regimento Interno da Câmara dos Deputados, em
seu art. 201 e seguintes, estabelece normas atinentes
ao procedimento que deve ser adotado na apreciação da
proposta de emenda à Constituição, aplicando-se
apenas subsidiariamente as disposições regimentais
relativas ao trâmite e apreciação dos projetos de
lei.
IO. O procedimento especial prevê o encaminhamento,
preliminarmente, para o necessário exame de
admissibilidade, da proposta de emenda a Constituição
ã Comissão de Constituição e Justiça e de Redação.
ll: Admitida a Jproposta, será designada Comissão
Especial para o exame do mérito da proposição.
12. A Emenda Constitucional rfi .1, de 1993,
originou-se da Proposta de Emenda à Constituição ng
48, de 1991, de autoria do Deputado .Luiz Carlos
Hauly. Foi apresentada na sessão plenária de
19.09.91, tendo sido encaminhada, nos termos
regimentais, ã Comissão de Constituição e Justiça e
de .Redação, cujo'lparecer' pela admissibilidade foi
aprovado unanimemente em 19.04.92, tendo sido lida e
publicada a matéria em 22.04.92.
13. Concluiu o Relator em seu parecer:
“(...) Examinando a proposição, verifico que ela
obedece à norma contida no art. 60, da vigente
Carta `Política, pois ha número suficiente de
assinaturas e não se pretende abolir a forma
federativa do Estado, o voto direto, secreto,
universal e periódico nem a separação dos
poderes ou os direitos e garantias individuais.
EM FACE DO EXPOSTO, voto pela admissibilidade
desta Proposta de Emenda a Constituição nQ
48/91."
14. De conformidade com o disposto no art. 202, §
22, do Estatuto Interno, foi instalada Comissão
Especial em 20.08.92, para análise do mérito da
Proposta. O parecer favorável do Relator, com

Í . 162.002
áíf/Ázrwa alfifnn/ Êãuém/ 17 8

\ \

substitutivo, foi aprovado e f9.1.2.92.


15. Insta registrar alguns trechos do Parecer
susa-indicado:
"(...) Ainda no capítulo referente aos impostos
federais, foi atribuida competência à União para
instituir Imposto sobre Movimentação ou
Transmissão de Valores e Créditos e Direitos de
Natureza Financeira, o IPMF, com vigência até 31
de dezembro de 1994. A alíquota máxima do
imposto será de 0,25%.
Trinta por cento da receita do IPMF serão
destinados ao resgate do principal da dívida
pública mobiliária federal.
Vinte por cento terão destinação eminentemente
social, pois serão aplicados no custeio de
programas de habitação popular (...) sua criação
nos servirá para avaliar seu desempenho e a
possibilidade de ser utilizado em substituição a
outros tributos (...)
Tudo relatado e exposto, votamos pela aprovação
da Emenda a Constituição ng 48~A, de 1991, nos
termos do Substitutivo anexo.”
16. Admitida a proposta pela Comissão de
Constituição e Justiça e de Redação, aprovada pela
Comissão Especial incumbida de examinar-lhe o mérito,
estabelece o art. 202, § 6g, do Regimento Interno,
que a proposta sera' incluída na Ordem do Dia, sendo
submetida a dois turnos de discussão e votação, com
interstício de duas sessões.
17. Cumpridos, mais uma vez, os ditames regimentais,
na sessão plenária de 2.2.93, em segundo turno, a
Proposta de Emenda à Constituição ng 48, de 1991, foi
aprovada, tendo sido encaminhada ao Senado Federal em
4.2.93.
18: Ao minudar-se a tramitação da Proposta de Emenda
em questão, crê-se restar demonstrada, à evidência, a
observância dos dispositivos constitucionais e
regimentais pertinentes, em sua apreciação (doc.
anexa).
19. Referentemente ao Projeto de Lei Complementar ng
153, de 1993, que veio a se transformar' na Lei
Complementar ng ?7, de 1993, não hã, igualmente,
restrições a serem feitas quanto à observância das
normas constitucionais e regimentais referentes ao
procedimento de apreciação (doc. anexa).
20. Sob o aspecto procedimental, portanto, no
exercicio do poder consstituinte derivado, esta Casa
do Congresso .Nacional agiu de conformidade com ‹:
estatuído no texto constitucional e no Estatuto
Interno.
21. Referentemente ao tema, é mister citar trecho do
voto proferido pelo insigne Ministro MOREIRA ALVES,
Relator' doI Mandado de Segurança ng 20.257-DF3 in
Revista Trimestral de Jurisprudência, ng 99, p. 1031,
litteris:
"Não admito Mandado de Segurança para impedir
tramitação deL projeto de lei ou proposta de
emenda constitucional com base na alegação de
que seu conteúdo entra em choque com algum
princípio constitucional. E não admito porque,

F - :oz-om
zgyziafiza gzäíma/ t/gêe/Ém/ 17 7

“E \
HW `
nesse caso, a violaçãÕ/zšƒƒššnstituição só
ocorrerá depois de o pwcjeto se transformar em
lei ou de a proposta de emenda vir a ser
aprovada. Antes disso nem o res'dente da Casa
do Concresso, ou deste, em a Mesa, nem o Pode;
Le islativo estão raticando ual uer
inconstitucionalidade, mas estão, sim.
exercitando seus poderes constitucionais
referentes ao processamento da lei em Geral
1...!!!

21. O processo legislativo, na lição de José Afonso


da Silva, compreende "o conjunto de atos (iniciativa,
emenda, votação, sanção e veto) realizados pelos
Órgãos legislativos visando à formação das leis
constitucionais, complementares ea ordinárias,
resoluções ea decretos legislativos” (citado in
Aspectos Jurídicos das Medias Provisórias, 2! ed., p.
18).
22. Ensina, ainda, o eminente Jurista, que r'o
processo legislativo moderno é informado por alguns
princípios gerais, que lhe dão caracteristicas e
merecem ser destacos. Os principios são: a) o da
publicidade; b) o da oralidade; c) o da separação da
discussão e votação; d) o da unidade da legislatura;
e) o do exame prévio dos projetos _por comissões
parlamentares. Esses puincipios, contudo, pertencem
ao aspecto dinâmico do procedimento legislativo no
qual se desenvolvem as fases de elaboração da lei"
(ib idem).
23. Do exposto, procuraflse ressaltar o cumprimento,
por parte desta Casa, dos aspectos procedimentais, à
luz, inclusive, dos principios supramencionados,
concernentes à apreciação dos diplomas constitucional
e legal objetos da presente Ação.
24.' Nesse sentido, tenho por prestadas as
informações requeridas, aduzindo, outrossim, que
descabe ao Presidente da Câmara dos Deputados a
defesa do texto impugnado, e a consequente
manifestação no que diz respeito à
inconstitucionalidade material. Não é outro, permissa
venia, o entendimento da leitura do art. 103, § 32,
da Lex Mater, verbis:

Ӥ 3Q Quando o Supremo Tribunal Federal


apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de
norma legal ou ato normativo, citará,
previamente, o Advogado-Geral da União, Que
defenderá o ato ou texto impucnado."
Rendendo as nossas homenagens a esse Colendo
Tribunal.
Brasília, de outubro de 1993

Ass.: INocÊNcrc oLIvsIRâ


Presidente"Ir

4. As informações enviadas pelo Exmg Sr. Presidente da

República, Dr. ITãMAR FRANCO (fls. 167),£oram as adotadas pelo

b- ¡DE-DD?
gøéeâwe géuÃ/rrn/ gšúém/ 17 8

ao: 939-? og

Advogado-Geral da União, Dr. GERALDO MAG DA CRUZ QUINTÃO

(fls. 168) e exaradae pelo Consultor cia União OBI DAMASCENO

FERREIRA, nos termos que seguem (fls. 169/176):

"A ilustrada Presidência do Egrégio Tribunal Federal, através da Mensagem n" 066, de
16.09.93,endereçada à Chefia do Poder Executivo da União, solicita a prestação de informacoes sobre o
contido na inicial da Ação Direta de Inconstitucionalidade n" 939-7i600, onde se postula sejam declarados
inconstitucionais o art. 2°,§ 2°, da Emenda Constitucional n” 03i93 e a Lei Complementar n*JI 77, de
l3.07.93,por incompatibilidade corn o preceituado nos arts. 150,111, "b",c 154,1, ambos da Constituição
Federal.

2. O Escelso Pretorio, por maioria de votos, em sessão plenária realizada a 15.09.93.conce-


deu medida cautelar para suspender. ate 31.12.93,os efeitos do art.,5“ e seus parágrafos, da citada EC n'f'I
03i93,inem como da LC n” Tii93. à' :_

ll

3. A improcedência da postulacao, data veuia, é manifesta`

4. Ohservese, in primls, ser impossível divisar, na especie, qualquer vulneraçao ao disposto


no art. l54, i, da Constituição, que prevê a criaçao, mediante lei complementar, pela Uniao, de novos itn-
postos com base em sua competencia residual, desde que sejam não cumulativos c que nao tenham fato
gerador e base de cálculo proprios dos impostos nela discriminados.
5. Não e isso.

6. Não se cuida, na hipotese, de exercicio de competencia residual. Trata-se, isto sim, de op-
ção que o Congresso Nacional fez, munido de seu poder constituinte derivado, de autorizar diretamente a
criação do IFMF por nova norma constitucional consubstanciada no art. 2° da EC U3i93. E tudo sem alte-
rar o testo constitucional original, dado o carater emergencia! e provisorio do novo imposto, com curto
pet-todo de vigência. Nem foi, por tudo isso, cogitada a inclusão da inovação no Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias.

7. As normas do art. 2° da EC n" 03i93, como se ve, ficaram a iatere do texto da Constitui-
ção, mantendo sua autonomia, como se normas originárias fossem da mesma Carta Federal, ainda mais
que todas elas têm a mesma natureza e hierarquia. Como ensina MANOEL GONCALVES FERREIRA
FILHO, as "emendas constitucionais têm eficácia iguai à do ato iniciai, a Constituição" ("Cu-
mentários a Constituição Brasileira de I98tl",ed. Saraiva, 1992, volume 2, pag. 86, escólio ao art. 60).

. E,andou bem o legislador constituinte em não elencar o lPlttF no art. 153 da Constituição,
ao lado dos demais impostos. i que a emenda constitucional, uma vez promulgada e publicada, mantem
sua autonomia e não se incorpora ao testo da Constituição, nem mesmo devendo alterado em sua reda-
ção original. Como ohserva JOSÉ CELSO DE MELLO FILHO, 'a emenda Constituotbnai não é in-
corporada, mas simpiesmente anexada, com o respectivo número de ordem, ao texto constitu-
cional' ("Constituicão Federal Anotada", 2' ed. ampliada, l93t'1, ed. Saraiva, escoliu ao art. 49 da Consti-
tuição de 1969, pag. 203).

9. Leia‹se, a propósito, o seguinte comentario de MANOEL GONCALVES FERREIRA. Fl-


LIIO:

"Cada emenda constitucional devera ter um numero de ordem. Essa regra, apa-
rentemente dispensável' porque Óbvio, significa que o texto da Constituição não deve ter
sua redação mudaria nem sua numeração aitoraria. Determina, portanto, que as aitera-
ções trazidas a Constituição por emendas constitucionais sejam apenas anexadas a seu
corpo (of. Pontes de Miranda, Comentários à Constituição de 79672. com a Emenda n'"Í i
de 1969, cit., t. 3, p. 150). isso estava bem ciaro na Constituição de 1934 tart. iiti.
li 3"), que distinguiu entre revisão. que se incorporada ao testo constitucionai, e einen~
da. que apenas se anexaria à Constituição. iguatmente. a Constituição de 1946 (art.
2t7, ã 4°) mandava anexar a entenda "com o respectivo numero de ordem. ao texto da
Constituição ".

Essa norma. todavia, foi ignorada na vigência da Constituição de 1946. Várias


emendas a essa Constituição mudaram a redação de dispositivos seus tv. Emenda n” 5
de 21' de novembro de 1961', n" 6, de 23 de janeiro de 1963 etei. O desrespeito a es~
sa regra, conquanto mantida, chegou ao auge com a Emenda Constitucionai n” i, de
1969. a Constituição promuigada em .24 de ¡'aneiro de 1967. De fato. esse emenda mu-

p'- - toa-oca
%4rfzwn aqt-rÁf'rrr/z/ Ê/ãzíƒza /q 1 79

nor 939-:r pg
Wi'
dou a redação de grande parte dos dispositivos da Constituição e iterou, sem ouaiquer
cerimónia, a sua numeração' (op. cit.,págs. 90 e 91, escio ao art. 60, § 3°).

10. Não se vislumbra, pois, também sob esse ângulo, anomalia alguma na instituição do IPMF.

ll. Nem ha falar em bis in idem. Se é verdade constituir-se o IPMF em imposto sobre a cir-
culação, ad instar do que sucede com o IOF, não e menos verdadeiro guardarem ambos esses tributos
marcada distinção entre si, cada qual atuando em hipóteses de incidência que se não equivalem nem se
substituem.

12. Na verdade, o fato gerador do lOF (e as operações deste imposto que mais interessam a
esta apreciação são as de credito e as com títulos e valores mobiliários), nas operações creditl'cias, e a en-
trega do valor emprestado; e, nas transações com títulos ou valores mobiliários, o fato imponl'vel do IOF
e a emissão, transmissão, pagamento ou resgate desses titulos.

13. O [PME a seu turno, incidindo sobre a movimentação de numerário nos bancos, tem co-r
rno fato gerador o lançamento a debito nas contas de depositos, poupança, deposito especial remunerado,
bem assim o recebimento de dinheiro por ordens de pagamento.

14. Note-se: enquanto o lOF alcança as operações ativas das instituições financeiras, incidindo
nas contas de seu ativo circulante, mdxime nas de empréstimos, o IPMF atua no âmbito das operações
passivas dos bancos, em especial as contas de depósitos, que integram o passivo exigível.

15. 0 fato gerador do Imposto de Renda, por outro lado, e a aquisição da disponibilidade
economica resultante da renda ou proventos de qualquer natureza. Nada tem a ver com os fatos imponl-
veis do IOF e IPMF.

16. Na expressão, em suma, do Professor GERALDO ATALIBA, citado no douto Parecer


PFGNICRJNIN'” 93'ii93, emitido para a prestação de subsídios as presentes informações, a materialidade
da hipotese de incidencia "do imposto de Renda é aiguém receber rendimentos; a do iOF sobre
operações de empréstimo e aiguém receber dinheiro emprestado; a do iOF sobre aplicações fi-
nanceiras e niguem ceder, iiquidar ou resgatar tituio ou apiicação financeira; e, fatalmente, a
materialidade da hipótese de incidencia do ¡PMF e niguem movimentar recursos atra ves de
contas bancárias", principalmente depositos ou cadernetas de poupança.

17. Não ha, pois, bis in idem, nem mesmo bitributação ou qualquer agressão a não-cumulativi-
dade. Mas mesmo que assim não se entendesse - admita-se para argumentar -, nenhuma inconstitucionali-
dade poderia ser invocavel na especie. Como e sabido, o his ln idem, segundo observa BERNARDO RI-
BEIRO DE MORAES, pode atentar “contra os principios recomendados ceia ciencia juridica. To-
davia, essa exigência do mesmo imposto, por duas ou mais vezes, na'o contraria a Constitui-
cão, não é iiegai nem inconstitucional' ("Compendio de Direito Tributario", 1° volume, 2' ed., 1993,
Forense, pag. 284). E o principio da não-cumulatividade, a semelhança do que ocorre com o lOF, não fi-
cou previsto para o IPMF, nem constitucional nem legalmente.

18. Não vinga argumentar, de outra parte, com a vulneração da cláusula pétrea do inciso IV, ä
4°,do art. 60 da Carta Federal, por força de suposta inobservância aos principios da anualidade e da an"
terioridade por parte do art. 2°,§ 2°,da precitada EC n° 03/93.

19. Cumpre para logo distinguir, pois, como é cediço, a anterioridade não se confunde com o
principio da anualídade, segundo o qual a cobrança de tributos depende de autorização legal anual, me-
diante previsão no orçamento. Contudo, como de ha muito já observava JOSÉ CELSO DE MELLO F1-
LHO, a anualidade, que vigorava na Constituição de 1946, desapareceu com a Carta de 1969. 'A exigi-
bilidade dos tributos não mais está condicionada à pre via autoriaacao orçamentária ", pois
'essa extpencia foi suprimida peia Carta Constitucionai de 196.9 ", tendo o STF decidido 'que
a iei que cria o tributo pode anteceder ou suceder ao orçamento, sendo essenciai apenas que
venha, quando sucedendo ao orçamento. em tempo hábii" (obr. cit.,pag. 478, anotação ao art.
153 da Constituição de 1969).

20. E, como ensina também HUGO DE BRITO MACHADO, a 'Constituição Federai de


1.988 não consagrou, no capituio do Sistema Tributário, o principio da anuaiidade, desacoihen-
do o Constituinte sugestão nossa nesse sentido. Adotou simpiesmente o principio da anteriori-
dade da iei ao exercicio financeiro (art. 150, item ii, ietra “b”i" ("Curso de Direito Tributário",
5it edição, Forense, 1992, pág. 52).

21. Quanto à anterioridade, a tese também é vulnerável; e vulnerável duplamente.

22. Primeiro, porque a anterioridade não se constitui em proibição absoluta. O principio, que
traduz explicita limitação ao poder de tributar, sempre comportou exceções, sendo derrogãvel por ressal-
vas referidas na Constituição, _
,r

.F - 102-002
54;/44 5424.../f 5424;/
nor 939-? pg

23. Assim, a anterioridade não se aplica nos seguintes : osto de Importação (art.
153, i); Imposto de Exportação (art. 153,11); Imposto sobre P utos Industrializados (art. 153,1V); lm-
posto sobre Operações de Credito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Titulos ou Valores Mobiliários (art.
153,'V); Imposto Extraordinário por motivo de Guerra Externa (art. ¡54,11). Sd os impostos sobre Renda
e Proventos de Qualquer Natureza, sobre Propriedade Territorial Rural e sobre Grandes Fortunas, na or-
bita federal, é que escapam às exceções. Não se aplica, ainda, a anterioridade aos casos de Empréstimo
Compulsório (art. 148, caput, e inciso I), e de contribuições para a seguridade social, inclusive as que fo-
rem criadas com base na competencia residual da União (arts. 149, 195, caput, incisos I a Ill, § 4° e § 6°),
estas últimas observando a vacatio de 9D dias para serem exigíveis.

24. Portanto, e sem falar nas ressalvas ao principio da legalidade a que alude o § 1° do art.
153, que faculta ao Poder Executivo alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, Il, IV e
V do mesmo dispositivo, toda essa gama de exceções esta a revelar ser até residual a aplicação da ante-
rioridade aos impostos, no ambito federal.

25. Ora, o art. 2°,§ 2°,da EC n” 03i93, ao excepcionar o novo imposto do princípio da ante~
rioridade, o fez atendendo à propria natureza emergencial e provisória do IPMF. Se ao lOF não se aplica
a anterioridade, com muito mais razão se ha de fazer incidir a ressalva ao lPMF, que também, a exemplo
do IOF, atua sobre fatos geradores instantâneos, reclamando execução orçamentária imediata.

26. Ciassificavei que é o IPMF como tributo sobre movimentação e circulação economica, tal
como ocorre com o IOF, por certo ele estaria arrolado entre os impostos a que aproveita a exceção a an-
terioridade, caso tivesse sido discriminado no texto da Constituição promulgada a 5 de outubro de 1988.
Não haveria razão alguma para alijá-Io da exceção.

27. E›impende considerar que inafastahilidade do principio da anterioridade não se dirige ao


Congresso Nacional quando imhuldo de seu poder constituinte derivado, ainda mais quando se sabe que a
nova exceção seguiu a mesma linha das ressalvas já antes estabelecidas pelo constituinte originário, ponde-
rada a natureza desses tributos, o que não afetou a essencia mesma do princípio. A observância da ante-
rioridade e antes de mais nada limitação ao poder de tributar, que tem como destinatários o legislador fe-
deral infraconstitucional, os constituintes e legisladores estaduais e os legisladores das leis orgânicas e ordi-
nárias do Distrito Federal e Municipios.

28. Nem se pense, por outro lado, ter havido incompatibilidade da emenda com o art. 60, §
4°,da Constituição, por ser ela tendente a abolir quaisquer das garantias ali previstas.

29. Mesmo que se admitisse incluído naquelas garantias o principio da anterioridade, ainda as*
sim seria impossivel pensar dessa forma, por isso que a Emenda 03i93 apenas criou nova exceção; com
ela, evidentemente, nunca o constituinte derivado pensou em aholir ou extinguir o principio.

30. Uma exceção, obviamente, não traduz extinção. Veja-se, para melhor elucidar a questão,
que, no Brasil, antes da Constituição de 1988, a República era forma politico-juridica intangível e ¡modifi-
cãvel, tendo a nossa Suprema Corte reputado inconstitucional a prorrogação de mandatos, por ferir a for-
ma repuhlieana de governo, que se caracteriza pela temporarierlade das funçoes eletivas (cfc. RT 285917;
RF 186:l53, RDA 83:133,apud JOSE CELSO DE MELLO FILHO, nbr. cit.,p:lg. 73, observação ao art.
8° da Constituição de 1969).

31. Pois bem. No Mandado de Segurança n° 20.257-DF, onde se questionava a validade de


emenda a Constituição que prorrogava por dois anos os mandatos em curso de Prefeitos, Vicesi'refcitos e
Vereadores, ante os termos do art. 47, § 1°,da Constituição de 1969,,0 Excelso Pretorlo, em sua composi-
ção plenária, considerou constitucional a emenda, uma vez que simples prorrogação por dois anos não
afetava a essencia da cláusula petrea referida. Merecem lidos os seguintes trechos do acordão, em sua
ementa:

"MANDADO DE SEGURANÇA N” 20.257 - DF - (Tribunai Pleno) - (Agito na RTJ


95/1041 Ii
- Mandado de Seguranca contra ato da Mesa do Congresso que admitiu a delibe-
ração de proposta de emenda constitucionai oue a impetracäo eiege .ser tendente à aboii-
pão da república.

- inexistência. na casa. ea pišiéäáiiiš iíiéäãšiišäèiäšzšiiäáäél"äàä'á"{/ëi"ääá"š '54?-


rogapão de mandato de dois para ouatro anos, tendo em viste e conveniência da coinci-
dencia de mandatos nos vários niveis da Federação. não impiica introdução do principio
de que os mandatos não mais são temporários. nem envolve, indiretamente. sua adoção
de fato' (RTJ 9911031).

32. Em seu voto, diz o Relator, o eminente Ministro MOREIRA ALVES:

'A emenda constitucionai. em cause, não vioie, evidentemente, a Repúbiica, que


pressupõe a temporariedede dos mandatos efetivos. De feito, prorrogar mandato de dois
anos para quatro anos. tendo em vista a conveniência da coincidência de mandatos nos

'. toa-oo:
aørrw/n Âd/zrfirrrn/ I ctg/*r r¿'¿0/.
181(
nor 939-? pg
W
vários niveis da Federação, não impiica introdução do icipio de que os mandatos não
mais são temporários. nem envolve, indiretamente; sua adoção de fato. como sustentam
os impetrantes. sob a aiegacão de one. a adrnitirfse- qualquer prorrogação, iniima que
fosse. estar~se~ia a admitir prorrogação por vinte, _trinta ou mais anos. Juiga-se à vista
do fato concreto, e não de suposição, que. se vier a concretirar-se, merecem, então,
juigamento para aferir-se da existencia. ou não, de traude a proibição constitucionaii "' (in
RTJ n” 99. páginas 1040 e 1041). '

33. ' Se assim é, com muito mais justeza não se há. de acalmar de Inconstitucional o _5 2° do art.
2° da EC 03i93,qne, a toda evidência. não impiica abolição da anterioridade. Constitui ele mera exceção,
de resto estabelecida segundo os mesmos critérios que presidiram as ressalvas antes criadas com o att.
150.§ 1°,da Constituição de 1988. A ser juigada inconstitucional aquela. estas, a fortiori, também seriam
inconstitucionais.` .

34. Por tudo isso e que. com seu proverbiai acerto. proclamou o eminente Ministro FRANCIS~
CD REZEK em voto vencido proferido na mesma ação, vei-bis: '
'Mas não acho que a regra da anterioridade seia um principio intocávei peio pró-
prio Congresso Naoionat. em trabaiho de emenda à Carta. Começaria e ver nessa regra
algo parecido com um principio em favor do cidadão. do contribuinte, se pelo menos eia
pretendesse, para evitar o fator surpresa. estabeiecer para nos todos uma garantia de
acomodação, dizendo que não se nos pode exigir um tributo que não tenha sido inven-
tado, peio legislador; pelo menos seis. doze ou vinte e quatro meses antes. Embora'su-
jeitos. os brasiieiros, a surpresas de toda ordem no seu dias-dia, a regra soaria como
um principio que nos previne contra a surpresa ocasionada peio Estado enquanto entida-
de tributante. Mas não. a regra não diz nada disso. Eia diz que não se cobra, em certo
exercicio, aouiio oue não tenha sido concebido iegisiativamente no exercicio anterior. As-
sim, nenhum de nos está iivre de ser legitimamente cobrado. na primeira semana do inês
de janeiro, de um tributo one se tenha inventado na última semana de dezembro. Santo
fleus i, isso não é garantia para ninguém. O que ha ai é mera regra de comodidade or-
çamentária, para que as empresas se organizam. para otie o erário se organize em fun-
ção do ano civil. Não veio ai uma regra que reaimente vise a estabeiecer interveio cro-
nológica, justo e razoávei, entre o momento em que se institui' o tributo e o momento
em oue se cobra o tributo. Não vejo. por isso. como dizer que a emenda constitucionai
ora em exame vioia um princniio concebido para dar segurança aos cidadãos. "

35. Por igual, com precisão incriticavel, afirmou também em voto vencido o eminente Ministro
Presidente OCTAVIO GALLOTTI: '
"........ não é exatamente isso o que ocorre, a meu ver, com a norma agora im-
pugnada (exceção ao principio da anuaiidade), que o próprio tegisiador constituinte origi-
nário. no' š t” do art. t50, exeiiiiu em reiacão a quatro espécies tributárias, sem contar
o imposto extraordinário, em caso de guerra, previsto no art. 154, ti.

Entre as sete espécies tributárias -da competencia da União, arrolados no art.


153, verificamos, pois. que não menos de quatro estão a margem da exigência da entre*
iidade.

Não me parece, então, que se possa emprestar um vetor de princwio essenciai a


essa restrição. tão esgarçada peio proprio constituinte originário. z -
` Quando o poder constituinte derivado autoriza a criação de om imposto ie sem
dúvida podeƒaze-¡oL não ha como se negar. penso eu. que the seia simuitaneamente ii-
ciro situa-io numa das aiternativas previstas na Constituição Federal. ou seja entre os sir-
feitos. oo não. à restrição da anuaiidade.

Cabe, portanto, ressaltar que não se trata, no caso. de retirada da garantia da


anuaiidade. em reiacão a tributo ,ia por eia originariamente assinatado. Apenas de enxertar
uma nova figura tributária na série majoritária dos não sujeitos ao principio da anuaiida~
de. '

36. Nada mais exato e cscorreíto.

37. A todas as luzes. a regra da anterioridade comporta exceções e derrogações. de Índole


constitucional, não sendo intangível perante o Legislativo Federal quando investido de seu poder consti-- *
tuinte derivado.

38. ~ Ademais, os direitos e garantias resguardados pelo disposto no art. 60, 5 4°, inciso iV, da
Carta Federal, sem sombra de dúvida. não aharcam todos os direitos e garantias expressos na Constitui-
ção, nem mesmo os decorrentes do regime e dos principios por ela adotados, ou dos tratados internacio~
nais em que a República Federativa do Brasil seja parte, pois, do contrario, petril'tcado ficaria todo o tei-
to constitucional.
gyrcrrrn Lairárrrir/ L/g/šaálie/ 1 8 III/é

ADI 939-? pg

39. De resto, para perfeita visualização da matéria, mister M apreciação da própria


gênese da EC 03l93, máxima quanto aos fatores políticos e econômico-financeiros que lhe motivaram a
edição. E nada mais útil nesse sentido que trasladar para estas informações as explicações fornecidas pelo
ilustrado Procurador Judicial da Fazenda Nacional, Doutor OSWALDO OTHON DE PONTES SARAI-
VA FILHO, ao emitir o bem lançado Parecer PGFNlCRJNlN° 987l93:

'4. A crise fiscal do Pais, i'ngente e necessitando de uma soluçao urgente,


forçou a vontade politica nacional representada no Congresso Nacional a inscreverem em
nossa ordem juridica, e no seu patamar mais elevado, uma reforma constitucional-tributá-
ria de emergencia, incluso nela a autorização para a Uniao instituir o imposto Provisório
sobre Movimentação Financeira - lPMF.

5. Reconheço-se que, nunca na história democrática brasileira. a ediçao de


uma emenda constitucional e a instituição legal de um novo imposto foram tão prévia e
detidamente discutidas pelos poderes politicos do Estado, notadamente pelo Congresso
Nacional, inclusive em relaçäo às circunstâncias de conveniências e oportunidade.

6. A previsão e instituição do imposto Provisório sobre a Movimentação ou


a Transmissão de Valores e Créditos e Direitos de Natureza Financeira - lPMF i por parte
da Emenda Constitucional na 3/93 e da Lei Complementar n" iii/93, integram, simulta-
neamente, o conjunto de medidas lentre elas - o severo corte de despesas públicas, o
que se denominou choque no setor público, e o decisivo combate à evasão fiscal). que
tem por meta viabilizar o ajuste fiscal das contas da Fazenda Pública Federal, indispensá-
vel a execução orçamentária de 1.993 e ao equilibrio das finanças públicas de 1.994.

7. De fato, o Pais está convivendo com um profundo desajuste do orçamen-


to público, contexto no qual a União está em extremo desequilíbrio, dado que sua recei-
ta disponivel, após transferência para Estados e Municipios, é, em boa parte, absorvida
para pagamento de pessoal, furos da divida pública interna e externa e encargos próprios
e de peculiar interesse de Estados e Municipios, que permaneceram sob a responsabilida-
de da Uniao, sem a manutenção de fontes adequadas de financiamento e custeio.

8. Assim, as aprovações da EC N" 3/93 e da LC N" 7?/93 somente foram


passíveis após longa discussão no Congresso Nacional, que, por ampla maioria, com-
preendeu a necessidade premente de uma fonte de receita extra para o caixa do Tesouro
Nacional, munindo, desse modo, o Estado para enfrentar os inadiaveis problemas nacio»
nais na área social, especialmente em moradia e educação, uma vez que, da receita re-
sultante do imposto, em comento, vinte por cento serao destinados para o custeio de
programas de habitação popular (art. 2°, š 4°, da EC n” 03/93 e art. 20 da LC n'J
77r93) e não menos de dezoito por cento para programas educacionais (art. 272 da CF
e art. 22 da l_C n° lili/93).

9. Ademais, o esperado produto de cerca de sete bilhões de dólares de arre-


cadação do emergencial' e provisório imposto vira auxiliar no resgate da divida pública,
despontando. pois, o lPME com a elevada missão de contribrnir para a redução do défi-
cit público, propiciando, simultaneamente, o financiamento de relevantes obras e servicos
de carater social.

_ lO. O imposto, em questão, tem o mérito, ainda, de incorporar a tributação g


importante _segmento da chamada economia informal, que, ate hoje. tem logrado eximir-
se das obrigações tributárias.

1 t. A afirmativa de que a incidencia do lPMF ira, invariavelmente, pressionar


os preços, com a transferencia, em cascata, do tributo para o consumidor final, além de
exagerar os efeitos da incidencia da lnfih'ia allouota de ate vinte e cinco centésimos por
cento sobre os lançamentos a débito em contas correntes, demonstra, apenas, o descré-
dito nos principios da atividade economica da liberdade de mercado e da livre concorrên-
cia com responsabilidade social dos agentes económicos.

12. Muito pelo con trário, o principal motivo para a instituição do lPMF foi o
combate ao den'cit público, déficit este que, segundo as opiniões unânimes dos econo-
mistas, e o principal responsável pela alavanca da inflação, perversa calamidade que, no
ficar de Mll. TON FRlEDMAN, 'e uma forma de tributação que pode ser imposta sem
ei .

t3. A proposito, como bem disse o pai do milagre alemão LUD WlG
ERHARD, a estabilidade da moeda deveria ser incluida entre os direitos fundamentais do
homem e só uma politica de estabilização da moeda, de combate aos reais fatores infla-
cionários, toma possivel que uma classe única não enriquece a custa das demais.

10

E» ros-oo:
(Égši'štarrza ÍJ/iihiá'nin /n giinrftrzr/I 182 Í
ADI 939-? og

M, Assim, o art. 2° da Emenda Constituem t? de março de


19.93, estatui que a União podera instituir, nos termos de iei compiementar, com vigen-
cia até 3? de dezembro de 1994, o imposto sobre Movimentação ou Transmissão de
Vetores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira - o iPME, a aiiouota maxima de
vinte e cinco centésimos por cento, facultado ao Poder Executivo, atendendo as condi-
ções e os iimites fixados em iei, reduzi-ta ou restabeiece-ia, totai ou parciaimente, De ter-
mina o supracitado preceito constitucionai que ao iPMF não se apiica o principio da an-
terioridade iart. t50, iii 'b "1, o principio da imunidade (art. 150, Vi), nem a exciusivida-
de da incidência do imposto de Crédito, Câmbio e Seguro, ou reta tivas a Utuios e Vaio-
res Mooiiiarios - tOF - sobre o ouro, quando definido como ativo financeiro ou instru-
mento cambiai, devido na operação de origem iart. 153, š 5°); aiem de exciuir o produ~
to da arrecadação do ¡PMF das modaiidades de repartição de receita com outra entidade
federada; permitindo, todavia, que do produto da arrecadação deste imposto vinte por
cento sejam destinados para custeio de programas de habitação popuiar.

15, A seu turno, a Lei Compiementar n" ??/93 não apresenta quaiouer dis-
crepäncia com o texto constitucionat, sendo as aiegações que tem sido ievantadas para
- :norma-ia totaimente improcedentes.

16. Esta Lei Complementar é, a um só tempo, de normas gerais especificas


em materia de iegistaçäo tributária em reiaça'o ao iPMF, pois define o fato gerador, a ba-
se de cáicuio e os contribuintes do imposto discriminado na Constituição, denominado
imposto Provisório sobre Movimentação Hnanceira - iPMi-Z em obediência ao disposto no
art. 746, inciso iii, letra “a ", da Carta Poiitica de 1.988, e, também, iei institutiva, co-
brindo, neste úitimo caso, a função de iei ordinaria federai, em consonância com o bro-
cardo iatino qui putest mujus potest et minus, Destarte, diante da tecnica de economia ie-
gisiativa utilizada em consonância com o disposto no "caput" do art. 2°, da EC n” 3/93,
temos, em um só ato iegisiativo, iei compiementar dei'inidora e iei institutiva.

f7, Cumpre, neste tópico, dizer, ainda, que a Lei Compiementar institui'dora
do [PME no art, 7°, define movimentação ou transmissao de vaiores e de créditos e di-
reitos de natureza financeira como ouaiquer operação iiquidada ou iançamento reaiizado
peias entidades nnanceiras, que represen tem circulação escritura! ou fisica de moeda, e
de que resuite ou não transferencia da tituiaridade dos mesmos vetores, créditos e direi-
tos.
18. Vaie asseverar, também, no que tange ao disposto tio art.'1`9, inciso i,
da LC n” ?}'/93, que, independentemente de sua natureza - endosso - recibo, endosso
transferência (arts, 25' e t7 c/c o 46, respectivamente, da Lei n” J,1219572 de 02.09.85)
ou outra modalidade ouaiouer -, admite-se um unico endosso nos cheques pagáveis no
Pais. "

Estas, Senhor Advogado-Geral ils União, as informações que me parecem necessárias à


instrução da Ação Direta de Inconstitucionalidade n” 939-7i600.

Brasília, 13 de outubro de 1993.

as _. 1 ou! nànIASCENo FERREIRA


Consultor da União "

5. O parecer PGFN/CRJN nQ 987/93, da lavra do Dr.

OSWALDO OTHON IME PONTES SARAIVA FILHO, Coordenador da

Representação Judicial da Fazenda Nacional Substituto, contou

com aprovação do Proourador~Geral Adjunto da Fazenda Nacional,

Dr. WAGNER PIRES DE OLIVEIRA (fls, 178/209 do 19 volume, a fls.

Eli/263 do 2g volume).

E foi encaminhado pelo ExmE Sr. Ministro de Estado da

Fazenda, Dr. FERNiäNDO HENRIQUE CARDOSO, ao Advogado-Geral da

União, para fornecer dios ae informações que este aprovou,


3.1.1.*

kr - ins-en!
¬_._
__? ,""` i/'T'Í i;

tyëfinmoa Êäfewnn/ áfiaána¡

ADI 939-? QE

referidas no item 1 deste voto. ` `{ i

6. Eis o teor do parecer do r. OSWALDO OTHON DE PONTES

sARAIvA FILHO, parte em que faz o resumo do caso e

desenvolve os argumentos que procuram rebater as arguições de

inconstitucionalidade (fls. 178, 1g volume, ea fls. 252, 29

volume, item 184:

" mmisrêmo DA FAZENDA


PnocunAnomAcEnAl. DA FAZENDA NACIONAL

F' #ä FI EE E: EE FÉ

F*EBFrqfEZÍQaiiiaffqššfi?£3§rff5?flš

ñcäo Direta de Inconstitucionalidade ajuizada


contra os preceptivoe do art. EQ, da Emenda Consti"
tucional nQ 3/93 e da Lei Complementar nQ 7Y/93,
que, respectivamente, autorizou a criacao e inetie
tuiu o Imnoeto Provieório sobre Movimentacäo ou
Tranemieeäo de Ualoree e de Creditos e Direitoe de
Natureza FinanceiraHIPHF, sob a alegacäo de afronta
ao art. 150, "caput", inciao III, alinea "b", e ao
art. 134, inciso I, amooo da Conetituicäo Federal.

O arcabouço politico, social e econönriii:r:1~~¬i`inan"d


ceiro da EC ng 3/93 e da LE ng ?7/93. n li›:~:5|ii:imidi.i-I
de da discriminação do novo imnoeto via Emenda
Constitucional. 0 IPHF e a näonanlicacäo do princi-
pio da anterioridade. ñ Constituicäo Federal, de
1988, não restaurou o principio da anualidade. O
IPHF e os nrincipioe da eeguranca Juridica e da
näo~eurpreaa. O IPHF e o principio da não H vincu"
lacäo de impostos as receitas. O IPMF e o direito
de propriedade. O ¡PHF e o princípio de vedacäo de
confieco. Os princípios da isonomia e da vedacäo
de diecriminacäo arbitrária entre contribuintee. O
IPHF e o principio da capacidade contributiva. Oo
Fatos imnoniveie do IPHF e o principio da tipicldae
de da tributação. 0 IPHF e o principio da Imunida"
de. O IPMF e aa garantiae a vida privada e ao “due
procede o? law”. 0 IPHF e o principio da irriedtitif-q
bilidade de salario ou de vencimentos. A alegação
de indevido "bia in idem".

Improcedëncia da acäo diante da conetituclonali*


dade da Emenda Conetitucional ng 3/93 e da Lei Bom»
nlementar nQ 77/93.

II

Eli eat:|5rr ic:c:

O Enmg Sr. âdvogadoeüeral da União solicita a mani"h

Feetacäo do órgão de assessoramento Juridico do Hinietérlo da Fa-

aenda, CDM vietae ao preparo das informacfiee a serem prestadas pe»

12

hr *102-002
fløérflfzâ gzámfi/ ÍÚÍZÁM/
1811

ADI 939-?T _Igg i


Ni "
lo EHmQ Br. Preeidente da República papafií;íšf;;ë;lso Supremo Tri*

bunal Federal nos autoa da âcäo Direta de Inconatitucionalidade nQ

939r7/600, requerida Pela CONFEDERñCäO NnCIONfiL DOS TRQBALHADOREÉ

NO ÉOHÉRCID - CNTC.

E. âapira a Requerente à declaracäo de Inconatitucio-

nalidade doa nreceptivoe contidoa no art. QQ, da Emenda Conecitum

cional nQ 3/93, e da Lei Complementar nã 77ƒ?3, por conceber esta-

rem em desacordo com oa preceitos eatabelecidoe nos arte. 15%,

"caput" III, ”b”, e íãú, I, amboe da Conetituicäo Federal.

3. 0 Emceleo Qupremo Tribunal Federal, em eeaeâo pie*

naria realizada no dia 15 de oetembro de 1993, Julgando esta âcäo

Direta de Inconetitucionalidade, por maioria de votos, concedeu

medida cautelar para euapender, até 31 de dezembro de í?93, oe

efeitos do art. 29 e seus parágrafos, da EC ng 3, de 17.3.93, bem

como da LC ng 77. de 13.7,93.

III:

(3 air-czaatrcomlfiica F1c1].i't:i c:c1.. Eac:c:l acl; ee


eeczcartiinmi cmnr-F`it1aar1c:mriir4n- (jan EEE: rIE!
Ešafç723 E! :Iza L_C2 r1c: Êf§rzf€?:3

4. n criee fiecal do Pafe, Ingente e necessitando de

uma solucao urgente, forçou a vontade política nacional, repreeenfl

tada no Congreeeo Nacional, a inscreverem, em noeaa ordem Juridica

e no seu patamar maia elevado, uma reforma constitucional-tributá-

ria de emergência, incluao nela a autoriaacäo para a União incti"

tulr o Impoato Provisório nobre Movimentação Financeira - IPHF.

5. Reconheca-ae que, nunca na história democrática

hraaileira, a edição de uma emenda constitucional e a instituição

legal de um novo imposto foram tão previa e detidamente diacutidaa

oeloe poderea políticoa do Estado, notadamente pelo Congresso Na*

cional, inclusive em relaçäo àe circunetânciae de conveniência e

oportunidade.

13

f - ¡GQ-DU?
gif/ferem fãäímâ/ Ágzèzz'Égm/A 18 5

ADI 939-? 95

o. â previsão e institoicäoffio/Ímggšzc Provisório


e eor

bre a Movimentação ou a Transmiseäo de valores e de Créditos e Uir

reitos de Natureza Financeira - IPMF H por parte da Emenda ConstiflÍ

tucional ng 3/93 e da Lei Complementar nQ ??/?3, integramr simulfl

tâneamente, o conJunto de medidae (entre elas r o severo corte de

despesas publicas, o que ee denominou choque no eetor público, e o

decisivo combate a evaeäo fiscal), que têm Por meta viabilizar o

ajuste riscal das contas da Fazenda Pública Federal, indiepeneável

à enecucäo orçamentária de 1993 e ao equilibrio das financae Pú-

blicas de 1994.

?. üe «Fator o País está convivendo com um profundo der

eaJuste do'orcamento publico, contento no qual a União esta em enr

tremo desequilíbrior dado que eua receita disponivel, após transe

Ferëncia para Estados e municípios, é, em boa parte, absorvida pa-

ra pagamento de pessoal, Juroe da dívida pública interna e enterna

e encargos Próprios e de peculiar interesse de Estadoe e Municí-

pios, que permaneceram eoh a responsabilidade da Uniãor eem a mai-m

nuteneäo de fontes adequadas de Financiamento e custeio.

B. _ nesim, as aorovacñee da EC ng 3/93 e da LC ng ?7¡93

eomente foram ooeeiveie aoóe longa diecuseäo no Congresso Nacio-

nal, que, por ampla maioria, compreendeu a necessidade Premente de

uma Fonte de receita entre para o caina do Tesouro Nacional. mu*

ninclor desse modor o Estado para enfrentar os inadiáveis Problemao

nacionais na área social* especialmente em moradia e educação, uma

vez que, da receita resultante do imposto, em comento, vinte Por

cento serão destinadoe Para o cueteio de Prüflramas de habitacäo

Popular (art. 29, š 49, da EC nã 03/?3 e art. 20 da LC ng 7?/98> e

não menos de dezoito por cento para Programae educacionaie (art.

212 da CF e art. 22 da LC HQ 77/93).

9. Ademaie, o esperado produto de cerca de sete bi-

lhäes de dólares da arrecadacäo do emergencial e provisório imposfi

to vira aumiliar no resgate da dívida pública, despontando. poisr

o IPNF, com a elevada miseäo de contribuir para a redução do de'HFi"u

14

5P-:u2-on2
zgëzyáëffim gšçémâ/ (Ka/ífzëíz'zz/ 185

ADI 939-? E
\\`
cit público, propiciando, eimultäneament , o Fiianciamento de re-
f
levantee obraa e aervicoe de caráter social.

10. O imposto, em questão, tem o mérito, ainda, de in»

corporar à tributação o importante segmento da chamada economia

Informal, que, até hoje, tem logrado enimirHee dae obrigacfiee tri"H

hutáriae.

11. n afirmativa de que a incidência do IPHF irá, inva*

riavelmente, preeeionar oa precos, com a transferência, em caecafl

ta, do tributo Para o consumidor Final, alem de enagerar oa efei-

tos da incidência da intima alíquota de até vinte e cinco centeei”

moe por cento sobre oa lancamentoe a debito em contae correntes,

demonatra, apenaa, o deacredito nos principios da atividade econô”

mlca da liberdade de mercado e da livre concorrência com reaponsa*

bilidade aocial doe agentee econfimicoe.

12. Muito pelo contrário, o principal motivo para a

inatituicäo do IPHF Foi o combate ao déficit público, déficit este

que, aeaundo aa opiniüee unânimes doa economietaa, é o principal

responsável pela alavanca da inflação, perveroa calamidade que, no

diaer'de HILTGN FRIEDHÊH, "é uma forma de tributacäo que pode eer

impoata sem lei”«

13. â Propósito, como bem diaee o pai do milagre ale*

mäo, LUDHIG ERHfiRÚ, a estabilidade da moeda deveria ser incluida

entre oe d1reitoe Fundamentaie do homem e ad uma politica de eeta-

bilieacäo da moeda, de combate aos reaia Fatores inflacionarios,

torna possivel que uma claaee unica näo enriquece a cuata das de-

maia..

14. âaelm, o art. EQ da Emenda Constitucional nQ 3, de

i? de marco de 1993, eatatui que a União Poderá instituir, noa

termoa de lei complementar, com vigência até 31 de dezembro de

1994, o Impoeto eobre Movimentação ou Transmissão de Ualoree e de

Créditoa e Direitoa de Natureza Financeira - o IPHF, à alíquota


manima de vinte e cinco centéeimoe por cento, facultado ao Poder

i= _ vai-oo?
fiyemwe Êšƒ-ÉÃflze/f z/gãzém/ 187
i
ADI 939-? 25 "ÇKI _

Executivo, atendendo ao condieöee e oe limite;ƒ:?;;š:e em lei, re*

duzi-la ou restabelece-la, total ou parcialmente. Determina o es"

pracitedo preceito constitucional que ao IPHF não ee aplica o

Principio da anterioridade (art. 150, III, ”b”), o principio de

imunidade (art. 150, UI), nem a exclueividade da incidência do ImH

posto de Credito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Titulos e Ualoe

ree Mobiliários e IOF e eobre o ouro, quando definido como ativo

Financeiro ou inetrumento cambial, devido na operação de origem

(art. 153, 5 59); além de excluir o produto da arrecedeeäo do IPHF

dae modalidades de repartição de receita com outra entidade tede”

reda; permitindo, todavia, que do produto da arrecadaeão deste imH

poeto vinte por cento sejam destinados para custeio de programae

de habitação popular.

15. ' n eeu turno, a Lei Complementar ng ??/93 não apre~

senta qualquer discrepância com o texto constitucional, sendo am

elegaçfiee que têm eido levantadas Para inFirmãele, totalmente, im-H

Prooedentee.

16. Eete Lei Complementar e, a um mó tempo, de normae

geraie_eepecificee em matéria de legielaeäo tributária em relaçäo

eo IPHF, pole deilne o Feto gerador, e beee de cálculo e oe com"

tribuintee do impoeto discriminado na Conetituieäo, denominado Im"

posto Provisório sobre Hovimentacäo Financeira - IPHF, em obediên"

cia ao difipoeto no art. 146, inoieo III, letra "e", de Certa Po"

litice de 1988, e, também, lei inetitutiva, cobrindo, neste último

caso, a Funeão de lei ordinária federal, em coneonäneia com o bro"

oardo latino qui potest uaJue poteet et minus. Deetarte, diante da

tecnica de economia legislativa utilizada em ooneonäncia com o

diupoeto no “caput” do art. 29, da EC nQ Sfçã, temoe, em um ed ato

legislativo, lei complementar definidore e lei inetitutiua.

1?. Cumpre, neete tópico, dizer, ainda, que a Lei Com-

plementar inetituidora do IPHF, no art. 19, define movimentação ou

transmissão de valoree e de créditoe e direitoe de natureza Finan*

ceira como qualquer operaoäo liquidada ou lançamento realizado pe”

I -102-002
gøe'fwzfl gãilfkmrz/ Ê'QÃM/ 188

ADI 939-? Qg

i H - i 'k-I"
las entidadee financeiras, que repreeente circuiacao escritura!

ou física de moeda, e de que reeulte ou não transferência da titum

laridade doe meemoa valorea. oréditoe e direitoa.

18. Uale aeaeverar. também, no que tange ao diapoeto no

art. 19, inciso I. da LE nQ 7?/93, quer independentemente de eua

natureza - endoeao e recibo. endoeao W transferência (arts. 28 e

í? c/c o 46. reepectivamente. da Lei nQ ?.35?, de 92.99.85) ou ou”

tra modalidade qualquer e. admiteeee um único endomao noe enequeã

Paeáveia no Faia.

19. ndemaie, o Braeil fez a reserva do art. ?Q. do âne"

ao II. da Convereäo de Genebra, que permitiu que oe Estados que

adotaaaem a Lei Uniforme eetatuíaeem regras que. até mesmo, impe-

eam a circulação doe ohequea (cheques näo-tranamieeiveie).

ÍIÍIII

A legitimidada da discriminamäfl
(je: r1enxwea ¡Inlflcaeatzca mei Em
Emenda Dunfitituciünal

QG. âpreeentadoa, no capítulo anterior, oa fatoree po-

litico, social e econômicoHFinaneeiro que deram gênese à Emenda

Conatituciona] HQ 3/93 e a Lei Complementar ng ?7/93, que, rea-

pectivamente. Preuiu e instituiu o Imposto Provisório sobre Movie

mentaeäo Financeira H IPHF, impende auivar a lição do mestre ÉèR-

LOS HàXIHILIàNO (in "Hermenêutica e Aplicação do Direito”, íiš

ed.. Rio de Janeiro, Forenee. 199i. paginas 157 e 159), no aentido

de que "Não pode o Direito isolar-ee do ambiente em que vigora.

deixar de atender ae outras maniFeataeüee da vida social e econõfl

mica ... na mudancae eoonömloae e aooiaia conetituem o fundo e a

razão de ser de toda a evolução Jurídica; e o Direito e Feito para

traduzir em diapoaieñea positivas e imoerativaa toda a evolueäo

ao: I al".

21. Neeae meamo diapaeäo. é o magistério de PINTO F-“i-Iifi›m

REIRâr ao JuetiFicar a neceeaidade de emenda conetituoional (in

"Curso de Direito Constitucional", ãâ ed.. São Paulor Saraiva,

1991, p. 383): "As Conetituiefiee não são obras eternae e permanen-

17

P. 102.002
tgøé'føzâ gãémâ/ Êäzém /A

ADI 939-? E

tee; têm eo contrário a necessidade de a etamento e adaptação àe

novae condicöee aocicie e hietóricae. Como dieee Hare na sua Cri*

tica ao Programa de Gothe, o direito é o produto do desenvolvimen-

to econümico da civilizacäo. à Constituição e o direito em geral

dependemIr pois, deoee condicionamento econömico e odeio-cultural,

que oe penetra e modifica”.

22. Parenteticamente, não é acaciano reavivar que milifl

ta em Favor doe atoa do Congreeeo e do Executivo a presunção de

constitucionalidade ou o principio do interpretaeäo compatível,

segundo o qual eomente ee deve declarar e inconstitucionalidade

quando eeta e evidente, fora de toda dúvida razoável, inenietindo

interpretatäo compativel com a Conetituicäo-

23. â Carta Magna, de 1988, conFeriu ao Cungrefieo Na”

cional o Poder de emendar e Conetituieão. Deoee modo, atendidos

oe requieitoe doe arte. 59, I,I e 68, quanto à proposicäo, às vew

dacüee de deliberaeäo tendente a abolir ao chamedae cláueulae

petreae e ao quorum especial de trëo quintoe de cada uma dae üaeae

do Congreeeo Nacional. em dois turnos de votaeão. o tento conetim

tucional, indubitevelmente, pode oer emendedo.

24. O Imposto Provisório eobre Movimentaeäo ou Trans”

missão de Ualoree e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira

adicionou~ee ao tento constitucional por Forca do art. 22 da Emenr

da Êonetitucional ng 3X93, a qual observou oo preceitos do art. 66

da Conotituicäo de í988, tendo eido votada e aprovada em harmonia

com o procedimento do oupracitedo Preceptivo, motivo Pelo qual não

há de se acoimar de inconetitucionel o ato do Poder Constituinte

derivado.

25. 0o conetituintee derivados optaram por autorizar a

inetituiçäo do IPHF da Forme como consta do art. 29 da Emenda ng

3, de 1? de marco de 1993, mem alterar o tento constitucional oriH

ginel,r por ter eeee imposto caráter emergencial e provisório, com

curto periodo de vigência.

ll: 1 WI-Qü'l
-J Í áj“_' f íñf k If
Mpázwm LÁJfÁUm/ t/míáfz, 19O

aDI 939-? og

26. ' A este respeito, importa anotar que, no tento da

Emenda Conetitucional ng 8, de 1993, consta, eeereeeamente, que ao

Heeao da Câmara dos Deputados e do ãenado Federal, nos termom

do 5 SH, do art. 63, da Eonetituicäo Federal, promulgam Emenda ao

texto constitucional. O art. 29 da eupracitada Emenda adicionaese

ao corno constitucional básico, tendo o Poder Conetituinte deriva-

do, diante da provisorledade deeeea preceptlvoe e como e veeelro

em emendas constitucionaie no Braeil, decidido não integra-1o ao

texto constitucional, näo deiflando dúvidae, contudo, sobre quale

inovaeüee Foram inetituidae e quaie alteracüee foram impoetae ao

tento original,

2?. Os novoe diepoeitivoe constitucionais referentes ao

IPHF terão curtíaaima vigência (até 31 de dezembro de 1?94>, asH

aim, apresentaflee, perfeitamente, compreenoível que o órgão conofl

tituído com o poder de emendar a Conetituicäo tenha considerado

deeneoeeeärio incluir o art. 29 da EC ng 3/93 no ñto das Disposi-

cäea Transltóriae da Conetituicäo de 1988, sem que o aspecto mera"

mente topológico doe referidos preceitos denea Emenda Constitucio-

nal eeJa suficiente para, afastando ae eapreaeae palavrae do cone*

tituinte derivado, considerar que tais Preceitoo reFerentec ao

IPHF não decorreriam de emenda constitucional, imeedindoeee, as*

aim, a cobranca da nova eaacão.

28. elias, inata notar que,~como ee depreende do dia*

posto no š 39, do art, 69, do Eatatuto Político, o normal é que aa

aiteracäee trazidas à Conatituicäo por emendas conetitucionaie não

ee incorporem ao tento constitucional, mas sejam, apenas, anenadao

a seu corpo. Nesse sentido: PONTES DE HIRfiNDA, "Comentárioe à


Conetituicäo de 196?, com Emenda nQ 1, de 1969", 3o ed., RJ, Fo"u

Femme, 19B?, P. 159; JOSÉ CELSO DE HELLO FILHO, "Constituitãü FE"

deral ânotada”, Rã ed., EP, Saraiva, 1986 p. 203: e HÊNOEL BONÉÊL*


UES FERREIRfi FILHO, "Eomentárioe à Conetituicäo Brasileira de
1988”, Uol. 2, SP, Saraiva, 1992 pe, B9 e 96.

19

EF - 102-002
fii//Mføm ÍD/EÁHM/ gâçm 1/

am: 939-? E;

Éç. Reeealteflee que De precept' ce de art. EQ da Emenda

Constitucional ng 3/93 adicionaramnae, provisoriamente, à Cnnati"

tuicän Federal de 1988, como ee Fuaaem normaa originárias do tente

cnnatituciünai, iate Parque aa nurmaa provenientea de Puder Cana*

tituinte uriginária e aa normas decarrentea de Poder Constitucio-

nal derivada tem a mesma natureza e hierarquia.

39. Nesse Penta, traga-ee a colação a doutrina de

HÊNOEL BOHGÊLUEÉ FERREIRÊ FILHO (in "Comentariea a Ennetituicäe

São Paulo, Saraiva, 1992, 9,86) nm


Brasileira de 1988”, Uelume 2,
igual a de
aentido de que "as emendas constitucionais têm eficácia

ate inicial, a Cnnstituicäa”,

A Cunatituicäc Federal atribui a Uniän uma aerie de


Hi.

dentre as quaia ae cnrreapnndentea an poder de tri"-Ç


competências,

nl
tflJtar.

32. 0 Cnngreaeu Nacional acnlheu o criteria nniiticn de

nrever ü Impnetc Previeóric aebre vimentacäm Financeira e ina"

tituí~ln näe cum aupedänen nn use da competência residual da Uniäm

para criar Ímpüetoa, mediante lei complementar, reapaitadna, ain"

da, ea requisitos de ne naves impeetce serem näo~cumulatiune, näm

terem tatu gerador eu baee de calcule própriae due diacrimiuadua

na Lei Quarema; mae, de prevëule ne uao de Puder Constituinte de"H

rivadn, sem a neceaaidade de aubmiaaäo aa retramencienadae regras

de art. 154, incian I, da äuperlei de 19GB, e instituíele mediante

ata legislativo que, simultaneamente, faz aa vezes de lei cemple*

mentar (art. 146, inciao III, alínea hra”, da CF) e de lei crdiná"

ria mederai,

33, Não é deepiciendu alertar que, entre aa cláusulas

pétreaa do art. 60, 5 49, incieua I a IU, da Constituição Federal,

não ae inclui a vedação ao Puder Cnnatituinte derivada de delibe-

rar aebre emenda conatitucinnal que Preveja um neve imposta, eu

elimine uutrue, nu mudifique na que Já haviam eidn discriminados,

20

i - ¡GQ-002
LS/Zšfáffiøfzä ÊQÇÃ'L'JM/ giãzífrzz/ A 19 2

ADI 939-? E `

34.. Iniludivelmente, não se pedir/miga! e liete


:lu-Il

dos impostos discriminadoe no tento original da Donstituicäo, de o

de outubro de 1988, seja imutável, Por, eupoetemente, ester inclum

ea na oiáueule intangível do art. oø, 5 4Q, inoieo IU, imposoibifl

Iitandg que o órgão constituido com poder de emendar e Constitui'-u

Gäo, com Fundamento no oeu critério Politico, tendo em vistas os

mutantes interesses e necessidades dee Fazendas Públicas e da pró*

Fria coletividade, posou, revendo tal lista, eliminar alguns im"

nostos e instituir outros. Tal exegese tem a Pretensão de tornar

eterna a lista dos impostos da União, do Distrito Federal, dos Esw

todos e doe Municipios, uma vez que, mesmo que o Congresso Heciofl

nal considere este ou aquele imposto inadequado ou desnecessário,

teria muito embornoo de euprimi-lo do tento constitucional, uma

vez que, segundo essa interpretação, näo poderia discriminar, vie

emenda constitucional, um novo imposto, para substituielo, o queI

convenhamos, é inaceitável,

do. Assim, claro está que a discriminação, pela Emenda

Constitucional nQ 3, do novo imposto não representa dano ao coman*

do do art. 60, "canut”, š 49, inciso IU, da Constituição, posto

que não se pode considerar que isto tenda s abolir os direitos e

garantias individuais.

dó. H Propósito, tranecreva~se o seguinte pronunciamen-


to do ahelieedo tributariste e Juiz do Tribunal Federal da 55 Fiel'-I
gião HUGO DE BRITG HnCHnDO, no seu "Curso de Direito Tributário",
' Sã ed., Rio de Janeiro, Ed, Forense, 1992, p. 4: ”n tributasäo é,
sem sombra de duvida, o instrumento de que se tem valido a econo-
mia oapitaíista para sobreviver, Sem ele não poderia o Estado res”
lieer os eeue Fins sooieie, a não ser que monopolieaese toda a
atividade economica. O tributo e inesavelmente a grande e talvez
unica arma contra a estatização da economia”.

37, Insta reeealtar que e limitação material do poder


constituinte instituído consiste numa garantia de evitar a dem--h
truicäo ou radical alteração de nofiea ordem conetitueional, eseim

¡_TF - 'MDE-DD?
fi/wmâ %Âma/ gšâém/

ADI 939-? gls-__

Intangíveia são o regime democrático, deflfrír por sufrágtfí sepa-

ração de poderei, direitos e garantiaa individuala realmente em-H

eencíalu à vida contemporânea do homem livre. que não Pode eer

derrubado por emenda constitucional. que abra as portao a regime

autoritário ou totalitariü. e a Forma Federakiva de Estado, que

não pode ser eubvertida Por emenda constitucional que Introduza

uma Forma unitária.

38. Infereflae. pole, que oa dlreitoi e garantias prote-

gidos pela cláuaula pétrea do art. 69. I 49, Incino IU. da Carta

Politica, de 1988. não abaream todoa o! direiboe e garantiaa en-

presaoa na Conetituieäo. nem oa decorrentes do regime e doe prinh

ofpiofi por ela adotadoa. ou doe tratados Internacionaie em que a

República Federativa do Brasil eeJa parte, Pois. se assim Fosse.


- a
netrificada estaria. praticamente. toda a Constituição.

39. ' Impende realear, outrooelm. que. no art. 69. í 4Q.

da ãuperlei. a literalidade vem ao perfeito encontro com o sentido

teleoiógico: não mera obJeto de deliberação a proposta de emenda

tendente a abolir quaisquer dae inatituiçöea ali elencadas.

40. ñboiir, negundo ü léuico de âURéLIO. mígniflca "(1)

acabar Coml PEVDQHFI EHEIHQuIr; (2) fazer desaparecer: eliminar.

oupfimír.”

41. CoIIme-ee que a Constituição não pretende que aa


inatituieäee arroladaa no 5 49. do art. 69, eeJam ineuaceptíveia
de alteraefleo.

42. à este reaneito. quando do Julgamento do Pedido de

medida cautelar para nuapender o: efeitos dae normaa art. QQ. da

Emenda Confititucional ng 3/93 e da Lei Complementar HQ ?7/93.

nesta neäo Direta de Inconstitucionalidade. o Bonepfcuo Ministro

MOREIRÊ âLUEB, em seu voto oral, ponderou! "Ora, quando se Fala

'Tendëncia a abolir', aignifica que ainda há uma tendência a não

abolir. Portanto, há um eapaco até me chegar ao momento em que ee


caracteriza a tendência à abolieäo”.

22
zg/àfism :WÃ'ÂHM/ zÊ/ãém/ _ 194

âDI 939-? QE , (

Jr;
43. à título ilustrativo, transcrevaflee a seguinte dou"

trina de CLÁUDIO PACHECO (in “Tratado das Constituiefies Brasilei"

ras", Uol. XIII, 1965, p. 462), acerca do poder de emenda das ma”

térias consideradas de eonteúdo imutável do art. 217 da Constitui"

cão de 1946, no sentido de que "a invulnerabilidaoe da estrutura

Federativa e do regime republicano, não devem ser considerados co"

mo alas'io'iutoia.r säo necessariamente relativas, porque não se reFerem

à própria essência do homem e sim à precariedade da obra humana”.

44. Uejamos, agora, um caso prático, quer dada a sua

eemelhanciar espanta qualquer dúvida acerca da conetitucionaiidade

da Emenda Constitucional ng 3/93, de i?.93.93, em relaçäo ao inci-M

so IU, ã 49, do art. eo da Carta Politica de 1988. No Mandado de

8eguranea nQ 29.257hDF, em que se questionava a validade da Emenda

Constitucional que Prorrogava, por dois anos..r os mandatos em curso

de Prefeitos, UicemPreFeitos e Uereadores, para Faeëfilos coincidir

Com os mandatos eletivoe Federais, diante do preceito Proibitório

do art. 47, š 19, da Conetituicäo Federal de 19o?. modificada pela

Emenda nQ í de 1?69, segundo o qual "não será obJeto de delioerafl

eäo a proposta de emenda tendente a abolir a Federacäo e a Repú-

blica", os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plena”

ria, assentaram o entendimento a Favor da legitimidade constitu*

cional da acoimada Emenda, porqueIr embora versasse sobre aspecto

relacionado com o conteúdo do princípio erigido com cláusula pé*

trea, não lhe afetava a essência. Transcrevamese trechos da res”

pectiva Ementa, in verbƒsä

“HANDQUO DE QEGURQNÇA HQ 20.25? H DF


(Tribunal Pleno)
(nsRo na RTJ 9ä/iü4í)

Mandado de Qeouranca contra ato da Mesa do Rumores*


so que admitiu a deliberação de Proposta de emenda
constitucional que a impetraçäo alega ser tendente
a aboliçao da república.

.III'IHIÚHHIIIÚHHIIIII
ÚII-lfii'flflflflflflflfliihIH
IHH'IIH'III-fl

H IneHistëncia, no caso, da pretendida ineonstitu"


cionalidade, uma vez que a nrorrogaeäo de mandato
de dois para quatro anos, tendo em vista a oonvenie

F . :oz-oo?
âgíf/féréwa L%Éw272/ gíøém/ 19 3

ADI 939-? QE

ëncia da coincidência de mandatoa nos varioa niveia


da Federação. näo implica introdução do principio
de que oa mandatos não maia aan temporarioar nem
envolve, indiretamente, eua adocäo de Fatoe.

Mandado de Seguranca indeferido.”

(in Ralfiih ng 99, paginaa iüãi a íüãä).

45. Em aeu voto, o relator para o acórdäo, o Emérito

Ministro HOREIRÊ ñLUÉS Balientoui

"à emenda conetitucional, em causa, não viola.I evi*


dentemente, a República, que Preaeupäe a temooraw
riedade doe mandatos eletivoe. De Feito. prorrogar
mandato de doía para quatro anoer tendo em vista a
conveniência da coincidência de mandatos noe vários
níveia da Federaeäo, näo implica introducäo do
principio de que oe mandatos não maio são tempora~
rioe, nem envolve, indiretamente, sua adocäo de Fa"
to, como euatentam os imeetrantee, eob a alegacäo
de que, a admitirflee qualquer From"oggiacma'zio.l inFima
due Poaee, eetarfleefiia a admitir prorrogacäo por
vinter trinta ou maia anos. Julga-ee a vista do Fa”
to concreto, e não de eupoeicäo, que, ae vier a
concretizarmee, merecera, entäo, Julgamento para
aferirmae da emiatëncia, ou não, de Fraude a iaroi»H
bicäo conetitucional.”
(In RLLMJ* HQ 99, paginas 104% e 1641).

46. Portanto, repieeree que, como aa normaa oriundaa do

Poder Constituinte derivado, tendo atuado este em harmonia com o

art. 50 da Lei Haaima, têm a meema natureza e hierarquia dae nor»

mae proveniente; do Poder Constituinte originárior tendo aido oa

preceitua do art. EQ da Emenda Conetitucional ng 3/93, adicionafl

dos, provisoriamente, a Bonatituicäo Federal de 1983, não há de se

cogitar de inconstitucionalidade da própria Conetituicäo.

47. Enfatize-ae, outroaaimr que, como a inetituicäo do

acoimado impoato não ocorreu mediante o ooo da competência tribu*

tária reaidual da União, não na de se perquirir, in epecie, de

deecuramento aos requieitoe do art. 154, I, da Conetituicäo Pede”

ral.

JIKJ

(1 IIF'PiFT ea Em raEic:-eaiflíl ¡czzaccäica tic:


princípiü da anterioridade

48. Um outro empeco propalado dia respeito ao principio

da anterioridade. Preeaflee que tal principio, ineerto nas limita*


Úífiezwm gãéffzú/ gr/zém/ l

aDI 939-? QE

cäee conetitucionaie do poder de tributüarr eeria, Por natureza, um

doe direitoe e garantias individuais; aaeim, o H 29, do art. QQ.

da Emenda Constitucional ng 3/?3, ao encetuar a aplicacao do artIl

iãü, caput. incieo III. alinea "b", da Conetituicäo, ao Imposto

eobre Hovimentacäo ou Tranemieeäo de Ualoree e de Creditos e Di”

reitoe de Natureza Financeira, teria deecurado a cláusula nétrea

do incieo IU, š AQ, do art. 66, do Eetatuto Politico oe 1983"

49. Coneeqüentemente, advoga-ee que a Lei Complementar

ng YY/ÇS, ao prever a cobranca do imnoeto por ela instituído, no

meemo exercício Financeiro da eua publicacao, teria ierido o men"N

cionado Principio da anterioridade da lei tributária.

50. De logo, imoende refletir que, quando ao constitui”

eöee. eapreeeamente, elencam um rol de matériae que não Podem eer

alvo de emendae eetintivae, esta restricäo ao Poder constituinte

derivado deve ser interpretada reetritivamente e com ae devidas

Ponderacfiee.

51. O art. 69, ã dg, da üonetituicäo de 1988. dieeüe

que não será objeto de deliberacäo a proposta de emenda tendente a

abolir; entre outraa limitacüee, oo direitoo e garanhiae indivi-

duaia, entendidos como aqueles derivados da própria existência hum

mana e que ee colocam acima de toda e qualquer norma, como oe re-

lativoe à vida, a liberdade e a dignidade dae peeeoaa.

52. Importa verificar que, nas Conotituicfiee mais re-

centeer inclusive na atual Carta Política, o principio da anterioml

ridade não Foi Idealizado como absoluto. Huito pelo contrário, a

relatividade deeee Firincínio.r em face de inúmeras reeaalvae ore»m

vistas neeeae Conetituicüee, autoriza a indagarmoo ee o principio

da anterioridade e regra que comporta eececñee, ou ee renreaenta

eucecfiee diante da regra da näowanterioridade da lei tributária.

53. Dai. como o princípio da anterioridade tem ee moe-

trado relativo, eapecialmente, em relação aoe imnoatoe com predo-u

25
zgíøzzwm ggráfíw z/1 9:;ú4'fl9/ L 197

ADI 939-7 ge

minante funeäo extrafieeai, oa Indiretoa, oe de Fatoa eeradorea

instantâneos, e oa inatituídoa proviaoriamenter para Fazer faee a

determinadae aituaefiea, também, tranaitóriae, nfo ä, de Forma a1~

goma, deearraaoado inFerIr que tal Iimitaeäo ao poder de tributar.

mormente ae ocorrentee aleumae das hipóteeee eopracitadas, não in~

tegra oe direitoa e garantias individuaie que seriam ineueceptí"

veia de serem alterados por emenda conetitucional.

54. eaeim. o art. 141, š 34, da Constituição de 1946,

previa o Princípio da anuaiidade. o quai ee dietinguia do Princifl

pio da anterioridade, Já que aquele significava que nenhum tributo

podia eer cobrado em cada exercício, eem que estivesse previsto no

oreamento da entidade tributante. Conetituiam eaceefiea, apenasIr a

tarifa aduaneira e o impoeto laneado por motivo de guerra. Com a

Emenda Constitucional nQ 18, de 1965, o principio da anualidade

Foi erradicado, vale repioar, não maia ae eaigiu a Prévia autori-

zação orçamentária, aendo aobetituído Pelo da anterioridade, ou

aeJa, a Iei tributária devia estar em vigor antee do início do

eaercício $inanceiro; mesmo aaeim. a aplicacao deeae prineípio se

restringiu aoa impostos aobre o Patrimônio e a renda (art. 29,

II). H Eowetituieäo de i9&?, em seu art. 159. 5 29, restaurou o


eiatema de 1Q4o, decaicando a norma do art. 141, š 34, daquela

Carta. Mae com a Emenda Conatitueional nQ Gi, de 1969. o princípio

da anuaiidade Foi, novamente, abolido, prevalecendor apenas, o da

anterioridade da lei tributária ao eaercicio de cobrança do tribu-

to, com ampliaeäo dae reeeaivae, Ja que este Principio não euJei"n

tava a tarifa aduaneira e a de transporter o impoeto sobre oroduH

toe Induatriaiiaadoe e o imposto lançado por motivo de guerra e

demaie oaaoe previatoe na Conatituieäo (art. 153, š 29). O rol de

eeceeäea foi ainda mais dilatado pela Emenda Constitucional ng 08.

de 1977. que deu nova redaeäo ao art. 133, 5 29, do Estatuto Poli*

tico. autorizando a lei complementar a ampliação dae reeealvaa ao

princípio da anterioridade, com que ee deu uma quase extinção do

aludido principioIr pela poeaihilidade de reeealvae. até mesmo. por

norma inFraconetituoional. Desse modo, a redacao do mencionado 5

FF - IGE-009
fiøérøzô gššáme /L1 Égâém /`

_ Á* u
4pLDI 939-'7 E

fi
art. 153, paeeou a ser a eeguint "Nenhum tributo sera
2?, do

aumentado aem que a lei o eetabeleca, nem cobrado, em


exigido ou

cada eaercício, aem que a lei que o houver inetituido ou aumentado

em vigor antes do inicio do eaercicio Financeiro, reasalvafl


esteja

alfandegária, a de transportes, o Imposto sobre ProHu


das a tarifa

e outros especialmente indicados em lei


dutos Industrializados

além do imposto lancado por motivo de guerra e de”


complementar,

maia casos Previstoa nesta Conetituicäo”. Portanto, o principio da

eobeJou aplicável somente aos imposto; eohre o pan


anterioridade
| II “f *l i
l

renda, ooo termos do art. 164 do Codigo Tributario


trimönlo e a

Nacional,

55. à Conetituicão Federal promulgada em 5 de outubro

de 1988, em aeu art. 159, "caput", Inciso III, alinea “b”, veda a

União, aos Eetadoa, ao Distrito Federal e aos Municípios cobrar

tributoa no mesmo exercicio Financeiro em que haja sido publicada

a lei que os inatituiu ou aumentou. Tal vedação, também, comporta

encecüee. naaim, o š 19, do próprio art. 15%, diepfie que não estão

euJeitoa ao principio da anterioridade os impoatos eobreä importa”

cäo de produtos eatrangeiroa (art. 153, I) e eaportacäo, para o

aterior, de produtoo nacionais ou nacionalieadoe (art. 153, II),

produtoa industrializados (art. 153, III), oneracfiea de créditoa,

câmbio e eeguro, ou relatluaa a tituloe e valorea mobiliarioa

(art. 153, U), e oa impostos eatraordinárioa na iminência ou no

caso de guerra (art. 154, II). Assim, na órbita federal, aeeundo o

tento original da Donetltuicäo de 1988, eatäo sob a incidência do

Princípio da anterioridade, apenaa, oe impostos sobre o patrimönio

e a renda, vale dizer, o imposto sobre renda e proventoa de qual-

quer natureza, o impoato aobre Propriedade territorial rural e o

imposto sobre grandea fortunas. Não se aplica, ainda, o Princípio

da anterioridade, podendo, Pois, aer cobradoa no meamo eaercicio

Financeiro em que Por publicada a lei que oa inatitui ou majore o

empréstimo compulsório deatinado a atender a despesas eatraordina"

riaa, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua

iminência (art. 148, "caput", inciso I) e as contribuicñea aociaie

päFH H Seguridade social, inclusive as que Forem criadas com baee

27
zgÊ//zârfzzfi g/ZIÁem/z/ gadƒaf/ 1 9 9

ADI 939-? _Igg \`


na competência residual da União (arts. 149, “caput”, 195, "cam

put”, incisos I a III, š 4Q e š og). Estas últimas guardam interm

regno de noventa dias para cobrarem eFicácia,

5o, Abra-ee, aqui, um parêntese para comentar que, no

âmbito dos tributos federais, por eeemplo, a äuperlei, no § 19, do

meu art, 153, faculta ao Poder Eeecutivo, por ato inFralegal, em"
bora atendidas as condlcües e os limites por lei estabelecidos,
dispor sobre alíquotae dos impostos sobre importação, emportaeão,

produtos industrializados e operacfies de créditos, câmbio e seguro


ou relativas a títulos e valores mobiliarioe. Aqui, trataese de

ressalvas ao principio da legalidade diante da possibilidade aber-

ta de alteracäo de alíquotas de certos impostoe por meio de ato


administrativo. Ora, em relacao ao principio que eetamos comentan-

do, colime-se que anterioridade da lei confere-se em relacäo à lei


tributária, Be lei não emiste, porque o caso e de modificacäo de
alíquota via ato administrativo, não há de se cogitar da aplicação
do principio da anterioridade da lei. Portanto, constataflae, in
casu, que a Focalizada emceeäo ao princípio da legalidade traz co*

mo conseqüência a inaplicabilidade do principio da anterioridade.

57. * Portanto, o grande número de eacecües revela que o

princípio da anterioridade não é abeoluto. antes, de caráter acenfl

tuadamente relativo, sujeita-se a abrandamentos, desde que pela

via adequada, em circunstâncias especiaie.

58. Ineta realcar que o 5 29, do art. EQ, da Emenda

Constitucional ng 3, de í? de marco de 1993, eacetuou o principio

da anterioridade em relacao ao novo imposto, por ela discriminado,

diante da Própria natureza específica do IPHF, imposto provisório

e emergencial, posto que indianeneável à eaecucäo orcamentaria de

1993, e de tatoo geradores inetantäneoe, ieto e, na definicao de

âHILCàR DE ÊRAÚJD FñLCäO, em obra denominada "Fato Gerador da

Obrigação Tributaria”, Ed. Revista dos Tribunais, São Paulo, 19?7,

pagina 126, aqueles que” ocorrem em um dado momento de tempo e

que, cada vee que surgem dão lugar a uma relacäo ohrigacional aum

tönoma”-

rÍF ~1Ú!-002
(T z
z/Í'y/fzrfim 35f Ã/fiw/a
f gífim/F
.r 2oG

ADI 939-? QE
f" LI,
$9. Cumpre observar que o arte Êfi탚iššçjza EC ng 3/93,

não está acetuando o principio da anterioridade de quaisquer doe


impostos Ja emiatenteo no texto constitucional de 1988. Tai Pre-
cePtivo eata excluindo deete principio um novo impoato, que Foi

discriminado pela mesma Emenda. neaim não há de se cogitar, no ca-


eo , de tendência à entincäo do principio da anterioridade. fiiiáa.

a regra da anterioridade näo repreaenta nem mesmo garantia wrote"m

gida pela claueuia de intangibilidade.

66. 0 Impooto Provisório sobre Movimentação ou "francHH

missão de valores e de Creditos e Direitoe de Natureza Financeira

(IPHF), previsto na EC nã 3, de í?.63.93, da meama Forma que o Im*

posto sobre Operacöea de Creditoa, Câmbio e Seguro, ou relativas a

Titulos e Uaioree Hobiliárioa (IOF), e tributo, cujo campo de

aplicacao ed Pode comportar Fatoe geradores inetantâneoo, de corte

que a encecäo estabelecida no š EQ, do art. EQ, da reFerida Emenda

eegue a meama linha de reeoalva eatabelecida Peioo conatituintea

originários, näo afetando, pois, a própria eoeëncia do principio

da anterioridade, motivo pelo qual e legítimo deduzir, Feio Fato,

ainda, de ae classificar como imposto sobre movimentação ou clrcu”

lação econömica, aemelhante ao Impoeto cobre Produtoa Indui-zitr¡aiii-H

zadoe H IPI, que ae o IPHF Ja tiveaae eido diacriminado no Tento

Honatitucional promulgado em 05.10.88, certamente Piguraria entre

aa eececäee ao principio da anterioridade.

oi, Cabe, ainda, reecaltar que a Emenda Conetituclonal

ng 3, que autorizou a criacäo do IPHF'e previu a näo~ap1icacäo, em

relacäo a eaae imposto, do Princípio da anterioridade, tem o mesmo

poder que o tecto constitucional original, uma vez que atende aoo

requioitoa formais, circunatanciaia e materiaia euigidoa pelo

art. 6% do Eetatuto Politico de 1989, para reForma constitucio"

nal. O fato da questionada Emenda ter aberto uma emoecäo ao erin-r

cipio da anterioridade, para atender a uma situacäo Provisória e

emergencial, em relacão a um enercicio e concernente a um novo im*

posto por ela diecriminado, não importa em abolir tal princípio.

29
S/føéfwm ÂÚ/šlféfzzâ/ Ê'šfzítëzz/

ADI 939-? pg

o”
.Col ' aliás, vale eniatiear que, para que haJa alteração

deeea ordem, é nrecieo que a nropoeta eeja dieeutida e votada em

cada Cana do Congreeeo Nacional, em dois turnos, considerando-ee

aprovada ee obtiver, em ambae, quorum enceneional de três quintoe

doe votoe doe reoneetivoe membroe, e, oonvenhamoe, pela enneriënh

ola comum, não me alcança quorum tão elevado eenäo em caeoe muito

eepeclaifi.

63. Deotarte. a Emenda. em comento, näo tende a abolir

o principio da anterioridade da lei tributária, poeto que não lhe

afeta a eeeënoia. nem o euprime. ndemaie. como restou demonstrado,

tal principio tem caráter. inerentemente, relativo.

64. n propósito. Peco vënia Para trazer a colaoäo tre-

cho do voto do Ineiene Hinietro FRANEIECO REZEK. proferido por

ocaeiäo do Julgamento do pedido de medida cautelar. neflta ÊDIH re-

querida Pela CONFEDERÊCÃO NâCIGNnL DOS TRaLHADOREä NO COHeRe

CIÚÚCNTC H contra oe preceitos do art. QQ da EC ng 3/93, bem como

da LC nQ ??/?3. ¡Pefs verbiel

"Mae näo acho que a regra da anterioridade seja


um principio intocável pelo próprio Gongreeao Na”
cional. em trabalho de emenda a Carta. Éomeoaria a
ver neeea regra algo parecido com um principio em
Favor do cidadäo, do contribuinte, ee pelo menos
ela pretenneeee, Para evitar o fator eurpreea, eo”
tabeleoer para nda todoe uma garantia de acomoda*
cão, dizendo que näo ee nos pode exigir um tributo
oue näo tenha eido inventado, pelo legislador, Pelo
menoe seia, doze ou vinte e quatro meeee antes. Eme
hora euJeitoe. oe brasileiros. a eurpreea de toda
ordem no seu dia"a"dia, a regra eoaria como um
nrincipio que nos previne contra a eurnreea ocasio-
nada pelo Eetado enquanto entidade tributante. Ham
não, a regra não die nada dieeo. Ela die que não se
oobra. em certo exercicio, aquilo que não tenha ei-
do concebido legialativamente no nercicio ante”
rior. neeim, nenhum de nda eetá livre de eer iegiH
tlmamente cobrado, na primeira eemana do mãe de Jan
neiro, de um tributo que se tenha inventado na ul*
tima semana de dezembro. Santo Deus I. ieeo não e
garantia Para ninguém. O que há ai e mera regra de
comodidade oreamentária. Para que ae empreeae ee
organize-mIF para que o erário se organize em Funoäo
do ano civil. Não vejo ai uma regra que realmente
vlee a eetabelecer intervalo cronológico. justo e
razoável, entre o momento em que ee inetitui o tri”
auto e o momento em que ee cobra o tributo. Não ve*
Jo. por ieeo, como dizer que a emenda tonatiictuziim"u
nal ora em name viola um Principio concebido Para
eguranca aoe cidadäoe.”
gif/wma %Âme/ geeám/ 202

Am: 939-? pg

65. Portantor constatada a obefiíšãífífšššEmenda Conoti-

tuoionai nã 3 às exigências do art. 60 da Lei Magna de 1?88, eepe"

eiaimente no tocante a Inenietênoie de fraude contra ou reetrieüee

materiais do poder de reFormn constitucional. repieeHse que oe

meu; preceitoo incorporernmroe à Certa Política de 1988. e que

normas decorrentes do legítimo exercicio do Poder Constituinte de*

rlvado têm a mesmo naturezn'e hierarquia das normas oriundee do

Poder Constituinte originário.

66. Dolime-ee que a näo-eniiceoäo do princípio do art.

150. caput, inciso III. alinea ”b”. da Conetltuloäo da República.

em relaçäo eo IPNP não foi Prevista diretamente pelo Lei Compie"

mentar ng 77/93, mas pelo 5 29, do art. 22. da Emenda HQ 3/93, ie-

to é, Por norma constitucional emanada do ~`óreäo oonetituido com

Poder de emendar a Conitituicäo Federal. fieelm, não há de ee cogi"

tar de Inconstitucionalidade do própria norma conotitucionai. nem

de ee perquirlr, neste tocante. de ¡nconetitucionnlidnde da Quer»

renda Lei Compiementar.

67. Babe dizer que, em relaçäo eo: impoetoe com predoH

minnnte Função entrafiooal, ou indiretoe, ou de fatoe oeradoren

Instantâneos ou,r ainda.r provisórios e emergenciais, a ¡nafaetabi-

lidade do principio da anterioridade não se dirige aos membroo do

Congresso Nacional no enercfcio do poder constituinte derivado,

mesmo Porque, neeeee canoa, a inetituieäo de novo enoecäo eegue o

mesmo linho de ressalvas Já estabelecidas pelos constituintes ori-

ginários, não afetando a essência do principio, mas aos legislado-

res federnio infrnconotitucionain, aos Fonotituintee e 1egielado~

res eitaduais e nos Iegleladorei dae leio orgânicas e ordináriae

do Distrito Federal e dos Hunioipioo.

63. 0 que ee aineverou compatibilizn com o ”Deoieum" do

Plenário do Enoelso Pretórlo. no Julgamento do Reoureo Extraordi-

nário ng 94.414-SP, cujo trecho da Ementa tronecrevol

IJ'
~ Não há direito adquirido contre texto constitu-
cional, reeulte ele do Poder Constituinte originám
rio ou do Poder Constituinte derivado. Precedentee
du sTFI” '

(in Relude.n9 114. Página QHYi

31
5ç%ärfwâ gzámfl/ ggaz/fízz /J 2 O 3

ADI 939-7 pg

i
E!
iii '
ih Clcormeei: ii:\¿.i‹:šäea E:eetieer¬ae1.z
ele: j;§?€3£3,. rtäie: r'eeeai:eam1r"caLl
1:: PI-*incfpin da anual idade:

e9. Por outro lado, releva aeeeuerar que a Conatitui~

eäo, de 1988, não albergou o principio da anualidade. 0 preceito

do E 29, do art. 165, eegundo o qual e lei de diretrizes oreamenfi

tária orientará a elaboraeäo da lei oreamentária anual e disporá

eobre ae altereeflee de legislação tributária tem o eeeopo de reeo*

mendacäo ao legislador Federal quanto à previeäo de receita e Fi"

eaeäo das despesas, especialmente, no que respeite a ajustes no

eietema tributário, não requerendo que eeea lei preveJa a altera"

¢äo Propriamente dita.

Ye. O Fato deeea lei de diretrizes e da lei oreamentá-

ria anual não terem aquela sugerido e esta previsto o aumento da

receita tributária, com a eriaeäo de um novo imposto, para euprir

o déficit oreamentário, näo tem qualquer refleuo sobre a euigibi"

lidade desse tributoII näo legitimando a reeuea do pagamento do im"

posto pelo'contribuinte afetado, ieto porque eete não tem direito

eubJetivo a ser protegido, ponderandoree que ao normae programáti-

eae a que alude o E 29, do art. 165. da Lei Maior, não Podem Prefl

ver todos ae eituecfiee futurae que surjam durante o ano, que re”r

clamam eomplementoe oreamentárioe. E näo ee pode imobiliear a

União por uma lei de orientaeäo, impedindo-a de ee utilizar de re-

oureoe eutraordinärioe, em casos de emergência.

ÊJII

JIF'PiFT ee :355 ¡Ir-i rrc:i'F›i toe; tlën

seguranca Jurídica nu

ciel r1ääc3*-eemxr*i1r*eeeaen

71. âdemaie, tendo o Imposto Provisório sobre Movimenh


taeäo Financeira eido diecriminado por norma constitucional e ine-
tituído por Lei Complementar, que prevê a cobrança de Impoeto ao-
gif afff/*2m Íg/Láfzm/ Êäzém/ 2 0 [1

ADI 9394 QE \l i ¬.
\\ ,
J'
n,

ore Fatoa geradores a euoederem após trinta dias dae publicacüea

de normas adminiatrativas complementares, näo ae Pode dizer que há

dano aofi Principios implicltoe da seguranca Juridica ou da não*

aurpreea, lato Porque Foi aesegurado aos contribuintes do IPHF no»H

nhecerem, com razoável antecedência, o teor e o quantum do tribu-

to, ao qual eetaräo sujeitoa no ruturo imediato, de modo a Poderem

planejar as auae atividades, levando em conta oe dispooitivoe da

nova legislação tributária.

iJIIÍI

() JIFFP'IFr ee e: ¡arr ir1e: ÍIQ ic: :Iza


ruëicor-mri rnczmliieaccäica ele:
i nnfacueai:c:ea ias; r-eetzez il:=aaa

72, 0 art. io?, "caput", inciso IU, da Constituição da

República, veda a vinculaoäo de receitas de impoetoa a órgão, Fun»1

do ou despesa, reaaalvadaa aa hipóteses que anuncia.

Y3, Todavia, o š 49, do art. 29, da Emenda Constitucio»

nal nã 3193, especifica maia um eaao de reaaalva a eeee principio,

ao enpreaaar que, do produto da arrecadaeäo do novo imposto dia*

criminado pela mesma Emenda, vinte por cento serão destinados para

custeio de programas de habitacäo Popular.

Y4. O constituinte derivado resolveu não inaerir o teor

do preceito do E 4Q, do art, 29, da EC. nQ 9 ao tento do art. ió?,

incieo IU, da Carta, de 5 de outubro de 1988, repiaerse, diante da

nroviaoriedade dos preoeptivoo do art. 29 da referida Emenda

Constitucional, que cuidam do Impoato Proviaório nobre Hovimenta"

näo Financeira, tributo eate, que, aegundo o próprio "caput", do

meamo art. 29, terá curtioaima vigência, vale dizer, até 31 de de"

membro de 1994, Entretanto, não há contrariedade entre a norma

constitucional original e a norma constitucional derivada, mesmo

porque ambas poaeuem a mesma natureza e hierarquia, bem como dew'i»H

do a impossibilidade de eniatëneia de inoonatitueionalidade da

própria norma conatitucional,

HF - :oe-oo:
t9;%ê'rwm %Â/fm/ géaéázêr/ 20 ã

ADI 939-? 93

YE. Regietrehee que emenda conetif;:?t::?p;ue eetipula,

em relacäo ao novo imposto previeto por ele, inaplicabilidade da

regra da näoflvinculacäo do produto da errecadacäo de impostoe a

órgão, Fundo ou despesa, não fere nenhuma dae cláusulas de intanfi

gibilidede eupootae no art. 69, E 49, incisos I a IU, da Consti-

tuicäo Federal.

kJJÊJIJI
(3 :Efild e: e: cj ¡tre! ii:t3 :joe ¡Ir-collr-i Eeclznclee

76. plegeflee que a diecriminaeäo e inetltuicäo do IPHF

teriam leeionado o art. 59, incieo XXII. da Carta Magna. que gaH

rante o direito de propriedade: assim, como dinheiro fee parte do

patrimfinior seria constitucionalmente intocável.

7?. No entanto,I ineofismavelmente, o reconhecimento

constitucional do direito de propriedade não é absoluto e nem gar

rante a näoflincidêncie de tributos eobre a propriedade.

?8. fieeim, a nossa Lei Maior diepHe que a propriedade

atenderá a gua função eociel (art. 59, XXIII), onde o intereeee

público eoorepäeflee, Indiecutivelmente, ao interesse particular.

Neeee diepaeäo, evocemoe a possibilidade de desapropriação, por

necessidade ou utilidade publica, ou por interesse social e a eu-

torieacäo de ueo da propriedade particular, pela autoridade compe-

tente. no caso de iminente perigo público (art. SE. XXIU e XXU).

além da permieeäo Para a União deeaproprier por intereeee social.

Para Fine de reforma agrária, o Imóvel rural que näo eoteJa cum-

prindo sua funcäo social (art. 184). e a previsão de deeaproprie"

cão de imóvel urbano que não eoteJe cumprindo eua Função eocial

(art. 182). âduea-ee que e função eocial da propriedade é. também.

um doe princípios norteadores da ordem econömice (art. 17%, IIIl.

?9. Por outro lador como Já w|i=¬'.neioneinrutie.F o noeeo Esta"

tuto Supremo atribui aos enteo da Federacäo poder para inetituir

tributosr desde que observados ae competências tributárias pró*

priae e ao limitaeüee do poder de tributar.


Lgøfzrfizâ Ski-ránm/ gíflfm/ 2o 6

max 939-7 _rgg \

BG. Cumpre notar que o tento orieinaífššfëšíta de 1938

Já diocriminava oe impoetoe sobre a propriedade territorial rural

e sobre grandes Fortunae (art. 153, "caput", incieoe UI e UII):

Impoetoo sobre trancmioeäo causa mortƒee doação de quaiaquer bene

e direitoe, e sobre propriedade de veiculos automotoree (art. 155,

”caput”, inciso I, alíneas "a" e ”c”); e impoetoe cobre i=lri::i|=›rii=:da-'t

de predial e territorial urbana, e sobre tranomieeäo inter vivos,

a qualquer*titulo, por ato oneroeo, de bene móveie, por natureza

ou aceesäo Fisica, e de direitoe reaia sobre imóveie, enceto oe de

garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisicäo (art. 156,

"caput", incieoe I e II).

81. Deetarte, näo há de ee conceber que o reflexo indi-

reto do IPHF sobre o patrimônio, autorizado pela própria Conetifl

tuicäo, através da EC nã 3/93, viaando a atender o interesse pú-

blico, represente a intenção de se abolir a garantia conetituciofi

nal do direito de propriedade.

82. Elucide-ce que o Fato gerador do IPHF não é a From

nriedade de dinheiro depositado em inetituicöee financeiras, eendo

também irrelevante a transferência ou não da titularidade de vaio»h

res. créditos e direitoo de natureza Financeira, mas, basicamente,

oe lancamentoe a débito em contas bancárias.

83. neeim, a transferência de recursos, constitucionalH

mente autorizada, do setor privado ao eetor público, como sucede

com oe tributos e, portanto, com o IPHF, não representa afronta ä

propriedade,

:Chi

C) JItiFT eo t1 tir" iI1t: fl: lt:


cjee xreecieaçcäico :joe c:c1r\1?iie5c:c:

84. Quanto à aupoata nódoa ao principio da vedacäo de

utilizacäo do tributo com efeito de confieco (art. 159, caput, inn

cleo IU, da CF/BB), repute-ee que as incidências do IPHF sobre oe

lancamentoe a débito em contas bancárias, a uma alíquota manima de

vinte e cinco centéeimoa Por cento (0,253) sobre os valores doe

lançamentos, näo repreeentam, de forma alguma, confisco do patri"

35
$¢emfm z/cyzzéwe/ Ãõ/gm/fm/ 2 D l*

am: 939-7 QE ,_
mBnio doe contribuintee: isto porque näozfiáfd:p;§aíoneiderar que o

referido nadräo de tributação eeJa insuportável, ou, em outras ¡aa-m

lavrae, que não haja, ”in caeu”, razoabilidade na tributacäo.

85. Corrobora a noaea argumentacäo, o seguinte entendi-rI

mento do ilustre Profeeeor QñBHn CÊLHON NnUnRRO COELHO, proierido

em Palestra sobre oe Princípioe Conetitucionaie Tributárioa, eu"

blicada na “Revieta de Direito Tributário” n. 48, abril-Junho de


1939, SP, Ed. Revista doe Tribunale, p. 76! "O princípio do näo

confisco aigniFica, em última análise, que a tributacäo não pode

eer tanta que abeorva a coiea ou renda, porque ieao significa ab-

sorver a própria Fonte de tributacäo. Se eu ganho iüü milhäee e

devo pagar 196 milhfiee eu Fico confiecado. Be eu tenho uma pro*

priedade imobiliaria que vale 10 milhäee e o imposto é de 10 mim

lhäee, eu Fico confiecado atravèa de tributoe. Na verdade, o con-

Fieco tributário significa eeea abaorcäo tributária do patrimönio

ou renda”.

)(

()e; int" II1‹: fl: ¡caes clan i escaricanni Em


ie clea xfercieaçcšic: ele: cli E;c:r'i nai riençzäic:
1:r" il:111:eirr Iza enrola ¡Icrfleãir iai
Gerilcrcee czearalzl" itatJ itaicezea

86. P Não procede o entendimento de que a Lei ilion'nniemen-m

tar nã 7?/93 teria maiferido oe princípios da ioonomia (art. EQ,

caput, da CF) e da vedacäo de diecriminacäo tributária arbitrária

entre contribuintee (art. 150, "caput", II).

B?. â Éarta Magna, de 1988, consagra o principio da

isonomia, determinando, no caput do art. EQ, que "todos são iguais

perante a lei, een diatinoäo de qualquer natureza”, prevendo, como

corolário deste, no âmbito tributário, oe princípios da vedacäo de

discriminacäo arbitrária entre contribuintes que ee encontrem em

situação equivalente e da graduacäo do tributo, segundo a capaci-

dade econömica do contribuinte, respectivamente nos arte. 150, II

e 145, š 19.

88. Para o noeeo Direito Conetituclonal Tributário, o

Princípio da igualdade juridica previeto no art. SH caput, da Car-

ta Magna, significa que a lei de tributacäo deve ter Caráter hipo-

tático.

36

EF - 1Úfl-UD'2
wyzmwâ gšzáffm/ grrzrm/ _ 20 8

.--¬
ADI 939-? 95 .

89. Neaae ponto. transcreva e a manifestaeäo de HUGO

DE BRITO HnCHÊDO acerca do Principio da isonomia e o carater hipom

tetico da norma tributáriaF no seu "Principios Jurídicos da Tribu-

tação na Constituição de ívüã”. São Paulo, Ed. Revieta dos Tribo”

naisr 1989, p. 85, ¡país Jirterƒs:

"O principio da isonomia, ou da igualdade Jurídica,


tem sido muito mal entendidor prestandoflae para
Fundamentar ae maia abeurdaa Pretenaüer- Dizerwee
que todos eäo iguala perante a lei, na verdader na"N
da maia eignifica do que arirmar que aa normaa Ju-
rídicae devem ter carater hipotética” Assim. qual-
quer que aeJa a Peaaoa Poaicionada nos termoe da
Previsão legal. a conaeqüência deve ser a mesma,
aeJa quem For a peeaoa com esta envolvida. äe a
norma estabelece que quem Por proprietario de ¡md-
vef deve pagar imposto, o imposto é devido. seJa
quem For o proprietário do imóvel. Haa isto não
moer dizer que a norma näo poeea excluir alguém
deaea hipóteae, concedendo iaeneäo subjetiva, como
Faz, por exemplo, ao diaer que Ficam isentos deeae
imposto oa Funcionários públicoe que poeeuam anenaa
um imóvel. a norma iaentiva, como ae vê, Formula
uma enceeäo àquela outra norma, a de tributação.
mae não viola o principio da leonomiar poato que
mantém o carater hipotética da norma Juridica* Ea-
tabelece uma hipótese, a saber, ser Funcionário pd-
bíƒco e não Posauƒr outro ¡mäve1. ñ isonomia eahá
preservada posto que qualquer pessoa que ae enquaH
dre neaaa hipóteae tera direito ao meemo tratamento
Jurídico. Uiolada eataria a iaonomia ae a norma
iaentiva einaulariaaaee determinada neeaoa, em low
oar de referirWae a uma categoria de peaaoae.

Nesta linha de pensamento, CELÊO fiHTñNIO BñHDEIRm


DE HELLO, em excelente monografia sobre o temar co-
loca como primeira de euaa conoluafies a aaaertiva
de que há violação do principio conetitucional da
isonomia quando 'a norma eƒnguiarƒaa atual e deFÍH
nftƒvamente um destinatário, ao invés de abranger
uma categoría da peasoae, ou uma pessoa futura e
indeterminada.* (O Conteúdo Jorfdƒco do Princípio
da Iguaƒdadef Editora Revista doa Tribunaia, 5äo
Paulo, 1978, p. 59). Em outraa palavras, pode-ae
dizer o meamo afirmando que ha leeäo ao Princípio
da isonomia quando a norma não tem o carater
hipotética.”

90. O princípio do art. 15%, II, da Lei Maior, proibi-

cäo de discriminacäo arbitrária entre contribuintea. determina que

a norma inFraconatitucional deverá tratar igualmente Peaaoaa que

estejam naa meamae condicäea e que, em face deaeae condições, não

aeria Juetiiicavel ou razoável kratáfllaa deeigualmente. Da mesma

Forma, a norma inFraconatitucional deverá tratar desigualmente

peeaoaa que estejam em eituaeüee diierentee e que. em Face de par-

ticularidadea relevantea de ordem econñmica ou social, merecam não

aer tratadas igualmente.

_IF - 'IÚQ-ÚÚ'À
g¢mwâ Âõ/Z'fiffiäf Êçzfiƒe /n

ADI 939-? pg

91. Cabe adiantar que o princí io da capacidade contri-

butiva, previsto no art. 145, 5 12, da Lei Suprema, vale dizer,

the ability to pay, se traduz na repartição da carga tributária,

de acordo com ae poeeibilidadee econñmicae de cada categoria de

contribuintes para Pagar tributo.

92. ' Ineta deetacar que-eeeee principios conetitucionaia

da tributaeäo caracterizameee como normas Proeramaticae vinculan-

tee para o legielador. e não, Para o magietrado. no Julgador cabe

interpretar a norma inFraconetitucional com prudência.

93. Aeeim. o Juiz, ao apreciar a norma infraconetitu-

cionalIr não deve deeourar o princípio Fundamental da independência

e harmonia entre oe Poderee (art. EQ. da DF), o Princípio da lega-

lidade (art. 59, II, c/c o art. 159. I, da CF, e art. 9Q, I. c/c o

art. 9? do CTN). a Preeuncäo de constitucionalidade da lei ou o

principio da interpretação compativel.

94. ndemaie, reeealteHee que milita em Favor do ato md~w

ministrativo a presunção de legitimidade e que compete. privativa”

mente. a autoridade adminietrativa conetituir o crédito tributário

pelo lanoanuerito (art. 146,. II e III. "a" e "b", da CF, e art. 143.2

do CTNl.

95. Peneo dizer que o controle do Poder Judiciário eo-

bre à observância por parte da norma infraconetitucional dos prinfl

cíPioe doe arte. 59, "caput¿, 145, 5 iQ e 150, III.I todos da Carta

Magna, näo têm a abrangência imaginada por alguna, pois não há

mentido em ee buscar detender reieridoe princípios com o eacrifí~

cio do maior doe princípios da limitação do poder de tributarr que

e o princípio da legalidade, o qual confere um valor ineuperaveli

a seguranca nas relacäee Jurídicofltributáriae.

96. Deeee modo, anote-ee que o ename do Juizo amiológifi

coHpolitico da mera graduação de menor ou maior vivência deeee

principio não competer date venƒa, ao Poder Judiciário. ressaltan-

do-ee que, conPorme assente Jurisprudência do Eeceleo STF, o Poder


áfy/zzzwm 1%250m/ L'f*/?J'/iz;'_-rfzízi.fz/J 21 Ú

m1 939-»7 QE

J l
Judiciario näo corrige injustica da lei),4fiƒ€ë;:äãš I
inconstitucio-
I d.

nal, nem do executor, se näo há ilegalidade»

9?. Enfatiee-se que näo cabe ao Poder Judiciário, que

não tem funcao legislativa, estabelecer alíquotas diferenciadas do

Impoeto, ampliar ou reduzir as hipóteses legaie de näoeincidência

ou de isencäo, e assim por diante, apenas soh o prisma de Justica

ou inJustica do tratamento dado pelas normaa Jurídicas de tributa-

cäo, recordandoflse o teor do art. 168, š 29, do Código Tributario

Nacional, no sentido de que "o emprego da eqüidade näo poderá re-

eultar na dispensa do pagamento do tributo devido".

98. 0 IPHF, Instituido Pela Lei Complementar, in exami-

ne, é o mais abrangente possível, incidindo sobre a movimentação

de numerário atraves do sistema bancario, tendo, como Fato sera*

dor, qualquer lancamento a debito em contas bancárias do contriFH

buinte, bem como qualquer Pagamento Feito pelas instituicäes auto'-n

rieadaa a Funcionar pelo Banco Central do Brasil, inclusive por

endosso de cheque e quaisquer outras movimentaeöes Financeirae que

nresumam a eaistência de sistemas organizados para efetiva-las

como norma de salvaguarda contra a eonegacäo, seja o sujeito nas"

eivo dp gravame pesaoa fisica ou Juridica, assalariado ou empresáw

rio, aposentado ou não.

$9. Assim, qualquer Pesooa que efetuar movimentação de

numerário através do sistema bancario estará sujeito ao imposto a

alíquota de 0,25% sobre cada débito em sua conta ou sobre Pagamen-

to recebido em instituicfies Financeiras. Näo na, por conseguinte,

violação ao princípio da ifiionomia.l

100. O imposto não incide, apenas, no lancamento naa

contas da União, de auae autarquias e Fundaoües, nos lancamentos

errados e seu respectivo estorno, no lancamento para o pagamento

do próprio IPHF, nos maques efetuados diretamente nas contas vin-

culadas do Fundo de Garantia Por Tempo de Servico - FGT5 e do Fun*

do de Participação PIB-PÊSEP e no saque do valor do beneficio do

segurondesem (arts. 39 e 19, 5 QQ, da LC ne ??/93).

hF-ioz-coü
gyéírzwâ gäzÍ/èma/ tra/ãzééfzz/

ou: 939-? QE

191. à impossibilidade Jurídic do IPHF incidir no lan*

somento a débito dos contas da União se Jostifioa pelo simples far

to ds Uniäo näo poder ser devedora de si mesmo. Pela inviabilida~

de, portantor de uma única pessoa Figursr nos pólos ativo e passifl

vo de uma mesmo relaçäo Juridica.

192. à esse respeito. transcrevo o magistério do abolir

sado tributarista BERNARDO RIBEIRO DE HORàES. em obra denominada

“SIBTEHQ TRIBUTÁRIO DÊ CONSTITUICKO DE 1969". vol. I, RT; verbfs:

"Não existe imunidade para o patrimônio, a renda ou


os servicos do próprio poder tributante em relaçäo
aos impostos de sua competência. O que euiste. no
hipótese, é s impossibilidade de Incidência iiscai,
é uma Proibição imanents ditado pelo natureza das
coisas. Não tem sentido a tributacäo do poder trir
butante sobre si próprio. Haveria confusão quando o
mesma Pessoa roses credora e devedora de si mesmo.
Por outro Iodo, há a impossibilidade lógica no Pato
de uma única pessoa Figurar os pólos (negativo e
positivo) de uma relaçäo Jurídica. âdverte ÊLFREDO
AUGUSTO BECKER! O mesmo órgão estatal que Fisurar
como sujeito ativo da relaoäo Jurídica tributário
não poderá ser o sujeito passivo desta relaçäo (Ter
oria Geral do Direito Tributário, ääo Paulo, Ed.
äaraiva, iä ed. i?63, Pás" 254).

No mesmo sentido, não aceitando que o mesmo poder


tributante Posso ser sujsito ativo e sujeito possifl
vo da mesmo relação Juridica tributária. temos: RU*
BENS GONEã DE GOUBÊ, Compêndio de Legislaoäo Tribos
tária, Rio de Janeiro, Edicäes Financeiras B/fi 3o
od.. 1960, Pág. YQ; ÊQUILLE DONÉTO GIÊNNINI, I Con*
centti Fundamentali di Diritto Tributário, Turim'
uTET, is, ea., issó, pág. 233; âNToHIo BERLIRI,
Principi di Diritto Tributário, Milão, Giuffre, iã
od., 1952, vol. I. Págs. içäri98: ERNEQT Bi..i.ii"'lEIHG~-¢I
TEINr ãistems di Diritto Deile imposte, Milão,
GqFre, 1% ed., italiana, $954, págs. 55 e 56;
CARLOS H. GIULIANI FONROUGÉ, Derecho Finsnciero,
Buenos fiiresr Depaimo, lã ed., 1962, vol. I, vãos.
3ó9--376 .. .. .. H

* n näosincidëncia do IPHF sobre os lancamentos a défl


163.

bito das contas das autarquias e fundaçäes Federais Justifioa~so

pelo intuito precisao. com o novo imposto, de Iflsduoäo do déficit

público Federal.

iøfl. Da mesma Forma, o fato do š 39, do art. 29, do

Emenda Constitucional nã BIQB, ter esoluido do produto da srreca*

dação do IPHF qualquer modalidade de reparticäo com outra entidade

Federada se Justifica pela própria necessidade da criação do

guerreado impos o combate ao déficit Público Federal.

40

'TF - 102-039
xøâ'réwâ íg/«šl'Ãffm/fl f/í/Jém/ ¬ 21 9

aDI 939-7 1:13

195. Assim, não ha, na especie, tratamento discriminató"

rio arbitrario em relacao aos Estados, ao Distrito Federal, aos

Municipios e as suas respectivas autarquias e Fundaeäes.

106. Colimefise que o art. EQ, 5 EQ, da Emenda Constitu"


cional nQ 3, de 1993, a titulo de evitar dúvidas, eaelui aplicação
das imunidades disciplinadas no art. 150, UI, da Constituicäo da
Republica, em relaçäo ao IPHF, mesmo não sendo Fatos imponiueis
desse tributo a renda e o patrimõnio. assim, a Lei Complementar nã
77, ao não eaonerar, por exemplo, os lançamentos a debito nas con*
tas dos Estados, do Distrito Federal, dos Municipios e de suas
respectivas autarquias e Fundaeäes, nas operacöes com terceiros,
excluídas as inter e intrasovernamentais, simplesmente, seguiu a
orientaeäo Ja tracada pelo poder constituinte derivado, repetindo

que näo ha'de se cogitar de inconstitucionalidade por próprio tenH


to constitucional.

iü?. Os casos especialissimos de saques realizados nas

contas do FGTS e do PIS~PASEP e o saque do valor do beneficio do

seguro-desemprego, por si sós, Justificam a enoneracäo da retencao

e do recolhimento do IPHF.

168. O art. BE da Lei Complementar nQ F? prevê a inci-

dência do IPHF a alíquota de zero Por cento referente as operacäes

nele listadas. Tal tratamento fiscal tem como escopo, por um lado,

não onerar os Estados, o Distrito Federal e os Municipios, relatir

vamente a operaeües de transferências inter e intragovernamentais,

qos destinatários sejam órgãos da administracao direta, ou entiw

dade autárquica ou Fundacional, e inibir a dupla incidência do im-

posto nas transFerëncias de numerário das contas de depósito de

poupança, de depósito especial remunerado e de depósito Judicial,

para credito em contahcorrente de depósito ou conta de poupança,

dos mesmos titulares; por outro lado, eaonera as operacües tipicas

de intermediação Financeira realizadas pelas instituieües autori"

eadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, objetivando não

permitir a elev do custo do dinheiro.

r .102.002
ãy/zéewzfl Éj/ZÉm/z/ gãém ƒ/H 213

ADI 939-? og

109. Relevo eseiarecer que. eoflge/rgäígíšra exro a eli-

quota do IPHF nas operacöes diretamente vinculadas ao objeto so-

cial das instituiefies Financeiras. noneraflse, apenas e tãofisomenr

te, aquelas operaofies necessárias ao Funcionamento do Sistema Fiu

nanceiro Nacional. e não a Própria instituicão FlnñnCQira. a qual

estará qeita ao imposto quando operar em nome próprio.

110. Por Fim.r o art. 19 da LC ng ?7, embora mantendo as


caracteristica do novo imposto de generalidade (incidindo sobre

todos) e de universalidade (pagos por todos)r estabelece uma espé"

oie de compensaeäo pelo Pagamento do IPHF, aspirando, principal-

mente. à preservação do indispensável a vida humana digna, uma vez

que protege. até um determinado tetoIr os trabalhadores em geral.


os servidores públicos Federaisr bem como os pensionistas, a¡_-iosi--:n-~-I

tados e, em certas condicües. os pequenos Poupadores.

111. nssim. com vistas a atenuar a incidência do IPHF, o

inciso II. do art. 19, do Diploma Legal em análise. Prevê a redor

são das alíquotas da contribuieäo previdenciária dos trabalhadores

(art. 26. da Lei ng 8.212. de 14.7.91) e a alíquota da contribui*

são mensal para o Plano de Seguridade Social dos Servidores Públir

cos Federais regidos pela Lei ng 8.112. de 11.12.90. em pontos

percentuais proporcionais ao valor do imposto devido (0.25%) e até

o limite de sua compensaeäo. dispondo o š 19. do supraoitado ertir

go. que tal compensação somente se aplica à parcela dos salários,

remuneracües. proventos e beneficios não superior a dee salários

mínimos vigentes no Pais.

112. ' Por sua vez; n incisn fu, da art. às, da Lo no


??/93. determina um acréscimo aos valores dos beneficios da presH

tesão continuada e os de prestaeäo única, constantes dos Planos de

Beneficios da Previdência Social. de que cuida a Lei ng 8.213. de

24.?.91. e aos valores dos proventos dos InativosIr dos pensionisr

tas e demais beneiícios. constantes da Lei nQ 8.112. de 11.12.90.

de percentual proporcional ao valor do imposto devido e até o li”

mite de sua compensação. neutralisando, desse modor os efeitos do

IPHF nesses casos.

:F - lüÊ-OO'Z
_. J QT'H' ” 'ÇÊ'Í _. /'
gøzzwm ififÃm-vm/ L/m̓/é* 21 4

ADI 939-7 _IE / k

,f

_fl'f'ä

113. Outrossim, o inciso U, dofart. 19, da Lei Comple~

mentar in tele, em relacäo a nova modalidade de depósito de pou-

pança para pessoas Físicas, permite conferir uma remunerasão adih

cional de 0,25% sobre o valor do saque, a ser creditado, desde que

o valor sacado tenha permanecido em depósito por Prazo igual ou

superior a noventa dias, compensando, pois, o poupador dos efeitos

do IPHF.

114. Cumpre explicar que as alíquotas da oootribuioäo

mensal para planos de seguridade social de servidores públicos es”

taduais e municipais não Foram reduzidos, em Pontos Percentuais

Proporcionals ao valor do imposto devido ate o limite de sua tom--H

pensaoäo pela Lei Complementar em estudo, pelo tato do art. 39 da

Constituição Federal estipular que a União, os Estados, o Distrito

Federal e os Municípios são competentes para instituir, com auto»q

nomia, regimes Jurídicos dos seus servidores, bem como em Face do

art. 14?, parágrafo único, da Superlei, atribuir competência aos


Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para legislar sobre
contribuição cobrada de seus servidores, para o custeio, em mente"H

Ficio destes, de sistema de previdência e assistência social, além

do art, 151, "caput", inciso III, vedar à União a instituição de


isenção de tributos da competência, dos Estados, do Distrito Fedefl

ral e dos Hunicípios. edemais o art, 19o, 5 19, da Carta Política

dispüe que "as receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Hu"

nioípios destinados a seguridade social constaräo dos respectivos

orcamentos, näo integrando o orçamento da Uniäo”. Uale realoar que

as sesuridades das Unidades da Federasäo são autönomas e indepeofl

dentes entre si e em relaçäo a Unläo.

115. Destarte, as comentadas normas da Lei Complementar

ng 7?/93 não causaram qualooer dano ao principio da igualdade Ju*


rídioa (art. 59, "caput", da CF), uma vez que näo singulariaaram
determinada pessoa, destinatária delas, tendo aludido, ao contráfl

rio, à categoria de Pessoas, Possuindo, assim, inegável caráter


hipotetico.

tF.m¶mu2
zgçøáffim Â%ä§fim/ ¶rzéífz/ 21m

w?
ADI 939-7 og ` i

íio. fidemaio, oe caeoe de näoflbfieiãšíâza. exoneração ou

de alíquota zero não Justificãveie pela própria teleoiogia do novo

imposto, eopeciFicamente no tocante ao intento de reducäo do ‹¢:ie':i`i"u

cit Público e de combate à inflação.

11?. No que respeita aos caeoe dae eomiucadaa compensa*

cfiee Pelo pagamento do impooto, inclueive, como vimosIl ae de natu-

reza näoTtributäria, Ja que, em algune cacosIr tais compeneacöee

Provëm de normae que concedem majoracäo de beneFicioe Previdenciá*

rioe, proventoe, penoöee e até remuneracäo adicional de caderneta

de poupança, conetata-ee que ao diecriminacüeo da impugnada Lei

Complementar eäo, perfeitamente, toieráveie, posto que não arbi-

tráriae, tendo em vista que não tiveram como critério a eimpies

ocupacäo profissional ou funcao do euJeito Passivo ou a denomina*

eäo Juridica doe rendimentoe. tituloe ou direitos, mae buscaram

reeiiizar.r meemo de modo indiretor o principio da isonomia tributáfl

ria, com a aplicacäo do seu critério constitucionalmente definido*

que é o da capacidade contributiva, ao considerar, de certo modor

a idoneidade econömica de categoriae de peeeoae, Preeervando o mi*

nimo indiepeneävel à vida humana digna. Desce modo, a acoimada LH

ng ?? tratou deeigualmente peeeoae que estäo em eituacüee dianaree

e quer em Pace de narticularidadee relevantes de ordem econãmica,

humana e social devem näo eer tratadao Igualmente.

3<IE

i) :EiiiiFf ee co 'ar' ¡I11: ¡loiica

da capamidadfl cmntributiva

tio. No que concerne ao princípio da capacidade contrifl

butiua, há queixas no sentido de que o IPHF incide coercivamente a

todos, com valor idêntico, não tendo cido observado o critério da


Progressividade.

119. O art. 145, š 19, da Queerlei eetatui que "sempre

que poeefvel, oe impostoe terão caráter pessoal e eeräo graduadoe

eegundo a capacidade econömica do contribuinte ...”.

*F -102-002
fiâázrom gzáf12fz/g ggmém/I 216

ADI 939-7 o_Ez W


\ f

120. Os Finaneietae tem o veãgfid elaealfiear o imposto

em pessoal ou real, aendo o pesaoal aquele em ouJa qualifieaeäo,

eeJa por meio da baee de cálculo.r aeJa da alíquota, seja de ambasIr

oäo levadas em conoideracäo ao oondieüee peeeoaia do contribuinte:

Já o imposto é real quando, em eua qualificaeäo, levarse em Conta

de maneira objetiva, apenas a matéria tributável,I sem nonoHierar-l

eñee acerca da pessoa do contribuinte.

121. Indubitavelmente. o IPHF é um imposto real. pois

tributa. baeicamente, de modo geral e univereal, oe lanoamentoa a

debito em contaeebanoáriae. independentemente de quem oeja o titum

lar dae contae. neeim, ao condioüee peeeoaie doe contribuintee não

são, diretamente, levadas em consideração, inoluaive no que tange

a incidência da alíquota de 0.252 sobre o valor da movimentação.

122. Embora não afastando a poeaibllidade da utilização.

pelo menos em parte, do princípio da :apacldade contributiva em

relaçäo a alguna impostos reais. como o IPI e o ICMS, que inclusim

ve poderão ser seletivos, em Funcäo da eaeeneialidade do produto,

mercadoria ou servico (arte. 153, 5 QQ, I e 15o, 5 29, III, amboo

da CF), inata ponderar que lato, em alguna caaoo, não é possível,

ou, pelo menoa, tal Princípio, em relaoäo aos imnoetoe reais. näo

e de Fácil aplicabilidade.

123. Contudo. näo ee pode negar que a alíquota do lmpoe-

to de 0,25%, noe termoa do art. YQ da LC ng ??/93, esta dentro do

razoável e, portantor dae poaeibilldadee eeonfimioaa doe contrlr

buintea.

124.. Por outro lado, releva notar que.. ao contrário do

que eutede com o impoeto de renda e proventos de qualquer nature"-I

aa. o qual segue, Por expressa Prevloäo constitucional do art.

153, š 29, incieo I, parte final, o critério da progreselvidade, o

art. 29, 5'19. da Emenda Constitucional ng 3/93, Fina o critério

de alíquota proporcional do imposto provieário aobre movimentação

.F-ioa-ooa
¡Il-_*
LgÍ/vwfim ícZ-zäá'mz/ Êãzzém /I 21?

ADI 939-? DF
já .

-
financeira. ao dispor que a alíquota do;ndñgií::šgne näo eacederá

a vinte e cinco centéeimoe por cento, Facultado ao Poder Executivo

reduziria ou restabelece-la, total ou parcialmente, nas condieäee

e limitee fixadoe em lei.

125. De qualquer Forma. o criterio de alíquota propor-

cional do IPHF não deixar absolutamenteII de cumprir o principio de

que cada peeeoa deve contribuir para a coletividade de acordo com

a sua Idoneidade econfimica, uma vez que ae peaeoae de maior poder

aquisitivo |=›oeeui=.›:m.I logicamente, meios para fazer movimentacües

muito maioree er por conseguinter pagarão mais imposto do que ae

de menor poder aquisitivo. aliás. laetimavelmente, eapreeeiva par*

cela da população nem sequer poaeui conta-corrente bancária e,

coneeqüentemente. na prática. não estara euJeita à incidência do

imposto.

126. acaso Fosse o IPHF um imposto que incidieee sobre

os débitos bancarioe com um determinado valor idêntico para qual*

quer movimentação. näo importando o volume de recursos movimenta»H

doer poderia ee cogitar acerca da inconetitucionalidade do mesmo,

por possível leeäo ao principio da capacidade contributiva, o que,

na realidade, não ocorre. Logo, não procede. também neete aspecto.

a alegacäo de inconstitucionalidade.

12?. Aduea-ee que o IPHF. eimpleemente. oegue a sistema*

tica de impostos como o IOF, que apreeentam alíquota uniforme. sem

que isto repreeente qualquer injuridlcidade.

128. No entanto, em coneonäncia com o disposto no S ig.

do art. 29, da EB nQ 3/93. a Lei Complementar. em comento. no meu

art. 9Q. Facultar ainda, ao Poder Executivo mitigar ou reeetabeleM

cer total ou parcialmente a alíquota maxima de vinte e cinco cenr

téeimoe por cento e maJorar a alíquota zero de que cuida o art.

HQ, para uma ou maia operacflee nele enunciadae. com o intuito de

prevenir ou corrigir dietorcüee econômicas. bem como estender a

alíquota zero a outrae operacflee para atender a diepoeicüee legais

especíiicae. Easee preceitos legais possibilitam a adaptação do

impoeto à realidade «Futurar e, por via de conseqüência, permitirão

ainda maior vivência do principio da capacidade contributiva.

e 102-001
yømvnfl fláfim/ ¶%m / 21 8 \

ADI 939o? QE \\\"/ l

129. Ee o art. EQ da Emenda nstitucional nQ 3 e a Lei


Complementar nQ 77 tivessem. de pronto, esposado a politica de
alíquota progressiva, poderia suceder o comprometimento da espe~
rada e necessaria arrecadacäo do tributor porque, diante da conhe-d
cida "esperteea" de boa parte dos contribuintes brasileiros, so*
bretudo os maiores. eles só emitiriam cheques até o limite do va~
lor da alíquota mais benéiica, mesmo que, para istor tivessem que
emitir um número maior de cheques. burlandor assimr a incidencia

do IPHF nos lancamentos a debito em suas contasflcorrentes.

139. Ratifiquerse que as comentadas compensacües pelo

imposto pago (art. 19, II e IU, š ig da LB ng ??/93>, não deixam

de signiPicar a tentativav mesmo de modo indireto, de graduar a

idoneidade econömica da pessoa contribuir para a coletividade.

acima do minimo indispensável a compatibilidade com a vida humana

digna.

131. r A propósito, quanto à efetividade deste principior


cabe transcrever o pronunciamento do Professor de Direito Tribute»

rio das Faculdades de Direito da Universidade de Êäo Paulo e Cató-

lica de Gäo Paulo Eduardo Botallor em lúcida monografia intitulada

“Capacidade Contributiva”, publicada na Revista de Direito Tribu-

tário ng 4?, reFerente aos meses de Janeiro a marco de 1989. ed.

Revista dos Tribunais. 8P, p. 239, ád Iitteram=

"Em principio, a capacidade contributiva é uma re»H


pra que deve vincular o legislador ordinário e não
o Juiz. E não compete ao Juie deinar de aplicar a
regra tributária. levando em consideracäo a situa-
cäo individual de cada contribuinte. Em outras pan
lavras, mesmo que o Juie reconheça que no caso con~H
creto aquela aplicacao da lei possa eventualmente
significar uma negativa a capacidade contributiva
individual de cada contribuinte, não obstante ele
deverá propiciar plena aplicabilidade à regra tri-
butáriar desde que essa regra tenha sido eleita com
respeito a esses Fatos signo H presuntivos de ren*
dar de patrimfinio. de atividade econômicaIr acima do
minimo indispensável.

à declaração de inconstitucionalidade somente pode*


rá ser alcancada em sede do Poder Judiciario, na
hipótese de que esses Fatos signowpresuntivos estem
Jam ausentes da Formulacäo da regra Juridica que
vai eleger a hipótese da incidência dos impostos.”

E? .ide-dus
f//ê''wma gí/
zš/f f f Êãgúëazz/
z (me 21 9

ADI 939-?F E
¡\`

›\i
132. No caso especifico do Pr amatico princípio da ca-

pacidade contributiva, pondera-ae, como já o Fia antes. que ao Ju”

diciario näo compete iiaar criterioa Próprios que considere mais

apropriados aos caaoa eubmetidoe ao eeu eaame, lato porque ao maH

giatrado não cabe interferir na cobrança do credito da Fazenda por

discordar do criterio legal, por lhe Faltarem o poder politico que

constitui o Julgamento de conveniênciar Próprio do Legislativo, e

o de lançar; privativo da autoridade Fazendária.

äfiitít
Cäea 1?Eat:caea i norrcara (arca ieä
tic: :Elaliff ea ca ¡arr iI1c: fi: ic: ciel
t:i Fei c:¡ claaciee :jam i:l" ¡lanalzeafizäicn

133. I 0 art. 12 da Lei Complementar nQ 77/93. esclarece

que movimentação ou tranemiaaäo de valores e de creditos e direi"

toe de natureza Financeira são qualquer operação liquidada ou

lançamento realizado pelas entidades Financeiras, que FEPFEBHHÊEW

circulacäo eecritural ou Fisica de moeda, e de que resulte ou não

tranaFerëncia da titularidade doe meemoe valorea. créditoe e di"

reitoa.

184. A seu turno; o art. 29 da meema Lei Complementar,

Prevê, à eaauetäo, ae hipdteeee de incidência de modo a näo deixar

a margem da impoaiçäo fiscal qualquer tipo de operação financeira~

fieaim. tal Preceptivo especifica uma liata de Fatoa imponíveie do

imposto. entre oa ouaia,I os lançamentos a débito em contaeflcorren"

tea de depósitos. contas-correntes de empréstimos. de depósitoe em

poupanca, de depóeito especial remunerado e de depósito Judicial,

qualquer liquidacäo ou pagamento efetuadoa por instituição Finan*

ceira autorizada a Funcionar pelo Banco Central do Braail, inclu-

eive por endoeeo de cheque, além de quaiaquer outras movimentacüee

Financeiras que preaumam a existência de eietemae organizados para

efetivarlae, como norma de salvaguarda contra a aonegacäo. aem que

este último represente dano ao principio da tipicidade tributária.

135. Em verdader não ae deve deaconeiderar a diferença

entre analogia in rativa e interpretação analógica ou analogia

,EF - mem:
fi/ázwze çãéflm/ Lga/am /1 2 2 i]

ADI 93113441r __Dg fz

por compreensão. à este respeito, insta Qpafigíšgízšra lieäo de De*

HÁSIO E. BE JEEUB, no seu "Direito Penal”, 14E ed., vol. 1r Págim

nas 43 e 44, Eäo Paulo, 'Baraivar 1999, in verbƒsfl

li'
_.. a analogia e Forma de auto-integração da
lei- Omissa, parterse da solucao nela prevista para
eerto caso, chegando-se à validade da mesma para
aquele näo previsto. Ha interpretaeäo analógica
' (permitida pela própria lei), é o próprio diseosi*
tivo que determina se aplique analogioamente o preH
ceito. Na primeira, näo e vontade da lei abranger
os casos semelhantes; na segunda, a própria lei,
após definir a Fórmula casuística, menciona os ea"
sos que devem ser compreendidos Por semelhança. às”
sim. o art. 171, caput, ao definir o estelionato,
Fala em JIqualquer outro meio fraudulento', que quer
dizer! 'qualquer meio semelhante ao artifício ou
ardƒl'. e, poisr da vontade da lei abranger os caHH
sos semelhante”.

136. No caso do inciso U. do art. QQ, da Lei thr:1|nni|:1›lemen-m

tar. em balha, não se trata de emprego de analosiar mais sim de

legitima interpretacäo analógica. uma vez que os Preceitos do art.

29, da LC nQ 77, contém cláusula casuística, seguida de uma gene”

rioa, sendo a vontade da lei abranger casos 'L-'ienmelnani:es.I

137. É Prflpósitü, Cabe destacar que ÊLFREDO êUGUSTO BEC"

KER. em sua obra “Teoria Geral do Direito Tributario” Säo Paulo,

Baraiva, 1963, p. 119, corrobora a concepcäo de que a Interpreta*

cão do sentido da norma Jurídica sera sempre declaraiíóriar o que o

renomado jurista denomina de analogia por compreensão.

138. Para Becker. a analogia Por compreensão apresenta-

se como um simples exercicio de Interpretação do sentido e alcance

da norma Jurídica, diversamente da analogia integrativar a qual

serve para preencher lacunas deixadas pelo legislador"

139. üestarte, näo ha, entre as hipóteses de incidência

do art. EE, da Lei Complementar ng 7?f93, qualquer dano ao princi-

pio da tipicidade da tributaçãoH

149. adueaflse que o IPHF näo tem como hipótese de inci-

dëncia o pagamento ou a utiliaaeäo especifica do salario. nem o

valor do salário é a sua base de calculo. Na realidade, o fato im~

49

ë - 102-002
áføemw afa/ãámzz/ gíâémf1 221
ADI 939-? EE [

punível de imposto de renda e a dispu iiidade eccnömica cu Ju'm

ridica de renda e preventns de qualquer natureza. Já o rato impu-iu

nivel dc IPHF é. basicamente, u lancamento a debito em cuntas ban"

carias de contribuinte. à base de calculo do IPHF não e o valer

de lucro das pessoas jurídicas, nem da renda bruta das pessoas ii"

sicas, mas simIF e valer sacada das contas bancárias dessas pesso"

3.5.

šCJEJIII

i) :Ifãfiíf ea c: tar* iI11: fi: ic: cias ¡InlJI1 icienciee

ifli. De lego, observefise que n princípin da imunidade

näu é abselutn, uma ves que refereflse, apenas, a impostosr nas se

estendendo às demais espécies tributárias.

142. assim mesmoIr noteflse quer em relaeän a denominada

Imunidade recíproca, a Uniäe, cs Estados, c Distrito Federal, as

Municipios, suas autarquias e Fundacfies só estäo pretegidns dns

impostas sobre a renda, sobre n patrimônio e sobre os services. à

imunidade intergüvernamentair ainda, não se aplica ao patrimfinin,

a renda e ans services relaciünadus cnm a enpieracän de atividades

ecunümicas regidas pelas ncrmas aplicáveis a empreendimentos pri"

vadcs eu em que haja contraprestação de pagamento de preces nu tam

riFas pelo usuária de service, mesmu nas senda de natureza ecunü-ç

mica a atividade estatal, nu do bem publico. Nu que respeita, es"u

pecificamenter às autarquias e rundaeües instituídas e mantidas

pela puder publico, a imunidade só se refere as patrimöniü, à renn

da e aos services, vinculados as suas finalidades essenciais eu as

delas decnrrentes. Ha ressalva, ainda, relativa as prumitente ccmw-u

prader de imóvel. Da mesma Forma, em relacao ans tempius de qual-

quer culto, aos partidos políticosr inclusive. suas Fundacñes, às

entidades sindicais dns trabalhadores, e as instituicfies de educa-

cän e assistência socialIr sem Fins lucrativos, atendidns cs requifl

sitüs da lei, a imunidade compreende somente us impostos sobre pa*

trimõnis, renda e services relativas as patrimünin, a renda e aos

services reiacienadns cem as suas Finalidades essenciais.


gif/arma gzrfimzz/ 9%; õírz/ 222

ADI 939-? gls; t

143. AdemaisIr noe termos do t. iäø. UI. "c", e š 49.

dciiíetatutci Polítiifla. e chi art. 14 do [hhiieo lrdinjtdrlcâ Naciimial.

para que tenham direito a imunidade» oe partidos politicoe, incluo

eive euae Fundacfiee, ae entidades sindicais dos trabalhadores e ao

instituicüee de educacäo e de aeeietëncia social devem comprovar,

ainda, que näo são mantidas com à contribuicäo doe beneficiários,

que não possuem Finalidade lucrativa. que não dietribuem qualquer

parcela de aeu patrimônio ou de suas rendas, a titulo de lucro ou


participacao noo seua reeultadoe. que aplicam integralmente, no

Pais, oe seua recureoe na manutencäo de eeue objetivoe inetitucior

naie e que coneervam escrituração de euae receitas e deepeeae em

livros revietidoe de Formalidadee capazes de aeeegurar sua Hati”u

dão.

144. Deetarte. a imunidade do art. 159. "caput", inciso


UI, alíneas “a” a ”c” do Estatuto Politico, tem campo de atuacäo

delimitado. näo incidindo em relacao a impostos qa hipótese de

incidência eeJa Fato diverso de renda. patrimönio ou eervicoe. às"

aim, a imunidade do Texto Constitucional original não emonera oe

Eetadoe. o Distrito Federal. os Municipios, euae autarquias e Fun"

dacüee. entidadee como Partidos Politicos, eindicatoe, institui"

cfiee de educacao e de aeeietência social de impostos como IOF e o

IPI.

i45. Neete ponto, cabe transcrever a intervencäo da pro"1

Feeeora HISâBEL DERZI, noe debates da aula minietrada pelo eri:1›‹i"\=.=:i-:."k

eor OBÍRIE*DE mZEUEQÚ LOPES FILHU eobre "Tributacäo do Comercio

Emterior”r publicada na "Revista de Direito Tributario”. HQ 47,

referente aos meeec de Janeiro a marco de 1989, Editora Revieta


doe Tribunais Ltda.. páginas 22d a 22?, acerca da seguinte quesrh
tão! oe termos "patrimönio', "renda", ou "eervicoe" (art. 159.
inc. UI, alinea c, da CF/BB) devem ser interpretados em sentido
eetrito, o que importaria que a imunidade ed ee aplicaria aos im”
poetoe eobre o patrimônio como o IPTU, a renda como o imposto de

F . foi-oo?
. . › ‹ 9
L%%dfwm Ê/ZÁ/mz/ ÃÇ/Í'Êfié'zz/ 22d

ADI 939-? E \

..\\
renda, e os servicos como o ISS, ou emaieígzäoƒçzto implicaria que

a imunidade se estenderia a todo e qualquer tipo de imposto?

”...acredito que essas enpressfies 'patrimfinio',


¡renda' e 'serviciosÊ têm uma eonotacäo dentro da
repartição de competências própria do tento constiw
tucional, porque essas palavras 'renda', por enem-u
plo, servem de delimitaeäo de uma hipótese de in”
eidência de imposto especifico da Uniäo; também a
palavra 'servicos'r delimita um campo de competën”
eia especiFico, assim como I'|:›atrimönii::||" ou 'proh
priedade imobiliaria'.”

146. Este também, e criterio Juridico esposado pelo

Professor FÁBIO FáNUCCHI:

"O patrimõnio, a renda e os servicos das entida"


des territoriais de direito Público interno não no"H
dem servir de base para a cobrança de impostos.
Evidentemente, se é isso que näo pdoe ser alvo
de imposieües a titulo de imposto, neste caso, e
ainda mais restrito o âmbito da imunidade, visto
como o patrlmfinio, a renda e os serviços são atin-
gidos täoflsó por alguna impostos e não por todos os
do sistema” (Eurso de Direito Tributario Brasileifl
ro”, vol. I, 9a. tiragem da 4a. ediçao, 1984, ng
4?, Pag. 129).

i4?. ' Desse modo, tendo em vista a relatividade do prin"

cipio da imunidade, e em Face das hipóteses de incidência do novo

imposto não serem o patrimÉnio, renda ou servimos dos Estados, do

Distrito Federal, dos Municipios,de suas respectivas autarquias e

fundacàes, nem das entidades como partidos politicos, sindicatos e

instituicfies de educação e de assistência social, mas sim, a movi-

mentaeão Financeira e o Fato Justificativo da eaigihilidade do

tributo, bem como diante da provisoriedade e da infima alíquota

do IPHF, não se Pode acoimar de inoonetituoional a ressalva do

art. 29, parágrafo 22, da Emenda constitucional ng 3/93.

148. Enfatiae-se que o art. 29, 5 EQ, da Emenda Constih

tucional ng 3, de 1993, eaclui a aplicação das imunidade; discie

plinadas no art. 150, UI, da Constituição da Republica, em relaçäo

ao IPHF, mesmo näo sendo Fatos Imponiveis desse tributo a renda e

o Patrimönio, nem tampouco os servicos.

149. assim, a Lei Complementar, nQ ?7, ao não considerar

imunes os lançamentos a debito nas contas dos Estados, do Distrito

lF-1ot-oo:
zgøéeøm äšávm/ Êäzéäú/

ADI 939-? QE

Federal, dee Municípios e de suas reepecti e autarquias e Funda-

çñee, das templce, dns partidos puliticee e de suas Fundacüee, dae

entidadee sindicais dee trabalhadnrea e dae inetituicäee de educa-

cäd e de aeaietência aocial, simplesmente, seguiu a urientaaäm Já

traçada tanto pelo Puder Constituinte originária:r ccmd pela Puder

Constituinte derivadan

150- DE qualquer Forma. a previsão, via Emenda Cdnetiti"

cicnal, de uma única e provisória excecän an principid da imunidafl

de. cum tributacän temporária com intima alíquota de 0,251 entre

movimentacüee Financeiras, evidentemente, näo representa tendência

à abolicän deste princípio, de sorte que a criticada Emenda Guns”

titucimnal não deecura au diepuetn ne art. 66, E 4Q, incisos I e

IU, da Lei Suprema.

íSí. _ ñduzaflee que d art. GQ da Lei Complementar nã

77/88 prevê a incidência du IPHF à alíquota eerd nos lancamentca

nas contas dee Estados, de Dietritn Federal e due Municípios, re-

lativamente a cperacöee de transferências inter e intragcvernamen"

taie, qoe destinatários ceJam órgäoe da âdminiatracän direta, ou

entidade autárquica du Fundacimnal.

152. Ratifiqueflee, ainda, que a hipóteee de Incidência

desce neve imposto pravieóriu não é c patrimönie, eu a renda nu de

aervicne dos Entes da Federacäe, suas autarquias e fundacüee, das

entidades sindicais dos trabalhaduree das inctituiÇÊes de educacäm

e de aeeietëncia social, vieto que eäu as lancamentmd à débito em

contcnrrente, depóeitu especial remunerado, peupanca, recebimenw

te em dinheiro de nrdem de nagamentn, nu aeja, movimentacüee Fi-

nanceiras be Fatos Juetificativma da exigibilidade de tribute.

153. Por outro ladn, é evidente que o órgão instituídm

com c puder de emendar a Cnnetituicäo agiu legitimamente ao fazer

incidirr tempurariamente, um neve impacto, por ele discriminado,

nobre livrca. Jornale, periódicos e papel deetinade a eua impres-

eäo, e sobre a operação de origem du dure. quando definido em lei


_...u-
__!!

*F - 1012430:
z%/=¢fwm Êãiáom/ Ãgãfléäzz/ 22 ~

ADI 939-? _Qg


'i
camb al e'o que. pela ot:H
oomo ativo financeiro ou instrumento
_- d É:

de l I

imunidade e na, revieao de eqciueivida


l- N E'
_
l

Jetividade contida na
"d", do '
incieo UI. do i
art. íoü,
'É'

tributacäo doe preceitos da alinea

Suprema de 1988, não se pode con~


e do ä 59, do 153, ambos da Lei

direito ou garantia individual ¡nouseectl-


oiderar que, aqui, haJa

vel de alteraoão por emenda constitucional.

D<IE1J

š) :Eiiláff ee c: cli r“fi:i t:c: šn ari clan


e: c: title: ¡=r"c:c:eeeaea cof? Eliana
F:r*i xreaclza

argumentam alguns que a veriiicacäo de cada moviHH


1:4.

e o conoeqüênte recolhimento do IPHF redunda-


mentaoäo Financeira

a vida Privada (art. 59, X, da CF), com abo*


riam dano a proteção

bem como violacäo ao “due proceeeo of


lieäo do eigilo bancário,

law” (art. 59, XXXU. LIU e LIU, da HF).

155- 0 IPHF e eeacäo Fiscal instituída pela Lei Comple-

mentar ng ??/93, em decorrência de legitima competência tributária

atribuída a União pela Emenda Constitucional nQ 3/93.

156. filiáe, o art. ii da LC nQ ??/93 diepfie que oe pro-

ceeeoe administrativos de determinação e exigência no IPHF, de

consolta eobre a aplicaeäo da respectiva legielacäo e a inecrioäo

do debito não pago em divida ativa e a eua euheegüënte cobranca

administrativa ou judicial serão regidos pelas normas relativas

aos demais tributos administradoe pela ãecretaria da Receita Pede”

ral, a exemplo do Imposto eobre Operacüee de Crédito, Câmbio e 9e~

guro, ou relativas a Titulos e Ualoree Hobiliárioe, sem que que a

verificação e o recolhimento do IOF jamais tenham eido considera-

doe violadoree da proteção à vida privada, do direito ao sigilo

bancario, bem como das garantias ao devido processo legal.

157. De qualquer Forma, a protecao à vida privada e o

direito ao sigilo bacário não são abeolutoe, diante do interesse

público existente na correta arrecadacäo de tributos e do dever

legal dos contibuintee de não esconderem do Fisco suas movimenta-

eñee Financeiras, situação patrimonial ou aquieicäo de rendimen-

toe, eobee as quaie, por Força de lei,I deve incidir tributacäo.

54

EF - int-no:
zgøffwm gzfimzz/ 9:04M/ 226

ADI 939-? 95

158. Tanto iato e verdade que owšfkëfiâodçšrt. 145. da

Superlei, a Fim meemo de propiciar a eretividade do PriflfiiPifl da

capacidade oootributiva, Faculta. noe limitee e procedimentos le"Ii

galmente eetabelecidoer à âdminietraeäo tibutária identificar o

patrimönio. oe rendimentoe e ae atividadee ecooümioae dos izoritrhH

buintee, acrescentandoflee que tal faculdade eeta implícita no por

der de tributar.

159. assim, inata reconhecer que o Fisco. ao perquirlr a

movimentação Financeira do cidadão, eetá, apenae. exercendo o seu

IJ'
legítimo direitoƒdever de perseguir o que lhe pertence eu vi le"

gls”-

iáü. â Propósito. o art. 97, IIr da Lei ng 452. de

30.11.64. Já dispunha que oe bancos, oaeae bancárias, oaiHae eco"H

nümioae e similares mediante intimaeäo escrita, são obrigadas a

Prestar as autoridadea Fiecaiizadorae todas ae informacfiee de que

disponham com relaçäo aoe produtoe, negócios ou atividades de ter-

ceiroe.

161. O art. 38. 5 59, da Lei HQ 4.595/64, preceitua que

os agentes Fiecaie tributários do Poder Público poderão proceder a

eaamee'de documentos, livros e regietroe de contas de depósitos.

quando houver proceeeo instaurado e oe meemoe Porem coneideradom

indiepeoeáveie pela autoridade eompetente.

162. ñ seu turnor o art. 197, II, do Código Tributario

Nacional, diapfie que. mediante intimação eecrita. oa banooe, Iza--I

eae, baooariae, caiaae eoonümioae e demais ioatituioüee i`ir1|aril::‹|a'i"u

ras, são ohrigadoe a preaiar à autoridade admioietrativa todae ae

informacüee de que disponham com relacao aoe bene, negócioa ou

atividadee de terceiros.

1ó3. Portanto, observados o disposto no art. 145, š 12»

da Carta Politica. no art. 38, š 59, da Lei HQ 4.595/64 o/c o art.

19?. II da Lei ng 5.1?2/66. não ae pode alegar a proteeäo cometin

tucional a vida privada e o direito ao sigilo bancario contra o

Fisco.

i: - IGE-ODE
gy/ê'zrmâ Ãõ/Z'Émú/ gaém/ 227

ADI 939-»1r l_:ig

164. No que tange a alegacäo de vi acäo ao due processo

fo law (art. 59, inciso XXXU, e LIU,LU. da CFKBB), insta comentar

que o referido instituto reforea o principio da legalidade, ou da

observância do dieito otiJetivor visando a proteger as pessoas con-

tra a acao arbitrária do Estado e a regularidade dos processo pe»

nal, civil e adminsitrativo, em particular no que concerne aos

principios do contraditório e da ampla defesa. garantindo-se, ainr

oa. o livre acesso ao Poder Judiciario.

165. Em relacäo ao malsinado oravame, não ha qualquer

norma que limite ou impeca o acesso ao Poder Judiciário, nem há

preceito restringindo ou vedando o contraditório e a ampla deFesa,

quer na via adiministrativa, quer na Judicial.

äCKJ

i) :Efäiñff ea e: Int" ii1t: fi: It: ciel


il*r"eetil¿l: il: ¡ÍI ¡eiëaclee tic: eseaileir-i c:
com; ciee sreei11: ¡rneer1i:cjss

16o. Tambem näo procede a argomentacäo de que o IPHF

viola o principio da irredutibilidade do salario (art. ?Q. 'JIr da

HF). mesmo porque tal garantia não coloca os trabalhadores a salvo

da incioência de outras normas constitucionais, como as que atriw

huem à União competência para instituir o imposto sobre movimentar

cão ou transmissão de valores e de créditos e direitos de natureza

Financeirar impostor alias, que Incide de modo geral, inclusive,

sobre os trabalhadores. 0 mesmo raciocinio aqui eaeosto. aplica-se

em relaçäo ao principio da irredutibilidade de vencimentos em re*

lacäo aos magistrados, membros do Ministerio Publico e servidores

públicos (arts. 39, š EQ, ?5. III, e íRB, I, “c”, todos da CF).

16?. De qualquer modo.I o IPMF não incide sobre salárioe


ou vencimentos ou proventos, visto que incide. basicamente, sobre

débitos em contaflcorrente, poupanca e Depósitos Especiais liienizune"u

rados, bem como sobre o recebimento em dinheiro de ordem de paga-

mento.

168. ñdemais, o pagamento da remuneracäo laboral não se


l

da obrigatória e compulsoriamente Por intermédio de créditos em


‹%z/zmm¢ gšfíá'mz/ gíaém z/1
ADI 939-? QE

conta-corrente, eendo que,I em muitos caeoer' empregador paga di"

retamente e em eepécie os salários doe empregados, não incidindo,

na hipóteee, o IPHF»

}(K}J:

F3 euiieegiecccãic: ciie ir1cieexrl ele:

'via ifis. il1 i clernn"

ió?. Cumpre ser enfatizado que a instituieäo do IPHF não

oe deu com baee na competência tributária residual da Uniäo nos

termos do art. 154. inciso I, ea Carta de 1988. mae sim. com supe"

dâneo na Emenda Constitucional ng 3. de 1993.

17%. Reeealte-ee que. obviamente, o novo imposto. dia*

criminado por norma constitucional derivada, näo precisa eer näo*

cumulativo. nem ter fato gerador ou base de cálculo dietintos doe

impostos que Já eram Previstos no texto constitucional original.

í?i. Quanto a näoflcumulatividade, abraflee aqui um Parênfl

tefie Para rebater a aeeertiva de que tal característica é peculiar

a todos os impoetoe sobe a produção e circulacäo de riquezas, ten"

do em vieta. por exemplo. que a näoflcumulativa näo é. conetitucio-

nal ou legalmente, Prevista para o Imposto sobre Operaeäee de Crer*N

oito, Câmbio e Seguro. e sobre Operaoüee relativas a Titulos e

Ualoree Mobiliárioe. gravame, qo o Impoeto Provieório eohre No"

vimentaeäo Financeira segue algumae de euae linhae.

172. 0 fato é que. tendo o art. 29 da Emenda Eonetitu"

cional nfl 3. discriminado o Impocto-Proviaório sobre Movimentação

Financeira. com observância, pelo órgão com o poder constituinte

instituído ou constituido. dae reatrioäeo formaia, circunstanciaio

e materiae para o exercicio do poder de reforma constitucional

previetae no art. 60 do Eetatuto Político de S de outubro de 1988.

referido preceito conetitucional derivado tem o meemo valor das

normas constitucionais originárias. Desse modo, impende, de logo,

concluir pela inexistência. no caeo. de invaaäo da competência

tributária, bem como de indevido bis in idem.

[F .102-001
gøâewm girázfle/ gr'dém/ 229
i
ADI 939-7 Ef; ~
\\`*\i
1?3. Encime-se dizendo que, n á, na especie, bis in
idem do Imposto Provisório sobre Hovimentacäo Financeira em rela-

cäo ao Imposto sobre Renda e Proventos de Qualquer Natureza e o

Imposto sobre Operacües de Credito, Câmbio e Seguro, ou relativas


a Titulos ou valores Mobiliários, sendo que, mesmo se houvesse,

nenhuma inconstitucionalidade se verificaria, porque todos os re-


Ferldos impostos estäo previstos na Constituicäo.

1?4. O Código Tributário Nacional (CTN) r Lei ng

5.1?2/66 - dispfie , em seu art. 114, que o Fato gerador da olzzrioa»u

cão principal é a situacao definida em lei como necessária e sufi-


ciente a sua ocorrência. Haterialiaada a hipótese descrita na nor*

ma legal, surge o nascimento da obrigacäo tributária.

1?5. São elementos ou aspectos essenciais da hipótese de

incidência a indicação dos sujeitos ativo e passivo (aspecto peer

eoall, a determinacäo da vigência no tempo (aspecto temporal) e no

espaco (aspecto espacial), e a indicacäo objetiva e material do

Fato imponível (aspecto material).

i?ó. I Conforme leciona Beraldo àtaliba, o aspecto matefl

rial e o mais importante da hipótese de incidência porque revela a

sua essência, permitindo sua caracteriaacäo e individualização, em

runcäo das hipóteses de incidência dos demais tributos. Us tribu*

tos säo classiFicados Juridicamente com fundamento no aspecto mam

terial da hipótese de incidência.

177. O fato gerador do Imposto de Renda e a aquisicao da

disponibilidade econümica ou Juridica de renda ou proventos de

qualquer natureza. Ja o Pato imponivel do IPMF e, basicamente, o

lancamento a debito em contas bancárias do contribuinte. â base de

cálculo do IPHF não e o valor do lucro das pessoas Jurídicas, nem

a renda bruta, mas sim, o valor sacado das contas bancárias dessas

PÉ'BEOE'E e

Esclarecemos que não ha um imposto incidente sobre


178.

O que o nosso Sistema Tributário preve e


"operacües financeiras”.

58

š' -102-002
gøffwzfi Íñ-Ç'áom/ tããzí'z'zz/ 230

am: _939-7 p_F_


\
de Crédito, Cämífziš/ššauro, e relatifl
ü Imposto sobre Operaoäes

Titulos ou valores Mobiliários - IOF.


vas a

ns operaeäee tributadas pelo IOF que interessam ao


179.
mobilia-
nosso estudo são as de crédito e as com titulos e valores

aplicaoäes Financeiras, as quais guardam uma opa"


rios, inclusive

ae movimentaoües financeiras tributadas Pe*


rente similaridade com

lo IPHF.

Impende realçar que, para a ocorrência do fato ge*


180.

IOF, é necessário que haja uma oneraoäo, isto é, um ato


rador do
de produzir efeiu
Jurídico - uma declaração de vontade susceptível
câmbio, seguro, titulos ou
tos Jurídicos no que tange a crédito,

valores mobiliários.

181. 0 rato gerador do IOF nas operacfies de crédito é a

entrega do valor ou montante que constitua o objeto da obrigação.

Has operaefies com titulos ou valores mobiliários, inclusive apli-

oaefiee Financeirasr o Fato gerador do IOF e a transmissao. cessão,

liquidação ou resgate daqueles titulos ou aolicaoües Financeiras.

182. O IPHF, por sua vez, que incide nas movimentacües

de numerário através do sistema Financeiro (via bancos)r tem, bem

sicamente, como fato gerador o lancamento a débito em conta-cor-

rente, poupança. Depósito Especial Remunerado, bem como recebimen-

to em dinheiro de ürdem de Pagamento.

183. assim, parafraseando o mestre Geraldo ntaliba, a

materialidade da hipótese de incidência do Imposto de Renda e al*

omem receber rendimentos; a do IOF sobre operacäes de empréstimo é

alguem receber dinheiro emprestado; a do IOF sobre aplicacfies fi-


nanceiras é alguém ceder, liquidar ou resgatar título ou aplicasäo

Financeira; er finalmente, a materialidade da hipótese de incidên-

cia do IPHF é alguém movimentar recursos através de contas banca”

rias (débitos).

184. São. portanto, hipóteses de incidência distintas,

de tributos distintos. Sendo que o primeiro, o Imposto de Renda, e

um imposto pessoalv-Porq e leva em eonsideracäo a pessoa do con*


u

hF-ioe-oufl
Wøâøzâ z.%á;wzz/ Lig/garm/

tribuinte, e os demaie eäo impostos reai , incidindo sobre Fatom


I!!-
Independentemente da pessoa do euJeito passivo. Dessa forma, nao

há que se Falar em bio in idem."

'7. As conclusões desse parecer estão resumidos a fls.

253/262, 29 volume, item XVII, "in verbie":

" )(\JI[II

E:c3r1c:111¿eaäico

185. Diante de todo o exposto, comprovado está que:

19) o IPMF Foi previsto em decorrência do ueo pelo


Congresso Nacional do Poder Constituinte derivado
e instituído mediante ato legielativo que, siH
multäneamente, Faz ae vezes de lei complementar
(art. 146, inciso III, alínea "a", da CF) e de lei
ordinaria institutivap

QQ) no tento da Emenda Constitucional ng 3, consta,


expressamente, que as Hesae da Câmara doe Deputadoe
e do Senado Federal promulgam Emenda ao texto cons-
titucional. 0 art. 22 da maleinada Emenda adicio"n
na-ee ao corpo constitucional básico, tendo o Poder
Constituinte derivado, diante da proviaorledade
dessee preceptivoa e como e normal e veeeiro em
emendas constitucionais no Brasil, decidido não in"-Ç
tegrario ao texto constitucional, näo deixando dúe
vidas, contudo, eobre quais inovacfiee Foram instifl
tuidae e quais alteracüea Foram impoetae ao tento
_ original;

BQ) a discriminacäo, pela Emenda Conetitucional ng


3/93, do novo imposto näo representa uma tendência
a abolição dos direitos e garantias individuais;

49) a instituicäo do IPHF se deu pela Lei Comple”


mentar nã 7?/93, a qual não apresenta qualquer die-
crepância com o texto constitucional;

fiQ) como a criacao do acoimado impoato näo ocorreu


mediante o ueo pela União de sua competencia tribue
teria residual, não há de ee perauirir, na espécie,
de descuramento aos requisitos do art. 154, I, da
HF!

69) a limitacão material do poder constituinte insfl


tituido consiste numa garantia de evitar a destrui-
cäo ou radical alteracäo da nossa ordem conetilzux-q
cional. nesim intangíveis são o regime democrático,
definido por sufragLYÊ separação de poderes, direi"
toa e garantias individuais realmente essenciais à
vida contemporânea do homem livre, que não pode ser
derrubado por emenda constitucional, que abra as
portas a regime autoritário ou totalitario, e a
Forma Federativa de Estado, que näo pode ser sub-
vertida por emenda conetitucional que introduza uma
`Forma un i t air ia:

60

l' - 102-002
áãf/ézsmâ LÍJÃÉIWe/ Âf'f»;f/¢:fifzézfà:/A 23 2

?Q) os direitos e garantias p tegi . pela cláusue


la pétrea do art. 66, 5 42, inciso IU. da Carta Por
lítica, de 1?88, näo abarcam todos os direitos e
garantias expressos na Constituicäo, nem os decoro
rentes do regime e dos principios por ela adotados,
ou dos tratados internacionais em que a Republica
Federativa do Brasil seJa parte. pois, se assim
Fosse, Petrificada estaria, praticamente, toda a
Bonstituicäo;

89) a Constituição näo disse ser imutáveis as ins*


tituicües elencadas no seu E 49, do art. 6%. De fa*
to, quando tal preceito veda proposta de emenda com
tendência a abolirIr significa que podem, aindar ha"u
ver alteracües toleraveis até imediatamente antes
ao ponto em que se caracterize a tendência a entinc
'mai-ü;

?Q) não tem fundamento o empeco ao IPHF relativo ao


princípio da anterioridade (art. 150, "caput"r in"h
ciso III, letra "b", da CF). sob a acusacäo de cone
seqüente descuramento da cláusula pétrea do art"
oü, ã 4Q, inciso IU, da Carta Magna de 198%;

íGQ) nas Constituicfies mais recentes, inclusive na


atual Carta Politica. o Principio da anterioridade
não ioi idealizado como absoluto, muito Pelo cone
trário, Já que o grande número de excecües tem res
velado o caráter acentuadamente relativor sujeito a
abrandamentos, desde que pela via adequada, em cir*
cunstäncias especiais:

íiE) a Constituição de 1988 apresenta as seguintes


encecfies ao principio da anterioridade da lei tri-
butaria: imposto sobre importação de produtos ese
tranneiros (art. 153, Ii; imposto sobre enportacäo,
Para o exterior, de Produtos nacionais ou naciona-u
lieados (art. 153. II): imposto sobre Produtos in*
dustrializados (art. 151, III); imposto sobre one-I
racües de créditos, câmbio e seguro, ou relativas a
titulos e valores mobiliários (art. 153, U): os im”
Postos estraordinários na iminência ou no caso de
guerra (art. 154. II). nssimr na órbita federal.
segundo o t nto original da Constituicäo de í9üü,
estäo sob a incidência do princípio da anteriorida»-i
de, apenas, o imposto de renda e proventos de qual”
quer naturezar o imposto sobre Propriedade territoml
ria] rural e o imposto sobre grandes Fortunas. Näo
se aplica. ainda, o principio da anterioridader por
dendoII nois..I ser cobrados no mesmo enercicio Finan-
ceiro em que For publicada a lei que os institui ou
majore o emprestimo compulsório destinado a atender
a despesas extraordinárias, decorrentes de calamie
dade pública, de guerra externa ou sua iminência
(art. 148, "caput", inciso I) e as contribuicfieo
sociais para a seguridade socialr Inclusive as que
Porem criadas com base na competência residual da
União (arts. 149. "caput", 195, "caput"I incisos I
a III, 5 49 e ä 62). Estas ultimas com interregno
de noventa dias para cobrarem eficácia!

12g) o principio da anterioridade se tem mostrado


relativo, especialmente em relaçäo aos impostos com
Predominante Função entrafiscal, os indiretos, os
de Fatos geradores instantâneos, e os instituídos
Provisoriamente, para Fazer face a determinadas si*

h - 102-9131.
áãfiífwza age-ÊÉWQ/ %zénz/f '2 3 3

tuacües, também, transitória ido, de Forma


alguma, deearrazoado inFerir que tal limitacäo ao
poder de tributar, mormente se existentes algumas
das hipóteses supracitadas, não integra os direitoe
e garantias individuais que seriam ineusceptiveis
de serem alterados por emenda constitucional;

13g) ü 5 EQ, do art- EQ, da Emenda Constitucional


nã 3ƒ?3, não acetuou o princípio da anterioridade
em relacao a algum imposto que a Carta Politica de
5 de outubro de 1988 o previa, mas excluiu tal
principio em relacao a um imposto novo que Foi Pela
mesma Emenda discriminado, diante da própria natuw
reaa especifica do IPHF, imposto provisório e emerr
oencial. assim, não ha de se cogitar, na espécie,
de tendência a abolir o principio da anterioridade,
nem, tampouco, direito ou garantia individual in-
tangivel;

149) o novo impoato provisório sobre movimentacäo


ou transmissão de valores e de créditos e direitos
de natureza Financeira (IPHF), da mesma Forma que o
IOF, e tributo, cujo campo de aplicação só pode
comportar Fatos geradores instantâneoe, de sorte
que a encecäo estabelecida no E 29, do art.l 29, da
Emenda segue a mesma linha de ressalvas estabeleci-
das pelos constituintes originários, não afetando,
nois, a própria essência do principio da anteriorifl
dade, motivo Pelo qual e legítimo deduzir, Pelo FaHi
to, ainda, de se classificar como imposto sobre mo-
vimentação ou circulacäo econümica, semelhante ao
IPI, que, se o IPHF Ja tivesse sido discriminado no
tinto constitucional promulgado em 5.1ü.88, certa*-h
mente, figuraria dentre as eacecfies ao Principiü da
anterioridade;

iSQ) a Emenda Constitucional ng 3 tem o mesmo poder


que o tento constitucional original, posto que obew
dece as exigências do art. do da Constituisäo de
1988. O fato da questionada Emenda ter aberto uma
exceção ao principio da anterioridade, Para atender
a uma situacao provisória e emergencial, em relação
a um enercício concernente ao novo imposto por ela
discriminado, não Importa em abolir tal Principio!

169) Portanto, de qualquer modo, a comentada Emenda


näo tende a abolir o principio da anteriorirdade da
lei tributária, posto que não lhe afeta a essência,
nem o suprime. ademais, como restou demonstrado,
tal princípio tem carater, inerentemente, relativo;

17g) a não aplicaeäo do'princinio do art. 15%, ca*


out, inciso III, alínea "b", da Constituicäo da Re-
pública, em relacao ao IPHF, não Foi prevista direm
temente pela Lei Éomplementar ng 7?/93, mas Pelo š
QQ, da Emenda nQ 3/93, isto é, por norma constituw
cional emanada do órgão constituido com poder de
emendar a Constituicäo Federal. âssim, não ha de se
cogitar de inconstitucionalidade da própria norma
constitucional, nem de se perquirir, neste tocantei
de inconstitucionalidade da guerreada Lei Complefl
lnentarl

18g) em relacao aos impostos com predominante funfi


cäo eatrafiscal, ou indiretos, ou de Fatos gerairio"u
res instantâneos ou, ainda, provisórios e emergenfl

F«102-oofl
Lgøéówm gífáíme/ gíám/ 234

ciaisr a inatastabilidade dgƒprincipio da anterio"


ridade não se dirige aos membros do Congresso Na-
cional no exercicio do poder constituinte derivado,
posto que, nesses casos, a instituicäo de nova en*
cecäo segue a mesma linha de ressalvas já estabeler
cidas pelos constituintes originários, não afetando
a essência do principio, mas aos legisladores Fedew
raia infracünetitucionais, aos constituintes e leH
gisladores estaduais das leis orgânicas e ordináfl
rias do Distrito Federal e dos Municipios;

19g) o Estatuto Politico, de 1988, no seu art, 165,


5 EQ, näo albergou o princípio da anualidade;

ãfiä) o š 49, do art. QQ da EC ng 3/93, especirica


mais um caso de ressalva ao Principio de vlnculaeäo
de receitas de impostos a õrgäos, Fundo ou despesa,
ao destinar vinte por cento do produto da arrecadar
cão do imposto para custeio de programas de habitam
cäo Popular. Q contribuinte derivado resolveu não
inserir tal preceita ao tento do art. io?, inciso
IU, da Carta de 5 de outubro de 1988, diante cure
tissima vigência do IHPF:

21g) tendo o Imposto Provisório sobre Movimentacäo


Financeira sito discriminado por norma constitucior
nal e instituído por Lei Complementar que Prevê a
cobranca de imposto sobre Fatos geradores a sucede”
rem após trinta dias das publicacües de normas ad"
ministrativas complementares, näo se pode dizer que
ha dano aos principios implicitos da seguranca Ju*
ridica ou da näo surpresa, isto porque foi anusleou-m
rado aos contribuintes do IPHF conhecerem, com rar
aoavel antecedência, o teor e o quantum do tributo,
ao qual estaräo qeitos no futuro imediato, de mom
do a poderem planejar as suas atividades, levando
em conta os dispositivos da nova legislação tribuw
taria:

22g) o direito de propriedade não e absoluto. Não


de se conceber que o reflexo indireto do IPHF

sobre o patrimönio, autorizado pela EC ne 3/93, vlw
eando a atender ao Interesse público, represente a
intencäo de se abolir o direito de propriedade. m
hipótese de incidência do IPHF é, basicamente, os
lancamentos a debito em contas bancárias,

232) näo existe nódoa ao principio da vedacäo de


utiliaacão do tributo com etelto de confisco (art.I
159, "caput", inciso IU, da CF), isto Porque não se
pode considerar que a incidência do IPHF sobre lanIm
camentos a débito em contas bancárias, a uma ali-
nuota máxima de e,252, seja insuportável ou, em ou”
tras palavras, que näo haja, no caso, razoabilidade
na tributacäo. ademais, segundo a melhor doutrina,
com anuência da Jurisprudência, só se pode considefl
rar que há confisco, quando a tributacäo é tanta
que absorve toda a coisa ou a renda, porque isso
significaria a absorção da própria Fonte de tribur
tacäo; '

Ê4Q> o IPHF é o mais abrangente possivel, incidindo


sobre pessoas Físicas ou Jurídicas, assalariado ou
empresário, servidor público ou trabalhador privaH
do, aposentado ou não; assim, qualquer pessoa que

n.
F - 102-032
áZâÉñfiwM? Êñšäzfiäffi âgãàÉÉQ/fi 223g;

i
\\\ '
efetuar movimentacäo de n erário atravée do siste-
ma bancario estará sujeito ao imposto a alíquota de
ü,25% sobre cada débito em eua conta ou sobre paga-
mento recebido em instituição Financeira. Não há,
por conseguinte, violacäo ao principio da isonomia
(art. 59, "caput", da CF), uma vez que a LC nQ
YY/QQ näo eingularieou determinada peeeoa, poeeuin-
do, ao contrario, inegável carater hipotético;

359) a impoeaibilidade Juridica do IPMF incidir no


lancamento a débito dae contas da União ee Juatiiiw
ca pelo eimplee Fato de a União näo poder ser deveHH
dora de ei meema, pela inviabilidade, portanto, de
uma única peeeoa Figurar nos póloe ativo e paeeivo
de uma mesma relacao Juridica:

369) a näonincidência do IPHF sobre oe lancamentoe


e débito dae contas dae autarquiae e Fundacfiee Few
deraie e näo-repartição do produto da arrecadacäo
do IPHF com outra entidade iederada JuetiFicamflee
pela própria finalidade da criação do guerreado im-h
posto, ou oeja, a reducäo do déficit publico fede-
ral;

H?Q) a incidência da alíquota aero do IPHF em rela-


eäo ae inetituieäee financeiras eucede, apenas, nae
operacfiee tipicaa de intermediacän financeira rea-
lizadas por elas, objetivando näo permitir a eleva-q
cäo do custo do dinheiro, e näo eaonera a própria
instituição financeira, a qual estará eujeita ao
imposto quando operar em nome próprio;

EBQ) no que respeita a compeneacäea pelo pagamento


do impoato, inclueive, como vimoa, ae de natureza
näo-tributária, Ja que, em alguns caeoe, tais com*
peneacfiee provêm de normae que concedem majoracäo
de benePicioe previdenciárioe, proventos, penefiee e
até remuneracäo adicional de caderneta de poupança,
conetatafiae que aa diecriminacäee da impugnada Lei
Complementar säo, perfeitamente, toleráveia, posto
que não arbitráriae, tendo em vista que não tiveram
como criterio a eimplee ocupacäo proiiseional ou
Função do eujeito paaeivo ou a denominação Juridica
doa rendimentoa, titulos ou direitos, mae buscaram
realizar, mesmo de modo indireto, diante das dii'i»u
culdadea de aer o IPHF um imposto real, o principio
da ieonomia tributária, com a aplicação do seu cri"
terio conatitucionalmente definido, que é o da ca-
pacidade contributiva, ao considerar, de certo mo*
do, a idoneidade econômico de categoriaa de pesso-
ae, preservando, o minimo indiepeneável a vida hu»-I
mana digna. Deeee modo, a acoimada LC nã ?? tratou
deeigualmente peeeoae que eatäo em eituacfiee dia"
marea e que, em Face de particularidadea relevantes
de ordem econömica, humana social devem não ser
tratadas igualmente;

399) a alíquota do IPHF de 0,25% incidente, haaica*


mente, sobre lancamentoe a débito em contaa Izi¡fin-ii:.:=.i~H
riaa e aobre recebimento em dinheiro de ordem de
pagamento eetá dentro do razoável e, portanto, rea*
peitado ae acha o principio da capacidade contrii::›|.i-H
tiva (art. 145, ig, da CF);

HF «102.002
5% mw ÂÚ/Ãáøm/ fiám/l

309) ao contrario do que icede com o imposto de


renda e proventoe de qualquer natureza, o qual ee~
gue, por enpreaaa Previsão oonetitueional do art.
153, š QQ, inoieo I, parte Final, o critério da
progressividade, oa rt. EQ, š 19; da Emenda ¡Sorvetiflh
tucional ng 3X93, fina o criterio de alíquota oro--4
porcional do impoeto provisório eoore movimentação
Financeira, ao diepor que a alíquota do novo grava-
me näo encederá a vinte e cinco centésimos Por eenW
to, facultado ao Poder Eeecutivo reduziflla restabe-
leeê-la, total ou parcialmente, nae eondicfiee e lim
mitee Finados em lei;

3i9> de qualquer forma. o criterio de alíquota pro*


poreional do IPHF não deixa, abaolutamente, de eum-flI
prir o principio de que cada peeaoa deve contribuir
para a coletividade de acordo com a eua idoneidade
eeonümica. uma vez que ae neeeoae de maior poder
anuieitivo poeeuem, logicamente, meios para fazer
movimentaeüea muito maiorea e, por conseguinte, pa*
garäo maia impoeto do que ae de menor poder anuiaiw
tivo. nliáe, laetimavelmente, ennreeeiva parcela da
populacao nem sequer poeeui oontraecorrente banoáfl
ria e, conaeqiientementelr na prática, não eetara eu-
jeita à incidência do impoetov

32g) maia uma vez, o IPHF, elmpleemente, segue a


eietematica de impoetoe comoo IOF. que apresentam
alíquota uniForme, sem que ieto represente qualquer
InJuridicidadep

33g) näo há. entre aa hipóteses de incidência do


IPHFr qualquer dano ao principio da tipioidade da
tributaeäo;

$4Q> o princípio da imunidade não é abeoluto, uma


vee que referemee, em regraIr a impostoe sobre rena
da, patrimônio ou servico, näo ee entendendo aos
demais tributoey

359) em Face doe fatoa imponíveia do IPHF näo eerem


o Patrimönio, a renda, ou oa eervicoe, mas, basica”
mente, laneamentoe a débito em contas bancariae,
bem como diante da provisoriedade e da Ínfima ali-
quota do IPHF, não ee pode acoimar de inconatitum
oional a reaealva do art. EQ š 29, da Emenda Gone*
titucional nQ 3/93;

36g) a previsão. via emenda conatitucionai, de uma


unica e provieória encecäo ao principio da imunidam
de recíproca, com tributaeäo com ¡nfima alíquota de
9,252 sobre movimentacüee Financeirasr evidentemen"H
te, não acarreta em tendência abolieäo do referido
Priofpio;

379) é legitima a Incidência do IPHF sobre livroe,


Jornaie, periódicos e papel deetinado a eua impreefl
não e aoore a operaeäo de origem do ouro quando dee
Finido como ativo financeiro ou instrumento cam»q
nial, diante da objetividade deeaa imunidade e da
'regra de tributação eeclueiva. não se pode coneideHH
rar que haja direito ou garantia individual ¡naus-
ceotivel de alteração Por emenda conatitueional;

IF - 192-4302
gyfwma fiizšzmz/ gráífz/ 23 7
g
di
f

389) improcedem ne alegaeües de dano as garantias à


vide privada e ao devido proeeseo legal;

399) também näo procede e argumentacäo de que o


IPHF viola o principio de irredutibilldade do saidH
rio (art. 7Q, UI, de BF), mesmo por que tal saran*
tie não coloca oe trabalhadores e enlvo da Incidênm
oie de outras normae constitucionais, como as que
atribuem à União competência para instituir o imw
Posto sobre movimentaeäo ou transmiesäo de valores
e de créditos e direitos de natureza iinanceira,
impoeto, aliás, que incide de modo geral, incinel"
ve, eohre os trabalhadores. O mesmo raciocinio aqui
exposto, apiicamee em relaçäo eo principio da Irr'eH
dutibilidede de vencimentos em relaçäo nos mngis”
hradoe, membros do Ministério Público e servidores
públicos (arts. 39, š EQ, 95, III, e 128, I, "c",
todos da CF):

469) os Preceptlvoe de EC nQ 3/93, tendo observado


' todae es enigêncies do art. 6% de Lei Euprema, adiw
eionemwse, provieoriemente, à Bonstihuieäo Federal
de 1988, como se Fossem normas originárias do tento
eonetitueionei, ieto perene es normae nvovinientee
do Poder Sonstltuinte originário e ee normns de”
correntes do Poder Conetituinte derivedo têm e
mesme natureza e hierarquia:

419) não há, na especie, bis in idem do Impoeto


Provisório sobre Movimentacäo Financeira em releoäo
eo Impoeto eohre Renda e Proventoe de Qualquer Ne"
teresa e o Imnoeto sobre oneracfiee de Credito, Cãmw
bio e Eesnro, ou Peletivee a Titulos ou Uaiovee Mn"u
biiiários, eendo que, mesmo se houvesee, nenhuma
inconstitucionaiidnde se verificnrie, Pornue todos
os referidos impostos estäo previstos na Éonetin
tiiicähüä

439) deetnrte, Imnrocede a anão, diante da oonetiml


tuclonelidnde de Emenda Conetitucíonni ng 3ƒ193 o
de Lei Complementar HQ 7Y/93."

8. Adoto os fundamentos dos pareceres transcritos,

enviados pela Presidência da República, com aprovação do

Ministério da Fazenda e Advocacia Geral da União, bem,assim, do


Ministério Público federal, nos pontos em que demonstram a

legitimidade da discriminação do novo imposto, mediante Emenda

Constitucional, bem como não terem sido violados, pelas normas

impugnadas, principios como o da anualidade (não restaurado

pela Constituição), da segurança juridica ou da não surpresa,

da não-vinculação de receitas, do equilibrio orçamentário, da


propriedade, da vedação ao confisco, da isonomia e da vedação à

IEF - 102-002
Lçfz/zmm ‹.%{¿Êma/ z/ã/gúém/ 238

èâl fläflzl DE

discriminação tributária arbitráriÉT/MZLÊ'ZI capacidade

contributiva, da tipicidade da tributação, do direito a vida

privada, do "due process of law", da irredutibilidade do

salario ou de vencimentos.

Velho-me, também, nesses pontos, dos fundamentos da

defesa apresentada pela Advocacia Geral da União a fls.

293/306, depois de lançado nos autos o relatorio.

9. Quanto aos relativos às garantias individuais do

contribuinte, à anterioridade, à bitributação e a

não-cumulatividade, outras considerações se fazem necessárias.

10. Quando da decisão sobre a Medida Cautelar, salientei,

como relator o seguinte:

"6. Diz o art. 2?9 da E.C. n? 03/93, ora


impugnada:
"Art. 2Q - A União poderá instituir, nos termos
de lei complementar, com vigência até 31 de dezembro
de 1994, imposto sobre movimentação ou transmissão de
valores e de créditos e direitos de natureza
financeira."
Seu § 29 acrescenta: "ao imposto de que trata
este artigo não se aplica o art. 150, III, "b", e VI,
nem o disposto no § 5Q do art. 153 da Constituição."
Importa saber, por primeiro, ainda que para
efeitos meramente cautelares, se o constituinte
derivado podia, mediante emenda constitucional,
estabelecer as exceções de que trata esse § 29 do
art. 22, em face do que havia disposto o constituinte
originário.
O constituinte originário, ou melhor a
Constituição Federal de 05.10.1988, no Titulo II,
dedicado aos direitos e garantias fundamentais,
destinou o capitulo I aos direitos e deveres
individuais e coletivos.
Enunciou-os no art. 5Q e seus setenta e sete incisos.
E no § 29 desse único artigo do Capitulo I, aduziu:
"ä 2g - os direitos e garantias expressos nesta
Qggstituigão não exciuem outros decorrentes dg regime
e dos principios por ela adotados ,,,"

Já no Título VI, destinado à tributação e


orçamento, e no Capitulo I, dedicado ao sistema
tributário nacional, mais precisamente na Seção II,
regulou a Constituição "as limitações ao poder de
tributar”, belecendo, desde logo, no art. 150:

FF ~ iGí-O'D'I
IE "Art. 150.
asseguradas ao contribuinte,
Sem
vedado a União, aos
_'ƒ
.afllãëfišgl

Estados, ao Distrito Federal e aos Municipios:


III- Cobrar tributos:
"b" - no mesmo exercício financeiro em que haja sido
publicada a lei que os instituiu ou aumentou."
Trata-se, pois, de garantia outorgada ao
contribuinte, em face do disposto nesse art. 150,
III, "b", em conjugação com o § 2g do art. 5Q da
Constituição Federal.
Ora, ao cuidar do processo legislativo e, mais
especificamente, da emenda à Constituição, esta, no §
49 do art. 60, deixa claro:
"Não será obieto de deliberação a proposta de
emenda tendente a abolir:
IV~ os direitos e garantias individuais".
Entre esses direitos e garantias individuais,
estão pela extensão contida no § 29 do art. 59 e pela
especificação feita no art. 150, III, "b", a garantia
ao contribuinte de que a União não criará nem cobrará
tributos, "no mesmo exercicio financeiro em que haja
sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou.”
No caso, o art. 29 da E.C. ng 03/93, permitindo
a instituição do tributo em questão, no mesmo ano de
1993, o que se consumou com o advento da Lei
Complementar'rfi? 77, de 13.07.1993, parece, assim, a
um primeiro exame, para efeito de medida cautelar,
haver afrontado o disposto nos referidos § 2g do art.
59, art. 150, III, "b", e § 49 do art. 60 da
Constituição Federal.
Isso basta para que, ao menos durante o presente
exercício de 1993, se suspende a eficácia do referido
art. 29, § 29, da Emenda Constitucional nE 03ƒ93, e,
conseqüentemente, da Lei ng 7?/93.
Até porque se o recolhimento do tributo tiver de
ser feito, estará :na entretempo, onerando os
contribuintes, ao que parece, indevidamente, sendo
sempre demorada, comoI é, a repetição do indébito
tributário.
Considero, pois, preenchidos os requisitos da
plausibilidade jurídica da ação (”fumus boni iuris")
e do risco da demora (”periculum in mora”}, ao menos
no que concerne à incidência e cobrança do I.P.M.F.,
durante o exercicio de 1993."

11. Agora, já ao ensejo do julgamento do mérito, não

estou convencido do contrário, sobretudo, depois da leitura dos

votos dos eminentes Ministros ILMAR. GALVÃO, MARCO .AURÉLIO,

CÀRLOS VELLOSO, CELSO DE MELLO, PAULO BROSSARD E NÉRI DA

sILvEIRA, que, mesmo para efeito de medida cautelar de

suspensão da cobrança do tributo, em 1993, não deixaram de

vislumbrar, desde logo, a violação, quanto a esse ponto, ao

FTF «102-002
ga/âfawm íõyššÃ/øm/ genééfz/ 24 0

/14
principio da garantia individual do contfibuinte, que nem por

Emenda Constitucional se pode afrontar, ainda que

temporariamente, em face dos referidos § 29 do art. 59, artigos

150, III, "b", e 60, parágrafos 49, inciso IV, da Constituição

Federal.

12.l Nem me parece que, além das exceções ao principio da

anterioridade, previstas expressamente ru) § 12 ck) art. 150,

pela Constituição originária, outras pudessem ser estabelecidas

por emenda constitucional, ou seja, pela Constituição derivada.

13.. Se não se entender assim, o princípio e a garantia

individual tributária, que ele encerra, ficariam esvaziados,

mediante novas e sucessivas emendas constitucionais, alargando

as exceções, seja para impostos previstos no texto originário,

seja para os não previstos.

14. Quanto às vedações de que trata o inciso VI do art.

150, não me parece que configuram, propriamente, garantias

individuais, mas, sim, imunidades tributárias, que, por Emenda

Constitucional, se pode excepcionar, quando se autoriza a

instituição de tributo novo, desde que não se imponha

sacrifício desarrazoado a tais entidades.

15. Isso, porém, com relação às imunidades previstas nas

alíneas "b", "c" e "d" do referido inciso VI do art. 150.

16. Já no que concerne a alteração, por Emenda

Constitucional, do disposto na alinea "a" do mesmo inciso VI,

tenho-a por não permitida pelo inciso I do § 42 do art. 50 da

H: - 102-001!
ñr//zeaéwa z%%ffm/ ggám /I¬ 241

...I LH _If..
\ \

\\ F

Constituição Federal, que veda proposta [de emenda tendente a

abolir a forma federativa do Estado.

17. Reporto-me, nesse passo, ao voto que proferi, quando

do deferimento de medida cautelar, na ADIn. ng 926, proposta

por Governadores de Estado, contra a mesma Emenda

Constitucional n9 3/93 e Lei Complementar nE 77/93.

18. Naquela oportunidade, meu voto de Relator, que foi

prestigiado por todos os demais Juízes da Corte, assim se

deduziu:

"VOTO
SENHOR MINISTRO SYDHEY SANCHES (Relator):
1. Como se vê do relatório, que transcreve a
petição inicial, apóia-se o pedido de declaração de
inconstitucionalidade do § 2g do art. 29 da E.C. ng
03/93, na alegação de violação a várias normas e
princípios da Constituição Federal, porque:
a) - estabelecendo o dispositivo impugnado
exceção à regra da imunidade recíproca, contida no
art. 150, III, VI, "a", desrespeita a forma
01737020
federativa de Estado (arts. 19 e 18), assim como a
00180000 vedação contida no art. 60, § 49, inciso I, porque
09393010 tende a aboli~la (a federação);
01400420 b) - ofende o princípio da anterioridade contida
no art. 150, III, "b", da Constituição, segundo o
qual, sem prejuizo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios, cobrar tributos no
mesmo exercicio financeiro em que haja sido publicada
a lei que os instituiu ou aumentou;
o) - afronta o disposto no art. 60, § 49, inciso
IV, porque a emenda tende a abolir essa garantia
individual (de contribuinte);
d) - desatende à proibição do art. 154, I, "a",
que não permite impostos cumulativos.
2. Examinando, pela ordem, os fundamentos da ação,
tenho por relevantes, desde logo, aqueles
relacionados com a alegação de quebra do princípio da
imunidade recíproca, que pode repercutir na
estabilidade da federação (artigos 12, 18, 60, § 49,
I, e 150, III, vI, "a").
3. Quanto a esse ponto, lembraram os autores a
doutrina de PAULO DE BARROS CARVALHO, "in" "Curso de
Direito Tributário", Ed. Saraiva, 5! ed., 1991, pág.
120, n2 4, "in verbis”:
"A IMUNIDADE RECÍPROCA
A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI,
"a", da Constituição é uma decorrência pronta e
,ferraz
f'"
/r "*In 70

/3f' “»
. J

E1ƒ!
_P
\%E
i, à,

,
e .102-002 \ é II - I.:
_ “y-
.f ff'
.134
agf/:Mann gíräímn/ fiáén/ 24 2

EE; Eâflzl DE
._ j 1

/QV
imediata do postulado daúiišgnšmizç7dos entes
constitucionais, sustentado pela estrutura
federativa do Estado brasileiro e pela autonomia
dos Municipios. Na verdade, encerraria imensa
contradição imaginar o principio da paridade
juridica daquelas entidades e, simultaneamente,
conceder' pudessem elas exercitar suas
competências impositivas sobre c: patrimônio, a
renda e os serviços, umas com relação às outras.
Entendemos, na linha do pensamento de Francisco
Campos, Oswaldo Aranha Bandeira de Mello e
Geraldo Ataliba, que, se não houvesse disposição
expressa nesse sentido, estaríamos forçados a
admitir o principio da imunidade recíproca, como
corolário indispensável da conjugação do esquema
federativo de Estado com a diretriz da autonomia
municipal. Continuaria a imunidade, ainda que
implícita, com o mesmo vigor que a formulação
expressa lhe outorgou.
É em nome do cânone da supremacia do
interesse público ao particular que a atividade
de administração tributária ganha foros de
efetividade prática. E não poderiamos
compreender como, debaixo dessa mesma linha
diretiva, uma pessoa juridica de direito
público, munida de personalidade politica e
autonomia, pelos dizeres explícitos da
Constituição, viesse a submeter-se aos poderes
de fiscalização e de controle, que são insitos
ao desempenho daquele tipo de atividade.”
4. BARBALHO, nos "Comentários à Constituição
Federal de 1891” (Ed. Senado Federal, 1992, pág. 40),
ocupou-se de seu art. IO, que dizia: (”sic”)
"É proibido aos Estados tributar bens e
rendas federaes ou serviços a cargo da União, e
reciprocamente”.
Fez, então, estas considerações:
"Se entre os poderes dos Estados se
comprehendesse c) de lançar taxas sobre a
receita, serviços e bens da União, facil é de
ver que esta ficaria à mercê dos Estados,
tolhida no exercício de suas funções, sem
independencia rn: desenvolvimento constitucional
d'ellas, subordinada, annullada; fora isso
incompatível com exercicio de suas faculdades
soberanas. `
Nem se poderia comprehender uma "União" com
essa fonte de discordia e separação. Tampouco se
poderia justificar esse poder como uma
prerogativa propria e necessária aos Estados, em
quanto unidades da federação, pois lhe föra ella
antinomica e antipoda.
E reciprocamente. E por outro lado, os
aparelhos governamentaes dos Estados, sua
dotação, seu funccionamento, tudo que concerne a
seos serviços, necessariamente tem de ficar
immune e isento do poder taxatorio da União.
Na qualidade de Estado, com autonomia, com
direito de estabelecer seo mechanismo
governamental, suas instituições, seus serviços

71

EF - 102-002
zãff/ífzfinza fiš'šávm/ Êšíaém/ 24 3

èQL Êlflzl EE

\
públicos, essas entidadesácãmgãgzäíes da União
não poderiam n'isso estar sujeitas a pegar-lhe
cousa alguma, sob título algum. Importaria o
contrário obrigal-as a contribuição pelo proprio
facto de terem-se constituído em Estados, o que
é absurdo. E tal sujeição dar-lhes-ia certo
caracter de vassallagem, de suzerania.
- O mesmo se deve dizer quanto aos municípios,
em vista do art. 68 que os constituio partes
autônomas dos Estados. Essa autonomia soffrerá
desde que forem tributários dos Estados e da
União. Tudo pois que constitue o governo
municipal, suas repartições, seus serviços, seo
funccionalismo, fica livre de impostos estadoaes
e federaes.
- Egualmente, com quanto não o diga o art.
10, é fóra de duvida, pelas razões expostas, que
um AEstado .não pode tambem tributar' os .bens,
rendas e serviços de outros Estados.
Nos Estados Unidos Norte Americanos vigora,
affirmada pela jurisprudência dos tribunaes, a
mesma doutrina, embora não consagrada
expressamente na constituiçãoƒ'
5. FRANCISCO CAMPOS, em seu "Direito
Constitucional”, Livraria Freitas Bastos S.A.,
Rio-São Paulo, 1956, discorrendo, igualmente, sobre o
art. 10 da Constituição Federal de 1891, já
assinalara:
"O fundamento ou razão de ser dessa cláusula
constitucional se encontra na particularidade
própria ou no caráter especifico do regime
federativo. A organização dêste regime› é
extremamente complexa. Nela as funções
governamentais, ao invés de concentradas num
~ unico órgão ou num só poder, coalescem em tõrno
de dois centros políticos e administrativos,
cada qual autônomo na esfera reservada à sua
competência, e, embora coexistindo no mesmo
território, mantêm, um em relação ao outro, a
mais completa independência em tudo quanto
incida sob a capacidade de decisão que lhes é
imputada no instrumento constitucional".
6. Mais adiante (ap.loc.cit., pág. 19 ng 11),
ponderava Francisco Campos:
"É o que se da no regime federativo.
Implicita ou expressa, é consubstancial a ele a
regra de que nenhum dos poderes ou dos governos,
de cuja associação se compõe a sua unidade, deve
interferir nas atividades legítimas do outro,
nem diretamente, nem por vias indiretas,
oblíquas ou furtivas, poderá criar õbices,
embaraços, tropeços, ou empecilhos ao exercicio
das suas funções constitucionais, e, sobretudo,
onera , de qualquer' maneira, diminuir' ou
destruir a eficácia dos meios ou instrumentos
necessarios ou adequados à ação dos seus órgãos
na órbita constitucional da sua competência.
Nenhum campo, porém, como o triggtãzig, mais
propício ao conflito de poderes, mais fértil em
oportunidades para a concorrência prejudicial

72

'Í F -I ¡DÊ-DU?
fiøéfism Íñtífsm/ Êúézz/ 2 44

É
E

f

entre os governos, seja conscientemente
orientada no mau sentido, e, portanto, desleal
ou ilícita, seja por motivo da fluidez ou da
indeterminação da matéria tributária, que, sendo
a mesma e uma só, por mais precisamente que se
recortem no mapa constitucional os contornos da
sua divisão, comportarã sempre a espécie esquiva
e fugidia dos casos marginais, cuja ambigüidade
dá lugar a que sobre eles se concentrem os fogos
cruzados dos giscos concorrentes”.
7. Foi, porém, Aliomar Balseiro, entre nos, quem
mais se aprofundou no estudo da questão, em suas
"Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar"
(Ed. Forense, Rio, 19?7, pãgs. 9 e seguintes):
"1. As FONTES DE IMUNIDADE REOÍPROCA.
A sobrevivência de três órbitas governamentais
autônomas, inerentes ao nosso sistema iederativo
levou a Constituição brasileira a inscrever de
maneira expressa, em seu texto, o principio da
imunidade recíproca: nenhuma das pessoas de
direito público interno, ressalvados os casos
previstos na própria Constituição, poderá exigir
imposto sobre o patrimônio, as rendas e os
serviços de Outra (art. 19, III,”a”).”
8. Explica, a seguir, BALEEIRO (”ap.loc.cit.",
págs. 92/94):
"O principio, sem exceções, entrou no Direito
Constitucional brasileiro com o art. 10 da
Constituição de 1891, que proibia "aos Estados
tributar bens e rendas federais ou serviços a
cargo da União, e reciprocamente”. Aceito sem a
mínima objeção, pela Constituinte, o
dispositivo, que se não linútava aos impostos,
mas não se referia, em termos expressos, aos
Municipios, representava a adoção de principio
-
reputado implícito no Direito americano por
jurisprudência até então pacífica. Dele não se
cuidou no regime da Carta Constit. de 1824.
Foi a experiência dos Estados Unidos a mestra
do legislador brasileiro de 1821 e ainda o
inspirou em 1946.
Tornaflse, pois, imprescindível rápida revisão
da marcha evolutiva desse problema na vida
constitucional daquele país, como elemento
inapreciãvel cha Direito Comparado para
inteligência dos arts.1 19, III, e 20, II, da Em.
nQ 1, de 1969.
2. EVOLUÇÃO DO PRINCÍPIO NOS ESTADOS UNIDOS
Em nenhum 'dispositivo da Constituição dos
Estados' Unidos ou de suas emendas seI contém
expressamente o princípio da regiprggal immunitz
of Federal and Statate Instrumentalities. Ela é
conseqüência remota e indireta da teoria dos
"poderes implícitos", inseparável do nome dey
HAMILTON, que, desde a Convenção de Filadélfia,
defendeu a necessidade de expansão da
competência Federal, em detrimento da ciumenta
autonomia dos Estados.
Dessa política, surgiu, em 1791, a idéia da
criação cmêlnn banco nacional, como instrumento

73

EÍ F - 'lü'Z-flDü?
zçãfizafwa fišáma/ Ágãé'ízz/ 24 1...

É
í)

s

K
\\`~
do Governo para regular ocgpmërgššág a moeda. O
Estado de Maryland tributou uma filial desse
banco, dando ensejo ao leading case de 1819, que
celebrizou o Ac. da Corte Suprema redigido por
Marshall, onde, pela primeira vez, se afirmou a
tese da imunidade dos meios de ação do Governo
Federal em frente as pretensões do fisco dos
Estados, pois, "the power to tax involves the
power to destroy” e, então, ficariam a mercê de
um governo todos os serviços e instrumentos de
outro.
RUI BARBOSA, que traçou desse julgado Mc.
Culloch vs. Maryland uma síntese fulgurante,
lembra que, naquele pais, o reputam a mais
notável das sentenças daquele famoso magistrado,
que durante 30 anos presidiu a Corte Suprema e
contribuiu poderosamente para o fortalecimento
da União através da construção judicãria."
9. Aprofunda-se BALEEIRO no estudo da
jurisprudência norte-americana e, em certa passagem,
lembra (pág. 101):
"O justioe JACKSON, no caso ILS. vs.
Allegheny County, 322 U.S. 174 (1944) disse uma
verdade: "Olhando retrospectivamente, é fácil
ver-se que a linha entre o tributável e o imune
tem sido traçada por um punho vacilante”. E esse
punho continua a traçar com a mesma vacilação a
linha divisória, razão pela qual a nossa
Constituição resolveu dar mais vigor a fronteira
entre o imune e o tributável.”
10. Ainda de ALIOMAR BALEEIRO, ao cuidar da
imunidade recíproca entre Estados e respectivos
Municipios e destes entre si ("ap.loc.cit.", ng 7,
págs. 116/117):
~ "Políticamente, a Constituição visa a uma
união indestrutível a base da concordia, do
respeito e da solidariedade reciprocos.
Não seria compativel com esses fins supremos,
substancialmente ligados a unidade nacional,
preocupação máxima de todos os grandes
estadistas brasileiros desde a Independência, a
interpretação que permitisse aos Estados entre
si retaliaçöes tributárias, como os impostos
interestaduais, tão combatidos na primeira
República, ou as práticas mais ou menos
idênticas que ainda hoje ensombram a vida dos
Estados americanos, segundo- depoimento de
financistas da mais alta circunspecção.”
ll. SACHA CALMON NAVARRO COELHO, "in" "O Controle da
constitucionalidade das leis e do poder de tributar
na Constituição de 1988" (Del Rey Editora, B.H.,
1992, pág. 383, ng 16), dentre os doutrinadores que
cita, a propósito das imunidades intergovernamentais
reciprocas, lembra a posição de GERALDO ATALIBA "in"
"Natureza juridica da contribuição de melhoria",
(S.P., Ed. Revista dos Tribunais, 1964, p. .231),
quando diz "imunidade e' ontologicamente
constitucional” e que só "a soberana Assembléia
Constituinte pode estabelecer limitações e condições
do exercicio do poder tributario.”

TF - 102-002
zçff//ê'éãflaa z/Õ/Ez'fišmm/ t/tg/ãém/ 24 G

E
H
U


I?
12. São, aliás, de GERALDO .ATAQÍÊÉÍfiÊÍssa mesma
obra, pãgs. 235/23?, ainda sobre a imunidade em
questão, as considerações seguintes:
"Com efeito, para tributar, deve a pessoa
juridica de direito público ter poder sobre o
sujeito passivo. SÓ o poder lhe permite
assegurar, mediante coação, seu comando. Só do
sudito pode o poder público mr. Só pode
tributar cuem pode exercer pode; - dentro da
margem de discrição apontada - sobre o
contribuinte.
Aliás, este termo significa sujeito ao poder
tributário.
Pode-se falar em sujeição ao poder tributário
entre os estados federados e federal e
vice-versa? Entre estados federados,
reciprocamente considerados? Entre União e
município autônomo e vice~versa?
Evidentemente não!
Decorre da própria natureza das coisas a
intributabilidade recíproca dos entes públicos.
Não tem qualquer cabimento tributarem-se
reciprocamente os entes que exercem o poder
público.
O fundamento politico da imunidade
constitucional recíproca - e a Constituição é
documento político - dos entes públicos foi
magistralmente colocado por' Aliomar .Baleeiro,
nos seguintes termos:
"Politicamente, a Constituição visa a união
indestrutível, ã base da concõrdia, do respeito
e da solidariedade recíproca.
Não seria compatível com esses fins supremos,
substancialmente ligados à unidade nacional,
preocupação máxima de todos os grandes
estadistas brasileiros, desde a Independência, a
interpretação que permitisse aos estados entre
si retaliações tributárias como os impostos
interestaduais, tão combatidos na Primeira
República, ou as práticas mais ou menos
idênticas que ainda hoje ensombram a Vida dos
estados americanos...”
E, pouco mais adiante, fixa lapidarmente
primeira regra hermenêutica: "A Constituição não
poderá ser interpretada de sorte que ameace a
organização federal por ela instituída, ou ponha
em risco a coexistência harmoniosa e solidária
da União, estados e municípios."
Esse o fundamento da imunidade tributária
recíproca. Como se vê, decorre das concepções
politicas dominantes, da mentalidade da época e
do Jpais, expressos no diploma fundamental. É
exigência da própria estrutura nacional.
Const't '-se e ' '
federação. Decorref'ex ipsa natura rei." da
propria essência do pacto federal a imunidade
recíproca dos entes que o compõem, porque, sendo
a federação uma associação de estados, que se
encontram no mesmo plano, não há que se falar em
relação de sudito para soberano, de poder

75

L
ÍF ¡Eli-DGI
-
fiøømm gnäfma/ gííáízz/ Q4 '7

êQl 21211 QE x

superior a inferior, que exclui a


possibilidade da tributação.
Tanto e assim, que nos Estados Unidos, embora
não haja expressa disciplina constitucional da
matéria, pela construction, foi a re ' oc
immunitz of Federal and State instrumentalities
fixada perfeitamente pela Suprema Corte.
É verdade que longo, lento e penoso trabalho
custou a fixação dos principios hoje pacifioos
sobre que se assenta a solução da questão
naquele pais, desde a famosa frase do grande
justice Marshall: the power to tax involves the
power to destrov, até as formas complexas e
cheias de exceções e considerações económicas,
politicas e jurídicas, com que se pode desatar
as questões, presentemente, mesmo sem recurso ao
judiciário, que já estão estabelecidas pacificas
normas pela jurisprudência americana."
13. Tretando, ainda, de "Regime Federativo", "in"
"Constituição ea Constituinte", Ed. Revista dos
Tribunais, 1987, GERALDO ATALIBA, diz sobre a
"FEDERAÇÃO" (pãgs. 63/64):
"A palavra, todo mundo sabe, vem do latim
"foedus foederis", que quer dizer:
pacto-associação. Daí a definição de Sampaio
Dória, invocada também por Frederico Marques:
"Federação é autonomia recíproca da União e dos
Estados sob a égide da Constituição Federal."
Autonomia recíproca. Um é autônomo relativamente
a outro, sob o esquema que for fixado no Texto
Constitucional Federal.
Autonomia vem de"auto nomus", aquele que é
capaz de dar norma a si mesmo. Se a Federação é
autonomia recíproca, quer dizer: a União não
pode dar normas para o Estado, e o Estado não
pode dar normas para a União.
A União é simples resultado da associação de
Estados. Os Estados que se associam formam um
novo Estado, formando uma União de estados."
14. "Dai SAMPAIO DÓRIA poder definir a Federação
como "autonomia recíproca da União e dos Estados,
sob a égide da Constituição Federal". Autonomia
recíproca, porque autônomos são a União e os Estados:
cada qual faz as próprias regras de vida e um não
faz regras para o outro; logo, um não manda no outro,
um não é superior ao outro. Não há superioridade, não
há hierarquia da União sobre os Estados, nem mais dos
Estados sobre a União. Essa é a fórmula básica,
fundamental, da Federação Americana." (GERALDO
ATALIBA, "op.loc.cit.", pág. 67).
15. Em "Sistema Constitucional Tributária
Brasileiro", ainda GERALDO ATALIBA, doutrina (5.13,
1966, pág. 54, ng 100):
"100 - A imu ' de rec oc já era, em razão
mesmo da natureza iederal que passava a ter o
Estado brasileiro, principio constitucional da
mais alta importância, consagrado «que foi da
seguinte forma:
"É proibido aos estados tributar bens e
rendas federais ou serviços a cargo da União, e
76

*TF - mamae
zQíf//zmaza ufiãásn/ Êám/ 24 8


reciprocamente" (art. 10). ÊF//dwflç7
Com efeito, a imunidade ributäria recíproca
não poderia deixar de comparecer como principio
constitucional, tendo agido com prudência e
grande descortínio o legislador constituinte de
1891, ao consagra-la expressamente, o que, se do
ponto de vista rigorosamente técnico, não era
essencialmente necessário - uma vez que a
imunidade tributária recíproca, à semelhança do
que ocorre nos Estados Unidos da América é
insita ã natureza federal do estado - a
prudência política, o bom senso e a experiência
prática recomendam sua expressa menção, como foi
feito.”
16. CELSO RIBEIRO BASTOS, examinando a estrutura do
Estado Federal, nos "Comentários à Constituição do
Brasil”, Ed. Saraiva, 1988, 19 volume, observa:
"A União é, portanto, uma pessoa juridica de
direito público dotada de autonomia, vale dizer,
ela pode atuar dentro dos limites que a
Constituição lhe outorga, da mesma maneira que
os EstadoseMembros também são autônomos. g
autonomia recíproca entre os Estados-Membros e a
União é essência do principio federativo. Com
relação a quem seria soberano dentro do Estado
Federal já muito se discutiu. Houve época em que
se entendeu fossem os .EstadoseMembros os
soberanos. Em outras ocasiões preferiu-se dizer
que a soberania caberia simultaneamente aos
Estados-Membros e à União. Hoje prevalece a
doutrina segundo a qual soberano é o Estado
total, é a República Federativa do Brasil, que
expressa a sua soberania na ordem internacional
através dos órgãos da União.
Falamos há pouco dos municípios. É este um
ponto importante na compreensão do federalismo
brasileiro. Porque, se contemplarmos a doutrina
sobre Federação, nunca vamos encontrar
referência aos municípios, que são considerados
um assunto de interesse dos EstadoseMembros, que
a eles outorgam ou não autonomia segundo o seu
talante, ou segundo a sua vontade.
Mas no constitucionalismo brasileiro tal não
ocorre. Os municípios também desfrutam de uma
autonomia similar à dos Estados-Membros, visto
que não lhes falta um campo de atuação
delimitado, leis próprias e autoridade sua. Isto
dá ao nosso município a qualidade de autônomo e,
mais do que isto, autônomo por força da própria
Constituição.”
17. Em face de todas essas considerações, sem me
comprometer com a tese no julgamento final de mérito,
tenho por relevante, para o efeito do exame de medida
cautelar, o primeiro fundamento da presente ação
direta de inconstitucionalidade, qual seja o da
ameaça ao regime federativo, pela quebra do principio
da imunidade recíproca entre a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios, no que concerne ã
instituição de impostos sobre patrimônio, renda ou
serviços uns dos outros (artigo 19, 18, 60, § 49,
Óšfifawza g-Ê'Ámm 1/7 fiaz/T/n /+ 24 9

nn; 232-? ng
\

inc. I, e 150, III, VI, "a",uda/Êšš;;§š;ição).


18. Demonstrada, que me parece, por esse modo, a
plausibilidade jurídica da ação, quanto ao referido
fundamento, considero desnecessário, para tal efeito,
o exame dos demais, relacionados com o guincipio da
anterioridade (art. 150, III, "b") como garantia do
contribuinte, insuscetivel, segundo se alega, de
modificação por emenda constitucional (artigo 60, §
49, inc. IV). Assim, também, aquele referente .ao
princípio da não cumulatividade dos impostos (art.
154, I, "a").
19. Satisfeito o lprimeiro requisito para o
deferimento da medida Cautelar (plausibilidade
juridica da ação - "fumus boni iuris"), resta o exame
do segundo ("risco da demora" ~ "periculum in mora").
20. Quanto a isso, disseram os autores na inicial
(item 6, págs. 20/21:
"O perigo da demora reside na iminente
cobrança do tributo a partir do final do
corrente mês, acarretando prejuizos irreparáveis
aos Estados, face ao carater compulsório do seu
recolhimento. Os valores serão retirados
diretamente de suas contas junto a entidade
bancárias, sempre que realizarem operações
financeiras, compromentendo, inclusive, as suas
prestações de contas junto aos órgãos de
fiscalização externa e interna. Some-se, ainda,
que os recursos' públicos eventualmente
desembolsados para o pagamento do
inconstitucional tributo, somente ipoderão ser
ressarcidos mediante a propositura de ações de
repetição de indébito contra a União Federal."
21. Tenho por preenchido, também, o requisito do
"periculum in mora".
22a Isto posto, defiro a medida cautelar, para
suspender os efeitos do § 29 do art. 29 da ELG. n"
03/93, no ponto em que retiram, para os fins
constante do "caput", a imunidade de que trata o art.
150, inc. VI, letra "a" da Constituição Federal.
23. Se prevalecer meu voto, ficará suspensa, até o
julgamento final da ação, a incidência do I.P.M.F.,
prevista na Lei Complementar ng 77, de l3.0?.l993,
nas operações de todos os Estados, do Distrito
Federal e dos Municipios. Não apenas dos ora autores.
24. Oportunamente, serão colhidas informações da
Presidência da República, da Câmara dos Deputados e
do Senado Federal e manifestações da Advocacia Geral
da União e da Procuradoria Geral da República."

Agora, quando do julgamento do mérito, continuo

convencido de que o I.P.M.F. não pode ser cobrado dos Estados,

do Distrito Federal e dos Municipios, em face do disposto no

"caput" do art. 150 e na alinea "a" de seu inciso I.

.F - 102.002
gømwâ %Ãzflzz2/ Êxzf/fm/
25O


I 'Ú

E deixo esclarecido que essa unidade se estende às

autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder

Público, no que se refere ao património à renda e aos serviços,

vinculados às suas finalidades essenciais, ou às delas

decorrentes, nos termos do § 29 do mesmo artigo 150.

E destaco, ainda, o disposto no § 3g do art; 150 da

Constituição Federal, segundo o qual "as vedações do inciso VI,

"a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, ã

renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades

econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos

privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços

ou tarifas pelo usuário".

20. No que respeita à argüição de inconstitucionalidade,

fundada na violação ao principio que coíbe a bitributação e a

não-cumulatividade, tenho-a por improcedente.

Tais vedações são dirigidas à lei complementar,

quando institui tributo não previsto pela propria Constituição

(inciso I do art. 154), ou seja, quando a União exerce sua

competência legislativa tributária residual. Mas, quando a

Constituição é emendada e a emenda autoriza a instituição do

tributo novo, não opera a norma em 'questãcn Velho-me, também

nesse ponto, dos fundamentos deduzidos nos pareceres

retro-transcritos.

21. Por todas essas razões e no mais, pelo que ficou dito

nos mencionados pareceres, aqui parcialmente adotados, julgo

procedente, em parte, a ação, para:

79

:F - 101.002
zgí//ëâfiza ääma/ gíúém/

E
25 1

a
lã W?
Wifi
1R - declarar a inconstitucionalidade das expressões

"111, "b", e", contidas no § 29 do art. 29 da Emenda

Constitucional na 3, de 17.03.1993, por permitirem a cobrança

do I.P.M.F. no corrente ano de 1993;

29 - declarar a inconstitucionalidade da referência

ao inciso VI do art. 150 da Constituição, contida no mesmo § 2E

do art. 2° da Emenda Constitucional ng 3/93, apenas no ponto em

que abrange a alinea "a" do mesmo inciso e com isso permite a

incidência do tributo sobre "patrimônio, renda ou serviços" dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municipios, nos exercicios

de 1993 e 1994; e também no ponto em que impede, por via de

conseqüência, quanto ao I.P.M.F., a observância do disposto no

§ ZÉ do mesmo artigo 150, que estende a imunidade às autarquias

e às fundações instituídas e mantidas pelo poder público, no

que se refere ao patrimônio, a renda e aos serviços, vinculados

a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes;

39 - declarar a inconstitucionalidade da Lei

Complementar ng 77, de 13.07.1993, nos pontos em que deixou de

excluir, da incidência do I.P.M.F., as mesmas pessoas jurídicas

referidas no item anterior e nas circunstâncias ali mencionadas

(v. artigos 39, 49 e 89 da Lei Complementar 77/93.

Ressalvo, em face da Emenda Constitucional n9 3f93 e

da Lei Complementar n9 77/93, o disposto no § 39 do art. 150 da

Constituição Federal, segundo o qual: "as vedações do inciso


VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio,

à renda e aos serviços, relacionados com exploração de

80

L
TF .. ¡DÊ-00']
fi/feâmâ äš'úíwçz/ ¶rffm/

atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a

empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou

pagamento de preços ou tarifas pelo usuário".

22. Enfim, julgo, nesses termos, procedente, em parte, a

ação, e mantenho a liminar deferiäa até 31.12.93

6% '

äI'F - 102-002
àK/(Ê/zérwzâ Úä-(Ãr/¡m/ :gámém/
(4)
PERTENCE
SEPÚLVEDA
-
Voto
15/12/93 TRIBUNAL PLENO

QÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 939H7 DISTRITO

io
IZ
15.305.353 L,

01?37020
00180000
09393020
01540580
o ssNuon MINISTRO sEPÚLVEDÀ PERTENC‹: senhor

Presidente, tendo de me retirar da sessão, para uma viagem de

urgência, peço vênia para antecipar o meu voto. Serei breve.

2. No que diz respeito ã ressalva da aplicação do


art. 150, III, que consagra a regra da anterioridade, na

incidencia do IPMF, peço vênia ao eminente Relator para julgar


improcedente a ação.

3. Creio que na demarcação de qual seja a extensão

da limitação material ao poder de reforma constitucional, que

proibe a deliberação sobre propostas tendentes a abolir


direitos e garantias individuais, O intérprete não pode fugir a

uma carga axinloqica a atribuir, no contexto da Constituição, a


eventuais direitos ou garantias nela inseridos. E não consigo,
por mais que me esforce, ver, na regra da anterioridade,

recortada de exceções no proprio Texto de 1988, a grandeza de

cláusula perene, que se lhe quer atribuir, de modo a impedir ao

órgão rue refornml constitucional E1 instituição (ks uni imposto


provinúiin que a ela não cc submeta.

4. (km1 todas en: vênias não eflnúfima presente ao


-
julgamento da medida cautelar - da maioria ue se formou pela
i\
fz'â/zà'frwa É%-ffwfia/ ÂÊ'øk/Ãgzz f

254
.__EHDÀ 939-? E

concessão da liminar, diria que a grandeza atribuida à regra da

anterioridade, no contexto da Constituição vigente, é fruto

mais que (ka uma interpretação retrospectiva. a (pus ha. dias

aludia, citando Luiz Roberto Barroso e Barbosa Moreira (v. MS

21.689), de uma interpretação nostalgica: o que se quer, à

força, e ver na anterioridade o velho princípio da anualidade,

da exigência da previa autorização orçamentária anual para

cobrança de cada imposto, que, esse sim - não é preciso repetir

a Historia a partir de João Sem 1Terra -, teve uma carga

histórica e política de grande relevo. Mas a verdade é que a


dinâmica (ta administração ;financeira ck) contemporânemr Estado

intervencionista.êa superou, mal.‹mi bem, ru) constitucionalismo

brasileiro.

ã. Brevitatís causa, reporto~me, portanto, a dois


dos entes preferidos no julgamento cautelar, que retratam

oratfnuenio n meu ponsanwn'rfi no ponto: os de V. Exa., Sr.

Prouidcnfe, (a o zh: rmdlwnflua Ministrr) Francisco Rezek.

Perm1FH me relembrar, no veto de V. Exa., uma advertência

sal.ui..f- sobre a extrema contenção em que há de por-se este

Tribuflai, na missão que e, por definição, a mais delicada que

se lh~ atribuiu, a de controle da validade da manifestação mais

eminente dos poderes constituídos: a emenda constitucional.

ñ. Disse S. Exa., peço venia para subscrever:

"... a estabilidade da Constituição Federal, onde

reside a finalidade inequívoca das limitações

postas ao poder constituinte derivado, poderá, a

meu ver, ficar comprometida, ao invés de


-Í/rfíewu ÂÍÍ/ëfsf?f2/ íQ/Êfla/É'áa/

reforçada, com o rigor de uma interpretação que,

exaroebando essas restrições, viesse a conduzir

justamente aquilo que a Constituição quis evitar,

ou seja, estimular a tendência de ruptura como um

todo do texto constitucional."

7. No que toca, porém, a exclusão, por força do § 29

do art. 29 da Emenda Constitucional ng 3, da aplicação ao IPMF

do art. 150, VI, da Constituição, que arrola as imunidades

tributárias, também peço venia ao eminente IMinistro-Relator

para aí julgar procedente a ação em maior extensão do que a do

seu voto.

8. É que, ainda que não se trate tecnicamente de

diroiLns e garantias individuais, as imunidades ali outorgados,

na alínea th, aos "templos the qualquer culto", rui letra o, ao

"petrimõnio, renda rn: serviços. dos _partídos _polítioos,

inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos

trabaihadores, das instituições de educação e assistência

social, sem fins lucrativos", e, na letra d, a "livros,

jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão",

oonsti Hom, todas eins, instrumentos de salvaguarda

fundem “Mais fhë princípios, liberdades ‹a direitos básicos da

Coust1›uiuão, Como liberdade religiosa, de manifestação do

pensam-uro, pluralismo poliiioo do regime, a liberdade sindical

, a fvdi<unfirukwk1 enviei, c: direito Ê1 educação ea assífll por

ri i siri t r.

9. Por isso, declaro a inconstitucionalidade no § 2Q

do ari. 2?, da menção ao inciso VI do art. 150, sem restrições,

W 4.
,fé-'il' L" - l I _: . _ _
a A
LL š

M f .
/
*l
1%;Óšzšw'z'â ygf-Ú/èfiá/` yšfl/š'ítz/

256
ADI 939-? QE

que estando, conseqüentemente, ao § 29 do mesmo artigo.

10. Com essas breves considerações, que serão

certamente enriquecidas ou massacradas pelos votos que virão

depois, eu, portanto, julgo procedente, em parte, a ação nos

termos em que enunciei apenas para declarar' a

inconstitucionalidade, no § 29 do art. 29, da locução "e VI".

É como voLo.

ibc/
«9%%fimw Íähéwm/úgkfiâfi/`
(2)
GALVÃO
ILMAR
-
Voto
25?

15/12/93 TRIBUNAL PLENO

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 939«? DISTRITO

10
sz
EEEEBäL

01737020

IO
14

IO
Ifi
00180000
09393030
01580660

O sENHOR MINISTRO ILMAE GALVÃO: AO votar sobre a

matéria, na assentada de 15.12.93, deixei claro O meu

entendimento a respeito do Objeto desta ação.

Na verdade, naquela oportunidade posicionei-me entre

aqueles que consideraram perfeitamente plausível a tese de que

a emenda constitucional sob apreciação, bem como a lei

complementar que Ei regulamentou, padecem.(k> vicio capital da

inconstitucionalidade, INI ponto ffln que afrontaram.c) principio

da anterioridade da lei tributária.

Desconsiderei, assinm éms alegações CUM; imputavam as

mencionadas normas outras baldes, como a de haverem afrontado,

por igual, c) art. 154, 1; que exige, para ea instituição de

impostos federais Iúün previstos rui Carta, c) requisito cha lei

complementar cumulado com a observância dos principios da

não-cumulatividade do tributo e da não-concorrência de qualquer

outro tributo sobre os respectivos fato gerador' e Ibase de

Cá1ou1o.

E o '[-iE, Sr. IHfosidI-ente, por haver entendido que o

dispositivo em apreço se dirige com exclusividade ao legislador

infraconstitucional, não vedando a instituição de nova figura

tributária por meio de emenda ao texto da própria Carta, como

ocorre.
/' ?
Na verdade, não se poderia, sem exage rá/erigir ã
. ,//JIIVJ X I

5 TÃ- 'Í 107-1101?


*v
fÊä/éâma äšräfmzz/ gaz/fm/
258
ADI 939-? QE

condição che direito cnl garantia individual, protegido contra

emenda constitucional, o de não ver instituído, por essa via,

imposto novo que (a legislador complementar esta capacitado a

instituir, embora sob certas limitações.

De outra parte, não se acha demonstrado que o tributo

em questão se revela cumulativo ou que possua fato gerador e

base de cálculo próprios de outro imposto.

Acrescente, agora, o entendimento de que a emenda

constitucional em foco afrontou, ainda, as cláusulas pétreas,

asseguradoras ck: pacto federativo ea dos direitos ea garantias

individuais, ao afastar, em relação ao imposto por ela

instituído, a aplicação do art. 150, VI, instituidor de


imunidade tributária em favor das pessoas elencadas em suas
alíneas, entre as quais os entes que compõem a Federação.

Ante o exposto, peço vënia ao eminente Relator para

dar maior extensão, nos termos expostos, à declaração de

inconstitucionalidade contida em seu douto voto.

*Éfi-*frfi'ú'ú'
«__-dp"

emo

p
s ÍF -1024302
zçëáawea Íãããáfia/âígãdãsíí

259
(10)
AURÉLIO
MARCO
-
Voto
1.5.12.l993 TRIBUNAL PLENO

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDAQE E 939-? DISTRITO


FEDERAL

VOTO

O SENHOR MIN I STRO MARCO AURÉLI O - S enho r

Presidente, em primeiro lugar, registro minha convicção firme e

categorica de que não temos, como garantias constitucionais,

apenas o rol do artigo 59 da Lei Básica de 1988. Em outros

artigos da Carta encontramos, também, principios e garantias do

cidadão, nesse embate diário que trava com o Estado, e o

objetivo maior da Constituição é justamente proporcionar uma

certa igualação das forças envolvidas -


as do Estado e as de

cada cidadão considerado de per se.

A demonstração inequívoca da procedência desse


entendimento está no § 29 do artigo 52:

"§ 29 0s direitos e garantias expressos


nesta Constituição não excluem outros
decorrentes do regime e dos princípios
por ela adotados, ou dos tratados
internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte."
01737020
00180000
09393040
015?0730
Veja V. Exë. que o Diploma Maior admite os
direitos implicitos, os direitos que decorrem de preceitos nela

contidos e que, portanto, não estão expressos.

Senhor Presidente, para mim as exceções a esses


direitos, insertas na própria Carta, apenas os confirmam, e
ninguém coloca em dúvida, por exemplo, que a propriedade um
¡I- H.. ¬-¬¬.¬`-`

,i

` e .102.002
zzqãf/eâma gšäãwa/ äíséáa/ 260

*7


direito do cidadão; no entanto, esse direito esta mitigado pela

regra insculpida no inciso XXIV do artigo 59, que cuida da


desapropriação. Ninguém duvida, também, que a exclusão da pena
de morte é um direito, é um direito previsto no rol do artigo

5E e está excepcionado por regra insculpida na propria alinea

"a" do inciso XLVII do artigo 59, _admitindo-se-a em caso de

guerra declarada, nos termos do artigo 84, inciso XIX. 4

Senhor Presidente, os antigos já diziam que nada

surge sem uma causa, sem uma justificativa, decorrendo, dai, o

principio do motivo determinante. Indagosme: por que a União

desprezou. o ÃteorI do ¬artigo 154, inciso+ I, da Constituição

Federal e, ao invés de utilizar-se- do meio adequado nele

inserto para a criação de um novo imposto, lançou mão de emenda

constitucional? A resposta é, desenganadamente, a tentativa de

burlar as garantias constitucionais _vigentes, drible que não

pode prosperar, porquanto o inciso IV'ckusi a? do artigo 60 é

categorico no que veda a tramitação de proposta de emenda

tendente a abolir os direitos e garantias individuais.


Buscou-se, .mediante esse instrumento, que é ea emenda

constitucional, viabilizar Inn imposm: que pela Êmopria


nomenclatura iufln repercussões inconciliáveis ‹finn 'certas

garantias do contribuinte.

De inicio, Senhor Presidente, vemos o afastamento

da anterioridade, e creio que posso deixar de discorrer a

respeito. A Corte, ao enfrentar' o pedido de concessão de

liminar, teve presente que a anterioridade encerra uma garantia

constitucional, e não vejo, em face apenas de a Carta conter

algumas exceções a esse principio, como esvaziá-lo, omo

2
261
t9ãáaemfl Íñãäâes/ffiãšfiâsší

colocáfllo em plano secundário a ponto de dizer da impertinência

do inciso IV do § 49 do artigo 60, ou, até mesmo, num passo um

pouco› mais largo, assentar que não se está diante: de uma

garantia constitucional. É uma garantia constitucional., como

está previsto, com todas as letras, na alinea "b" do inciso III

do artigo 150 da Carta:

"Art. 150. Sem prejuízo de outras


garantias asseguradas àu: contribuinte,
é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municipios:"

E, ai, temos:

"III - cobrar tributos:


iii... IIIIIIIIII ...iii-¡lillllltlillllli

b) no mesmo exercício financeiro em que


haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou;"

Senhor Presidente, houve a opção pelo legislador

constituinte de ZLÊBB e, com ela, tivemos o esgotamento das

exceções, porque taxativamente fixadas na Carta. Os

dispositivos são numeros clausus, não apenas exemplificativos.

Fora das hipóteses excepcionadas cabe observar, com rigor, a

anterioridade. A emenda também veio a balha com um preceito que

afasta a imunidade de que cogita o inciso VI do artigo 150 da

Constituição Federal. Creio que não há como distinguir os

destinatários, em si, dessa imunidade. Se de um lado temos que

alguns gozam dos predicados alusivos à Federação, de outro lado

constatamos que os demais tem a imunidade como uma forma

viabilizadora da própria atuação.


gyšzamâ %Ámzz/ gám/

Peço `venia ao nobre: MinistroflRelator para

entender que não se pode, na espécie, excluir da peoha de

inconstitucional a Emenda e, também, a Lei Complementar, no

tocante a incidência desse novo tributo sobre patrimônio, renda

ou serviço dos partidos politicos, das entidades sindicais dos

trabalhadores, das instituições de educação e de assistência

social sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei, bem

como relativamente a operações ligadas a livros, jornais,

periódicos e o papel destinado à sua impressão. Estamos diante

de atos normativos que oonflitam com a imunidade assegurada

constitucionalmente.

Tambem tenho como inconstitucional a Emenda no

que acabou por afastar, pelo menos no tempo em que vigorou e


i
vigorará, o § 59I do artigo 153 da Lei Máxima. O citado

parágrafo dispõe:

"O ouro, quando definido em lei como


ativo financeiro ou instrumento
cambial, sujeita-se exclusivamente à
incidência do imposto de que trata o
inciso V do caput deste artigo, devido
na operação de origem; a alíquota
mínima será de um por cento, assegurada
a transferência do montante da
arrecadação nos seguintes termos:"

O preceito versa sobre garantia dada aqueles que

comercializam, àqueles que possuem o ouro como ativo financeiro

e exclui, por completo, a incidencia de outros tributos além do

imposto de que trata o inciso V do caput do artigo, que é

dispositivo, portanto, único a incidir na espécie.


_."-_

STF - 102-009
25f
ñf/zmú %Ãmzz/ ggzzéée/ 3

w
U
H
232-7 DF

Senhor Presidente, falei que estamos diante de um

imposto que não se harmoniza, que não guarda pertinência, pelas

proprias peculiaridades, com o campo indispensável ao respeito

a determinados principios constitucionais alusivos ao poder de

tributar. Refiro-me ao artigo 154. Volto a ele para sublinhar

que contém a garantia da näo-cumulatividade e que afasta o pis

ip idem considerados fato gerador ou base de cálculo alusivos a

outros tributos previstos na própria Constituição.

A nomenclatura dada ao IPMF (Imposto Provisório

sobre Movimentação Financeira), o objeto do Imposto, por si só,

sem que tenhamos que fazer a leitura de alguns dispositivos da

Lei Complementar ng 77/93, revelam a transgressão ao principio

da cumulatividade. Por que temos a ofensa a esse principio?

Porque não se cogita da possibilidade de o contribuinte, tendo

em conta um mesmo numerário, movimentado por mais de uma vez,

vir a creditarfise quanto a um recolhimento do imposto já

realizado. E talvez aqui tenhamos, até mesmo, a justificativa

para esse percentual que, à primeira visão, transparece

irrisório, de 0,25%. É que, diante da norma do artigo 29,

diante da incidencia reiterada desse percentual, ele não se

circunscreve a 10h25%. Por isso mesmo, como salientado jpelo

Professor Ives Gandra, é que se buscou amparo no instituto da

emenda constitucional, não se utilizando simplesmente o

instrumental atinente ao inciso I do artigo 154 - a lei

complementar - porque já se sabia, de antemão, pelas

peculiaridades, pela forma da cobrança, pela amplitude da

incidencia do Imposto Provisório sobre Movimentação Fina eira,

que conflitaria com o principio da näo-cumulatividade. Í

STF - 102-002
fšføesmâ gšíáfmz/ gšsém/ 2 64

DI QQQ-T DF

Senhor Presidente, o inciso I do artigo 29 cuida


da incidencia do Imposto Provisório sobre Movimentação

Financeira ante o lançamento a débito, por instituição

financeira, em contas correntes de depósito, em contas

correntes de empréstimo, em contas de depósito de poupança, de

deposito especial remunerado e de deposito judicial junto a ela

mantidas. Já o inciso II versa sobre a incidência do tributo

frente à liquidação ou o pagamento, por instituição financeira,

de Quaisquer créditos, diretos ou valores, por contas e ordem

de terceiros, que não tenham sido creditados, em nome do

beneficiário, nas contas referidas no inciso anterior. E o

inciso III contém preceito indicador da incidência no

lançamento, e ua uer outra forma de movimenta o

Qansmissäo de valores e de créditos e direitos de natureza

financeira, não relacionados nos incisos anteriores. Repito a

expressão utilizada: "qualquer outra forma de movimentação ou

transmissão de valores e de créditos e direitos de natureza

financeira".

O que encerra isso, como veremos a seguir, senão

a vulneração ao principio da não-cumulatividade?

Prossegue o artigo comic inciso IV estabelecendo


i

que "a liquidação de operações contratadas nos mercados

organizados de liquidação futura" também sofrerá a incidência

do Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira e culmina

dispondo, no inciso V, que "gualguer outra movimentação Qu

transmissão de valores e de créditos e direitos de natureza

financeira" sofrem a incidência do Imposto Provisório

Movimentação Financeira".

STF ~ 102-002
b;
Cm
`W
J
:gyímvzâ äšãfma/ ä'ám/

ADI 232-? DF

Senhor Presidente, para demonstrar que temos a

violação ao princípio da não-cumulatividade, não bastasse o

fato de se ter desprezado a lei complementar para utilizar~se a

emenda constitucional - e não creio que alguem diga¡que a

não-cumulatividade não seja uma garantia do contribuinte

considero exemplos citados no memorial oferecido pela

Requerente, por sinal da lavra experiente do Professor Yves

Gandra: lançamento a débito em conta corrente de empréstimo

para créditos em conta Corrente de depósito e posterior

lançamento a débito, desta, da conta corrente de depósito - o

Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira incide sobre

ambos os lançamentos a debito. Não há como pretender-se, diante

da própria lei, do que se contém na Lei Complementar n? 77,

editada com base na Emenda Constitucional n? 3, que não se

harmoniza com a Carta de 1988, a compensação de qualquer valor.

Ora, se o contribuinte não tem esse:direito-, e se há a nova

incidência, ela é dupla; essa "incidencia" é cumulada.

Segundo exemplo: lançamento a débito, em' conta


corrente, de depósito para aplicação financeira de renda fixa

com posterior lançamento a crédito na conta corrente de

depósito do resgate da aplicação e, finalmente, lançamento a

debito para aplicação e um segundo lançamento a debito do valor

do resgate. Teremos sucessivas incidências.

Ha de se sopesar, também, que a Lei Complementar

ng 77/93, desprezando até mesmo o conceito de "fato gerador",

cogita, no § 19 do artigo 59, de algo que, na verdade, en erra

confisco. Prevê a reserva, ou seja, a obrigação da en


266
dãëéafisa Íízääme/gáãšãeadí

BI 232-? DF

financeira lançar mão de valor contido na conta corrente, para


i
que sirva de; reserva a uma satisfação futura do imposto que
venha a ser devido. O que é isto, senão um verdadeiro confisco?

O confisco também se revela quando constatamos que a

"incidencia" se faz quanto aos investimentos em Certificado de

Depósito Bancário. É sabido que esse sistema pressupõe resgates

sucessivos e ai teremos a diminuição do patrimonio, com

inobservância do principio da não cumulação, porque o

patrimônio do investidor será o mesmo e ocorrerão incidências

sucessivas.

Mais pernicioso ainda é o resultado no tocante as

cadernetas de poupança, como ldito no memorial, em boa hora

distribuido pela Requerente. Em relação as cadernetas de

poupança ocorre a absorção do lucno ~ se é que ha lucro - no

percentual de 49.23%. Vejam que essa alíquota de 0,25% e

enganosa. É uma alíquota que se multiplica frente a

inobservância do principio da não-cumulatividade.

CreioÍ que com o imposto olvida-se, ainda, a


capacidade contributiva prevista no artigo 145 da Carta de

1988. Nem se diga que essa capacidade contributiva resta

preservada pelo fato de a base de incidência ser diversificada.

A ordem natural das coisas, a prática do dia~a~dia alusivo aos

impostos, aos tributos em geral, revelam que não se tem a

estipulaçäo destes considerados valores nominais. Os tributos


decorerem sempre da incidência de uma percentagem, e a menos

que digamos que o preceito do 5 19 do artigo 145 seja letra

morta, não tenha um sentido próprio, haveremos de assent-. que

a distinção, em face à capacidade contributiva, deve ser uto

:HF . ¡às-0,92
26'?
Jëëãaam':gäÉÉWQ/fígšfläaíp

ADI 232-? DF

da previsão de percentuais diversos alusivos ao mesmo tributo,

tendo presente a potencialidade economico-financeira de cada


qual dos contribuintes.

A questão que deve ser ferida pelo Tribunal,

atinente ao fato gerador desse tributo, na essência, diz

respeito as movimentações financeiras, em si - e creio que

ninguém satisfaz obrigações reservando em casa numerário

suficiente - conduz a conclusão de que temos o envolvimento de

fatos geradores de outros tributos.

Quanto ao Imposto sobre Operações Financeiras,

penso que não ha qualquer dúvida a respeito; relativamente ao

Imposto sobre Circulação de Mercadorias, ao buscar no banco o

numerário para satisfazer o valor das mercadorias, o valor do

próprio tributo, c) contribuinte estara pagando, também, sobre

esses mesmos valores, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias

e Serviços, o mesmo ocorrendo com o Imposto Sobre Serviços.

Com referência ao Imposto de Renda, os empregados

em geral e os servidores público não percebem na boca do cofre.

Tais quantitativos são alvo da incidência do imposto de renda e

ocorre o crédito nas respectivas contas, até tendo em vista a

necessidade de adotar-se medida de segurança. Logo, a partir do

momento em que seguem os valores, pagarão com a mesma base de

incidência do imposto de renda, o Imposto Provisório sobre

Movimentações Financeiras.

Por último, no que tange à anualidade, estafèorte

já teve oportunidade de assentar que o disposto no artigo 165,


l
268
záëfimmwa Íäããáfis/flágëàâwíf

ADI 2§2~7 DF

§ 22, da Constituição Federal não encerra garantia do


contribuinte, mas norma relativa a organização do proprio

Estado, no que preceitua que a lei de diretrizes orçamentárias

disporá sobre as alterações na legislação tributária. Rechaçou,

assim, a ilação sobre a existência do principio. Por isso,

dispenso~me de maiores considerações.

Peço Vënia àqueles que me antecederam para julgar

procedente esta ação direta de inconstitucionalidade cpmo um

todo. Tenho que o Imposto Provisório sobre Movimentação

Financeira, num exame desassombrado, não subsiste. Ao

Judiciário não compete como que colaborar, objetivando acerto

de caixa a ser feito no âmbito do Executivo; ao Judiciário

cabe , acima de tudo , sem re Gear criticas , até mesmo

exacerbadas, a preservação da ordem. juridica. Sob a minha

óptica, conl o devido respeito aos meus pares, esta ficará

seriamente comprometida, caso` se - conclua pela


inconstitucionalidade apenas parcial da Emenda ng 03/93 e,

também, da Lei Complementar ng 77, que acabou por disciplinar o

Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira.

É como voto na espécie dos autos.

*i'il'

10
Óéàäamw'¿9ãøáfla/FÍ%É%%e/i
(11)
VELLOSO
CARLOS
-
Voto
239

15/12/93 TRIBUNAL PLENO

Ação DIRETA DE INCONSTITUCLDNALIDADE E3 939-? DISTRITO


F DERAL

K)

KD
#9
l<
O Sr. Ministro CARLOS VELLOSO: - Sr. Presidente,

no julgamento das cautelares requeridas nas ADINs 926 e 939,

examinei algumas das argüições de inconstitucionalidade

suscitadas. Assim o voto que proferi na ADIn 926-DF:

"Sr. Presidente, a imunidade recíproca,

segundo o magistério de Geraldo Ataliba, é

ontológica, porque diz respeito ao cerne do pacto

.o federativo, ou porque decorre da própria natureza

do federalismo. Essa imunidade resultou de

construção jurisprudencial, na Suprema Corte

americana, em McCulloch vs. Maryland, do ano de

1819, que teve a marca do gênio do Juiz Marshall.

Numa Constituição que não consagrava

expressamente o principio da imunidade recíproca,

Marshall, idealizando a teoria dos poderes


gääggäg implícitos, estabeleceu a proibição de as
09393050 . . _
(Nãmfimü entidades políticas que compoem o Estado Federal

exigirem impostos reciprocamente. Essa imunidade

diz respeito, na verdade, ao cerne do pacto

federativo, dado que, se inexistente, poderia

fazer ruir o Estado Federal. Vale a frase célebre

de Marshall no sentido de que no poder de


/zLLO QM .LfO

fl TF ` IDT-UGT?
" ,sz/sm? 92mm/ esém/
270
èâl Qiízl QE

tributar está o poder de destruir.

A Constituição de 1988 estabelece

limitação ao poder constituinte de revisão, ao

poder constituinte derivado . Uma des sas

limitações materiais, que os constitucionalistas

brasileiros denominam de cláusula pétrea,

inscreve-se no inciso I do § 49 do art. 60:

'Art. 60 ............... ......

§ 49 -- Não será objeto de

deliberação a proposta de emenda

tendente a abolir:

I - a forma federativa de

Estado.'

Quer dizer, Sr. Presidente, as materias

que se inscrevem nos incisos do § 49 do art. 60

são intangíveis à mão dos congressistas

investidos de poder constituinte derivado. Aliás,

poder constituinte derivado, segundo o magistério

de Canotilho, não passa de uma paródia.

Ora, a imunidade recíproca dos

componentes do Estado Federal não pode ser

suprimida mediante emenda constitucional, ou não

pode emenda constitucional suspende-la ou

afastáala, porque, se o fizer, ofenderá o pacto

federativo, enfraquecendo-o, pelo que é tendente

a aboli-lo. /L¿¿i} [t LLU


sem seem/f sg/
271

Com essas breves considerações,

ressalto a ocorrência, no caso, do fumus boni

jurig ou da relevância do fundamento da inicial.

SÓ isto para mim é bastante e suficiente para

deferir a medida cautelar, nos exatos termos em

que requerida, vale dizer, para que seja mantida

a imunidade dos Estados requerentes, em relaçäo a

tributação do Imposto Provisório sobre

Movimentações Financeiras.

Adiro ao voto do eminente Ministro

Relator e defiro a medida cautelar nos exatos

termos em que foi requerida."

Na ADIn nfi 939-DF, foi este o voto que preferi:

"Sr. Presidente, situo o exame da

questão em torno da Emenda Constitucional ng 3.

Dai a razão por que suscitei a preliminar de

inépcia da inicial. É que esta, conforme vimos,

pede que seja declarada a inconstitucionalidade

da lei. Ora, sabemos que emenda constitucional

não é lei em sentido formal, porque oriunda de

orgão distinto. Por isso, ficamos perplexos com o

pedido, dado que é a Emenda Constitucional n*2 3

que excepciona o principio da anterioridade, a

imunidade recíproca e as imunidades das alíneas

1.3, g e g do inciso VI do art. 150 da

Constituição. O Tribunal, entretanto, entendeu

/LLCOÁJU-fw
gl/âøämfi íCZ-É'Zá'fia/ ígfšaém/ 272

MME

que o pedido compreende, também, a declaração de

inconstitucionalidade da Emenda Constitucional .

Estou satisfeito com a decisão e vou proferir o

meu voto, no mérito.

Antes, porém, quero fazer um reparo a

uma afirmativa de um eminente Colega. S. Exa.

disse que ficaria mal para o Supremo Tribunal

Federal acolher a preliminar e deixar de examinar

a questão no seu mérito, escapando, assim, do

exame pela porta da preliminar. Esclareço que

isso jamais ocorreria, dado que a Ordem dos

Advogados do Brasil já aforou ação direta de

inconstitucionalidade da EC n9 3, no ponto que

cuida do Imposto Provisório sobre Movimentações

Financeiras. Quer dizer, ainda hoje ou, no

máximo, na próxima semana, examinariamos o pedido

de cautelar formulado pela Ordem dos Advogados do

Brasil. E quanto ao Supremo Tribunal ficar mal,

afirmo que jamais passaria por minha cabeça algo

assim. acho que o Supremo Tribunal ficaria muito

mal se qualquer dos seus Juizes não pudesse ou

não tivesse a coragem, numa questão de interesse

da midia, de expor o que pensa, de julgar de

acordo com a sua ciencia e a sua consciencia.

Faço este reparo, porque a isto me impõe a minha

formação de juiz.

Sr. Presidente, examino a questão posta

na Emenda Constitucional ng 3, de 1993. Tenho

/LMDÀJUW

'STF - 'lü'I-QU?
,ea/šâ,WW ,fã/:em/
ze se,éW/ 27 3

IE
como relevante, no ponto, a argüição, no sentido

de que a Emenda Constitucional n2 3,

desrespeitando ou fazendo tábula rasa do

principio da anterioridade, exoepcionandoflo,

viola limitação material ao poder constituinte

derivado, a limitação inscrita no art. 60, § 49,

IV, da Constituição.

As demais questões postas, por exemplo,

a capacidade- contributiva, não 'tenho como

relevante, dado que a Constituição, no § .'I.Q do

art. 145 estabelece que:

'Sempre que possivel, os impostos terão

caráter pessoal e serão graduados

segundo a capacidade economica do

oontribuinte...'

É a propria Constituição, é o próprio


poder constituinte originário que possibilita,

que abre a possibilidade da exceção, ao dizer


"sempre que possivel". No que toca à questão da

cumulatividade, em linha de principio a proibição

é dirigida ao legislador ordinário, não ao


legislador constituinte derivado. (C.F., art.
154, I). O mesmo pode ser dito em relação à não

observância dos fatos geradores ou base de


cálculos já estabelecidos na Constituição: a
proibição é também dirigida ao legislador
ordinário, e não ao legislador constituinte

/fztoÚ ,LL fl. w


.sã/.m ema/ 92m/
2 74
èël 21211 DE

derivado. (C.F., art. 154, I). Isto em linha de

principio, é claro. Estamos num juizo de

deliberação. Por ora, ha, no ponto, pelo menos,

dúvida, dúvida que deve ser resolvida em favor da

constitucionalidade da Emenda.

Sr. Presidente, c) que entendo

relevante, no caso, é a questão da anterioridade.

Na verdade, c) principio chi anterioridade,

inscrito no art. 150, inciso III, letra Q, da

Constituição, a estabelecer que não é possivel a

cobrança do tributo no mesmo exercicio financeiro

em que haja sido publicada a lei que os instituiu

ou aumentou, é uma garantia individual, uma

garantia do contribuinte; é a própria

Constituição que deixa expresso que o fmincipio

da anterioridade é uma garantia do contribuinte:

no caput do artigo 150 da Constituição está

escrito que "Sem prejuizo de outras garantias

asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,

aos Estados, ao Distrito Federal e aos

Municipios", e seguemflse as vedações

estabelecidas como garantias do contribuinte.

Ora, a Constituição, no seu art. 60, §


42, inciso IV, estabelece que "não será objeto de

deliberação a proposta de emenda tendente a

abolir: IV - os direitos e garantias

individuais". Direitos e garantias individuais


não são apenas aqueles que estão inscritos nos

/LuoottM/c
sem. .fã/.Med .az/MM 27”
J
àQL Elflzl HE

incisos do art. 52. Não. Esses direitos e essas

garantias se espalham pela Constituição. O

proprio art. 59, no seu § 29, estabelece que os

direitos e garantias expressos nesta Constituição

não excluem outros decorrentes do regime e dos

principios por ela adotados, ou dos tratados

internacionais em que a República do Brasil seja

parte.

É sabido, hoje, que a doutrina dos

direitos fundamentais não compreende, apenas,

direitos e garantias individuais, mas, também,

direitos e garantias sociais, direitos atinentes

à nacionalidade e direitos politicos. Este quadro

todo compõe a teoria dos direitos fundamentais.

Hoje não falamos, apenas, em direitos

individuais, assim direitos de primeira geração.

Já falamos em direitos de primeira, de segunda,

de terceira e até de quarta geração.

O :mundo evoluiu, e assim, também, o

Direito.

É certo que e respeitável o argumento,


mais metajuridico do que juridico, propriamente,

no sentido de que o raciocinio abrangente ‹da

materia H- a matéria dos direitos e garantias

individuais _* sem distinguir direitos e

garantias individuais de primeira classe e

direitos e garantias de 2! classe, poderia

/LLLÚ ui MD
Óäeáeww 2%;ääme/iâääúse/g
275
èël Eãflzl QE

impedir uma maior reforma constitucional. O

argumento, entretanto, não deve impressionar. O

que acontece é que o constituinte originário quis

proteger e preservar a sua obra, a sua criatura,

que e a Constituição. As reformas constitucionais

precipitadas, ao sabor' de conveniências

politicas, não levam a nada, geram a insegurança

juridica e a insegurança juridica traz a

infelicidade para o povo. É natural, portanto,


que o constituinte originário, desejando

preservar a sua obra, crie dificuldades para a

alteração da Constituição. A Constituição

norte-americana é de 1787, tem mais de duzentos

anos e apenas vinte e seis emendas. Os Estados

Unidos, por isso mesmo, ostentam pujança

economica, politica e juridica, o seu povo- e

feliz.

Sr. Presidente, retome o fio do

raciocinio anterior: a Emenda Constitucional n52

3, ao estabelecer, no § 29 do art. 29, que ao

imposto de que trata este artigo não se aplica o

art. 150, inciso III, letra Q, incorreu em

inconstitucionalidade. É (a que Ima parece, pelo

menos ao primeiro exame. É que, assim procedendo,


a Emenda suprime, suspende e afasta garantia do

contribuinte, assim garantia individual,

intangível a mão do constituinte derivado ou de

revisão. Tenho, portanto, como relevante o

fundamento da inicial, quando sustenta que não

e. . ._ 8 /Luío tri w
'51* -mwfn

'I
Óäàäeww'Ãgâüáwe/?É%ãdäa/ƒ
277
ëQL 23211 HE

poderia a lei -H e o Tribunal já entendeu que no

vocábulo lei está compreendida a Emenda

Constitucional ng 3 -w excepcionar, suspender ou

suprimir garantia de direito individual, garantia

do contribuinte.

Com essas considerações, Sr.

Presidente, meu voto e no sentido de, deferindo a

medida cautelar , suspender , no 5 29 do art . 29 ,

da Emenda Constitucional n9 3, de 1993, a

expressão "não se aplica o art. 150, inciso III,

letra Q"."

Em síntese, Sr. Presidente, no que toca a

alegação de que a EC nE 3, no ponto em que institui o IPMF, é

inconstitucional, por não respeitar o principio da

cumulatividade, acentuo que a proibição inscrita no art. 154 da

Constituição dirige-se ao legislador ordinário e não ao

constituinte derivado.

O mesmo deve ser dito relativamente à alegação de

que a EC nE 3, de 1993, não observou fatos geradores ou bases

de cálculo já estabelecidos. É que a técnica da competência

residual da União é para o legislador ordinário (C.F., art.

154, I) e não para o constituinte derivado.

Quanto ã alegação de que o IPMF viola o principio

da capacidade contributiva, também peço venia para entender de

forma contrária: é que esse principio, inscrito no art. 145, §

19, da Constituição, não constitui garantia intangível a mão do

9 /LLLO _LÁJLâ/o
áfãf/éâsma Êzéøm/ gízeém/ 278

É

:a
legislador constituinte derivado, como acima foi dito.

Permite-me, no _ponto, afirmar que o IPMF `não

viola o princípio da capacidade contributiva (C.F., art. 145, §

19). É que quem pagará esse imposto é quem tem dinheiro, é quem

ganha mais dinheiro. Imaginemos, para exemplificar, alguém que

perceba CR$ 500.000,00 por mês, que é um bom salário. Esse

cidadão _pagara de IPMF a quantia de CR$ 1.250,00, que

corresponde a cerca de três garrafas de cerveja. O IPMF sera

pago, na verdade, pelos que movimentam grandes importâncias. E


será pago por todos os que fazem movimentações bancárias. Quem
ganha o saláriol mínimo ou pouco mais -- assim a classe
proletaria não vai pagar o IPMF. Ou, se o fizer, vai pagar
-
pouco mais de nada, a alíquota de 0,25%. O IPMF, portanto,

longe de violar o princípio da capacidade contributiva (C.F.,

art. 145, § 19), a este presta obséquio.

No que tange ao principio da anterioridade,


deixei expresso o meu pensamento de que as garantias dos
contribuintes, inscritas no art. 150 da Constituição, são

intangíveis à mão do constituinte derivado, tendo em vista o

disposto no art. 60, § 49, IV, da Constiutição.

Coerentemente (ana tal afirmativa, reconheço que

as imunidades inscritas no inciso VI do art. 150 são, também,

garantias que o constituinte derivado não pode suprimir.

De todo o exposto, concluo o meu voto pedindo

venia para acompanhar o Sr. Ministro Relator, no ponto em que

S.Exa. da pela inconstitucionalidade da EC nE 3, quando esta

.O /L *f Lcfi .Lai M

“J F ~ 'WI-QQ?
z%¿/ézaszú :CJ/ã'äímz'z/ fgšzzém/
279
êQL 21211 EE

afasta o principio da anterioridade; acompanho, também, o Sr.

Ministro Sepúlveda Pertence, quando S.Exa. entende

inconstitucional a EC n9 3, quando esta afasta as imunidades do

inciso VI do art. 150 da Constituição. Em síntese, dou pela

inconstitucionalidade da EC ng 3, de 1993, quando esta,

instituindo o IPMF, afasta o principio da anterioridade

inscrito no art. 150, III, _1; e as imunidades inscritas no

inciso VI do citado art. 150, da Constituiçãe./fiwecpJULJLUMO

11

STF ~ iTI-Gñ'l'
(19)
MELLO
DE
CELSO
-
Voto
Óäääaom ígãäáfia/FÍããiëa/fl
280

15/12/93 TRIBUNAL PLENO

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 939~7 DISTRITO

I.,
FEDERAL

IO

IO
1<

[H
0173?020
00180000
09393060
01550980

O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO - .Ao

pronunciar-me neste Tribunal sobre aspectos pertinentes ao IPMF

e relativos à questionada validade da EC ng 3/93, tive o ensejo

de acentuar, quando da apreciação dos pedidos de liminar na

ADIn 926 fa na ADIn 939, cpu: os desvios inconstitucionais do

Estado, no exercício do seu poder de tributar, geram, na

ilegitimidade: desse comportamentt› do iaparelhoI governamental,

efeitos perversos que, projetando-se nas relações

jurídico-fiscais `mantidas com cx; contribuintes, deformam :ms

principios que estruturam a ordem juridica, subvertem as

finalidades do sistema normativo e comprometem a integridade e

a supremacia da própria Constituição da República.

A prática das competências impositivas por parte

das entidades políticas investidas da prerrogativa de tributar

não pode caracterizar-se como instrumento que, arbitrariamente

manipulado pelas pessoas estatais, venha ea conduzir a


destruição ou ao Comprometimento da própria ordem

constitucional.

4A necessidade cha preservação-(ka incolumidade do

(Uta
STF -102-001
Lgãf/Áéâøm %Z;0m/ a/QÍÇQQQ/ 2 31

É
s
IE
sistema consagrado pela Constituição Federal não se revela

compativel com pretensões fiscais contestáveis do Poder

Público, que, divorciando-se dos parâmetros estabelecidos pela

Lei Magna, busca impor ao contribuinte um estado de submissão

tributária inconvivente com os principios que informam e

condicionam, no âmbito do Estado Democrático de Direito, a

ação das instâncias governamentais.

Bem por isso, tenho enfatizado a importância de

que o exercicio do poder tributário, pelo Estado, submeta-se,

por inteiro, aos modelos jurídicos positivados no texto

constitucional, que institui, em favor dos contribuintes,

decisivas limitações a competência estatal para impor e

exigir, coativamente, as diversas espécies tributárias

existentes.

O fundamento- do poder de tributar reside, em

essência, no dever juridico de estrita fidelidade dos entes


tributantes ao que imperativamente dispõe a Constituição da
República.

As relações de direito tributario, desse modo,


não podem ser invocadas pelo Poder Público como um vinculo de

permanente e odiosa sujeição do contribuinte às pretensões

arbítrárías do Estado.

Dentro desse contexto, tenho por irrecusável que

a norma inscrita no art. 22, ã 29, da Emenda Constitucional n.

3/93 - ao reduzir, ainda que temporariamente, a abrangência da

cláusula de proteção representada pelo princípio da

z MV
l

i 1;' h'
É
Í
Lga/wma aoñtfla/ gíaéáa/ 2 8 c)

anterioridade - vulnera, nas múltiplas dimensões em que ele se

projeta, o regime jurídico-constitucional dos direitos e

garantias individuais dos contribuintes.

P. norma questionada desconsidera - ante o que

prescreve, cogentemente, o art. 60, š 49, IV, da Constituição -

o fato de que a anterioridade tributária, traduzindo limitação

constitucional ao poder impositivo das pessoas politicas,

constitui direito público subjetivo oponivel ao Estado pelos

contribuintes que dela se beneficiam.

Dentro dessa perspectiva, o ato normativo em

causa efetivamente agride e afronta o regime dos direitos

fundamentais dos contribuintes, na medida em que viabiliza a

imediata exigibilidade desse novo imposto - típico e nominado -

incluído, mediante emenda à Constituição, na esfera de

competencia impositiva ordinária da União Federal.

O principio da anterioridade da lei tributária,

além de constituir limitação ao poder impositivo do Estado,

representa inn dos direitos fundamentais mais relevantes

outorgados pela Carta da República ao universo dos

contribuintes. Não desconheço que se cuida, como qualquer outro

direito, de paerrogativa de caráter meramente relativo, posto

que as normas constitucionais originárias já contemplam

hipóteses que lhe excepcionam a atuação.

Note-se, porem, que as derrogações a esse

postulado emanaram de preceitos editados por órgão exercente de

funções constituintes primárias: a Assembléia Nacional

z W
TF - 102-001?
tgã/zmwm gírfiføm/ .gúévzz/ 283

Constituinte. As exceções a esse principio foram estabelecidas,

portanto, pelo próprio poder constituinte originário, que não

sofre, em função da propria natureza dessa magna prerrogativa

estatal, as limitações materiais e tampouco as restrições

jurídicas impostas ao poder reformador..I

Não posso ignorar, de qualquer modo, que o

princípio da anterioridade das leis tributárias reflete, em

seus aspectos essenciais, lnmi das expressões fundamentais em

que se apóiam os direitos básicos proclamados em favor dos

contribuintes.

O respeito incondicional aos principios

constitucionais evidencia-se como dever inderrogável do Poder

Público. A ofensa do Estado a esses valores - que desempenham,

enquanto categorias fundamentais que são, um papel subordinante

na propria configuração dos direitos individuais ou coletivos ~

introduz um perigoso fator de desequilibiro sistêmico e rompe,

por completo, a harmonia que deve presidir as relações, sempre

tão estruturaimente desiguais, entre as pessoas e o Poder.

Não posso desconhecer - especialmente neste

momento em que se amplia o espaço do dissenso e se

intensificam, em função de uma norma tão claramente hostil a

valores constitucionais básicos, as relações de antagonismo

entre o Fisco e os indivíduos que os principios


-
constitucionais tributários, sobre representarem importante

conquista. politico-jurídica. dos contribuintes, constituem

expressão fundamental dos direitos outorgados, pelo ordenamento

positivo, aos sujeitos passivos das obrigações fiscais. Desde

4 W
gé/áøâma gøáma/ gaém/ 2 84

que existem para impor limitações ao poder de tributar, esses

postulados têm por destinatário exclusivo o poder estatal, que

se submete, quaisquer que sejam. os contribuintes, à

imperatividade de suas restrições.

A reconhecerflse como legítimo o Emocedimento da

União Federal de ampliar, a cada vez, pelo exercício concreto

do poder de reforma da* Carta Politica, as hipóteses

derrogatórias dessa fundamental garantia tributária,

chegar~se-á, em algum momento, ao ponto de nulificá-la

inteiramente, suprimindo, por completo, essa importante

conquista juridica que integra, como um dos seus elementos mais

relevantes, o próprio estatuto constitucional dos

contribuintes.

A eficácia do principio da anterioridade não pode

ser comprometida por normas de direito positivo de discutivel

validade juridico-constitucional. Esse postulado essencial de

nosso sistema juridico não pode ser visto e nem compreendido

como mera formulação retórica. Na concreção do seu alcance - e

na propria linha da jurisprudência desta Suprema Corte (RTJ


87/374) -, cumpre enfatizar, com a doutrina (LISE DE ALMEIDA,

"Princípio da Anterioridade ~ Evolução no Direito Brasileiro e

sua situação na Constituição", :Ln RDTr 55/321, 1991), que o

principio da anterioridade representa

"... a garantia individual do contribuinte,

pessoa natural ou jurídica, de que a cobrança de

novos tributos, ou a majoração de tributos ja'

existentes, deverá vir estabelecida em lei que

5 (:šêƒjkuj`-~___mii3

ÊTF - :ua-oo:
zgã/Mma fišzízfle/ Âgäzém/ 2 83

i
1
ADI 939fl7 EE

seja por si conhecida com antecedência, de tal

modo que o mesmo tenha ciência do gravame a que

se sujeitará no futuro próximo. Abre-se, assim, a

possibilidade ao contribuinte de previamente

organizar e planejar seus negócios e atividades.

O fim primordial desta limitação constitucional é

a tutela ana segurança jurídica, especificamente

configurada na justa expectativa do contribuinte

quando à certeza e a previsibilidade da sua

situação fiscal.”

Demais disso, tenho por inconstitucional a norma

inscrita no art. 29, § 22 da EC n*2 3/93, que, ao afastar as

hipóteses tradicionais de imunidade tributária, permite que a

União Federal, com a nova exaçâo fiscal, interfira, de modo

direto, na área sensível das liberdades públicas.

Essa norma constitucional, derivada do poder de

reforma do Congresso Nacional, acarreta a grave possibilidade

de se comprometer, pela ação tributante do Poder Público, o

exercicio desses direitos fundamentais, quaisquer que sejam as

múltiplas dimensões em que se projeta e se desenvolve o regime

das liberdades públicas.

Devo observar que as disposições contidas na

norma ora impugnada transgridem, em desfavor do contribuinte,

o complexo dos direitos e garantias de ordem tributária.

Isso porque a supressão, ainda que temporária, da

garantia de imunidade estabelecida pela ordem constitucional

6 W

'F . 102-002
sem, esaf sz'aés/ 286



brasileira em favor dos organismos sindicais, representativos

das categorias profissionais, dos templos de qualquer culto,

dos partidos politicos, das instituições educacionais ou

assistenciais e dos livros, dos jornais, dos periódicos e do

papel destinado à sua impressão (CF, art. 150, VI), compromete,

em última análise, o proprio exercicio da liberdade de

consciência, da liberdade de manifestação do pensamento e da


liberdade de associação, valores em. função dos quais essa

prerrogativa de índole tributária foi conferida.

Não se pode desconhecer, dentro desse contexto,

que as imunidades tributárias de natureza politica destinam-se

a conferir efetividade a determinados direitos e garantias

fundamentais reconhecidos e assegurados às pessoas e às

instituições. Constituem, por isso mesmo, expressões

significativas das garantias de ordem instrumental,

vocacionadas, na especificidade dos fins a que se dirigem, a

proteger o exercício da liberdade sindical, da liberdade de

culto, da liberdade de organização partidária, da liberdade de

expressão intelectual e da liberdade de informação.

A imunidade tributária não constitui um fim em si


mesma. Antes, representa um poderoso fator de contenção do

arbítrio do Estado na medida em que esse postulado da

Constituição, inibindo c: exercicio cha competência inmmsitiva


pelo Poder Público, prestigia, favorece e tutela o espaço em
que florescem aquelas liberdades públicas.

Cumpre não desconhecer, neste ponto, a grave

advertência lançada pelo saudoso Min. ALIOMAR BALEEIRO


fi/ztâwzú gøáme/ Égzé'ée/ 28 Y

É
a
E
("Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar", p. 191, 5!

ed., 19?7, Forense), para quem revela~se certo e inquestionável

o fato de que

ff... o imposto pode ser meio eficiente de

suprimir ou embaraçar a liberdade da manifestação

do pensamento, a crítica dos governos e homens

públicos, enfim, de direitos que não são apenas

individuais, mas indispensáveis a pureza do

regime democrático”.

Dentro dessa perspectiva, a cláusula normativa

inscrita no art. 29, § 29, da EC n52 3/93 afeta o regime dos

direitos fundamentais, na medida em que Viabiliza a ocorrência

de uma inaceitável censura tributária - para usar a feliz

expressão do em. Ministro SEPÚLVEDA PERTENCE - à liberdade de

natureza confessional, à liberdade de organização Partidária e


à propria liberdade de manifestação do pensamento.

Dessas razões emerge, a meu juizo, a

inconstitucionalidade da norma consubstanciada no art. 29, §

22, da EC ng 3/93, no ponto em que afeta garantias

constitucionais básicas, como aquelas representadas pelo

postulado da imunidade fiscal e pelo principio da anterioridade

em matéria tributária.

O ato estatal ora questionado transgride, de outro

lado, o postulado da Federação, que constitui um dos principios

nucleares da organização politica brasileira.

O legislador constituinte, ao reafirmar' a sua

8 W.
F - 102-002
áíf/émzâ azâzfla/ gazéäs/ 28 8

É
Fl
,'Fl

'11
“J
ls
histórica opção pela forma federativa de Estado, pronunciou uma

decisão política fundamental cuja essencialidade, na

caracterização da fisionomia institucional do modelo consagrado

pela Carta da República, levou-o a eleger o principio da

Federação como um dos núcleos imutáveis do nosso sistema

constitucional (CF, art. 66, § 42, I).

A Constituição do Brasil, ao institucionalizar o


modelo federal de Estado, perfilhou, a partir das múltiplas

tendencias já positivadas na experiência constitucional

comparada, o sistema do federalismo de equilibrio, cujas bases

repousanl na necessária igualdade politico-jurídica entre as

unidades que compõem o Estado Federal.

Desse vínculo isonomico, que parifica as

pessoas estatais dotadas de capacidade politica, deriva, como

uma de suas conseqüências mais expressivas, a vedação -

dirigida a cada um dos entes federados - de instituição de

impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços, uns dos

Outros .

A imunidade tributária recíproca - consagrada

pelas sucessivas Constituições republicanas brasileiras -

representa um fator indispensável a pmeservação institucional

das próprias unidades integrantes da Federação.

A concepção de Estado Federal, que prevalece em

nosso ordenamento positivo, impede - especialmente em função do

papel que a cada unidade federada incumbe desempenhar no seio

da Federação - que qualquer delas institua impostos sobre o

9 W
h
TI' - 102.002
fi/mäg gëšáøm/ goéán/ 2 89

H
232-?

I'ã


patrimonio, a renda e os serviços das demais.

No zprocesso› de indagaçãoI das razões politicas

subjacentes à tmenisão constitucional da imunidade tributária

recíproca, cabe destacar, precisamente, a preocupação do

legislador constituinte de inibir, pela repulsa à submissão

fiscal de uma entidade federada a outra, qualquer tentativa

que, concretizada, possa, em Iíltima. análise, inviabilizar c:

próprio funcionamento da Federação.

Cumpre ter presente, por isso mesmo, o pensamento

de ALIOMAR BALEEIRO ( “Limitações Constitucionais ao Poder de

Tributar" , p. 9l, Sê ed. , 19'?? , Forense) que, ao traçar as

fontes da imunidade recíproca, advertiu, verbis:

"A sobrevivência de três orbitas

governamentais autônomas, inerentes ao nosso

sistema federativo, levou a Constituição

brasileina a inscrever de nmneira expressa, em

seu texto, o princípio da imunidade recíproca

f...).~

Também JOÃO BARBALHO ("Constituição Federal


Brasileira", p. 40, 1992, Edição fee-similar do Senado Federal,

Brasilia), ao comentar o texto da primeira Constituição

republicana brasileira (arts 10), repelia a possibilidade de

institucionalizar-se, em. materia tributária, uma verdadeira

hierarquia entre em; pessoas politicas integrantes da

Federação.

10
QM .
'F - 102-0112
zgêáammu Ízšãëem/rágšnea/p E29{)

sem 939-? QE

E observava, verbis:

"Si entre os poderes dos Estados se

comprehendesse o de lançar taxas sobre a receita,

serviços e bens da União, fácil é de ver que esta

ficaria à mercê dos Estados, tolhida no exercício

de suas funcções, sem independência no

desenvolvimento constitucional d'ellas,

subordinada, annullada; fora isso incompatível

com exercicio de suas faculdades soberanas.

Nem se poderia comprehender uma 'União' com

essa fonte de discórdia e separação. Tampouco se

poderia justificar esse poder como uma


prerrogativa própria e necessária aos Estados, em

quanto unidades da federação, pois lhe fora ella


antinômica e antipoda.

E reciprocamente. E por outro lado, os

apparelhos governamentaes dos Estados, sua

dotação, seu funccionamento, tudo que concerne a

secs serviços, necessariamente tem de ficar

immune e isento do poder taxatorio da União.

Na qualidade de Estados, com autonomia, com

direito de F estabelecer seo mechanismo

governamental, suas instituições, seos serviços

publicos, essas entidades componentes da União

não poderiam n'isso estar sujeitas a pagar-lhe

cousa alguma, sob titulo algum. Importaria o

11 W
p

'F - 100-001
.ÊÊ/áwma gøáma/ gám/ 2 91

U
H

...1É
IV


contrário obriga-las a contribuição pelo próprio

facto de terem-se constituído em Estados, o que é

absurdo. .E tal sujeição ‹dar-lhes-ia certo

caracter de vassallagem, de suzerania.

-~ O mesmo se deve dizer quanto aos

municípios, em vista do art. 68 que os constituía

partes autônomas dos Estados. Essa autonomia

soffrerá, desde que forem tributários dos Estados

e da União. Tudo pois que constitue o governo

municipal, suas repartições, seus serviços, seo

funccionalismo, fica livre de impostos estadoaes

e federaes.

- Egualmente, com quanto não o diga o art.

10, é fora de duvida, pelas razões expostas, que

um Estado não pode também tributar os bens,

rendas e serviços de outros Estados.

Nos Estados Unidos Norte~Americanos vigora,

affirmada pela jurisprudência dos tribunaes, a

mesma doutrina, embora não consagrada

expressamente na Constituição.”

O princípio da inmnidade tributária recíproca -

enquanto projeção concretizadora do postulado da Federação -

revela-se matéria de tal magnitude e importância na definição

dos vínculos institucionais que se estabelecem entre as

unidades federadas, que ensejou à Suprema Corte dos Estados

Unidos da America, já em 1819, nos primórdios da edificação do

.z W
gÊ/eama atáfize/ gaz/fm/ 29 2

lê:
Estado Federal

jurisprudencial,
naquele

à condição
pais,

de
erigi-lo,

cláusula
mediante

de salvaguarda
construção

da

propria organização federativa.

Não obstante a Constituição norte-americana de

178? silenciasse sobre esse tema, a Suprema Corte, pelo voto do

Chief Justice JOHN MãRSHALL, ao estatuir, no julgamento do Caso

McCulloch v. Maryland (4 Wheat 316, 1819), que "o poder de

tributar compreende o poder de destruir” (the power to tax

involves the power to destroy), salientou que a sujeição

da União Federal à competência impositiva dos

Estados-membros "could totally defeat all the ends of

government”.

O fato relevante, Sr. Presidente, ‹e :pus essa

doutrina do "intergovernmental tax immunity", elaborada no

inicio do século passado pela Suprema Corte norte-americana ~ e

incorporada ao texto de todas as nossas Constituições

republicanas (1891, 1934, 1937, 1946, 1967, 1969 ea 1988) e

derivou da justa preocupação de viabilizar o sistema federal,

de preservarfllhe a integridade e de estabelecer relações

harmoniosas entre as entidades que o compõem.

Todas essas considerações, Sr. Presidente, foram

bem sumariadas por PAULO DE BARROS CARVALHO ("Curso de

Direito Tributário", p. 119/120, 4§ ed., 1991, Saraiva), para

quem

"A imunidade recíproca, prevista no art.

150, VI, a, da Constituição é uma decorrência

13 gabi
Lçfãf/zama gšáaa/ gšaéáa/ 2 9 .3

pronta e imediata do postulado da isonomia dos

entes constitucionais, sustentado pela estrutura

federativa do Estado brasileiro e pela autonomia

dos Municipios. Na verdade, encerraria imensa

Contradição imaginar o principio da paridade

jurídica daquelas entidades e, simultaneamente,

conceder pudessem elas exercitar suas

competências impositivas sobre o patrimônio, a

renda e os serviços, umas com relação às outras.

Entendemos, na linha do pensamento de Emancisco

Campos, Oswaldo Aranha Bandeira de Mello e

Geraldo Ataliba, que, se não houvesse disposição

expressa nesse sentido, estaríamos forçados a

admitir o princípio da imunidade recíproca, como

corolário indispensável da conjugação do esquema

federativo de Estado com a diretriz da autonomia

municipal. Continuaria a imunidade, ainda que

implícita, com o mesmo vigor que a formulação

expressa lhe outorgou."

Não se pode ignorar, neste ponto, a categories

advertência de FRANCISCO CAMPOS ("Direito Constitucional", vol.

1/7-134, 1956, Freitas Bastos), desenvolvida em erudito

parecer, no qual. o eminente jurista, apos enfatizar que :3

fundamento (na imunidade tributária recíproca que constitui


-
cláusula de garantia da sobrevivência do regime federativo -

encontra-se “na particularidade própria ou no caráter

especifico" do Estado federal, fez consignar que, no modelo

federal de Estado, é-lhe Consubstancial, verbis:

W
14

I.
'F -102-002
igëúàeua Íäãäâfia/pâããfläašp 25,4

QUI 232-? QE

"... a regra de que nenhum dos poderes ou

dos governos, de cuja associação se compõe a sua

unidade, deve interferir nas atividades legítimas

do outro, nem diretamente, nem por 'vias

indiretas, cbliquas ou furtivas, poderá criar

obices, embaraços, tropeços, ou empecilhos ao

exercícic› das' suas funçõesf constitucionais, e,

sobretudo, onerar, de qualquer maneira, diminuir

ou destruir a eficácia dos meios ou instrumentos

necessários ou adequados à ação dos seus Órgãos

na órbita constitucional da sua competência.”

Inquestionável, pois, também sob esse prisma, que

a norma inscrita no art. 29, § 29, da EC ng 3/93 agride o

postulado institucional da Federação, preservado pela cláusula

tutelar constante do art. 60, § 49, da Constituição do Brasil.

Nem se ‹alegue, finalmente, que: a legitimidade

jurídica do ato ora questionado derivaria da circunstância de

ele qualificar-se como emenda a Constituição.

É preciso não perder de perspectiva que as


emendas constitucionais podem revelarese incompatíveis, também

elas, com o texto da Constituição a que aderem. Daí, a sua

plena sindicabilidade jurisdicional, especialmente enn face do

núcleo temático protegido' pela cláusula de imutabilidade

inscrita no art. 60, § 42, da Carta Federal.

As denominadas cláusulas pétreas representam, na

realidade, categorias normativas subordinantes que, achando-se

15 W
fiøiføzzfl üšãéíms/ gfâ'yõzéén/ 29 5

ADI 939-? ng

pré-excluídas, por decisão da Assembléia Nacional Constituinte,

do poder de reforma do Congresso Nacional, evidenciam-se como

temas insuscetiveis de modificação pela via do poder

constituinte derivado.

A importancia político-jurídica da norma

constitucional que encerra as cláusulas pétreas tem sido

ressaltada pela doutrina. VITAL MOREIRA, em recente trabalho

monografico versando o tema da Constituição e da revisão

constitucional, indicou a natureza, a função e o objetivo de

normas, como aquela inscrita no art. 60, ã 49, da Carta

Politica brasileira, destacando, em magistério irrepreensivel,

que esse artigo da Constituição "... anuncia os limites

materiais da revisão constitucional, ou seja, as matérias

que não podem ser objecto- de alteração' ou. que, pelo

menos, não podem ser alteradas em determinado sentido. Ele

impede a subversão da Constituição através da revisão,


garantindo as características fundamentais do Pais (...},

os direitos fundamentais (...), os elementos princípais- do

sistema político (...) e, finalmente, os instrumentos de

garantia da própria Constituição (...)" (grifei - "Constituição

e Revisão Constitucional", p. 101/102, 199D, Editorial

Caminho, Lisboa).

Na perspectiva desse magistério doutrinário, é

preciso reconhecer, com. _VITAL MOREIRA, que a norma

constitucional que proclama as cláusulas pétreas constitui

verdadeiro sumário de toda a tradição constitucional

democrática do povo em cujo nome é promulgada a Lei Fundamental

do Estado.

16

1102-0512
r_% äâ'ff'ííá? %/áäíífi/ cg/è-ééíá/ 29 G

O teles dessa norma destina-se a preservar,

dentro de nosso ordenamento positivo, o núcleo essencial do

sistema democraticoeconstitucional vigente no Brasil. Dai, a

precisa advertência desse eminente jurista portugues: "Na

verdade, os limites de revisão constitucional partem de dois

pressupostos, que hoje são indiscutiveis na teoria

constitucional: a) uma Constituição não é uma lei qualquer, um

mero conjunto de preceitos reguladores do processo politico,

mas sim a lei fhndamental da sociedade politica e do Estado,

que não pode ser alterada nos seus aspectos essenciais sob pena

de subversão da própria colectividade politica; b) o poder de

revisão constitucional é um poder' derivado do _poder

constituinte e a ele submetido, sendo sua função não a de

renovar o poder constituinte, alterando livremente a

Constituição, mas sim a de defender e preservar a Constituição,

mantendo a sua identidade originária e introduzindo as

alterações e os ajustamentos que se revelem necessários para

reforçar a vitalidade da Constituição” (op. cit., p. 103).

O poder reformador, portanto, e um poder derivado

e subordinado às prescrições jurídicas condicionantes que,

estabelecidas com absoluta supremacia pelo texto da Lei

Fundamental do Estado, pautam, necessariamente, a ação do

Parlamento no exercicio dessa competência institucional.

Desse modo, não assiste ao Congresso Nacional

qualquer poder de rever ou de reapreciar o sistema de valores

essenciais consagrados pela Constituição, dentre os quais


avultam, por sua indiscutível relevância, o postulado da

M ~
17
%/¿m¿a gešáaza/ Léa/gaéáa/

ADI 939-? QE

29?
Federação e o princípio tutelar dos direitos e

garantias individuais, inclusive aqueles de J índole

jurídico-tributária.

Emendas à Constituição podem, assim, incidir,

também; elas, no vicioI da inconstitucionalidade, configurado

este pela inobservância de linútações jurídicas superiormente

estabelecidas no texto constitucional por deliberação do órgão

exercente das funções constituintes primárias ou

originárias (OTTO BACHOF, "Normas Constitucionais

Inconstitucionais?“, p. 52/54, l977, Atlântida Editora,

Coimbra; JORGE MIRANDA, "Manual de Direito Constitucional",

tomo II/287-294, item IL. 72, 2g eai., l988, Coimbra Editora;

MARIA HELENA DINIZ, "Norma Constitucional e seus efeitos", p.

97, 1989, Saraiva; J.J. GOMES CANOTILHO, "Direito

Constitucional", p. 756-758, 4* ed., 1987, Almedina; JOSÉ

AFONSO DA SILVA, "Curso de Direito Constitucional Positivo",

p. 58/60, 5ä ed., 1989, RT, entre outros).

Concluo o meu voto, Sr. Presidente: Tendo

presentes as considerações por mim expostas, peço vënia ao em.

Relator para, julgando parcialmente procedente esta ação

direta, declarar, na regra inscrita no art. 22, § 29, da EC ng

3/93, a inconstitucionalidade das expressões “Ao imposto de que

trata este artigo não .se aplica o artigo 150, III, "b", e

VI...".

Em conseqüência, explicito, em meu voto, que a LC

nE 7?/93 não tem aplicabilidade às pessoas e

instituições que, protegidas pela cláusula tutelar

18 (ššl/À\efl/MHH`“__”'
zçëáàfiafl Éãããána/fígšààfidfi

298

H
U

É
q
I?


inscrita no art. 150, VI, da Carta Politica, são

titulares da garantia constitucional da imunidade tributária.

É o meu vota.

/llpc.
(4)
BROSSARD
PAULO
-
Voto
zgákeeeø Éñšäâee/figzeéeuf

299

15/12/93 TRIBUNAL PLENO

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIQNALIDADE ug 939-? DISTRITO


EgnsggL

01737020


IO
I<
IO
00180000
09393070
01531070

O SENHOR MINISTRO PAULO BROSSARD: Senhor Presidentelr

a apreciação desta ação ensejou o exame de uma série de

questões da maior relevância.

É a primeira vez que se discutem. aspectos

constitucionais de uma emenda constitucional. Antes só me

recordo que a reforma de 1926 teve sua validade questionada.r

porque processada e promulgada sob estado de sitio. Como se

saber ao tempo não havia. cláusula que proibisse alteração

constitucional nesses periodos supostamente passageiros.

Pela primeira vez, a constitucionalidade de uma

emenda constitucional ou de aspectos de uma emenda

constitucional chega até ao Supremo Tribunal e é por ele

enfrentada, discutida e decidida. Bastaria isto para salientar

a importância do caso em exame. De outro lado, também tiveram

de ser enfrentadas questões que se entrelaçam com os princípios

do Direito Constitucional TributárioIr que até ontem eram

novidade, pois o Direito Constitucional Tributario é um ramo

novo tanto do Direito Tributário como do Direito

Constitucional, e embora relativamente novo veio a constituir

um dos capitulos mais importantes tanto do Direito

Constitucional como do Direito Tributário. E esses principios

aqui estiveram debate, praticamente durante toda a tarde.

Gostaria de fazer algumas observações a respeito de

B'ÍF - ¡OQ-'002
Jãêéamma Íäšäâme/pigãeéna/ 3(›0

ëQL 23211 DE

matéria tão rica, mas, em 'verdade, o que eu dissesse não

constituiria novidade, pois seria repetição do que os nossos

tratadistas tem assentado, de modo que vou absterfime de

considerações maiores.

Senhor Presidente, também entendo que o principio da

anterioridade tem relevo especial em *todo o sistema

constitucional brasileiro. Tenho-o como imanente ao sistema e,

além disso, constitui uma das garantias do complexo dos

direitos e liberdades individuais, de modo que há de ser

preservado. Dir~se-á que ele não é absoluto e que a

Constituição abre exceções. É verdade. Quando a Constituição o

faz, é preciso respeitar o que ela dispôs, mas dar ensejo ao

alargamento dessas exceções em materia tão importante e que,

direta ou indiretamente, repercute no conjunto dos direitos e

garantias e liberdades individuais, e que é perigoso.

Também estou de acordo que, no tratamento de matéria

como esta, resultante de emenda constitucional, o Tribunal há

de ser, particularmente, discreto. Se é *certo que- não se


declara a inconstitucionalidade de uma lei, senão quando for
manifesta, porque se presume a sua constitucionalidade, creio
que esta regra sobe de ponto quando se trata de emenda
constitucional e não de lei ordinária. Algumas das observações
feitas teriam pertinência se se tratasse de lei ordinaria, mas,

como se trata de emenda constitucional, é preciso considerar a


natureza da lei questionada.

De modo que pouco teria a aditar ao voto do eminente

Relator, se é que teria alguma coisa de útil a fazer.

Relativamente ao principio da imunidade recíproca,


regra estrutural da Federação, mais do que da Federação, da
Nação, porque ele cimenta a Unidade Nacional H a sua violação
301
flgãfiäfifia Íäãäáficíƒ Êäãáesá'

.iifllíífirlfl

importa em quebrar, em fender, em mutilar aquilo que faz com

que o Brasil seja a Nação brasileira. Diz respeito ã unidade

nacional. É como o principio da uniformidade tributária em todo


o território nacional; é destas regras que lançanl as suas

raizes no subsolo da nacionalidade,I é como a proibição de

distinção tributária em razão de origem ou de destino.

Penso que todas elas decorrem do fatc de o Brasil ser

uma Federação e ser uma Nação. E por isso penso que' são

preceitos que não podem ser bolidos, e que cabe ao Supremo

Tribunal, que e o Tribunal nacional por excelência, a sua

preservação.

Tendo em vista que a Constituição veda a instituição

de impostos "tout court" sobre tais e tais coisas, creio que

não faria mal a exclusão, no caso concreto, do inciso VI,

embora confessa a minha dificuldade em verificar como se

poderia cobrar esse imposto sobre a edição de livros, ou

comercio de livros, jornais e periódicos, da mesma maneira que

sobre templos de qualquer natureza. Não vejo como, porque pela

própria natureza do imposto ele não tem aplicação ao oficio

religioso.

Mas, Senhor Presidente, se não afastado, poderia dar

margem a dúvidas e a problemas quanto ã aplicação desse tributo

novo, em face a uma regra de caráter geral que esta na

Constituição. Não a vejo como cláusula pétrea, aliás, ando com

muito receio das chamadas cláusulas pétreas; elas podem acabar

fendendo a Constituição.I Quando ao tributo agora instituído,

que teria a duração de um ano, não vejo porque abrir exceção a

um imposto dito transitório, quando a Constituição veda em

caráter permanente a instituição de impostos sobre as situações

que enumera: patrif renda ou serviço, uns dos outros;

STF - 102-4102
áëfiäw ÊQÉmM/šäám/ 302

Mai-191

templos, livros, etc.

Assim, peço vënia ao Ministro-Relator para acompanhar

a linha do voto enunciado, em primeiro lugar, pelo Ministro

Ilmar Galvão, ressaltando porém, que não me parece se possa

chamar de cláusula pétrea, até porque a Constituição diz é que

é vedado "abolir" tais e tais principios, "abolir", não

alterar, não modificar, não reduzir. Dir-se-á que, de redução

em redução, pode se chegar ã extinção, é uma situação a ser

examinada caso a caso, na medida em que os fatos ocorrerem, mas

entendo temerário dar caráter absoluto a esta vedação.

Já em vezes anteriores tive ocasião de discutir o

alcance destas cláusulas. Rui Barbosa sustentou que elas tinham

mais conteúdo politico que juridico, eram cláusulas que podiam

ser convenientes, mas que, juridicamente, eram 1discutiveis,

lembrando que uma geração, ou uma legislatura, não tinha o

poder de impedir as legislaturas e as gerações seguintes de

adotar outros caminhos e outras soluções legais.

Assim, Senhor Presidente, indicando essas

perplexidades e dificuldades, prefiro ficar fiel ã regra geral

que veda a instituição de impostos sobre as hipóteses


anunciadas, na medida em que esses impostos forem possiveis,

pois tenho que o imposto ora criado tem escassissima

possibilidade de aplicação a essas situações.

Acompanho o voto do Ministro-Re lator , com o


complemento do Ministro Ilmar Galvão.

:a V
gÍ/tówza %Émz/ «Wmém/
303
(4)
SILVEIRA
DA
NÉRI
-
Voto
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE NQ 00009397/600

V O T O

O SENHOR MINISTRO NERI DA SILVEIRA : - A corte


está julgando argüição de inconstitucionalidade de IEmenda
Constitucional e não de norma infraconstitucional. O que
constitui vedação ao legislador ordinário, por vez, não ë
bastante a tornar inválido preceito oriundo de deliberação de
constituinte derivado.
Cuidando-se de imposto cuja instituição se fez
por via de emenda ã Constituição, a validade desse diploma
maior somente pode ser questionada em face do art. 60, § 40, I
e IV, da Lei Magna de 1988, onde ~previstas as denominadas
"cláusulas pëtreas", que constituem õbice a mudança na
Constituição. Fora desses limites, as objeções não podem
prevalecer, porque se lhes opõe a força de norma de hierarquia
constitucional.
A Emenda Constitucional nQ 3/1993 dispõe, em seu
art. 29 e parágrafos:

"Art. 29. A União poderã instituir, nos termos


de lei complementar, com vigência até 31 de dezembro
de 1994, imposto sobre créditos e direitos de
natureza financeira.
§ 19. A alíquota do imposto de que trata este
artigo não excederã a vinte e cinco centésimos por
cento, facultado ao Poder Executivo reduzi-la ou
01?37020 restabelecë-la, total ou parcialmente, nas Condições
00180000
09393080 e limites fixados em lei.
01351140 § 29. Ao imposto de que trata este artigo não se
aplica o artigo 150, III, "b", e VI, nem o
dispositivo do § 59 do artigo 153 da Constituição.
§ 39. O produto da arrecadação do imposto de que
trata este artigo não se encontra sujeito a qualquer
modalidade de repartição com outra entidade
federada.
§ 49. Do produto da arrecadação do imposto de
que trata este artigo serão destinados vinte' por
cento para custeio de programas de habitação
'ks

XMCA
qI-ÁW
z.%/tøww zø/-Ãfima/ gia/Mó,

304

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE NO 00009397f600

popular."

Disciplinou o IPMF a Lei Complementar nQ


?7/1993.
Alega-se que a Emenda Constitucional e ¬a Lei
Complementar nQ 72/93 infringem o princípio da anterioridade,
ao princípio da imunidade tributária recíproca e demais
imunidades das alíneas "b" a "d" do inciso VI do art. 150, da
Lei Maior, ao princípio da não~cumulatividade e da
não~bitributação e ao princípio do equilíbrio orçamentário (CF,
art. l67, IV), bem assim O direito de propriedade.
No que concerne ao princípio da anterioridade,
considerado pelo Tribunal, ao conceder a medida cautelar, para
que o IPMF não fosse exigido até 31/12/1993, penso que,
efetivamente, a disposição que determinou sua não aplicação ã
espécie tributária, conforme previsto na Emenda Constitucional
nQ 3/1993, art. 29, fere a cláusula pãtrea prevista no art. 60,
§ 49, inciso IV, da Lei Maior.
Dessa maneira, mantendo o entendimento em
alusão, torno definitiva a eficãcia da cautelar, para julgar
inconstitucional, no § 29 do art. 29 da Êmenda Constitucional
nO 3/1993, a referência ã não aplicação ã espécie do art. 150,
III, letra "b", da Constituição de 1988, que Veda cobrar
tributo "no mesmo exercicio financeiro em que haja sido
publicada a lei que o instituiu".nqt01mm no ponto, aos termos
do voto que, então, proferi.
No que respeita ã imunidade tributária
recíproca, compreendo que hã, efetivamente,lesão ao inciso I do
§ 4Q do art. 60, da Constituição. Sigo, no passo, os termos do
voto que preferi, ao deferir-se a medida cautelar.
Julgo, assim, inconstitucional no § 29 do art.
29, da Emenda Constitucional,a determinação de não se aplicar ã
presente hipotese o art. 156, VI, da Constituição, em sua
generalidade, ai incluida, como ã natural, a alínea "a", onde
se vwda ã União, Estados, Distrito Federal e Municipios
instituir impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços, uns
dos outros. O princípio da imunidade tributária recíproca,
nessa alinea previsto, diz, imediatamente, com o princípio
_ 2 bNHLi

INCA
rgáátâfiw grúfia/ «gøãém/
305
3
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE NO 00009397XSOO

federativo. O desrespeito a este postulado maior de nosso


sistema afronta a cláusula pátrea do art. 60, § 49, I, da
Constituição, não podendo prevalecer emenda ã Lei Maior que
tenda aI ferir essa regra fundamental da manutenção da
Federação.
Também quanto ãs demais imunidades tributárias,
compreendo que são garantias enquadráveis no inciso IV do § 49
do art. 60 da Constituição. Adoto, a tanto, os fundamentos do
bem lançado voto do ilustre Ministro Celso de Mello. Ofende a
norma em exame as liberdades confessional, partidária e de
manifestação do pensamento.
Quanto ã alegada ofensa ao principio da
nãoficumulatividade, não a acolhe. A instituição do imposto se
fez, por via de emenda constitucional. Não incide, aqui, o art.
154, I, da Constituição. Não vejo obstáculo, neste ponto, ã
criação do IPMF, resultante que foi de emenda constitucional e
não proveniente de lei complementar. Não cabe, no ponto,
invocar qualquer dos incisos do parágrafo 49 do art. 60, da
Constituição.
a não-aplicação do art. 153, § 59, da
Constituição, quanto ao IPMF, determinada no § 29 do art. 29 da
Emenda Constitucional n9 3/1993, não encontra obstáculo em
cláusula pêtrea.
Acerca do principio da não vinculação de
receitas de impostos a certo õrgão, fundo, ou despesa,
ressalvadas as hipõteses que prevê, entendo que não há censura
quanto ao IPMF, eis que a disposiçãorsequndo a qual do produto
da arrecadação do imposto de que trata o art. 29, da Emenda
Constitucional n9 3/1993 "serão destinados vinte por cento para
custeio de programas de habitação popular", constitui ponto
disciplinado na prõpria Emenda Constitucional n9 3/1993, art.
29, § 49. Não há, aqui, a vedar essa regra especial qualquer
cláusula pêtrea da Constituição (art. 60, § 49). Em sendo
assim, nada impediria a introdução, por via de emenda ã
Constituição, de nova exceção ao princípio insculpido no art.
IGT, IV, que reza:

"Art. 167. São vedados: 92_“`já}{

/McA
áífím figámz/ ÊÊ'QÉM/ 306

4
AÇÃO DIRETA Os INCONSTITUCIONALIDADE NO 00009397/600

Iv e vinculação de receita de impostos a órgão,


fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do
produto da arrecadação dos impostos a que se referem
os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para
manutenção e desenvolvimento do ensino, como
determinado pelo art. 212, e a prestação de
garantias ãs Operações de credito por antecipação de
receita, previstas no art. 165, § 89."

Acompanho o voto do Senhor Ministro Relator,


quanto ã recusa das demais alegações, pelos próprios
fundamentos do voto de Sua Excelência.
Do exposto, julgo procedente, em parte, a ação
direta de inconstitucionalidade para julgar inconstitucionais,no
§ 29 do art. 29 da Emenda Constitucional, as expressões: "O
artigo 150, III, "b", VI, nem".

W
1
Í.

/Mca
Milafl'*
í
IL
,II
c§ë%äa%m ígääâwâ/äágêfläaí&

307
(1)
GALLOTTI
OCTAVIO
-
Voto
15/12ƒ93 TRIBUNAL PLENO

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE E 939-? DISTRITO

FEDERAL

01737020
00180000 'VOTO
09393090
0141 1240

O SENHOR MINISTRO OCTAVIO GALLOTTI (PRESIDENTE) :

- Meu voto acompanha o do eminente Relator, exceto no referen

te ao princípio da anterioridade, que S.Exa. acolhe como sen-

do uma garantia suficiente para que, sobre ela, recaia a pro-

teção conferida às chamadas cláusulas pëtreas.

Ao fazê-lo, reporte-me aos fundamentos do voto

que proferi, quando do julgamento da medida cautelar, e que o

eminente Ministro Sepúlveda Pertence deu~me a honra de recor-

darr na sessão de hoje.

Quanto ao mais,r acompanho o voto do Relator,r is-

to ë, em tudo o que não diz respeito ao art. l50, IIIIr "b",da

Constituição Federal. W? ML

/raf/
-. L; -102-002
(2)
SANCHES
SYDNEY
-
Voto
øøáówm äfáfia /q Âgšméáa/
3OS

15/12/93 TRIBUNAL PLENO

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE QE 939-? DISTRITO


FEDERAL K

l\\P
1929 M
01737020 (RETIFICAÇÃO PARCIAL DE VOTO)
00180000
09393100
01401310

O SR. MINISTRO SYDHEY SANCHES (RELATOR) - Sr.

Presidente, antes de V. Exa. proclamar o resultado do

julgamento, quero esclarecer o seguinte: a dificuldade que

tive, para considerar inconstitucional a referência ao inciso

VI, de modo a abranger também as alíneas "b", "c" e "d" (e não

apenas a alinea "a"), foi por não ver em tais alíneas ("b", "c"

e "d") garantias de contribuinte, mas, sim, imunidades

tributárias, que não estariam em princípio protegidas pelas

cláusulas petreas do inc. IV do § 42 do art. 60 da Constituição

Federal. Vejo, porem, que a maioria não tem dificuldade em

considerar tais imunidades, como garantias.

E, desde que se encare tais imunidades como garantias

de quem não deve ser contribuinte, a cláusula pétrea há de ser

Observada, também quanto a elas.

Com esse raciocínio, ajusto meu voto aqueles que

declararam a inconstitucionalidade também da referência ao

inciso VI, para abranger, não só a alinea "a", como fizera eu,

inicialmentfh mas, igualmente En; alíneasI "b", 'RT' e 'WT'. De

maneira que, também por meu voto, agora reajustado, fica

declarada a inconstitucionalidade das expressões "o art. 150,

III, 'WT' e VI, nem", contidas rm) § 29 ck) art. 2g da Emenda

Constitucional ng 3, de 17.03.93.

Em conseqüência, resulta, igualmente,reconhecida, a

ST F -10'2-002
yfizsm getfäífim/ Êíaém/ñ 30q
t.
ADI 939-7 QE

inconstitucionalidade, sem redução de textos, dos artigos 39,

42 e 8Q da Lei Complementar ng 77, de 13.07.1993, por haverem

deixado de excluir, da incidência do I.P.M.F., as pessoas

jurídicas de Direito Público e as demais entidades ou empresas

referidas nas alíneas "a", "b", "o" e "d" do inciso VI do art.

150 da Constituioão Federal.

Enfim, meu voto termina ajustado aos dos eminentes

Ministros ILMAR GALVÃO, cARLOs vELLOsO, cELsO DE MELLO, PAULO

BROSSARD e NÉRI DA SILVEIRA, com a devida vênia do Ministro

MARCO AURÉLIO e, agora, também de V. Exa., que me honrou,

prestigiando o voto inicial.

3- 102-G02
rgêfiafiwa Íãšãâmø/gâãšãëa/F
(1)
GALLOTTI
OCTAVIO
-
Voto
310

15/12/93 TRIBUNAL PLENO

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 2 939-? DISTRITO

IZ
FEDERAL

01737020 (TIETRWTÊD EE; y g T Q


00180000
09393110
01411450

O SENHOR MINISTRO OCTAVIO GALLOTTI (PRESIDENTE):

h De minha parte, vou pedir vênia a V.Exa., eminente

Ministro-Relator, para manter a minha adesão à conclusão do


voto que V.Exa. originariamente proferira.

Assim procedo em coerência com a linha de


entendimento que atribuo ao sentido limitativo das cláusulas
pétreas perante o poder constitucional derivado e ‹que foi
relembrada pelo Sr. Ministro Sepúlveda Pertence, quando se
pronunciou sobre a garantia da anterioridade.

Considero que uma aplicação exacerbada dessa


garantia tende a contrariar aquilo que é, precisamente, a
finalidade do dispositivo, ou seja, a estabilidade da
Constituição, estimulando, ao invés, a sua ruptura integral.

ÚJ-v

/raf/

5 " 'F - 102-002


(2)
Ata
de
Extrato
«22%, flma/Êazza/
PLENÁRIO
311
EXTRATO DE ATA

ÊCAÚ DIRETâ DE INCONSTITUCIDNQLIDÊDE N. 939-?


ORIGEM DISTRITO FEDERÊL
RELÊTUR HIN- SYDNEY SANCHES
REQTE. CONFEDERÊCÊU NACIDNÊL DUB TRÊBÊLHADÚRES NU COMERCIO H
CNTC
ÊDUS. BENDN PEIXOTO DA SILUQ E UUTRD
REQDUS. PRESIDENTE De REPUBLICA E CONGRESSO NACIONAL

Decisão: Por maioria de votos, o Tribunal Julgou


procedente, em parte, a ação, para declarar a inconstitucionalidade
da xpressäo 'o art. 150, III, Q e UI, nem”, contida no B 2o. do
art. 2o, da EC n. 03/93, vencidos, em parte, os Ministros Sepúlveda
Pertence, que declarava a inconstitucionalidade, apenas, da expressão
'e UI', o Presidente (Min. Octavio Gallotti), que declarava a
inconstitucionalidade da mesma expressão ('e UI'), mas apenas quanto
a alínea a do referido inciso, e o Ministro Marco Aurélio, que
declarava a inconstitucionalidade de todo o art. ão. e seus
parágraFos da mesma Emenda Constitucional. Em conseqüência, quanto a
Lei Complementar n. 77/93, o Tribunal, por maioria, declarou a
inconstitucionalidade do art. 28, na parte em que permitiu a cobranca
do tributo no ano de 1993, vencidos, nesse ponto, os Ministros
Sepúlveda Pertence e Presidente (Min. Octavio Gallotti). ainda, por
maioria, declarou a inconstitucionalidade, sem.reducäo de textos, dos
artigos 3o., 4o. e Bo. do mesmo diploma (LC n, 77/93) por haverem
deixado de excluir, da incidência do I.P.H.F., as pessoas Jurídicas
de Direito Publico e as demais entidades ou empresas referidas nas
alíneas 'a', 'b', 'c' e 'd' do inciso UI do art. 159 da Constituição
Federal. Nesses pontos, Ficaram vencidos, em parte, o Ministro Marco
aurélio, que declarava a inconstitucionalidade de toda a LC n.l 77/93

Presidência do Senhor Ministro Octavio Gallotti. Presentes


à sessão os Senhores Ministros Neri da Silveira, Sydney Sanches, Pau
lo Brossard, Sepúlveda Pertence, Celso de Mello, Carlos Velloso, Mer
co Aurélio e Ilmar Galvão. Ausentes, justificadamente, os Senhores
Ministros Moreira Alves e Francisco Rezek.
01?37020
00180000 ProcuradorHGeral da República, Dr. Aristides Junqueira Al
09394000 varenqa.
00001550

'LiJLLÍ-:L à: gif-:gui '. _)


LUIZ-TO IMATSUI
Secretário
PLENÁRIO 311- /4

sxTeATo os ATA

hçñü DIRETÊ DE IHUUHSTITUCIUNQLIDÊDE N. 939~Y


BRIGEH = DIETRITU FEDERAL
RELRTDR ' HIH. SYDHEY SÊNCHEB
IÚ e
REQTE. E CUNFEDERÊÇAD NHCIONAL DDS TRÊBÊLHADURES NU CUHERC
= BNTE
àDUS. BENUN PEIXUTU DH SILUÊ E BUTRB
REGDUS. PRESIDENTE DÊ REPUBLICÊ E BUNGRESSB NACIDNÊL

e o Presidente (Min. Octavio Gallotti) que declarava e


inconstitucionalidade. sempre sem redução do testo, dos dispositivos
legais referidos, apenas no ponto em que deisersm de excluir as
pessoas Jurídicas de Direito Público reFeridos no art. 15%, UI, 'a',
de Constituição Federal. Finalmente, por maioria, o Tribunal tornou
definitiva a medida cautelar de suspensão da cobrança do I.P.H.F., no
exercício de 1993, vencidos, nesse Parte, os Ministros Sepúlveda
Pertence e Octavio Gallstti, que a revogavsm. Falaram: pela
requerente, o Dr. Benon Peiuoto de Silva e pelo Ministério Público
i
Federal, o Dr. firistides Junqueira filverenge, Procuradoreüeral da
_Republice. Plenário, 15.1”.93.

tes
Presidência do Senhor Ministro Octavio Gallotti. Presen
Sllvelra, äydne y Sanch es, Peg
à sessão os Senhores Ministros Neri da Vellos o, Mag
nce, Celso de Hello , Carlo s
lo Brossard, Sepúlveda Perte Senhores
ente, os
eo Rurêlio e Ilmar Galvão. Ausentes, justificadam
Ministros Moreira Alves e Franclseo Rezek.

Procurador~Geral da República, Dr. Aristides Junqueira A;


verenqa.

fisssofisfp
` 'i ` à

Secretário
-hfliifi .i

Você também pode gostar