Você está na página 1de 4

Edição em Português Silva et al

Análise Comparativa da Infiltração Bacteriana na a cada ano após a instalação da prótese.7 Entretanto,
depois se passou a compreender que, mesmo estando
Interface Implante/Pilar de Implantes com Conexão o implante em função, essa perda óssea superficial
e pequena em forma de pires, também chamada de
Externa ou Interna. Estudo In Vitro saucerização, termo vindo do inglês saucerization, em
algumas situações clínicas prejudicava a estética dos
Weider de Oliveira Silva1/Raquel Francis Almeida2/ Claudio Maranhão Pereira3/ tecidos moles peri-implantares, podendo comprometer
assim a estética final da reabilitação.7,8
Fabrício Luscino Alves de Castro4/ George Furtado Guimarães5/James Carlos Nery6
O grau de infiltração bacteriana em um sistema de
implante específico, presumivelmente, é uma condição
Várias pesquisas vêm sendo desenvolvidas com implantes dentários a fim de investigar a microfenda ou multifatorial dependente da precisão de ajuste entre o
microgap presente entre o implante e o pilar protético onde pode ocorrer o acúmulo de microrganismos, implante e o pilar, o grau de micromovimento entre os Fig 1 Base utilizada para aplicação de torque.
crescimento bacteriano e, consequentemente, a perda óssea peri-implantar. Objetivo: O objetivo componentes e a quantidade de torque utilizado para
nesta pesquisa foi avaliar, de forma comparativa, a infiltração bacteriana in vitro na interface ligar o pilar ao implante. O micromovimento pode atuar
entre pilar e implante, comparando-se dois tipos de conexões protéticas: Hexágono Interno (HI) como fator fundamental, onde um fluxo bacteriano entre foi coletada com alça platina uma porção do meio de
e Hexágono Externo (HE). Foram utilizados quarenta e dois implantes, inoculados com bactéria as peças internas e externas dos implantes pode ser lan- cultura colocando essa porção em uma placa de Petri
Escherichia coli, em meio de cultura Brain Heart Infusion (BHI) a 37ºC por 72 horas. A análise çado nas cristas ósseas adjacentes, causando reabsorção contendo ágar BHI e levada à estufa bacteriológica nas
estatística foi realizada por meio do método qui-quadrado, com índice de significância p<0,05. Os das mesmas. Apesar de microgaps menores na interface mesmas condições descritas anteriormente.
dois grupos apresentaram infiltração bacteriana, entretanto, com diferença significativa, onde o
implante/pilar serem observados nas interfaces cônicas, A inoculação da bactéria Escherichia coli foi reali-
comparados às interfaces planas, estudos já descreveram zada por um único operador, devidamente calibrado
grupo 1 (HI) apresentou 26,66% de conjuntos contaminados e o grupo 2 (HE), apresentou 78,57%,
que mesmo o sistema cônico não consegue impedir e paramentado, em Câmara de Fluxo Laminar Vertical
revelando haver diferenças estatisticamente significativas em todos os períodos (Hexágono Interno x
totalmente a infiltração bacteriana.5,9,10 (Pachane®, Piracicaba, São Paulo – Brasil) com o auxílio
Hexágono Externo/ 24h-p=0,016; 48h-p=0,005; 72h-p=0,005). Com base nos dados pode-se concluir Assim sendo, objetivou-se neste estudo avaliar, in vitro, de uma pipeta de precisão calibrada (Labmate®, New
que os dois grupos apresentaram infiltração bacteriana, sendo os valores mais altos no grupo II. o comportamento de dois tipos de conexões protéticas, Jerseyem – EUA) 0,1 µl, de ponta estéril e descartável. Foi
Int J O ral M axillofac Implants - edição em português 2016;31:676–686. doi: 10.11607/jomi.4115. hexágono interno e hexágono externo, frente à infiltração introduzido 0,1 µl de uma solução contendo Escherichia
bacteriana pelas interfaces entre pilares e implantes. coli na parte interna do implante, na região apical. Os
Palavras-chave: implantes dentários, crescimento bacteriano, perda de osso alveolar
componentes protéticos foram instalados após a inocu-
lação e receberam torque conforme recomendado pelo
MATERIAIS E MÉTODOS fabricante (20 Ncm para o Grupo 1 e 32 Ncm para o Grupo

N
1Mestre em Implantodontia pela SLMandic-DF, Especialista a década de 60 surgiu o primeiro sistema de implan- 2). Para a aplicação de torque dos pilares protéticos foi
em Implantodontia pela ABO-DF, Especialista em Dentística
pela FOPLAC, Especialista em Prótese Dentária pela ABO/
tes osseointegráveis desenvolvido por Per-ingvar Seleção das amostras utilizada uma base de latão pré-fabricada que possui um
TAG-DF, Professor do Curso de Especialização em Dentística Brånemark e sua equipe. Os implantes tinham forma Foram utilizados quarenta e dois implantes osseointegrá- parafuso de travamento onde foi colocado o implante
e Prótese Dentária da ABO/TAG-DF. de parafuso cilíndrico, com roscas, e possuíam em sua veis, de diâmetro 4 mm e comprimento 13 mm (Biomet (Fig 1), a fim de proporcionar um encaixe correto entre
2Mestranda em Ciências da Saúde pela UnB, Especialista
plataforma um hexágono externo; inicialmente foram 3i®, Palm Beach Gardens, Flórida, EUA), e trinta pilares esta base e a base de suporte pré-fabricada.
em Prótese Dentária pela ABO/TAG-DF, Especialista em desenvolvidos para reabilitar pacientes “mutilados orais”, protéticos (Biomet 3i®, Palm Beach Gardens, Flórida, Foi realizada a contraprova de todos os conjuntos de
Dentística pela ABO/TAG-DF.
3Doutor em Estomatopatologia pela Unicamp, Mestre como eram chamados os pacientes desdentados totais EUA) divididos em dois grupos com 21 implantes em implante/pilar, que foi feita com um microbrush estéril
em Estomatopatologia pela Unicamp, Especialização pelo professor Brånemark.1,2 Estudos de acompanhamento cada: grupo 1, implantes com conexão hexágono interno embebido em solução salina a 0,9% também estéril,
em Estomatologia Heliópolis, Coordenador do Curso de mostraram resultados previsíveis nas reabilitações.1,3 (Osseotite Certain IFNT®, Palm Beach Gardens, Flórida, realizando um esfregaço na interface implante/pilar.
Odontologia Unip - DF. Na sequência, os implantes passaram a ser utilizados EUA) e grupo 2, implantes com conexão hexágono Todas as amostras que apresentaram contaminação da
4Doutor em Dentística Restauradora pela UNESP; Mestre em
em pacientes parcialmente edêntulos, com ausência externo (Osseotite FNT®, Palm Beach Gardens, Flórida, contraprova foram descartadas.
Dentística Restauradora pela UNESP.
5Doutor em Odontologia pela SLMandic, Mestre profissional de um único dente e até mesmo em regiões anteriores EUA). Em cada grupo, foram utilizados 15 implantes para O controle positivo foi feito por meio da inoculação da
em Odontologia pela SLMandic, Especialização em com grande exigência estética.4 o experimento; 3 implantes para o controle negativo; bactéria na parte interna dos implantes, sem a colocação
Implantodontia na SLMandic, Especialização em Periodontia Apesar dos excelentes resultados obtidos com a e 3 implantes para o controle positivo. do componente protético; já para realizar o controle
na FOB-USP, Professor do Curso de Mestrado em técnica, a microinfiltração na interface implante/pilar negativo, os implantes foram imersos totalmente estéreis
Implantodontia na SLMandic - DF.
6Doutor em Implantodontia pela SLMandic, Mestrado
foi sempre compreendida como um mecanismo que Análise microbiológica em meio de cultura.
permite a passagem de fluidos e bactérias, indepen- A bactéria de eleição para avaliar a infiltração foi a Todas as amostras, contraprovas e controle positivo
profissional em Odontologia pela SLMandic, Especialização
em Implantodontia na SLMandic, Especialização em dente do sistema de implante.5 A incidência de cargas bactéria Escherichia coli; cepas congeladas de Esche- e negativo foram colocados em estufa bacteriológica
Periodontia, Professor do Curso de Mestrado em e o afrouxamento do pilar protético podem aumentar richia coli (V517) foram fornecidas pelo banco de (Orion 502 - Fanem®, Guarulhos, São Paulo – Brasil) a
Implantodontia na SLMandic/DF. a infiltração, enquanto que a ótima adaptação dos microrganismos do Departamento de Biologia Celular 37ºC por 72 horas.
componentes, o mínimo micromovimento do pilar do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade
Correspondência para: Dr. Weider de Oliveira Silva, SEPS
710/910 Sul, Ed. Clínico Via Brasil, sala 213, Asa Sul,
protético e ótimo planejamento protético e oclusal são de Brasília, ativadas em meio de cultura Brain Heart Análise estatística
Brasília-DF. CEP: 70390-108, Telefone: (61) 32441234, fatores que podem prevenir ou minimizar a microin- Infusion - BHI (Himedia®, Curitiba, Paraná – Brasil), A análise descritiva dos dados foi demonstrada utili-
E-mail: weidersilva@hotmail.com filtração.6 Inicialmente, o objetivo básico era buscar e mantidas por 24 horas em estufa bacteriológica zando-se de frequência absoluta e relativa. Para análise
a osseointegração do implante, sendo considerada (Orion 502 - Fanen®, Guarulhos, São Paulo – Brasil) a estatística foi escolhido o teste do Qui-quadrado para
©2016 by Quintessence Publishing Co Inc. normal uma perda óssea ao seu redor de até 0,2 mm 37ºC em condições de aerobiose. Depois de 24 horas, análise dos diferentes grupos, significância de p<0,05.

676 Volume 1, Número 4, 2016 The International Journal of Oral & Maxillofacial Implants 677
Silva et al Edição em Português Edição em Português Silva et al

RESULTADOS apresentou turvamento (Fig 8). Ao final das 72 horas,


observou-se, em ambos os grupos, o turvamento de
Nas primeiras 24 horas, no Grupo 1, ocorreu o tur- mais uma amostra (Figs 9 e 10), totalizando para o
vamento de três amostras (Figs 2 a 4); já no Grupo 2, grupo 1, 4 amostras contaminadas e para o grupo 2,
dez amostras apresentaram contaminação do meio 11 amostras (Tabela 1).
de cultura (Figs 5 a 7). Porém, houve contaminação Segundo os dados obtidos, foram calculadas as frequ-
da contraprova de uma amostra, eliminando-a do ências relativas que foram para o grupo 1 de 26,66% dos
estudo. Após 48 horas, no Grupo 1 não ocorreu conjuntos avaliados. Já para o grupo 2 , a frequência relativa
alteração, enquanto no Grupo 2 uma nova amostra de conjuntos contaminados foi de 78,57% (Gráfico 1) .

Fig 9 Amostras de 7 a 12 do Grupo 1 após 72 horas, apresen- Fig 10 Amostras de 7 a 12 do Grupo 2 após 72 horas, apresen-
tando turvamento das amostras 7 e 10. tando turvamento das amostras 7, 8, 9 e 12.

Tabela 1  Distribuição das frequências absolutas de implantes contaminados ou não, de acordo


com o tipo de implante/pilar e período de tempo analisado
Tempo/Contaminação
24h 48h 72h

Sim Não Total Sim Não Total Sim Não Total


Fig 2 Amostras de 1 a 6 do Grupo 1 após 24 horas, apresen- Fig 3 Amostras de 7 a 12 do Grupo 1 após 24 horas, apresen-
tando turvamento das amostras 2 e 6. tando turvamento da amostra 10. Grupo 1
3 12 15 3 12 15 4 11 15
(Hexágono Interno)
Grupo 2
9 5 14 10 4 14 11 3 14
(Hexágono Externo)
Total
12 17 29 13 16 29 15 14 29

120%

100%
21,50%
35,80% 28,60%
80%
Fig 4 Amostras de 13 a 15, do Grupo 1 após 24 horas, e suas Fig 5 Amostras de 1 a 6 do Grupo 2 após 24 horas, apresen-
respectivas contraprovas. tando turvamento de todas as amostras.
73,40%
60% 80% 80%

40% 78,50%
65,20% 71,40%

20%
26,60%
20% 20%
0%
Hexágono Hexágono Hexágono Hexágono Hexágono Hexágono
Interno 24h Externo 24h Interno 24h Externo 48h Interno 72h Externo 72h

Fig 6 Amostras de 7 a 12 do Grupo 2 Fig 7 Amostras de 13 a 15 do Grupo 2 Fig 8 Amostras de 7 a 12 do Grupo 2 Turvamento presente Turvamento ausente
após 24 horas, apresentando turvamen- após 24 horas e suas respectivas con- após 48 horas, apresentando turvamen-
to das amostras 8 e 12. traprovas, apresentando turvamento das to das amostras 8, 9 e 12. Gráfico 1 Diagrama de colunas da proporção de meios de cultura com turvamento presente e ausente, segundo o tipo de implante/
amostras 13 e 15. pilar e o tempo de incubação.

678 Volume 1, Número 4, 2016 The International Journal of Oral & Maxillofacial Implants 679
Silva et al Edição em Português Edição em Português Silva et al

A análise estatística da influência do tipo de implante a verificação da passagem de bactérias do exterior aplicada. Várias pesquisas reforçam a conduta desse foi de 78,57%; o teste do Qui-Quadrado revelou haver
na contaminação bacteriana dentro de cada período para o interior do implante5,9,16,17,18,19 ou no sentido experimento no qual foi utilizada a bactéria Escherichia diferenças estatisticamente significativas em todos
de tempo por meio do teste do Qui-Quadrado revelou oposto.6,12,18,19 A verificação da passagem de bactérias coli, que é uma bactéria de crescimento rápido (vinte os períodos (Hexágono Interno x Hexágono Externo/
haver diferenças estatisticamente significativas em todos do interior do implante para o meio externo parece ser minutos) e que pode ser encontrada na cavidade oral 24h-p=0,016; 48h-p=0,005; 72h-p=0,005).
os períodos (Hexágono Interno x Hexágono Externo/ mais confiável, uma vez que para realizar a contagem das de pacientes saudáveis.14 Já o meio de cultura estéril Confrontando os resultados obtidos nessa pesquisa,
24h-p=0,016; 48h-p=0,005; 72h-p=0,005). bactérias que passaram do meio externo para o interno utilizado foi o BHI, que permite o crescimento bacte- com os dados encontrados na literatura, foi estabelecida
é necessária a desinfecção externa prévia das amos- riano imediato e na forma líquida,14 onde os implantes uma grande correlação da existência de microinfiltra-
tras, podendo infiltrar tal produto para parte interna, foram submersos em sua totalidade com o propósito ção bacteriana pela interface implante/pilar, em dois
DISCUSSÃO gerando assim um maior número de falsos negativos. de certificar o recobrimento da junção implante/pilar. sistemas distintos de um mesmo fabricante, a qual
Nos casos onde não é realizada a desinfecção prévia, Tais afirmações foram constatadas nesta pesquisa, onde em uma suposta situação clínica, a longo prazo, pode
Diversas pesquisas são realizadas a fim de verificar a poderá ocorrer contaminação da parte interna durante em intervalos curtos de apenas 24 horas foi possível a comprometer a estabilidade dos implantes osseointe-
infiltração bacteriana através da fenda presente na a manipulação das amostras, gerando assim um maior ativação e proliferação das cepas bacterianas, ocorrendo grados. Sendo assim, novas pesquisas são necessárias
interface implante/pilar. Estudo realizado utilizando número de falsos positivos; assim a metodologia do plena reatividade da bactéria e meio de cultura esco- para solucionar ou minimizar a passagem de fluidos na
espectrofotometria observou que, com a utilização do presente trabalho seguiu com a inoculação bacteriana lhido, assim como o turvamento do meio de cultura, interface implante/pilar.
torque recomendado pelos fabricantes, a infiltração na região interna dos implantes. que ocorreu devido à presença bacteriana em algumas
diminuiu significativamente para todos os sistemas; A bactéria Escherichia coli foi escolhida pela maioria amostras. Os resultados aqui obtidos corroboram
entretanto, a microinfiltração através da interface dos estudos com contaminação bacteriana de implantes com dados relatados em vários estudos,5,13,14,18 que CONCLUSÃO
implante/pilar ocorreu em todos os sistemas avalia- devido à sua facilidade de manipulação laboratorial já relataram que a maioria das infiltrações ocorre nos
dos,12 enquanto outro13 encontrou menor infiltração e seu curto tempo de proliferação. A Escherichia coli primeiros dois dias de acompanhamento. Os resultados dessa pesquisa permitem concluir que os
na interface pilar/implante quando foi utilizado o é uma bactéria da família das Enterobacteriaceae, Para realizar a inoculação bacteriana no interior dos dois grupos apresentaram infiltração bacteriana, tendo
torque recomendado pelo fabricante, com o uso de gram-negativa, com formato de bacilo, facultativa- implantes e posterior adaptação dos pilares, alguns o grupo 2 (HE) apresentado aproximadamente três vezes
torquímetro calibrado. No presente estudo, o torque mente anaeróbia, cujo tamanho varia de 2 a 6 µm de trabalhos de avaliação da microinfiltração da interface mais contaminação que o grupo 1 (HI), sendo a diferença
utilizado nos dois grupos foi o recomendado pelo comprimento e 1,1 a 1,5 µm de largura. Essa bactéria implante/pilar utilizam pinças ou fórceps como meio estatisticamente significativa.
fabricante de acordo com as características de cada pode ser encontrada em cavidade oral de pacientes de apreensão dos implantes.9,19 Em sua maioria, esse
grupo, torque de 20 Ncm para o Grupo 1 e de 32 Ncm saudáveis, assim como no lúmen intestinal dos seres procedimento pode gerar um alto índice de contami-
para o Grupo 2. humanos e de animais homeotérmicos.5,6,11 No presente nação externa imediata, além de não permitir uma AGRADECIMENTOS
Em 2012, Jaworski et al.14 verificaram maior índice estudo, também foi eleita a bactéria Escherichia coli, mensuração de total precisão, uma vez que o fórceps
de infiltração em conexões hexagonais externas que o que possibilitou uma comparação com resultados pode permitir movimentação do implante induzindo Os autores agradecem ao Instituto de Biologia da Universi-
receberam maior torque, quando comparadas às dos estudos anteriores. a resultados duvidosos. Sendo assim, baseado nos dade de Brasília, na pessoa de Tatiana Amabile de Campos,
conexões Morse, as quais receberam menor torque. Tal É de fundamental importância o estabelecimento motivos citados e na dificuldade encontrada para uma pela prontidão e pelo fornecimento da colônia de bactéria.
fato pode ser explicado já que, nos implantes que apre- de uma metodologia que permita analisar e comparar inoculação precisa da suspensão bacteriana e na apli- Nossa gratidão também ao Departamento de Odontologia da
Universidade Paulista – Unip/Brasília pelo apoio laboratorial.
sentam conexões internas, a fixação do intermediário a microinfiltração bacteriana na interface implante/ cação correta do torque recomendado pelo fabricante, Os autores relatam que não há conflitos de interesse relacio-
se dá coadjuvantemente, por travamento friccional, pilar, e que possa ser reproduzida em sistemas de foi utilizado nessa pesquisa um dispositivo metálico, nados a este estudo.
podendo minimizar assim os efeitos da presença de implantes diferentes, uma vez que as pesquisas confeccionado especificamente para tal estudo, onde
fendas.14 Nosso estudo confirma os resultados do microbiológicas, de forma geral, podem ser consi- o implante ficou totalmente imóvel, conferindo assim
trabalho anterior, onde o grupo que recebeu maior deradas complexas devido ao manuseio de agentes maior confiabilidade para os resultados. REFERÊNCIAS
torque (Grupo 2) teve maior contaminação; já o grupo biológicos susceptíveis às alterações do meio em que Estudo anterior5 considerou que a infiltração bacte-
1, que apresenta conexão interna, recebeu menor são utilizados e armazenados, sendo necessário reduzir riana é semelhante em implantes de conexão interna ou 1. Becker W, Becker BE, Newman MG, Nyman S. Clinical and microbio-
torque e teve menor contaminação. ao máximo as possibilidades de falhas relacionadas externa por não ter encontrado diferenças significativas logical findings that may contribute to dental implant failure. Int J
Estudos demonstraram que as mudanças na crista ao operador do experimento. 18 Assim, o presente entre os grupos avaliados, concluindo que o tipo de Oral Maxillofac Implants 1990;5(1):31-38.
2. Borges CAG, Hermann C, Thomé G, Sartori IAM, Bassi APF. Análise
óssea foram significativamente influenciadas pelos trabalho foi realizado com materiais esterilizados em conexão não parece ter influenciado nos resultados do comportamento das próteses implanto-suportadas e dos
possíveis movimentos entre os pilares e os implantes, autoclave, armazenados em estufa, manipulados em obtidos.5 Nosso estudo não corrobora com a afirmação componentes pela técnica do cilindro cimentado com diferentes
mas não pelo tamanho da desadaptação da interface câmara de fluxo laminar vertical, com paramentação anterior, pois foi verificada infiltração em 26,66% das marcas de cimentos resinosos. RGO 2008 Jul/set;56(3):315-19.
3. Zarb GA; Schmitt A. The Longitudinal Clinical Effectiveness Of
implante/pilar.15 Corroborando com essa avaliação, de proteção individual dos operadores. Implantes e amostras do grupo com hexágono interno e em 78,57% osseointegrated dental implants in anterior partially edentulous
estudos in vitro utilizando, respectivamente, cinco, pilares de um mesmo fabricante foram utilizados, das amostras do grupo com hexágono externo. Esses patients. Int J Prosthodont Canadá 1993;6(2):180-88.
seis e quatro sistemas de implantes diferentes, não fabricados em um mesmo tipo de torno, conferindo dados estão de acordo com os descritos por Canullo 4. Soares MAD, Lenharo A, Santos AZ, Oliveira AS, Luiz NE, André RA.
Implante cone Morse ultra rosqueante de torque interno – Parte II:
conseguiram, de maneira clara, estabelecer uma assim à pesquisa padronização da qualidade de et al.,20 que verificaram, in vivo, menor infiltração bac- Componentes Cirúrgicos e Protéticos. Innovations Implant Journal -
relação entre a infiltração bacteriana e o tamanho produção do material. teriana na interface implante/pilar de sistemas com Biomaterials and Esthetics. São Paulo 2007 Dez;2(4):52-57.
da desadaptação da fenda implante/pilar.6 A fim de verificar a infiltração pela interface implante/ conexões internas quando comparados com sistemas 5. Jansen VK , Conrads G, Richter EJ. Microbial leakage and marginal
fit of the implantabuttment interface. Int J Oral Maxillofac Implants
Nesta pesquisa foi constatada que há diferença, pilar, vários trabalhos utilizaram métodos com bactérias com conexão hexagonal externa.20 1997 Jul/Aug;12(4):527-40.
em um mesmo sistema de implante, entre os tipos e suas toxinas5,9,17 e até mesmo corantes para avaliar a Diante dos resultados encontrados neste estudo, 6. Dias ECLCM et al. Evaluation of implant-abutment microgap and
de retenção da prótese, sendo mais favorável ao microinfiltração da interface implante/pilar em diferentes os dois grupos apresentaram infiltração bacteriana; a bacterial leakage in five external-hex implant systems: An in vitro
hexágono interno que ao externo. sistemas e tipos de conexões.12,17 Todavia, os resultados frequência relativa de contaminação para o grupo 1 study. Int J Oral Maxillofac Implants 2012;27(2):346–351.
7. Albrektsson T, Zarb G, Worthington P, Eriksson AR. The long-term
A infiltração bacteriana através da interface implante/ dessas pesquisas demonstraram uma grande variabi- foi de 26,66% dos conjuntos avaliados, e para o grupo efficacy of currently used dental implants: A review and proposed
pilar pode ser avaliada basicamente de duas formas: lidade que sugere estar relacionada à metodologia 2, a frequência relativa de conjuntos contaminados criteria of success. Int J Oral Maxillofac Implants 1986;1:11-25.

680 Volume 1, Número 4, 2016 The International Journal of Oral & Maxillofacial Implants 681
Silva et al Edição em Português

8. Adell R, Eriksson B, Lekholm U, Branemark PI, Jemt T. A Long-Term 15. Hermann JS, Schoolfield JD, Schenk RK, Buser D, Cochran DL.
Follow-up Study of Osseointegrated Implants in the Treat- Influence of the size of the microgap on the crestal bone changes
ment of Totally Edentulous Jaws. Int J Oral Maxillofac Implants round titanium implants. A histometric evaluation of unloaded
1990;5(4):347-359. non-submerged implants in the canine mandible. J Periodontol
9. Besimo CE, Guindy JS, Lewetag D, Meyer J.Prevention of bacterial 2001 Oct;72(10)1372-83.
leakage into and from prefabricated screw-retained crowns on 16. Quirynen M, Bollen CM, Eyssen H, van Steenberghe D. Mi-
implants in vitro. Int J Oral Maxillofac Implants 1999;14(5):654-660. crobial penetration along the implant components of the
10. Berberi A, Tehini G, Rifai K, Eddine FBN, Bradan B, Akl H. Leaka- Brånemark system. An in vitro study. Clin Oral Implant Res 1994
ge evaluation of original and compatible implant−abutment Dec;5(4):239-44.
connections: In vitro study using Rhodamine B. Journal of Dental 17. Piattelli A, Scarano A, Paolantonio M, Assenza B, Leghissa GC et al.
Biomechanics 2014;(5):1–7. Fluids and microbial penetration in the internal part of cement-
11. Faria R, May LG, de Vasconcellos DK, Volpato CAM, Bottino MA. retained versus screw-retained implant-abutment connections. J
Evaluation of the bacterial leakage along the implant–abutment Periodontol 2001 Sep;72(9):1146-50.
interface. Journal of Dental Implants 2011 Jul/Dec:1(2):51-7. 18. Dibart S, Warbington M, Su MF, Skobe Z. In vitro evaluation of the
12. Gross M, Abramovich I, Weiss EI. Microleakage at the abutment-im- implant-abutment bacterial seal: The locking taper system. Int J
plant interface of osseointegrated implants: a comparative study. Oral Maxillofac Implants 2005;20:732-737.
Int J Oral Maxillofac Implants 1999 Jan-Fev;14(1):94-100. 19. Teixeira W, Ribeiro RF, Sato S, Pedrazzi V. Microleakage into and
13. Goheen KL, Vermilyea SG, Vossoughi J, Agar JR. Torque generated by from two-stage implants: An in vitro comparative study. Int J Oral
handheld screwdrivers and mechanical torquing devices for osseoin- Maxillofac Implants 2011;26(1):56–62.
tegrated implants. Int J Oral Maxillofac Implants 1994;9(2):149-55. 20. Canullo L, Penarrocha-Oltra D, Soldini C, Mazzocco F, Penarro-
14. Jaworski ME, Melo ACM, Picheth CMT, Sartori IAM. Analysis of the cha M, Covani U. Microbiological assessment of the implant-
bacterial seal at the implant-abutment interface in external-hexagon -abutment interface in different connections: cross-sectional
and morse taper–connection implants: an in vitro study using a new study after 5 years of functional loading. Clin. Oral Impl. Res.
methodology. Int J Oral Maxillofac Implants. 2012;27(5):1091–1095. 2015;26:426–434.

682 Volume 1, Número 4, 2016

Você também pode gostar