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Todavia, sabemos hoje que a ciência não se faz no plano dos eventos físicos e
materiais e que os objetos das diferentes ciências são construídos teoricamente pelo
próprio exercício da atividade científica, e que as diferenças entre as ciências são, antes',
de "pontos de vista" e de "estratégias". (pag. 02)
Então, a minha consciência pode ser objeto de minha própria consciência, desde
que eu a ponha como objeto do meu pensamento e como objeto de um método particular
de análise, dissociando-a de si, em um nível, para objetivá-la, e subjetivando-a, em outro,
para compreendê-la. (pag. 03)
É este código das codificações, esta estrutura fundamental, abstrata e geral, que
queremos compreender, a partir da análise das práticas e das crenças que identificam os
produtos do corpo humano como "nojentos". (pag 133)
Uma coisa nojenta é sempre uma coisa que cruza indevidamente uma linha
demarcatória, estabelecendo-se em um lugar impróprio e deslocado no sistema de
ordenação. A reação do nojo é uma reação de proteção contra a transgressão da ordem.
(pag.. 140)
O nojo representa regras culturais que dizem respeito ao corpo (no caso específico
em estudo) e que produzem seus efeitos imediatos no próprio corpo. Como tal, o nojo não
pode ser visto, como frequentemente acontece com as emoções, como puras
perturbações correspondentes a desordens fisiológicas. (pag. 150)
O homem é o único animal que se horroriza do seu sangue, do seu vômito, de suas
secreções sexuais, e que se sente cruelmente atingido por eles, porque é o único a
possuir Cultura. (pag.162)
Considerações pessoais
“Há para isto uma razão muito simples. É que se o totemismo é, de um lado, um agrupamento de
homens em clãs de acordo com os objetos naturais, é também, inversamente, um agrupamento
dos objetos naturais, segundo os agrupamentos sociais”
No caso do texto lido, o nojo funciona como ferramenta de manutenção da cultura moral de
uma sociedade, da mesma forma que os totens eram essa ferramenta nas sociedades estudadas por
Durkheim e Mauss.
Questionamentos
O texto cita Sade como transgressor da ordem moral por invertê-las de forma
extrema. Nos 120 dias de Sodoma, as inversões morais vão crescendo de acordo com o
enredo do livro, de pequenos fetiches do corpo (até concebíveis dentro da concepção
moral moderna) até atos extremos de transgressão. Pensando no Nojo como ferramenta
de manutenção social e moral, poderia colocar os 120 dias de Sodoma como uma
tentativa de quebrar valores morais ainda fortemente ativos na contemporaneidade? Ou
pode-se pensar no mesmo apenas como enaltecimento do natural?