C O M
COMO FAZER
NEGÓCIOS COM
O GOVERNO
O ANJO DO ESPAÇO E AS
STARTUPS DO FUTURO
A DIFERENCA
NA SUA CIDADE, NO SEU PAÍS, NO MUNDO
NEGÓCIOS
COM ATIVISMO
Guil Blanche,
fundador da
58
64
86 36 44
6 pequenas empresas & grandes negócios FEVEREIRO, 2017 FOTO: FABIANO CANDIDO/Editora Globo
Como inovar?
fornecedores?
Concorrência?
Calma.
Acesse o portal
de educação A distância
do sebrae.
NOSSOS VALORES
DIRETOR GERAL: Frederic Zoghaib Kachar
Fundada há 28 anos, a Revista Pequenas Empresas DIRETOR DE AUDIÊNCIA: Luciano Touguinha de Castro
& Grandes Negócios tem por missão ajudar pessoas DIRETOR DE MERCADO ANUNCIANTE: Virginia Any
inovadoras a transformar ideias em grandes
realizações. As reportagens da revista apresentam
oportunidades de negócios para micro, pequenas e
médias empresas e têm o compromisso de informar DIRETOR DE GRUPO AUTOESPORTE, ÉPOCA NEGÓCIOS, GLOBO RURAL
o que há de mais moderno em conceitos de gestão, E PEQUENAS EMPRESAS & GRANDES NEGÓCIOS: Ricardo Cianciaruso
marketing, estratégia, finanças e tecnologia.
DIRETORA DE REDAÇÃO: Sandra Boccia
Acreditamos que é possível fazer aquilo que você EDITORES EXECUTIVOS: Marisa Adán Gil e Robson Viturino
gosta. E lucrar com isso EDITORES: Fabiano Candido, Mariana Iwakura, Bruno Vieira Feijó e Thomaz Gomes
Acreditamos que é possível ter lucro criando REPÓRTER: Adriano Lira
um ambiente de trabalho saudável, inspirador ESTAGIÁRIOS: Caio Patriani e Débora Duarte (texto)
e causando um impacto positivo na sociedade EDITOR DE ARTE: Jairo Rodrigues
COLABORADORES: Andressa Basilio, Camila Hessel, Edson Valente, Fabiana Pires, Felipe Datt, Gabriel Ferreira, Igor dos Santos,
Acreditamos na inovação e na força criativa que Lara Silbiger e Mariana Weber (texto); Maria do Rosário Sousa (revisão); Ana Paula Megda, Bárbara Malagoli, Guilherme Henrique,
vem das novas empresas Massao Hotoshi, Raul Aguiar e Tulio Carapiá (ilustração); Alexandre Battibugli, Anna Carolina Negri, Caio Cezar, Celso Doni ,
Acreditamos no empreendedorismo como pilar Drawlio Joca, Eduardo Siqueira, Gabriel Rinaldi, Marcelo Correa, Omar Paixão e Raul Spinassé (fotografia)
essencial para uma economia equilibrada ASSISTENTE DE REDAÇÃO: Sabrina dos Santos Bezerra
e para uma melhor distribuição de riquezas ESTÚDIO DE CRIAÇÃO
Acreditamos que o empreendedorismo pode DIRETORA DE ARTE: Cristiane Monteiro; DESIGNERS: Alexandre Ribeiro Zanardo, Clayton Rodrigues, Danilo Dos Santos
Bandeira, Felipe Hideki Yatabe, Marcelo Massao Serikaku; ESTAGIÁRIA: Letícia Cristina Lourenço de Souza
e deve ser promovido e ensinado nas escolas
de todo o país, para despertar talentos e habilitar os INOVAÇÃO DIGITAL
cidadãos a administrar seus negócios DIRETOR DE INOVAÇÃO DIGITAL: Alexandre Maron; GERENTE DE ESTRATÉGIA DE CONTEÚDO DIGITAL: Silvia Balieiro
Acreditamos no empreendedorismo TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
como chave para a realização de sonhos DIRETOR DE TECNOLOGIA: Rodrigo Gosling; DESENVOLVEDORES: Everton Ribeiro, Fabio Alessandro Marciano, Jeferson
Mendonça, Leandro Paixão, Marcelo Amendola, Murilo Amendola e William Antunes;
Acreditamos que o empreendedorismo
OPEC ONLINE: Rodrigo Santana Oliveira, Danilo Panzarini, Higor Daniel Chabes, Rodrigo Pecoschi, Thiago Previero
está alinhado com a visão de mundo
(trabalho com diversão e senso de propósito) das MERCADO ANUNCIANTE
novas gerações
GERENTE DE EVENTOS: Daniela Valente; COORDENADOR OPEC OFF LINE: José Soares
Acreditamos que compartilhar conhecimento
produz experiências mais ricas SEGMENTOS — FINANCEIRO, IMOBILIÁRIO, TI, COMÉRCIO E VAREJO
DIRETOR DE NEGÓCIOS MULTIPLATAFORMA: Emiliano Morad Hansenn; GERENTE DE NEGÓCIOS MULTIPLATAFORMA: Ciro
Acreditamos que a informação precisa, clara Horta Hashimoto; EXECUTIVOS MULTIPLATAFORMA: Selma Maria de Pina, Cristiane de Barros Paggi Succi, Christian Lopes
e de qualidade seja um instrumento capaz Hamburg, Milton Luiz Abrantes e Taly Czeresnia Wakrat;
de transformar e aperfeiçoar empreendedores,
SEGMENTOS — MODA, BELEZA E HIGIENE PESSOAL
empresas e relações de trabalho
DIRETOR DE NEGÓCIOS MULTIPLATAFORMA: Cesar Bergamo; E XECUTIVOS MULTIPLATAFORMA: Adriana Pinesi Martins,
Acreditamos que todas as empresas, Eliana Lima Fagundes, Juliana Vieira, Selma Teixeira da Costa, Soraya Mazerino Sobral e Ana Paula Boulos
independentemente do tamanho, devem
SEGMENTOS — CASA, CONSTRUÇÃO, ALIMENTOS E BEBIDAS, HIGIENE DOMÉSTICA E SAÚDE
adotar práticas ambientalmente corretas
DIRETORA DE NEGÓCIOS MULTIPLATAFORMA: Luciana Menezes; EXECUTIVOS MULTIPLATAFORMA:
e gerar lucro de modo sustentável
Giovanna Sellan Perez, Paula Santos, Rodrigo Girodo Andrade, Valeria Glanzmann e Fatima Ottaviani
SEGMENTOS — MOBILIDADE, SERVIÇOS PÚBLICOS E SOCIAIS, AGRO E INDÚSTRIA
DIRETOR DE NEGÓCIOS MULTIPLATAFORMA: Renato Augusto Cassis Siniscalco; EXECUTIVOS MULTIPLATAFORMA: Andressa
DESEJA FALAR COM A EDITORA GLOBO? Aguiar, Diego Fabiano, Cristiane Soares Nogueira, João Carlos Meyer e Priscila Ferreira da Silva
TELEVENDAS: 4003-9393 SEGMENTOS — EDUCAÇÃO, CULTURA, LAZER, ESPORTE, TURISMO, MÍDIA, TELECOM E OUTROS
VENDAS COORPORATIVAS: 3767- 7226 DIRETORA DE NEGÓCIOS MULTIPLATAFORMA: Sandra Regina de Melo Pepe; EXECUTIVOS DE NEGÓCIOS MULTIPLATAFORMA:
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GERENTE DE VENDAS DE ASSINATURAS: Reginaldo Moreira da Silva; GERENTE DE CRIAÇÃO: Valter Bicudo Silva Neto;
COORDENADORES DE MARKETING: Eduardo Roccato Almeida, Patricia Aparecida Fachetti
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FUTURO TRANQUILO
COMIDA DE AVÓ
ESPECIAL | STARTUPS
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12 pequenas empresas & grandes negócios FEVEREIRO, 2017 FOTOS: DIVULGAÇÃO E THINKSTOCK
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não afasta os
investidores.
É justamente
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Brasil”
– Rodrigo Janot, procurador-
geral da República, durante
palestra para empreendedores
no Fórum Econômico Mundial
de Davos, realizado em pinterest.com/revistapegn
meados de janeiro na Suíça
Gato a salvo
A startup australiana Oscillot
Cat Containment acaba com
a farra dos gatos fujões. A instagram.com/revistapegn
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NOVOS NEGÓCIOS
ALIMENTAÇÃO Em alguns casos, uma boa oportunidade de negócio pode surgir quando (e onde)
menos se espera. Foi o que aconteceu com o publicitário Thiago Godoy Rodrigues,
34 anos (na foto), e o designer Rafael Cipolla, 29, donos da Sorvete Naked. Adeptos
FRUTA E ÁGUA da alimentação saudável, eles se incomodaram ao comprar picolés vendidos como
“naturais” no litoral norte de São Paulo — nos rótulos, havia a indicação de vários
DE COCO NO itens artificiais. Cipolla, então, resolveu fazer um experimento: pegou uma caixinha
PALITO de leite vazia, cortou-a ao meio, encheu-a com água de coco e pedaços de fruta e
colocou no freezer. “O efeito de transparência da água de coco com as cores das
Sorvete Naked aposta em picolés frutas ficou lindo”, diz Rodrigues. Estava pronto o embrião do que seria a Naked,
100% naturais para atrair clientes formalizada em 2015. A divulgação começou nas redes sociais — em três dias, a du-
que seguem dietas restritivas
pla recebeu 2.000 pedidos. “Passamos noites em claro embalando os picolés”, diz
Edson Valente Rodrigues. Depois, a fabricação e a logística foram terceirizadas. O negócio dobra
de tamanho a cada ano. Em 2016, foram vendidas 100 mil unidades e o faturamento
chegou a R$ 500 mil. Os consumidores, em sua maioria, são diabéticos e pessoas
com intolerância a determinadas substâncias, como a lactose.
FOTO: ANNA CAROLINA NEGRI/Editora Globo FEVEREIRO, 2017 pequenas empresas & grandes negócios 17
Outros
12%
MODAIS 7 5 Aeroviário
USADOS NO 8 Ferroviário
TRANSPORTE
CUSTO da receita das empresas nacionais é DE INSUMOS
NO BRASIL 80 Rodoviário
BRASIL consumida pelo custo logístico, contra
8,5% nos Estados Unidos e 10% na China
(em %)
NOVOS NEGÓCIOS
TRANSPORTE A paulista CargoX, fundada em 2016 pelo baixo que a média. E o caminhoneiro com-
economista Federico Vega, 35 anos, ajuda plementa a renda com demandas até en-
a resolver um grave desperdício no setor tão inacessíveis.” Além de fazer o match,
O UBER DOS de logística. Embora 80% dos insumos a CargoX providencia a contratação de
transportados no país trafeguem por ro- seguros, o recolhimento de impostos e a
CAMINHÕES dovias, é comum que os caminhoneiros emissão de documentos. Os motoristas,
Startup fatura R$ 190 milhões com entreguem as cargas e voltem para suas por sua vez, recebem um plano que indi-
sistema que conecta caminhoneiros bases com a caçamba vazia. A startup usa ca os melhores trajetos e as certificações
e empresas que necessitam de
frete, substituindo o papel das sistemas de big data para conectar 100 mil de pagamento. “Fazemos tudo o que uma
transportadoras tradicionais caminhoneiros autônomos com capaci- transportadora faz, mas de forma ágil e
dade ociosa e empresas que demandam online”, diz Vega, que passou três anos es-
Andressa Basílio grandes volumes de frete, como Unilever tudando o setor antes de montar o negó-
e Whirlpool. “A tecnologia cruza variáveis cio. Ainda em 2016, a CargoX recebeu in-
em tempo real, como localização, preços vestimentos que superam R$ 35 milhões
e prazos, e identifica bons negócios para do banco Goldman Sachs e de Oscar Sala-
ambas as partes”, diz Vega. “Para a con- zar, cofundador do Uber. A empresa pre-
tratante, o custo costuma ser 30% mais tende faturar R$ 190 milhões neste ano.
18 pequenas empresas & grandes negócios FEVEREIRO, 2017 FOTO: ANNA CAROLINA NEGRI/Editora Globo
NOVOS
PREMIAÇÃO
NEGÓCIOS
INTERNET O advogado Rafael Costa, 33 anos, e os diz Costa. A segunda frente é a ferramenta
sócios Daniel Murta, 37, e Rodrigo Barreto, “Fale com um advogado”, que cruza dúvi-
33, conseguiram colocar sua empresa — o das de usuários com o perfil de profissio-
DIREITO portal JusBrasil, sediado em Salvador (BA)
— entre os 20 sites mais acessados da in-
nais aptos a respondê-las. “Encontrar o
advogado certo requer identificar alguém
EM ALTA ternet brasileira. Isso em pouco mais de com experiência em casos semelhantes,
seis anos de atividade. O trio também con- que se encaixe no orçamento do cliente
O portal JusBrasil fatura
R$ 10 milhões promovendo o seguiu criar um modelo de negócios capaz e que esteja perto e disponível”, diz Cos-
encontro entre advogados e leigos de ganhar escala em duas frentes. A pri- ta. A JusBrasil não divulga o faturamento
em busca de orientação jurídica meira se baseia numa rede social de nicho. (a estimativa é de R$ 10 milhões em 2016,
Nos moldes da Wikipedia, são os próprios 150% a mais que no ano anterior). Cerca
Lara Silbiger
usuários (entre eles, 750 mil advogados) de 85% do valor vem de 15 mil advogados,
que alimentam a plataforma e avaliam a que pagam R$ 49 por mês para aparecer
qualidade da informação. “Por meio de nas buscas. O restante provém da venda
artigos, os profissionais se comunicam de publicidade. Dois fundos já investiram
entre si e com os leigos, que visitam o site na empresa: Monashees e Founders Fund
em busca de soluções para seus conflitos”, (o mesmo de Tesla e Facebook).
FOTO: RAUL SPINASSÉ/Editora Globo FEVEREIRO, 2017 pequenas empresas & grandes negócios 19
NOVO APP
Reportagens organizadas
por assuntos
TENDÊNCIAS
Como trazer o cliente de volta para a loja física? Esse foi o sem pessoas capacitadas, não dá para criar uma experiên-
tema principal da última edição do Retail’s Big Show, encon- cia inesquecível para o cliente.” A reinvenção do ponto de
tro mundial do varejo realizado no mês passado em Nova venda também esteve na pauta. “O varejista precisa criar
York, com promoção da National Retail Federation (Fede- motivos para as pessoas entrarem na loja”, diz Adir Ribei-
ração Nacional do Varejo dos EUA). O evento reuniu 35 mil ro, presidente da Praxis Business. Jogos, cursos e eventos
participantes de 94 países — a maior delegação estrangei- servem para proporcionar bem-estar: a compra é uma con-
ra foi a do Brasil, com 1.306 participantes. “O protagonis- sequência. No quesito tecnologia, a inteligência artificial foi
mo do vendedor foi um dos assuntos mais discutidos”, diz o destaque. “Sai na frente quem usar esse recurso para tor-
Marcos Gouvêa de Souza, diretor-geral do Grupo GS& Gou- nar a compra mais fácil, interativa e prazerosa”, diz Fábio
vêa de Souza. “A tecnologia é uma ferramenta valiosa. Mas, Sayeg, sócio da agência de marketing digital RÓI + Lúcida.
O QUE É: O QUE É:
Numa época em que é possível comprar qualquer coisa com um São inúmeras as aplicações da inteligência artificial no varejo.
clique, como fazer para atrair o consumidor à sua loja? A resposta A mais óbvia é o uso de robôs no atendimento de clientes.
se resume a uma palavra: experiência. O ponto de venda precisa Há propostas mais sofisticadas, como as lojas totalmente
se transformar em uma central de relacionamento, onde o cliente automatizadas e os sistemas que integram e-commerce
vai para encontrar os amigos, assistir a uma palestra, fazer um com as funções de assistentes virtuais como Siri,
curso, praticar um hobby... e, quem sabe, comprar alguma coisa. da Apple, Cortana, da Microsoft, e Alexa, da Amazon.
para os fãs
dasétima
arte O décimo volume da série As grandes
ideias de todos os tempos explora os
personagens, diretores, roteiros e
temas-chave de mais de 100 dos maiores
filmes já feitos.
Desde Viagem à Lua, produzido no início
do século XX, passando por obras de
grandes diretores como Woody Allen e
Quentin Tarantino, clássicos como Star Wars
e O poderoso chefão, incluindo nacionais,
como Central do Brasil e Cidade de Deus,
O livro do cinema é escrito em linguagem
simples e recheado de imagens icônicas,
pôsteres e infográficos.
NAs livrAriAs
o
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Uma das maiores atrações do Retail’s Big show foi o empreendedor
britânico Richard Branson. O fundador do Virgin Group disse aos
varejistas que eles deveriam perder o medo do fracasso. “Por causa
do sucesso dos downloads musicais, fui obrigado a fechar as Virgin
SEMMEDO Megastores”, disse. “Mas, antes de encerrar o negócio, avaliei quais
DEMUDAR produtos vendiam mais. Como os celulares e os games estavam
em alta, abri uma outra empresa dedicada apenas a eles.”
TENDÊNCIAS
3. ANÁLISE DE DADOS
24 pequenas empresas & grandes negócios FEVEREIRO, 2017 FOTOS: DIVULGAÇÃO / MICROSOFT
O mundO estámudandO
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FATURAMENTO
DO MERCADO
ECONOMIA GLOBAL
ESPACIAL (EM BILHÕES)
2010 2015
INOVAÇÃO
Uma nova geração de empresas está ajudando a das empresas apenas dá suporte ao Programa Es-
dinamizar o setor espacial. O movimento começou pacial Brasileiro. “Temos grandes polos de estudo
em 2009, com o surgimento da americana SpaceX, e mão de obra qualificada, mas faltam uma legisla-
de Elon Musk, que provou a possibilidade de criar ção e mais investimentos”, afirma Ronaldo Matos,
uma empresa robusta — e privada — na área, ape- do Grupo de Foguetes, laboratório ligado a Univer-
sar dos altos riscos envolvidos e do longo tempo sidade Estadual do Rio de Janeiro. Atualmente, há
para obter o retorno do investimento. “A SpaceX duas instituições que investem na área: o Fundo
foi a primeira empresa de grande porte a abrir os Aeroespacial (corporate venture da Embraer em
valores da operação, o que deu combustível para parceria com BNDES e Finep) e o Desenvolve SP,
a criação de dezenas de novos modelos de negó- que pretende aplicar até R$ 130 milhões neste ano.
cios nos últimos anos”, diz Oswaldo Loureda, Se depender dos estudantes, o setor terá um fu-
fundador da Acrux, que desenvolve tecnologias turo promissor. A aluna de engenharia aeroespa-
aeroespaciais. Em 2016, US$ 2,8 bilhões foram in- cial Fernanda Pimenta, 21 anos, faz parte da Zenit
vestidos em startups espaciais, segundo Chad An- Aerospace, uma empresa júnior de alunos da Uni-
derson, CEO da rede de investidores Space Angels versidade de Brasília, que fabrica lentes para te-
Network (leia mais na pág. 36). No Brasil, o setor lescópios e presta consultoria na área. “Em breve,
ainda é muito dependente do governo. A maioria quero abrir meu negócio”, diz Fernanda.
26 pequenas empresas & grandes negócios FEVEREIRO, 2017 ILUSTRAÇÃO: TULIO CARAPIA
AO INFINITO E ALÉM
Conheça três startups americanas e três brasileiras que inovam neste mercado
O negócio da empresa é fabricar trajes especiais para astronautas. A startup começou a sair do papel em 2009, quando o
designer Ted Southern e o sócio Nikolay Moiseev, um engenheiro russo, ganharam US$ 100 mil num concurso da Nasa que
premia os melhores desenvolvedores de luvas espaciais. O objetivo é chegar a um custo de US$ 80 mil por peça, contra os
US$ 180 mil dos atuais modelos utilizados pela agência. Como pouquíssimas pessoas vão para o espaço, Southern diversi-
ficou seus negócios para a Terra. Entre as “peças terrestres” em fase de testes, estão uma calça antigravidade, que ajuda na
circulação do sangue, e jaquetas impermeáveis extremamente leves e dobráveis.
Em busca de diminuir o custo das viagens — a Nasa gasta cerca de US$ 100 mil para cada quilo levado ao espaço —, o ameri-
cano Chris Lewicki fundou, em 2009, uma empresa que se propõe a minerar asteroides próximos da Terra em busca de metais
preciosos. Potencialmente, os asteroides carregam recursos valiosos, incluindo platina, silicone, níquel e água, que podem ser
fracionados em hidrogênio e oxigênio para produzir combustível de foguetes e aeronaves. Ou seja, os asteroides poderiam ser
usados como áreas de reabastecimento no espaço. A mineração espacial está prevista para a próxima década. Enquanto isso,
a empresa começou a enviar minissatélites para observar os asteroides. No total, já recebeu US$ 20 milhões em aportes.
Funciona como uma espécie de Correios espacial. A equipe da empresa (fundada em 2009 por Jeffrey Manber) é responsável
por preparar a carga a ser levada à Estação Espacial Internacional, de acordo com as normas de segurança vigentes, além de
cuidar da complexa logística de entrega. O negócio já levou mais de 350 pequenas encomendas para o espaço. Entre os seus
clientes, estão corporações como a Nasa, a Agência Espacial Europeia e a Virgin Galactic. Cada envio custa entre US$ 30 mil
e US$ 60 mil. Além de despachar os “pacotes”, a empresa fabrica módulos de baixo custo para armazenar essas cargas. A
estimativa é que a Nanolabs tenha faturado em torno de US$ 5 milhões em 2016.
Fabricar e fazer pousar um módulo robótico na superfície lunar. Além disso, o veículo deve se locomover por pelo menos 500
metros. Mais: transmitir toda essa façanha ao vivo e em alta definição para a Terra. Esse é o desafio do Google Lunar XPrize
(GLXP), iniciativa que vai premiar com US$ 30 milhões a primeira startup que conseguir o feito até o fim deste ano. A brasileira
SpaceMeta, criada pelo engenheiro Sergio Cabral Cavalcanti, 50 anos, em 2007, é uma das 16 empresas que estão na briga pelo
prêmio. Por enquanto, o negócio sobrevive de doações e aportes de investidores, como a fabricante de chips Intel. Até 2020, a
empresa quer fazer cem lançamentos por ano para a Lua, financiados por empresas de telecomunicações, agrícolas e de defesa.
Fundada em 2011 pelo engenheiro Célio Vaz, a empresa fabrica painéis solares espaciais e materiais para foguetes, como
baterias, estruturas de integração e sistema de alimentação de motor a propulsão líquida. Os principais clientes são a Agência
Espacial Brasileira, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o Instituto de Aeronáutica e Espaço, universidades e
centros de pesquisa. A Orbital chegou a faturar R$ 2 milhões em 2010, mas enfrentou uma queda de 40% nos últimos três
anos. Para não depender exclusivamente de órgãos públicos, Vaz está usando seus conhecimentos espaciais para investir,
pela primeira vez, em energia solar terrestre. A iniciativa deve gerar uma nova unidade de negócios para a Orbital.
Fabricar câmeras espaciais para mapeamento e monitoramento é o que faz o braço aeroespacial da Opto. A empresa fun-
dada pelo engenheiro Mario Stefani, 56 anos, já construiu câmeras para a série CBERS, satélites brasileiros em parceria com a
China, e o Amazônia-1 (com lançamento previsto para 2019). Praticamente todas as instituições ligadas ao meio ambiente e
recursos naturais do país utilizam imagens geradas por nossas câmeras”, diz Stefani. Em 2010, a operação aeroespacial movi-
mentou R$ 60 milhões e, no ano passado, apenas R$ 4 milhões. São os outros negócios da Opto que garantem o equilíbrio do
fluxo de caixa. “Também atuamos no setor médico, fabricando lasers oftalmológicos e lentes antirreflexo”, diz Stefani.
MERCADO
Tamires Lietti
Uma grupo de empreendedoras vem abrindo negócios Buh D’Angelo, da InfoPreta, empresa de assistência técnica
em áreas que, até pouco tempo atrás, eram predominan- de eletrônicos. Outro motivo para a reunião das profissio-
temente masculinas. O eixo central desse movimento in- nais no mesmo empreendimento é a tentativa de mapear
clui capacitar mulheres (muitas delas em situação de fragi- e empoderar novos talentos femininos. É o caso do Sam-
lidade social, como mães solteiras da periferia) e focar em pa Tattoo, estúdio paulistano composto apenas por tatu-
clientes igualmente do sexo feminino. “O fato de muitas adoras. “Muitos estabelecimentos aceitam meninas como
profissões ainda serem dominadas por homens é um em- aprendizes. Mas pouquíssimos as efetivam como tatuado-
pecilho para as mulheres. No setor de serviços, por exem- ras residentes”, afirma a proprietária Samantha Sam, 26
plo, as clientes têm receio de serem enganadas ou de rece- anos. Veja a seguir quais são as estratégias de atendimento
berem um homem dentro de casa e sofrerem assédio”, diz e os nichos de consumo identificados por essas empresas.
28 pequenas empresas & grandes negócios FEVEREIRO, 2017 ILUSTRAÇÃO: BÁRBARA MALAGOLI
GESTÃO
Alimento
MERCADO EM Bebidas
EVOLUÇÃO 71%
2010
29% 68%
2015
32% 67%
2020*
33%
*PREVISÃO
BEBIDAS
Mariana Weber
ONDA FRESCA | CONHEÇA QUATRO NEGÓCIOS QUE ESTÃO CRESCENDO NO SETOR DE BEBIDAS NATURAIS
INOVAÇÃO
ROBÔS PARA Uma nova tecnologia cresce em ritmo exponencial no mundo das empresas:
programinhas dotados de inteligência artificial chamados de chatbots. Eles interagem
ATENDER A com os clientes em chats como Facebook Messenger, Slack e Telegram para resolver
questões corriqueiras — pedir pizza, confirmar reservas e comprar produtos, por
CLIENTELA exemplo —, repassando ao atendimento humano apenas os casos mais complexos.
Estima-se que até 90% das situações possam ser solucionadas pelos bots, uma
alternativa para ajudar nas vendas e reduzir o fluxo de ligações e e-mails. “Quando
Computação cognitiva e
é pedido algo para o qual nosso bot não sabe a resposta, ele pergunta para o usuário
inteligência artificial começam
o que ele quis dizer e tenta aprender aquela nova demanda”, diz Renata Zanuto, da
a ser usadas por startups para
IBM Brasil, que já oferta a tecnologia para startups. O investimento para criar um
oferecer atendimento online
assistente virtual se torna cada vez mais acessível. A desenvolvedora brasileira
sem interferência humana
Zapdesk cobra uma mensalidade de R$ 60 e mais 6% do valor de cada venda
Igor dos Santos intermediada pelo robozinho. Já o serviço de computação cognitiva da IBM custa
cerca de R$ 0,50 a cada cem interações. A onda dos chatbots começou em 2016 com o
WeChat, na China, e o Facebook. Em breve, o WhatsApp deve liberar algo semelhante.
ASSISTENTES VIRTUAIS
Conheça três empresas brasileiras que usam chatbots em seus negócios
ME CASEI
O Mecasei é um site que ajuda noivos a planejar todos os pontos de uma festa de casamento, des-
de a escolha das músicas até a administração da lista de presentes. No ano passado, a empresa
criou um bot muito simpático — a assistente Meeka. Por meio de um app próprio ou pelo Messen-
Mensagens ger do Facebook, a Meeka mantém comunicação com os noivos para lembrar as atividades que
precisam ser realizadas a cada dia, até a data do casório. Antecipar possíveis problemas é a sua
principal missão, algo possível graças ao “cérebro” por trás do chat, o sistema cognitivo Watson, da
IBM. “Cerca de 60% dos nossos clientes interagem com a assistente virtual”, diz Marcio Acorci, 34
Você
anos, fundador do Mecasei. “Ela tem funcionado como uma ótima ferramenta de fidelização.”
O que eu tenho
para fazer hoje?
MOTOBOY.COM
Nossa, h SUPERPLAY
O serviço brasileiro de streaming de músicas Superplay colocou seu robô no ar em maio de 2016.
Atualmente, ele sugere 4 milhões de músicas todos os meses para 100 mil assinantes, que pagam a
partir de R$ 5,90 mensais. Os usuários podem pedir sugestões de artistas e gêneros musicais direta-
mente pelo Messenger ou pelo Slack. “Em breve, será possível ouvir as músicas offline, o que deve
atrair ainda mais assinantes”, diz Gustavo Goldchmidt, cofundador da Superplay. O plano é tornar
o chatbot ainda mais inteligente, capaz de atender a solicitações mais complexas, que levem em
conta o contexto do usuário. Um exemplo: “Eu quero uma playlist de 20 minutos de jazz instrumen-
tal para correr”. Outro: “Eu quero uma playlist pop apenas com músicas novas da banda XYZ.”
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DISPONÍVEL PARA
P R E PA R E - S E
O QUE VEM POR AÍ EM FEVEREIRO
Adriano Lira
DE 18 A 21/2
I22/12
O presidente Michel Temer anuncia a
liberação do saque de contas inativas do FGTS
(Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
A partir de março de 2017, os contribuintes
poderão retirar todo o montante disponível
I31/12
O governo federal sanciona lei que regulariza a
cobrança do ISS (Imposto Sobre Serviços) das
empresas de transmissão online de áudio e vídeo,
como Netflix e Spotify. A cobrança será de 2%
do faturamento bruto das empresas, no mínimo.
I1/1
O salário mínimo é reajustado de R$ 880 para
R$ 937. O aumento foi de 6,74%, valor igual
54ª GIFT FAIR à inflação de 2016 segundo o INPC (Índice
Nacional de Preços ao Consumidor). O reajuste
Focada nos mercados de presentes
deve injetar R$ 38,6 bilhões na economia em 2017
e utilidades domésticas, a feira ocorre
— o equivalente a 0,62% do PIB.
simultaneamente à DAD, que é mais voltada aos
mercados da decoração, artesanato e design.
Os dois eventos se unem sob o nome Salão
Internacional de Decoração, Artesanato e Design.
I10/1
O Yahoo! muda de nome para Altaba. A novidade
ocorre sete meses após a empresa vender sua
São Paulo (SP)
bit.ly/2jsfDPH
marca, sites, aplicativos e serviço de e-mail
para a Verizon, em uma transação de
US$ 4,8 bilhões (R$ 15,4 bilhões). A empresa
I12/1
A Associação Brasileira de Franchising (ABF)
divulga o perfil das microfranquias no Brasil.
De acordo com a entidade, o número de redes
que operam com formatos reduzidos cresceu
45% entre 2013 e 2016, passando de 384 para 557
marcas. A partir de janeiro de 2017, a ABF passa
a considerar como microfranquias as unidades
com investimento inicial de até R$ 90 mil – até
10ª EXPO NOIVAS dezembro passado, o valor era de R$ 80 mil.
E FESTAS SÃO PAULO
A Expo Noivas & Festas tem o consumidor
final como público-alvo. Os expositores
I16/1
O governo federal, o Sebrae e o Banco do Brasil
da feira oferecem produtos e serviços de lançam o programa Empreender Mais Simples.
decoração, alimentação e entretenimento para O convênio tem o objetivo de reduzir a burocracia
casamentos, festas de debutantes, formaturas e aumentar o acesso ao crédito para os pequenos
e eventos corporativos. O evento oferece ainda negócios. Serão investidos R$ 200 milhões em
desfiles, cursos de gastronomia e decoração Confira a agenda sistemas informatizados para facilitar a gestão
completa de de empresas e R$ 8,2 bilhões na concessão de
e treinamentos para cerimonialistas.
fevereiro financiamentos. O programa deve beneficiar
São Paulo (SP) no site de PEGN: 50 mil empresas nos próximos dois anos.
bit.ly/1m7nhs9 revistapegn.globo.
com/Agenda
Chad Anderson
Nascido no estado de Arizona, nos Estados Unidos, e formado em
economia pela Universidade de Seattle, Chad Anderson, 36 anos,
trabalhou no banco JP Morgan Chase antes de se tornar o CEO
da Space Angels Network, rede de investidores-anjo dedicada a
startups do espaço, com sede em Nova York. Atua também como
diretor da WayPaver Foundation, organização nova-iorquina sem fins
lucrativos que busca solucionar grandes desafios da humanidade
O ANJO DO ESPAÇO E AS
STARTUPS DO FUTURO
Marisa Adán Gil
São muitas as crises que aba- exemplo é a agricultura de preci- Planet Labs divulgou imagens
lam o mundo hoje: refugia- são: com o uso de satélites, é pos- de Uganda que mostram exata-
dos, terrorismo, guerras, sível identificar padrões do solo mente como foi o crescimento de
mudanças climáticas. Como e do meio ambiente e aumentar um campo de refugiados no país
você justifica investir no es- a produtividade, o que significa entre junho e agosto do ano pas-
paço? O que essa indústria mais comida para o mundo. E a sado. Segundo a Anistia Interna-
pode fazer pela humanidade? indústria espacial também po- cional, as imagens foram funda-
A indústria espacial já está fa- de ajudar em uma questão cru- mentais para determinar o tipo
zendo muito pela humanidade. cial, que é a crise dos refugiados. de ajuda necessária. Isso nun-
Posso pensar em três exemplos. ca havia sido feito antes. Então
Hoje, a pesca ilegal é um proble- De que maneira? as possibilidades são infinitas.
ma enorme, que está arruinando Hoje existem mais de 65 milhões Não chegamos nem perto de tu-
o ecossistema dos oceanos, além de pessoas deslocadas à força de do que a indústria espacial ain-
de gerar prejuízos de US$ 23 bi- seus países de origem. Historica- da fará pela humanidade.
lhões ao ano. No Reino Unido, há mente sempre foi difícil determi-
empresas usando satélites para nar a velocidade com que esses Como você se envolveu com
monitorar os oceanos, ajudan- grupos de refugiados crescem, esse setor?
do as entidades de preservação ou para onde estão se deslocan- Antes de entrar nessa indústria,
a combater a pesca ilegal. Outro do. Mas recentemente a startup trabalhei durante quatro anos no
Um pesquisador da Universi-
dade de York, Mark Johnson,
disse que o setor passará por
diferentes estágios de fracas-
so até que todos possam lu-
crar. O que acha disso? FRONTEIRA
FINAL
Faz sentido para mim. Nesse Chad Anderson
momento, uma startup depende experimenta
da outra para chegar ao sucesso. ma como a rede trabalhava. Meu traje espacial Vocês já investiu dinheiro do
na sede da
Se você quiser fazer entregas na objetivo era criar uma plataforma empresa Space seu próprio bolso?
Lua, vai precisar de um sistema onde os investidores pudesse en- Adventures, em Sim, com certeza. Todos nós in-
de lançamento com um preço contrar todas as informações ne- Arlington, na vestimos pessoalmente em algu-
Virginia, durante
acessível, desenvolvido por ou- cessárias para decidir em quem encontro da Space ma startup. Mas não revelamos
tra startup. Além disso, vai de- apostar. Para isso, contratamos Angels Network valores de aportes, então prefiro
pender do sucesso da indústria um time de profissionais que tra- não entrar em detalhes.
como um todo para conseguir balham em tempo integral, ava-
clientes. Por isso é muito impor- liando empresas, indo a conferên- A Space Angels recebe cente-
tante não mergulhar cegamente cias, fazendo contatos. Muitos in- nas de pedidos de startups
nesse novo mercado. E esse é, pa- vestidores-anjo ainda estão querendo aportes, mas só 5%
ra mim, o maior valor da Space aprendendo sobre essa indústria. são escolhidas. Por quê?
Angels Network. O que fazemos Eles cresceram vendo Star Trek A maior dificuldade nesse setor
é ajudar as pessoas a entenderem e Stars Wars, mas não têm certe- é que boa parte dos empreende-
os riscos e as oportunidades. za se o setor é viável. O que faze- dores são pessoas técnicas. Eles
mos é ajudá-los a descobrir quais podem ser muito inteligentes, ter
Como surgiu a Space Angels são os negócios que valem a pe- uma solução tecnicamente muito
Network? na. Hoje, temos 220 membros de boa, mas ainda não pensaram no
A rede foi fundada em 2007, co- 25 países que investem por meio problema que estão tentando re-
mo associação tradicional de in- dos fundos gerenciados pela solver. Eu sempre recomendo que
vestidores-anjo, mas voltada pa- Space Angels: nesse esquema, já a startup tenha dois sócios, um
ra o espaço. Entre 2007 e 2012, investimos em dez startups. voltado para tecnologia e outro
foram investidas 40 startups. Normalmente, os aportes vão de com foco em negócios. É muito
Quando eu entrei, em 2012, pas- US$ 250 mil a US$ 500 mil, mas raro encontrar alguém brilhante
sei dois anos remodelando a for- podem chegar a US$ 2 milhões. nos dois aspectos, como Ellon
40 pequenas empresas & grandes negócios FEVEREIRO, 2017 FOTO: ARQUIVO PESSOAL
ONDE ESTÁ
A Hemmer
produz mais de 300
itens alimentícios,
como ketchup,
mostarda, molho de
pimenta, azeitona,
pepino em conserva
e cerveja. A empresa
tem sede em
Blumenau (SC),
onde trabalham
700 funcionários
CONQUISTA
PARA ONDE VAI
A empresa já
tem um distribuidor
no Paraguai e, até
o final de 2017,
DA AMÉRICA
deverá contar com
representantes
na Argentina, no
Chile, na China,
na Colômbia,
no Equador, nos
Estados Unidos, no Edson Valente Caio Cezar
Peru e no Uruguai
Ao longo da maior parte dos produção para atender a no- Foi preciso fazer um trabalho
seus 102 anos de história, a vos mercados”, afirma Luef. presencial de busca de par-
CHILE Hemmer, de Blumenau (SC), O potencial de fabricação de ceiros que conhecessem bem
manteve forte presença na produtos derivados de toma- seus mercados e já tivessem
região Sul e no eixo Rio-São te e da linha de mostardas foi uma boa carteira de clientes.
Paulo. Nos últimos 20 anos, a multiplicado em quatro vezes. “Em cada país, conversamos
fabricante de alimentos che- No mercado doméstico, o com três ou quatro distribui-
CHINA
gou a ter experiências fora crescimento visou às regiões dores para escolher um”, afir-
do Brasil e até desenvolveu Norte e Nordeste e deve ain- ma Luef. “Optamos por dar
um produto específico para o da rumar para o Centro-Oes- exclusividade a um só repre-
mercado japonês — um feijão te. Já no âmbito internacional, sentante em cada lugar, para
COLÔMBIA temperado e enlatado. “Mas o objetivo é, até o final deste evitar problemas com preci-
eram processos pontuais, fa- ano, estabelecer a marca na ficações diferentes e concor-
cilitados por intermediários América do Sul e fincar ban- rência interna.”
que levavam nossos produ- deiras também nos Estados O Paraguai tornou-se des-
tos para países como Japão, Unidos e na China. “É funda- tino para a marca há um ano.
ESTADOS UNIDOS Uruguai e Inglaterra. Não era mental buscar outros merca- Acordos com distribuidores
uma exportação direta”, diz dos para repor a queda das autorizados na Argentina, no
Ericsson Henrique Luef, 40 vendas internas neste cená- Chile, na Colômbia e no Uru-
anos, tataraneto do funda- rio de recessão”, afirma Luef. guai estão alinhados, e as ope-
dor, acionista — a Hemmer é O planejamento incluiu rações nesses países devem
PARAGUAI
uma sociedade anônima — e uma estratégia vital: a pros- começar nos próximos meses,
presidente da companhia. pecção de distribuidores no bem como as dos Estados Uni-
Há cerca de três anos, a em- exterior. O processo come- dos e da China. Equador e Pe-
presa decidiu expandir seus çou há um ano e meio e en- ru serão os alvos seguintes.
URUGUAI horizontes de maneira plane- volveu uma série de viagens Na Argentina, a procura foi
jada, não só em território na- do gerente nacional e de su- facilitada por contatos que a
cional, mas também em ter- per visores comerciais da empresa catarinense já pos-
ras estrangeiras. “Investimos Hemmer aos países em que a suía no país, por conta de
no aumento da capacidade de companhia pretendia entrar. uma experiência comercial
42 pequenas empresas & grandes negócios FEVEREIRO, 2017 ILUSTRAÇÕES: BRUNO ALGARVE
que durou cerca de sete anos e ajuda a destrinchar as exigên- ta nossos custos e a margem do
se encerrou há três. “Produzía- cias burocráticas para atuar distribuidor”, afirma Luef. “Se
mos pepino em conserva para no mercado local, que vão des- os valores são viáveis, então
uma companhia local, que ven- de as informações necessárias passamos efetivamente a es-
dia o produto com sua própria nos rótulos até as práticas de tudar o mercado e a dar início
marca”, diz Luef. “Também te- desembaraço aduaneiro. “Mes- à operação.”
mos alguns fornecedores em so- mo dentro do Mercosul, as le- Na Hemmer, as vendas no ex-
lo argentino.” Nos EUA e na Chi- gislações variam muito de país terior representam 2% do fatu-
na, o distribuidor será o mesmo para país”, diz Luef. ramento, que ficou em torno de
— uma empresa que leva itens É também o distribuidor quem R$ 230 milhões em 2016. A pro-
tipicamente brasileiros, como cuida da divulgação e do marke- porção vai crescer nos próxi-
pão de queijo, para esses países. ting dos produtos da marca ca- mos anos, mas Luef prefere não
tarinense no mercado desejado estabelecer metas ainda. “Esta-
PARCEIRO ALINHADO — e ajuda a precificar os itens mos entrando nesses mercados.
A escolha do distribuidor certo de acordo com o cenário eco- Daqui a um ano, teremos parâ-
é crucial para o sucesso da em- nômico e a concorrência da lo- metros mais precisos para de-
preitada, segundo o empreen- calidade. “Definimos os preços terminar quanto alcançaremos
dedor. É o representante quem em conjunto, levando em con- de crescimento”, afirma ele.
Camila Hessel
FOTO: CELSO DONI / Editora Globo FEVEREIRO, 2017 pequenas empresas & grandes negócios 45
I N O VA Ç Ã O CONSULTORIAS
INOVAÇÃO
EM SETE DIAS
A MESA & CADEIRA ção”, diz Bárbara. “Ninguém
CONQUISTOU CLIENTES pode perder o foco, pois temos
COMO FIAT, COCA-COLA E uma missão a cumprir.” Se o
NATURA AO PROMOVER grupo entender que é preciso
SESSÕES TURBINADAS criar um aplicativo de celular,
DE BRAINSTORMING por exemplo, uma versão pre- SENTA, QUE
EU TE ESCUTO
liminar tem de estar no ar até Bárbara
o último dia de trabalho. Soalheiro: como
O negócio da Mesa & Cadeira é, Bárbara monta as mesas com montar a própria empresa sur- gerar debates
com a ajuda
basicamente, reunir os melho- ajuda de uma equipe fixa de seis giu depois que a jornalista mi- de talentos de
res especialistas de determina- pessoas. O grupo deve ter um neira viveu na Itália e trabalhou diversas áreas
do assunto ao redor de uma me- perfil bastante eclético, forma- na Fábrica, centro de comuni-
sa, para que juntos trabalhem do por executivos da empresa cação, pesquisas e tendên-
em busca de respostas para di- contratante, makers (que colo- cias da fabricante de roupas
lemas estratégicos. “Somos cam a mão na massa) e especia- Benetton. “Era um um lugar ca-
mais de fazer do que de falar. O listas (que atuam como consul- ótico, com total desrespeito por
cliente sai daqui com um protó- tores). Todos os integrantes da hierarquia. Foi uma oportuni-
tipo pronto ou um plano de ação mesa são remunerados. Já par- dade única para aprender e en-
detalhado, prestes a ser imple- ticiparam pessoas como o pu- sinar fazendo”, diz ela. Em 2010,
mentado”, diz Bárbara Soalhei- blicitário Nizan Guanaes, o ator de volta ao Brasil, ela fundou a
ro, 36 anos, sócia-fundadora da Lázaro Ramos e o jogador de Mesa para realizar sessões de
Mesa, uma mistura de agência/ basquete Kobe Bryant. Dessas coaching coletivo, que tinham
consultoria/boutique de ideias reuniões saíram decisões como sempre um convidado renoma-
com base em São Paulo. o nome da nova picape da Fiat, do na cabeceira e um tema es-
Funciona assim: os partici- a Toro, fabricada no Brasil. Na- pecífico (o primeiro foi “como
pantes ficam imersos na ques- quela ocasião, o grupo foi além fazer a colaboração funcionar a
tão entre cinco e sete dias. Ao — desenvolveu uma metodolo- seu favor”). Mas o negócio des-
final, o grupo tem que entregar gia para “batizar” os carros, que lanchou de verdade quando a
uma resposta prática para o deverá ser usada nos próximos agência de marketing Flag virou
problema. Com isso, a empre- lançamentos da montadora. Na sócia, em 2013, e passou a ofe-
sa produz um briefing. A con- carteira de clientes, também es- recer as sessões de brainstor-
tratante paga R$ 200 mil, em tão Coca-Cola, Nestlé e Natura. ming para seus clientes corpo-
média, pelas sessões de brain- Até chegar ao modelo de ne- rativos. Em 2016, Bárbara orga-
storming. “É impossível sair- gócios atual, Bárbara teve que nizou 32 mesas, mais que o
mos da mesa sem uma solu- fazer alguns ajustes. A ideia de dobro do ano anterior.
FOTOS: CELSO DONI / Editora Globo FEVEREIRO, 2017 pequenas empresas & grandes negócios 47
I N O VA Ç Ã O CONSULTORIAS
LUCRO COM
GANHA-GANHA
FUNDADA COM O FIM
DE AJUDAR GRANDES
EMPRESAS A INOVAR DE um negócio que lidasse com um grupo multidisciplinar que
FORMA CONSCIENTE, A comportamento social, inova- incluía urbanistas, designers,
MANDALAH CONQUISTOU ção e estratégia. Cremasco e ONGs e um mediador de parce-
CLIENTES COMO NIKE, outros sócios entraram poste- rias entre o setor público e pri-
DANONE E C&A riormente. “A ideia sempre foi vado. Um ano depois, o trabalho
atender a empresas que preci- foi entregue com orientações pa-
savam criar negócios de valor ra ajudar a montadora a redire-
A crise econômica mundial de compartilhado: além de gerar CAPITALISMO cionar seus investimentos. A
DE CARA NOVA
2008, impusionada pela bolha lucro, elas devem deixar um le- Equipe da maioria dos itens apontava para
do mercado imobiliário ameri- gado positivo para as pessoas Mandalah oportunidades além do carro.
cano, fez bem para a consulto- e para o mundo em que vive- (esq.) e Victor Pode parecer absurdo recomen-
Cremasco
ria Mandalah, fundada em São mos”, diz Cremasco. (acima): como dar à GM investir em um mundo
Paulo dois anos antes. O discur- No começo, para mostrar seu gerar riqueza sem veículos, mas o papel da
so dos sócios de que só era pos- trabalho, os sócios entregavam de forma Mandalah é exatamente esse:
equilibrada
sível fazer negócios de forma para as marcas uma pesquisa apontar o caminho não óbvio.
consciente — em que a socieda- junto com um resumo de orien- Atualmente, em torno de 50
de e as pessoas devem ser leva- tação estratégica. Na época, os funcionários se dividem entre
das em consideração — ganhou contratos giravam em torno de pequenos escritórios em São
mais aderência. Deixou de ser R$ 5 mil a R$ 7 mil. Hoje, custam Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza,
apenas um falatório bonitinho pelo menos dez vezes mais. O México, Berlim, Tóquio e Nova
de jovens bem-intencionados e pulo do gato veio quando a Man- York, atendendo a empresas co-
tornou-se parte da agenda de dalah foi contratada pela Gene- mo C&A, Danone e Nike. “Nosso
CEOs de grandes empresas. ral Motors, que queria se envol- maior sonho é consolidar a Man-
“Ficou um pouco mais fácil ver a fundo em temas como o fu- dalah como uma consultoria que
fechar contratos”, diz Victor turo da mobilidade urbana, trabalha com mudanças de mo-
Cremasco, 35 anos, um dos novas tecnologias e energias re- delo mental, e não com produ-
atuais sócios da Mandalah, que nováveis. A consultoria montou tos”, diz Cremasco.
se define como consultoria de
“inovação consciente”.
Os dois fundadores, Louren-
ço Bustani, 36 anos, e Igor Bo- Além de gerar lucro, nossos clientes devem
telho, de 34, se conheceram
quando trabalhavam numa deixar um legado positivo para o mundo”
agência de pesquisas. Nesse pe- VICTOR CREMASCO,
ríodo, começaram a imaginar sócio da Mandalah
48 pequenas empresas & grandes negócios FEVEREIRO, 2017 FOTO: RICARO JAEGER / Editora Globo
CURADORIA DE
QUASE TUDO
A INESPLORATO VENDE
CONHECIMENTO SOB
MEDIDA COMO ANTÍDOTO
CONTRA O EXCESSO
DE INFORMAÇÃO ATUAL
NEGÓCIOS
COM MAIS DE
52 pequenas empresas & grandes negócios FEVEREIRO, 2017 FOTOS: BERNARDO SALCE, PEDRO VILELA, UARLEN VALERIO(Agência i7)/Divulgação
D
HÁ SEIS ANOS, EM UMA RUA BASTANTE
MOVIMENTADA DA REGIÃO CENTRAL
DE SÃO PAULO, VERA DAMASO, 61 ANOS,
SE DEPAROU COM A NECESSIDADE DE
DESENVOLVER MUITAS NOVAS HABILIDADES. ACOSTUMADA
À POSTURA FIRME E RÍGIDA DE JUÍZA, FUNÇÃO QUE
DESEMPENHOU AO LONGO DE MAIS DE 20 ANOS ATÉ
SE APOSENTAR, ELA TEVE QUE SE ACOSTUMAR A SER
MAIS MALEÁVEL. ALÉM DISSO, VERA TEVE QUE ADQUIRIR
UMA SÉRIE DE CONHECIMENTOS QUE ESTAVAM LONGE
DE FAZER PARTE DE SUA ROTINA NOS TRIBUNAIS.
EXPRESSÕES USADAS COM FREQUÊNCIA COMO "DATA VENIA"
E "LIMINAR INDEFERIDA" DERAM LUGAR A CONCEITOS
COMO "FLUXO DE CAIXA" E "GESTÃO DE ESTOQUES".
Tanto esforço tinha um objetivo claro: se manter ativa após a aposentadoria. “Vi
o exemplo de alguns colegas que deixaram de produzir quando se aposentaram
e envelheceram muito rapidamente”, afirma Vera. “Não queria isso para mim.”
Histórias como a de Vera, de gente que resolve empreender depois da aposenta-
doria, são cada vez mais comuns em países com envelhecimento acelerado, caso
do Brasil. Segundo levantamento realizado no país pelo Global Entrepreneurship
Monitor, em 2006, 6% das pessoas com mais de 55 anos eram donas de negócios
criados há menos de três anos e meio. Na última pesquisa, realizada em 2014, o
número tinha passado para 10%. O índice coloca o Brasil entre as nações que mais
empreendem na maturidade. Em países como Índia e China, a taxa de empreende-
dorismo depois dos 55 anos está em 4,4% e 5,3%, respectivamente.
Mas o que faz com que tanta gente no Brasil resolva fugir do lugar-comum de que
a melhor coisa para quem se aposenta é, como se diz por aí, aproveitar a vida? Por
trás desse quadro, é possível enxergar diversas mudanças pelas quais a sociedade
brasileira vem passando nos últimos anos. Hoje, estima-se que um cidadão brasileiro
54 pequenas empresas & grandes negócios FEVEREIRO, 2017 FOTOS: CARLA ROMERO/Valor/Agência O Globo; ALCYR CAVALCANTI/Agência O Globo; Getty Images
OCTÁVIO SERAPHICO
cimentos em marketing e na
área comercial com os de quem
entendia tudo do segmento.”
Empreender na terceira idade
fez com que Seraphico tivesse 70 ANOS
que se acostumar a desempe-
nhar funções como ir para a ANTES DE EMPREENDER:
Diretor comercial
porta de condomínios e super-
NEGÓCIO PRÓPRIO: Franquia da rede Quality Lavanderia
mercados convencer potenciais
clientes a conhecerem sua loja. RECEITA ANUAL: R$ 1,1 milhão
EMÍLIO GOMES
Gomes optar por continuar no
mesmo setor. Ele trabalhava na
mesma empresa desde os 19 anos
e tinha um grande conhecimento
técnico da área em que estava in-
serido. “O mercado já me conhe-
68 ANOS
cia e respeitava e eu não podia ANTES DE EMPREENDER: Diretor comercial
jogar fora toda essa experiência.” NEGÓCIO PRÓPRIO: Tchê Pack
Gomes, então, se juntou a alguns RECEITA ANUAL: Aumento em 60%
amigos que estavam na mesma
LIÇÕES DO EMPREENDEDORISMO:
situação e criou a Tchê Pack, Ao montar o próprio negócio, Gomes precisou se reacostumar a fazer
empresa que revende e faz ma- coisas que não fazia há muito tempo, como cuidar de pequenas
nutenção de produtos e equipa- burocracias do dia a dia e fazer visitas constantes mesmo aos clientes
mentos de companhias do setor que não têm uma grande relevância para o faturamento da empresa.
de embalagens. “Empreender me
fez voltar a ser criança, tendo que
reaprender muitas coisas que já
não faziam mais parte do meu
dia a dia como diretor”, afirma Empreender me fez voltar a ser criança, tendo
Gomes. “Mas estar em um setor
que eu já dominava facilitou esse
que reaprender muitas coisas que já não faziam
processo de adaptação.” mais parte do meu dia a dia como diretor
Uma vertente de empreende-
dorismo que também agrada
EXPERIÊNCIA A SERVIÇO | As principais vantagens e desafios enfrentados por quem decide empreender na maturidade
1 2 3 4
Estudos de neurociência Quem chegou à maturidade Depois de ter passado O nome construído no
já concluíram que os costuma ter muito mais por muitas experiências mercado e os contatos
VANTAGENS índices de criatividade clareza do que sente prazer profissionais, quem empreende feitos ao longo da carreira
tendem a melhorar com fazendo ou não, tendo na maturidade costuma ter um podem ser facilitadores
o tempo para quem se maior entendimento de radar mais apurado para boas para conquistar investi-
mantém ativo seus propósitos e más ideias dores e clientes
RICARDO
mas com pouca oferta no mer-
cado”, diz Serapião, da Lab60+.
Muitas vezes, dessa vivência
IBRI pessoal saem projetos bastante
inusitados. Um ótimo exemplo
disso é a Radionovela 60+. Cria-
65 ANOS da pelo músico aposentado Ri-
cardo Ibri, 65, a empresa oferece
ANTES DE EMPREENDER: Músico cursos de produção de radiono-
NEGÓCIO PRÓPRIO: vela para quem tem mais de 60
Radionovela 60+ anos. Por mais que a atividade
RECEITA ANUAL: R$ 100 mil pareça ser ultrapassada, a esco-
LIÇÕES DO EMPREENDEDORISMO: lha pelo formato não foi aleató-
Ibri quis fazer um negócio que ria. “Produzir uma radionovela
tivesse como foco o público é tecnicamente simples e esse
mais idoso — justamente
o público do qual passou a
público tem uma grande ligação
pertencer. Com isso, descobriu afetiva com o formato”, afirma
um grande potencial não apenas Ibri. Além disso, a criação dos
de mercado mas também roteiros é uma forma interes-
de profissionais. As próximas sante de trabalhar a autoestima
turmas do curso de radionovela
que ele oferece devem ser do pessoal. “Fazemos sempre
conduzidas por ex-alunos. tudo em cima da história dos
nossos alunos, que é uma forma
de eles verem quantos momen-
tos incríveis já viveram.”
Os cursos da Radionovela 60+
Não é um negócio que vai me deixar rico, mas sem dúvida são dados ao longo de 20 encon-
tros presenciais, que terminam
vai me fazer feliz por alegrar a vida de gente que, como com a produção de alguns capí-
eu, quer continuar se sentindo ativa depois dos 60 tulos da radionovela da turma
— a primeira delas se formou
em novembro. Em breve, Ibri
pretende levar seu método a ou-
tras cidades. “Não é um negócio
muito a quem resolve abrir seu grupo passe a representar mais que vai me deixar rico, mas sem
negócio depois de se aposentar é de 13% do total das pessoas que dúvida vai sempre me fazer fe-
a criação de empresas que aten- vivem por aqui. É um público liz por alegrar a vida de gente
dem o público da terceira idade. cheio de necessidades especí- que, como eu, quer continuar se
Segundo o IBGE, quase 8% da ficas, mas que ainda são pouco sentindo ativa e útil depois dos
população brasileira é formada vistas pelas empresas da maio- 60.” E, como Ibri e seus alunos,
por idosos com mais de 65 anos. ria dos setores. “Ao chegar nessa existe muita gente que acha que
Até 2030, a expectativa é que esse fase da vida, as pessoas notam os 60 são apenas um recomeço.
1 2 3 4
Diferentemente de quem A imagem popular que se A falta de planejamento sobre A baixa presença de pessoas
empreende jovem, o faz de que uma pessoa o pós-carreira faz com que mais velhas no ecossistema
DESVANTAGENS empreendedor da terceira com mais de 60 anos as pessoas não pensem no empreendedor cria uma
idade tem uma margem de deve apenas “curtir a vida” tipo de empresa que querem espécie de preconceito
manobra menor para o caso também joga contra o desejo ter quando encerrarem interno com quem não faz
de o negócio dar errado de ter um negócio próprio o trabalho tradicional parte do “padrão”
VOCÊ TEM
CADASTRO
NA LOJA?
Os programas de fidelidade, antes concentrados
nos gigantes do varejo, se popularizaram entre as
empresas de pequeno e médio porte. Saiba como
usar essa ferramenta para conquistar a lealdade
do cliente e gerar inteligência de mercado
Felipe Datt Bárbara Malagoli
A
cena é cada vez mais corriqueira. Você de entrada para esse tipo de ação, já que a
vai pagar a conta do supermercado, adesão tem uma mecânica muito simples”,
abastecer o veículo ou frequentar uma diz Silvio Laban, coordenador acadêmico dos
academia de ginástica, e o funcionário do cursos de MBA do Insper. “Para o consumi-
outro lado do balcão pergunta? “Já tem ca- dor, a vantagem é evidente, já que ele passa
dastro?” Ou então: “É cliente fidelidade?” a acumular benefícios em suas transações
Daí, você preenche um formulário — ou for- comerciais regulares.” Do lado dos varejis-
nece o CPF — e, a partir daquele momento, tas, as informações sobre as preferências dos
passa a acumular pontos que serão usados clientes são um ativo precioso. Ao serem sub-
no resgate de brindes, descontos, benefícios metidos a análise, esses dados podem ser
ou experiências. Em troca das recompensas, transformados em ações capazes de aumentar
informa para o varejista seu nome, sua idade, o tráfego de clientes na loja (física ou virtual)
sua data de aniversário. A partir daí, permite e reforçar o tíquete médio das vendas. E o me-
que seus hábitos de consumo — o que com- lhor de tudo: trata-se de uma estratégia com
pra, quando compra, as marcas preferidas — eficiência comprovada na retenção de clientes.
sejam rastreados pelo estabelecimento. Foi na década de 1990 que esses programas
Nos últimos dois anos, os programas de se tornaram conhecidos no Brasil. As primei-
fidelidade se proliferaram no país com uma ras a adotar o modelo foram as companhias
velocidade inédita, atingindo negócios de to- aéreas, que usavam as milhas para incentivar
dos os portes e segmentos. “Não há barreira a lealdade de seus passageiros. Na sequência,
DEFINA AS REGRAS
ou algo em torno de 16 milhões tes, pet shops, lojas de bolos... O primeiro cadastro deve ser simples. Com o tempo,
de consumidores. Em merca- Em sua maioria, os pequenos es- questionários mais elaborados reforçam o banco de
dados — as novas perguntas podem render pontos
dos de fidelização mais madu- tabelecimentos trabalham com adicionais. As regras precisam ser claras, bem como
ros, como a Inglaterra e o Cana- programas próprios, que ofere- o número de pontos para obter cada benefício.
dá, a penetração é de 40%. “Em cem apenas a opção de resgate
tese, temos potencial para mul- naquela loja. “É o modelo domi-
tiplicar por quatro o número de nante nos Estados Unidos, on-
pessoas cadastradas. A proje- de a cultura de cupom é muito
ção é de crescimento contínuo, forte”, diz Medeiros, da ABEMF. DIVULGUE O PROGRAMA E TREINE A EQUIPE
com aumento de penetração Boa parte dos empreendedores Tótens, faixas e anúncios devem estar espalhados
na população. Há muitas van- ainda recorre ao modelo básico por todo o estabelecimento. O site deve conter
banners para informar sobre a existência da ação. É
tagens para o consumidor”, diz de fidelidade, do tipo “junte cin- fundamental treinar a equipe para divulgar, estimular
Roberto Medeiros, presidente co carimbos e ganhe uma sobre- a adesão e explicar as regras do programa.
da Multiplus e da ABEMF. mesa”. Mas, ainda que possa fun-
A recessão econômica dos úl- cionar para ações táticas (como
timos dois anos ajudou a alavan- um giro de estoque ou o reforço
car as adesões: com a queda do de caixa no curto prazo), o méto-
poder aquisitivo, o consumidor do traz poucos resultados no que APOSTE EM COMUNICAÇÃO NÃO INVASIVA
se viu atraído pela possibilida- se refere à fidelização. “Trata-se Os clientes não gostam de ser assediados. Estabeleça
padrões para o envio (promoções, aniversário, etc).
de de usar pontos em vez de de um sistema arcaico. O carim- Como regra geral, o e-mail é considerado um canal
dinheiro. Mas, de acordo com bo não fornece subsídios ao vare- menos invasivo que SMS e telefone. Pergunte ao
os especialistas, a crise apenas jista sobre quem é aquele consu- cliente como ele prefere receber as notificações.
acelerou uma tendência já exis- midor. Não é possível identificar
tente. “Não é o caso de vincular hábitos de consumo, comunicar-
o crescimento à instabilidade se ou aprender com ele”, diz o
econômica. O que amplia o al- consultor de marketing do Se-
CALCULE OS CUSTOS
cance desses programas no Bra- brae-SP, Gustavo Carrer.
sil é a sua estrutura multiban- Para usufruir de todos os be- Um programa de fidelidade requer investimentos em
softwares, equipe para monitoramento de dados,
deira, ou seja, a possibilidade nefícios de um programa de fi- distribuição de prêmios e descontos aos consumidores
de acumular ou resgatar pontos delidade, o consultor recomen- inscritos. Com o tempo, é possível mensurar se o
em diferentes lojas e serviços”, da o sistema de pontuação, que aumento nas compras compensou os gastos.
diz Alberto Serrentino, sócio da converte os gastos em pon-
Varese Retail Strategy. tos, posteriormente trocados
por produtos, brindes, descon-
CADASTROS SEM FIM tos e experiências. Ao se cadas-
PREMIE CEDO
Nem só de coalizões entre gi- trar no programa, o cliente re-
Escolha brindes que podem ser trocados logo, na
gantes vive esse mercado. Du- vela seus hábitos de consumo: o primeira ou segunda compra. Elabore tabelas
rante muito tempo, os progra- que compra, quando compra, em mostrando os pontos necessários para adquirir cada
mas de fidelidade das empresas qual quantidade, com qual valor. item. O resgate imediato é muito desejado pelos clientes.
de pequeno e médio porte se re- E-commerces de nicho, como Já os benefícios de longo prazo ajudam na retenção.
sumiam a cartões de carimbo, petshops e lojas de vinho e cer-
usados por negócios de bairro. veja, têm apostado nos clubes de
Mas, de 2014 para cá, a estraté- assinatura, que promovem a fide-
gia passou a ser adotada com lização pela recorrência de com- ESCOLHA A MELHOR RECOMPENSA
maior frequência pelos peque- pras — além de garantir uma re- As recompensas precisam gerar valor para os clientes.
nos e médios, que muitas vezes ceita mensal ao lojista. Outra op- Quem trabalha com consumidores das classes C
não contam com recursos para ção são os clubes de benefícios, e D podem descobrir itens desejados no próprio
portfólio. Companhias que atuam com as classes A
ações em mídia e marketing. Em que oferecem mimos ou pré-lan- e B devem dar preferência a prêmios exclusivos.
pouco tempo, o tal cadastro virou çamentos exclusivos aos clientes
rotina em lavanderias, restauran- que efetuam compras mensais a
FAÇA a diferença
Uma nova geração de empreendedores com acesso livre ao
conhecimento e à tecnologia está transformando seus negócios
em plataforma de inclusão social e sustentabilidade ambiental.
Para eles, a melhor maneira de resolver os graves problemas
da humanidade é começar em sua própria cidade. Saiba por
que sua empresa precisa se preparar para essa tendência
Fabiana Pires e Bruno Vieira Feijó Raul Aguiar
Olha os demais
Foca no que está com empatia e sem
acontecendo de preconceitos
bom no mundo Se preocupa com o estado de
Em meio a um mundo espírito de outras pessoas. Em
caótico e cheio de outras palavras, consegue se
injustiças, é movido por colocar no lugar do próximo
um otimismo persistente, para entender suas perspectivas
quase inabalável. É e necessidades. E acredita que,
alguém que insiste em em muitos casos, a melhor
seguir adiante, porque maneira de obter respostas
realmente acredita para a resolução de problemas
que vai obter sucesso, não é por modelos desenhados
apesar de ter escolhido no computador, planilhas
o caminho mais difícil. financeiras ou uma simples
Esse otimismo pode “eureca!”, mas sim por meio
irromper para o excesso da observação, da conversa,
de confiança, que tende Sabe conectar os pontos do empoderamento
a ser prejudicial, mas é o
combustível essencial ainda não conectados do usuário, da
experimentação e
para alimentar o Não dá para ser criativo nem resolver questões complexas do aprendizado
compromisso social olhando apenas para o próprio negócio. É preciso sair do
assumido com si casulo e conhecer novos ambientes, pessoas e sistemas. O FONTES: Ana Fonseca, da Fundação
próprio e com a empreendedor social faz exatamente assim, juntando governos Getulio Vargas, e Renan Costa
sociedade. e outras empresas para avançar em suas soluções. Rego, gerente de aceleração de
projetos sociais da Artemísia
sa recente da Universidade de St. nomia tradicional baseada em re- so: faltam áreas verdes no centro
Gallen, na Suíça, o montante in- cursos tangíveis, que se esgotam expandido das cidades. Blanche
vestido em negócios de impacto ou poluem o ambiente, como água tratou disso em um manifesto que
social na América Latina aumen- e petróleo, a indústria criativa de- escreveu no Facebook, em meados
tou em 12 vezes de 2008 a 2013, pende essencialmente de recur- de 2013. Batizada de Movimento
alcançado US$ 2 bilhões ao ano. sos humanos, como a criatividade, 90°, a página na rede social defen-
Nesse modelo, o lucro aferido das que se renovam infinitamente”, dia os jardins verticais (plantações
empresas não é apenas financei- diz Ana Carla Fonseca, coordena- instaladas em paredões vazios das
ro. “O retorno é medido segundo dora do primeiro MBA em Cidades laterais de edifícios) como um jei-
o progresso material e social das Criativas, ofertado pela Fundação to eficiente de levar o verde para a
comunidades envolvidas”, afir- Getulio Vargas. “Faz todo sentido cinzenta São Paulo. Ele conheceu
ma Renan Costa Rego, gerente da que os empreendedores sociais se a técnica por meio de um amigo
Artemísia, principal aceleradora baseiem na indústria criativa para que havia morado em Paris. Além
de negócios sociais no Brasil. Ao viabilizar suas operações.” de filtrar a poluição, a solução ver-
mesmo tempo, uma pesquisa da de consegue diminuir os ruídos e a
Federação das Indústrias do Esta- O MANIFESTO “VERDE” temperatura dentro dos edifícios.
do do Rio de Janeiro aponta que QUE VIROU NEGÓCIO Nascido e criado em São Paulo,
os negócios sustentados pelo tri- O paisagista Guil Blanche, 26 anos, Blanche cursou arquitetura e ur-
pé tecnologia, arte e cultura mo- é um caso exemplar de quem banismo na paulistana Escola da
vimentaram R$ 155,6 bilhões em transformou uma causa coletiva Cidade, instituição que foca gran-
2015 no Brasil (algo como 2,6% do em uma empresa que usa a cria- de parte dos estudos na ocupação
PIB), um crescimento de 80% em tividade como modelo de negócio. do espaço público. Quando ouviu
uma década. “Ao contrário da eco- Suas ideias partem de um consen- falar sobre jardins verticais, já era
1 ADEIXAR
VONTADE DE
UM LEGADO 3 AEMPREENDEDORES
ADMIRAÇÃO PELOS
5 ACOMPETITIVIDADE
MEDIDA DA
O desejo de construir algo Uma pesquisa recente da Endeavor Apenas 31,8% dos brasileiros
que faça a diferença para a mostra que os empreendedores são afirmam que sempre têm que ser
sociedade move 60% dos citados por 53% da população como o os melhores, custe o que custar.
empreendedores do país e grupo que mais faz o Brasil avançar — à Entre os estrangeiros de outros sete
está entre as oito principais frente das grandes empresas (24%), das países, esse número chega a 52,8%.
razões para ter um negócio. multinacionais (18%) e do governo (5%).
O VERDE NO
LUGAR DO CINZA
Blanche, da
Movimento 900:
mais de 40 jardins
verticais instalados
em edifícios na
cidade de São Paulo
FOTO: OMAR PAIXÃO/Editora Globo FEVEREIRO, 2017 pequenas empresas & grandes negócios 69
C A PA NEGÓCIOS DO SÉCULO XXI
FOTO: GABRIEL RINALDI/Editora Globo FEVEREIRO, 2017 pequenas empresas & grandes negócios 71
C A PA NEGÓCIOS DO SÉCULO XXI
72 pequenas empresas & grandes negócios FEVEREIRO, 2017 ILUSTRAÇÃO: GUILHERME HENRIQUE
do mundo.” A arte de rua de Ber- comunicação envolvidos na or- das fundadoras da Goma. Ela e
lim e Nova York, por exemplo, é ganização de feiras, exposições GRUPO SERTTEL outros quatro colegas de faculda-
reverenciada pelo mundo da arte e pinturas a céu aberto. SEDE: Recife (PE) de — Guilherme Tanaka, 26, João
moderna. Embora São Paulo es- É o caso do paulista Goma Ofi- FUNDAÇÃO: 2009 Wallig, 29, Lauro Rocha, 31, e Vitor
(braço de bikes)
teja vivendo um momento de im- cina, um coletivo formado por FUNCIONÁRIOS: 1.400 Pena, 29 — criaram um coworking
passe (o prefeito João Dória ten- 30 fotógrafos, designers, grafi- FATURAMENTO EM que funciona de maneira colabo-
ta limitar o espaço desse tipo de teiros, cinegrafistas e programa- 2016: R$ 60 milhões rativa, onde os membros pos-
(braço de bikes)
expressão), trata-se de um movi- dores que trabalham num sistema suem projetos solo e em grupo
mento que não deve retroceder no horizontal, colaborativo e autô- ao mesmo tempo. Todos eles cur-
longo prazo. Um dos sinais mais nomo ao mesmo tempo. “Parece saram arquitetura e urbanismo na
claros vem dos próprios escritó- confuso, mas funciona”, diz Maria Escola da Cidade, a mesma insti-
rios de design, arquitetura e de Cau Levy, 27 anos, arquiteta e uma tuição onde Blanche se formou.
PRODUÇÃO COM
CONSCIÊNCIA
Meirelles, Rocha, Latini
e Galindo, da Zerezes:
óculos produzidos
com restos de madeira
reciclada encontrados
em caçambas e
obras de demolição
Foi durante os anos na escola que nhar painéis. “A gente fornece pla- mando 1,4 mil metros quadrados),
o grupo despertou a vontade de ZEREZES nejamento, infraestrutura e pro- que estavam às moscas. Em 2010,
trabalhar com o assunto. SEDE: Rio de Janeiro põem ideias ao artista, que, mui- a prefeitura decidiu transformá-lo
Fundada em 2009, em São Pau- (RJ) tas vezes, não tem uma equipe em um espaço de atividades cul-
lo, a empresa assina diversos ti- FUNDAÇÃO: 2012 para auxiliá-lo”, diz Maria Cau. turais. A Goma ganhou a licitação
FUNCIONÁRIOS: 11
pos de projetos, de decoração de FATURAMENTO EM Um outro braço da agência aten- para revitalizá-lo. Hoje, centenas
empresas a curadoria de museus. 2016: R$ 1,5 milhão de a licitações públicas. O proje- de pessoas frequentam o espaço
Uma das suas especialidades é to mais ambicioso foi a Ocupação todos os meses, participando de
montar instalações. A Goma atua Vila Flores, em Porto Alegre, um oficinas de arquitetura e aulas de
com uma rede de dez grafiteiros complexo arquitetônico formado marcenaria. Em 2016, a empresa
que são contratados para dese- por três edifícios e um pátio (so- faturou R$ 1,6 milhão.
74 pequenas empresas & grandes negócios FEVEREIRO, 2017 FOTO: MARCELO CORREA/Editora Globo
A COMPETIÇÃO POR
ESPAÇO URBANO
bus, por exemplo) ou mudar há-
bitos de consumo. Nesse sentido, Os negócios brasileiros
O Brasil, você já deve ter se dado
conta, vive uma febre de ciclovias.
As pistas reservadas às bicicle-
driblar as dificuldades foi parte
crucial do trajeto do engenheiro
Angelo Leite, 56 anos, fundador
sustentados pelo
tas já alcançam 440 quilômetros
em Brasília, 380 quilômetros no
da Serttel. A empresa pernambu-
cana de tecnologia administra o
tripé tecnologia, arte e
Rio de Janeiro e 356 em São Paulo.
A tendência se repete pelo mun-
compartilhamento de bicicletas
em São Paulo, no Rio de Janeiro
cultura movimentaram
do. Sob essa perspectiva, pare-
ce existir uma boa aceitação do
e em outras dez cidades.
Foi numa visita à Europa, em R$ 155,6 bilhões em
público por soluções que ajudem
a melhorar a mobilidade urbana
(os engarrafamentos e a falta de
2008, que o empreendedor vis-
lumbrou o quanto as bikes muda-
vam (para melhor) a cara de uma
2015 (algo como 2,6%
transporte adequado causam pre-
juízos monumentais à economia).
cidade. “Fiquei impressionado co-
mo as ciclovias diminuem a agres-
do PIB), uma alta de
Por vezes, porém, levar adiante
um grande projeto de impacto re-
sividade do ambiente urbano”, diz
Leite. “Quando você está dentro
80% em uma década
quer trilhar o caminho mais difí- de um carro, com o vidro fecha-
cil: convencer a população de que do, não vive o entorno.” Na épo-
ela também precisa aceitar sua co- ca, a Serttel completava 21 anos e
ta de sacrifício (abrir uma ciclovia oferecia serviços que variavam de
“rouba” espaço dos carros e ôni- conserto de orelhões a um siste-
ma de controle de semáforos. Em
2009, a prefeitura do Rio de Janei-
ro abriu uma licitação para o pro-
jeto Bike Rio. Leite ganhou. A mo-
tivação para desbravar esse mer-
cado no Brasil veio por um misto
de oportunismo e consciência de
que as discussões sobre mobilida-
de urbana se aprofundariam por
aqui. “Eu não apostaria na ideia
se não soubesse que esse é o fu-
turo”, afirma Leite. “As maiores
cidades do mundo já tinham ci-
clovias. Se eu não apostasse no
segmento, alguém iria fazê-lo”.
Como não havia nada parecido
por aqui, a empresa desenvolveu
um aplicativo capaz de ler o QR
Code gravado nas bikes e desblo-
quear as travas. As duas primei-
ras estações foram instaladas em
Copacabana. Em poucas sema-
nas, quase todas as bicicletas fo-
ram roubadas. O problema não
estava no sistema em si. “Não ha-
via um pensamento coletivo de
proteger aquele bem”, diz Leite.
Durante dois anos, a empresa de-
sembolsou R$ 3 milhões para re- VIA
formular a tecnologia (que libe- COMUNICAÇÃO
ra a bike mediante o registro de SEDE: Fortaleza (CE)
FUNDAÇÃO: 2000
um cartão de crédito). O negó- FUNCIONÁRIOS: 3
cio só entrou no azul quando o FATURAMENTO EM
Itaú entrou como patrocinador, 2016: R$ 1 milhão
em 2012. Com um nome de peso
por trás, a ideia acabou ganhando DESIGN SUSTENTÁVEL das tornariam as cidades abarro-
o coração dos cariocas e do res- No ano passado, de acordo com tadas de lixo em até 30 anos. Fe-
to do país. “As pessoas começa- a organização Global Footprint lizmente, diversas soluções cria-
ram a enxergar o serviço como Network, a sociedade entrou tivas avançaram propondo uma
um benefício.” Com o impulso, a em ecological overshoot (exces- reconfiguração da cadeia produ-
empresa mais do que quadrupli- so ecológico) no dia 8 de agosto, tiva. O sistema de economia cir-
cou de tamanho em cinco anos e passando a produzir mais resí- cular, por exemplo, sugere um
faturou R$ 60 milhões em 2016. duos do que a natureza conse- mundo onde não exista a ideia de
Agora, a Serttel desenvolve em guiria absorver em 2016. A cada resíduos, e todo o lixo seja retro-
Recife um sistema que comparti- ano, chegamos a esse marco mais alimentado em ciclos contínuos.
lha carros elétricos. Novamente, cedo. O desperdício começou a A fabricante carioca de óculos
Leite está movendo mundos para ser detectado ainda na década de Zerezes é um exemplo de empre-
ajudar a criar as bases de um mer- 1980, quando estudos mostraram sa que nasceu propondo fazer a
cado praticamente inexplorado. que as matérias-primas descarta- sua parte. Seu negócio é vender
76 pequenas empresas & grandes negócios FEVEREIRO, 2017 FOTO: DRAWLIO JOCA/Editora Globo
pre indo ou vindo de Fortaleza. Ha- reunindo para tocar numa peque- de R$ 1 milhão). “Eu costumava
via outro problema: Guaramiranga na cidade do Nordeste, como já viajar para Guaramiranga para fu-
tinha tudo o que nenhum turista aconteceu no passado. gir do Carnaval e aproveitar o frio.
esperava encontrar no Ceará. “Co- Formada em sociologia pela Foi numa dessas viagens que pen-
mo a cidade fica na serra, chega a Universidade Federal do Ceará, sei em criar o festival”, diz Maria
fazer 15 graus de temperatura du- Maria Amélia é o nome por trás Amélia. “O jazz foi escolhido para
rante a noite”, diz Maria Amélia de diversos outros eventos cul- contrastar com o que geralmente
Mamede, 54 anos, idealizadora turais no estado, como a Bienal tocava nas rádios: samba e axé.”
do Festival de Jazz e Blues, que Internacional do Livro e o Festi- Hoje, cerca de 30 mil pessoas vi-
ocorre em Guaramiranga há 17 val Nordestino de Teatro — to- sitam a cidade durante o festival,
anos. Parece difícil imaginar len- dos debaixo do guarda-chuva da que ocorre no Carnaval. O evento
das do jazz, entre eles os guitar- Via Comunicação, fundada por ela já contou com patrocínio de em-
ristas Stanley Jordan e Magic Slim e a amiga Rachel Gadelha, 53, em presas como Aço Cearense, Voto-
e o gaitista Toots Thielemans, se 1990 (o negócio fatura em torno rantim e Banco do Nordeste.
FOTO: GABRIEL RINALDI/Editora Globo FEVEREIRO, 2017 pequenas empresas & grandes negócios 79
C A PA NEGÓCIOS DO SÉCULO XXI
VOZ PARA CAUSAS das Organizações Não Governa- atender a esse filão ao fundar a
“INVISÍVEIS” mentais (Abong). Além da crise, agência Nossa Causa, em 2012. NOSSA CAUSA
Um papel importante em progra- pesam sobre elas a falta de uma O negócio, sediado em Curitiba SEDE: Curitiba (PR)
mas inclusivos no Brasil é o das gestão profissionalizada na área (PR), tem duas frentes. Uma de- FUNDAÇÃO: 2012
ONGs. Existem cerca de 350 mil de marketing para divulgar suas las é a própria agência de marke- FUNCIONÁRIOS: 11
FATURAMENTO EM
delas no país. Parece muito? Dois causas com mais eficiência. “Se ting, que presta serviços que vão 2016: R$ 340 mil
anos atrás, esse número passa- a ONG não tiver um site bonito, desde a confecção de flyers até a
va de 600 mil. Com a crise, o re- redes sociais atualizadas e cam- gestão de redes sociais — tudo
passe dos governos caiu, grandes panhas que chamem a atenção, a preços pelo menos 30% abai-
empresas abandonaram projetos não sobrevive por muito tempo”, xo da média de mercado. A outra
beneficentes e a população freou diz Sérgio Haddad, presidente da frente é um portal que publica ma-
as doações. A queda em receitas Abong. O casal de publicitários térias sobre práticas de gestão e
desde 2014 é estimada em 60%, Amanda Riesemberg, 28 anos, marketing para o terceiro setor (o
segundo a Associação Brasileira e Giulianno Soares, 32, decidiu site serve como captação de leads
FOTO: GUILHERME PUPO/Editora Globo FEVEREIRO, 2017 pequenas empresas & grandes negócios 81
C A PA NEGÓCIOS DO SÉCULO XXI
E N T R E V I S TA
“
economia feudal para a de merca-
do no final da Idade Média. Está
evidente que o capitalismo, como
modelo econômico que nos trou- O futuro caminha para modelos de
xe até aqui, não serve para sus-
tentar o futuro da humanidade e negócios criativos que demandam a troca
do planeta Terra. Chegamos a um
ponto em que todos dizem “não
de conhecimento em rede e não envolvem
dá mais”. O problema é que, por
muito tempo, boa parte da eco-
necessariamente valor monetário. Nesse
nomia se apoiou na extração e no caso, a moeda de troca não é o dinheiro”
82 pequenas empresas & grandes negócios FEVEREIRO, 2017
www . revistapegn . com . br
ONDE PROCURAR AJUDA
Confira as principais iniciativas de fomento a negócios sociais e criativos
e os cursos que ajudam a abrir a mente para encontrar o seu propósito
DISPONÍVEL PARA
IDEIAS, ESTRATÉGIAS
E BOAS PRÁTICAS
PARA SUA EMPRESA
Edição: Marisa Adán Gil
e Mariana Iwakura
GESTÃO
Tudo que você
precisa saber para
decifrar os editais
de órgãos públicos e
ganhar dinheiro com
licitações do governo
86
COMO
ELES FAZEM
Como as empresas
estão se defendendo
dos ataques de
hackers, e o que
você pode fazer para
proteger o seu negócio
92
COMO EU FIZ
As estratégias de
crescimento da
Ecoville, empresa de
Jundiaí que combina
indústria, venda porta
a porta e franquia
94
ILUSTRAÇÃO: GUILHERME HENRIQUE FEVEREIRO, 2017 pequenas empresas & grandes negócios 85
G E S TÃ O LICITAÇÕES
PASSO 2
OPORTUNIDADES
MAPEIE POTENCIAIS CLIENTES
Procure compradores que apresentem menor Definido o público-alvo, invista na busca
PARCERIA NO ASFALTO risco (logístico e financeiro) e mais chances de editais. Há várias formas de localizá-los,
Para vencer editais,
de considerar seus produtos ou serviços seja consultando sites, usando alertas de
empreendedor conta
competitivos. Para isso, é importante verificar novas publicações, ou contratando uma
com o apoio de toda
no edital a descrição do serviço e a maneira empresa especializada.
a rede Único Asfalto
como o cliente pretende que este seja feito.
Exemplo: caso o edital se refira à entrega 1. Acompanhar os editais nos sites dos
de ingredientes para merenda escolar, será órgãos públicos responsáveis pela licitação
O franqueado Hebert
necessário verificar a periodicidade e agregar o (como exemplo, Infraero, Banco Central, etc.),
Vallim, 48, dono de em jornais de grande circulação e nos diários
custo do transporte na proposta comercial.
uma unidade da Úni- oficiais dos municípios, estados e da União.
co Asfalto em Goiânia
(GO), tem uma es-
Cheque o status de “bom pagador” dos 2. Apostar nos grandes portais de
potenciais clientes estaduais e federais nos compras, como o Comprasnet, do
tratégia original para sites de transparência dos estados (exemplo: governo federal (comprasnet.gov.br),
vencer licitações. www.transparencia.sp.gov.br/mapa.html) o Licitacoes-E, do Banco do Brasil (www.
Com a ajuda da rede, ou no site de transparência da União (www. licitacoes-e.com.br), e o Compras Caixa
que conta com 82 transparencia.gov.br). “Assim você evita (www.licitacoes.caixa.gov.br).
fornecer a um inadimplente”, afirma Reinaldo
unidades, ele mapeia
Moreira Bruno, professor de Direito Público da
3. Contratar uma assessoria para
editais de todo o país, automatizar e personalizar a busca de
Universidade Presbiteriana Mackenzie. oportunidades. Um plano de 12 meses custa,
localizando oportuni-
dades para fornecer em média, R$ 550. “No início, é importante o
Consulte o plano anual de compras dos empreendedor fazer uma pesquisa manual,
asfalto e prestar órgãos públicos de seu interesse (disponíveis para se familiarizar com esse universo. Mas,
serviço de tapa-bura- nos sites de cada um deles). Muitos publicam, se precisar ganhar escala, será inevitável
co. Depois, contrata de antemão, o que será adquirido, suas procurar uma assessoria”, diz Gazen, da
os parceiros para be- características e em quais quantidades. LiciJur Inteligência em Licitações.
neficiar o asfalto ou
ajudar na execução
do serviço. “Todas as
cidades do país preci-
sam de asfalto. O que
os editais exigem é
preço baixo e produto
de qualidade. Como a
franqueadora mapeia
as licitações em todo
o país, e eu mantenho
minhas certidões e
documentações em
dia, fica mais fácil ga-
nhar as licitações”, diz
Vallim. Sua franquia
faturou R$ 32 milhões
no ano passado. Os
contratos com mu-
nicípios – em 2016,
foram 46 prefeituras
– respondem por
80% desse montan-
te. Em 2017,
a meta é alcançar
80 prefeituras.
3. Condições exigidas para recebimento do produto, Coloque na ponta do lápis todos os seus custos diretos e
obra ou serviço. indiretos, além da margem de lucro. Inclua a carga tributária e
os custos de distribuição e entrega.
4. Sanções pertinentes, em caso de descumprimento
do contrato. Preveja o custo financeiro da operação e o risco que esta
implica. “Essa engenharia é fundamental para calcular o
5. Condições para participar da licitação (exigências capital de giro e projetar o fluxo de caixa”, afirma Moreira Bruno.
para habilitação) e formas de apresentar as propostas
(exigências para seleção). Elabore uma proposta competitiva, mas que não traga
prejuízo. Tome como base o preço de referência presente no
6. Critério de julgamento — por preço, técnica ou a
edital, que é o parâmetro do pregoeiro ou da comissão da
combinação de ambos —, com regras e parâmetros
objetivos. licitação para avaliar se as propostas apresentadas estão
dentro do valor de mercado.
7. Critérios para aceitação dos preços, com base no valor
de referência (resultado da pesquisa de mercado feita Cheque se o edital estipula um valor máximo – este é um
pelo órgão público) e preço máximo (quando houver). critério objetivo de desclassificação de propostas;
8. Condições de pagamento, com definição Vale apostar no menor preço quando participar de concor-
de prazos, cronograma, compensações financeiras rências, tomadas de preço e convites. Nessas modalidades,
e penalizações (em caso de atraso) e descontos as empresas só têm uma chance de apresentar sua proposta
(se houver antecipação). comercial. A estratégia também pode ser usada no pregão
presencial, que tira da disputa as propostas que ultrapassam
9. Instruções e regras para apresentar recursos. o menor valor ofertado em dez pontos percentuais ou mais.
10. Anexos: projeto básico, com toda a especificação Já no caso do pregão eletrônico, oferecer o preço mais baixo
nem sempre é bom negócio. “O empreendedor pode entrar
da compra; e cópia do contrato que será assinado
pelo vencedor da licitação. com valores maiores e reduzi-los na etapa de lances”, afirma
Flávia, da Vianna & Consultores.
FAÇA UM CHECK-LIST
Cheque minuciosamente todos os documentos que o edital pede para a fase
SAÚDE PÚBLICA
Empresa de Ribeirão
de habilitação, com especial atenção para a validades das certidões. “A lista varia,
Preto tenta vender
mas nenhum edital pode ir além do que está previsto na Lei de Licitações”, afirma
seus softwares
Gazen, da LiciJur.
para o governo
Antes de fechar os envelopes, verifique todos os detalhes do edital para evitar
a desclassificação. Confira, por exemplo, se as propostas técnica e comercial estão Quando a Kidopi foi
devidamente assinadas e rubricadas, em duas vias, pelo sócio-administrador ou fundada, em 2009, o
representante legal da empresa. objetivo dos sócios era
vender para o governo
Todo cuidado é pouco. Na modalidade pregão, o concorrente que é inabilitado pela
estadual um software
falta ou falha de documentos está sujeito a processo administrativo, com sanções.
que ajudava a encontrar
vagas para pacientes de
urgência em hospitais.
“Investimos tudo que
QUAL É O SEU TIPO DE EDITAL? tínhamos”, afirma o
fundador Mario Sérgio
Conheça as diferente modalidades de
Adolfi Júnior, 29 anos.
licitação para fazer negócios com o governo
Mas, no ano seguinte, o
edital da Secretaria de
1. Convite: para obras e serviços de engenharia com preços até Saúde anunciou que só
R$ 150 mil ou bens e outros serviços até R$ 80 mil. O edital concorreriam empre-
é substituído por cartas-convite dirigidas a pelo menos três sas com mais de três
fornecedores. O ato é público e admite a participação de outros
anos de vida. “Quase
interessados com cadastro no Sistema de Cadastramento
Unificado de Fornecedores (Sicaf). quebramos”, diz. O jeito
foi investir no setor pri-
2. Tomada de preços: para obras e serviços de engenharia com vado. Os dois softwares
preços até R$ 1,5 milhão ou produtos e outros serviços até
seguintes, o Sisos, para
R$ 650 mil. Os concorrentes só apresentam suas propostas depois
de verificada sua habilitação para participar do processo. gestão de clínicas, e o
CleverCare, para acom-
3. Concorrência: para obras e serviços de engenharia acima de R$ 1,5 panhamento remoto
milhão ou produtos e outros serviços que superem os R$ 650 mil.
de pacientes, foram um
4. Pregão: para aquisição de bens comuns, como materiais de sucesso de mercado.
escritório, peças de reposição, serviços de informática, entre Em 2014, entraram em
outros. Não tem limite de valores. “É a modalidade mais usada um pregão para vender
devido à agilidade que oferece”, diz Moreira Bruno. A apresentação o CleverCare à Universi-
das propostas e dos lances antecede a fase de habilitação dos
dade de São Paulo. “Mas
concorrentes. Pode ser presencial ou eletrônico.
os lances baixaram tanto
que ficou impraticável.”
FIQUE ATENTO No ano passado, o em-
preendedor participou
Nem todas as licitações e pregões resultam na de um programa de ace-
contratação. Há editais que são usados apenas leração de startups para
para registrar os preços de produtos ou serviços vendas públicas. “Vamos
que o órgão público pode vir a adquirir. “Esse tipo continuar investindo no
de documento pode ser entendido como uma mercado governamental,
intenção de contratar futuramente a empresa porque queremos que
que ofereceu o menor preço”, afirma Moreira nossos produtos gerem
Bruno, da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
impacto”, diz.
CONHEÇA
O VENCEDOR
Tudo que acontece na sessão pública,
inclusive na fase de recurso, é registrado em ata,
apresentada pela Comissão de Licitação ou pelo
pregoeiro e assinada por todos os concorrentes.
A ata ainda passará por adjudicação e homo-
logação. Após publicação do resultado da licitação,
o vencedor é convocado para assinar o contrato.
PRIMEIRO LUGAR
fiscal só quando a empresa for desempate sempre que o de compra de
declarada vencedora. “Ainda que primeiro colocado for uma até R$ 80 mil, só
haja irregularidades ou alguma empresa de maior porte. podem concorrer
Pela Lei Geral da Micro e Pequena certidão vencida, o negócio pode Para tanto, o micro ou micro e pequenas
Empresa (Lei Complementar participar normalmente da licitação”, pequeno empreendedor empresas. O
123/2006), as micro e pequenas diz Moreira Bruno, da Universidade precisa estar em segundo mesmo vale para
Presbiteriana Mackenzie. Se lugar, com uma oferta até licitações que
empresas ganham tratamento necessário, na assinatura do contrato, 5% mais alta no caso dos preveem compras
especial nas licitações públicas. o empreendedor pode solicitar cinco pregões, ou 10% mais alta de itens isolados
Conheça as principais vantagens dias úteis, prorrogáveis pelo mesmo se for uma concorrência, ou de lotes que não
período, para obter as certidões fiscais. tomada de preço ou convite. superem esse valor.
SEGURANÇA EM DESCOMPASSO
Embora 73% dos ESTRATÉGIAS DE SEGURANÇA
gestores acreditem
O que as empresas estão fazendo para se proteger contra ataques cibernéticos
que suas empresas
estão protegidas contra OBJETIVOS AO INVESTIR EM SEGURANÇA VIRTUAL MÉDIAS DE ATAQUES
COM E SEM SUCESSO
GRAU DE CONFIANÇA NOS RESULTADOS ESPERADOS
ataques virtuais, as Ataques sem sucesso Ataques bem-sucedidos Média de
ataques
medidas de segurança Proteger as informações dos clientes
49% 84% 3%
0 a 30
55%
adotadas nem sempre 56% 82%
Proteger as informações da empresa 18%
31 a 60
são as mais efetivas. 54% 77% 32%
Proteger a reputação da empresa 51%
O resultado é um 50% 76% 5%
61 a 90
Prevenir interrupções de serviço
grande número de 27% 69%
14%
91 a 150
Reduzir perdas financeiras 1%
ataques bem-sucedidos, 3%
25% 66% 151 a 270
em sua maior parte Reduzir problemas legais ou de compliance 0%
22% 61% 7%
realizados pelos Proteger a privacidade dos empregados
0%
+ de 270
18% 65%
próprios funcionários. Garantir a satisfação dos clientes 5% Nãosabem/não
7% responderam
As conclusões estão
na pesquisa Building
Confidence, realizada
pela consultoria
106 foi a média global de tentativas de violações de dados sofridas pelas
empresas nos últimos 12 meses. 32 delas foram bem-sucedidas
“ O que falta na maioria das empresas, seja de maior ou menor porte, é o envolvimento real do
comando. A cybersegurança não pode ficar apenas a cargo da área de TI, tem que fazer parte da
estratégia da companhia” — Walmir Freitas, diretor executivo da Accenture no Brasil
Holanda
Canadá 138
96 37
32 Irlanda
120 Alemanha
38 101
32
Espanha
94
Estados Unidos
32
94 Japão
29 França 79
114 Itália
124 29
32
Brasil 34
86
31 Emirados Árabes Cingapura
141 138
AS VIOLAÇÕES POR PAÍS* 33
33
Ataques sem sucesso
Ataques bem-sucedidos
Austrália
“ Esse alto índice de sucesso dos ataques tende a ser ainda maior nas pequenas e médias empresas,
já que elas também são alvos potenciais para invasores, mas muitas vezes não se dão conta disso.
80
33
Além disso, negócios menores costumam ter menos recursos e sistemas para se proteger”
— Walmir Freitas, da Accenture
*MÉDIA DE ATAQUES NOS ÚLTIMOS 12 MESES
77% EM QUE ASPECTOS A EMPRESA PRECISA MELHORAR FATORES QUE AFETAM NEGATIVAMENTE O COMPLIANCE
dizem que, se 58% 38%
End point e segurança de rede Criptografia 75% Tecnologias insuficientes
houvesse mais 46% 30%
Resposta a incidentes Garantias de identidade 74% Falta de liderança
recursos para 44% 26%
a segurança Gestão de vulnerabilidades Estratégia de negócio Falta de conscientização
43% 74% dos
25% empregados
virtual, seria Monitoramento de segurança Análise de cyber ameaças
possível 42% 23% 73% Comportamento dos usuários
Aplicação de segurança Equipe
resolver todos 40% 23% 73% Tecnologias disruptivas
os problemas Inteligência contra ameaças Negócios e profissionais
40% 22% 73% Complexidade das regras
da empresa Gestão de riscos Controle de danos
COMO APLICARIA OS NOVOS RECURSOS PORCENTAGEM DO FATORES QUE AFETAM POSITIVAMENTE O COMPLIANCE
ORÇAMENTO DE TI GASTO COM
54% 47% 44% Visibilidade dos fluxos de trabalho e
SEGURANÇA VIRTUAL HOJE 81%
Proteção da reputação Proteçãodas Proteçãodas operações
da empresa informações da empresa informaçõesdosclientes 80% Conscientização dos empregados
39% das empresas | 7% a 10%
34% 28% 25%
36% das empresas | 4% a 6% 80% Políticas e procedimentos bem
Prevenção de Redução de perdas Redução de problemas detalhadas
interrupçõesdosserviços financeiras legais ou de compliance 21% das empresas | 11% a 15% 80% Aplicação dura das regras
19% 17% 13% 2% das empresas | 1% a 3% 78% Programas de treinamento das equipes
Garantir a satisfação Investimentos em Proteção da privacidade Certificação contra os principais
dos clientes treinamento da equipe dos empregados 1% das empresas | 16% a 20% 77% padrões
“ Não basta investir em tecnologia. É preciso prestar atenção nos outros elos que compõem
uma boa estratégia, que são processos bem definidos e políticas de proteção do usuário.” “ É preciso envolver os funcionários, investindo
em educação e campanhas disciplinatórias.”
— Walmir Freitas, da Accenture — Walmir Freitas, da Accenture
LIMPEZA DE IMPACTO
Quando participou do projeto Extreme Makeover, em 2012, a Ecoville faturava R$ 3 milhões ao
ano. Hoje, a empresa tem uma receita estimada em R$ 130 milhões. Aqui, o fundador Leonardo
Castello, 39 anos, conta como usou as lições de gestão aprendidas ao longo do caminho para
criar um negócio inovador, que combina indústria, loja própria, venda direta e franquia
SOM NA PISTA
A música eletrônica sempre foi a paixão de Mário Sérgio de Albuquerque, 32 anos. Depois de produzir shows
internacionais e festivais como o Tomorrowland, ele abriu em 2015 o Laroc Club, um clube ao ar livre em Valinhos,
interior de São Paulo. Agora, seu sonho é transformar a casa no maior point de música eletrônica do mundo
Sempre gostei de música eletrônica. Mas nunca tive a ambição de ser DJ: o que eu queria era ficar
no backstage, conhecer os artistas, mergulhar nesse mundo. Assim que saí do colégio, em 2002, fui
trabalhar no Anzuclub, em Itu, no interior de São Paulo. Fiquei lá durante oito anos, ocupando di-
ferentes funções, até me mudar para São Paulo, em 2010. Nos três anos seguintes, fui sócio de uma
agência de eventos, a LoveLife, que produziu shows importantes, como o do DJ David Guetta. Na
sequência, fui convidado para trabalhar como gerente de produção na Plus Talent, onde estou até
hoje. Lá, fui responsável pela organização do festival Tomorrowland Brasil. Em 2015, ao lado de cin-
co sócios, criei o conceito do Laroc Club: um clube a céu aberto, com capacidade para 6 mil pessoas,
palco de baladas que começam às 4 da tarde e se estendem pela madrugada. Desde o começo, a pro-
posta era fazer apenas 18 festas ao ano, com entradas de R$ 80 a R$ 200. O investimento inicial foi
de R$ 4,8 milhões: pelos nossos cálculos, deveremos ter o retorno no final de 2018. Mas o que eu que-
ro mesmo é transformar o Laroc no maior clube de música eletrônica do mundo. Vamos chegar lá.”