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DOSSIÊ: CONSCIÊNCIAS DO MUNDO — MICHEL FOUCAULT E O DILACERAMENTO 129

Michel Foucault e o
dilaceramento do autor

SALMA TANNUS MUCHAIL

Resumo author covers again a text which


development treats of the subject’s subject.
Se a função-autor é não somente rece- At the same time that, under the title, the
bida, mas modificável, Foucault a “retoma text allows an unfolding of the own title, it
por sua conta” e “a modifica”. Se lembrar- also allows, under the signature, an
mos que a função-autor é uma particulari- unfolding of the author that puts himself
zação da função-sujeito, é estrategicamen- in a type of border line area in which he is
te instrutivo que o título-autor recubra um and cannot be equal to himself.
texto cujo desenvolvimento trata da ques- Key words: Foucault; author; positions;
tão do sujeito. Ao mesmo tempo que, sob o subject; speech.
título, o texto permite um desdobramento
do próprio título, também permite, sob a
assinatura, um desdobramento do autor Para este livro já velho, eu deveria
que a si próprio se coloca numa espécie de escrever um novo prefácio. Confesso
zona limítrofe em que ele é e pode não ser que isto me repugna (...) . Quereria que
igual a si mesmo. um livro, pelo menos do lado daquele
Palavras-chave: Foucault; autor; posi- que o escreveu, nada mais fosse que as
ções; sujeito; discusividade. frases de que é feito; e que não se
desdobrasse neste primeiro simulacro
dele mesmo, que é um prefácio (...).
Abstract
— Mas você acabou de fazer um
prefácio.
If the function-author it is not only — Pelo menos é curto.
received, but also can be modified, Foucault
will take it upon himself to modify it. If we
remember that the function-author is a
M. Foucault, Prefácio à nova
particularization of the function-subject, it
edição de Histoire de la Folie.
is strategically instructive that the title-

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Tão paradoxal como escrever um seu posto de autor não faz dele neces-
prefácio escrevendo sobre a relutância sariamente um privilégio; talvez ape-
em escrevê-lo é querer preservar a obs- nas o dilua, indiferenciadamente, como
curidade do anonimato falando dele, um caso, entre outros, digamos assim,
expondo-o às luzes do seu próprio dis- dentro de uma concepção teórica so-
curso. bre a categoria do autor, qualquer au-
São conhecidas as considerações tor, ele inclusive.
de Foucault sobre o apagamento do Para apresentar aqui algumas con-
autor. Mas o paradoxo parece insta- siderações sobre esse assunto, farei uso
lar-se quando ele traz para o centro de passagens extraídas de três textos:
da cena aquilo que precisamente de- “O que é um autor?” (1969) , “A or-
sejaria fora dela, a saber, a atribuição dem do discurso” (1970) e “Foucault”
de autoria aos seus próprios discur- (1984) . Com os dois primeiros, escri-
sos. É esse paradoxo que está já pre- tos na mesma época, formo um peque-
sente na célebre formulação que Fou- no conjunto e, como num jogo, não
cault tomou emprestado a Beckett: bem de palavras, mas de “textos cru-
“Que importa quem fala; alguém dis- zados”, imagino-os como que esten-
se: que importa quem fala”.1 Conside- didos na “horizontal”; o terceiro, pro-
rando que o primeiro segmento dessa duzido bem depois deles, é o texto
formulação (“que importa quem fala”) diz “vertical”, com que os pretendo cru-
respeito a qualquer autor, e que o se- zar.2
gundo (“alguém disse: que importa quem ***
fala”) concerne ao autor dessa fala, se Do primeiro texto — “O que é um
perguntarmos então quem disse “que autor?” (1969) — levanto três pontos.
importa quem fala”, a resposta será quem
é alguém, isto é, “que importa”, perfa- I. Autor e nome próprio
zendo uma dobra circular do discur-
so sobre si mesmo. Ainda que o “nome de autor” seja
Porém, mais que paradoxo, talvez um “nome próprio” e com ele mante-
haja nessa dobra um jogo de estraté- nha semelhanças, guarda, porém, uma
gia. Com efeito, o gesto que aponta para “singularidade paradoxal”.3 Só para
o desejo pessoal de impessoalidade no sugerir um exemplo, é diferente, e di-

1. Cf. FOUCAULT, M. (1994), “Qu’est-ce qu’un 2. FOUCAULT, M. (1994), “Qu’est-ce qu’un


auteur?”. In: Dits et écrits , Paris, Gallimard, vol. auteur?”. In: Dits et écrits, op. cit., vol. I, pp. 789-
I, p. 792. (“O que é um autor?”, trad. Antônio F. 821. Idem, (1971), L’ordre du discours, Paris,
Cascais e Edmundo Cordeiro, Vega, 1992, p. 34). Gallimard (A ordem do discurso, trad. Laura Fraga
Ver também: Idem, (1994), “Réponse à une de A. Sampaio, São Paulo, Ed. Loyola, 1996).
question”. In: Dits et écrits , op. cit., vol. I, p. 695 Idem (1994), “Foucault”. In: Dits et écrits, Vol. IV,
(“Resposta a uma questão”. In: Epistemologia / pp. 631-636.
28, trad. M. da Glória Ribeiro da Silva, Rio de 3. Idem, (1994), “Qu’est-ce qu’un auteur?”. In:
Janeiro, jan/mar-1972, p. 81). Dits et écrits. op. cit. vol. I, p. 797. (trad., p. 44) .

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ferentes são as conseqüências, dizer lado, a função-autor não resulta sim-


que um nome foi erroneamente atri- plesmente da espontânea “atribuição
buído a uma pessoa e dizer que o nome de um discurso a um indivíduo”, mas
Guimarães Rosa foi erroneamente atri- “de uma operação complexa” que tem
buído ao autor de Sagarana. O nome por efeito um “ser de razão”,6 portan-
de autor está atrelado não propriamen- to construído, e segundo determina-
te a um indivíduo real e exterior que das regras (por exemplo, o autor é de-
proferiu um discurso, mas a um certo finido “como um certo nível constante
tipo de discursos com estatuto especí- de valor”; “como um certo campo de
fico, isto é, aqueles cujo modo de ser, coerência conceptual ou teórica”; “como
numa determinada cultura, torna-os unidade estilística”; “como momento
providos de uma atribuição de auto- histórico definido e ponto de encontro
ria. Assim, a noção de autor de que aqui de um certo número de acontecimen-
se trata, menos que um nome próprio, tos”).7 Por outro lado, e complemen-
é uma função tarmente, não apenas efeito de uma
construção, o autor é também sinaliza-
característica do modo de existência, do e definido pelos próprios textos que,
de circulação e de funcionamento de por sua vez, podem remeter, não a um
alguns discursos no interior de uma indivíduo singular, mas a uma
sociedade.4 “pluralidade de egos” ou a “várias po-
sições-sujeitos” (por exemplo, uma é a
II. Função-autor posição-sujeito do autor que fala em um
prefácio, outra a do que argumenta no
Restringindo a função-autor ao corpo de um livro, outra, ainda, a que
âmbito de livros e textos, pode-se nela avalia a recepção da obra publicada ou a
reconhecer certas características, duas esclarece).8
das quais escolho destacar.5 Por um
III. Autor e sujeito
4. Ibid., p. 798 (trad. p. 46). A relação entre autor
e nome próprio é também tratada por Foucault
A análise da função-autor conduz,
quando discute o conceito de “obra”como unida- entre outras conseqüências, a um
de discursiva. Ver, por exemplo, o texto de 1968, reexame da noção de sujeito. Sem dú-
“Réponse au Cercle d’epistémologie” bem como o vida, considerar um texto do ponto de
item “Les unités du discours” de L’archéologie du
vista da “análise interna e arquite-
savoir, 1969.
5. As duas outras que Foucault indica estão as-
tônica” já é colocar em questão “o ca-
sim resumidas: “a função-autor está ligada ao ráter absoluto e o papel fundador do
sistema jurídico e institucional que encerra, de-
termina, articula o universo dos discursos; não se
exerce uniformente e da mesma maneira sobre
todos os discursos, em todas as épocas e em to- 6. Ibid. , pp. 800-801 (trad. p. 50).
das as formas de civilização” – Dits et écrits, op. 7. Ibid. , pp. 801-802 (trad. pp. 52-53).
cit., p. 803 (trad. p. 56). 8. Ibid. , pp. 802-803 (trad. pp. 54-57).

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sujeito”.9 Ora, reexaminar a noção de que pronunciou ou escreveu um texto,


sujeito não significa restaurar a pergun- mas o autor como princípio de agru-
ta pelo sujeito originário, mas invertê- pamento do discurso, como unidade e
la: considerando-se a função-autor origem de suas significações, como
foco de sua coerência.12
como uma particularização possível da
função-sujeito, tratar-se-á de pergun-
2. Autor, função recebida
tar não pelo sujeito constituinte, mas
pela sua constituição enquanto função
Seria absurdo negar, é claro, a existên-
do discurso.
cia do indivíduo que escreve e inven-
ta. Mas penso que — ao menos desde
*** uma certa época — o indivíduo que se
O segundo texto — A ordem do dis- põe a escrever um texto no horizonte
curso (1970) — dá à noção de autor um do qual paira uma obra possível reto-
tratamento, por assim dizer, mais “ne- ma por sua conta a função do autor [...]13
gativo”. O assunto ocupa um breve
trecho,10 inserido na sequência de des- 3. Autor, função modificável
crição dos diversos procedimentos de
rarefação ou controle dos discursos. Cir- [...] função do autor, tal como a recebe
cunscrito como um deles, a categoria de sua época ou tal como ele, por sua
do autor pertence ao grupo de proce- vez, a modifica. Pois embora possa
modificar a imagem tradicional que se
dimentos classificados como internos,
faz de um autor, será a partir de uma
cujo papel consiste em reduzir, nos dis-
nova posição de autor que recortará [...]
cursos, o que eles têm de acaso, de o perfil ainda trêmulo de sua obra.14
acontecimento, de ficção.11
Deste texto, limito-me a reprodu- ***
zir três passagens, conferindo-lhes pe- Finalmente, considero o terceiro
quenos títulos. texto, publicado quatorze a quinze anos
após os outros. Dele retraço algumas
1. Autor, função de controle linhas que permitam possíveis cruza-
mentos com os destaques dos textos
Trata-se do autor. O autor, não enten-
anteriores.
dido, é claro, como o indivíduo falante

9. Ibid. , p. 810 (trad. p. 69).


O título e a destinação
10. Idem, L’ordre du discours, op. cit., pp. 28-31
(trad. p. 26-29) . O texto intitula-se “Foucault” e
11. Os procedimentos ditos externos ou de exclu- destinou-se a compor um verbete para
são — “proibição” de certos discursos, “segrega-
ção” de outros, imposição da “vontade de verda-
de” — foram apresentados anteriormente. Dentre
os chamados internos, a descrição do “autor” é 12. Ibid. , p. 28 (trad. p. 26).
precedida pela do “comentário” e seguida pela 13. Ibid. , p. 30 (trad. pp. 28-29).
da repartição em “disciplinas”. 14. Ibid. , p. 31 (trad. p. 29).

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um Dicionário de filósofos.15 Ora, é no saberes. Essas condições dizem respei-


mínimo curioso que esteja instalado em to, basicamente, a dois procedimentos
um dicionário de “autores” um pen- que interdependem: a “subjetivação”
sador que se tenha empenhado em do sujeito, entendida como o estabele-
denunciar a função restritiva do autor. cimento das condições segundo as
Mais, que seus trabalhos sejam identi- quais, em uma determinada socieda-
ficados mediante um título que é nada de, em uma determinada época, um
menos que seu “nome próprio”. sujeito pode ser legitimado como “su-
Entretanto, a estranheza se atenua jeito do conhecimento”; a “objetivação”
quando se examina o teor do verbete. do objeto, entendida como o estabele-
cimento das condições segundo as
Reconstituição de um projeto quais, em uma determinada socieda-
e constituição do sujeito de, em uma determinada época, algu-
ma coisa pode ser qualificada como
Sob o nome-título nada se lê acerca objeto para um conhecimento possível.
do autor. Antes, o texto é, por inteiro, Lê-se, a seguir, que a investigação de
uma reconstituição dos seus trabalhos Foucault ocupa-se, não com quaisquer
reunidos a partir do ponto de vista de modalidades de “subjetivação” e de
um “projeto geral”16 que os teria presi- “objetivação” para a construção de
dido. Ora, esse projeto que, de um quaisquer saberes possíveis, mas com
modo ou de outro, teria orientado a aqueles, precisamente, em que o pró-
produção dos escritos foucaultianos é prio sujeito é colocado como objeto de
descrito, por sua vez, como precisa- conhecimento.
mente assentado na questão da consti- Apresentado como uma espécie de
tuição do sujeito. Para mostrá-lo, apre- fio condutor dos escritos de Foucault,
sento um breve resumo do trecho ini- o ponto de vista da “constituição do
cial. sujeito” permite, inclusive, dar-lhes um
Lê-se que a produção de Foucault novo desenho, dispondo-os em um
pode ser denominada “História crítica modo novo de repartição. Com efeito,
do pensamento”,17 na medida em que re- estudos sobre o percurso da produção
aliza análises (históricas) das condições foucaultiana fornecem algumas formas
de possibilidade para a construção de de agrupar seus escritos.

§ A mais conhecida reúne-os segun-


15. HUISMAN, Denis, (1984), Dictionnaire des
philosophes, Paris, PUF, pp. 942-944 (republicado do os momentos “metodológicos”,
no vol. IV de Dits et écrits); BRANDÃO, E., coincidindo com sua sucessão cro-
BENEDETTI, I. C. e GALVÃO, M. E. (2001), Di- nológica: arqueologia (História da
cionário dos filósofos. Trad. C. Bulinar, São Paulo,
loucura, O nascimento da clínica, As
Martins Fontes, pp. 388-391.
17. Ibid. , p. 631. palavras e as coisas, A arqueologia do
16. FOUCAULT, M., (1994), Dits et écrits, op. cit., saber) ; genealogia (Vigiar e punir, A
p. 633. vontade de saber — vol.1 de História da

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sexualidade); vertente ética (O uso dos § análise da constituição do sujeito


prazeres, O cuidado de si — vols. 2-3 enquanto objeto do conhecimento
de História da sexualidade). Organi- como “o outro lado de uma divi-
zação semelhante já foi também for- são normativa”18 (isto é, como o
mulada em termos de prioridade louco, o doente, o delinqüente), e
de “áreas”: epistemológica, políti- temos História da loucura, O Nasci-
ca, ética. mento da clínica, Vigiar e punir;
§ Outro modo de organizar tem por § análise da “constituição do sujeito
critério a “transitividade” ou “in- como objeto para ele mesmo”,19 e
transitividade” da dimensão dis- temos os volumes de História da se-
cursiva às práticas extradiscursivas xualidade.
(por exemplo, enquanto As palavras
e as coisas se classifica no nível Com essas observações, o que in-
discursivo estrito, História da lou- teressa é fazer notar que, malgrado o
cura e Vigiar e punir misturam-no título, não é do “autor” que o texto fala,
ao das práticas sociais). Organiza- mas da sua produção discursiva, a qual
ção semelhante tem por critério, é conduzida pela temática da “consti-
como uma espécie de pano de fun- tuição do sujeito”, a tal ponto que per-
do, a questão do “Mesmo” e do mite, inclusive, um rearranjo do con-
“Outro” (por exemplo, História da junto de escritos.
loucura é uma história do “Outro”
e As Palavras e as coisas é uma histó- A assinatura e o paradoxo
ria do “Mesmo”).
Atenuada, a estranheza porém res-
Ora, o “projeto geral” proposto jus- surge e, com ela, faz ressurgir o para-
tifica agora uma nova organização dos doxo sugerido anteriormente. É quan-
escritos de Foucault, que não se opõe do se atenta para o fato de que o texto
necessariamente às anteriores, mas as do verbete, inicialmente solicitado a
amplia ou mesmo as recobre. Trata-se François Ewald, então assistente de
de redistribuí-los —retrospectivamen- Michel Foucault, foi redigido e vem
te, é claro — em três conjuntos, de acor- assinado por um certo Maurice Flo-
do com diferentes modos de operar a rence ou, abreviando, se se quiser, M. F.
análise da constituição do sujeito en- Ora, quem desenvolveu aquela concep-
quanto objeto de conhecimento: ção teórica sobre a categoria do autor
e nela pretendeu diluir o seu próprio
§ análise da constituição do sujeito apagamento parece agora revestir-se
enquanto objeto de conhecimento de um disfarce que, ao contrário, o ex-
com pretensão a estatuto científico põe à plena luz.
(isto é, enquanto objeto das chama-
das ciências humanas), e temos, 18. Ibid., p. 633.
aqui, As palavras e as coisas; 19. Ibid., p. 633.

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Entretanto, suspeita-se aqui, mais


uma vez, de que tudo seja ainda um
prosseguimento daquele jogo estraté-
gico onde quem ainda é apenas alguém.
Suspeita-se que, se a função-autor é
não somente recebida, mas
modificável, Foucault a “retoma por
sua conta” e “a modifica”. E dessa sus-
peita há pelo menos dois indícios. Pri-
meiro, se lembrarmos que a função-
autor é uma particularização da fun-
ção-sujeito, é estrategicamente instru-
tivo que o título-autor recubra um tex-
to cujo desenvolvimento trata da
questão do sujeito. Segundo, é possí-
vel que, em contrapartida a uma abor-
dagem mais “negativa” (como em A
ordem do discurso) da função-autor, esse
texto realize, na sua materialidade, a
positiva explicitação de uma
pluralidade possível de “posições-su-
jeitos”.
Em suma e para concluir, ao mes-
mo tempo que, sob o título, o texto
permite um desdobramento do pró-
prio título, também permite, sob a as-
sinatura, um desdobramento do autor
que a si próprio se coloca numa espé-
cie de zona limítrofe em que ele é e
pode não ser igual a si mesmo.

Recebido em 17/8/2002
Aprovado em 30/10/2002

Salma Tannus Muchail, professora do departa-


mento de Filosofia da PUC-SP.
E-mail: salma@pucsp.br

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