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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

CAMPUS ARAPIRACA – U. E. PENEDO


CURSO DE ENGENHARIA DE PESCA
5º PERÍODO

DISCENTES: WILLIAN THIAGO DA SILVA COSTA SIMÕES


TEREZA IRACEMA REIS SIMÕES
DISCIPLINA: FISIOECOLOGIA DOS ANIMAIS AQUÁTICOS
DOCENTE: ALEXANDRE OLIVEIRA

ESTUDO DIRIGIDO

1) Quais as vantagens da respiração aérea para os peixes?

Uma das principais vantagens da respiração aérea para os peixes é a capacidade de suprir
suas necessidades energéticas, parcialmente ou unicamente, através da absorção de O2
atmosférico para oxidação de seus alimentos. As concentrações de O2 na água são bem
inferiores as concentrações de oxigênio no ar, ou seja, a oferta é maior na atmosfera.
Tratando sobrevivência, imaginemos dois organismos aquáticos, um com respiração aérea
facultativa e um com respiração aquática branquial, se por ventura as taxas de
concentrações de O2 na água caíssem drasticamente, os organismos com respiração aérea
facultativa poderiam suprir rapidamente suas demandas de O2 com oxigênio atmosférico
enquanto os peixes de respiração aquática teriam que drenar maiores quantidades de água
para suprir suas necessidades energéticas ou simplesmente morreriam pela falta de O2. Não
é à toa que peixes que realizam respiração aérea facultativa ou obrigatória são
predominantes em águas hipóxicas, águas de grandes variações diárias e sazonais de
oxigênio dissolvido e DBO.

2) Como a respiração aérea pode ter influenciado na evolução dos organismos?

Possíveis variações nos níveis de oxigênio na atmosfera durante o período de evolução dos
vertebrados, como a redução de oxigênio durante o período devoniano, podem estar
associadas com flutuações dos níveis de oxigênio na água acarretando a extinção de muitas
espécies e o aparecimento de muitos vertebrados de respiração aérea. A escassez de O2 na
água ainda pode ter sido causada por grandes períodos de seca, pelo aumento da turbidez
das águas, pelo aumento das temperaturas do globo e por fim da concentração de oxigênio
na água, assim possibilitando o surgimento da respiração aérea. Grande parte dos gêneros
sobreviventes de grandes grupos de peixes ósseos extintos são respiradores aéreos e a
bexiga natatória ou os “pulmões” são órgãos utilizados para a respiração como é o exemplo
dos Dipnóicos, Chondrostei (Polypterus) e Holostei (Amia, Lepisosteus) (RANDALL et
al., 1981). Os “pulmões” presentes nos peixes pulmonados e os pulmões dos tetrápodes são
possíveis evoluções dos Polypterus a partir de uma expansão ventral da faringe (LIEM et
al., 2001). Fisiologicamente, os pulmões são órgãos mais eficientes na captura de oxigênio
e que muito provavelmente se tornou característica fundamental passada para as novas
gerações, assim como sugere a teoria da evolução. O surgimento da respiração aérea
possibilitou alterações fisiológicas que desencadearam o surgimento da vida sobre a crosta
terrestre dando origem aos primeiros repteis, posteriormente às aves e mamíferos
(RANDALL et al., 1981).

3) Quasímodo tipos de respiração aérea?

Podem ser classificadas basicamente em dois tipos:

 Facultativa - o organismo possui uma respiração predominantemente aquática branquial,


mas em momentos de escassez de oxigênio utiliza a respiração aérea como suplementação.
Ex. Enguia.
 Obrigatória - ocorre em organismos que utilizam apenas respiração aérea como forma de
obtenção de O2. Sem acesso ao O2 atmosférico, morrem. Ex. Lungfish.

Ainda porem ser classificadas quanto as adaptações estruturais para a realização da


respiração aérea:

 Respiração por brânquias – alterações fisiológicas das brânquias permitiram a realização


das trocas gasosas quando organismos são expostos ao ar. Organismos que possuem essa
adaptação geralmente realizam sua troca gasosa dentro da água pelo tegumento. Ex.
Anguilla Anguilla (Enguia comum);
 Respiração bucal – apresenta muitas pregas e papilas do epitélio bucal projetando-se da
cavidade bucal formando superfícies de contato vascularizadas. Organismos que
apresentam esse tipo de alterações fisiológicas apresentam respiração aérea obrigatória,
mas mantiveram o sistema de regulação dependente do O2 e expeli o CO2 pelas brânquias
vestigiais ou pele. Ex. Electrophorus electricus (Enguia elétrica);
 Respiração por câmaras aéreas (cavidades operculares e faringianas) – câmaras aéreas
dorsais com área branquial formando-se parcialmente encapsulado dentro da cavidade do
crânio. Divertículos operculares projetam-se para dentro do crânio formando um labirinto.
E. Peixes da família Claridae;
 Respiração através de adaptações do trato gastrointestinal – o estomago e parte do intestino
são modificados para realizar a troca gasosa. O ar é esvaziado pelo ânus ou boca. Além de
apresentar outras características como escamas achatadas formando um tipo de carapaça.
Ex. Peixes da família Loricariidae como o Caborja;
 Respiração através da bexiga gasosa (natatória):

1. Nos Sarcopterygii – possuem função de flutuação e produção de sons;


2. Nos Dipnoicos – a bexiga natatória evoluiu para realizar a função respiratória;
3. Nos Pulmonados – a bexiga natatória evoluiu para pulmões. Ex. Protopterus sp.
4) Quais os tipos de sistemas circulatórios? Descreva e de exemplos.

Os sistemas circulatórios podem ser de três tipos:

 Ausente de sistema circulatório – os nutrientes, gases e excretas são transportados por


difusão de célula a célula. Ex. Os filos Cnidária e Porífera;
 Sistema circulatório aberto (ou lacunar) – a hemolinfa é despejada diretamente nos tecidos
em regiões específicas dos organismos. Ex. Maioria dos invertebrados, filo Arthropoda e a
maioria dos organismos do filo Mollusca (classes Gastrópoda e Bivalvia). Outras
características desse sistema são:

1. O sangue (hemolinfa) é bombeado do “coração” por uma artéria até cavidades da massa
visceral chamadas lacunas;
2. É chamado aberto porque nem todo o trajeto do sangue ocorre em vasos sanguíneos;
3. É um sistema de baixa pressão sanguínea e com pouca possibilidade de alterar a velocidade
do sangue nos vasos.

 Sistema circulatório fechado – o sangue flui em um circuito contínuo de sangue. Ex.


Organismos do filo Annelida, alguns organismos do filo Mollusca (classe Cephalopoda) e
todos os vertebrados. Outras características:

1. O volume do sangue na circulação fechada de vertebrados corresponde de 5 a 10% do


volume corpóreo;
2. Presença de capilares com paredes extremamente finas responsáveis por levar os nutrientes,
gases e hormônios para as células através da difusão;
3. Nos vertebrados apresenta maior eficiência na transferência de O2, ou seja, é mais rápida.

5) Qual a principal diferença entre sistemas circulatórios de teleósteos e cartilaginosos?


Explique

Ambos possuem um coração com duas câmaras (um átrio e um ventrículo) dotadas de
válvulas que evitam o refluxo sanguíneo. Antecipando o átrio, temos um seio chamado de
seio venoso que regula o fluxo contínuo de sangue para o átrio. No lado arterial, os
teleósteos possuem uma parte muscular espessada da aorta ventral chamada de bulbo
arterial, enquanto os elasmobrânquios (peixes cartilaginosos) possuem uma parte
espessada desenvolvida a partir no musculo cardíaco chamado de cone arterial.

O cone arterial é fibroso e dotado de válvulas que evitam o refluxo sanguíneo visto que os
peixes cartilaginosos possuem um coração localizado numa câmara rígida que pode
produzir pressões negativas. Vale ressaltar que o bulbo arterial é mais elástico enquanto o
cone arterial é mais contrátil.

6) Quais as diferenças que o sistema circulatório dos peixes pulmonados apresenta?

As principais diferenças entre os sistemas circulatórios aquático/branquial e


aéreo/pulmonar:
 Quanto aos fluxos de sangue – os peixes de respiração aquática possuem apenas um fluxo
contínuo de sangue, enquanto os pulmonados apresentam dois fluxos contínuos (um mais
oxigenado pelo pulmão e outro menos oxigenado pelas brânquias) sendo assim mais
complexos que o sistema circulatório simples dos peixes teleósteos, por exemplo;
 Quanto a fisiologia do coração – os peixes de respiração aquática possuem um coração com
um átrio e um ventrículo não divididos, enquanto os pulmonados tanto o átrio, quanto o
ventrículo são parcialmente divididos para não ocorrer a mistura dos dois fluxos de sangue;
 Quanto a circulação sistêmica – nos peixes pulmonados, o sangue oxigenado pelo pulmão
vai diretamente para a cabeça, sendo prioridade a manutenção das funções cerebrais,
enquanto os peixes de respiração aquática distribuem o sangue oxigenado pelas brânquias
igualitariamente pelo corpo;

7) Descreva com detalhes dois tipos de sistema circulatório (aberto e fechado)

 Fechado – peixes teleósteos

A circulação aquática e branquial dos peixes teleósteos é considera como simples, pois
apresenta apenas um fluxo de sangue contínuo, ou seja, o coração recebe apenas sangue
venoso proveniente da circulação sistêmica. O coração desses peixes apresenta duas
câmaras, um átrio e um ventrículo, um seio venoso e um bulbo arterial (parte muscular
espessada da aorta ventral) responsável pelo bombeamento para as brânquias onde ocorre
a troca gasosa. Posteriormente, o sangue oxigenado pelas brânquias segue em direção à
circulação sistêmica onde desoxigena novamente e volta para o coração. Segue esquema
do sistema circulatório abaixo:

 Aberto – subfilo Crustacea


O sistema circulatório dos crustáceos apresenta grande variabilidade em sua fisiologia.
Crustáceos pequenos geralmente não apresentam nenhum coração, enquanto crustáceos
grandes, em particular os decápodos, apresentam sistema circulatório bem desenvolvido.
O sangue (hemolinfa) possui pigmentos respiratórios (hemocianina). Segue esquema do
sistema circulatório desses organismos:

1. Coração dorsal curto e irregular responsável por bombear o sangue oxigenado proveniente
das brânquias;
2. Artérias que se distribuem por todo o corpo – pelas artérias correm sangue oxigenado
bombeado pelo coração;
3. Hemocele – espaços onde o sangue oxigenado é “derramado” pelas artérias e depois o
sangue desoxigenado é “recolhido” pelos seios venosos;
4. Seio venoso central responsável por levar o sangue desoxigenado para as brânquias onde
será novamente oxigenado;
5. Brânquias responsáveis por realizar as trocas gasosas.

8) Descreva com detalhes o sistema circulatório dos peixes pulmonados

Além de apresentar brânquias primitivas, os peixes pulmonados, como o próprio nome diz,
apresentam pulmões. As brânquias recebem em partes sangue que já passou pelos pulmões,
assim desempenham papel secundário na respiração desses peixes. O coração possui um
átrio dividido em duas câmaras, a esquerda passa sangue oxigenado dos pulmões enquanto
a direita passa sangue desoxigenado da circulação sistêmica, e um ventrículo parcialmente
dividido. O ventrículo mantém dois fluxos contínuos, o sangue oxigenado do pulmão vai
para cabeça, enquanto o sangue desoxigenado da circulação sistêmica vai primeiramente
para as brânquias, depois para o corpo do peixe e por fim para os pulmões.
REFEÊNCIAS

SCHMIDT-NIELSSEN, K. Fisiologia Animal-Adaptação e Meio Ambiente, São Paulo:


Livraria Santos Editora, 1999.

RANDALL et al. The Evolution of Air Breathing in Vertebrates. 1981.

LIEM, K. F. et al. Functional Anatomy of the Vertebrates: An Evolutionary Perspective


3ª Edição. Fort Worth: Saunders College Publishers, 2001.

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