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VIDROS

1. CONCEITUAÇÃO

Vidro é um produto fisicamente homogêneo obtido pelo


resfriamento de uma massa inorgânica em fusão, que enrijece sem
cristalizar através de um aumento contínuo de viscosidade.

Constituinte principal e essencial:

a sílica (óxido de silício), que, por resfriamento, enrijece sem


cristalizar.

Assim, em função da temperatura, o vidro pode passar a tomar


os aspectos:

líquido, viscoso e frágil (quebradiço).


Os vidros industriais são definidos pela ASTM
como produtos inorgânicos fundidos que se
resfriaram sem se cristalizar.

Os vidros são geralmente transparentes (apesar


de haver alguns opacos),

inalteráveis com o tempo e ao contato com


ácidos e bases;

são impermeáveis aos gases e aos líquidos,


filtram parte dass radiações do espectro solar
(ultravioleta e infravermelho).

O vidro é material conhecido há 5.000 anos e os


romanos utilizaram-no sob diversas formas,
incluindo o envidraçamento de janelas.
O vidro de pura sílica (desejável) funde a
1.710ºC.

Para baixar aos 1.450 -1.550ºC (temperatura


economicamente recomendada) é necessário o
uso dos fundentes Na2O ou K2O.

Contudo: o vidro só de sílica e potassa ou soda


não tem estabilidade química. Por isso juntam-se
os estabilizantes, como o CaO ou MgO.
O óxido de chumbo é usado na obtenção do
cristal verdadeiro, já que aumenta a refração,
reduz a dureza, permitindo melhor polimento, e
aumenta a transparência. Ele substitui total ou
parcialmente a cal.

O bórax (Na2B4O7·10H2O)diminui a expansão


térmica, dando vidros de alta resistência ao calor.
1.1 – Composição do Vidro
2. FABRICAÇÃO
2.1 – Matérias Primas
Usualmente os bons vidros são feitos com quartzos
beneficiados; são os vidros para cristais, vidros óticos, etc.
O vidro comum é feito com areias de boa
qualidade.
O ferro [Fe2O3], deve ser evitado por tornar o vidro
esverdeado. Nas garrafas comuns, por exemplo, o teor
desse óxido é grande, e daí a cor escura.
-A alumina é obtida dos feldspatos, caulim ou
outras rochas apropriadas. Seu teor vai de 0 a 5% nos
vidros comuns, e de 5 a 10% nos vidros de grande
resistência.
- A cal e magnésia são obtidas de seus minérios.
- O óxido de sódio prejudica as propriedades
mecânicas e químicas do vidro, mas é necessário
como fundente. É resultante do emprego do
Na2CO3 (barrilha) ou Na2SO4 (no Brasil, na forma
de salitre chileno).

-Em alguns casos, (cristais e vidros ópticos) o


sódio é substituído pelo potássio, na forma K2O,
obtido de cinzas ou outros processos químicos.
-O óxido de chumbo é usado na forma
preferida de mínio ou zarcão.

-O óxido de boro é obtido através do bórax e


o ácido bórico.

-Outra matéria prima importante é o próprio


vidro moído, em grãos de 1 a 3mm. Ele faz baixar
consideravelmente a temperatura de fusão do
conjunto, tanto que chega à proporção de 25 a
50% do volume total da mistura. Para isso as
firmas aproveitam as peças defeituosas ou
quebradas.
2.2 – Processo de Fabricação
Na prática, a fabricação é bastante complexa por causa das
temperaturas necessárias, dos fenômenos secundários e
variedade de tipos. As diversas fases da fabricação são:
a) preparo da mistura (dosagem, moagem: grãos de cerca de
1mm)
b) fusão (1.450 a 1.550ºC) em fornos
c) refinação (eliminação das pequeninas bolhas de gases
(1.350 a 1.450°C).
d) moldagem (T = Cte)
e) recozimento
A moldagem varia com a forma desejada, podendo ser oco,
tubular ou plano.
O vidro recém-moldado apresenta grandes tensões internas, que o
tornam extremamente quebradiço, levando ao estilhaçamento. É que as
camadas externas em contato com o ar ambiente esfriam e contraem-se
rapidamente, enquanto que o interior ainda permanece fluido e
dilatado. Quando este vitrifica, aparecem tensões entre as camadas
interna e externa. O recozimento é feito normalmente após a moldagem,
porque não há necessidade de deixá-lo esfriar antes.
3. PROPRIEDADES
-O vidro tem grande dureza. Pode ser até 16 vezes mais duro que o granito.

-É atacado ácido fluorídrico ou água com cimento ou cal.

- Pode ser obtido na forma de fios finos (fibra de vidro e lã de vidro).


-O vidro é mau condutor de calor. Pode, por isso, ser considerado
um isolante térmico?

-De fato o vidro é muito mau condutor de calor, se comparado com


metais, e muito próximo de tijolos refratários.

-Porém, deixa passar a radiação.


-O que os vidreiros fazem hoje é produzir vidros que deixam passar a luz e
impedem a passagem do calor. Da mesma forma, no inverno, não deixam o
aquecimento do interior ser perdido para fora.

-É mau condutor de calor. Isolante Térmico.


-Contudo: Permite a passagem de grande parte dos raios infravermelhos do
sol, que irão aquecer a sala.
Seu peso específico depende da composição e também
dos tratamentos térmicos a que foi submetido.
Um vidro que foi esfriado rapidamente tem densidade mais baixa que
aquele esfriado lentamente.
O recozimento aumenta a densidade.
Quanto mais alta a temperatura alcançada no forno, menor a densidade.

O coeficiente de dilatação térmica é da ordem de


0,009mm/m/°C .
Os vidros borossilicatos contêm o elemento boro em sua
composição. Eles se dilatam menos com variações de temperatura
e por isso são mais resistentes ao choque térmico.
Eles são ótimos para lustres que ficam expostos à chuva e para
utensílios domésticos.
Tensões de origem térmica

Devido à baixa condutividade térmica do vidro, o


aquecimento ou o arrefecimento parcial de um vidro
origina tensões no seu seio que podem provocar trincas;

0s vidro submetidos a forte exposição solar, dado que


estão dentro do caixilho (aquece mais lentamente que a
superfície do vidro);

Um tratamento complementar (têmpera) permite ao


vidro suportar diferenças de temperatura de 150 a 200 °C.
Condutibilidade elétrica:
é baixa em temperatura ambiente, sendo considerado
isolante;
no entanto, a altas temperaturas, a condutibilidade é igual à
dos bons condutores elétricos.
isolamento acústico:
é relativamente bom, desde que usado de maneira
apropriada. É melhor quando as superfícies são pequenas,
porque nas grandes chapas pode entrar em ressonância.
Para melhores resultados, devem-se usar duas ou mais placas,
de espessuras diferentes.
laminado – formado por duas ou mais lâminas de vidro
coladas por uma resina ou película.
vidro duplo - É composto por dois vidros que têm, entre eles,
uma câmara de ar ou gases de argônio e xenônio
3.1 – Propriedades Mecânicas
Devemos ter: ft << fc.
Mas, é bom saber que nos vidros a resistência à tração é inversamente
proporcional ao diâmetro da peça, tanto assim que as fibras de vidro podem
alcançar 2.000 MPa e o normal se situa entre 40 e 80 MPa.Para efeito de
cálculo, a NBR11706 (projeto e execução de envidraçamento em construções
civis) estabelece:
Elasticidade : o vidro é uma material perfeitamente elástico:
nunca apresenta deformaçao permanente. Contudo é frágil, ou
seja, quando submetido a uma flexão crescente, parte sem
apresentar sinais precursores.
Resistência à compressão: é elevada, cerca de
1000MPa e não limita praticamente o campo das
suas aplicações.

Exemplo:para quebrar um cubo de 1cm de lado


será necessário uma carga de 10 toneladas.
Resistência à flexão: a resistência à flexão é da ordem
de 40MPa para vidros recozidos e de 120 Mpa para um
vidra temperado.
Especificação de Vidros –
Construção Civil
Os vidros ocupam a maior área das
esquadrias, constituindo, portanto, a maior
área de penetração de:
– luz, calor e ruído através das fachadas.
– sua especificação deve ser cuidadosa:
• é necessário conhecer o desempenho dos vários tipos
de vidro disponíveis para construção civil.
os vidros devem ser considerados por seu
desempenho estrutural – resistência às
solicitações de vento, a cargas acidentais etc.
Há o desempenho relacionado à entrada de
luz e à visibilidade através do vidro e o
desempenho acústico, muito importante
quando se pretende que o vidro reduza o nível
de ruído ao adequado uso do edifício.
Para hospitais ou instituições de ensino, por
exemplo, os níveis são mais baixos.
Para edifícios de escritório admitem-se níveis
mais elevados.
Conforto térmico do ambiente interno:
controlar a passagem de calor (radiação) de um
lado para outro.
Em países de clima frio, o uso da calefação gera
grandes custos e o que se pretende dos vidros é
que permitam que o calor penetre no ambiente
durante o dia, mas não deixem o calor sair durante
a noite ou em períodos com temperatura externa
muito baixa.
Já nos países de clima quente, principalmente nos
trópicos – nosso caso – o que se procura é barrar a
entrada de calor durante o dia e permitir que ele
saia com facilidade nos períodos com menos
radiação e à noite.
Classificação dos Vidros
4. EMPREGOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Na construção Civil podemos empregar vários tipos de vidros:


Vidro plano comum, vidros de segurança, fibras de vidro, outros produtos
de vidro (telhas, ladrilhos, vitrais, espelhos).

Vidro Plano Comum (Sheet glass)

São vidros planos de superfícies paralelas, normalmente calco-


sódicos, podendo ser classificados quanto à transparência, quanto ao
acabamento das superfícies e quanto à coloração.
1) Quanto à transparência eles podem ser:
* Transparentes – transmitem a luz e permitem visão nítida através deles.
* Translúcidos - transmitem a luz com vários graus de difusão de tal modo que a
visão através dos mesmos não é nítida.
* Opacos – impedem a passagem da luz
* Opalinos – apresentam características de transmissão da luz intermediária entre
o vidro
* Translúcido e o opaco, não transmitindo entretanto a imagem dos objetos.
2) Quanto ao acabamento das superfícies:
* Liso – leve distorção das imagens (pelo processo de fabricação).
* Polido ou cristal – permite visão sem distorção das imagens (tratamento)
* Fosco –Tratamento mecânico ou químico em uma ou nas duas superfícies com a
finalidade de torná-lo translúcido
* Espelhado –Tratamento químico em uma das superfícies com a finalidade de
refletir praticamente a totalidade dos raios luminosos que nele incidem.
* Gravado –Tratamento mecânico ou químico em uma ou ambas as superfícies,
com a finalidade de torná-lo ornamental.
3) Quanto à coloração:
* Incolor e colorido
Vidros de Segurança

São os vidros que, quando


fraturados, produzem fragmentos menos
suscetíveis de causarem ferimentos
graves que os vidros comuns em iguais
condições.
Apresentação Comercial dos Vidros – Dimensões de Fabricação
Algumas Normas Sobre Vidros
NBR11706/92 - Vidros na construção civil
Fixa condições exigíveis para vidros planos aplicados na construção civil).
NBR7199/89 - Projeto, execução e aplicações de vidros na construção civil
Fixa as condições que devem ser obedecidas no projeto de envidraçamento em construção
civil. Aplica-se a envidraçamento de janelas, portas, divisões de ambientes, guichês,
vitrines, lanternins, chedes e clarabóias.
NBR12067/01 - Vidro plano - Determinação da resistência à tração na flexão
NBR14697/01 - Vidro laminado
Especifica os requisitos gerais, métodos de ensaio e cuidados necessários para garantir a
segurança e a durabilidade do vidro laminado em suas aplicações na construção civil e na
indústria moveleira, bem como a metodologia de classificação deste produto como vidro
de segurança.
NBR9492/86 - Vidros de segurança - Determinação da visibilidade após ruptura e
segurança contra estilhaços
NBR9498/86 - Vidros de segurança - Ensaio de abrasão
NBR9499/86 - Vidros de segurança - Ensaio de resistência à alta temperatura
NBR9501/86 - Vidros de segurança - Ensaio de radiação
NBR9502/86 - Vidros de segurança - Determinação da resistência à umidade
NBR9503/86 - Vidros de segurança - Determinação da transmissão luminosa
1.2 – Vidro Float
O processo do vidro float foi desenvolvido em 1952 e é padrão mundial
para a fabricação de vidro plano de alta qualidade.
O processo, que originalmente produzia somente vidros com espessura
de 6mm, produz atualmente vidros que variam entre 0,4 e 25mm.
As matérias-primas são misturadas com precisão e fundidas no forno.
O vidro fundido, a aproximadamente 1000ºC, é continuamente
derramado num tanque de estanho liquefeito, quimicamente controlado.
Ele flutua no estanho, espalhando-se uniformemente.
A espessura é controlada pela velocidade da chapa de vidro que se
solidifica à medida que continua avançando. Após o recozimento
(resfriamento controlado), o processo termina com o vidro apresentando
superfícies polidas e paralelas.
1.3 – Vidro Blindado
Como é feito o vidro blindado?
É feito como um sanduíche: o vidro funciona como o pão e o
plástico (ou resina sintética) como o recheio.
O nº de camadas, espessura e composição dos materiais varia
conforme o calibre das balas que ele deverá suportar.
"A resina e o plástico servem tanto para colar um vidro no
outro quanto para amortecer o impacto da bala e impedir que
o vidro se estilhasse“
Comitê de Vidros Planos (ABNT)
Funcionamento da Blindagem

A camada de vidro externa é a primeira proteção. O impacto


de uma bala é semelhante à ação de uma furadeira: o projétil chega
em alta rotação e velocidade. Mas, como o vidro é um material
abrasivo, consegue desgastar e deformar a bala.
Em seguida, há a camada de resina ou plástico, que atua
como amortecedora, reduzindo a velocidade e a força da bala, até
paralisá-la.
A última camada de vidro nunca é atingida pela bala, mas
pode se estilhaçar devido à propagação da energia provocada pelo
seu impacto. Por isso, o vidro blindado termina em uma fina película
plástica, para prender os estilhaços e impedir que atinjam alguém.
Blocos de vidros
Vidro Temperado
Têmpera – conseqüência nas
propriedades
Vidro Laminado
Vidros Curvos
São aquecidos a temperaturas de
650°C e depositados em moldes de
aço.
Vidros de segurança
Vidro Refletivo
Telhas de Vidro
Vidro Aramado
Arqueamento ou Curvatura
O arqueamento repousa no aquecimento controlado do vidro até o ponto
em que se torna maleável e relaxa para ser colocado num molde, seguido
de resfriamento e endurecimento.

O tamanho máximo de uma peça arqueada é somente afetada pela


disponibilidade do próprio vidro plano e o tamanho da estufa, o que por sua
vez depende da demanda.

A facilidade do arqueamento depende da espessura do vidro e 10mm é a


maior espessura de vidro comumente arqueada.

O menor raio possível é de mais ou menos 150mm, dependendo da


espessura do vidro.

Arqueamentos temperados podem ser realizados mas não estão em geral


disponíveis em tamanhos maiores do que aqueles usados em pára-brisas de
ônibus.
Vidro Estrutural
Os vidros são aparafusados, suspensos e fixados a uma estrutura
portante destacada do plano dos vidros
FIBRAS DE VIDRO
Espelho
As manchas pretas aparecem
quando ocorre a oxidação da prata
utilizada no processo de espelhação.
Espelhos com bordas expostas
devem ser necessariamente lapidados
e filetados;
Entre o espelho e o substrato (a
superfície onde é instalado
diretamente o espelho) deve existir
uma folga de no mínimo 3 mm para
permitir a circulação de ar.
Espelhos instalados em saunas,
banheiros, piscinas ou qualquer outro
ambiente com alto índice de umidade
ou atmosfera corrosiva são propensos
à oxidação.
serigrafado
Lã de Vidro
é produzido através de pequenos furos, onde filetes de vidro
fundido;
escorrem, sendo atingidos por jatos de ar;
Lã de Vidro
São controladas conforme espessura e dimensão;
Incombustível;
não poroso, inerte e resiste a insetos, roedores e fungos;
são utilizados para reforçar polímeros;
usados como isolante térmico e acústico;
drywall, dutos de ar condicionado, atenuação de ruidos
gerados por equipamentos.
1. CONCEITO
Altamente resistentes à tração - a reduzida seção transversal das fibras reduz a
possibilidade de que haja muitos defeitos de composição, o que contribui para que as
fibras tenham alta resistência à tração.
As fibras podem ter diâmetro de até 0,1mm e de grande comprimento. São
obtidas através da passagem do vidro fundido por pequenos orifícios revestidos de platina
e posteriormente soprados.
Dependendo do diâmetro dos orifícios e da pressão de insuflamento obtêm-se
fibras de diversos diâmetros até a lã de vidro.
Sua densidade varia de 15 a 150 kg/m³ e seu coeficiente de condutibilidade
térmica é de 0,028 a 0,035. Seu pouco peso, sua alta resistência mecânica e ao calor, e sua
inércia química são propriedades que tem tornado a fibra de vidro um material cada vez
mais empregado.
A lã de vidro é composta de fibra de vidro descontínua, em pedaços pequenos
(bastonetes). Os bastonetes são depois prensados com o auxílio de um aglomerante
apropriado, formando as mantas de lã de vidro.
2. FIBERGLASS
O fiberglass é compósito de matriz poliéster com reforço de fibras de
vidro; foi o primeiro compósito de engenharia empregado em larga escala.
As fibras de vidro são normalmente produzidas a partir da sílica
(SiO2), com a adição de óxidos de cálcio (CaO), boro (B2O3), sódio (Na2O)
e/ou alumínio (Al2O3).
As resinas poliéster insaturadas são muito usadas como matriz para
produção de compósitos de fiberglass, pois podem ser processadas no estado
líquido e curadas à temperatura ambiente, em moldes simples e baratos, o
que viabiliza a produção em pequena escala de peças grandes e complexas.
O fiberglass ganhou inúmeras aplicações, em diversos produtos, tais
como barcos, caixas de água, piscinas, painéis de fachada, automóveis, entre
outros, representando hoje cerca de 65% do volume total de compósitos
fabricados.
1 – polietileno
expandido moldado
isolante térmico.
2 – argamassa de
colagem
3 – argamassa
4 – rede fibra de
vidro
5 – revestimento
primário
6 – acabamento
final.

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