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Brasília
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Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS
Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil – CPGEC
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3
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ESTUDO EXPERIMENTAL DO DESEMPENHO DE PAVIMENTOS
FLEXÍVEIS EM CONCRETO ASFÁLTICO: CONSTRUÇÃO E
INSTRUMENTAÇÃO DE SEÇÕES-TESTE
RESUMO
Apresenta-se o estado atual de desenvolvimento de uma pesquisa cujo propósito principal é a
investigação do desempenho oferecido por estruturas de pavimentos flexíveis em concreto
asfáltico. Neste sentido, até o presente momento, foram executadas seis (06) seções-teste com
diferentes tipos e espessuras de revestimentos asfálticos. Tais seções foram instrumentadas
com medidores de deformação e com células de pressão total e serão submetidas a ensaios
acelerados com um simulador linear de tráfego. Dentre os parâmetros definidos para
interpretação do desempenho dos pavimentos durante os ensaios acelerados em escala real
estão: deformação horizontal na face inferior das camadas asfálticas de revestimento, tensões
em pontos críticos da estrutura e deformação vertical do solo de subleito. Neste trabalho,
fundamentalmente, são apresentadas as atividades referentes a execução e a instrumentação
das seções experimentais.
1. INTRODUÇÃO
Um pavimento flexível com revestimento em concreto asfáltico deteriora-se gradualmente ao
longo do tempo devido a dois mecanismos diretamente associados à passagem repetida das
cargas do tráfego: o trincamento por fadiga das camadas asfálticas e os afundamentos em
trilha de roda decorrentes do acúmulo de deformações plásticas em todas as camadas da
estrutura. As condições ambientais a que o pavimento está sujeito, onde se incluem as
condições de temperatura do ar, a insolação, a pluviometria e as condições de drenagem sub-
superficial e profunda, afetam as velocidades com que a degradação estrutural se processa,
por influírem nas propriedades mecânicas e de durabilidade dos materiais das camadas do
pavimento e por gerarem tensões quando a estrutura tende a restringir movimentações
volumétricas de natureza térmica ou de variação de umidade.
De maneira geral, o dimensionamento estrutural de um pavimento flexível tem sido feito
aplicando-se métodos de origem empírica que definem a espessura total necessária para que
as camadas de subleito e de reforço do subleito sejam adequadamente protegidas contra a
geração excessiva de deformações plásticas, ao mesmo tempo que estipulam, com base no
tráfego de projeto, as espessuras mínimas das demais camadas, desde que os materiais
empregados atendam a determinadas especificações. Esses métodos apresentam as vantagens
da simplicidade de aplicação e de refletirem desempenhos reais observados em pavimentos
em serviço. Tem sido notório, contudo, que a extrapolação desses métodos para condições
fora das que lhes deram origem leva a sub-dimensionamentos ou super-dimensionamentos.
Este fato deu origem a um grande número de pesquisas no sentido de se obter modelos de
previsão de desempenho (Rodrigues, 2000, e Witczack et al. 1998). Somente através de
modelos deste tipo se pode efetuar projetos considerando o uso de materiais para os quais não
se tem experiência de campo suficiente para a elaboração de um modelo empírico adequado.
Neste contexto, apresenta-se o estado atual de desenvolvimento de uma pesquisa cujo
propósito principal é o de investigar o desempenho de pavimentos flexíveis em concreto
asfáltico. Sendo que nesta, deverá ser estudado o comportamento de misturas asfálticas
convencionais (CBUQ) e modificadas com polímeros (CAM) sob ensaios realizados em
laboratório e ensaios acelerados efetuados em escala real. No presente trabalho, são descritas
as etapas de execução e de instrumentação de seis seções experimentais implantadas na Área
de Pesquisas e Testes de Pavimentos da UFRGS-DAER/RS. Tais seções-teste terão o seu
desempenho monitorado em termos da evolução de mecanismos principais de degradação
durante a realização de ensaios acelerados in situ com um simulador linear de tráfego.
Também, são apresentados os parâmetros principais obtidos na fase de projeto das misturas
asfálticas utilizadas.
2. PROJETO DO EXPERIMENTO
O planejamento do experimento inclui a realização de estudos de laboratório com vistas a se
poder caracterizar e selecionar as misturas asfálticas utilizadas na construção das seções
experimentais. Tais ensaios, listados na seqüência, foram desenvolvidas nos laboratórios de
pavimentação da UFRGS e do DAER/RS: dosagem através do método Marshall, ensaio
dinâmico de compressão diametral a cargas repetidas para determinação do módulo de
resiliência, determinação da resistência à tração por compressão diametral. Também, as
misturas concebidas serão submetidas a ensaios de fadiga, afundamento em trilha de roda,
desgaste, condutividade hidráulica e envelhecimento.
A variável dependente, a ser quantificada com base no monitoramento do desempenho
oferecido pelos pavimentos no campo, é a vida útil oferecida. Sendo, esta, definida como o
tempo necessário para que as cargas aplicadas pelo tráfego imposto ao pavimento através do
simulador de tráfego provoquem níveis de deterioração acima dos quais o mesmo não mais
oferece condições aceitáveis de conforto ao rolamento e de segurança para o usuário. Na
seqüência, estão apresentados os fatores controláveis eleitos para investigação na fase de
estudos no campo:
Para que seja possível se levar em conta a não-linearidade das relações entre as variáveis
dependentes e os fatores controláveis os níveis foram combinados como mostra a matriz
experimental, derivada com auxílio do software Statistica, apresentada na Tabela 1. Nesta,
pode-se ver que o experimento definido ficou bem equilibrado. Os números –1, 0 e 1
representam os níveis baixo, médio e alto de cada fator, respectivamente. No projeto em
questão tem-se três fatores controláveis, sendo: dois a três níveis (carga aplicada e espessura
do revestimento) e um terceiro a dois níveis (tipo de mistura). Para ter-se um projeto cruzado
seriam necessários os resultados de pelo menos 18 testes, sem incluir repetições. Devido às
restrições intrínsecas à pesquisa em desenvolvimento, serão ensaiadas 12 setores sendo dois
em cada pista experimental.
Foram executadas seis pistas experimentais. Sendo três com revestimento constituído por
mistura asfáltica convencional e três com mistura asfáltica modificada com polímeros;
As espessuras das camadas de revestimento são 4, 6 e 8 cm;
A camada de reforço do subleito existente na Área de Pesquisas e Testes de Pavimentos
UFRGS-DAER foi mantida da maneira como se encontra atualmente, após a solicitação
das seções experimentais com basalto alterado;
As camadas granulares de base e de sub-base são constituídas de brita graduada com
granulometria compatível com a classificação Faixa B e Classe A do DAER-RS;
As espessuras das camadas de base de todas as seções são iguais (30 cm de brita
graduada).
7. AGRADECIMENTOS
Aos auxiliares de pesquisa, técnicos e pesquisadores envolvidos no desenvolvimento deste
estudo e ao CNPq pelo suporte financeiro destinado. Em especial, nosso agradecimento, a
Ipiranga Asfaltos S.A. e a Concessionária da Rodovia Osório Porto Alegre S.A. pelo apoio e
engajamento na execução das pistas experimentais.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CERATTI, J. A., NÚÑEZ, W. P., GEHLING, W. Y., OLIVEIRA, J. A. - A Full-Scale Study
of Rutting of Thin Pavements - Transportation Research Board, 79 th Annual Meeting,
January 9-13, 2000, Washington, D. C.
GONÇALVES, F. P. - Seminário de Doutorado, CPGEC/UFRGS, Porto Alegre, Junho de
2000.
GONÇALVES, F. P.; CERATTI, J. P. E NETO, L. S. - Investigação do Desempenho de
Misturas Asfálticas Convencionais e Modificadas com Polímeros: Proposição de um
Estudo Envolvendo Ensaios Acelerados de Pavimentos com um Simulador Linear de
Tráfego. Simpósio Internacional de Manutenção e Restauração de Pavimentos e Controle
Tecnológico - Instituto Mackenzie, São Paulo, S. P., maio, 2000.
RODRIGUES, R. M. - Performance Prediction Models for Highway and Airport Pavements
in Brasil - Final Report - FAPESP, April 2000.
WITCZACK, M. W., VON QUINTUS, H. L. AND SHWARTZ, C. W. - Superpave Suport
and Performance Models Management: Evaluation of the SHRP Performance Models
System – http://www.ence.umd.edu/superpave - 1998.
Tabela 1 - Matriz experimental – Estudo de campo
Pista Trilha M H C M H C MH MC HC MHC
1 1 CBUQ 4 130 1 -1 1 -1 1 -1 -1
1 2 CBUQ 4 82 1 -1 -1 -1 -1 1 1
2 1 CAM 4 130 -1 -1 1 1 -1 -1 1
2 2 CAM 4 82 -1 -1 -1 1 1 1 -1
3 1 CAM 6 130 -1 0 1 0 -1 0 0
3 2 CAM 6 120 -1 0 -1 0 1 0 0
4 1 CBUQ 6 130 1 0 1 0 1 0 0
4 2 CBUQ 6 120 1 0 -1 0 -1 0 0
5 1 CBUQ 8 130 1 1 1 1 1 1 1
5 2 CBUQ 8 100 1 1 -1 1 -1 -1 -1
6 1 CAM 8 130 -1 1 1 -1 -1 1 -1
6 2 CAM 8 100 -1 1 -1 -1 1 -1 1
80,0
Porcentagem que passa
60,0
40,0
20,0
0,0
3/4" 1/2" 3/8" n4 n8 n 30 n 50 n 100 n 200
A bertu ra da s peneiras
CAM CAP-20
6,0
CAM CAP-20
2,43
vazios (%)
2,42 4,0 Vv (cam) = -2,26x + 16,37
R2 = 0,9905
3,0
2,41
2,0
2,4 1,0
4,5 5 5,5 6 6,5 4,5 5 5,5 6 6,5
% de asfalto % de asfalto
16,8
CAM CAP-20
13,5 CAM CAP-20
16,6
12,5
Vazios no Agregado Mineral (%)
16,4
3 2
VAM (cap-20) = 0,3333x - 5,6714x + 32,252x - 44,88 11,5
Fluência (1/100")
2
R = 0,9631
16,0
9,5
3 2
VAM (cam) = 0,6667x - 11x + 60,133x - 92,8
2
R =1
15,8
0,5495
8,5 F (cap-20) = 3,4869x
2
R = 0,9609
15,6
4,5 5 5,5 6 6,5 7,5
4,5 5 5,5 6 6,5
% de asfalto
% de asfalto
1400
90
C AM C AP-20 1350
CAM CAP-20
1300
85
1250
Relação betume vazios (%)
80
1200
Estabilidade (kgf)
70 1050
1000
65
950
60 900
4,5 5 5,5 6 6,5 4,5 5 5,5 6 6,5
% de asfalto % de asfalto
3800
1,3
3400 1,2
CAM CAP - 20
Módulo de Resiliência (MPa)
1,15
Resistência à Tração (MPa)
3200
-1,5008 1,1
MR (cap-20) = 35194x
3000
R2 = 0,9564
1,05
2800 -1,4961
MR (cam) = 34282x
R2 = 0,8173 1
2600
0,95
2400
0,9
2200
0,85
2000 0,8
4 4,5 5 5,5 6 6,5 7 4,5 5 5,5 6 6,5
% de asfalto % de asfalto
LEGENDA
B ita g r a dua da
B ita g r a dua da
So lo a r g ilo so
Figura 7 – Locais de instalação das células de pressão total no interior da brita graduada
500
450
400
350
300
250
200
150
100
Leituras (mV)
50
0
0 10 20 30 40 50 60
-50
-100
-150
-200
-250
-300
-450
Número de passagens do rolo compactador
Figura 10 – Instalação de célula de pressão total para medição de tensões verticais durante a
compactação da brita graduada