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Editor Anna ist de Videror Amaral Ginter. Departamento de Pesquisas ¢ Produgio de Testes Dia Sésia MV Delpina Tos (CRP 06115804 Produsio Griica & ‘ihn Views Runes izagio Mark foe litoracio Elotréniea alga: Feros dos Sances Revisto Aga Ales Dades Internacionas de Catalogagso na Pal {(Cimara Beastcirn do Livre, 38 Br “Técnis de Bane Bogen ~ TEP «manual fae ‘Sto Paulo Casa do scdlogs / Conselio eel de. ibiograta, ISBN 85-7396.160.0 cbin (CI) 1. Testes psicaigicos I Paequall Lise oLsiat cp.i50287 Eee eee 21539) Indices para catlogo sstemético: 1. Avalagtopscolgica 150.287 2. Pscologa: Testes 1539 3 Testes psicopioos 1539 Impremo no B Pred in Bi Reservados todos os direitos de publingio em Kagus portuguesa & Aatonio, 1010 Jardim México 13253-400 tatiba/SP_ Brasil 48246997 Site: worw cassdopsicologe.com.be Casa do Psicélogo® mio Alvares, 1020 Vila Madatena O5417-030 Sio PauloSP Brasit 3034-3600. E-mai: casadopsicologo@essadopsicologo.com be @ {Gass Pal Liviaria, Eltora Grifica Lida, Carituto | Testes Psicoldgicos: Conceitos, Historia, Tipos e Usos or Luiz Pasquali Este capftulo discute alguns t6picos preliminares sobre os testes i psicoldgicos, enfocando os seguintes tem * avaliagSo psicolégica ¢ testes psicoldgicos * conceituagao de teste psicolégico * tipos de testes psicolégicos * usos dos testes psicol + aplicagio dos testes psicol6gicos 1. A avaliagao psicolégica (Parafraseando o cap.1 de Barclay, 1991, pp. 1-20) a alertar o leitor da relagio e das diferengas que existem entre avaliagio psicol6gica e testes psicol6gicas. Estes sto "uma das manifestagbes ou téenicas da avaliaglo psicoldgica, a qual, por sua vez, também é uma das manifestagGes de uma ativi como um processo de at através dos mais variados métodos ¢ 4 Taesucas oe Exave Paceudano— TEP ‘Tess rscoubcicos CONCH TOS, MISEIA, THOSE USS 8 técnicas, descrever ¢ classificar 0 comportamento dos outros com 0 objetivo de enquadré-lo dentro de alguma tipologia, que permite a0 sujeito tirar conclus6es sobre os outros ¢, assim, saber como ele mes- mo deve se comportar e agir em relagio a esses outros. A avaliagdo psicolégica quer acrescentar a esta atividade universal do ser humano algo de cunho cientifico, por estar baseada no método cientifico da “observacdo em que so mantidas certas caracteristicas de cientificidade: observagées confidveis e vélidas, bem como inferéncias obtidas a par- tir delas, seguindo os processos legttimos de teste de hipsteses e de inferéncia (esta parte sera discutida melhor quando falarmos dos pardmetros psicométricos dos testes psicol6gicos). Este alerta é para de carster de sens mundo faz, ¢ out 1.1. Avaliagéo nao-profissional Este tipo de avaliagiio, que todos nés fazemos, constitui uma cra para a prépria sobrevivéncia; ela pode ser mais bem. ix mal-desenvolvida em diferentes individuos. Em que ela con- siste? Trata-se da habilidade do ser humano de poder interpretar 0 comportamento dos outros @, assim, realizar as adaptagSes necesséri- as em set pr6prio comportamento para se inserir na comunidade e poder nela sobreviver. Esta habilidade deriva da capacidade do indi- vviduo de decodificar 0 comportamento verbal e nio-verbal dos outros e de telacionar tais comportamentos dentro de categorias diante das jé aprendeu como deve ele mesmo se comportar. Por ma festa vocé vé alguém com um copo na mio, cara vermelha e cambaleando, voc# de imediato o classifica na categoria los bebertées e procuna se esquivar dele; ou se um rapaz percebe que zuma moga sozri para ele, pode concluir que ela esté interessada numa aproximagéo e se aproxima dela, Certo? Obviamente, &s vezes isso nao d4 certo, porque as interpretagGes que sio sistematicamente fei- tas do comportamento dos outros nem sempre sfio adequadas, De qualquer forma, essas interpretagées tendem a ctiar no outro respos- tas de carder afetivo a favor ou contra o sujeito que se comporta deste ou daquele modo, dependendo de como aquele que observa iré interpretar © comportamento do outro, Este tipo de avaliagio se constitui também num organizador de expectativas de como nés mesmos € os outros devemes nos comportar em diferentes situagées, o que torna a vida em sociedade possivel e, assim, ‘nos comportarmos de uma forma eficiente e também evitar punicéo. Desde a infincia, a ctianga é bombardeada pelos adultos e pelos cole- 28 com indicagées de que tipo de comportamentos so cu nao toleré- vveis em dadas situag6es. Desenvolvemos, assim, um arsenal de regras segundo as quais (quase automaticamen .ossos compor- tamentos ¢ os dos outros. Isto é, avaliamos continuamente 0 comportamento de todo o mundo dentro de um sistema de expectatives. 1.2. Avaliacdo profissional ‘Quanto mais se modernizava a sociedade, mais variadas e urgentes iam e vio se tornando as necessidades de se poder avaliar © comportamento das pessoas de uma forma mais precisa, porque com base em tais avaliagées so tomadas decises que afetam pro- fundamente a vida dessas mesmas pessoas. Dessa forma, f i mnfidveis no processo educacional, 1a satide, na selegio de pessoal, etc. do tipo: Esta erianga precisa de educa- ho especial? Este sujeito tem aptidio para este trabalho? Esta pes- soa tem problemas emocionais? A agressividade deste sujeito ¢ condendvel?, voc8 esta atras de respostas. Mas respostas sensatas, a perguntas dessa natureza exigem algum sistema de avaliagio. Para atender a tais demandas é que existe a avaliagio mais formal do que aquela nao-profissional discutida acima. Esta necessidade in- duziu a procedimentos formais de avaliagao hé cerca de 3.000 anos antes de Cristo (Dubois, 1970) entre os chineses, que a utilizavam para a selecio de funciondtios publicos civis. Hoje em dia, a avaliagao afeta toda a atividade humana: na educa cao existe a preocupacéo em saber quem tem ou nfo condigées de 16 “Tecateas ow Exava: Psonnccico — TEP aproveitar o ensino, e para que tipo de especialidade est mais bem ‘equipado; no campo do trabalho, precisa-se saber se o candidato pos- sui um certo perfil psi ue garanta retorno do investimento «que a empresa pretende fazer nele; na frea da satde, precisa-se saber quem necessita de tratamento e qual tratamento; etc. Verificando que sociedade moderna ficou tio complexa, o mercado de trabalho to diversificado ¢ especializado, e os recursos disponiveis cada vez mais ‘escassos e procurados numa competitividade desenfreada, surge a ne- ‘imetros para a distribuicdo eficaz destes recursos. Ea ificagao das necessidades e das recnologias de avalia- se necesséria a existéncia de um perito na érea: o psi- célogo. Assim, a avaliagio passou a ser uma habilidade primordial do profissional psicélogo. Esta histéria teve inicio, mais tecnicamente, no prinefpio do século XX com Spearman (1904, 1907, 1913) e Binet (Binet & Simon, 1905), um desenvolvendo a teoria da Psicometria, © outro criando o primeiro teste de aptidao para criancas. A oriet tago, intencional ou nio, dada por estes e outros autores intel mente enviesou a histéria da sim, a avaliagZo perdeu em grande parte o seu canter multifacerado, tanto nos tipos de comportamentos que afere (aptido, petsonalidade, atitudes, satide, trabalho, etc.), quanto nos instrumentais que deve tem sido um inforctinio para o dade. Tal ocorréncia acarretou uma gigan tra 0s testes , por con 0, contra todo tipo de avaliacko. A utilidade © a exigéncia da avaliacfo esto fundamentadas na necessidade de que a atividade do ser humano deve ser responsivel, isto & ele deve dar conta do que faz, no sentido de poder afirmar que seus atos so legtimos, benéficos e condizentes com o investimento dos rureza e da sociedad que ele fa uso. E para tal aferigao jas as técnicas apropriadas de avaliagSo que, ob- viamente, precisam ser variadas, considerando a gama enorme de tipos de atividades e de processos psicolégicos envolvidos nelas. Por ‘Tests rsooLcaioos CONEATOS STOR, TOE LOS nN sa vez, 08 testes psicolégicos sao apenas uma destas possiveis técni- cas de avaliagéo, titeis e priotitérias em certas areas ¢ objetivando certos fins, mas ineficazes e perigosas em outras freas (como vere- mos a0 tratar do uso dos testes) Disto resulta que a avaliagSo psicolégica profissional deve se cons- tituir num processo integrado, utilizando aquelas técnicas mais apropria- ddas para diagnosticat 0 problema de um dado caso, visando alguma proceso de avaliacdo pode ser sumarizado no (adaptada de Barclay, 1991; este tema serd mais lvido 20 falarmos do laudo psicol6gico), que comporta Tabela 1.1. Etapas do processo de avaliacao psicolégica Etapa__Objeto Técnica Produto Ientifcar Nece Entrevista Deserigbes scores Tipos Interpretagio Formulagio de Perlis Dindmica psicologica envolvids Previsto de comporta mentos futuros Orientagio psicolégica Cura formulades Terapia Prevencio Programas de intervencio Autadesenvolvimento 3 Todos 03 processos Redirecionamento de aches etradas ou ineficszes

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