ARro~lEM~ BRADSH
,
'
Comoresgatare defender
suacrianca
, interior
'
2• EDIÇÃO
l
JOHN BRADSHAW
VOLTA AO LAR
Com o resgatar e defender
• • •
sua criança mter1or
Tradução de
AULYDE SOARESRODRIGUES
li
~l
t
Título ocjgjoal
HOMECOMJNG:
Rccl:ain:üogaod Clwnpiooing Your lonc1 Child
Pri111
cd III B111U
// lmpres,o no Bra11I
revisão
SANDRA PÁSSA.RO/WENDEllSETúBAL
HENRIQUETA.RNAP OLSKY
WÁl TER VEIÚSSJMO
•P-Brasil. Caulogaçio-na,fonre
Sindicato NacionaJ dos Editores de Livros, RJ.
Badsbaw, John , l9H -
B79v Volta ao lar: como resgatar e defender rua criança imecior /
John Bradshaw: tadução de Aulydc Soares Rodrigues. -
Rio de J aneiro: Rocco, 1993.
92-0499
coo· 15).6
CDU· 159S23
À criança interior que vive em minha mãe Nor-
ma. Para m inh a irmã, Barbara , e meu irmão, Ri-
chard. Nossas crianças interiores sabem, melhor
do que ninguém, como eram as coisas!
A Fran Y.,·Mike S., Harry Mac, Bob McW., Bob P., Tommy B.,
~ar~er B., e o amável '' Red' ', o primeüo a aceitar minha criança
1ntenor.
. PARTEI
O PROBLEMA
DACRIANÇAINTERIOR
FERIDA
ln troduc;ão.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . 2 5
1. Como sua criança interior ferida contamina sua vida 27
Questionário da criança ferida.......... . ......... .. .... ... 49
2. Como a criança maravilha que vive em você foi ferida 53
Parábola - A história quase trágica de um terno elfo... . 77
PARTEIl
RESGATANDO
A CRIANÇA
FERIDA
QUEVIVE
EMVOCÊ
lnt[odllção......................... . . ...... . ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8~
3
3, Trabalho com a •dor original... ...... .. . ................... 95
4. Resgatando seu cu dos primeiros anos de vida ...... . . 113
5. Resgatando sua criança que começa a andar . .. .. . ... .. 139
6. R~sgat~ndo sua criança na idade pré-escolar .. .. . .. . .... 157
7. Resgatando seu cu na idade escolar............ ...... .... 176
8. Organização - Uma nova adolesc!ncia.... .. . .. . . .. . . .. 194
PARTEIli
DEFENDENDO
SUACRIANÇA INTERIOR
FERIDA
Introdução.................. ..... .. . .. . ........ . .. .. ......... .. ...... 215
9. O adulto como nova fonte de potência .. ............... 217
10. Concedendo novas permissões à sua criança interior. . 234
11. Como proteger sua criança interior ferida .... ........... 250
12. Pondo em prática os exercícios. corretivos................ 262
'
-
PARTEIV
REGENERAÇÃO
Introdução... ..... .. .. ................... ............. . . . . . . . . . . . . . . . 301
13. A criança como símbolo universal de Regeneração e
Transformação........ ... ............... ..... .... .............. 303
14. A criança maravilha como Imago Dei...... .......... .. . 316
•
t
l
PRÓIDGO
'
Eu sei o que quero rcalme!')tcde Nat:u. Quero minha infânci:ide voh:t.
NinguEi:r,vai me dar isso.... Sei que niio faz sentido, ma5 desde quandr
o Natal tem :t ver com lógica?.É sobre uma criançade mui~o tempo atrás
e muito distante c·é sopre a criançade agora. Que vivecm vocêe em mhn,
Esperando,atrás da pona: do nossoconção, que aconteçaalguma coisa ma-
nvilhosa.
- Robert Fulgbum
Querido papai,
Quero que saiba o quanto me magoou. Você me puniu
01ais vezes do que o tempo que passou comrgo. Eu podia
ter suportado os vergões e os cortes se, ao menos, você
passasse algúm tempo comigo. Eu queria o seu amor, mais
do que posso dizer. Se você tivesse ao menos brincado
comigo, ou me levado a um jogo de futebol. Se, ao me-
nos, você dissesse que me amava. Eu queria que você
se importasse comigo...
Papai ,
Eu o odiava porque você tinha vergonha de mim. Você me
trancava na garagem do apartamento quando recebia seus
amigos. Eu nunca recebia comida suficiente. Estava sempre
com tanta fome! Eu sabia que você me odiava porque era
um peso para você. Você ria e me ridicularizava qu ando eu
caía. ..
•
VOIIAAOW
PRÓIOGO 17
•
18 YOJ1A
AOW
,
PARÁBOLA
I
J
'
·,1-.
..
,,
..
INTRODUÇÃO
Uma pessoa... dominada por antigos ~ofrimemos diz coisas que não
sãu pertinentes. faz coi~;uque mio: funcionam, nao consegue en•
frentu a situação e é sujci1aao.scntimcnro:reuívcl de que ni o cem
n~da a l azer com o presente,
- Harvcy Jackíns
Eu mai acreditava que pudesse ser tão infantil . Estava com 40 anos
e tinh a esbravejado e gritado a.ré cleii<artodos - minha mul her,
meu s enteados .e meu filho - apavorados. Então , entt:ej no meu
carro e os deixei . Ali escava.eu , sozinho em um mot el, no meio
das nossas férias oa Ilha do Padre. Eu me sentia muito só e mui-
to envergonhado .
Quando p.rocurei me lembr~ dos acontecim enros que pr o-
vocaram aquela explosão, não encontrei nada. Estava confuso. Era
como acordar de um pesadc:lo. Mais do que qualquer coisa, que-
ria que a minha vida de família fosse repleta de calor humano,
de amor e de intimidade ; Mas esse era o terceiro ano que eu ex-
plodia durante nossas férias. Eu já os havia abandonado emocio-
nalmente outras vezes - mas nunca fisicamente.
Era como se eu esúvesse em um estago de alteração do cons-
ciente. Met,1Deu s, corno eu me odiava. O que está acontecendo
comigo?
O incidente na Ilha do Padre ocorreu em 1976, um ano de-
, pois da mone do meu pai . Desde então descobri as causas dos
meus ciclos de r:µva/afastamento. A primeira pista importante me
ocorreu n a est.rada d;i.Ilha do Padre. Sentado sozinho e envergo-
nhado naquele horrível quarto de motel. comecei a lembrar vivida-
mente cenas da minha ínfância. Lembrei de uma véspera de Nat al,
quando tinha uns 11 anos, e· me vi deitado no quano escuro com
•
28 \\)i!A AOLAR
a cabeça sob as cobertas, recusando falar com meu pai. Ele tinha
chegado tarde em casa, levemente embriagado . Eu queria puni-
lo por estragar nosso Natal. Não podia expressar verbalmente mi-
nha revolta, porque haviam me ensinado que era um dos pecados
mortais, especiãlmente quando dirigida aos pais. Dul'ante anos,
minha raiva inflamou-se no bdlor da minha alma . Como um cão
faminto no porão, desesperado de fome, transformou-se em raiva
feroz . A maior parte do tempo eu a guardei cuidadosamente. Eu
era um cara legal. Era o melhor pai que ex.iscia - até não poder
mais suportar. Então, me transformei em Ivan, o Terrível.
O que eu vim a compreender foi que ..yuele comp orr:,.me!"
to nas férias eram regressõesespontâneasno cempo. Quando es-
tava esbravejando e punindo minha família, afastando-me dela ,
eu estava regredindo à minha infância, quando engolia minha
raiva e a expressava da única maneira que uma criança podia ex-
pressar - afastando-me de todos. Agora, adulto, quando passa-
va a crise de afastamento emocional ou físico, sentia-me exata-
mente como o garoto solitário e envergonhado que tinha sido.
O que compreendo agora é que quando o desenvolvimento
de uma criança é interrompido, quando sentimentos _s_ ão repri-
midos , especialmente scntimcn_tos de raiva e de mágoa, a pessoa
torna-se um adulto com uma criança zangada e magoada dentro
dele. Essa criança contamina espontaneamente o comporcame 11.:..
to do adulto.
A principio, pode parecerabsurdo que uma criança possa
continuar a viverno corpo de um adulto . Mas é exatamente o
que estou sugerindo. A~edíto que essa criança interi9r, negligen-
ciada e ferida no passado, é a maior fonte-da infelicidade huma-
na. Até o momento cm que a recuperamos, ela continuará a agir
mal , contaminando nossa vida de adultos.
Eu gosto de fórmulas mnemônicas, por isso, descrevo algun s
dos modos pelos quais a criança interior ferida contamina nossa
vida, usando a palavra ''contaminada''.* Cada letra significa um
dos modos da sabotagem da vida adulta pela criança. (No fim
desde 1=apítulo,você encontra um questionário que o ajudará a
verificar o quanto sua criança interior foi ferida .)
•
COMO
SUACRIANÇA
INIERIOR
FERIDA
CONTAMINA
SUAVIDA 79
Co-dependence - Co-dependência .
Offrnde~ Behaviors - Comportamentos ofensivos,
agreSSlVOS.
NarcissisticDisorders, - Distúrbios narcisistas ,
Trust Issues - Problemas de confiança .
Acting Ouc/Acting in Be}:iaviors-Repetição do com-
portamento infançil, externa ou internamente .
Magicai Beliefs - Crenças em magi a.
Intimacy Dysfunctions .- Distúrbios de relaciona-
mento .
N ondiscipline d Bcbaviots - Comporcam~ nco.;
indisciplinados.
Addictive/Compulsive Behaviors- Comportamentos
viciados/compulsivós.
Though t Discortions - Distorções do pensamento .
Emptin ~s (-apathy, dépression) - Vazio (apati a,
depressão).
CO-DEPENDÊNCIA
COMPORTAMENTOAGRESSIVO
DISTÚRBIOSNARCISISTAS
-
• Tornam-se atores ou atletas porque precisam da adulação e da
admiração constante de uma audiência.
• Usam ospr6p.dosfilhospata satisfazer suas necessip,adesnard-
sicas. (Na sua fantasia. jamais serão abandonados pelos filhos
e serão sempre respeitados e admirados por eles.) Tentam ob-
ter dos filhos o amor e a admiração especial que não tiveram
dos próprios pais.
PROBLEMASDE CO.NFIANÇf..
Quando não podem confiar nas pessoas responsáveis por elas, as.
crian as desenvolvem um rofundo sentimento de desconfiança .
O mundo parece um lugar perigoso, osti e 1mprevisíve . Dess;
maneira,, precisam estar constantemente cm guarda e no contro -
le. Acabam por acreditar que , "se eu conuolar tud,o, ninguém
pode me apanhar desprevenido . e me ferir 11•
,Surge, então, uma espécie de mania de controle, o víciõdo cón-
trole. U~ cliente meu tiriha tanto medo de perder o controle , que
trabalháva cem horas por semana. Não podia delegar autoridade
porque não confiava em ninguém. Ele me procurou quando sua
colite ulceiativa se agravou tanto que teve de ser hospitalizado ,
Ouc,r~cliepte estava arrasada porque o marido tinha pedido
o divórcio. A ''última gota'' para ele foi quando a mulher tro -
cou a marca do telefone que ele havia instalado no carro dela .
O :marido queixava-se de que. por mais que fizesse por ela. nun-
ca fazia a coisa certa. A mulher sempre tinha de mudar alguma
coisa feita por ele. Em outras palavras , ela só se sentia bem quan-
do tinha p.ido sob conuole.
A mania do conuole cria g.raves problemas oos relaciona-
mentos. Não é possível a intimidade com uma pessoa que: não
confia c:m nós. A intimidade exige a aceitação do companheiro
como ele é.
Os. distúrbios de confiança criam também problc:mas de ex-
cesso de: confiança. A pessoa desiste de todo controle e confia in-
gênua e absurdamente, prendendo-se a outra pessoa e investin-
do nela um ~xcesso de estima, ou isola-se:completamente , cons-
truindo muros protetores e intransponíveis .
SUA
COMO JNTalORFERIDA
CRIANÇA CONTAMINA
SUAVIDA 3)
COMPORTAMENTOSDE REPETIÇAO
-
Repetição externa
Para compreender como a criança interior ferida repete com seus
atos as carências não acendidas da infância e o trauma não resol-
vido, precisamos saber que a.semoçõessão as principaisforçasmo-
dvadorasda nossavida. As emoções são o combustivel com o qual
nos defendemos e com o qual procuramos atender nossas neces-
•
COMO
SUACRIANÇA
JN,l'ERJOR
FEJ(]DA SUAVIDA
CONTAMINA 37
l .
_3
8 \QI!AAOW.
l
7
CRÉNÇASMÁGICAS
As criançassão mágicas. "Andar para trás é pisár na alma da ,mãe.''
Mágica é a crença de que cenas palavras, gestos ou comportamen-
tos podem mudar a realidade . Geralmente pais negligentes ou
abusivos reforçam o pensamento mágico dos filhos. Por exemplo,
se você diz ao seu filho que seu éomportamentó é responsável
pelos sentimentos de outra pessoa, está ensinando pensamento
mágico. Algumas frases mais comuns, neste sentido, são: '' Você
está ma-;:andos~a mãe" , " Veja o que você fez - sua mãe está
preocupada'', ''Está sacisfeito? - fez seu pai ficar zangado!' ' Ouu a
forma de reforço do.pensani~nto mágico é a frase, '' Eu sei o que
você está pensando.''
Lembro-me de uma cliente com 32 .anos, casada cinco ve-
zes. Ela pensava que o casamento ía resolver seus problemas. Se
conseguisse encontrar o homem ' 'ceno ' ', rudo ficaria bem. Essa
crença é mágica, sugere que algum acontecimento ou determi-
nada pessoa pode mudar a nossa realidade , sem que tenhamo s
de mudar nosso componamento .
·P.araa criança é natural pensar magicamente. Mas se a ériaoça
é magoatla por falta de atendimento das suas exigências de de-
pendência, -elajamais cresce. Será um adulto ainda concaminàd o
pelo pensamento mágico de uma criança.
Outras crenças mágicas contaminadoras são;
-
• Se eu tiver dinheiro, estarei bem.
• Se meu amado/a me abandonar. morrerei ou nunca mais farei
nada na vida. 1
• Um pedaço dé papel ·(um .diploma} me fará inteligente.
• Se eu "tentar arduamente ", o mundo me recompensará.
• ''E sperar' ' terá resultados maravilhosos.
DISTÚRBIOSDE INTIMIDADE
,
1
40 VOIJAAOLAR
dependênciaoarurais.ao clcsen:volvirocata
da criança,
O pai de Gladys nunca .estava: em casa. Seu vício pelo traba-
lho ó dominava completamente. Na sua ausência . Gladys criou
um pai de fantasia. Hoje ela está no seu terceiro casament'O. Por-
que suas idéias . sobre os homens são iireai s, nenhum jamais. cor-
resp onde às .suas e:xpettativas .
Jake via o pai ofender a mãe verbalmente, sem que ela .rea-
gisse ou se que.ecasse. Jake não consegue estabelecer intimidade
•
4.2
•
COMO
SUACRIANÇA
JNlERJOR
FERIDA
CONTA.MINA
SUAVIDA •l
COMPORTAMENTOS
JNDISCIPLINADOS
COMPORTAMENTOSVICIADOS/COMPULSIVOS
l
COMO
SUACRIANÇA
INTERIOR
FERJDA StlAVIDA
CONTAMINA 41
DIS10RÇÕES DO PENSAMENTO
VAZIO.(APATIA,DEPRESSÃO)
QUESTIONÁRIO DA CRIANÇA:FERIDA
A. IDENTIDADE
L Sinto-me ansioso/a e temeroso /a sempre que tenho de fazer
alguma coisa nova. Sim ... _.. _, Não ...... ..
)O VOtrAAOLAR
B. EXIGÊNCIAS BÁSICAS
C. SOCIAL
•
CAPÍTUID 2
COMO A CRIANÇA MARAVILHAQUE
VIVE EM VOCÊ FOI FERIDA
Wonder - M·aravilha
Optimism - Otimismo
Nai'vecé- Ingenuidade
Dependence ·- Dependênci a
Emo.rions - Emoçõe s
Resüie11c
e - Capacidade de recuperação
Free Piay - Liberdade pará brincar
Un.iqúeness- Originalidade
Lave - Amor
,
•
VOil'A
N:JLAJl •
~
MARAVllHA •
OTIMISMO
cnança.
O oposto disto é a superproteção da ingenuidade e da ino-
cência da criança, que é a fonte da ingenuidade problemática nos
adultos. Lembro-me de um seminarista, a um ano da sua orde-
nação, que acreditava que as mulheres tinham crês abercuras nos
órgãos genitais! Sei ca.mbém de muicas mulheres que nunca fo-
ram informadas sobre o sexo e que entraram em _pânicoquando
menstruaram pela primeira vez .
•
ACRIANÇA
COMO MARAVILHA ai VOCE
QUEVIVE FOIFERIDA j7
...
DEPENDENCIA
EMOÇÕES
•
..
'
1
COMO
ACRJANÇA
MARAVILHA
QUEVIVE-EM
VOâ FOIFERII)A
CAPACIDADEDE RECUPERAÇÃO
LIBERDADEPARA BRINCAR
UM SER ÚNICO
•
64
AMOR
O FERIMENTO ESPIRITUAL
•'4
mem. Mas ele nunca teve esse elo. Joshua estava sempre apavora-
do, com a insegurança profunda de uma .criança sem proteção.
O pai representa proteção . Além disso, a mãe de Jo shua in cons-
cientemente odiava os homen s. Em três ocasiões, durante o jan-
tar, ela humilhou o filho, caçoando do tamanho do seu pênis. ~
Aparentemente , da pensava que era apenas uma piada, e da o
envergonhou mais ainda por ser tão sensível. Essa era sua área
mais vulnerâvel. Por mais absurd o que seja. na nossa cultura, o
••
tamanho do pênis é um símbolo de masculinidad e. Ali estava •
um menino que precisava desesperadamente de ter sua mascuJj. 4
nidade afirmada, traído pela mãe, a única pessoa importante da
sua vida. A mãe, vítima não tratada de in cesto, descarregou no
filho sua raiva e seu profundo desprezo pelos homen s. '
4
~
•
.çOMOACRIANÇA
ldARAVilllA
QUEVIVE
fM VOCÊ
FOIFER.IDA ~7
•
68 VOll'ANJW
Violência fisica
Violência emocional
Violênciá na escola
A vergonha tóxica continua na escola. A criança ~ imediatamen-
te julgada e avaliada. Ela compete para fazer tudo direito. Fica
na frente do quadro-negro , exposta à humilhação pública. A pró-
pria determinação das notas ou do grau de adiantamento pode
ser motivo de vergonha. Recenteménre consolei o filho de um
•
COMó
ACRIANÇA
MARAVllHA EMvoctFOIFER.IDA
QUEVlVE 71
amigo meu que tirou F no desenho que fez no seu primeiro dia
na escolaprimária.
As escolas permitem também a humilhação entre os alunos.
As crianças são cruéis quando provocam as outras . O éhoro é con-
siderado especialmente vergonho so. Em razão dessa atitude de
um grupo para com outro a esçoJa pode ser um a fonte de confli-
to para cenas crianças . Os pai s e ptofessore s as exortam a estud ar
e progr_ediracademicamente, mas quando são bem -sucedid as, são
ridicula.(izadas pelas outras crianças.
Na escola, começamos a ter noção de coisas como descen -
dência étw ca e scar:u s socioeconô mico. São verdade .ir as históci?.!
de horror o qu~ contam meu s amigos ·judeus sobre o qoe sofre-
ram na escola. E n;\ escola também que dizem às crian ças negras
que elas não "fala,m direito ' '. Quando entrei para a escola, no
Texas , as crianças.mexicanas ainda eram punidas por falar sua ' ' ün-
gua mae - ".
Lembi:o~me da vergonha que senti porque não tinhacnos au-
tomóvel e eu tinha de ir.a pé para a escola é , mai s tarde , d e ôni-
bu s. Isso, agr;avado pelo fãto de que quase todos os alu nos eram
de famílias muito ricas. As crianças em idade escolar aprende m
muit o depressa o que significa srarussocial.
Violênáa na igreja
A criança pode se.r envergonhada também na escola dominical
ou na igréja , ouvindo um sermão ameaçador e exaltad o. Re-
centemente ouvi um pregador dizec na televisão: •'Você não
pode ser suficiente.mente bom para ser aceito aos olho s de
Deus .'' Que afronta terrível a Deµ s, o Criador . Mas, como
a criança pode saber que aquele homem estava se escondendo
da própria vergonha com àquele serm ão veneno so? Lembro-m e
de ter aprendido a oração a Santa Catarina de Gên ova no
curso primário . Se não me falha a memóri a, era assim , "De se•
jand o ardeocemente deixar eSta vida de sofrimento e de an -
gústia dolorosa e profunda, eu chor e;>. Eu morr o po rque não
morr o.' ' Uma bela e feliz canção para começar o dia! E uma
prece mística que tem sentido no mais alto oíveJ de esp iritual i-
dade. Mas para crianças do curso prim ário é um feriment o
espiritual .
72
Humilhação cultural
A vergonha tóxica
•
COMO
A CIUANÇA QUEVIVEEMvod R)J mIDA
MAAAVll.HA 73
Eu vivo escondida
Nas margens úmidas e profundas das trevas da depressão e
do desespero
Sempre o apanho desprevenido e entro pela porta dos fundos
Não convidado, indesejável
O primeiro a chegar
Eu estava lá no começo dos tempo s
Com o Pai Adão , a Mãe Eva
Irmão Caim
Eu estava na Torre de Bab el, nâ z.:
1tanç a dos In ocentes .
MEU NOME É VERGONHA TÓXICA
escr~e Alice Miller em Ibr l&ur Owp Good, é pior do que so-
breviver a um campo de concenrr:ação.
J
PARÁBOLA.
•
COMO
ACRJANÇA
MA!lAVlLHA EMvoctFOIFBIDA
QUEVIVE )9
..
PARTEII
RESGATANDOA CRIANÇA_._
FERIDAQUE VIVE EM VOCE
,
INTRODUÇÃO
Sam Keen faz um resume do trabalho que você vai fazer ago rn
Quando terminar , nenhuma banda vai tOÇ,;J.!', chamanqQ :Q
o banquete . Entretanto. se você fizer betnseutrabalho. pode e-
aEf
vàr para · antar a crian a: ue vive em votê e ouvir uma boa ban-
. a. Vai se sentir mais sereno e em paz.
Recuperar a criança 'Ínterior é uma experiência do tipo zen .
As crianças são mestres zen por natureza. Seu mundo é novo
em folha em cada momento da existência . Para a criança não
ferida, a maravilha é natural. A vida é um mistério a ser vivido .
A volta ao lar é a restauraçãe do que é natural. Não é uma
recuperação grandiosa ou dramática, é simplesmente a vida como
ela deYe ser.
A recuperaçãoda criançainterior envolvea reg-r~ssão
através
dos estágiosde desenvolvimentoe aproçuca.Jktudo quLJJãofoi
rsrminado. Imagine que está pua encontrar uma criança mara-
vilhosa que acaba de nascer. Você pode estar presente c<;>moum
adulto sensato e amoroso para aj,udar a criança a vir ao mundo .
Pode estar presente ao seu nascimento, ao tempo em que come-
ço:u a engatinhar e a andar, quando aprendeu a falar. Sua criança
vai precisal' do seu apoio enquanto ela lamenta suas perdas. Roo
Kunz sugere que você pode ser um ''estranho mágico" para a
criança - mágico porque você não estava realmente presente na
primeira vez em que essa criança passou por esses estágios. Eu
coleciono mágicos, por ,isso recupere.i minha criança interior co-
mo um mágico velho e bondoso. Yocê pode ser o quequiser.desde
que esteja presente, de f<;>rma amorosa e não .humilhante .
Ca?a um desses estágios exige tipos .muito específicos de cui-
dados. A medida que você compreende quais eram suas exigên-
cias em cada estágio, pode aprender a dispensar os cuidados ade •
quados. Mais tarde, quando você aprende a defender a sua criança
•
84
COMO
ACRL\NÇA
MARAVllHA EMvoctFOIEERIDA
QUEVIVE
Nesse jotervalo
Há contas para serem pagas, máquinas para serem consenadas ,
Verbosirregulares para serem aprendido s, o Tempo de ser para
ser redimido
Da insignificância.
'
8
z:
o
CICLOS REGENERA'.IlVOS >
i
~
Nova Jdcncid,1dc Novo Propósito AMOR À VIDA ~
NECESSIDAD 'EDE
JNTERDEPE NDiNCIA
Nora Competência
Novas Habilid ades
N ovas Escolhas
Nova Confiança
Vocação
Evolucionária
39 -J2
!
~
NECESSIDAD 1/JDE Nova Idc4cidadc Novo Prop6sico AMOR (Iorimidad c) ~
Nova Competência Novas Escolhas 26-39 !E:
INDEPENDAM<GA Novas f{abilidadcs Nova Confiança TRABALHO (Perfcia)
a
~
NECESSIDADE DE
CONTRAD .EPENDÊNGA
Nova Idcncidadc
Nova Competência
Novas Habilidade s
N ovo Propósit o
Novas Escolhas
Nova Confiança
IIJEN11DADE 13-26 1
(Sair de c:m)
p.cnsamcoto Decisão
1magín:zção Vontade
NECESSIDADE DE scntimcoco Atividad e CONFIANÇA 0-13
DEPENDiJNCIA Compccencia Ser
H.abilidadcs Propósito (cidos de 13 aoos) 1
1
90 VOI.TA
Af) LAR
EXPANSÃODO SER
Eu tenho sabedoria
Eu posso me aceitarcàmpletamence
Eu sou um com tudo
Eu-tenho. competência
Eqcc1140limites
Eu tenho habilidades '
Ev possopensar e apr~dcr
Eu sou capaz
Eu tenho consciência
Eu tenho propósito e valor
Eu posso imaginar e sentir
Eu sou sexual
Eu sou alguém
Eu tenho limit.es
Eu tenho forçade vontade
Eu posso ser-separado
Eu posso ser curiosoe explorar
e fazer
Eu sou eu
Eu tenho esperança
Eu posso apenasser
Euposso confiarcm vocé:
Eu sou você
COMO
ACRJANÇA
MARAVILHA
QUEVIVE
EMVOCE
FOJFERI
DA 91
o ferimento es . iúrual ode ser cur ado. Mas issorem de ser feito
lamentando a per a, o que é o 0roso.
Nos capítulos seguintes descrevo os elementos do trabalho
com a dor original e os tipos de cuidados que você precisava te r
recebido em cada um . d os quatro primeiros éstágios de desenvol-
vimento . Para cada estágio apresento um exercício. Se você está t
atualmente fazendo terapia, por favor, consiga a aprovação do seu
terapeuta antes de começa r este trabalho . Pode ce:tlizá-lo sozi-
nho , usando sua identidade de adulco como a de um mágico ve-
••
lho e genúl , mas assim mesmo precisa ela aorovação do seu rera-
peu ca. •
Há também exercícios de medicação para cada estágio de d e-
senvolvimento. Nessas meditaçõe s, seu adulco poáe cuidar da sua
criança ferida. Isto é o melhor que posso oferecer sob a forma de
•4
livro. Voei: pode fazer os exer:cícios sozinho , mas é melh or fazer
com o apo io de um amigo compreensivo e dedi cado. Melhor ain a :.
é realiza r o trabalho com um grupo de apoio .
••
Estes exerócios nã o pretendem substituir nenhuma terapi a ~
ind ividual ou de grupo que você esteja fazendo. Não cem por
objetivo substi tuir qualquer grupo de 12 Passos a que você per- •
tença. Na verdade, eles servirão para reforça.csua terap ia ou seu •t
crabalho d,: 12 Passos. Se vocêé um adult o ví_rima de abu so st-
. xual ou de severa punição emoaonal , ou se roi diagnosricado co- 4
mo mentalmente doente , ou se tem urna história de doen men- t
tal na sua fa , a, a aJu a p rofissional é essenóal pára ,•ocê. Se
os exercícios p rovocárem em você emoções estranhas ou acab ru- ~
nhadoras, pare imediatamente. Procure a ajuda de um conselheir o (
qualificado antes de prosseguir.
Embora este trabalho possa ter grande força e tenha sido c)(- t
uemamente terapêutico para muitas pessoas, n ão é um tipo de ~
poç:io mágica de •'como fazer uma coisa' ·.
Outra advertência. Se você é um viciado ativo. está fora de ~
controle e não tem contato rom seus verdadeiros sentimentos , deve l
modificar seu componamento se quiser obter algum resultad o
com este trabalho. Os grupo s de 12 Passos são comp rovadamen te ~
os af:!encesmais eficazes na cura do v-ícjo.Encre para u1n deles
hoje mesm o. São o que há de meln or aro:umen te. O u ::balh o
que vou apresentar exige pelo men cs um ano d c-sobciedad~. No s
orimeiros dias da cura de um vício. especialmente um vício dr
inge,cão. suas emoções estão mui to cruas e não diferenciadas. Sãci
•
COMO
ACRIANÇA QUEVM EMVOCÊ
MARAVILHA FOIA!RIDA 9J
essa dor. "Sem dor não há nenhum lucro", como dizemos nos
programas de 12 Passos.
, Na minha -opinião. a recupera ção do abandono . da negli-
gência e do abuso da infância é um rocesso não um evento.
~ ~te livro e Í3zeros exerácios não vai eliminar seus problemas da
D.Q.U.Ç,_J;!
ara o dia. Mas eu aranto ue você vai descobrir uma cs-
soinh a adorável dentro de você. Vai ouvir a raiva e a tristeza des-
,sa criança e vai ap render a comemorar a vid a com ela, com m ais
alegria, mai s criatividade e mais humor .
,•
-
CAPÍTUID 3
TRABALHO COM A DOR ORIGINAL
A nc:uroscc
é sempre um substicuto pa.r:t'o ,5ofrímcnto genuíno
- C. G. Jung
só com :l c:xpcciência.
Não se poâc rcso.lvct problcm11scom pa.lavr:is,m:1.S
não apenasa experiência corrctlva, ·mas revivendoo medo inicial ( uJs1c:n,
raiva).
- Alice Miller
L
-
VOIJ'ANJW
•
- - - . -- . - - - ----- -- --
nAl!AlliOCOMA·ooa OIUGJNAL 97
•
1,'RAMLHO
COMADORORIGINAL 99
Emoções reprimidas
Uma vez que as emoções são energia , elas clamam por expressão.
,As crianças das fàmílias d.isfuncionais geraJmente não rêm alia-
dos , ninguém com quem possam expressar suas emoçõe s. Por is-
so. elas as expressamda única maneiraque conhecem-
repe t indo-as nos outr os ou nelas mesmas, Quan to maiscedo é
feira a repressão, mais destrutivas são as emoções reprimida s. Es-
sas emoç ões oão apressas e não resolvidas são o que eu chamo
de "dor original''. O trabalho com a dororiginal ronsisre em ceex-
P-erimenrar css~es traumas e ,em expressar as emoções reprimidas.
Uma vez realizado isso, a pessoa não precisa mais repet ir nos ou -
uos nem em si mesma as emoções reprimidas .
Atf recentemente, haviapoucas provas científicas a favor do
uabalho da dor original Freud escreveu extensivamenre sobre re-
pressão, dissociação e transferência , como as defesas primárias do
ego. Ele ensina que, uma vez formadas, essas defesas funcionam
automática e inconscientemente . Entretanto, Freud nã o explica
exatamente como funciona esse mecanismo. Por .exemplo, o que
a.contece no nosso cérebro quando reprimimos nossas emoções
dolorosas?
Os terapeutas do corpo físico conseguíram descreveralgun s
d os modos de funcionamento desses me canismos . Sabemos, p or
exemplo, ql}e uma emoção pode ser reprimida com a tensão dos
músculos. E comum as pessoas rilharem os dcnres ou tensiona-
rem os músculos da mandíbula quando ficam zangadas. A.semu -
_ ç.Qt.Lpodem também ser reprimidas prendendo a respiração . A
resoiração superficial é um meio comum de evitar a d or emocional.
Podemos também reprimir nossas emoções usando a fan rn-
J •
O SOFRIMENTOE O CÉREBRO
•
j
102 VOil'AAOLAR
A repetição compulsiva
CÉREJIROTRIPARTID
O
-.
0 ff rtbrv puilll,Jlk
'-:h:atJ ·· pc:intc>
'' ,-n
Wcqtiat • tm pta.da
-.i.
P>\UOMAMlrao
Sênotl.lUmbko
(°""'9 e..acl onaJ)
TRABALHO
COMA DORORIGINAL 105
Acredite em mim, grande parte do que lhe disseram que era cui-
dado paterno ou materno era, na verdade , abuso. Seyocêconti-
nua inclinado a minimizar e/ou racionalizar os modos pelos quais
foi~vergonhado, ignorado ou usado pua satisfazer seus pais, deve
agora aceitar o fato de QUe essascoisas.na verdade.feriramsua
alma.Alguns de vocês foram também vítimas de agressão física,
sexual ou emocional. Por que esses abusos precisam ser corrobo-
cados?_E1t_tanhamente1 quanto mais você era agredido, mais você
pcnsa~ue era mau e mais idealizava seuspais Esse é o resulta•
do do cio da fantasia que citei antes. Todas às crianças idealizam
os pais, esse é o modo pelo qual garantem a própria sobrevivên-
cia. Contudo, quando a crianç1 agredida idealiza ospais, c:lade-
v.c_acreditarque é a única responsável pelo ab.usa..de que é 1'íti.-
ma. ''Eles me batem porque sou uma criança malvada, eles fa-
•
1ml rol!A AOlAR
zem sexo comigo porque sou muit o mau, eles gritam comigopor:
gue sou desobediente. Tudo tem a ver comigQ._n_ãQ com eles -
elessãolegais.'' Essa idealização dos pais é o centro da defesa do
ego e deve ser destruída. Seus pais não eram maus, eram apenas
crianças feridas. Imagine ter como pai uma criança de três anos
que pesa 100 quilos, que tem cinco vezes o seu tamanho ou im a-
-....
.......
.--
100 quilo s
.¼anos
"
1
Papai Você Mamãe
1
gine sua mãe com três anos, quatro vezes o seu tamanho. Sua
criança interior pode imaginar o quadro . Seus pais fizeram o me- \
lhor que sabiam, mas isso não pode ser compreendido por um a
criança de três anos.
COMA DOROIJGINAl
TRABAIHO 109
Choque e depressão
Raiva
O sentimento seguinte que geralmente apaieccno uabaJho da
dor oáginal é a raiva. uma.r~__s_p__QS_talegicima
ao ferimento espiri-
tual. Embora seus pais provavelmente tenham feito o melhor pos-
sível, nesse trabalho as intenções deles nunca são relevantes. O
que imp ona é aquilo que aconteceurealmente. Imagine que eles
estavam saindo de carro, de marcha à ré e acidentalmente passa-
ram por cima da sua perna. Você claudicou durante todos esses
anos sem saber por quê. Você tem direito de saber o que aconte-
ceu, não tem? Tem direito de sentir-se ferido e magoado , não tem ?
A resposta às duas perguntas é, evidentemente, sim. É certo você
ficar zangado, mesmo que o que fizeram não renha sido inten -
cional . Na verdade. você_cem de ficar zangado se quiser curar a
criança ferida. Não quero dizer que deve gritar e esbravejar (em-
bora seja válido). Basta ficar zangado com um golpe suj o. Eu nem
110 VOIIAADW
Dor e tristeza
Remorso
Sentindo os sentimentos
Todos essessentimentos devem ser sentidos. Precisamosbater o
pé e esbravejar, solucar e chorar. tran~pirare tremer. Tudo isso
leva t_e.mp_.o
..i.Lrec;JJpe.taçãsulos
scntimcru:Q.S...é....J.u:proccss
o._nã.o
um evento. Potém. a melhora é quase imediata. O contato com
a criançainterior, o fato dela saber que alguém está ali e çtue não
Rrccisa mais ficar sozinha, é cheiode alegriae rtaz.um alivia imc--
_diaw.. O tempo da lamentação varia de pessoa para pessoa. Nin-
guém pode determinar exatamente a duração desse:processo._L\
chaveé_sabcr como abaixar as defesas.Na verdade, não podemos
ficar sem nossas defesaso tempo todo. Certos lugares e cenas pes-
soasnão são confiáveispara o trabalho da lamencação.Ji.yocêvai
Qrccisarde um descanso, de tempos cm tempos.
Assim, a seqüência ou os estágios da lamentação vão e vêm.
Vocêpode estar na validação e três dias depois, na minimização.
Maspode continuar a avançar através dessesciclos. O importante
é sentir os sentimentos. Vocênão egde curar o que não podesentir!
Quando você experimenta o antigo sentimento e fica ao lado da
sua criança interior. o trabalho de cura ocone naturalmente. E
impo~rtantcmanter-se em segurança enquanto realiza essetraba-
lho. E sempre melhor fazer com um companheiro ou em grupo.
Por favor,preste atenção no aviso que eu dei no início da segun-
da parte deste livro. Procure a companhia dt: uma pessoa com
quem possa falar.depois de fazer este trabalho~
Ey levei um tempo enorme para ser aprisionado e congelado. e
•I
VOW.NJI.Al
,
•
CAPÍTUW4
RES.GATANDO
SEU EU DOS PRIMEIROS
ANOS DE VIDA
- K:irl Scetn
Onde a mãe não tem conta10suficicnrccom o própdo tor:po, ela não po-
de dar ao filho a união oeccssáriap:ua tr;ulsmitir a r.ic confianp nos pró-
prios instintos, 9 filho não pode d~ns,r dentro ciocór:pode 12,nem mai,
tarde, oo próprio corpo.
- l\1arioa Woodm:rn
CRIANÇARECÉM-NASCIDA
(UNIÃO SIMBIÓTICA)
EU SOJJ VOCÊ
IDAD
E! 0-9MESE
S
DEDESENVOLVIMENTO:
KlL\RIDADE CÓNFlANÇA X.DESCO
BÁSICA NFIA
NÇ.~
DOEGO: ESPERA?\ÇA
f-üRÇA
POD
ER: SER
PROBLEMAS
DEREUO0NAMEN'ID
; N.-\ROSISM0
SAUDÁVEL
- C0-DEPTh'DÉNO
A
114
ÍNDICE DE SUSPEITA•
~Tirei~ idéja do ' 'lodice de suspcíta" do caba.lho pioneiro do falecido Hugh MissiJdj.
ne no seu livro clássico l'óurlrrner Child of chr:Fase,O dr. Miuilàinc cr1 .meu amigo
e me cncora1ou mwco p:ua pr0$segúfr neste crabalho.
•
RESGATANDO
SEUFUDOSPRIMÉIROS
ANOSDEVIDA 11)
OS PRIMEIROS-MESESDE VIDA
A ponte interpessoal
Narcisismo saudável
•
}tESG~O SEUliU DOSPRl~R05ANOS
DE:vIDA 117
A boa mãe
Para fazer bem seu trabalho, a mãe precisa estar em contato com
o próprio senso de Eu Sou. Ela deve amar a si mesma, o que sig-
nifica que dC"Ye .aceitar cada pane de si mesi;na. Precisa especial-
mente aêeitar o pi:óprio corpo e sentir-se bem com ele. A •nãe
não pode dar áo filho a sensaç-ão de bem-estar se ela não a pos-
sui. Não pode dar ao filho a sensação de confiança nos próp rio s
instintos se não confia nos seus. Erich Fromm descreve como uma
orientagão antivida na mãe faz o filho temer a vida, especialmente
a vida instintiva do seu corpo.
Espelho
O contato fisico
Quando você nasceu devia ser tocado e abraçado quandopreci-
savaser tocadoe abraçado.. Pfecisava ser al.imentado quando ti-
nha fome, O horário rígido da alimeQtação do bebê foi o horror
das geraçõespassadas. Sam Keeo chama a atençãô para o fato dos
mestreszen levaremanos para chegará conhecer o que toda criança
sabe naturalmente - a corporalidade t~tal de doonir quando
está cansado e comer quando tem fome. E incrível que esse esta-
do de beatitude, semelhante ao que é alcançado pelos mr;su es
zen, seJa destruído deliberada e sistematicamente. Você preo sa-
va tomar banhõ e estar sempre limpo. Suas funções físicas oão
eram ainda réguladas pelo controle muscular conscie•nte, portan -
to, você dependia de outra pessoa para manter seu bumbum lim•
po. Essas são necessidades de dependêncía. Você não podia
satisfazê-las sozinho.
O eco
Vocêpreêl$ay1-ouvir vozes ecoan.d.Q..Q.Qas- v1ndas. serenas e amo-
, rosas. Você precisava de uma porção de eco~ dos seus balbucias
de ternura. E ohsf E ahs! Vocêprecisava ouvir uma voz confiante
e firrnuµ ,é indicasse um alró grau de segurança. Talvez, mais
do que tudo , Brecisavasentir uma pessoa que confiava no mun-
do e na. própria sensação de estar no mundo. Erik Erikson pro-
põe (:OII)O primeü:a· tarefa do desenvolvimento, a criação da no-
ção interior de ser, caracterizada pela çon.iançano mundo exte-
rior. Carl Rogers dit que uma das coisas m_aisimportantes que
aprendeu foi que ' ~os fatos são amigos'' - isto é, podemos con-
fiar na realidade. A disputa entre a confiança básica e a descon-
fiança é a primeira tarefa do desenvolvimento. Q...u andoessa po-
laridade é re~ lvida aJavor da confi,@Ç-ª.. _mtg_
e_J1..ÍQLÇa:.b.á.sica.do
ego. Essaforça é a base da esperança. Se o mundo é basicamente
digno de confian&.ª., então é possíyel ser' 'quem cu ~pos •
,so confiar. ceno de uc tudo que preciso estará à m'inha CSP-e ra.
Pam Levin vê este primeiro estágio como o tempo em que
é desenvolvido o poder de ser. Se rodos os fatores enumerados
estiverem presentes, a criança pode ter o prazer de ser quem ela
é. Uma vez que o mundo exterior é seguro, e uma 'Vez que as
RESGATANDO
SEUEUDOSPRIMEROS
ANOS
DEVJDA 119
carências dos meus pais estarão sendo atenrudas por recursos pr6-
prios e por meio do amor e do apoio mútu os, eu osso a enas
set Nâ9~p,reàsQ agradá-lgs _n.e.mJutar pela sob,revivêncja. Posso
apen~~ntir razer e~ r minhas q~sidades ace.ruiid3á._
DISTÚRBIO DE CRESCIMENTO
Não cresça
Abandono emocional
Todo filho de um sistema familiar disfuncional sentirá privação
e abandono emocionais. A i:esposta narural ao abandono emo-
cional é uma vergonha tóxica profundamente enraiz-ada, gerado-
ra de rajva primitiva e uma profunda sensação de mágoa. N~o
I.ESGA'.L\NDO
SEUEUDOSPRIMErROS
ANOSDEVIDA 121
INFORMAÇÃO
"
A INFANCIA COMPARTILifADA
COM UM AMIGO
•
RESGATANDO
SEU
EUDOSPIUMBROS
ANOS
DêVIDA 12J
SENTIR OS SENTIMENTOS
ESCREVERCARTAS
Imagine que você, o sábio e velho mago, quer adotar uma crian-
ça. Imagine que esse bebê é você. Imagine que você precisa es-
crever uma carta para esse bebê. Bebês não sabem ler, é claro,
mas confie cm mim, é importante escreveressa carta. (Não escre-
va se não quiser realmente recuperar seu bebé precioso. Enrce-
ranto, suponho que você queira. do contrário não teria compra-
do este livro.) A carta não precisa ser longa, talvez um ou dois
parágrafos. Diga ao seu bebê maravilhoso que você o ama e que
está feliz por ele ser menino (ou menina ). Diga que você o dese•
124 VOl1ANJLAR
Querido Joãozinho
Estou tão feliz por você ter nasci-4o! Eu o amo e quer o
qu e fique comig o para sem p re. Estou s:i.tisfeiro por você ser
menino e quero ajudá-lo a crescer.
Quero uma oportunidade para mostrar o quanto você
significa para mim.
Amo r
Joã o
Dep ois d.isso,embora pareça estranh o, quero que escreva para você
mesmo uma .carta do seu bebê interi or. Escreva com a sua mã o
não dominante . Se você é destr o. escreva com a mão esquer da .
(Essa técni ca ativa o lado não dom inante do seu cérebr o, cont or-
nando o lado lógico e sempre mai :s contr olador . Facnna o conta-
to com os sentimentos da criança que vive cm você.) É claro que
' eu sei que bebês não sabem escrever. Mas, por favor, faça o exer-
cício. lembre -se, se um bebê pudesse escrever, provavelmente não
escreveria muito - talvez só um parágrafo bem curto. Aqui está
a minha carta .
Querido Jo~o :
....Ve /\}'\O..
t bu.sc.~r~
Q l)€,.r"O CfU€ VOCe M<2.
1
9ue.ro :!)er '""fºi"fa l'\-t-er'C1 ro.. a 1»ue.1'4A.
Não !=ft.lero/ ic.a.r .So :Z/!\i\o ·
À N'.,,...O ,.- ,
Joã. o z.tnL....
C>
'
i
l RESGATÀNDO
SEUEUDOSPIUMEÍROS
ANOS
DEVIDA 11)
AFIRMAÇÕES
.
•
126
olhando para tudo isso... Olhe para você adulto ... Veja você
como uma pessoa, um mago. ou apenas você me smo ... Sin-
ta a presen ça de alguém que o ama. Agora ima gine que o
adulto que é você o segura no colo. Ouça as afirmações se-
guinte s na voz carinhosa dele :
Ttabalhando em conjunto
Se você quiser fazer esses exercícios com um amigo , ótimo.
Cada um precisa estar pr .esente para o outro de modo especial .
Uma vez que a criança interior precisa saber que você não
vai partir de repente, os dois devem tomar o compromisso
de estar presente para o outro enquanto realizam esse trabalho .
Não precisam fazer nada de especial, e cenamente não preci-
sam fazer o papel de terapeutas. Basta estar presente na med i-
da do possível. Um dos dois fará as afirmaç ões positivas. Acon-
selho a usar as afirmações como foram dadas. (Em um seminá-
rio recente , uma muJher ficou tão entusiasmada quando cscav:i
fazendo as afirmações para um homem , que eJa disse: "Bem-
vindo ao mundo . Você é tão desejado! Quero fazer sexo com
você!" Isto não é o que um bebê precisa ouvir de alguém
•
que toma conta dele!) Depois do primeiro exercício, invertam
os papéis.
Quando se trabalha junto, e muito bom abraçar e acariciar
o parceiro enquanto dizemos asafirmações . Isso deve ser cuida-
dosamente verificado com antecedência. Muítos adultos crianças
tiveram suas fronteiras físicas sev.era.mente invadidas. Mostre ao
seu parceiro como você quer ser abraçado e acariciado. Obviamen-
te, se vo.cé não quer ser toéado, diga a ele.
Quando estiverem preparados para o exercício, leia para seu
companheiro a inuodução geral à medita窺· Leia lenta e a~en-
tamente , Podem ter uma música de ninar ao fundo , Recomendo
a Suíce de Ninar de Steven Halp,·rn . Depois de Ier a frase ''.Escu-
te a voz dele fazendo carinhosan.ent-e estás afirmações'', diga as
afirmaçõesem. voz alta para seu .companheiro.Termine de Jer o
exercício. A diferença entre fazer esse exercido sozinho e com um
com panheiro é que, t10 segundo caso, você fa.z as afirmações em
voz alta, acaúciando o companheiro da forma qué ele deseja.
Quando ierminar, invertam os papéi s.
Trabalhode grupo
Nos meus seminários, a maior pane do trabalho de recuperação
é feita em gftql.ÓS. Acredito que o trabalho de grupo é a forma
maispoderosa de terapia , No fim do seminário, digo a todos que
fotam apen;is um recurso primário para os ouuo s. Queto que eles
, saibam o que podem fazer sozinhos.
Entretanto, sempre tenho vários terapeutas disponíveis du-
rante esse processo, .pàra o caso de alguma crise emocional. Eles
me auxiliam no caso de alguma pessoa ser dóminada pela emo-
ção. Essa crise: pode ocorrer quando a pessoa regride dominada
pela vergonha tóxica ou por emoções contraditórias. Essas emo-
ções são mais perturbadoras que as naturais. Nã ve.rdade, nin-
guém é dominado pelas cmoçõc~ naturai s.
As seguintes sugestões são oferecidas aos:
.I
CAPÍTUID5
RESGATANDOSlJA CRIANÇAQUE
COMEÇAA ANDAR
- Gcrard ManJc:yHopkim
Provérbiochinés
(UNIÃO OPOSICIONAL)
EU SOU EU
IDADE
: 9 MESES
(EST
- 18MESf.S
ÃGJO
mIDRATÓRIO
- ~ ANOS
18MESES
) -
AGIODE
(EST SEPARAÇÃO
)
POl.ARIDADEDEDESENVOLVIMENIO
: AUI'ON0MJA
XVERGONHAEDÚVIDA
FORÇADOEGO
: IQRÇADEVONTADE
PODER: SENTIR
EFAZER
RElACIONAMFNIO: NASOMENTO
PSICOLÓG
ICO:
C0NTRADEPENDtNOA
140 VOIIAAOI.Al
"'
INDICE DE SUSPEITA
DISTÚRBIOSDO CRESCIMENTO
INFORMAÇÃO
os quat.to anos. Você pode ficar ho«orizado com a jdéia, mas não
terá unia resposta emocional. Mas agora eu digo que ele a deita-
va sobre suas .pernas todas as noites e a obrigava a sugar seu pê-
nis, o que a et1sinou a fazer pondo uma ponta igual a um mami-
lo na ponta do pênis. Agora ·você talvez, sinta um pouco da uai-
ção e da dot que essa mulher sentia.
Se você tem uma fotografia sua nessa idade, olhe para ela. Veja
como era inocente e pequenino. Depois, observe durante algum
tempo uma criança .que está começando a andar e passe algum
tempo com ela. Concenue-se na normalidade desse estágio de
desenvolvimento. Era normal para você ser cheio de energia, ba-
rulhento e desordeiro. As crianças dessa idade me:x-emnas -coisas.
,Vocêera curioso e se interessava por tudo. Você dizia não para
começar uma vida só sua. Você ei:.ainseguro e imaturo e por isso
tinha acessos de raiva, Você era uma pessoinha inocente e bela .
Concentre -se em tudo que você passou durante esse e~ágio. Sin-
ta os sentimentos qúe a lembrança provoca,
J.ESGATANDO
SUACllANÇA
QUEOOMEÇA
A ANDAI 1) 1
CARTAS
Assim como para seu eu recém- nascido, escreva uma cana para
seu eu quando começou a andar. A carta é do adulto-voc ê - no
meu caso, um velho mago gentil e sábio. Uma das minhas cartas
para meu eu desse estágio dizia :
Queri do Joãozin ho
Sei que você eStá m uito solitári o. Sei que nunca che-
gou a ser você me smo. Você tem medo de ficar zangado por-
que pensa que o fogo terrível chama do inferno vai queimá-
lo se ficar zangado. Você não pode ficar uiste ou com med o
porq ue isso é para mar icas. Nin guém conh ece realmente o
garoto ma ravilhoso que você é nem o que você sente .
Eu sou do seu futuro e sei m elhor do que ninguém o
que você p assou. Eu o amo e que ro que você fiq ue comig o
para sempre. Deixarei que seja exatam ente o que é. Ensina -
rei alguma coisa sobre equi!Jbrio e de1Xacei que você fique
zangado, com me do, triste ou alegre.Por favor, quero qu e
pen se em me deixar ficar para sempre com você.
Amor
Joã o
CARTADA SU:ACRIANÇAINTERIOR
Querido 'Ricardo
h i 4D a V\OS:,
es+-ou dr'ª vord d~,
p,e ciso d e. voc..e .
K i Cd í d,·~ ~ o
Depõis de escrevera cana, fique quieto por algum tempo e
deixe vir à tona qualquer sentimento que apareça. Se estiveracom-
panhado, ou se•civerum amigo, um monitor ou um terapeuta que
saiba o que você está fazendo, leia para ele sua carta, em voz alta.
Essa leitura, com um rosto refletindo o seu, tem grande força.
-
AFIRMAÇOES
Mais uma vez vou pedir que volte ao passado, encontre seu eu
nesse estágio e faça as afirmações que ele precisa ouvir. Estas são
diferentes das afirmações para os púmeiros meses da vida.
Seu cu nessa idade precisa ouvir isco:
MEDITAÇÃOPARAESSE ESTÁGIO
Vocêdeve ter gravada a introdu~ão geral de todas as meditações.
Se não tiver, veja na página 127 e grave o começo da medicação
que termina onde diz: ''Qual era a sensaçãode morar naquela
casa?" (Se você está começando a ler daqui, por favor, leia as ins-
truções nas páginas 126 e 127).
Agora, acrescente o seguinte à introdução geral.
Imagine que pode sair daquela casa e ver uma criança que
está começando a andar, brincando cm um quadrado de
areia... Olhe para ela com atenção e procwe sentir a crian-
ça... Qual a cor dos seus olhos?... A cor do cabelo?... O que
está vestindo?... Fale com essacriança... Diga o que tiver von-
tade de dizer... Agora, deixe-se flutuar no quadrado de areia
e seja a criança... Qual a sensação dessa criança de ser tão
pequena?... Olhe para seu eu-adulto ...
VOIIA
1()1.AA
Ouça esse adulto, esse mago sábio e -gentil fazer, com voz
calma, as afirmações seguintes. Sente-se no colo do mago
se achar que é seguro.
Agora imagine que você pode sair e ver uma criança que es-
tá começando a andar, brincando em um quadrado de areia...
Olhe para ela com atenção e sinta a sensação dessa criança ...
Qual a cor dos seus olhos?... Do s cabelos?... O que ela está
vestindo?... Fale com essa criança ... Diga o que tiver vontade
de dizer ... Agora, deixe-se flutuar no quadrado de areia e
seja essa criança pequena ... Qual a sensação de ser uma criança
tão pequena? ... Olhe para seu eu-adulto ... Ouça essa pessoa
adulta dizer em voz lenta as afirmações para esse estágio.
Sente-se no colo desse adulto se achar que é seguro.
vendo.
CAPÍTUID6
RESGATANDOSlJA CRIANÇA
NA IDADE PRE-ESCOLAR
Ma,, b vezes, sou como uma árvore que se ergue sobre um. rúmulo, um2
irvorc frondosae crescidaque viveuo soonu especialque o menino morte< .
cm voltaáo qual suas rài.i:csse desenvolvem,perdeu a travesàe suas ume•
zas e seus poemas.
- Raincr MaciaRilkc
IDADE PRÉ-ESCOLAR
(PRJJ.fEIRAIDENrIDADE)
MENINO
EU SOU ALGUÉM<
MENINA
ÍNDICE DE SUSPEITA
•
1)8 vrnL\ AOLAR
sentir uma energja mais forte para o sim, responda sim; se para
o não, responda não. Se responder afirmativamente a qualquer
pergunta, pode suspeitar de que sua maravilhosa criança interior
foi ferida, no passado. Há vários graus de ferimento. Você está
em algum lugar em uma escala dé um a cem. Quanto maior o
número de perguntas que você sente-que deve responder com um
sim , maior é o ferimento da su:i, criança em idade pré-escolar .
,.
PRE-ESCOLARNORMAL
Mais ou meno s aos uês anos você começa a perguntar por quê
e mais uma porção de coisas. Não pergunta por ser burro ou in-
conveniente, mas porque isso faz pane do plano de crescime~to
de um poder maior. Você faz perguntas porque tem :.ima energia
vital - um impulso inicial - que o empurra na direção de uma
vida cada vez mais ampla.
Resumindo o seu desenvolvimento até aqui: sente -se bem-
vindo ao mundo e sabe que pode confiar no mundo o bastante
para ter atendidas todas as suas necessidades . Vocé já desenvol-
veu força de vontade suficiente e internalizou discipl ina para con-
fiar em si mesmo. Agora, precisa desenvolver o poder de visuali-
zar querµ você é e imaginar como quer viver sua vida. Saber quem
é signifi ca ter identidade, que compreende sua sexualida de, suas
cren ças sobre você mesmo e suas fantasias. A criança na idade pre-
escolar pergunta tanto por quê porque há tanta coisa para en -
tender. Alguns de nós estamos ainda procurando entender cer-
tas coisas.
Porque entender quem você é e o que quer fazer com sua vi-
da é uma tarefa tão difícil, as crianças têm uma proteção especial
para ajudá-las nessa compreensão. Essaproteção cham a-se egocen-
trismo. A criança é egocêntrica por natureza. Não é egoísta. Seu
egocentrismo éum fato biológico, não uma escolha. Antes dos seis
anos, a criança não é capaz de compreender o mundo segundo o
ponto de vista de ouua pessoa. O pré-es colar pode ser emocjonal-
mente conge nial, mas não pode, na verdade, se pôr no lugar dos
outros. Isso só conseguimos mais ou menos aos 16 anos.
A criança em idade pré-escolar é também muito mágica. Está
muito ocupada, testando a (_ealidade para separá-la da fantasia .
160 AO!.AR
VOIJA
DIS1ÚRBIO DO CRESCIMENTO
1 ........
_ ___.1 1' /
1
\ 1 / /
Unilo __ ...\ 1 Uruã.o
Vcn.ical \ / / Vcrúcal
~~·~ 1 ~-~\/--~
Companheiro do Pai \
,' Bode Expiar6rio da Furu1 12
Criança Pcrdidz
AgfQ1i~ \ 1 1 Vitima
1 \ Disrútbio Alimenr:u
O Atleta \
\ __..
......... ,.........
__.. \
- - _A _ __ /
Homcotinho da Mamk
(Substlruro)
Bode .Expiar6ôo do Pai
Realizador
Zelador
_, ~
1~ VOIIAAOW
INFORMAÇÃO
J
Não falei sobre o abuso prati cado por irmãos, mas isto pode
ter um efeito importante - geralmente ignorado - no desen-
volvimento da criança. Talvez você tenha sido atormentado por
um irmão ou urna irm ã. Talvez tenha sido atorrr,enrado e mo•
lescado pelo filho do vizinho. Até mesmo a zom b3.rÍa pode ser
excremamence abµsiva, e a provocaçã o crônica pode se-r um
pesadelo.
· Escreva rudo que puder lembr ar sobre sua vida nesse esrá-
g 10 pré-escolar.
168 VOl!A>DW
SENTINDO OS SENTIMENTOS
CARTAS
!-,fa
.mãe e papai querido ,;.
Papai, eu precisava que vocé me protegesse . Sentia me-
do o tempo rodo. Eu precisava que você brincasse comigo.
Gostaria de reri do pescar com você. Queria que tivesse me
ensinado muitas coisas. Gostaria que você não bebesse o cem·
p0 rodo.
Mamãe, eu p recisava que você me dogiass e. Precisava
que você dissesse que me amava. Gostaria que não me ti-
vesse feito tom:.r conta de você. Eu pre cisava de alguém pa-
ra tomar cont a de mim .
Amor
Robbie
Evite.dizer coisas como: "Ca ra, você ficou mesmo sentid o.'' NãO'
interprete e não defina, diga apenas o que vo.cê viu e ouviu e que
o fez coochii r que de estava sentido. Pode dizer também que deve
ter sido horrível sentir-se negligenciado ou violentado como elefoj.
lsso ajuda a legitimar e validar a dor . Revezem -se nesse trabalho .
Se-você está fazendo os exercícios com um g.rupo, revezem -
se na leitura das cartas e deixem que cada pessoa descreva os sen-
timentos que observou no leitor .
EXERCÍCIO
AFIRMAÇÕES
Agora veja sua criança interior aos cinco anos ... lrnagine que
ela acaba de sair da casa e você a vê sentada no quintal .
Aproxime-se dela e diga alô... O que ela está vestindo?... Est:í
..
RESGATANDO
SUAOJANÇA
NAIDADE
Pll-ESCOI.All IH
Deixe que a criança sinta o que ela sente ... Agora, bem de-
vagar, volte -aser seu eu-adulco ... Diga à sua criança interior
gue está ali agora e que vai conversar muiro com ela. Di ga
que você é a única pessoa que ela jamai s vai pe rder e que
você nunca a abandonar á ... Despeça-se por agora e comece
a subira ladeira da memória. Passe por seu cinema favorito
e por sua sorveteria favorita ... Passe pelo pátio do seu giná-
sio... Sinta que está voltando ao presente ... Mexa os pés...
Mexa os dedos dos pés ... Sinta a energia subin do por seu
corpo ... Sinta suas mãos ... Mexa os dedos das mãos ... Sintà
a energia na pane superior do corpo ... Respire fundo ... Sol-
te o ar ruidosamente ... Sinta a energia no seu rosto... Sinta
onde está sentado ... As roupas no seu corpo ... Agora abra
os olhos lentamente ... Fique sentado por alguns minu tos e
experimente tudo que está experimentando .
Trabalho de grupo
Como nos exerácios anteriores de grupo , as afirmações são dadas
por cada membro do grupo de uma vez (veja instruções na pág.
132). A pessoa escolhida para gravar a medita ção deve gravar o
material adicional desta parte, até a frase, "Olhe para seu eu-
adulto (o mago sábio e gentil) ... Veja seu rosto bondoso e cheio
d e amor ..."
Grave então as instruções para fazer uma âncora. Termi n!'
a meditação, começando com a frase, "Despeça- se por agora e
comece a subir a ladeira da memória .' '
Lembre-se de que é imponante que todos do grupo tenh am
feito seu exerácio, antes de começarem os comentários sobre o
crabalho de cada um.
Vocêagora recuperou sua criança ferida na idade pré-escolar.
Conscientize-se de que seu eu-adulto pode tomar conta dela.
Se, depois de fazer todos esses exerácios, você tiver uma sen-
sação de pânico, garanta novamente à sua criança interior que vai
estar semp r~ presente para ela. Quando sentimos pela primeira
vez sentimento~ antigos e congelados, ficamos angustiado s. São
sentimentos estranhos às vezes arrasadores e não controláveis. Diga
à sua criançá interior que você não a abandonará e que vai desco-
brir todos os meios para amá-la e ajudá-la a satisfazer suas carên-
, das. Aqui está a minha idéia de como é meu pré-escolar recupe-
rado.
RESGATA
NDOSUACRJANÇA
NAJDADE
UÉ-ESCOLAR 17S
. i 1
1 1
- Milton Erick.son
- Robcn Bly
A D1cam of My Brothcr
IDADE ESCOLAR
(PERÍODO DE LATÊNCIA)
EU SOU CAPAZ
ldade: 6 anoiatéapubc1dadc
Flllaridad
e dedcsenwihimeou
,1 Habiliâaiicvmusiníaioriàadc
a doegc: Compt'ténm
Forç
: SabC't.
Poder aprcnder
Rda:ion1.1D
cmc: lnti:trlepen
cmtii. coopcr~i
c
RESGATANDO
SEUEUNAIDADE
ESCOLAR 177
.,
INDICE DE SUSPEITA
•
.178 'fOIIAADW
17. CosruJna mentir para você mesm o/a e para os outros com fre-
• ;i s·
qu•••enc1a. 1m........ N-ao_.......
18. Acredita que, por melhor que faça, nunca está fazendo a coisa
cerca., s·
un... ..... N-ao...... ..
I
IDADE ESCOLARNORMAL
l80 VOIIA
AOLAR
DISTÚRBIODO CRESCIMENTO
•
182
dos e tomar água nas conchas das mãos" . Essa é a parçe que per-
demos quando entramos na escola .
_As escolas tecom . ensam o co_nformismo e ~ memor j z~â ~
.em_ vez de recompensar a criativi dade e a cara~ etística de ser
único .
- ~uito~ dos 9!_l~se adapt~ 1 tirando sempre a nota mais al-
J ;t jamais desenvolvem uma verc;lªdeirl!,__ n..QǪ-
9 de com etência.
Pás.sei a maior parte da minha vida tentando curar o ferimento
no meu ser, realizando e fazendo. Por maior qu .e.fosse o número
de As que eu tirava na escola , não fiz nada para curar o profun-
_do ferL,:qi;p_t Q.esgiritual .Ê mi~tiê .f.Úa!!_Ça
interior ferida continuo u
a se sentir sozinha e incapaz.
Muitos de nós nunca aprenderam a convivência social por -
que estavam ocupados demais em tirar As na escola. Muitos de
nós se diveniram muito pouco nessa idade, porque a escola era
uma panda de pressão de exigências esttessantes. Estávamos tam-
bém num dilema porque nosso sucesso acadêmico impedía que
tivéssemos a aprovação dos nossos colegas.
Atualmepte, os aspectos mais criativos dá minha vida são ale -
gres e curiosos. Escrever este livro é uma diversão para mim. Eu
me ~e rci dandQ aulas , aprendendo e criando séries para a tde-
visão nos últimos anos. Quase tudo q~e faço hoje é produto de
aprendizado ..inddenta:1simplesmencs motivado pela necessida-
de ou deseJo de saber alguma coisa. E cenualízado no entusias-
mo e baseado na capacidade de me maravilhar com ascoisas. O
aprendizadp incidental é o que a sua criança mara\l'ilha faz natu-
ralmente. ·yocê come a seu a rendizado incidental uando, co-
mo uma crian !_que começa a andar, você ex lora o mundo. En-
._;ão isprovavelmente, é desviado dessa rota. Quase todos nós fo-
mos desviados. \:.ocê foLQbgg~do a ~e confo~mar e obrigado _ ª-
aprender coisas 9.~ abor~eciam.
infe lízmcnte, o granae av.anço na reforma da educação do s
Estados Unidos, que começou mais ou menos há 20 anos e que
eu vi acontecer quando era professor, não ajuda agoranossa criança
interior ferida.
Sem dúvida há muitos professores corajosos, ~riacivos e ver-
dadeiros educadores, mas há tambEm professores raivosos e abu -
sados. Eu sei, trabalhei com alguns deles. Esses professores pro je-
tam nos alunos as crianças feridas que vivem neles . Sua criança
jnterior pode ter sído vicimizada desse modo ; Provavdmeote , você
, sruEUNAIDADEESCOlAR
RESGATANDO 183
teve outras crianças para legítimar sua dor , mas elas não podiam
mudar nada.
Em alguns casos, os próprios colegas de classe são os agres•
so.ces. A criança em idade escolar pode ser muito cruel. Leia
O senh.or das moscas, de William Goldiog .
Recentemente estive com um amigo de escola que eu não
via há 40 anos. Passamos dojs dias fantásticos contando um ao
outro nossas vidas . Aos poucos , lembrei cenas fases da infância
atormentada desse amigo. Ele era um gênio acadêmico. Usava ÓCU·
los e não era dado a espones. Na escola primár ia era torturado
pelo s ma.is velhos. Cada dia e1:acomo entrar num poço de vergú-
nha , Geralmente ele se refugiava na sacrisria, pedindo a Jesus para
ajudá.lo a compreender por que eles o espancavam , o ridiculari-
zavam e o feriam tanto. Por quê ? Quando tudo que ele queria
era fazer par te do grupo! Chorei quand o ouvi essa históú:... f}.
quei envergonhado porque eu, evidentemente, era seu amigo
quando não tinha ninguém por perco.O grupo atormentador era
tão intenso que eu não podia me arriscar a ser visco com ele. Ele
dava grande valor à minha amizade. Isso era trágico. Tenho pra -
zer em dizer que ele sob reviveu a tudo isso com brilhanrismo ,
mas não sem cicatrizes profundas na sua criança incerior.
.A conversa que tive com ele me fez lembrar ourras vítimas
da crueldade daquele grupo. As merunas muito gordas, os garo-
dnhos com narizes engraçados, os que tinham deformidades fi .
sicas, os meninos que não praticavam esportes. Meus arquivos de
conselheiro estão repletos de histórias de homens e mulheres que
levaram com eles dwance rodaa vida, a vergonhafísica ou culru-
ral. Seus seres maravilhosos eram rejeitados porque eram mexi-
canos ou de outros países, ou judeus. Eram atormentados por•
que gaguejavam, eram desaieitados ou se vesàam pobremente.
As próprias crianças empunhavam a régua perfeccionista da me -
dida cultural e física.
Nenhuma criança em idade escolar é realmente feia, emb o-
_ ra algumas pareçam desrueitadas e abobª4ªs, São ap_e_oas niQ la-
_pj adas e não terminadas merecem nosso iespe ito e nossa aju.
da para gue ossarn d_eseny_(!lv;! suas forças.
184 VOLTA
AOLAR
INFORMAÇÃO
,. Adultos importante s
Marcos importante s
.
Escrevasobre os uês fatos mais imponanres de cada ano. Por exem;
.
p10, eu escrevi:
Fatos traumático s
São as experiências d a sua vida que infligiram os fer:im entos es-
pirituais mais profundos. Por exemplo, quando eu tinha nove,anos,
meu pai começou a prim eira de muiras separações físicas da mi-
nha mãe. Essas separações ficaram cada vez mais prolongadas com
o passar do tempo.
Talvezvocê tenha se lembrado , durante anos, de algum acon-
tecimento que parece trivial.-Você não sabe po~ que lembr a de-
le, mas nun ca o esqueceu. Isto pode significar que houve um a
violação em aJgum nível. Por exemplo, jamais me esqueci de um
incidente ocorrido quando eu tinha cinco anos. Um vizinho ado-
lescente fez minha irm ã, que tinh a en tão se.isanos, tocar em seu
pênis. De cena forma eu sabia (sem saber realmente ) que estava
vendo uma coisa muito má. Não foi como me u brinqued o de
sexo com as duas menin as vizinhas, dois an os mais tarde . Unha-
mos a mesma idade e nossa brin cad eira era mais simb 6Üca. O
que aconteceu com minh a irm ã foi uma verdadeira violentação.
Agora compreendo por que essa lembran ça me perseguia.
Leia sua hist ória para um amigo, para sua mulher , seu marid o
ou seu terap eut a. Dê a você mesmo tempo suficiente para entrar
em contato com as violentações desse pe ríodo. Focalize especial-
r 186 VOil'A
AOLAR
SENTINDO OS SENTIM.EN10S
1
UM MITO. OU UM CONTO D.EFADAS
•
llESGATANDO
SEUEUNAIDADE
F.SCOIAR 187
OS PAPÉISNO SISTEMAFAMILIAR
DISFUNCIONAL
Procúre identifi car os novos papé is que você se imp ôs nesse está-
gio escolar e trabalhe com de s como fez no capítulo 6, págs. 170
e 171. Sugiro que dê especial atenção aos papéi s de uni.ão rrans-
geracional porque eles o privaram de um modelo sexual saudá-
vel. Os papéis mais comun s nesse período são: Homenzinho da
Mamãe, Substituto do Marido da Mamãe, Confidente da Mamãe
(Melhor Amiga) , Mãe da Mamãe. Princesinha do Papai (Bone-
quinha), Substituto da Esposa para o Papai, O Melhor Compa •
nheiro do Papai, O Pai do Papai . É imponante compreender qu e
o súbscituto do cônjuge e os papéi s de pais dos pais não se li mi-
tam ao sexo opost o. A menina pode ser A Substituta do Marido
para a Mª1Jlãe, o menino pode ser o Substituto da Esposa para
o Papai. Em todos os casos, a criançaestá comandocontadospais.
ISto é uma inversão da ordem nat4ral das coisas.
Focalize as conseqüências dessespapéis que foram prefudi-
ciaisà sua vida. Eu penso cm Jimmy , por exemplo, que, aos seis
anos, foi abandonado pelo pai alcoólatra . Sua mãe tinha 28 anos
quando o pai os abandonou . Ela tinha outros dois filhos e ne•
nhuma qualificação para trabalhar . Jirnmy, o filho do meio e o
mais velho dos meninos , começou a trabalhar aos sete anos. Aju-
dava muito a mãe. Sentava ao lado dela duran te horas, consoian-
do-a , enquanto ela lamentava a vida que levava. Ele a considerava
uma santa e fazia o impossívd por ela. Jimmy não not ou (nenhuma
190 VOIIAAOU.R
AFIRMAÇÕES
•
192 'vUIL\AOW.
~lt!l+Al
H~\»AJ
,
CAPÍTUID 8
ORGANIZAÇÃO ~ UMA NOVA
ADOLESCÊNCIA
- G:rald ~anJey_Hopkins
- Robert Bly
1 Night Frogs
ADOLESCÊNCIA
(REGENERAÇÃO)
!~ade: 13-26
Polaridade
de desenvolvimento
: Idcotiôadc confus~o
persus àe papfo
rorç2do.ego: Fidelidade
Poder: Deregeoer2çã
o
Reb.cion2meato:Independência
da Í2mília
ORGAN17.AÇÃO ADOWâNOA
- UMANOVA
..
INDICE DE SUSPEITA
16. Acredita que ninguém ·passou por tudo que você tem passa-
do, ou que ninguém pode jamais compreender sua dor úni-
ca.) s·
1m........ N-ao........
,.
ADOLESCENCIANORMAL
maiscox:rnen.tosos.do._ciclo da vida.
Gosto de descrever a adolescência normal usando as letras
da palav ra adolcscenc~.
Ambivalência
•
198 VOIJAAOLAR
Ocupação
Solidão
A adolescência sempre foi um tempo solitário. Não impona a
quantos grupos penen ça, nem quantos amigos tenha, o adoles-
cente sen te um vazio interior. Não sabe ainda quem ele é. Não
sabe ao ceno para onde está iodo. Devido à nova aptidão de pensar
abstratamente, o futuro (uma hipóte se) torna- se um problem a
pela prÍmeira vez na vida da pessoa. O jovem, quando contem -
pla o fut uro, cem uma sensação de ausên cia. Essa sensação é mai~
intensa quand o ele tem uma criança interior ferida .
A nova estrutura cognit iva que começa a se formar permi te
que ele pense sobre o próprio eu (torna-se consciente da própria
pessoa), Os adolescentes podem pensar sobre pensar. Por isso,po-
dem perguntar, '' Quem sou eu?'' Tornam-se dolorosamente cons-
cientes da própria pessoa. Essa conscientização é intensificada pelo
aparecimento das caracteríscicas sexuais secundárias . As novas sen-
sações sexuais são poderosas e as mudan ças físicas são embara ço-
sas. O adol~scente sente -se constrangido e estranho.
Identidade do ego
Já citeia definição de Eàk Erikson para identidade do ego. As
questões do " qqem sou eu" e "para onde escou indo " são ore-
sultado das novas aptidões mentais do adolescente .
Exploração sexual
Com o aparecimento das características sexuais secundárias, sur-
ge também uma nova e poderosa energia . Essa energia é a ex-
pansão da centelha de vida. "A vida deseja a si mesm a'', disse
Nietzsche. A sexualidade genital é uma espécie de força preser-
vadora da espécie. Sem o impulso sexual , a espécie desapareceria
em um período de cem anos.
O ado lescente explora naturalmente a p róp ria sexualidade .
A primeira masturbação genital abre a válvula. As ameaças de
cegueira , verrugas na mão, até mesmo da queda do pên is pe.r-
200 YOIIAAOW:
Concei tualização
_I
- UMANOVAADOO.Sd:NaA
ORGANIZAÇÃO 201
Pensamento cgocênttiro
Narcisismo
Os adolescentes são narcisistas. São obcecados por seu reflexo no
espelho. Podem passar horas olhando para eles mesmo s. ) sso é
o resultado da intensa conscientiza ção da própria pessoa. E taro•
bém uma reciclagem das necessidades narcísicas da intãn cia.
•
202 VOLTA
ADLAR
.M~ia de comunicação
Experimentação
DISTIJRBIODO CRESCIMENTO
Na melhor das hipóteses , a adolescência é o tempo majs tempe s-
tuoso do ciclo da vida.. Anna Freud diz que o que é nonna1 na
ORGANIZAÇÃO
- UMANOVA
AD0LEictNOA 103
•
204 VOl!AN)l.Al
F.AMÍLIA
DESESTRUTURADA
AUSENTE
Irmã
Pai
'(a.lco6latra)
Irmão
ORGANIZAÇÃO
- UMANOVAAOOUSdNOA 105·
SENTINDO OS SENTIMENTOS
Agora você recuperou todo o seu sistema familiar interi or. Acaba
de ter uma festa de volta ao lar! A minha é assim.
v·1vAl vivAI.
ATlJRl--tA. ESTA iDDP-. AQv1i
210
PERDÃO
:;.,,, ~
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1
'
PARTEIII
DEFENDENDOSUACRIANÇA
INTERIORFERIDA
Agora que você recupe rou sua criança inter ior ferid:i. precisa ser
seu defensor . Como seu paladino , vai defen dê -la e Jurar vigilan-
remen te por ela. Essa criança precisa de alguém com pode_re po-
tência pa ra protegê-l a. Tend o você como pai ou mãe prot ecor/a
e zelador/a. ela pode começar o proces50 de cura. Ser o defensor
da sua criança ferid a é um mei o de ser os novos pais de si mesmo.
Permite tamb ém que ela real ize o trabal ho corretivo qu e devol-
verá a você seu verdad eiro eu. As novas permi ssões e a proteç ão
que você deve dar a essa criança formam o centro das suas cxpe-
."" . .
11enaascorreava.
s.
A dor original foi necessátia para que você entr asse em con-
tato com seu eu autêntico, sua criança maravilha natural . Porém .
mesmo depois de recuperá -la, muita coisa ainda precisa ser feita
Como o desenvolvimento dessa criança foi interrompido nos pri-
meiros estágios, ela não teve oportunidade para aprender as coi-
sas que precisava ter aprendido em cada estágio seguinte. A maior
part e dos problemas da criança ferida é o resultado dessa falha
de apre ndizado . Agora, isso pode ser reparad o.
A experiência corretiva é uma Íorma de reeducação. Como
deÍensor da sua criança interior, você vai alimentá-la , o que im-
plíca boa disciplina. A raiz latina da palavra disciplinasignifica
ensinar e aprender. A sua criança interior tem de ser alime ntada
e tem de aprender as coisas que nã o apren deu no mom ento cer-
to i: na seqüência natural . Só com essa disciplina eh pode emer-
gir completamente .
•
CAPÍTUID 9
O ADULTOCOMO NOVA FONTE
DE POTÊNCIA
- Eric Bemc
Para defender sua criança interior é preciso fazer com guc ela confie
em você o suficiente para desobedecer ás norn1as sob as quais foi
criada, Você deve dar a ela , a permissão saudável de ser quem ela
é e desobedecer as normas e crenças dos pais, baseadas na vergo•
nha . Essas normas e crenças têm muita força . Se a criança as de•
sobcdece, arrisca-se ao castigo e ao abandono . É claro que isso
é apavorante para sua criança interior.
Agora, quando seu eu adulto dá à sua criança fedda permi s•
são para desobedecer às crenças e às normas impostas pelos pais,
ela precisa acreditar que você tem podersuficiente para se opor aos
seus pais. Esse poder é o que Eric Bernc chama de potência , o pri-
meiro P na mudança terapêutica. Gosto de ir ao encontro da mi-
nha criança interior como um .mago sábio e gentil porque os ma-
gos têm muito poder com as crianças. Quando ç:u sou um velho
mago sábio e gentil, minha criança .interior compreende o meu po•
der. Sugeri também que você deve pensar como seria se seu cu adul•
to de hoje pudesse estar presente durante as fases mais dolorosas
e traumiticas da sua infância. Sua criança interior o teria visto co-
mo um deus repleto de poder. Se já fez o trabalho de recupera•
ção, sua cria11çainterior acredita e confia na sua potência. Mesmo
assim, deve fazer com que da saiba tudo que pode saber sobre seu
poder e sua força. O exercício seguinte o ajudará a fazer isso.
218 VOIIA
AOLAR
...
LISTADE POTENCIA
Faça uma list a de três coisas que você pode fazer agora e que não
podia fazer quando era criança.
Exemplqs:
1. Ter um carro.
2. Dirigir um carro.
3. Ter conta no banco .
4. Ter dinheiro de verdade depositado na conta.
5. Comprar todo sorvete e tod as as balas que quiser.
6. Comprar brinquedos interessantes .
7. Ter apartamento ou casa próprios .
8. Fazer o que cu bem entend o.
9. Ir ao cinema sem pedir permissã o.
10. Comprar um animal de estimação se eu quiser .
Agora, feche os olhos e veja sua criança interior (deixe que ela
apareça em qualquer idade ). Quando você a vir (ouvir, sentir ),
fale das coÍY.ls
_da sua lista. Ela vai ficar muito impre ssionad a .
..
,,
PEDIR PERDAO
1
Joãozinho querido
Quero dizer que o amo do modo que você é. Arrependo-
me por tê-lo negligenciado desde a minha adolescência.
Eu bebia até ficarmos doentes. Eu bebi atê não poder me
lembrar de nada. Arrisquei muitas vezes sua vida preciosa.
Depois de tudo que você teve de supo rtar na infância, isso
foi urna coisa terrível. Eu também passava nohe s em claro,
divertindo-me , sem pensar que você precisava descansar.
Eu trabalhav a horas sem fim e nã o deixava você brincar ...
O ADUDO
COM
ONOVA
FON'IE
DEl'OrtNOA 219
João querido
Eu o perdôo. Por favor, não me deixe nunca mais.
Amor
Joãozinho
r.st:.r lá significa dar a ela seu tempo e sua atenção. Não adianta
estar lá p.orque acha que é seu dever e porque você sente-se bem
cuidando dela. Você precisa ouvir as necessidades da criança e
acendê-las.Ela precisa saber que é imporcancepara você.
pai e minha mã e.J esus diz que posso set amigo de Deu s. Diz
que Deus me fez como eu sou, e quer que eu cresça e amplie
o meu EU SOU. Ele me diz para não ·julgar os ouuos e _paraper-
doar. Acima de tudo, Jesus me deu o exemplo dó seu EU SOU.
1
Por isso Ele disse : ''Eu sou a verdade.' Ele era a verdade de si
mesmo. Gosto de Jesus porque posso falar com ele e pedir favo-
res. Jesus sempre me dá as coisas que peço sem que eu tenha de
fazer alguma coisapara merecer. Ele me ama como eu sou. Meu
poder mais alto, Deus, também me ama como eu sou. Na verda-
de, o meu EU SOU é como o de Deus. Qu ;iodo eu sou realmen -
te, sou quase igual a Deus. Quero que minha criança jntedor saiba
que Deus nos ama, que sempre nos ptbce-geráe sempre estará
conosco.Na verdade, o outro nome de Jesus é Emmanuel, que
significa ''Deus es~á conosco''.Digo à minha criança interior que
existe um poder ao qual eu posso recorrer e que é mui-to maior
do que nós dois)
.
"
UMA NOVAINFANCIA
Inf'ancia
•
222
.. ÂNCORAS
PRJMEIRO
PASSO
SEGUNDO PASSO
TERCEIJ{OPASSO
QUARTO PASSO
~·
QUINTO PASSO
SEXTO PASSO
Aprendendo a andar
Não me lembro de nenhum aconcesimento traumátic o específi.
co nessa idade, mas quando lejo o lodice de Suspeita para esse
estágio. sei que minhas necessidades não foram atendida s. Assim,
prefiro trabalhar com todas as fases do meu desenvolvuncnr o.
Pré-escolar
Idad e escolar
l. Penso nas forças de adulco que tenho agora que podiam ter
ajudado a modificar essa cena. Por exemplo. hoje posso ex-
pressar minha raiva com firmeza. sem desrespeitar as ouua s
pessoas. Sou fisicamente mais fone e independente. Posso me
afastar de uma situação fora do meu controle. Agora sou arti-
culado e posso dizer o que preciso dizer . Para fazer o exe-rácio
de mudan ça da história . penso em um tempo em que :
A. Expressej minha raiva de modo direto e controlado.
B. Afastei-me de uma situação dolorosa .
C. Falei com um representante da au toridade àc form a coe-
rente e articulada .
., Faço um 2 "pi lha" de áncoras envolvend o essas três experiên-
CJas.
,
228 VOl!AAO
lAR
1
1
A ÂNCORA DE SEGURANÇA
Outra maneira .de úsar sua potência de adulto pa.ca defender sua
criança.i_nterior consiste em fazer uma .âncora de segurança. Con-
siste em pen,s;u çm duas ou uês situações da sua vida em que você
se sentiu {llaisseguro. Se tiver dificuldade para se lembrar de algu-
ma, pode imaginar urna cena de segurança absoluta. As ués expe-
riênciasque eu usei para fazer minha âncora de segurança focam:
Outro meio de defender sua criança interior é fazer com que seu
eu adulto encontre novas fontes nu trientes par-a el:t. Chamo es-
sas fontes de novas mães e pai s. O ponto impor:anre é fazer com
que seu adulcoos encontr e, não a criança. Quando a criança far.
a escolha, ela prepara a cena para que você experimente ourra
vez a dor do abandono. A criança interior ferida quer que seus
pais verdadeiros a amem incondicionalmente. Para ela, a coisa
lógica é encontrar adultos que tenham os traços positivos e os uaços
negativos àos pais que a abandonaram. É claro que isso leva a
um grande desapontamento . A criança projeta no adulto esco-
lhido por ela um apre ço quase divino que não pode ser corres-
pondido. Como um ser humano limitado. o substituto adulro não
pode corresponder às cxpectaàvas da fantasia da criança , e da sr.
sente, entã o, desapontada e abandonada. Sua cáança ferida pre-
cisa saber que a infância acabou e que você jamais pode volw
a cerrealmenre novospais. Vocé tem de lameorar a perda da su:t
infância verdadeir a e dos seus pais "e:rdadeiros. Sua criança 1nre-
rior tem de saber que vocé. como adulro.pode fazer as vezes cio5
pais que ela perdeu. Entreranto , o adulto cm você pod e encon-
trar pessoas para alimentar e estimular seu crescimento. Por exem-
VOIJ'ANJW
pl0, o poeta Robert Bly é um dos meus novos pais . Ele é jospira-
dor e perceptivo. Ele comove a criança maravilhosa que vive em
mim e me estimula a sentir e a pepsar. Ele é sensível e bom . E
em hora não o conheça pessoalmente, eu d amo e o abraço como
á um pai. Um padre chamâdo David é outro dos meus país. ]le
me deu atenção carinhosa e positiva durante meus úhilllos clias
no seminário. Eu queria sair, mas achava que seria um fracassado
se o :fizesse. Est?-va extremamente aonfuso e cheio de vergonha .
O padre David era .meu conselheüo espiritual. Por mais que eu
me acusasse, elesempre focali.zava .minhas forças e meu valor co-
mo pessoa. Um religioso episcopaliano. o padr~ Charles \'Qyarc
Brown, é outro dos meus pais. Ele me aceitou incondicionalmente ,
quando comecei a lecionar.
Tenho também país intelectuais .éomo Santo Agostinho, Santo
Tomás de Aquino , o filósofo francês Jacques Maritaín , Dostoievs-
ki. Kierkegaard, Nietzsche e l(afka. (Para di·zer a verdade, meu
garoto apenas roleta nossos pais intelectuais. Ele confia quando
digo que são pais que alimentam n0sso espírit Q, m as acha que
são extremamente chatos. ) ·
Encontrei várias mães para minha crian ça e para mim . Virgí -
nia SaÚr,:.amaravilhosa pensadora , especial ista em sistemas fami -
Jiares e cer~euta, é 11ma delas . .Assim como a írmã Mary Huber -
r~. que se interessou pessoal.mente por mim no curso primário . Eu
sabia que era importante para ela. Ainda nos correspondemos. Te-
nho uma velha amiga que ser;í sempre uma das minhas mães. Na
minha busca espi.ritual, Santa T~resa,a Florzinha, foí o modelo de
cuidado materno para mim. Recebi também cuidado especial de
Maria, mãe de Jesus. Ela ê realmente minha mãe do téu.
Deus é meu pai principal . Jesus é tanto meu pai quanto meu
irmão.Jesus me mostrou como Deus , meu pai. me ama incondi-
cionalmente. Minha cura foi muito ajudada cóm a leit ura dás his-
tóri;is bíblicas do Filhç Pródigo e do pastor que s;ai à procura da
ovelha desgarrada. Na-história, ~le abandona o cebanho ,para pro-
curar a ovelha perdida. Nenhum pastor sensato faria isso. O re-
banho representa . toda sua riqueza terrena . Arriscar pe rder tod o
o rebanho para enconuar um ·a ovelha desgarrada seria uma ati-
rude frívola e irresponsável. A históriã quer demonstrar que o amor
de Deus por nós ~ai a esse extrémo. Minha crianç a interior, às
vezes, se sente como a ovelha desgarrada e fica feliz quando eu
provo que nosso Fai Celeste nos ama e nos protege.
OADUDO
COMO
NOVA
R>NltDEi'OitNOA
·~ Nosn criança interior deve ser disáplioada para libcrcar seu ,,remendo
- · poder cspiri~I.
1 ....
CON
QDENDO
NOVAS Ã SUACRIANÇA
PERMJSSôES INTERIOR 23)
DISCIPLINA CONSTRUTIVA
/d guém disse certa vez que ' 'de todas as máscaras da }jberdade,
a disciplina é a mais impenetrável''. §osro disso. Sem disciplina
nossa criança interior não pode~_.rckdeiramen te livre. M. Scott
Peck diz coisas importante s a esse respeito. Peck vê a disciplina
como um conj.un ro de técnicas equipadas para aliviar a dor ine-
vitável da vida. Está muito longe do que eu aprend i na infánci a.
No ámago do meu inconsciente, disciplina significa punição e
oor. Fara Pec;;.,a bo:i discipiin::.é um coniunco ce ensinament os
pata facilitar e adornar a vida. A boa disciplina implica regras
que permitem à pessoa ser quem ela é. Es~as regras eru:iquc:cem
nosso ser e proteg,em o nosso E:USOU,Aqui está um conjunto
de regras
.1oteno,.
.
construtivas para ensinar à sua criança maravilhosa
Nova regra 1
Nova regra 2
Nova regra 3
Nova regra 4
vem ser observadas quando você conversa com sua criança in-
teno,r.
Pensamentopolarizado.A criançainterior ferida vê tudo em
exttemos. Para da, se não é isto só pode ser aquilo. Não há meio-
termo. As pessoas ou as coisas são boas ou más. Pensa que se al-
guém não quer ficar com ela todos os minutos de todos os dias,
essa pessoa não a ama. Esse é o pensamento absolutista, resulta-
do da resolução deficiente da constâpcia do objeto, no estágio
em que a criança começa a andar. Essa forma de pensamento le-
va à desesperança. Yocêdeve ensi~à sua crian~a interior que
_toQQ..mundoé bom e n:iaJ!...S_q~_o:üuxisi:gp_a~luto s.
Pensamenrocacascró.ico. Sua criança interior aprendeu com
~ cdaoças feriQ.asdos pats a apavorar e · 'catastrofar' '. O encargo
de criar um filho, muitas vezes, tornava-seexcessivopara seus pais.
Eles se preocupavam, ficavam nervosos e o hipnotizavam com a
longa lista de advertências ansiosas,Exatamente quando vocêpre-
cisavade segurança para experimentar e explorar, foi aterroriza-
do com berros de "atenção ", "tenha cuidado' ', " pare" , " uão
faça isso'' e "depressa". Não é de admirar que sua criança inte-
rior seja supervigilante - ela aprendeu que o mundo é um lu-
gar assustador e pe.dgoso. VocêJ!_odedefender sua criança inte-
rior dando_;i.ela peri:nissãop;y;as..e...ID'entyrar
no ID.Y.P....do
e c:xpeci-
_mêntar ªs coisas, garantindo qº"çjssQ...es_tá c~no, que você está ali
2ara...!.Qmarconta delb.__
_Universaliz~ção . Sua cria_Q.Ça
interior ferida tende a transfor-
mar incidentes isolados em am las eneralizações. Se o/a namo-
rado/adiz que prefereficar em casa,nessanoite, para ler, sua criança
interior ouve o dobre de finados do relacionamento.Se alguém des-
maccaum encontro matai.do,sua criançainterior ferida concluique,
''Eu nuaazvou ter outro/a namorado/a. Ninguém jamaisvaiquerer
sair comigo.'' Se vocêestá aprendendo a esquiar na água e não con-
segue se Jevancar nos esquis na primeira tentativa, sua criança in-
terior conclui que você nunca vai aprender.
Você pode defender sua criança, enfrenundo e corrigindo
essauniversalização. Pode fazer isso cxag~randopalavras como w -
do, nuaaz, ninguém, sempre, etc. Q._uandoa criançadiz, por exem-
plo. Ninguém_jamaisme_ciutençào' ', você responde, '' Está di-
zendo .que nem uma única-12essoUM) _mundo inteiro nunca, nunca.
_nunca olhoy p.ara_v_Qcê_nem falou com você?'' Ensine sua criança
inteúor a_usar palavras..como.muira..t.~z.cs.calveze às veze$.
240 YOl!AADI.AR
Nova regra 6
Nova regra7
Esta regra é a chave da felicidade. Grande pane do sofriment o
humano é provccado pelo fato da criança interior assumir ·respon-
sabilidade demais .ou de menos.
Precisamos enfrentaras conseqüências do nosso comporta-
mento , Recuperando sua criança interior ferida , você está cpme-
_ç,ando o trabalho de ser resp.,onsá.yd . A maior R<lne_d-~ ~2-ost ~
da criança intt":ÚQtnão é de tes.postas ve.c.dadeiras,mas re"°çõese
_!~.açõ~ exage~adas ancoradas . A respcma yer__dadeiraéJ esulçado_
de sentimentos verdadeiros e decisões conscientes. Para uma res-
..22.5taverdade m ~~.Qi~dsamq~_estar em cqnç~t9 CQJP'nossos s~n:i -
mentos, nossas ~egessidadés _e ~ossos de_s~jos.Adultos com urna
cria!!ça interior ferida, de certa for~a .! não estão em contato com
tudo isso.
Defender sua criª-nçi interior u_ nsiná-l ~ i igir .e p.ã Q. íl .r.ea-
gir.J>araªgir p1~ grn os s~r g p_azes de !5!po gder. A c~ cidade
.defesponder:e'Aige qµe vocç pqssª çoQt~olar a vida 4ª sua criança
ini erior Ç. n~o §er control_ado por ela:_
O melhor exemplo que conheço da importância de assumir
essa resp~psabilidade é o do relacionamento íntimo . A intimi -
dade pode:.cx.istir porque nós todos temos uma criança interior
maravilhosã e vulnerável. Duas pessoas "que se amam '' repetem
a simbiose~dÓ elo inicial enHe mãe e ftlho. Basicamente, elas se
incorporam uma na outra. 'Iem uma sensação onipotente de uni-
dade l': de poder. Cada uma compartilha seu eu ma.is·profundo
e mais vulnerávelcom o outro.
Essa mesma vulnerabilidade faz com que muitas pessoas te-
nham medo da intimidade e pode finalmente destruí -la. A des-
truição da intimidade em um relacionamento ocorre quando há
a recusa de um dos parceiros, ou dos dois, de assumir a responsa-
bilidade por sua criança interior.
Vejamoso qµe acontece quando dois adultos crianças se apai-
JCooam.Suas crianças interiores feridas ficam euf6ricas. Cada um
vê no companheiro as qualidades negativas e as qualidades posi-
tivas dos seus pais originais. Ambos acreditam qµe , dessa vez, suas
carências serão afinal atendidas. Cada um investe estima e poder
excessivo no outro. Cada um vê a pessoa amada como seu pai ou
sua mãe original. logo depois do casamento, começam a fazer
exigências mútuas . Essas exigências disfarçam as expectativa s in-
CO~CED
ENDO
NOVAS
PERMISSÕES
Á SUACRIANÇA
JNIERJOR
Nova regra 8
N .ova regra 9
Nova regra 10
Esta regra ensina que a vida está repleta de problemas. É tão co-
mum.~ crianç.a sentir-se ofendida por problemas ou fatos desa-
gradáveis:...' 'Não é justo'' , ela recl3:!Da. ''Não posso acreditar que
isso esteja-acontecendo comigo.' ' E uma frasé muito comum nas
sessões à~i'erapia . Como se problemas e situaçõe s desagrad áveis
fossem um golpe baixo, inventado por um espírito cósmico sádi-
co! Problemas e coisas desagradáveis fazem pane da vida de todo
mundo . Como disse M. Scott Peck , '' O modo de manejar os pro-
blemas da vida é resolvê-los.'' Na verdade, o modo pelo qual tra-
tamos nossos problemas e situações desagradáveis determina a qua-
lidade da nossa vida. Ouvi Terry Gorski, um terapeuta de Chica-
go, dizer que ''crescer é assar de um cón ·unto de roblemas a-
g_QUtr..P c.Q.!_ljymomelhor de roblem as' '. Gosto da definição. Tem
sido a verdade absoluta da minha vida . Cada novo sucesso traz
novos tipos de problemas .
Precisamos ensinar à nossa càaoça interior que os proble -
mas são normll,is e que devemos aceitá-los .
Precisamos ensinat também que o conflit o é inevit ável nos
relacionamentos humanos. Na verdade, é imp ossível a intimida -
de em um relacionamento sem espaço para conflit o. Devemos aju-
dar nossa criança interior a aprender a lutar limpamente e a re-
solver os conflitos . Coment o m ais sobre isso no capítu lo 12.
CONGEDEND,O
NOVAS
PERMJSSÕES
À SUACRIANÇA
INTEIUOR
PR1MEIRO
PASSO
Pa:racomeçar, você precisa ter umá visão clara dos seus papéis no
sistema familiar. Como aprendeu a ser importante, na infância?
O que voéê f~z paia manter a família unida e para atender às
suas ,neqessidades?Alguns dqs papéis mais comuns são: Herói,
Estrela, Supe_r-Realizador,Homenzinho da Mamãe, Sub.stitutodo
Pap:u ou da Mamãe., Pril,lcesinhado Papai, Companheiro do Pa-
P.Ú 1 Melhor Amiga da Mamãe , Zelador ou Solucionador de Pro-
blemas para Mamãe e/ou P-ãpai, Mãe da Mamãe , Pai do Papai,
Pacificador, Mediador , Vítima Sacrificialda Família, Bode E:xpia-
rôno, ou Rebêlde. Sub-Realizador, Criança.-P.toblema, Criança Pu-
did:i., Vítima e assim por diante. Os papéis são ínesgoráveis, rn~
rodos têm a mesrnn função , manter o sistema familiar e.quilibr a-
ào, congelado e p.roregido cqnua a possibilidad e de mu danç:i.
,
2(6 VOLTA
AOLAR
, SEGUNDO
PASSO
Agora vocêestá pronto para permitir que sua criança interior sinta
rudo que os papéis a proibiam de sentir. Diga a ela que é certo
ficartriste,. com medo, solitária ou zangada, Vocêjá realizou-grande:
parte desse trabalho na pane Ir, mas como novo defensor d~ sua
criança interior, precisadizer a e,laque tem permissão para sentir
os sentimentos especificamente proibidos pelos papéis que repre-
sentava. Isso dá. a ela permissão pata ser c:la mesma.
É especialmente importante protegê~la durante este passo,
pois os sentimentos são assustadores quando começam a vir à to-
na. A criançapode ficararrasada. Vocêdeveir devagare encorn:já-la
o tempo todo. Sempre que mudam os os velhos padrões da nossa
família de origem, esse ato nos parece po.ucofJ.miliar(literaimentt
não-fimúlia). ~ão nos sentimos "à vontade" com o novo com-
portamento. Sentir novas em(li;:ões pode parecer estranho, até me·s-
mo insano para sua criança interior. Seja paciente com da . Sua
CONCED
ENDONOVAS
PERMI
SSÕESÃ SUACRIANÇA
INTERIO
R 247
. . . ; . ,,. . .
criança 1ntenor so se arriscara a expenmentar esses novos sent i-
mentos quando se sentir absolutamence seguia.
TERCEIRO
PAs.50
Para explorar a nova liberdade, você precisa descobri! novos compor·
tamencos que lhe permitam experimentar seu eu em ouuo tontcxto.
o. q U" :$ sâ"
Por exemplo, perguntei à pane criativa domei.: et: ::.:!.:.:l~
as crês coisas que posso fazer para me libertar dos papéis de Estrela
e Super-Realizador. Peça ao seu cu adulto criativo para escolher uê s
comportamento
. s espeéíficos.
. Mr:ueu adulro disse o setruinct.
.
1. Posso ir a um seminár io ou grupo de uabalho onde ninguém
me conheça e me concencrar em ser apenas um participan te
do grupo. Fiz isso quando aprendi a Programação Neurolin-
güíscica.
2. Posso,fuer um trabalho medíocre qualquer . Fiz isso com um
artigo que estava escrevendo para o jornal .
3. Fosso contribuir para que alguém seja o centr o das aten ções.
Fiz isso comparrilhando o pódio com um colega. em los An-
geles. As luzes o focalizaram.
QUARTO
PASSO
Finalmente, você pre.àsa ajudar sua criança interior a escolher qu~
as partes desses papéis que deseja conservar. Por exemplo, gosTo
de falar pa.ra centenas de pessoas, nas palestras ou seminários. Mi-
nha criança interior gosta de fazer p~das e de ouvir as risadas.
Gosta também do aplau so no fim de uma palestra ou de um se-
minári o. Assim, decidimos continua r com esse trabalh o.
Minha criança interior me fez saber que eu a escava matan-
do com os papéis de Airadar Todo Mundo, Zelado! e Estrela. Por
exemplo, nos meus grup os de trabalho e seminários, nunca me
permitia uma folga. Falava com as pessoas, respondia pergunta s,
tentava fa2er terapia em três minut os e autografava livros em to-
dos os inte.cv'iilos
. Também fica,-a no local uma hora e meia de-
pois do fim do-trabalho de grupo ou do seminário. Isso, às vezes,
totalizava 11 horas seguidas de trabalho. Certa noite, no avião,
voltando de los Angeles para casa, minha criança interior come-
çou a chorar. Eu mal podia acreditar no que estava aconte cendo
mas entendi a mensagem. Embora minha criança quisesse conti-
nuar a ser a Estrela, o Zelador rinha de desaparecer. Então c:sco-
lhl alguma coisa que minha criança interi or gosta . Nestes últi-
mos anos s6 voamos de primeira classe. Freqüentemente somos
apanhados por lin1usines. Temos várias pessoas para cuidarem de
nós nos intervalos dos trabalhos de grupo e seminários. Usamo s
os intervalos para descansar e comer uma fruta fresca ou qual-
quer alimento leve. Agora, minha criança interior e eu estamos
dando aos outros uma assistência de qualidade. Mas estamos tam-
bém recebendo cuidados de qualidade. E deixando que os ou-
tros cuid em de nós. Escolhemos ser Estrelas, mas não à custa do
nosso direito de ser. Escolhemos dar 2.5Sistência , mas não somos
obcecados com isso. Também não acreditamos que não sere(llos
importantes se não dermos assistência aos ouuos. Dei assistência
C01\CEDEND
Ol\'OV.~PER.',{J
SSÔ ESÀ SUACR.IAN
ÇAINTERJOR 2~9
-
CAPÍTIJID 11
COMO PROTEGERSUA CRIANÇA
INTERIOR FERIDA
As crianças que não são amadas por cla.smesmas, não sabem amar a ~-
mcsma.s. Como adultos,. precisamosaprender a cu1darda nossa rnança per,
didll e servir de mãe para ela.
- Marion Woodman
A criança quer coisas simples. Quer sqr ouvida. Quer ser am2.da... Pode
njo saber. as palavras, ma.s que, que seus diteirr:x;
seja·m prorcgidose seu
au10-respci10inviolado. Ela precisa que você c.sreja·a.
- Ron Kurrz
·- •.
O terneiro P na .t,erapia é proteção . Nossa crianç!._interior precisa
de rote ão o.r: ue é imatura e, de cena forma, rimiciva. É ain -
~a ambivalente quanto ao to de ter voe: como novo pai ou mãe. - -
,Em certos dias, ela confia em você absolutamente; em outros,
sente-se assustada e confusa. Afinal , você ficou mui~osano~ sçro
dara mehor atenção a ela. Çomo cm ual.9ue.r:relacionamento
saudável a confian a em você tem de ser construída o..s._12 oueo,s.
TEMPO E ATENÇÃO
·-
COMuNiCAÇÃO COM A CRIANÇA INTERIOR
Para defender sua crianç.a interior, você deve escolher uma nova
família para ela. A nova família é necessária para proteger sua
criança interior enquant o ela determina novas fronteiras e:fai seu
aprendizado cone tiyp. Sesua famili a de ori cm não está em ro-
cesso de reCJ:!Beração,_é quase impo.ssív~Lç
_onse~ic se~ap._oioeo-
g~anto você está na sua fase de reçup$ra_gg._Gcralmente eles pen-
sam que você está fazendo uma burrice e o envergQ!lham P..OI is-
so. Quase sempre se sentem amea çados ~o seu trabalh o IJ..o rgu eL
uando você desiste dos seus p~péis, abal1 o_equilíbrio congela-
do do sistem i. N!:!!!9 P.ermitiram antes_que você fosse você mes-
mo. Por ue iam ermitir a ora?-Se sua famOia de origem era
disfuncional, é o lugar menos provável para procurar o atendi-
mento das suas carências. Assim , aconselho a manter uma dis-
tância segura e trabalhar para encontrar um a nova família que
possa nutrir é apoiar sua criança interior . Pode ser um grupo
de apoio formado por amigos, pode ser o grupo com que
você tra_balha com sua criança interior ou pode ser qualquer
dos vários grupos de 12 Passos, espalhados agora por todo o
país. Pode ser uma igreja, uma sinagoga ou um grupo de
terapia. Seja qual for sua escolha, recomendo que encontr e
um grupo para vocês doi s. Você é o defensor da sua criança
interior e ela precisa do apoio e da proteção de uma nova
família de adoção.
Considere o caso de Sibonetta, criada por um pai violento
e emocionalmente abusivo e uma mãe dominada pela vergo-
nha . O pai de Sibonctta já morreu e a mãe casou ouua vez,
mas ainda telefona para da com freqüência. Sibonetta está
fazendo grandes progressos com a terapia, mas eu sempre sei
quando a mãe telefona. Sibonetta sofre uma regressão de vários
dias. Propu s a ela entrar p:ua um ·grupo Coda. EJa concordou
com relutância. Eu era seu protetor e não queria confiar seus
segredos a mais ninguém . Eu sabia que isso não era saudável,
por isso insisti para que ela fosse a 30 reuni ões desse grupo
L·
2$6 VOIIAAOLAR
Sua criança interior precisa ver que seu eu adulto tem uma fonte
de proteção muito além do seu eu humano finito. Embora você
·-
seja mágico e i.emelhanre a Deus para sua criançainterior, é muito
imponante para ela saber que você pode contar com um Poder
mais Alto. M,esmo que seu eu adulto não acredite em Deu s. sua
criança interior acredita em alguma coisa maior do que ela. As
,' crianças acreditam naturalmente em um Poder mais Alto.
A oração é uma poderosa fonte de proteção para sua criança _
interior feri4ª , e ela gosta que yocê .ceze com ela.Gosto defechar
os olhos e verminha criançainterí~ a idade efl!.._9ue da uiser a a-
recer. Eu a faço sentar no meu colo ou ajoelhamos lado alado e re-
zamos.Eu ~g o uma prece adulta, en uanto meu oãozinho~ um__ a____
_
preceiefantil.Ele gosta de "Agora eu me deito para dormir", quan-
do oramos à noite e_.às_yczes. fazemos juntosessaoraçio. O Me-
morareé uma oração.que aprendi na escola primária católica. É di-
rigida a Maria mãe de Jesus. Gosto do poder feminino na minh a
espiritualidade. Penso em Deus mate!Jlal e gentil. Ele me abr:iÇL
e me acalenta. Joãozinho também ·gosta disso. O Memorare diz:
COMO
PROTEGER
SUACRIANÇA
INTEIUOR
FIRIDA 2n
t
q intercessão e não ser atendidQ. Inspirado por essa confiança,
corro para vós. Virgem das v·írgens , minha rQãe. A vós eu
venho, perante v6s eu me apresento, pecador e arrepend i-
ào. Não desprezai meus pedidos, mas, em '\l'.o ssa misericór-
dia, ouvi-me e acendei-me. Amém.
JNFÂNCIA
Bem -vindo ao mundo ... Estou feliz .por você ser menino ... Voéê
terá todo tempo que precisa para atender suas carências.
COMEÇANDO
A ANDAR
É ceno dizer não ... É ceno ficar Janga d a ... Você pode ficar zan-
gado que eu continuarei aqui ... E certo ser cuúoso, querer olhar,
tocar e experimentar as coisas... Eu farei com que possa explorar
com segurança.
PRÉ-ESCOLAR
É ceno ser sexual ... É certo pensar por você mesm o... É ceno ser
diferente ... Pode pedir o que quiser ... Pode perguntar, se ficar con-
fuso com alguma coisa.
,,. ESCOLAR
É ceno · cometer erros ... Você pode fazer coisas mediocre s... Não
precisa ser perfeito e sempre tirar A na escola ... Eu o amo do jei-
, to que você é. Essas afirmações são feitas especialmente para mim
e para minhas necessidades. Você pode escolher as suas afirmações.
Recomendo também que escreva suas afirmações . Trabalhe
com uma de cada vez, escrevendo -a de 15 a 20 vezes por dia. Le-
ve a afirmação sempre com você., Olhe para ela com freqüência
e a repita em voz alta. .
Escreva, as afirmações em cartões de tamanho médio e espa-
lhe-os pela casa. Peça aos amigos para ler as afirmações em voz
alta. Grave e ouça as afirmações .
•
r
1
.COMO
PRottGER
SUACJI.IA."4ÇA
INTERJ:OR
FERIDA
l'RIMElRO
PASSO
Imagine que seu eu adu lto está sentado em um cinen:rn
olhando p~ra a tela vazi:1. Olhe em volta e note os detalhe s
das paredes do cinem a. O que você vê? Olhe para o tet o.
Observe o belo trabalho de entalhe. Agora, olhe outra ve.z
para -atela e \'eja o título cie um filme . leia as palavras, ''A n-
tiga cena craumácica' '.. Agora, imagine que você está flutuan-
do para fora do seu corpo para sentar dez fileiras atrás de
onde está agora. Pode vér .sua cabeça e pode ver você mesmo
olhando para a rela. Faça uma âncora com .o polegar e o
indicador.
SEGUNDO
PASSO
Sem desfazer a âncora , veja a você mesmo olhando pàra um
filme em branco e preto gue mostra a anti ga cena traumát i -
ca. Veja você mesmo assisrind·o à cena do princ1pio ao fim.
Veja-se então olhando para a úJçima tomada da cena, imo-
bilizada na tela, que mostra sua criança interi or ferida exa•
tamente como aoarêcia
. na cena. uaumátic 2. Ela está senr2-
da e sozinh a.
2~ VOl!AAOLAR
PASSO
TERCEIRO
Desfaça a âncora e flutue de volta para seu corpo que
assistiu ao filme. Agora você está no seu corpo. Imagine-se
caminhando para o quadro na tela. 4gora você está na
tela com sua criança inierior ferida. Pergunte se pode abraçá-
la. Se ela disser que sim, comete a acariciá-la dizendo
as palavras de consolo que ela precisava ouvir quando
sofreu o trauma. Se ela não quiser ser abraçada, diga ape-
nas as palavras.
Pedindo carícias
Aprenda a pedir ca.ríciassempre que..pu:cisar.Quase todo s
nós fomos enve~g9nh~9os guando expressávamos o deseio de
COMO
PRQI'EGER
SU,A
CRIANÇA
INTERlOR
FERIDA
•
PONDO
EMPRÁTIC.>.
OSEm.i:fCIOS
,'COlUtrnVOS
:
•
PONDÓ osEXERdCIOS
EMPMTICA co~vos 26S
MEDITAÇÃO
PARA
TOCAR
O PODER
DESER
O que·se segue é uma forma muito simples de medita cãó de au-
sencia da roente. Os grandes mestte s espirituais passam anos.pa-
ra dominar essa forma de medicação. Vaie a pen.a prancar. Reco•
meodo que você grave essa medi ~ação. Use sua música favorita
para rr,edirar, como fundo musical ,
EXERCÍCIOSPARAATENDERÀS CARÊNCIAS
DA SUA CRIANÇA QUE COMEÇAA ANDAR
Frit z Pe.ds costumava dizer que precisamo s ' 'perde r nossas men-
tes e entrar nos nossos sentidos' '. Nossa crian ça interi or teve os
sentidos bloqueados muico cedo. Precisamos refazer o cor.taco·com
o mundo dos sentidos que nos rodeia . Aqui estão algumas das
coisas que você pode fazer para reestimular as necessidades de
exploração da criança quan _do começa a andar .
• Mentir.
• Comer quando não se tem fome.
• Apanhar um cigarro.
• Ficar amuado.
• lnsulcar uma pessoa de quem se gost:i.
•
270
,
Se você é um rebelde, provavelmente, dirá não demais. Vo-
cê pode dizer não quando quer dizer sim. Conversecom sua crian-
ça interior. Diga que você quer proteger os direitos dela. Diga
que ela pode parar de gastar toda sua energia para garanàr seus
direitos . Diga que ao invés de esperar para saber o que ouuos
querem dela para poder resistir, ela pode agora determinar o que
ela quer e o que precisa, e pedir diretamente .
Estabelecendo se u próprio
domínio separad (l
•
274 AOI.Al\
VOLTA
,' 3. Assim que estiver pronto, entre em contato com a pessoa com
quem está zangado. Diga-Jheo quanto está aborrecido e que
quer falar com ela. Marque um encontco.
4. Expresse sua raiva para a pessoa que o ofendeu. Eu costumo
prefaciar minhas expressões de raiva com a afirmação: 11 Mi-
nha raiva, provavelmente contém elementos da minha his-
t6ria e talvez eu não tenha consciência d.isso,mas estou zan-
gado com voce...A "
•
PONDO
EMPRÁUCA CORRFl'IVOS
OSEXERdCIOS
• Práticado confronto
•
PONDO
EMPRÁTICA
OSEXERÓO0S
C0RJ\EllVOS 11·
' 'Eu vi você escolher Sarah Lowpara dançar. Eu ouvi vocês dois
rindo baixinho. Eu intecpreteí issocomoprovade que você se sr:nte
auaído por ela. Eu me senti assuscadae abandonada. E eu quero
que você fale a fr:speirodisso comigo."
Joe disse que achava Sarah bonitinha e gostava do modo rom
que ela dança'la. Disse também a Susie que a amava (Susie) e
que preferia estar com ela. Disse oue queria ensinar a ela o novri
passo para dançarem juntos por mais tempo.
A criança interior de Susie não gostou de saber que Joe achava
Sarah Low bonitinh a. Mas sentiu-se rnuico mais segura. Ela cem
d=aprender que ser norm ci1implica as auasco1s:;s.Jo:: pocie am:::
Susie e achar Sarah Low bonitinha .
Joe age com segurança e responde carinhosamente. Nem sem-
pre isso acontece nos relacionamentos. Pode acontecer qualquer
coisa. desde uma atitude defensiva, até a raiva quando confron-
tamos alguém. A não ser que se trat e de um ae-ressor víolent 0.
o c_onfro~to é muüo impon anre quando nos aborrecemos com
uma pe-ssoa especial na nossa '-lida. O confronto é uma atitud ~
nonesta e cria a confiança, po nan to, é:um aro de amoc. Quana c,
confronto alguém , estou me valorizando e decermJnando uma
fronteira. Estou também valorizando e confiando na pe!-súaqu:i.n-
do digo o que estou sentind o.
Pensamento de polaridade
Pensamento de polaridade é p ensamento sintético. É difc,ente do
pensamento de polarização ao qual me i:cferiantes. Vocêdeve en-
sinar o pensamento de polaridade à sua criança interi or.~cobu -
ma pessoa ou situação é só boa ou só má. O pen sament o de pola-
ridade nos permite ver as ''as duas coisas" da vida. Na Nova Re-
gra 5. recomendo que você confronte o absolutismo da sua crian -
l,-a interior. O pensamento de extremos é devastador para os rela-
cionamen tos de adu ltos. A criança tem o direito inato e natur al
de esperar o amor incondicional dos pai~, mas nenhum adulto pode
amar oucro incond.icionalmeote._Pormaissaudávelque seia o amor
çnuea.dulros. é sempre condicional.Com adulros, nosso amor dt -
pende sempre de cerr:i.scondições. Nenhum companheuo é per-
feito, nenhum cuidará sempre de nós nem estará presente para nós
em -rodos os momentos. Muitos de n ós somos volúveis. ocasio-
278 110ID.ADLAR
Sua ·crian ça inte rior em idade pré-escolar rem várias tarefas jm.
panantes para realizar. Precisa estabelecer o alcance do seu pode r.
280 VOIIA
AOLAR
•
PONDO-EM osEmdoosCORRrnVOS
PRÁTICA 281
•
'282
Liberando a imaginação
•
286
•
288
e grita para a mãe ., ''Eu te odeio!'' Quando ouve isso, o pai levanta-
se de um salto e agarra o pequeno Fatquh.ar. Zangado, diz ao me-
nino que ele pecou contra o quarto mandamento de Deus, '' Hon-
rar pai e mãe ," O pequeno Farquhar fica apavorado. Ele violou
uma regra de Deus! Àgora, sente-se zangado e culpado ao mes-
mo tempo. Com o passar dos anos, para aliviar a dor da culpa,
ele faz o que pensa qué os outros querem que faça - mas sem-
pre com um profundo ressentimento.
Para trabalhar essa culpa, você precisa •expressar diretamen-
te a raiva que a originou . Use a técnica da imaginação descrita
na pág. 274 para se livrar d:1 velha zanga. Separar-se do pai ou
da mãe que originou o sentiméoto de culpa, por meio do traba-
lho eom a dor óriginal também pode ajudár.
Vocêpode reforçar esse trabalho ·conscíentizando-se do mo -
do co:m_oessa culpa tóxica foi formada em incidentes específicos.
Faça uma lista dos acontecimentos da sua inf ância que o fizeram
sencir,.se culpado. Compa,re seu comportamento . com 0s compor-
tamentos normais para o nivd de idade específico descritos na
pane II. N-am3,ioria dos casos vai descobrir que você agiu de mo-
do próprio à idade- seu comportamento saudávelfoi condena-
do e julglKio culpado. Rcpíta esses acontecimen tos na sua imagi-
nação e afirme seus cfueitos. O pequeno Farquhar pode dizer:
' 'Ei, sou apeaas um menino normal de trés anos que gosta de
brincar. Estou tentando determinar minhas fronteiras.. Escou zan-
gado com você por estragar minha b~incadeira.' ·
Finalmente, convém dar especial atenção aos sentimentos de
culpa resultantes de violação ou abuso . Sua ci:ia:nçainte.rior ego-
cêntrica, na maioria das vezes, petsónalizoii o abuso a que foi sub-
metida. lsso é drimaticamente verdadeiro para os que, quando
criançaS, foram vítimas de incesto e de mãus-rratos físicos.
E:xain.ínetam'bêm as maneiraspelas quais vocêcriou um sen-
timento de culpa devido às necessidades do seu sistema familiar.
Um cliente meu ternou -se o guardião da mãe qu~do o pai aban-
donou a familia. Sua criança interior sente-se culpada sempre que
a mà.e precisa de alguma .coisa, o que aoontece o t~mpo todo. Ele
me disse que sempre que ele está em uma situação difítil ou sob
tensão, imagina o que aconteceria com a m ãe se ela tivesse de
enfrentar essa siruação. Sua cdanra interior só esrá bem quando
sabe que a mãe está feliz. Uma vez que ela raramente está feJjz,
ele se sente culpado quase o tempo todo .
PONDO osl!XERdaos
EMPRÁTICA coRRi'lT\bs
,
290
•
POND
,OEMPRÁTICA
OSEXERdCIOS
CORRETIVOS
Faça uma lista das suas crenças mais queridas - seus dez man-
damentqs , Depois , avalie todas elas de ~cordo com a lista e veri-
fique quanta .s delas satisfazem os c~rit.étíos de valores acirna.
A primeira vez que fiz esse exerc1cio,fiquei chocado e um
pouco deprimido. Poucas coisas em que eu acreditava podiam ser
consideradas valores.
Usando e~sescritérios, você pode começar a tra:balhar na for-
mação dos seus valores. Pode conservar os que já tem e começar
á rtocat o que você não quer. C;ríar novos valores é um trabalh o
interessante para vocé e pa(a sua ciiaoça ínrerior .
VOLTA
AOUR
Negociação
Geral mente a criança interior ferida quer o que quer quando qu~r.
Ela pensa que seu modo é o único cerro. Seu eu adulto deve en-
sinar a ela cotnpr:omisso e cooperação , que são as chaves da vida
in terdependent e e dos .relacionamencos adultos felizes. As cciar,-
ças cooperam quando têm a char,icede experimentar os ír.urosdo
compromisso.A maioria das nossas crianças interiores jamais viu
um conflito resolvido de forma saudável. A regra do incompleto
domina as f~1ias disfuocionais . Incompleto significa que os mes-
mos conflitos estendem- ·se por anos e anos.
Vocé pode aprender a usar o desacordo como o combusrível
para idéias novas e mais amplas . Debates e discussões são os ins-
trumentos para ; descobrir qual o caminho que cada pessoa deve
e quer seguir. E bom tér regras para regulamentar o debate, e
é-essendal ter urn juiz. Três pessoas podem prar:car debates so-
bre opiniões diferentes.
Use a regra da audiçã .o e mensagens d'OEu auto -responsável.
Procure negociar um compromisso ou acordo. Tenha sempre uma
cláusula · de re.negoci.~çâono seu acordo . Isso significa que qual -
quer uma das partes pode reabrir a discussão, c.fencrode um pe-
ríodo razoável de tempo, quando não está-satisfeita com o acor-
do firmado. Repito , procure sempre a solução vencer/vencer.
A ne.goçiação bem-sucedida é uma boa experiência pata ma-
nejar o -conflito. Sua criança interior vê que o conflito não é um a
situa~ão horrível e traum .irica. Na verdade:, é essen cial para o es-
tabelecimento de uma intimidade saudável. Cada un1 de nós tem
urnacriança in.reúor maratilhosi. única, preciosa e insubstituí-
vel. É i:1evitável que duas pessoas únicas discordem em muitas
c.oisás. E de esperar. Resolver nossos conflitos faz da vida uma aven•
rura excitante .
Nesta seção, estudamos a volca ao !ar como os quauo ele-
mentos dinâmicos de gua1que.r boa terapia. Defendemos nossa
criança matavilha oferecendo a ·ela nossa potência de aduito s. Es.•
sa poté.ncia dá à criança permissão para se libert ar das velh.as re-
VOIIAAOW
li
PRIMEIRO Afusãoromo paiou a mãe
PASSO:
Feche os olhos e concentre sua atenção na lembrança do progeni-
tor com que você mais se identificav a. Veja realmente , sinta · ou
ouça essa pessoa na sua experiência interior. Deixe que se apre-
sente no seu comporcamencomais atraente. Seu sub consciente
saberá que componamento é esse...
Confie na primeira coisa que lhe vier à mente . Se oão pode
visualizar a pessoa do seu pai ou de sua mãe, apenas sinta ou fin -
ja que ele/ela esrá presente.
SEGUNDO
PASSO;
Sentira fusão
Agora , veja sua criança interior oa idade escolar de pé. ao lado d o
•
l'C>NDP
EMPRÁTICA
OSEW.ÓClOS
CORRETIVOS 29l
seu pai ou de sua mãe ... Note o que a criança está vestindo ... Ouça
a ccia.oça falar com o pai ou com a mãe ... Agora, flutue para den -
tro do corpo da sua criança interior e olhe com os olhos dela para
seu paiou.sua mãe.,. Olhe para ele/eJa de ângulos diferentes ... Note
o som da voz dele/dela ... O seu c~~ro ... Agora, adiante-se e abra-
ce séu/sua p.ai/mãe ... Qual a sensação do contato físico com o pai
ou a mãe?... De quç modovocê se sente superligado a de/ela? Co-
rnovocê senc~e que está ligado? Como sente o pai ou a mãe liga•
do/a a v.oéê?E uma ligação física? Uma ligação com alguma parte
do seu corpo? (Muiras pe-ssoas sentem a ligação na virilha . no ~s-
tômago ou no peito. ) Existe um cordã o ou qualquer .oucra coisa
ligando você.a ele/ela? Há uma fita elástica em volta de vocês?Prv•
cure sentir total mente a qualidade de.ssa união .
TERCETRO
PASSO:
Desfazendo
a fusãotemporariamente
Agora, desfaça a conexão por ur:ô momento ... Procure perceb er
oual a sensação dessa separação. Se está ligado por um cordã o.
1mag1ne que o corra com uma tesour ,!.... Se eStá ligado ao corpo
do seu pai ou de sua mãe, imagine.:um raio laser com uma mira-
culosa luz dourada .que: os separa e fecpa o ferimenco .ao mesm o
rempo ... Você vai sentir um desconfono separa.od0-se neste mo.
ment a ... lsso é sinaJ .de qµe a conexão serve a um propósÍto 1m-
pcrtante na sua vida. Lembre-se de que voéê não esta desfazén-
do a conexão. Está só experimentando a sensação de uma separa -
ção temporária.
QUl~T'f(')
PASSO: Usando sua_pocênciade adulto
A gqra, volte-separa a ditei ta, ou para a.esquerda, e veja a si mesmo
como um mago s•ábio e gentil (ou completamente realizado
•
296 IDIL'.AOLAR
SÉTIMO
PASSO: RespeiWtdo o progenitor
, ao qual esuvaligad
o
Olhe agora para seu pai ou sua mãe e note que ele/da tem uma
escolha. Pode religar o cordão ao seu próprio eu adulto. lembre-
se de que ele/ela tem ·as mesmas opções que você tem para recu-
perar sua unidade. Na verdade, note que ele/ela não teria a chance
de conseguir essa unidade se continuasse ligado/a a você... Você
o/a ama dando a ele/ela a chance de se completar. Note também
que agora, pela primeira vez, você pode ter com eleiela um rela-
cionamento verdadeiro.
OITAVO
PASSO:
Relacionamento
comseueu
Agora flutue de volta para seu eu adulto ... Sjnca a interconexão
com sua criança interior ferida, de idade escolar. Compreenda que
PONDO
EMPRÁTICA
OSEXIRÓCIOS
C_QJ1.REl1VOS 29,7
agora você pode amar e cuidar dessa c;riança e dar a·ela tudo que
ela p.t:ecisade um pai ou, de uma mãe.
-·
✓
PARTEIV
REGENERAÇÃO
·-
'
CAPÍTUW 1~
A CRIANÇACOMOSÍMBOIDUNfVERSAL
DE REGENERAÇÃO
E TRANSFORMAÇÃO
- C. G.J ung_
PUERAETERNUS
-
A CRIANç-A MARAVILHACO'MO EU AUTÊNTICO
,.
_cm..6rbitª'-.No.ssa..a.lma,eruão
assumt.JUPntrok..J>perandona ex-
pansão ilimitada do espaço roerior.
J) relacionamento da crian~mamyilha alma) com a crian-
___ça_k~go) deJ11:s.cr..cu.cado antes .qu~ possamosenm r em con-
_mto com nosso eu_qsencial . Uma_yezfeit..Q. o trabalho do e_go(o
Jfª -~a!l;i.,2
da dor o~ ou do sofrim_ento le ítimo) estamos pr.Q!!;__
tos ara a realiza ão do u .
Na verdade, é a criança marav#ha quem nos motiva a fazer
o uabalho do nosso ego. A criança ferida não pode realizar o tra•
balho de recuperação, urna vez que está muico ocuoada com a
própria defesa e sobrevivência. Quan do a vida toda e uma dor
de dente crônica, não se pode transcender essa dor para ver que
existem campos mais verdes. Uma vez que a criança maravilha.
é o eu autêntico, da está sempre nos incitando à realização do
eu, mesmo quand o o ego está fechado e atento apenas aos pro-
blemas da sobrevivência. Carl Jung diz muito bem:
MEDITAÇÃO
PARAREFORMULAR
MARAVILHA
A VIDACOMA CRIANÇA
Neste ponto quero deixar bem claro que não acredito na criança
maravilha como o único modelo de vida autêntica. Acredito co-
mo Sam Keen que isso seria destrutivo para a dignidade da exis-
tência do homem adulto e amadurecido. Ser apenas uma criança
maravilha é vivçr no exílio, no presente. Eu sei o quanto isso é
horrível. Meu avô perdeu completamente a memória nos últimos
anos da sua vida. Quando eu o visitava ele sempre me fazia as
mesmas perguntas . Meu avô era um belo homem que cú ou uma
vida com trabalho duro. fidelidade e amor. Vê-lo assimsem pas-
sado e sem .futuro era extremamente doloroso. Precisamos viver
no agora,. mas não para o agora. Devemos ' ' pieencher o minut o
impiedoso com 6ô segundos de corrida em distância" , como di-
VOl!AAOW.