Você está na página 1de 7

Como escolher o regime

tributário para sua


empresa
Um dos passos mais importantes para o sucesso de uma empresa é a
escolha do regime tributário a ser adotado. Uma opção mal feita nesta
etapa do processo pode gerar a necessidade do pagamento de um
conjunto de impostos inadequado, comprometendo sensivelmente a
saúde financeira do negócio, ou até mesmo gerando problemas fiscais
com a Receita Federal.

Há três tipos de regimes de tributação que podem ser adotados pelas


empresas: Simples Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real. O indicado
é que a escolha seja feita e analisada por um contador, que tem
experiência e conhecimento no assunto e pode lhe dar as devidas
instruções e saber qual a melhor opção para o seu negócio através
estudos de diversos fatores específicos de casa caso, como análise de
porte do negócio, área de atuação, estudo de mercado, planejamentos de
rendimento, entre outros.
Para ajudar a destrinchar o tema, a reportagem do Conube conversou
com oprofessor Alexandre Gonzales, Doutor em controladoria e
contabilidade pela USP. Confira a entrevista:

Qual a importância da correta escolha do


regime tributário a ser adotado para a
empresa?

A importância está em não pagar tributos além do que é devido. Da


mesma forma que não se deve pagar menos do que o devido. Em geral,
há três modalidades mais genéricas, mas nem sempre uma empresa pode
optar por qualquer uma delas, pois a única que aceita todas as empresas é
o Lucro Real. Há restrições para se optar pelo Lucro Presumido e ainda
mais restrições para se optar pelo Simples Nacional. Em casos extremos
pode ser que a empresa possa ser enquadrada apenas no Lucro Real.
Ainda assim, ela poderá escolher se a apuração será trimestral ou anual
e, dentro da modalidade anual, ainda pode optar entre o regime de
estimativa e o de levantamento de balancetes mensais (suspensão e/ou
redução).

Quais são os principais fatores que devem


ser considerados para se chegar ao modelo
mais adequado?

Difícil generalizar, pois cada caso é um caso. Não é possível dizer, por
exemplo, que um determinado segmento deve sempre optar por um
determinado regime. A situação individual de uma mesma empresa pode
mudar de um ano para o outro. Assim, é importante ter conhecimento de
quais modelos são aplicáveis a uma determinada empresa e,
regularmente, verificar se ainda é o mais adequado.

Como é feita a análise da situação para


definir o melhor regime tributário?

Em geral, calculando-se com base na realidade da empresa. Imaginemos


que uma empresa possa optar pelo Lucro Presumido ou Lucro Real e,
historicamente, tem optado pelo Lucro Presumido por ser mais vantajoso
para ela. Pode acontecer de, num determinado período, ela apurar
prejuízo, fazendo eventualmente com que o Lucro Real seja mais
atrativo. Mas ainda assim poderia ser que não, pois PIS e Cofins devem
também ser levados em consideração nessa análise e não estão ligados
ao lucro contábil diretamente. Porém não podemos esquecer que há uma
certa subjetividade nessa escolha, pois ela é feita no início do ano e vale
para o ano todo, fazendo com que variáveis importantes sejam
estimadas, como faturamento, por exemplo, tentando prever o que será
mais vantajoso para a empresa e não somente o que teria sido no ano
anterior, pois aí já passou. Resumindo, utilizando-se de informações
históricas para realizar estimativas.

Por que essa opção deve ser reavaliada a


cada início de ano?

Porque a situação da empresa pode mudar de um ano para o outro e,


nesse caso, é provável que uma troca de regime de tributação, se
possível, seja vantajosa. A margem da empresa pode mudar, as despesas
podem ganhar ou perder representatividade, a empresa pode passar a
operar em um volume maior ou menor de importação ou exportação,
pode passar a trabalhar como novos produtos com tributação diferente,
entre outros inúmeros casos. É necessário acompanhar os números de
perto. Só assim é possível identificar o melhor momento para migrar de
um modelo a outro. Não é recomendável acreditar que uma escolha trará
os melhores resultados eternamente.
Quais os principais equívocos feitos na hora
do planejamento tributário e como eles
podem ser evitados?

Acredito que não é possível planejar olhando-se apenas um tipo de


tributo. É um erro optar por um regime porque vai pagar menos imposto
de renda e contribuição social, por exemplo. Isso porque, por outro lado,
pode acabar pagando mais PIS e Cofins. A empresa deve ser vista como
um todo.

Cite as diferenças básicas entre os regimes


Simples Nacional, Lucro Presumido e Lucro
Real.
Primeiramente comparando-se Lucro Presumido e Lucro Real. Com
relação a tributos a serem recolhidos, as diferenças principais estão na
apuração de quatro deles: IRPJ e CSSL sobre o lucro, e PIS e Cofins
sobre faturamento. Com relação aos tributos sobre o lucro, enquanto no
Lucro Real a base de cálculo é a partir do lucro apurado na
contabilidade, com algumas adições e exclusões, no Lucro Presumido a
base é obtida a partir da aplicação de percentuais pré-definidos sobre a
receita da pessoa jurídica, por isso lucro presumido, já que “presume-se”
que o lucro seja aquele. Se for diferente, não afetará esses dois tributos.
Com relação aos tributos sobre o faturamento, no Lucro Presumido, o
PIS e Cofins incidem sobre o faturamento, enquanto na maioria dos
casos, no Lucro Real incide também sobre o faturamento, porém com
uma alíquota maior e possibilitando à empresa deduzir do valor a pagar
créditos sobre suas aquisições. Assim, nesse segundo caso, a alíquota é
maior, enquanto que a base é menor. O Simples é um regime
simplificado, no qual paga-se um tributo aplicando-se uma alíquota
sobre o faturamento do mês e variando de acordo com a atividade e
faturamento acumulado dos últimos seis meses, e substitui-se IRPJ
(exceto sobre ganho de capital), CSSL, PIS, Cofins, ICMS, IPI, ISS e
INSS parte da empresa em boa parte dos casos (não a parte do
empregado). Várias apurações dão lugar a uma.

Em linhas gerais, que tipo de empresa se


enquadra em cada um deles?
A legislação determina quais empresas não podem aderir a determinado
regime. Todas podem ser Lucro Real, algumas restrições se aplicam no
caso de opção pelo Lucro Presumido, e mais restrições se aplicam no
caso de opção pelo Simples. Acredito que a restrição mais conhecida
seja a do faturamento: R$ 3,6 milhões anuais para poder se optar pelo
Simples, e atualmente, a partir de 2014, R$ 78 milhões anuais para se
optar pelo Lucro Presumido.

Você também pode gostar