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Gerontologia e

Geriatria (2)

Sílvia Machado
Gerontologia e
Geriatria (2)

- Solidão
- Depressão
- Sexualidade

Cap. 2
Definições de solidão:
É um conceito vago, desprovido de universalidade.

As definições partilham um acordo em três aspectos


gerais:

A solidão não é necessariamente devido ao isolamento por


parte do indivíduo, sendo esta uma experiência de cariz
subjectiva, que é psicologicamente desagradável, pois,
resulta de um relacionamento deficiente.
Tipologias utilizadas para distinguir diferentes formas de solidão:

Moustakas (1961) citado por Félix Neto (2000); efectua a distinção entre
ansiedade – solidão e ansiedade existencial:

A ansiedade – solidão é aversiva e resulta de “uma alienação básica entre


homem e homem”; Moustakas (1961) citado em Félix Neto (2000).

A solidão existencial faz parte integrante da experiência humana,


implicando momentos de auto confrontação e proporcionando auto
crescimento.

O tempo - tem sido o segundo factor de classificação, logo a solidão pode-se


apresentar no indivíduo como um traço característico da sua
personalidade.
• PERLMAN e PEPLAU (1981) “A solidão é uma
experiência desagradável que ocorre quando a rede de
relações sociais de uma pessoa é deficiente nalgum
aspecto importante, quer quantitativa quer
qualitativamente.”

• Derlega e Margulis (1982) “Na nossa perspectiva a


solidão é causada pela ausência de um parceiro social
apropriado que possa ajudar na realização de
importantes objectivos dependentes de outras pessoas,
e o desejo continuado de tais contactos sociais.”
Factores de Solidão
Externos:

Saída dos filhos de casa

Internamento institucional do idoso

Reforma

Viuvez
Constitui : Reforma
modificação da trajectória de vida dos indivíduos;

alteração nas actividades laborais quotidianas;

crescente perda de amizades;

empobrecimento das relações interpessoais.


É uma das passagens mais amarga da existência humana estando impregnada de
afectos negativos tais como o sentimento de solidão.

A perda do outro supõe uma grande ruptura a nível pessoal, familiar e social.

Sequelas motivadas pela viuvez:


Viuvez
desilusão pela vida
mau estar psicológico
insónias
depressões
limitações domésticas (maioritariamente no caso dos homens)
perda de facetas
cesse de boa parte das actividades de ócio
afastamento das antigas amizades matrimoniais
A perda laboral e a perda conjugal activam em grande medida a possibilidade para
a aparição de problemas como o isolamento social e a solidão.

Neste contexto de mudanças o idoso, deve adaptar-se a uma situação totalmente


desconhecida na qual factores como o apoio dos filhos, caso existam, e em
geral das redes sociais, junto com a própria forma de ser, determinam a partir
de então a sua vida.
Internos: Factores de Solidão
Alterações fisiológicas resultantes do processo de Senescência:

rugas
cabelos brancos
perda das peças dentárias
incontinência urinária
Entre outras.
Qualquer um pode sentir-se na solidão???
Idade:
É na faixa etária correspondente aos jovens que este sentimento é mais sentido

Assim: Os idosos são erradamente estereotipados como as pessoas que se


sentem mais sós.

Género:
Não há diferenças nas populações de solidão segundo o género.

Estado civil:
As pessoas que estão solteiras sofrem mais de solidão que as casadas.
Porém as pessoas viúvas e divorciadas ainda são as que mais se sentem sós.
Outras características:
A solidão é mais comum entre as pessoas pobres do que as pessoas ricas.

Também se pode afirmar que os sujeitos que possuem estudos mais


avançados comparativamente com que não são escolarizados sentem-se
mais sós.

Pessoas cujos país se tinham divorciado sentem-se mais solitárias que


aquelas pessoas em que os pais se encontram unidos.

As pessoas que se encontram bem fisicamente sentem-se menos sós


TENTATIVAS DE COMBATE À SOLIDÃO
SOLIDÃO OBJECTIVA

“pessoas que estão sós”

SOLIDÃO SUBJECTIVA
“pessoas que se sentem sós”
Possíveis causas do sentimento de solidão

estar na sua própria casa e ter medo de lá estar, pois se se sentir mal não
tem a quem recorrer;
estar institucionalizado devido à sua família não poder cuidar de si a
tempo inteiro;
entre outras situações;
 Para um melhor conhecimento da situação, é
necessário que o idoso transmita o que sente e o que vive.

O idoso sente vergonha por não ser capaz de manter activas as suas
relações sociais. O idoso tem uma enorme dificuldade em reconhecer e
afirmar, que se sente só, perante a família e os amigos.
Esta negação é como que um mecanismo de defesa.
O idoso pensa que a sua vida não valeu a pena, se admitir que está
em solidão.

Para piorar a situação, os estereótipos existentes levam as estes


comportamentos de isolamento, do mundo que os rodeia.

Qualquer que seja a idade as pessoas se não tiverem nada para


fazer acabam por se aborrecer. Os idosos têm a necessidade de
estar ocupados para se sentirem úteis.
Quando podemos considerar que uma pessoa
se sente só?
evitam os outros (JONES, CLAVERT, SNIDER, e BRUCE, 1985);
estão sensíveis à rejeição (RUSSELL et al. 1980);
passividade (DUBREY e TERRILL, 1975);
apresentam menor compromisso em funções sociais activas (EVANS, 1983).
Como ajudar as pessoas a sentirem-se menos
sós?
A solidão conduz a que as pessoas se sintam:
Julgadas
ridicularizadas

Podem-se assim tratar os problemas:


•Recorrendo aos nossos próprios recursos, por nós mesmos
Ou
•Recorrer á ajuda Profissional

Pode-se concluir
Segundo Perlman e Peplau 1982, citado por Neto(2000), existem três
Abordagens gerais de Confronto com a Solidão:

1. “Quando as pessoas se sentem sós podem reduzir a sus


necessidade de contacto social”
2. “Aumentar a quantidade e qualidade de contactos sociais”
3. “Reduzir o foço entre níveis desejados e realizados de contacto
social”

Talvez o modo mais óbvio de vencer a solidão seja


estabelecer ou melhorar as relações sociais.
A consequência directa do

abandono dos idosos, da sua


segregação, da dificuldade
de comunicação é a solidão.”
ANDRADE;2003:216
A DEPRESSÃO
NO IDOSO
Isolamento
Depressão Social e SUICÍDIO
Tristeza
A DEPRESSÃO NO IDOSO É MUITO MAIS COMPLICADO DE SE DIAGNOSTICAR,
APRESENTANDO ESTE COMO UMA DEPRESSÃO ATÍPICA, COM CARACTERISTICAS
PRÓPRIAS, O QUE DIFICULTA O SEU DIAGNÓSTICO CORRECTO.

Os sintomas aos quais devemos estar em alerta são as perturbações de sono, tristeza,
Ansiedade, total desinteresse naquilo que até então era importante para ele, sintomas
confusionais, etc.

Segundo vários estudos, a Depressão aparece na sua maioria em idosos com AVC,
Alzheimer, cancro ,doenças coronárias e doenças relacionado com demências.

A depressão pode atingir cerca de 20% da população, segundo o Ministério da Saúde


(2004), a depressão foi a causa principal de mais de 60% dos suicídios em Portugal.
Factores geradores da Depressão no Idoso….
• Perdas de familiares, emancipação dos filhos,
Suporte Familiar etc

• A Reforma e inactividade!
Status
Ocupacional e
Económico
• Dependência económica

• Perda de autonomia
Declínio Físico • Aparecimento de doenças
SOCIAL
ECONÓMICO
(alterações das relações
(aumento das despesas com
familiares,
a saúde)
Institucionalização forçada)

Consequência da
DEPRESSÃO

SANITÁRIO
ÉTICO
(Aumento do consumo de
(Problemática do suicídio
cuidados básicos, de
no idoso)
Instituições)

Fonseca e Paúl, 2005


SINAIS DE UMA PERTURBAÇÃO DO SONO

 Dificuldade em adormecer;
 Despertar matinal ou tardio não desejado;
 Sono interrompido;
 Queixas relacionadas com a necessidade de repouso;
 Alterações ao nível do comportamento e do desempenho (aumento da
irritabilidade; agitação; desorientação; letargia; apatia);
 Sinais físicos (nistagmus ligeiro ou passageiro; ligeiro tremor das mãos; ptose
palpebral; face inexpressiva; olheiras negras; discurso arrastado; bocejos
frequentes; alterações da posição).
REGRAS PARA UMA MELHOR HIGIENE DO SONO:

 Dormir o tempo necessário para se sentir bem;


 Acordar a hora fixa e estabelecer horas regulares para o adormecer;
 Fazer regularmente exercício;
 insonorizar o quarto;
 Manter o quarto a uma temperatura adequada;
 Tomar uma pequena refeição antes de se deitar;
 Evitar cafeína após as 18 horas;
 Evitar álcool;
 Levantar-se quando o sono tardar e ocupar-se evitando assim a frustração e a
ansiedade;
 só tomar um sonífero quando outras medidas não forem eficazes.
Sexualidade
Mas o que de tão púdico tem a temática
Sexualidade?

A SEXUALIDADE começa no nascimento e


envolve quem somos, o que somos e como
lidamos com isso numa relação afectiva
interpessoal.
“A sexualidade não equivale apenas ao genital. A genitalidade
refere-se só à actividade sexual primária efectuada pelos órgãos
sexuais que condicionam a reprodução”.
Francesc Gomá
“O acto sexual humano, além do seu aspecto puramente
reprodutivo, tem atributos psicológicos e sociológicos servindo
para atender as necessidades pessoais mais profundas,
reforçando a ligação entre parceiros e colaborando para a
estabilidade da sociedade” .
Brocklehurst
“A SEXUALIDADE É UMA ENERGIA QUE NOS
MOTIVA A PROCURAR AMOR, CONTACTO,
TERNURA, INTIMIDADE; QUE SE INTEGRA NO
MODO COMO NOS SENTIMOS, MOVEMOS,
TOCAMOS E SOMOS TOCADOS; É SER-SE SENSUAL
E AO MESMO TEMPO SEXUAL; ELA INFLUENCIA
PENSAMENTOS, SENTIMENTOS, ACÇÕES E
INTERACÇÕES E, POR ISSO, INFLUENCIA
TAMBÉM A NOSSA SAÚDE FÍSICA E MENTAL.”
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE
Os falsos mitos e preconceitos vêem prejudicar e muito a sexualidade dos idosos.

Frases como “Deus nos livre de um palheiro velho


a arder” ou “É indecente e de mau gosto os idosos
manifestarem desejos sexuais”, despertam
sentimentos de culpa e anormalidade nos idosos.
Estes assumem assim um papel sexual inactivo,
desculpando-se com a idade para a falta de
relações sexuais.
Quais os obstáculos à Sexualidade Sénior?

 Depressão
 Medicamentos
 Doenças Degenerativas
 Viuvez
 Baixo auto-estima
 Vergonha e sentimento de culpa
 Mudança Corporal
 Vivenciar a sexualidade conforme a estrutura da
personalidade
Dificuldades Sexuais Conjugais

 Comunicação
 Diálogo sobre as mudanças sexuais
Desgastes
Antes/Depois
Namoro
Investimento constante na relação
Causas de Diminuição da Actividade
Sexual
 A capacidade e interesse do(a)
companheiro(a),
 O estado de saúde,
 Problemas de impotência no homem ou de
dispareunia na mulher,
 Efeitos colaterais de medicamentos;
 Perda de privacidade.
"Costuma-se dizer que, para se ter uma vida
sexual activa tem de se pedalar durante toda
a vida. O ciclista, se deixar de pedalar, cai."
Na terceira idade, a sexualização do corpo
continua mas é muitas vezes feita de
"equivalentes sexuais: carícias, beijos,
apalpões e dormir encostados como
duas colherzinhas."
MITOS da sexualidade no envelhecimento

 Os idosos não têm interesses sexuais…


 Os idosos que se interessam pelo sexo são perversos….
 A actividade sexual faz mal à saúde, debilita…
 Os homens idosos têm interesse sexual mas as mulheres não
 Os idosos que têm doenças deixam de ter actividade sexual..
 Os desvios sexuais são mais frequentes nos idosos…
 “Não podemos de modo algum impor um modelo
jovem de actividade sexual aos idosos, fazendo-os
sentir-se incapazes;
 Respeitemos a sua história e os seus valores; Não
os pressionemos com exigências sexuais;
 Ofereçamos-lhes a possibilidade de viver os
afectos e a sexualidade a partir da sua própria
história sexual e afectiva.”
Félix López, 1998
Em suma……
A sexualidade não se deve resumir simplesmente à

relação “pénis – vagina”. Esta encontra-se relacionada

com muitos outros factores.

O Modelo do Prazer é o modelo que melhor se adequa

aos idosos e que permite que os mesmos expressem a

sua sexualidade na plenitude.

Facto este que deve ser conhecido e aceite por todos

nós, por toda a Sociedade.


 A ACTIVIDADE SEXUAL NÃO TEM QUE CONDUZIR
OBRIGATORIAMENTE À PENETRAÇÃO;

 A PRINCIPAL PRIORIDADE DEVE SER A COMPANHIA;

 INVESTIR NA TERNURA E NO CARINHO;

 DIALOGAR ABERTAMENTE SOBRE MEDOS E


EXPECTATIVAS;

 UTILIZAR TEMPO PARA PERCEBER AS ALTERAÇÕES QUE


AMBOS ESTÃO A ENFRENTAR;
 USAR NOVAS ESTRATÉGIAS (TEMPOS DE ACÇÃO,
POSIÇÕES, CARÍCIAS, ETC.);
 RESPEITAR O CASO DE UM OU AMBOS
NECESSITAREM DE MAIS;
 TEMPO PARA SE SENTIREM APTOS
DESEMPENHAR O ACTO SEXUAL;
 NÃO ESQUECER QUE A COMUNICAÇÃO É UM
FACTOR CRUCIAL;
 PROCURAR AJUDA ESPECIALIZADA SEMPRE QUE
HOUVER NECESSIDADE.

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