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Administração
Interdisciplinar
U413.08
Administração
Interdisciplinar
Autor: Prof. Manuel Meireles
Colaboradores: Prof. Flávio Celso Müller Martin
Prof. Fábio Gomes da Silva
Professor conteudista: Manuel Meireles
Manuel Meireles atua como administrador e consultor de empresas nos seguintes campos: competitividade,
estratégia competitiva, instrumentos de gestão e indicadores. É graduado em Administração com ênfase em Análise
de Sistemas pela Faculdade de Administração de São Paulo – FASP (1982), mestre em Administração de Empresas pela
Universidade Paulista – UNIP (2000), doutor em Ciências na área de Gestão em Saúde pela Universidade Federal de
São Paulo/Escola Paulista de Medicina – Unifesp/EPM (2005) e doutor em Engenharia de Produção pela Universidade
de São Paulo – USP (2006). Como presidente de empresas e responsável pelo planejamento estratégico, percebeu a
importância da interdisciplinaridade para as organizações, pois o fato de manejar um aspecto do empreendimento
implica necessariamente mudanças em outras partes conexas.
p. 188, il.
CDU 658.01
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dr. Cid Santos Gesteira (UFBA)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Juliana Maria Mendes
Andréia Andrade
Sumário
Administração Interdisciplinar
Apresentação.......................................................................................................................................................7
Introdução............................................................................................................................................................7
Unidade I
1 RACIONALISMO TÉCNICO................................................................................................................................9
1.1 Estudo de caso: equipe de vendas................................................................................................. 14
1.2 Interdisciplinaridade............................................................................................................................ 15
2 CUSTOS E LOGÍSTICA...................................................................................................................................... 16
2.1 Redução de custos................................................................................................................................ 16
2.2 Custos logísticos.................................................................................................................................... 21
2.3 Interdisciplinaridade............................................................................................................................ 23
3 ACIDENTES DE TRABALHO............................................................................................................................ 24
3.1 Entendimento jurisprudencial......................................................................................................... 25
3.2 Cipa – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes............................................................ 27
3.3 EPI – Equipamento de Proteção Individual................................................................................ 30
3.4 Análise de Acidente de Trabalho..................................................................................................... 33
3.4.1 O Método Árvore de Causas (ADC)................................................................................................... 33
3.5 Estudo de caso: acidente na empresa........................................................................................... 36
3.6 Interdisciplinaridade............................................................................................................................ 40
4 CUSTOS AMBIENTAIS...................................................................................................................................... 40
4.1 Conceitos de custos e custos ambientais.................................................................................... 41
4.2 Identificação de custos ambientais............................................................................................... 43
4.2.1 Despesas e perdas ambientais............................................................................................................ 44
4.2.2 Ativos ambientais.................................................................................................................................... 44
4.2.3 Passivos ambientais................................................................................................................................ 45
4.3 Prática de gestão da responsabilidade socioambiental......................................................... 45
4.3.1 Gestão da responsabilidade socioambiental................................................................................ 49
4.3.2 Planejamento das ações....................................................................................................................... 50
4.3.3 Execução das ações................................................................................................................................. 51
4.3.4 Controle das ações.................................................................................................................................. 52
4.3.5 Ações corretivas....................................................................................................................................... 53
4.4 Estudo de caso: gestão socioambiental....................................................................................... 53
4.5 interdisciplinaridade............................................................................................................................. 56
Unidade II
5 Decisão multicritério.............................................................................................................................. 68
5.1 T‑ODA – Trade‑Off Decision Analysis........................................................................................... 68
5.2 Tomada de decisão............................................................................................................................... 69
5.2.1 Tomada de decisão.................................................................................................................................. 70
5.2.2 Etapas do Modelo Racional de Tomada de Decisão.................................................................. 70
5.2.3 Estabelecer os pesos............................................................................................................................... 74
5.3 Estudo de caso: escolha de um carro............................................................................................ 81
5.4 Interdisciplinaridade............................................................................................................................ 87
6 Lógica paraconsistente......................................................................................................................... 87
6.1 Operações da inteligência.................................................................................................................. 87
6.2 Tipos de lógica........................................................................................................................................ 89
6.3 Lógica formal.......................................................................................................................................... 90
6.4 Lógica paraconsistente....................................................................................................................... 91
6.4.1 Plano cartesiano....................................................................................................................................... 92
6.4.2 Redes lógicas............................................................................................................................................. 97
6.4.3 Sensores para crença e descrença.................................................................................................... 98
6.5 Estudo de caso: processo criativo................................................................................................... 99
6.6 Interdisciplinaridade..........................................................................................................................104
7 Mercado de capitais...............................................................................................................................105
7.1 Investimentos no mercado de capitais.......................................................................................106
7.2 Como o mercado funciona..............................................................................................................107
7.3 Escolas de investidores......................................................................................................................112
7.3.1 A escola fundamentalista...................................................................................................................112
7.3.2 A escola técnica......................................................................................................................................117
7.4 Premissas das escolas........................................................................................................................122
7.5 Técnicas para seleção de ações......................................................................................................125
7.6 Filosofia orientativa de atuação na Bolsa.................................................................................126
7.7 Quase todo especulador toma decisões irracionais..............................................................128
7.8 Estudo de caso: a filosofia do dançarino...................................................................................130
7.9 Interdisciplinaridade..........................................................................................................................131
8 INFORMAÇÃO E MERCADO DE CAPITAIS..............................................................................................132
8.1 Regras para seguir..............................................................................................................................132
8.2 Necessidade de informação............................................................................................................134
8.3 Bolsas & Bolsas....................................................................................................................................135
8.4 BDI.............................................................................................................................................................136
8.4.1 Índices de ações.................................................................................................................................... 137
8.4.2 Assembleias............................................................................................................................................. 140
8.4.3 Demonstrações financeiras............................................................................................................... 143
8.4.4 Cotações................................................................................................................................................... 144
8.4.5 Empresas concordatárias e em recuperação judicial............................................................. 146
8.4.6 Direitos e Recibos................................................................................................................................. 147
8.4.7 Segmento de BM&F............................................................................................................................ 147
8.5 Estudo de caso: é possível viver de dividendos?....................................................................148
8.6 Interdisciplinaridade..........................................................................................................................150
Apresentação
Esta disciplina tem como objetivo geral percorrer o conceito de aprendizado multidisciplinar e
chama a atenção para as diferenças dos aspectos e das teorias e processos da Administração, entre
outros assuntos. A diversidade de tópicos mostra o caráter da presente disciplina, que objetiva um
diálogo interdisciplinar, verificando áreas de intersecção, de complementação e de transferência de
conhecimento no campo da Administração.
A presente disciplina é útil para o estudante das áreas de Administração e Contabilidade na medida
em que explora conceitos do cotidiano do profissional, chamando a atenção para o fato de que
“interdisciplinaridade não se ensina nem se aprende, apenas vive‑se e exerce‑se” no dizer de Fazenda
(1996). Acreditando que a prática é fundamental, o presente curso contém inúmeros desafios que devem
ser enfrentados pelo aluno.
Introdução
A Unidade II inicia‑se tratando da decisão multicritério por meio do software T‑ODA e segue
discorrendo sobre outro tipo de tomada de decisão, desta vez por meio da Lógica Paraconsistente. Uma
aplicação desse tipo de decisão é exibida no tópico “Mercado de capitais”, que mostra como o mercado
funciona e também apresenta técnicas para seleção de ações, além de discorrer sobre a racionalidade
do investidor. Por fim, complementando esse tópico, mostra‑se como o aluno pode obter informações
completas sobre o mercado de capitais (por meio do BDI).
7
8
Administração Interdisciplinar
Unidade I
Nesta unidade convido‑o a discutir alguns tópicos e conceitos referentes à disciplina Administração
Interdisciplinar, que busca desenvolver a reflexão sobre a comunicação entre disciplinas e possibilitar aos alunos
atividades práticas nas quais possam vivenciar os conteúdos abordados. Essa disciplina trata também de provocar
a reflexão sobre a diversidade de tópicos na área da Administração e da forma como estes se inter‑relacionam.
Os tópicos que a disciplina aborda, portanto, são multifacetados, mostrando o cariz (aspecto) da
Administração como interdisciplinar. A disciplina percorre o conceito de aprendizado multidisciplinar
abordado por Tarapanoff (2010), chama a atenção para as diferenças (BIANCHETTI e FREIRE, 2010),
considera os aspectos das teorias e processos da Administração (CARAVANTES, PANNO e KLOECKNER,
2010), aborda reflexões e racionalidade (ALARCÃO, 2001), entre outros assuntos. A diversidade de tópicos
mostra o caráter da presente disciplina, que, de fato, objetiva um diálogo interdisciplinar, verificando áreas
de interseção, de complementação e de transferência de conhecimento no campo da Administração.
Cabe observar que não existe um conceito único para interdisciplinaridade. Lück (2002)1 afirma
que a interdisciplinaridade não é a superação apenas de uma visão fragmentada das disciplinas, mas
também da realidade, e atribui como causa dessa visão fragmentada o racionalismo técnico.
Observação
1 RACIONALISMO TÉCNICO
Pode‑se afirmar que a Administração de Empresas orienta‑se pela busca de eficácia e eficiência.
Processos e projetos são pensados e repensados de forma que alcancem seus objetivos (eficácia) com
o menor uso possível de recursos (eficiência), sejam estes humanos, patrimoniais, tecnológicos ou
informacionais. Ser eficaz e eficiente é ser racional, orientar‑se pela razão.
O racionalismo técnico é uma proposta econômico‑administrativa que busca prover a eficiência com
a concomitante redução de custos. Daí a visão anatômica da organização em termos formais, isto é, a
síntese dos diferentes órgãos que compõem a estrutura organizacional, suas relações formais (que podem
ser vistas no organograma) e suas funções (atividades) dentro do todo, que assegurem a máxima eficiência.
1
“Lück (2002)” é uma forma de exprimir que esse autor (Lück), em um trabalho publicado em 2002, o qual está
mencionado nas Referências, afirmou algo.
9
Unidade I
Uma visão anatômica da organização considera apenas os seus órgãos, seus departamentos. Um
órgão é um conjunto de pessoas que tem um chefe e cumpre uma dada função. Qualquer divisão da
empresa, por menor que seja, é um departamento. É o que afirma a teoria da departamentalização, que
é mais uma forma de especialização: as pessoas são agrupadas em departamentos.
Observação
A divisão do trabalho como forma de obter mais eficiência está descrita por Smith no primeiro capítulo
de A Riqueza das Nações que aborda a descrição do funcionamento de uma manufatura de alfinetes.
Divisão do
trabalho
Especialização
Princípios Organização Máxima
gerais de formal eficiência
administração
Unidade de
comando
Amplitude
de controle
Em nome de uma maior eficiência, a Administração cria funções (por exemplo: Marketing, Produção,
Vendas, RH, Logística, entre outras). Henri Fayol (1841‑1925) expôs sua Teoria de Administração no livro
Administration lndustrielle et Générale, publicado em 1916, que o elevou à condição de um dos maiores
colaboradores da Teoria Administrativa. Fayol (1975) apontava as seguintes funções na Administração:
Uma abordagem prescritiva e normativa significa uma forma de descrever a organização como
esta deveria funcionar, uma espécie de “receituário”, sem explicações sobre o seu funcionamento. A
abordagem normativa e prescritiva da Teoria Clássica2, basicamente a de Taylor e Fayol, fundamenta‑se
em princípios gerais de Administração, uma espécie de descrição de como o administrador deve proceder
em todas as situações organizacionais.
— cada trabalhador faria, de acordo com suas aptidões, a tarefa mais elevada possível;
2
A Teoria Clássica se caracterizava pela ênfase na estrutura que a organização deveria possuir para ser eficiente.
Partia da organização e da estrutura como um todo, para garantir a eficiência de todas as partes envolvidas, fossem elas
departamentos, seções ou pessoas como executores de tarefas e ocupantes de cargos. A Teoria Clássica teve o seu início na
França e 1916, tendo como fundador o francês Henri Fayol, engenheiro que se baseava em princípios e técnicas para o seu
trabalho. Nos Estados Unidos, Taylor desenvolvia a Administração Científica, com ênfase nas tarefas, no operário em si. O
objetivo principal das duas teorias era o mesmo: a busca da eficiência das organizações. (Fonte: <http://professorwellington.
adm.br/tga16.html>. Acesso em: 15 out. 2012).
11
Unidade I
• Divisão do trabalho: para Adam Smith (1983), o sistema econômico é, na sua essência, uma vasta
rede de inter‑relações de produtores especializados, fundamentada na propensão (tendência) à
troca, ao intercâmbio e à transação. O trabalho é dividido em várias etapas, buscando‑se, por meio
da simplicidade de cada tarefa, aumento de produtividade e remuneração proporcional ao volume
produzido. A divisão do trabalho leva ao aumento da produtividade, e, portanto, ao aumento do
volume da produção.
Observação
• Unidade de comando: o agente deve receber ordens de um único chefe e, para tal, deve estar
vinculado a um determinado departamento.
Observação
De acordo com Graicunas (1933), há três tipos de combinações de relações entre superiores e
subordinados (considerando n = número de subordinados):
12
Administração Interdisciplinar
a=n
b = n(n – 1)
2n
c = n.[ + n − 1]
2
Observação
• Eficiência: podemos definir eficiência como a relação existente entre o resultado obtido e os
recursos consumidos para consegui‑lo. Trata de como fazer, não do que fazer. Outro conceito é
o de eficácia: ser eficaz é atingir os objetivos propostos. A eficácia está ligada ao objetivo em si.
Quando ao mesmo tempo se é eficaz (atinge‑se a meta) e eficiente (faz‑se uma boa utilização dos
recursos), dizemos que se é efetivo.
Saiba mais
13
Unidade I
Neste estudo de caso, abordamos o conceito de amplitude de controle. Boussy (2011) afirma que é
um eterno debate o tamanho certo de uma equipe comercial dirigida por um único chefe de vendas.
Quando se justifica o tamanho, costuma‑se fazer isso com base em experiências prévias, pouco ou
maldefendidas ante os superiores.
É nesse ponto que se pode recorrer a uma teoria matemática, o Teorema de Graicunas (francês),
que demonstrou e quantificou o seguinte: conforme aumenta o número de subordinados, amplia‑se
geometricamente a complexidade das relações.
Observação
• relações simples diretas: se o chefe de vendas A tiver três vendedores (B, C e D), existirão
três relações simples diretas (chamaremos de n o número de vendedores e de r o número
de relações);
• relações grupais diretas: existirão entre o chefe de vendas A e cada uma das combinações de
subordinados, as quais serão, nesse caso, nove, a saber:
— A relaciona‑se com:
‑ B em presença de C;
‑ B em presença de D;
‑ C em presença de B;
‑ C em presença de D;
‑ D em presença de B;
14
Administração Interdisciplinar
‑ D em presença de C;
‑ B em presença de C e D;
‑ C em presença de B e D;
‑ D em presença de B e C.
• relações cruzadas: produzem‑se entre os vendedores que possuem um chefe comum; nessa
hipótese, abaixo do chefe de vendas A, podem existir seis relações desse tipo entre os vendedores
B, C e D, que seriam:
— B com C;
— B com D;
— C com B;
— C com D;
— D com B;
— D com C.
Para calcular o número de relações que se estabelecem em função do tamanho da equipe de vendas,
Graicunas (1933) estabeleceu a seguinte fórmula:
2n
c = n.[ + n − 1]
2
Assim, para uma equipe de um chefe de vendas e um vendedor, o número de relações é 1; para uma equipe
de dois vendedores, o número de relações é de 6; e para três vendedores, o número de relações corresponde a 18.
O que se conclui é que, a partir de oito, o número de relações é tão elevado (1.080) que se desaconselha,
costumando‑se recomendar seis como um número bastante adequado e sete como máximo. Com 18
vendedores a cargo de um chefe, o número de relações seria muito grande.
1.2 Interdisciplinaridade
Foram diversos os assuntos abordados neste tópico, a começar pela Escola Clássica da Administração,
incluindo Princípios Gerais da Administração, divisão do trabalho, especialização, unidade de comando,
amplitude de controle, organização formal e máxima eficiência.
15
Unidade I
O caso apresentado ocupa‑se do dimensionamento de uma equipe comercial dirigida por um chefe
de vendas. Trata‑se, objetivamente, de definir o número ideal de subordinados. Para se dar a resposta,
recorreu‑se ao Teorema de Graicunas, que quantifica a complexidade das relações. Nesse caso, temos,
pelo menos, as seguintes disciplinas envolvidas:
2 CUSTOS E LOGÍSTICA
De acordo com Porter (1986), a competição entre empresas intensificou‑se de forma drástica ao longo
das últimas décadas, em praticamente todas as partes do mundo. Poucos são os setores remanescentes
em que a competição ainda não interferiu na estabilidade e na dominação dos mercados. Por razões de
sobrevivência, as empresas tornam‑se maiores.
Saiba mais
Para conhecer mais sobre Michael Porter, leia o artigo de Andrei Lima,
intitulado Michael Porter: o estrategista da academia. Disponível em: <http://
www.administradores.com.br/informe‑se/artigos/michael‑porter‑o‑
estrategista‑da‑academia/20297/>. Acesso em: 24 set. 2012.
16
Administração Interdisciplinar
• Economia de escala: por produzirem em maior quantidade, as empresas maiores conseguem ter
um custo menor por unidade produzida.
Observação
• Economia de escopo: nesse contexto, a palavra escopo tem o sentido de conteúdo, variedade.
Segundo Pindyck e Rubinfeld (1992, p. 222), “economias de escopo estão presentes quando a
produção conjunta de uma única firma é maior do que a produção que poderia ser obtida por
duas firmas diferentes, cada uma produzindo um único produto”. A economia de escopo é também
conhecida como economia de gama. Para Kupfer e Hasenclever (2002), a economia de gama
ocorre, por exemplo, pela presença de matérias‑primas comuns na fabricação de dois ou mais
produtos, assim como de outras complementaridades na sua produção.
Suportar objetivos a longo prazo é uma vantagem destacada por Ansoff (1990),3 além da
rentabilidade a curto prazo. Os objetivos a longo prazo que uma empresa poderia buscar, quando se
torna maior, seriam:
• flexibilidade: refere‑se à capacidade de ajustar‑se às necessidades dos clientes. Por exemplo: uma
empresa não flexível em horário faz entregas apenas de segunda a sexta; uma mais flexível pode
entregar seus produtos aos sábados e domingos; uma empresa pouco flexível só vende peças em lotes
mínimos de cem unidades; uma mais flexível vende de cinco em cinco unidades, e assim por diante.
3
Igor Ansoff é um autor clássico da literatura sobre estratégia. Nunes (2011) afirma que é o principal responsável
pela formulação do conceito de gestão estratégica, com base no trabalho desenvolvido por Alfred Chandler. O seu principal
contributo para a gestão foi a criação do modelo ou Matriz Ansoff de planejamento estratégico, baseado na expansão
e diversificação empresariais através de uma sequência de decisões. Na base do modelo estão os conceitos de análise de
desvios – diferença entre o previsto e o realizado – e de sinergia – aproveitamento das competências combinadas de dois
departamentos ou empresas.
17
Unidade I
• diversificação de riscos: uma empresa diversifica riscos quando amplia seus tipos de negócio:
em linguagem coloquial, diz‑se que “não coloca todos os ovos na mesma cesta”;
• estabilidade geral;
Essas oportunidades não são encontradas em pequenas empresas, que precisam concentrar seus
recursos em objetivos mais imediatos.
Uma das formas de uma organização obter economia tanto de escala quanto de escopo e ter
flexibilidade é por meio da logística.
É comum a ideia de que logística é o mesmo que transporte, mas esses termos têm significados
diversos. Felizmente, a diferença está bem‑traçada pela Fiesp (2011):
De acordo com Kotler e Armstrong (1999, p. 285), as empresas estão valorizando cada vez mais a
logística, por várias razões, tais como: ser um elemento essencial no que se refere aos serviços prestados
aos clientes; produzir consideráveis reduções de custos para a empresa e para os consumidores; a imensa
variedade de produtos, criando a necessidade de um aprimorado gerenciamento de logística; e, por fim, o
aprimoramento da Tecnologia da Informação, criando a oportunidade de maior eficiência na distribuição.
Para Fleury (2000), a relação entre as várias áreas funcionais de logística com um contexto de
integração pode ser representada por meio de um conjunto de trade‑offs (“escolhas forçadas”) entre as
atividades que compõem todo o contexto de logística. Na Figura 2, essas relações estão representadas
por um conjunto de setas relacionando tais atividades.
Observação
Produto
Preço Promoção
Marketing
Praça
serviço ao cliente
Custo Custo
estoque transporte
Custo
tecnologia da
informação
Figura 2 – Representação da relação entre as áreas funcionais com o conceito de Logística Integrada
Lembrete
Observação
Saiba mais
A cadeia de abastecimento, que vai até o consumidor final, inclui três grandes tipos de logística,
como mostra a Figura 3.
Cadeia de abastecimento
Logística
Armazém
Almoxarifado
Armazenagem de Central
Fornecedores de matérias-
Estocagem produtos acabados Centro de
primas
em processo distribuição Varejo
Distribuidor
Recebimento Fabricação Montagem Expedição atacadista
Terceiros
Consumidor
por todo o processo, desde a expedição, a partir da retirada dos estoques, até a entrega ao cliente final
(consumidor) (FLEURY 2000).
Observação
Lembrete
Machado e Rodrigues (2006) apresentaram um trabalho que discute os custos totais com logística
sob a ótica da Teoria de Custos. Desenvolveram uma pesquisa em uma empresa de médio porte, em Goiás,
com três unidades fabris e mais seis lojas. Foi um estudo de caso, com o objetivo de verificar como a
contabilidade participa no processo de identificação e mensuração dos custos logísticos. Como resultado,
observaram que a contabilidade pouco contribuía, naquela empresa, para a identificação, a mensuração e
a comunicação dos custos logísticos, para fins de tomada de decisão. Além disso, perceberam que um dos
principais entraves era a falta de integração entre os demais departamentos e a área contábil, fazendo que
as informações fossem geradas tardiamente, prejudicando, assim, a gestão da empresa. Como provável
solução para um maior e melhor tratamento dos custos logísticos, os autores sugeriram a formatação
de um dos demonstrativos contábeis, a Demonstração de Resultados do Exercício (DRE), na qual o gestor
identificará de forma clara os custos logísticos, contribuindo para a formação da tomada de decisão.
A DRE refere‑se a um dado período (por exemplo, um ano) e apresenta basicamente as seguintes contas:
21
Unidade I
Observação
Machado e Rodrigues (2006) propuseram ainda que os custos associados à logística fossem
criteriosamente apurados, como mostra o Quadro 1. Para os autores, a demonstração de
resultados gerencial resultará em uma importante ferramenta para o gestor, na qual este verá
com clareza as áreas logísticas que demandam maior custo, podendo analisar os dados e tomar
medidas cabíveis à redução de custos, bem como providências para alcançar melhores resultados
empresariais.
22
Administração Interdisciplinar
Observação
Saiba mais
2.3 Interdisciplinaridade
23
Unidade I
3 ACIDENTES DE TRABALHO
Segundo dados da OIT, que, desde 2003, adotou 28 de abril como Dia Mundial da Segurança e
Saúde no Trabalho, ocorrem anualmente 270 milhões de acidentes de trabalho em todo o mundo.
Aproximadamente 2,2 milhões deles resultam em mortes. No Brasil, são 1,3 milhão de casos, que têm
como principais causas o descumprimento de normas básicas de proteção aos trabalhadores e más
condições nos ambientes e processos de trabalho. De acordo com estudo da OIT, o Brasil ocupa o quarto
lugar em relação ao número de mortes, com 2.503 óbitos. O país perde apenas para a China (14.924), os
Estados Unidos (5.764) e a Rússia (3.090) (CAUSA OPERÁRIA ON‑LINE, 2009).
Um exemplo de trabalho peculiar é a atividade de digitador, cuja prática constante causa a Lesão
por Esforço Repetitivo (LER).
24
Administração Interdisciplinar
Para Pantaleão (2011a), “o prejuízo material decorrente do acidente de trabalho se caracteriza pela
diminuição das possibilidades em obter os mesmos rendimentos por meio da força de trabalho de que
dispunha o empregado antes do fato ocorrido”. Anota‑se que “essa redução diz respeito à profissão ou
ofício então desenvolvidos”, não a qualquer atividade remunerada (art. 950, Código Civil de 2002).
O autor prossegue:
Assim dispõe o art. 927 do Código Civil ao determinar que haverá obrigação de reparar
o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano (empregador) implicar, por sua natureza,
risco para os direitos de outrem.
Por outro lado, há entendimento de que se deveria aplicar, nestes casos, a teoria da responsabilidade
subjetiva, ou seja, somente após comprovar que houve dolo ou culpa do empregador é que lhe
imputaria a responsabilidade pelo acidente e, consequentemente, o dever de indenizar.
[...]
Observação
Pantaleão (2011a) afirma que tal como em diversos outros assuntos trabalhistas, “a questão fica para
ser solucionada pelo entendimento jurisprudencial”, em que os juízes tomam as decisões diante dos
fatos probatórios apresentados no processo.
25
Unidade I
Observação
Continua o autor:
Portanto, acidentes podem ser causados pela falta de manutenção nos equipamentos ou até pelas
condições físicas do empregado, por exaustão decorrente de jornadas de trabalho muito longas e
distração ocasionada pela monotonia da atividade.
Esse autor destaca também que “a Constituição Federal dispõe em seu artigo 7º, inciso XXVIII, que é
direito dos trabalhadores o seguro contra acidentes do trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a
indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa” (PANTALEÃO, 2011a).
Pantaleão (2011a) explica ainda que “o dolo é a intenção de agir contra a lei ou contrariamente às
obrigações assumidas; agir de má‑fé, é enganar mesmo com pleno conhecimento do caráter ilícito do
próprio comportamento”, enquanto “a culpa é a negligência, a falta de diligência (cuidado) necessária
na observância de norma de conduta, isto é, não prever o que é previsível, porém sem intenção de agir
ilicitamente e sem conhecimento do caráter ilícito da própria ação”.
A Lei nº 8.213/91 (BRASIL, 1991) determina, no seu artigo 22, que todo acidente do trabalho ou doença
profissional deverá ser comunicado pela empresa ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), sob
26
Administração Interdisciplinar
A legislação sobre segurança, higiene e saúde do trabalhador no Brasil é relativamente nova. Após
a edição do Decreto‑Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, que criou a Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT), são fatos marcantes:
• criação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), por meio do Decreto‑Lei nº 7.036,
de 10 de novembro de 1944;
• integração do seguro de acidentes do trabalho à previdência social, por meio da Lei nº 5.316, de
14 de setembro de 1967;
• aprovação das Normas Regulamentadoras (NR) do Capítulo V, título II da CLT, por meio da Portaria
nº 3.214, de 8 de junho de 1978 (MTE, 1978);
De acordo com a NR 5, conforme texto dado pela Portaria SSST nº 8, de 23 de fevereiro de 1999
(MTE, 1999), a Cipa “tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho,
de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da
saúde do trabalhador”.
muitas pessoas acham que a Cipa é invenção brasileira, mas não é: ela
surgiu de uma recomendação da OIT (Organização Internacional do
Trabalho), em 1921 e transformou‑se em determinação legal no Brasil
no ano de 1944. E só depois de vinte e três anos surgiu um decreto‑lei
7.036, artigo 82 com caráter obrigatório nas empresas com mais de 100
funcionários (DINIZ, 2010).
27
Unidade I
Os membros da Cipa adquirem uma determinada estabilidade, já que a NR 5 (MTE, 1999) dispõe que:
A CLT é a legislação que rege as relações de trabalho, individuais ou coletivas, e foi instituída pelo
governo de Getúlio Vargas por meio do Decreto‑Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.
O artigo 469 da CLT determina que “ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua
anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que
não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio” (BRASIL, 1943). Os parágrafos aos quais a
NR 5 se refere determinam:
28
Administração Interdisciplinar
Vejamos o que diz Pantaleão (2011b) a respeito do Equipamento de Proteção Individual (EPI).
O uso deste tipo de equipamento só deverá ser feito quando não for possível tomar
medidas que permitam eliminar os riscos do ambiente em que se desenvolve a atividade, ou
seja, quando as medidas de proteção coletiva não forem viáveis, eficientes e suficientes para
a atenuação dos riscos e não oferecerem completa proteção contra os riscos de acidentes
do trabalho e/ou de doenças profissionais e do trabalho.
Como o EPC não depende da vontade do trabalhador para atender suas finalidades,
este tem maior preferência pela utilização do EPI, já que colabora no processo
minimizando os efeitos negativos de um ambiente de trabalho que apresenta diversos
riscos ao trabalhador.
Portanto, o EPI será obrigatório somente se o EPC não atenuar os riscos completamente
ou se oferecer proteção parcialmente.
a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os
riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho;
4
Enclausuramento acústico significa isolar a fonte de ruído. Nas indústrias observa‑se a aplicação de softwares
e ferramentas especial para controle dos ruídos. O Cadna‑Sak é uma ferramenta poderosa para calcular o ruído interno
de plantas industriais. O ruído é calculado em função da potência sonora emitida pelas máquinas no chão de fábrica, e
considerando a geometria do local.
30
Administração Interdisciplinar
São muitos os casos de empregados que, com desculpas de que não se acostumam ou
que o EPI os incomoda no exercício da função, deixam de utilizá‑lo e [...] passam a sofrer as
consequências de um ambiente de trabalho insalubre.
Nestes casos o empregador deve utilizar‑se de seu poder diretivo e obrigar o empregado
a utilizar o equipamento, sob pena de advertência e suspensão num primeiro momento e,
havendo reincidências, sofrer punições mais severas como a demissão por justa causa.
5
São inúmeros os danos que as pessoas sofrem quando submetidas a fontes de ruídos muito fortes. Os principais
efeitos negativos são: distúrbios do sono; estresse; perda da capacidade auditiva, surdez; dores de cabeça; alergias;
distúrbios digestivos; falta de concentração e aumento do batimento cardíaco (MMA/IBAMA, 2010).
32
Administração Interdisciplinar
Observação
Binder e Almeida (1997, p. 750) afirmam que “os acidentes do trabalho ainda constituem importante
problema de saúde pública em nosso país”.
Binder e Almeida (1997) com base em Cuny e Krawsky (1970) e Monteau (1980, 1983), afirmam:
6
Layout é um desenho que mostra a localização física de máquinas, equipamentos e instalações.
33
Unidade I
Saiba mais
Leia, a seguir, o que diz Massoco (2008) a respeito do Método Árvore de Causas.
O Método Árvore de Causas foi criado no início dos anos 1970, pelo Institut National
de Recherche et de Sécurité (INRS) na França. Ele surgiu através de pesquisas patrocinadas
pela Comunidade Europeia do Carvão e Aço (Ceca) onde começaram os estudos buscando
conhecimentos sobre fatores causais envolvidos na gênese dos acidentes de trabalho.
Seus primeiros fundamentos foram apresentados no texto de Cuny e Krawsky de 1970
intitulado Pratique de l’analyse d’accidents du travail dans la perspective sócio‑technique
de l’ergonomie dês systémes (Prática de análise de acidentes de trabalho na perspectiva
sociotécnica da ergonomia de sistemas). Em 1983 a publicação dos fundamentos do
método foi difundida internacionalmente pela Encyclopaedia of Occupational Health and
Safety e, em meados dos anos 1980, torna‑se de domínio público (BINDER, ALMEIDA e
MONTEAU, 2000).
[...]
34
Administração Interdisciplinar
No ano de 1994, texto publicado pelo Diário Oficial da União em 2 de janeiro torna
obrigatório o uso do Método Árvore de Causas para investigação de acidente do trabalho
pelos membros das Cipas (BRASIL, 1994). A nova redação propõe a mudança dos termos ato
inseguro e condição insegura e a substituição da busca por culpados por identificação de
fatores causais de acidentes.
[...]
[...]
Os fatos habituais (o) são aqueles característicos da atividade efetuada pelo acidentando,
configurando como rotineiros. Os fatos Variações (¡) são os que de alguma forma interferiram
na rotina da atividade causando mudanças imprevistas que alteram o compasso de trabalho.
[...]
Construção da árvore
35
Unidade I
No entanto, não devem existir configurações onde variações originem fatos habituais e
formas habituais promovam variações. Para melhor exemplificar, observe a Figura 5.
Saiba mais
Sr. F., 40 anos, ajudante de limpeza da empresa há um ano e meio. Sua tarefa,
realizada com o auxílio de um colega, consiste na retirada de tambores com resíduos e
sucata em diversos setores da fábrica, habitualmente executada utilizando‑se carreta
tracionada por veículo motorizado (jipinho). Quando da ocorrência do acidente, o
veículo estava em pane, aguardando conserto, há um mês. Por esta razão, vinha sendo
utilizada uma carreta reserva com as seguintes características: 2,40 m de comprimento;
1,20 m de largura; 0,91 m de altura; quatro rodas com 0,20 m de diâmetro; peso de
cerca de 100 kg (vazia) e tração manual. Deixada no pátio, sujeita a intempéries, tal
carreta apresentava mau estado de conservação, com diversas equipes fazendo uso
dela, sem designação de responsável e com manutenção genericamente atribuída aos
ajudantes de limpeza.
36
Administração Interdisciplinar
Utilizando diariamente a carreta reserva há um mês, o Sr. F. e seu colega (Sr. Y), na
manhã do acidente, iniciaram sua reparação pela troca das laterais. Prevendo que, pela
ação da chuva, a carreta poderia deteriorar rapidamente, Sr. F. havia decidido fixar tiras de
plástico rígido na face superior das laterais, material esse previamente obtido por ele em
tambores de lixo e cortado nas dimensões das partes a proteger. Não há prescrição sobre
como executar esse tipo de conserto e tampouco provisão de materiais necessários. Não
possuindo caixa de ferramentas, o Sr. F. apanha um martelo que encontra no lixo na manhã
do dia do acidente.
Durante a jornada, iniciada às 7h, o Sr. F. e seu colega retiram o lixo até por volta de 16h,
quando essa tarefa, realizada em duplas, é interrompida em virtude da ausência não suprida
do Sr. Y., que vai ao dentista.
Alegando não gostar de parecer desocupado, Sr. F. retoma sozinho a reparação da carreta
pela colocação das tiras de plástico na face superior das laterais. A primeira delas tem
dimensões de 240 cm (comprimento) por 3,5 cm (largura) e 0,3 cm (espessura). Para fixá‑la,
usa pregos tamanho 28 x 24, reaproveitados de embalagens (reaproveitamento praticado
com frequência na empresa).
Após colocar a tira de plástico sobre a face superior de uma das bordas laterais,
o Sr. F. posiciona o primeiro prego em uma das extremidades, segurando‑o com o
polegar e indicador esquerdos e firmando o plástico com os demais dedos e palma
da mão. Ao desferir o golpe com o martelo para completar a operação, Sr. F. está
com o corpo fletido [dobrado] e com o rosto próximo ao ponto de fixação. Colocado
esse primeiro prego, dirige‑se à outra extremidade para repetir a operação, com
a dificuldade adicional de ter de manter tracionada a tira de plástico com a mão
esquerda. Ao ser martelado com força, esse segundo prego entorta, não penetra no
plástico e é lançado em direção ao rosto do Sr. F, chocando‑se com a lente esquerda
de seus óculos de segurança. A armação e a lente quebram‑se e o olho esquerdo do Sr.
F., atingido por seus fragmentos e pelo prego, sofre perfuração. A lente remanescente
(direita) é submetida a testes que revelam estar fora das especificações em relação à
resistência a impactos.
37
Unidade I
38
Administração Interdisciplinar
M
O martelo está em
mau estado
M T
O prego já foi usado O prego
(reutilização) não perfura
o plástico
M
O prego é
grosso
MT M
O colega do Sr. O plástico
F. está ausente é resistente T T
O Sr. F. martela O prego é
M T T ? o prego com projetado em
força direção ao
Os recipientes A remoção O Sr. F. está rosto do Sr. F.
de lixo são do lixo é momentaneamente
pesados interrompida desocupado
M T
O carrinho O Sr. F. retoma
reserva é pesado sozinho a T
e manual reparação do
carrinho, iniciada O prego
? T pela manhã T atinge a lente
M I esquerda dos
Com a mão
O Sr. F. usa O Sr. F. não óculos de
O “Jipinho” o carrinho esquerda o
está em pane gosta de parecer Sr. F. segura o segurança do
reserva há ocioso Sr. F.
há um mês um mês plástico e o prego, T T I
simultaneamente
?
MT T T A lente O prego e O Sr. F. sofre
O Sr. F. O Sr. F. fixa esquerda dos fragmento perfuração
O pessoal da óculos de da lente ocular
limpeza é conserta uma tira de T
o carrinho plástico no segurança se atingem o
encarregado da quebra com olho esquerdo
manutenção reserva bordo superior O rosto do
MT do carrinho Sr. F. está o impacto do do Sr. F.
do carrinho M próximo do MA prego
Não há reserva
responsável pelo O bordo superior ponto de As lentes dos
carrinho reserva M do carrinho fixação do óculos de
está a 0,91m de prego segurança do Sr.
O carrinho altura F. estão fora das
MT reserva está em especificações
O carrinho mau estado quanto à
reserva é usado resistência a
por várias impactos
equipes
MT
O carrinho
reserva é deixado
ao ar livre
39
Unidade I
3.6 Interdisciplinaridade
• Ética e Direito: com questões que incluem o dever de o empregador indenizar, Direito
Constitucional, responsabilidade subjetiva e responsabilidade objetiva.
• Lógica: referente à metodologia para análise de acidente de trabalho, o Método Árvore de Causas
(ADC), que determina os fatores de acidente e estabelece o nexo de causalidade.
4 CUSTOS AMBIENTAIS
Segundo Moura (2000), a gestão dos custos ambientais somente pode ser realizada com sucesso caso
se consiga que três áreas da empresa tenham uma boa compreensão comum das variáveis envolvidas no
processo, motivação para realizar um bom trabalho no assunto e apoio da Direção. Essas áreas englobam:
• o pessoal de gestão ambiental (são especialistas no assunto e servem de interface com todas as
outras áreas da empresa no tocante ao meio ambiente);
• a área contábil (que processa os dados dos custos ambientais, fornecendo elementos para análise e decisão).
40
Administração Interdisciplinar
Para Moura (2000) a qualidade ambiental, integrada ao sistema global da organização, pode e
deve ser mensurada em termos de custos, embora existam no início do processo dificuldades em se
quantificar, significando realmente que a qualidade ambiental é difícil de ser enquadrada nos sistemas
contábeis normais da empresa.
No que tange aos custos ambientais, é necessário ter bem presentes os conceitos de: despesas
ambientais, perdas ambientais, custos ambientais, além de ativos e passivos ambientais.
Há muita confusão entre custos, despesas e perdas, e é recomendável saber distinguir esses três
termos no âmbito da Administração.
Custos, despesas e perdas são dispêndios ou gastos, isto é, representam saídas no fluxo de caixa. Se
o dispêndio for feito no setor da Produção, será reconhecido como custo; se for realizado fora desse
setor, em qualquer outro que não pertença ao setor de transformação, será reconhecido como despesa.
Despesas
Negócio
Alta
administração Apoio
Necessidades
Custos
Produto/
Serviço Clientes
Processo da
produção
Pesquisa e
desenvolvimento Marketing
Despesas
Figura 7 – Áreas dentro de uma empresa onde ocorrem tipicamente custos e despesas
Observação
41
Unidade I
Entretanto, tanto em custos como em despesas, a empresa tem o dispêndio, mas recebe algo em
troca (um produto ou serviço). A perda é um dispêndio, isto é, representa uma saída involuntária no
fluxo de caixa, não recebendo a empresa nada em troca. A Figura 8 mostra tais conceitos.
Direitos
(apropriados diretamente a cada P/S
produzido)
Variam com a quantidade produzida
Custos
(na esfera da produção) Indiretos
(apropriados por rateio a cada P/S produzido)
Despesas Não variam com a quantidade produzida
Dispêndios
ou gastos Fora da esfera da produção
(geralmente são fixas: variam muito pouco com a quantidade produzida)
Perdas
(involuntárias, sem contrapartida)
Para Sá (1995), os custos podem ser definidos como tudo o que se investe para conseguir um produto, um
serviço ou uma utilidade (no processo de transformação). Já Leone (1997) afirma que custos dizem respeito
ao valor dos fatores de produção consumidos por uma firma para produzir ou distribuir produtos ou serviços,
ou ambos. Observar que, neste caso a distribuição se insere no setor de transformação ou de produção.
Observação
Para Martins (2000), custos são gastos relativos a bens ou serviços utilizados na produção de outros
bens e serviços, ou seja, o valor dos insumos usados na fabricação dos produtos da empresa.
É importante observar que os custos ambientais descritos por Carvalho, Matos e Moraes (2000)
estão todos associados ao processo de transformação.
Conceitos importantes:
despesas que contribuam para o resultado de mais de um exercício social (como despesas
pré‑operacionais e com pesquisa e desenvolvimento de novos produtos);
direitos cuja existência ou exercício tenha duração limitada ou bens cuja utilização tenha prazo legal
ou contratual limitado, e desde que em nenhuma hipótese caiba indenização.
Os custos ambientais podem ser classificados sob diversas perspectivas. A seguir, duas possíveis
classificações.
• custos ecológicos: destinados a evitar e prevenir os efeitos nocivos ao meio ambiente, quer os
relacionados com pesquisa e desenvolvimento ou com o ciclo produtivo, de distribuição e de
aprovisionamento, quer os dos sistemas de controle e informação; normalmente são fáceis de
determinar e a sua contabilização não gera grandes problemas;
• custos ambientais: custos externos que incluem não só as indenizações pagas ou a pagar a
terceiros e determinadas por cálculo exato ou estimativa, mas também os relacionados com a
reposição do ambiente, afetado pela atividade da empresa, e com outros prejuízos causados
à sociedade; esses custos serão depois trabalhados e imputados de forma que preparem os
elementos necessários às informações para a gestão.
Já foi abordada a diferença entre despesas, custos e perdas. Agora esses conceitos são retomados
com foco nas questões ambientais.
Observação
Despesas e custos ambientais, de acordo com Ribeiro (1998), são aqueles empregados em atividades inerentes
à proteção ambiental, por exemplo, os insumos envolvidos no processo de definição da política ambiental da
empresa, na movimentação e estocagem de material utilizado no processamento dos efluentes e dos resíduos
sólidos, seja para reaproveitamento, reciclagem ou venda, e ainda os gastos com auditorias ambientais.
Perdas ambientais, de acordo com Carvalho, Matos e Moraes (2000), são os recursos empregados
sem beneficio algum. Podem ser as multas punitivas, em virtude de inadequação à legislação vigente,
ou perdas decorrentes do dever de recuperação de áreas degradadas.
Para De Luca e Martins (1994), os ativos ambientais são fatores de produção a serem consumidos
visando à preservação ambiental, ou seja, bens de longa vida útil empregados para preservação ambiental,
44
Administração Interdisciplinar
Representam o ato de sacrificar benefícios econômicos para preservar, recuperar e proteger o meio
ambiente, de forma que permita a compatibilidade entre o desenvolvimento econômico e o meio
ecológico ou em decorrência de conduta inadequada em relação às questões ambientais (RIBEIRO e
LISBOA, 2000).
Para a identificação dos passivos ambientais das empresas, entre as formas possíveis, segundo Ribeiro
e Lisboa (1999), estaria o uso das informações contidas tanto no Estudo de Impacto Ambiental (EIA)
quanto no Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (Rima):
• Rima: deve refletir as conclusões do EIA, contendo, entre outros aspectos, os objetivos e as
justificativas do projeto; as alternativas tecnológicas e locacionais; uma síntese dos resultados
dos estudos de diagnósticos ambientais; a descrição dos prováveis impactos ambientais de
implantação e operação da atividade; a caracterização da qualidade ambiental futura; a descrição
do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos; o programa de
acompanhamento e monitoramento dos impactos; e, por fim, recomendações quanto à alternativa
mais favorável.
Custos e despesas relacionados à gestão do ambiente, pela sua importância, exigem que a empresa
tenha o que se pode identificar como gestão da responsabilidade socioambiental.
Observação
Menezes (2002), ao afirmar que as ações de responsabilidade social são uma maneira de
agregar valor à imagem institucional, levando as empresas a adotar referenciais de mudança
de seus valores e repensar seus modelos gerenciais, competências e habilidades, direcionando
suas práticas para novos formatos de relacionamentos com seus públicos interno e externo.
A concepção [...] adotada associa‑se, portanto, à ética empresarial (business ethics) que
é, no dizer de Schommer e Rocha (2007), “um ramo da ética aplicada: trata da ação das
empresas como uma questão normativa, baseada em valores e julgamentos morais. As
empresas, como os indivíduos, estariam sujeitas a regras morais que devem pautar suas
ações, independentemente dos resultados em termos de negócios”. A concepção de
responsabilidade socioambiental que norteia a construção do questionário fundamenta‑se
na chamada visão liberal que considera que a responsabilidade primordial das empresas é
gerar maiores lucros para seus acionistas, por meio de suas funções produtivas, de maneira
eficiente e competitiva, utilizando o potencial das tecnologias. Dessa maneira, as empresas
produzem benefícios à sociedade na medida em que geram empregos, pagam impostos e
ofertam bens e serviços que a sociedade demanda (LOGAN, ROY e REGELBRUGGE, 1997;
KREITLON, 2004). Outro argumento desta visão é que lidar com problemas sociais não é
uma competência típica do setor empresarial: tais problemas devem, pois, ser resolvidos por
atores cuja finalidade está voltada para questões públicas – Estado e sociedade civil.
A práxis gerencial é aqui considerada sob a ótica do método PDCA – planejar, executar,
controlar e atuar corretivamente, como se pode ver em Meireles (2004, p. 613). Desta forma,
[...] são inicialmente consideradas as atividades referentes ao planejamento (P de Plan)
concernentes ao processo de planejar processos, produtos e serviços com mínimo nível
tecnicamente possível de danos ou agressões à sociedade e ao meio ambiente; executar (D
de Do), isto é, operar e fazer permanentes esforços para evitar e reduzir danos ou agressões
à sociedade e ao meio ambiente decorrentes dos produtos, serviços e funcionamento
da mesma, atividades que são executadas complementarmente com o C de Check, bem
como corrigir em caso de eclosão e compensar (A de Action) os danos e as agressões à
Comunidade e à Natureza.
Considera‑se, desta forma, que as ações de planejar e operar, evitar e reduzir, corrigir e
compensar com o intuito de minimizar danos ou agressões à sociedade e ao meio ambiente
decorrentes dos produtos, serviços e funcionamento da empresa constituem o que se pode
denominar práxis de gestão de responsabilidade socioambiental. Esta concepção
de práxis de gestão socioambiental exige essencialmente da empresa uma postura de
responsabilidade pelos danos que cause ou potencialmente possa causar à Comunidade e
à Natureza em decorrência de seus produtos, dos seus serviços ou instalações. A Figura 9
sintetiza este conceito.
46
Administração Interdisciplinar
Práxis de gestão da
responsabilidade socioambiental
Planejar e Evitar e
operar reduzir Corrigir Compensar
Neste sentido, não é papel da empresa desenvolver uma série de ações assumindo o
papel das instituições governamentais tais como:
[...]
47
Unidade I
Porter e Kramer (2006) afirmam que muitas companhias só acordaram para a importância
do tema sob pressão e isso lhes trouxe (como no célebre caso da Nike, acusada de fazer uso de
trabalho infantil ou das empresas petrolíferas diante de seus sucessivos acidentes) imensos
prejuízos. Com frequência, a resposta a estas pressões foi episódica, cosmética e, sobretudo,
sem horizonte estratégico. O grande desafio para a empresa é medir as consequências de
suas ações não só em seu entorno imediato, mas numa perspectiva de longo prazo, em que
sejam criadas capacidades para antecipar resultados.
Estes dois últimos conceitos se confrontam com os de autores que destacam uma
linha assistencialista para as empresas adotando uma noção de responsabilidade social
corporativa que, de acordo com Reich (2007) é uma espécie de cortina de fumaça que
obscurece o papel imprescindível do Estado na organização social.
48
Administração Interdisciplinar
Uniethos (2011) aponta diversos padrões que podem ser adotados pelas empresas
quanto ao tema:
• Padrões ISO: certificações que facilitam as negociações entre os países nas bases
técnica para Saúde, Segurança e Legislação Ambiental, auxiliando na transferência
de tecnologia.
Para uma empresa gerir as suas responsabilidades socioambientais, ela necessita praticar um
conjunto de atos. Um dos modelos de administrar é o PDCA: gerir implica planejar (Plan), fazer ou
mandar fazer (Do) o que foi planejado, controlar (Check) a execução do plano, isto é, comparar os
resultados obtidos com o que foi planejado e atuar corretivamente (Action), se for o caso, ou seja,
buscar solução para os problemas caso os resultados sejam inferiores ao que foi planejado. Isso é
gerir, administrar.
49
Unidade I
Sanches, Marietto e Paixão (2011), tendo por fundo esse modelo de gerir, elaboraram um questionário
para verificar se uma empresa realmente faz a gestão dos custos ambientais. O questionário proposto
por esses autores divide‑se em quatro partes e estabelece um conjunto de práticas que uma empresa,
de qualquer porte, deve realizar para gerir corretamente seus custos sociais.
Esse questionário é do tipo escala Likert, com cinco colunas. Estas possuem letras cujo significado é
o seguinte:
Uma empresa que busca ter responsabilidade socioambiental, evitando custos ambientais no que
concerne às atividades de planejamento, deve fazer que o projeto das instalações e dos produtos ou
serviços cause o menor nível de danos à comunidade ou à natureza.
Idealmente a empresa, para gerar produtos ou serviços e ter instalações que não agridam a sociedade
ou a natureza, deve responder CT a todas as proposições. Dessa forma, quanto ao planejamento das
atividades, uma empresa que tem uma prática de gestão da responsabilidade socioambiental deve,
concordar atender a todos os itens apresentados no Quadro 3.
P – Plan (planejamento) DT D I C CT
1. A empresa estimula e recompensa empregados que apresentam sugestões para a melhoria dos
processos internos
2. Ao projetar um produto a empresa busca reduzir o impacto poluidor durante seu uso
3. Ao projetar‑se um produto se busca utilizar materiais que possam ser reciclados ou
reutilizados por meio de um mercado secundário
4. Ao projetar‑se um produto se leva em conta o não uso de CFC
5. Ao projetar processos a empresa busca promover a substituição de insumos e materiais por
produtos que provoquem menos danos ao meio ambiente
6. A empresa investe na atualização ou mudança do seu padrão tecnológico com o objetivo de
reduzir a utilização de recursos naturais ou substituir insumos não renováveis por outros menos
danosos ao ambiente
DT – Discordo Totalmente; D – Discordo; I – Indiferente; C – Concordo; e CT – Concordo Totalmente.
50
Administração Interdisciplinar
Observação
As atividades referentes à operação da empresa, de modo geral, também não devem causar danos
à sociedade e à natureza, ou, pelo menos, esses danos devem ser mínimos. O Quadro 4 mostra o
questionário proposto por Sanches, Marietto e Paixão (2011) que averigua se o gestor atua de forma
responsável na operação das suas instalações e no uso dos seus produtos:
D – Do (execução) DT D I C CT
7. A comunicação da empresa com os clientes sobre seus produtos e serviços é específica, correta e justa
8. A empresa aplica técnicas eficientes para administrar o uso de energia inteligente
9. A empresa faz a destinação de perdas ou sobras de produtos para programas sociais
10. A empresa instalou acessórios e dispositivos para economizar água
11. A empresa promove o uso dos seus produtos ou serviços com segurança
12. A empresa dá destino adequado, de acordo com o que determina a legislação, aos resíduos
sólidos resultantes de processos industriais
13. É feito um esforço contínuo para reduzir a geração de efluentes líquidos
14. É feito um esforço contínuo para reduzir a geração de emissões atmosféricas
15. É feito um esforço contínuo para reduzir a geração de resíduos sólidos
16. É feito um esforço contínuo para reduzir a geração de ruídos
17. É feito um esforço contínuo para reduzir a geração de vibrações
18. Faz parte da cultura da organização combater o desperdício
19. Na empresa há o processo de coleta seletiva de lixo
20. Há um processo ágil para ouvir e responder às reclamações da comunidade local quanto a
potenciais impactos poluidores do processo de produção dos produtos ou serviços
21. Há uma operação sistemática para prevenção de acidentes ambientais
22. Mantém equipes treinadas para enfrentar situações de emergência ambiental que relaciona
todos os produtos, serviços ou aos processos que envolvam riscos à saúde e ao meio ambiente
23. Mantém programas de gerenciamento e/ou minimização de impactos pós‑consumo de seus produtos
24. Mantém programas para a reutilização de insumos e materiais no próprio processo produtivo ou
para a reciclagem e aproveitamento desses materiais por outras empresas
25. O processo de melhoria contínua sempre busca a minimização de resíduos
26. Possui iniciativas ou programas específicos para o reúso da água nos processos produtivos
27. Possui sistema de gerenciamento e coleta de materiais tóxicos ou potencialmente danosos ao
ambiente e à saúde, incluindo pilhas e baterias
28. São utilizados fornecedores não poluidores
51
Unidade I
A etapa seguinte é a referente ao controle (Check). Controlar nada mais é que comparar se os resultados
obtidos são iguais aos planejados ou melhores que estes. Uma boa administração do controle da gestão da
responsabilidade socioambiental pressupõe correspondência às proposições do Quadro 5, a seguir:
C – Check (controle) DT D I C CT
33. A geração de efluentes líquidos é controlada
34. A geração de emissões atmosféricas é controlada
35. A geração de resíduos sólidos é controlada
36. A geração de ruídos é controlada
37. A geração de vibrações é controlada
38. Continuamente é feito o monitoramento do tratamento de resíduos e efluentes
39. Há um processo contínuo para reavaliar produtos e processos com critérios relacionados ao meio ambiente
40. Mantém um sistema de monitoramento com metas específicas para reduzir a geração de resíduos sólidos
41. Mantém um sistema de monitoramento com metas específicas para reduzir a emissão de CO2 e
outros gases do efeito estufa
42. Mantém um sistema de monitoramento com metas específicas para reduzir o consumo de
combustíveis fósseis no processo produtivo ou no transporte de bens
43. Nos últimos dois anos, a empresa não sofreu sanções, multas ou processos – na Justiça,
Ministério Público ou órgãos ambientais – por problemas relacionados ao meio ambiente
44. Nos últimos dois anos, não ocorreu nenhum acidente ambiental no âmbito interno da empresa
por sua responsabilidade
45. Nos últimos três anos, a empresa não recebeu nenhuma reclamação ou manifestação da
comunidade (petições, abaixo‑assinados, protestos) por problemas como poluição sonora, mau
cheiro, despejo de efluentes ou excesso de lixo gerado
46. Nos últimos três anos, não recebeu qualquer anulação por violação das normas ambientais e de
saúde ocupacional
47. Mantém um sistema de monitoramento com metas específicas para reduzir o consumo de
energia elétrica
48. Periodicamente são feitas pesquisas para ouvir a comunidade local quanto a danos da empresa
causados pelo processo de produção de produtos ou serviços
49. Possui sistema de monitoramento das potenciais agressões à Comunidade e à Natureza
(emissões atmosféricas e da geração de efluentes líquidos e sólidos, ruídos etc.)
DT – Discordo Totalmente; D – Discordo; I – Indiferente; C – Concordo; e CT – Concordo Totalmente.
52
Administração Interdisciplinar
O ciclo de gerenciamento PDCA estipula que depois da etapa de controle vem a etapa de ação
corretiva (Action), caso os resultados não sejam satisfatórios. Nessa etapa, a gestão da responsabilidade
socioambiental cuida de corrigir distorções e desvios, o que compreende atender ao exposto no
Quadro 6:
Saiba mais
A empresa Resinax – Materiais Compósitos foi fundada em 1976; formula e industrializa materiais
compostos. Estes são obtidos a partir da mistura de substâncias simples ou compostas. Os compósitos
são uma classe especial desses materiais e possuem algumas propriedades:
53
Unidade I
O principal produto da empresa é o fiberglass, um material estrutural leve que não enferruja e pode
ser moldado em peças complexas de qualquer tamanho.
Para avaliar a sua práxis de gerência no que concerne ao planejamento da responsabilidade social,
a empresa aplicou a si o questionário proposto por Sanches, Marietto e Paixão (2011). Esse questionário
solicita que seja feita uma marca “X” na coluna mais adequada, conforme segue:
• D: Discordo;
• I: Indiferente;
• C: Concordo;
As marcas foram feitas por consenso entre três gestores da área de transformação (Produção,
Logística e Controle Estatístico do Processo). O resultado da análise, no que se refere ao planejamento,
encontra‑se no Quadro 7:
P – Plan (planejamento) DT D I C CT
1. A empresa estimula e recompensa empregados que apresentam sugestões para a melhoria dos X
processos internos
2. Ao projetar um produto a empresa busca reduzir o impacto poluidor durante seu uso X
3. Ao projetar‑se um produto se busca utilizar materiais que possam ser reciclados ou reutilizados X
por meio de um mercado secundário
4. Ao projetar‑se um produto se leva em conta o não uso de CFC X
5. Ao projetar processos a empresa busca promover a substituição de insumos e materiais por X
produtos que provoquem menos danos ao meio ambiente
6. A empresa investe na atualização ou mudança do seu padrão tecnológico com o objetivo de
reduzir a utilização de recursos naturais ou substituir insumos não renováveis por outros menos X
danosos ao ambiente
Quantidade de ocorrências em (DT + D) e em (C+ CT) 2 3
DT – Discordo Totalmente; D – Discordo; I – Indiferente; C – Concordo; e CT – Concordo Totalmente.
Com base nos resultados mostrados no Quadro 7, os gerentes calcularam o grau de concordância
(GC) da empresa com o questionário que avalia a etapa de planejamento da responsabilidade social
(GCp) pelo oscilador estocástico de Wilder Jr. (1981), também conhecido como indicador de força
relativa:
54
Administração Interdisciplinar
100
GC = 100 −
∑ Concordantes
+ 1
∑ Discordantes
O valor do grau de concordância obtido pela fórmula anterior cai sempre entre zero e cem. (Se necessário,
para evitar erro de divisão por zero, aos valores concordantes e discordantes acrescenta‑se 0,000001)
O valores concordantes são as quantidades de afirmações marcadas com “X” nas colunas (C + CP), e
os valores discordantes são as quantidades de afirmações marcadas com “X” nas colunas (DP + D).
100
GCp = 100 − = 100 − 100 = 100 − 1000 = 100 − 40 = 60
Cp 3 2. 5
+ 1 + 1
D 2
p
Os gerentes consultaram a Tabela 1 para interpretar o valor obtido. Como esse valor foi 60, a
interpretação corresponde a concordância moderada, o que significa que a empresa em questão não
tem práticas adequadas de planejamento da gestão da responsabilidade social.
• ao projetar‑se um produto se busca utilizar materiais que possam ser reciclados ou reutilizados
por meio de um mercado secundário;
4.5 interdisciplinaridade
• Gestão Ambiental e Responsabilidade Social: com temas como ativos e passivos ambientais;
custos ambientais; despesas ambientais; gestão da responsabilidade socioambiental; meio
ambiente; danos e agressões à Comunidade e à Natureza; perdas ambientais; preservação
ambiental e tecnologia de reparação ambiental;
• Ética e Responsabilidade Social: com os temas ética empresarial (business ethics); papel das
instituições governamentais; postura ética e responsável com relação aos potenciais danos
que os produtos podem causar; regras morais que devem pautar as ações gerenciais; valores e
julgamentos morais; e visão liberal;
• Gestão e Gestão de Processos: com temas como controle das atividades que são executadas;
método PDCA – planejar (Plan); executar (Do); controlar (Check) e corrigir (Action); e instrumento
gerencial.
Resumo
O terceiro tópico, por sua vez, tratou da segurança no trabalho. Nele foi
abordado que, de acordo com a OIT, ocorrem anualmente 270 milhões de
acidentes de trabalho em todo o mundo, dos quais 2,2 milhões resultam em
mortes. No Brasil, são 1,3 milhão de casos. Segundo estudos da OIT, o Brasil
ocupa o quarto lugar em relação ao número de mortes, perdendo apenas
para China, Estados Unidos e Rússia.
Nesse sentido, também foi abordado que, para muitos autores apoiados
na visão da ética empresarial (business ethics), não é papel da empresa
desenvolver uma série de ações assumindo o papel das instituições
governamentais.
Exercícios
Questão 1. Graicunas (1933) afirma que se costuma recomendar um chefe para seis vendedores; no
máximo, um chefe para sete vendedores.
Resolução:
2n 26
c6 = n * [ + n − 1] = 6[ + 6 − 1] = 6(32 + 5) = 6 * 37 = 222
2 2
2n 27
c7 = n * [ + n − 1] = 7[ + 7 − 1] = 7(64 + 6) = 7 * 70 = 490
2 2
2n 218
c18 = n * [ + n − 1] = 18[ + 18 − 1] = 18(131072 + 17) = 18 * 181089 = 2359602
2 2
Questão 2. Silva (2002), no seu trabalho Gestão estratégica de custos para a tomada de decisão em
logística, apresenta, entre outros, estes estudos de caso:
Caso 1
Uma empresa no sul do país distribui seus produtos para o mercado de São Paulo.
O transporte normalmente utilizado é o ferroviário, que custa R$ 1,00 a tonelada por
quilômetro, e seu tempo de trânsito é de 4 dias. Poderiam, também, ser utilizados os
modais (tipos de transportes) aeroviário e rodoviário, com os seguintes custos, para as 300
toneladas, e seus tempos de trânsito, respectivamente: aeroviário, R$ 390.000,00 e meio
dia, rodoviário, R$ 620.000,00 e 3 dias. Sabendo que cada remessa do produto corresponde
a 300 toneladas, que o custo de armazenagem em trânsito é de R$ 0,40 o quilograma por
dia e que a distância percorrida é de 1.200 quilômetros, quais os custos envolvidos nos
modais e qual seria o mais vantajoso?
61
Unidade I
Caso 2
A Cooper Corporation produz uma linha de malas de viagem que são transportadas
para os depósitos regionais da empresa, por intermédio de transportadoras comuns. Para
abastecer o mercado da costa oeste a partir da fábrica situada na costa leste, a empresa
utiliza o modal ferroviário, com trânsito de 21 dias. Em cada ponto de armazenagem são
mantidas, em média, 100 mil unidades do produto com valor médio de R$ 30,00/unidade.
O custo anual de manutenção de estoque é de 30% do valor do produto. A empresa deseja
selecionar o modo de transporte que minimiza o custo total. O depósito da costa oeste
vende 80 mil unidades por ano. A empresa pode usar os seguintes serviços:
Resolução:
Caso 1
62
Administração Interdisciplinar
Caso 2
Alexandre Godoy, técnico de segurança da Construteka Ltda., relatou um acidente ocorrido no dia
17 de agosto de 2012, às 17 horas, na construção da residência do Sr. Gervásio. O acidentado foi o
técnico eletricista Fernando Zagonel Mallmann, solteiro, nascido aos 24 de abril de 1986, funcionário
da empresa desde 12 de março de 2005, há seis anos na função atual. O acidente é típico, com
afastamento.
O acidentado estava fazendo a instalação nova de rede elétrica na residência para levar energia até
a casa. Nessa atividade, passava a espia de aço e depois emendava os fios necessários na outra ponta e
puxava. Para tal, fazia uso de alicate, isolante e chave Phillips. Ao realizar a atividade, foi surpreendido
por uma descarga elétrica que deixou seu braço esquerdo queimado, sendo necessário um tratamento
com três meses de recuperação.
Preencha o seguinte formulário de acidente, com base nas informações dadas anteriormente:
63
Unidade I
Acidente
Data do acidente: __________________ Horário do acidente: _______________
Horário de entrada do acidentado: __________________
Local do acidente: _______________________________
Característica do acidente
Típico sem afastamento Típico com afastamento
Trajeto sem afastamento Trajeto com afastamento
Descrição do acidente
Que trabalho era feito? Com qual objetivo?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Como era feito? Cite: máquinas, equipamentos e ferramentas utilizadas.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Quais foram as consequências e a parte do corpo atingida?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Qual é a duração provável do tratamento? ______________________________________
Investigação do acidente
Causas que contribuíram diretamente para a ocorrência:
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Quais as razões para a existência dessas causas?
___________________________________________________________________
Qual a probabilidade de repetição do acidente?
___________________________________________________________________
64
Administração Interdisciplinar
Resolução:
Acidentado
Nome: Fernando Zagonel Mallmann______________________________________
Setor: Funções elétricas_______________________________________________
Função: Técnico___________________ Estado civil: solteiro________________
Data de admissão: 12/03/2005 Tempo na empresa: 7 anos, 1 mês e 14 dias____
Tempo na função: 6 anos_____________ Turno de trabalho: diurno___________
Data de nascimento: 24/04/1986_____________ Idade: 26 anos______________
Acidente
Data do acidente: 17/08/2012_________ Horário do acidente: 17h00min_
Horário de entrada do acidentado: 7h30min_________________
Local do acidente: construção da residência do Sr. Gervásio_______
Característica do acidente
Típico sem afastamento Típico com afastamento X
Trajeto sem afastamento Trajeto com afastamento
Descrição do acidente
Que trabalho era feito? Com qual objetivo?
Instalação nova de rede elétrica na residência para levar energia até a casa.__________________
Como era feito? Cite: máquinas, equipamentos e ferramentas utilizadas.
Passava‑se a espia de aço, depois emendavam‑se os fios necessários na outra ponta e puxava‑se. Alicate, isolante,
chave Philips. __________________________
Quais foram as consequências e a parte do corpo atingida?
Braço esquerdo queimado._____________________________________________ ___________________
Qual é a duração provável do tratamento? Três meses de recuperação._______
Investigação do acidente
Causas que contribuíram diretamente para a ocorrência:
Pressa do superior.___________________________________________________
Quais as razões para a existência dessas causas?
Falta de comunicação.________________________________________________
Qual a probabilidade de repetição do acidente?
Reduzida/remota se forem tomadas precauções.____________________________
65
Unidade I
Questão 4. O objetivo das questões que seguem é verificar se você sabe aplicar o questionário de
práxis de gestão de responsabilidade socioambiental a uma empresa e determinar o grau de aderência
ou grau de concordância.
Considere o Quadro 10, que mostra as proposições referentes à parte Do (fazer). Os gerentes da
Resinax avaliaram proposição por proposição e anotaram com “X” a coluna escolhida.
Tomando como exemplo a forma de calcular para Plan (planejamento), calcule o grau de concordância
da empresa Resinax às práticas de gestão da responsabilidade socioambiental.
D – Do (execução) DT D I C CT
7. A comunicação da empresa com os clientes sobre seus produtos e serviços é específica, correta e justa X
8. A empresa aplica técnicas eficientes para administrar o uso de energia inteligente X
9. A empresa faz a destinação de perdas ou sobras de produtos para programas sociais X
10. A empresa instalou acessórios e dispositivos para economizar água X
11. A empresa promove o uso dos seus produtos ou serviços com segurança X
12. A empresa dá destino adequado, de acordo com o que determina a legislação, aos resíduos X
sólidos resultantes de processos industriais
13. É feito um esforço contínuo para reduzir a geração de efluentes líquidos X
14. É feito um esforço contínuo para reduzir a geração de emissões atmosféricas X
15. É feito um esforço contínuo para reduzir a geração de resíduos sólidos X
16. É feito um esforço contínuo para reduzir a geração de ruídos X
17. É feito um esforço contínuo para reduzir a geração de vibrações X
18. Faz parte da cultura da organização combater o desperdício X
19. Na empresa há o processo de coleta seletiva de lixo
20. Há um processo ágil para ouvir e responder às reclamações da comunidade local quanto a X
potenciais impactos poluidores do processo de produção dos produtos ou serviços
21. Há uma operação sistemática para prevenção de acidentes ambientais X
22. Mantém equipes treinadas para enfrentar situações de emergência ambiental que relaciona todos X
os produtos, serviços ou aos processos que envolvam riscos à saúde e ao meio ambiente
23. Mantém programas de gerenciamento e/ou minimização de impactos pós‑consumo de seus produtos X
24. Mantém programas para a reutilização de insumos e materiais no próprio processo produtivo ou X
para a reciclagem e aproveitamento desses materiais por outras empresas
25. O processo de melhoria contínua sempre busca a minimização de resíduos X
26. Possui iniciativas ou programas específicos para o reúso da água nos processos produtivos X
27. Possui sistema de gerenciamento e coleta de materiais tóxicos ou potencialmente danosos ao X
ambiente e à saúde, incluindo pilhas e baterias
28. São utilizados fornecedores não poluidores X
29. Sempre que possível são utilizados recursos renováveis X
66
Administração Interdisciplinar
Resolução:
100 100 100
GCd = 100 − = 100 − = 100 − = 100 − 59, 88 = 40,12
Cd 8 1, 67
+ 1 + 1
Dd 12
O grau é de 40,12.
Trata‑se de uma concordância baixa. A prática da empresa, no que concerne à operação da gestão
da responsabilidade, está longe de ser a ideal.
67