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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS FÍSICAS E MATEMÁTICAS


DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA
PET MATEMÁTICA

XX OLIMPÍADA REGIONAL DE MATEMÁTICA DE SANTA CATARINA


Resolução do treinamento 4 – Nível 3

Problema 1. (OBM - 2003) A função f é definida para todos os pares ordenados (x, y) de inteiros positivos e
tem as seguintes propriedades:
• f (x, x) = x
• f (x, y) = f (y, x)
• (x + y)f (x, y) = (2x + y)f (x, x + y)
Qual é o valor de f (21, 12)?
7 4 11 6 1
(A) (B) (C) (D) (E)
4 7 6 11 2003

x+y
Resolução: Por hipótese, temos que f (x, x + y) = · f (x, y).
2x + y
Então:
12 + 9
f (21, 12) = f (12, 21) = f (12, 12 + 9) = · f (12, 9).
2.12 + 9
Agora, temos que calcular f (12, 9):
9+3
f (12, 9) = f (9, 12) = f (9, 9 + 3) = · f (9, 3).
2.9 + 3
Calculando f (9, 3), temos:
6+3
f (9, 3) = f (3, 9) = f (3, 3 + 6) = · f (3, 6).
2.6 + 3
Finalmente, podemos calcular f (3, 6):
3+3
f (3, 6) = f (6, 3) = f (6, 3 + 3) = · f (3, 3).
2.3 + 3
21 12 9 6
Logo, f (21, 12) = f (3, 3). Como, por hipótese, f (x, x) = x podemos escrever f (3, 3) = 3.
33 21 12 9
21 12 9 6 6
Segue que f (21, 12) = 3=
33 21 12 9 11
(Alternativa D).

Problema 2. (OBM - 2003) Seja T = (a, b, c) tal que existe um triângulo ABC cujas medidas dos lados
2 2 2 2
√ BC√= √
sejam √ = b e AB = c satisfazendo c ≥ b ≥ a ≥ 0 e a + b > c. Definimos T = (a , b , c )
a, CA
e T = ( a, b, c) como sendo, respectivamente, o quadrado e a raiz quadrada do triângulo T. Considere
então as afirmativas:
1. O quadrado de um triângulo equilátero é equilátero.
2. O quadrado de um triângulo retângulo não é um triângulo.
3. T 2 é um triângulo se, e somente se, T é acutângulo.

4. T sempre é um triângulo para todo T.

5. Todos os ângulos de T são agudos.
O número de afirmativas verdadeiras é:
(A) 1 (B) 2 (C) 3 (D) 4 (E) 5

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Resolução: Vamos verificar cada item.


1) Verdadeira.
Se T = (a, a, a), então T 2 = (a2 , a2 , a2 ).

2) Verdadeira.
Nesse caso, T 2 = (a2 , b2 , c2 ) com a2 + b2 = c2 , ou seja, não pode ser um triângulo pois a2 , b2 , c2 formam
um triângulo apenas se a2 + b2 > c2 onde 0 < a2 < b2 < c2 .
3) Verdadeira.
Primeiro temos que mostrar que 0 ≤ a2 ≤ b2 ≤ c2 . De fato se 0 ≤ a ≤ b ≤ c então, como a função
quadrática é crescente,isto é, se x, y são tais que x ≤ y então x2 ≤ y 2 , podemos elevar todos os termos
da desigualdade ao quadrado sem que ela se altere. Agora, como T 2 = (a2 , b2 , c2 ) é um triângulo temos
que a2 + b2 > c2 pelo argumento feito no item 2. Para mostrar que o triângulo T é acutângulo vamos
mostrar que o ângulo ∠ACB é agudo, e para isso vamos usar a lei dos cossenos. Pela lei dos cosse-
nos c2 = b2 + a2 − 2ab cos(ACB). Portanto, segue que 2ab cos(ABC) = b2 + a2 − c2 e daí temos que
a2 + b2 − c2
cos(ACB) = . Agora, veja que o enunciado do problema nos diz que 0 ≤ a ≤ b ≤ c e além
2ab
a2 + b2 − c2
disso temos que a2 + b2 > c2 . Portanto a2 + b2 − c2 > 0 e 2ab > 0, por isso cos(ACB) = > 0.
2ab
Temos o cosseno de um ângulo positivo, ou seja, ∠ACB é agudo e como em um triângulo, o maior ângulo
é oposto ao maior lado e nesse caso c é o maior lado, temos que os ângulos ∠CAB e ∠ABC são menores
do que o ângulo ∠ACB. Portando são todos agudos e segue que o triângulo é acutângulo.

Agora vamos supor que T é acutângulo. Então todos os seus ângulos são agudos e em especial ∠ACB é
agudo. Pela lei dos cossenos c2 = a2 + b2 − 2ab cos(ACB), ou seja, a2 + b2 − c2 = 2ab cos(ACB) e daí temos
a2 + b2 − c2
que cos(ACB) = . Como ∠ACB é agudo o seu cosseno é positivo, isto é, cos(ACB) > 0,
2ab
a2 + b2 − c2 a2 + b2 − c2
mas cos(ACB) = . Segue que > 0 e podemos escrever que a2 + b2 − c2 > 0.
2ab 2ab
Finalmente, temos que a2 + b2 > c2 , ou seja, T 2 é um triângulo.
4) Verdadeira. √ √
Queremos √ √ que√ T é um triângulo para qualquer T . Primeiro, enfatizamos que T é um triângulo
mostrar
apenas se a + b > c. Agora vamos usar o fato de que a função quadrática é crescente, isto é, se x, y
2 2
são tais que x > y, então x√ > y√ √ caso x = a + b e y = c. Então se elevarmos
. Nesse √ ao quadrado
√ √ 2 os
2
dois lados da desigualdade a + b > c, ela √ continuará verdadeira. Segue que ( a + b) > ( c) , e
desenvolvendo os quadrados, obtemos a + 2 ab + b > c. Agora basta que essa última desigualdade seja
verdadeira
√ para podermos comprovar a primeira.
√ De fato, como a + b > c√pois √ é dado√no problema e
2 ab > 0 pois 0 ≤√b ≤ a, temos que, a + 2 ab + b > c e disso segue que a + b > c. Finalmente
podemos dizer que T é um triângulo para qualquer T .
5) √
Verdadeira.
T é um triângulo acutângulo apenas se o seu maior ângulo é agudo, ou seja, o cosseno do ângulo oposto

ao maior√lado é positivo.
√ Vamos usar
√ √ novamente a lei dos cossenos,
√ mas dessa √ vez para√o triângulo
√ T.
Então, ( c)2 = ( a)2 + ( b)2√ − 2 ab cos(ACB), ou seja, 2 ab cos(ACB) = ( a)2 + ( b)2 − ( c)2 , ou
√ √
( a)2 + ( b)2 − ( c)2
ainda, cos(ACB) = √ . Como 0 ≤ a ≤ b ≤ c, as suas respectivas raízes quadradas
2 ab√ √ √ √
√ 2 ( √
também são positivas e portanto a)2 + ( b)2 − ( c)2 > 0 e 2 ab > 0. Finalmente, podemos concluir
√ 2
( a) + ( b) − ( c)2 √
que cos(ACB) = √ > 0 e por isso T é acutângulo.
2 ab
(Alternativa E).

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Problema 3. (OBM - 2011) Um cubo de madeira, pintado de vermelho, foi serrado em 27 cubos menores iguais
e as faces desses cubos ainda não pintadas o foram de branco. Qual é a razão entre a área da superfície total
pintada em vermelho e a área da superfície total pintada de branco?
(A) 1:2 (B) 1:1 (C) 2:1 (D) 1:3 (E) 2:3

Resolução: Primeiramente, vamos calcular o número total de faces. Observe que cada cubo tem 6 faces e,
assim, temos 6 × 27 = 162 faces. Cada face do cubo inicial engloba 9 faces de cubo pequeno, conforme a figura
a seguir:

Dessa forma, o número de faces pequenas pintadas de vermelho (FV ermelhas ) é 9 × 6 = 54. Isso nos dá
162 − 54 = 108 faces pequenas a serem pintadas de branco (FBrancas ). Então, a razão será

FV ermelhas 54 1
= = =1:2
FBrancas 108 2
(Alternativa A).

Problema 4. (OBM - 2013) Na figura abaixo o ponto O é o centro da circunferência que passa pelos pontos
A, B, C, D e E. Sabendo que o diâmetro AB e a corda CD são perpendiculares e que B ĈE = 35o , o valor em
graus do ângulo DÂE é:

(A) 35o (B) 10o (C) 20o (D) 30o (E) 55o

Resolução: Como O é centro do círculo, então E ÔB = 2 · E ĈB = 70o . Também, como OA = OE (raio da
circunferência), aplicando o Teorema do Ângulo Externo ao ângulo E ÔB, obtemos E ÂO = OÊA = 35o e,
então, AD̂C = AÊC = B ĈE = 35o . Como AD̂C + DÂB = 90o , podemos concluir que

DÂE = 90o − (AD̂C + E ÂB) = 90o − (35o + 35o ) = 90o − 70o = 20o .

(Alternativa C).

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Problema 5. (OBM - 2014) As raízes da equação x2 − ax + b = 0 são diferentes de zero e são os quadrados das
raízes da equação x2 − bx + a = 0. As raízes das equações não são necessariamente reais, mas a e b são reais.
Então √o valor de a é: √ √ √ √
(A) − 2 (B) 2 (C) 3 (D) 3 2 (E) 3 3

Resolução: Chamemos a primeira equação de (1) e a segunda equação de (2). Sejam p e q as duas raízes de
(2). As relações que as raízes de uma equação do segundo grau possuem com seus coeficientes são:

p + q =b
pq =a.

Agora, sabemos que p2 e q 2 são raízes de (1). Portanto,

p2 + q 2 = a
p2 q 2 = b.

Ora, notemos que b2 = (p + q)2 = p2 + 2pq + q 2 = p2 + q 2 + 2pq = a + 2a = 3a. Ou seja, b2 = 3a. Porém,
b = p2 q 2 = (pq)2 = a2 , portanto a4 = 3a. Como ambas as raízes (tanto de (1) quanto de (2)) são diferentes de
zero,√a é diferente de zero, portanto podemos dividir por a na última equação e temos a3 = 3. Dessa maneira,
a = 3 3.

(Alternativa E).

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