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Salvador é forte em sua cultura, em sua herança, em sua arte, e em seus costumes, de
tal sorte que, pessoas pouco familiarizadas com o português aqui praticado devem sentir,
provavelmente, algum desconforto ao serem interpelados por meio desta pergunta: Colé de
mesmo? O som se propaga completamente desprovido de sentido; é uma articulação sonora à
qual só se pode dar como resposta uma feição interrogativa e um envergonhado pedido de
tradução.
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Trabalho desenvolvido para submissão de análise do Prof. Dr. Elmo José dos Santos do curso de Língua
Portuguesa, Poder e Diversidade Cultural, da turma 07, da Universidade Federal da Bahia.
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Discente da Universidade Federal da Bahia.
fazemos uso da mesma língua falada por inúmeros falantes espalhados no globo, e estes usam
as mesmas regras para se comunicar, os mesmo sinais.
Esse parentesco distante, por vezes tão esgaçado dos falantes de língua portuguesa se
reconhece na regra; no uso, a regra é pressuposta, porque desconhecida. Por demais óbvia,
quando garantida no uso, a regra, não está no manual. Mas onde ela está? Ou no gesto, ou na
entonação, ou no contexto... Quem sabe em todos. Fora do espaço formal, a linguagem se
desenrola em sons e gestos e torna-se comum o “colé de mesmo?” e seus semelhantes.
Esse descompasso entre uso e regra pode ser um problema quando fora da sala de aula
existem “probremas”. Se a regra se torna muito distante do uso, aprender ou ensinar a regra
pode se mostrar um grande desafio e o domínio dela um instrumento de poder e segregação.
Pode ser muito difícil para eu entender isso depois de tanto escutar que “é nóis”, que é “pra
nóis”. A depender do contexto de uso o aprendizado da regra padrão pode até assemelhar-se
ao estudo de outra língua, impondo desafios aos falantes que estudam a norma culta ou a
padrão de sua própria língua.
A dificuldade mostra-se assim no acerto entre o ritmo da regra e o ritmo do uso. Para
além da diminuição do espaço entre regra e uso, uma gramática mais dinâmica traz consigo
alguns pequenos desafios, por exemplo, como evitar a completa descaracterização do idioma,
forjando outro conjunto de línguas com regras próprias derivadas das culturas nas quais elas
estão inseridas, uma situação contraria a qual vivemos hoje no ensino de língua portuguesa no
Brasil. Próximo demais da regra, as aulas de língua portuguesa, ignoram todo e qualquer
sotaque. A simples aproximação do uso à regra parece, também, não retirar o problema
seminal de fazer da regra mais importante que o uso. Meio para se aprender a norma padrão e
a norma culta, o uso, continua marginal e indesejado, diminuído e até mesmo descriminado.
Há de se admitir que uma solução para o descompasso entre uso e regra, depende da
devida compreensão do fenômeno da linguagem. Distantes, ainda, deste fim, resta especular
ao menos um princípio que nortearia a compreensão da dimensão do uso e da dimensão da
regra no ensino de língua portuguesa: que o uso e a regra sejam compreendidos como
constitutivos, coexistentes, interdependentes da linguagem e, portanto, uma vez respeitadas as
suas devidas especificidades, que regra e uso se distanciem e se aproximem segundo a
dinâmica da linguagem.