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Por Ana Pompeu
O presidente Michel Temer (MDB) assinou, nesta segunda-feira (10/9), uma medida
provisória que cria a Lei dos Fundos Patrimoniais, para estimular doações privadas
para projetos de interesse público. Na mesma cerimônia no Palácio do Planalto,
Temer assinou, também, uma MP que cria a Agência Brasileira de Museus (Abram),
que será responsável pela reconstrução do Museu Nacional, do Rio de Janeiro, e
substituirá o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).
Esses fundos, de acordo com a MP, poderão “arrecadar, gerir e destinar doações de
pessoas físicas e jurídicas a programas, projetos e demais finalidades de interesse
público, garantindo a gestão eficiente desses recursos, alinhada às melhores práticas
internacionais”.
A Abram também terá recursos dos fundos patrimoniais. Os recursos do fundo virão
de verba da iniciativa privada para atender diversas áreas de interesse público.
Uma dessas áreas será a de museus, mais precisamente a reconstrução do Museu
Nacional do Rio de Janeiro.
Vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Museu tinha 200 anos
e 20 milhões de itens no acervo. Ele foi destruído por um incêndio no último dia 2. A
UFRJ tem autonomia para definir investimentos na instituição, conforme a
disponibilidade do orçamento repassado pelo governo federal.
A nova agência criada pelo governo federal foi definida pelo comitê instituído para
discutir a recuperação do Museu Nacional e a situação de outros museus no país.
"Por meio desta medida provisória estamos instituindo esta agência e a ela caberá
inicialmente a gestão dos 27 museus federais que hoje estão sob a guarda do Ibram,
que é uma autarquia vinculada ao Ministério da Cultura", afirmou o ministro da
Cultura, Sérgio Sá Leitão.
O governo estuda ainda aplicar a Lei Rouanet, que concede isenção fiscal a
empresas que apoiarem projetos artísticos e culturais, para estimular a captação de
um grande número de participantes.
Financiamento privado
Os maiores bancos do país e outras empresas privadas já demonstraram interesse
em participar do esforço, repassando dinheiro ao fundo. Em junho deste ano, foi
lançada a Coalizão pelos Fundos Patrimoniais Filantrópicos, liderada pelo Instituto
para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis) e composta por 27
organizações envolvidas no tema, como o Grupo de Investidores Sociais do Brasil
(GIFE), a Associação Paulista de Fundações, a Todos Pela Educação e o
Humanitas360.
“O Brasil tem potencial para trazer bons recursos para a gestão da iniciativa privada
em prol das causas de interesse público de forma a começar a trilhar um caminho
que evitaria essa tragédia, por exemplo", avalia, ao mencionar que existem algumas
outras áreas de interesse público em situações que considera calamitosas e que
também poderiam ser beneficiadas.
Segundo ela, quando a instituição apoiada é pública, há espaço para o gestor público
participar do conselho com direito a voto, o que faz sentido quando se tratar de um
endowment exclusivo para uma instituição pública “com a garantia de que a
instituição pública apoiada, se for exclusiva, deve contar com a aprovação do gestor
máximo dessa instituição”.
No Legislativo
Tramitam na Câmara projetos que tentam regulamentar o modelo. Em estágio mais
avançado está o de autoria da deputada Bruna Furlan (PSDB-SP), remetido ao
Senado em novembro, e que vai passar por uma audiência pública. Nesta Casa, o
texto está sob relatoria do senador José Agripino (DEM-RN). O projeto original trata
de fundos ligados a instituições de ensino superior e científicas. Mas entidades
interessadas têm se esforçado pela ampliação da abrangência do PL.