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10/02/2018 A ORIGEM DO PRE TRIBULACIONISMO

A ORIGEM DO PRE
TRIBULACIONISMO
As Origens do Pré-tribulacionismo

Milhares de pessoas desaparecerão repentinamente. Carros se desgovernarão nas ruas quando seus
motoristas forem arrebatados. Aviões cairão quando seus pilotos se “desintegrarem”. O plantão do Jornal
Nacional interromperá a Sessão da Tarde, ou a novela das 8, para noticiar as diversas tragédias que ocorrerão
ao redor do mundo. Repórteres entrevistam esposos desesperados, dizendo que suas esposas desapareceram
enquanto preparavam o jantar. Mães, aos prantos, dizem que viram seus bebês evaporarem em seus berços.
Professores confusos pelo fato de pelo menos um terço de sua classe ter desaparecido. Um paciente, em pleno
tratamento de canal, relata que ficou de boca aberta ao ver sua dentista flutuar e atravessar o teto do
consultório, para nunca mais voltar. Um pastor atônito diz que percebeu algo estranho enquanto, entusiasmado,
trovejava atrás de um púlpito seu mais novo sermão sobre os 5 Princípios Para uma Vida de Sucesso. Em todos
os lugares, há relatos de pessoas desaparecendo. Por alguma razão, somente Brasília parece ter um dia
normal.

Este é o cenário apocaliptico comumente pintado aos congregantes da maioria das igrejas de hoje. Livros e até
mesmo filmes, como a série Deixados Para Trás, foram produzidos em torno destes relatos hollywoodianos. Diz-
se que Jesus virá uma vez, secretamente, para arrebatar os santos e voltará uma vez mais, agora visivelmente
e para reinar, após um período de sete anos denominado A Grande Tribulação.
É certo que Jesus voltará para nos resgatar, que haverá um arrebatamento e um período de tribulação pelo qual
a terra passará. Algumas perguntas, no entanto, pairam no ar. Por exemplo, de onde se tirou a idéia de que
Jesus voltará duas vezes – uma vez secreta e outra publicamente? Onde está escrito que a Igreja escapará da
Grande Tribulação? Onde é que a Bíblia descreve uma tribulação de sete anos no final dos tempos? E, a prova
dos nove: se dermos uma Bíblia a alguém que nunca tenha ouvido falar da teoria pré-tribulacionista, no final de
sua leitura essa pessoa crerá em um arrebatamento pré-tribulacionista?
Ao longo desta série de artigos, veremos que não. Absolutamente ninguém que leia somente a Bíblia, sem as
lentes da teologia dispensacionalista, chegará à conclusão de que a igreja será arrebatada antes da tribulação.
Ninguém que leia somente as Escrituras poderá enxergar duas vindas de Jesus no final dos tempos. Mas, antes
de começarmos a desconstruir esta doutrina, precisamos conhecer suas raízes.

Quando Tudo Começou

O ensino sobre a vinda secreta de Jesus antes da tribulação e do aparecimento do Anticristo tem sido crido e
amplamente disseminado na Igreja contemporânea sem nenhum questionamento ou investigação. Poucos
sabem que esta doutrina não reflete a crença dos Pais da Igreja, ou sequer foi ensinada pelos reformadores.
Surpreendentemente, por mais de 1800 anos, ninguém havia ensinado ou ouvido falar em um arrebatamento
pré-tribulacionista.

Comumente, associa-se a origem do pré-tribulacionismo a John Nelson Darby (1800-1882), teólogo inglês do
século XIX e líder do grupo reformista Os Irmãos de Plymouth. Os biógrafos de Darby o chamam de “o pai do
dispensacionalismo moderno”. Darby, sem dúvida, foi o principal porta-voz desta alternativa escatológica que
divide a volta de Cristo em duas etapas. Nem todos os de seu tempo, porém, aceitaram esta teologia. Entre os
contemporâneos de Darby que rejeitaram o pré-tribulacionismo estão Jorge Müller, William Booth (fundador do
Exército da Salvação), Carlos Spurgeon e um teólogo chamado Samuel Prideaux Tregelles. Tregelles foi um
teólogo do século XIX e integrante dos Irmãos, o mesmo grupo a que Darby pertencia.

Em 1864, em seu livro The Hope of Christ’s Second Coming (A Esperança da Segunda Vinda de Cristo),
Tregelles refutou abertamente a nova doutrina como sendo antibíblica.1 Ele atribuiu o surgimento do pré-
tribulacionismo, não a Darby, mas a uma falsa profecia proclamada por um dos membros da Igreja Católica
Apostólica - grupo liderado pelo eloquente pregador escocês Edward Irving (1792 – 1834). A profetisa em
questão era uma jovem de 15 anos chamada Margaret MacDonald (1815 – 1840).

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Na primavera de 1830, na cidade escocesa de Port Glasgow, Margaret recebeu uma profecia em que um grupo
seleto de cristãos era arrebatado durante uma vinda secreta de Cristo. A profecia foi preservada na íntegra em
uma obra entitulada Memoirs (Memórias), escrita por uma testemunha ocular dos acontecimentos, o médico e
pastor escocês Robert Nolton. Na obra, Nolton atesta que essa menina de 15 anos chamada Margaret foi a
primeira pessoa a dividir a vinda de Cristo em duas etapas. Edward Irving também pregou a doutrina de um
retorno secreto de Cristo. É incerto qual a relação entre a teologia de John N. Darby, a profecia de Margaret
MacDonald e os ensinos de Edward Irwing. O que se pode dizer é que estes três personagens entraram para a
História da Igreja como os difusores simultâneos de uma nova doutrina, totalmente desconhecida antes do
século XIX.

Darby visitou a América seis vezes e levou consigo a doutrina do “escapismo” (como é conhecida entre alguns,
em alusão ao fato de a Igreja “escapar” da Grande Tribulação). Nos Estados Unidos, um erudito chamado Cyrus
Ingerson Scofield (1843-1921) foi exposto aos ensinos de Darby. Scofield considerava Darby “o mais profundo
erudito bíblico dos tempos modernos”.2

Em 1909, Scofield publicou uma Bíblia com suas próprias notas marginais recheadas com o pré-tribulacionismo
darbinista – o famoso clássico da literatura dispensacionalista, entitulado A Bíblia de Scofield. A Bíblia de
Scofield é sem dúvida a maior responsável pela disseminação da doutrina do escapismo nos EUA e,
consequentemente, nos países evangelizados por missionários americanos, entre eles o Brasil.
Ao ser indagado se cria na doutrina das duas vindas de Jesus Cristo no final dos tempos, uma secreta e outra
visível, o renomado avivalista G. Campbell Morgan (1863-1945) disse:
Enfaticamente, não! Conheço muito bem esta doutrina. Nos primeiros anos de meu ministério, cri nesta visão e
a incorporei em um de meus livros. Mas, à medida que estudei mais o assunto, percebi o erro deste ensino [...].
A idéia de uma vinda de Cristo secreta e à parte é uma divagação da intepretação profética, e não dispõe de
absolutamente nenhum fundamento biblico.3

Assim como Morgan, muitos de nós aprendemos e ensinamos a doutrina do escapismo por muitos anos. Resta
saber se teremos a mesma humildade que Morgan teve ao admitir o engano que cometeu. Espero colaborar
com isso, nesta série de artigos sobre o Pré-tribulacionismo.

O Apartheid Dispensacionalista.

Proeminentes ministérios pré-tribulacionistas defendem uma teologia que aparentemente favorece o povo judeu
e o Estado de Israel. Os pré-tribulacionistas, em sua maioria, são pró-sionismo e entendem que Deus ainda tem
contas a acertar com a semente natural de Abrãao antes do fim, ao contrário dos adeptos da Teologia da
Substituição, que pregam que a Igreja substituiu Israel.

Ironicamente, este favoritismo termina no início da Grande Tribulação que, de acordo com o
dispensacionalismo, durará sete anos. O pensamento pré-tribulacionista é o de que a Igreja será poupada da
Grande Tribulação. Ela será recolhida da terra e somente a partir de então é que Deus passará a lidar com
Israel. O pré-tribulacionismo dita que enquanto a Noiva desfruta do Noivo nas regiões celestiais, os judeus e
mais um bando de crentes “meia-boca” estarão na terra fritando no óleo da ira de Deus por sete anos.
Em primeiro lugar, como explicado em O Pré-tribulacionismo versus A Cronologia Bíblica, não há evidências
bíblicas que embasem a crença de que o arrebatamento dos santos se dará antes da tribulação. Em segundo
lugar, as Escrituras nos ensinam que Cristo reconciliou judeus e gentios em um só Corpo, por meio da cruz (Ef.
2:11-22). Para o Senhor, há somente um povo, e não dois: o Israel de Deus, formados por judeus e gentios que
foram salvos da ira divina (o inferno) pelos méritos de Cristo.

Há uma relação sutil entre a Teologia da Substituição, o Pré-tribulacionismo e o histórico antissemitismo cristão.
Ainda que, à princípio, o pré-tribulacionismo favoreça Israel, no final acaba deslizando no mesmo lodo de
antissemitismo em que sucumbe o Substitucionismo, ao criar um apartheid teológico que eleva a Igreja acima
dos judeus e desfavoreça Israel no final dos tempos – sem nenhum embasamento bíblico.
Se todos nós, judeus e gentios cristãos, clamamos ter Abraão como pai (Rm 4:16), porque então há entre nós
aqueles que se comprometem com uma teologia contraditória que decreta nossa independência da comunidade
de Israel, arrogantemente crendo que o Messias virá “somente para a Igreja”, como se tivéssemos algum
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privilégio com relação aos judeus? Não encerrou Deus a todos debaixo da desobediência, a fim de usar de
misericórdia para com todos (Rm 11:32)? Onde, então, se embasa tamanha jactância?
Quanta pretensão!!! Foram aos gentios que foram dadas primeiramente a adoção, e a glória, e os pactos, e a
promulgação da lei, e o culto, e as promessas (Rm. 9:4)? Não. Quando nossos antepassados ainda estavam
adorando ídolos, os judeus já há muito tempo eram os guardiões destas verdades. Trocou Deus de povo ou
rejeitou os judeus? Não (Rm 11:1). Por que, então, tamanha jactância, que eleva a Igreja a um nível de
favorecimento com relação ao povo de Israel? Se fomos de fato fomos unidos à comunidade de Israel, pela
cruz, Deus não vê e não lida com dois povos distintos. Antes, promoverá a restauração, tapando esta lacuna
histórica que se desenvolveu entre judeus e cristãos, cancelando o divórcio entre judeus soberbos e cristãos
presunçosos que, contrariando o mandamento apostólico, presumem-se em si mesmos (Rm 11:1-32).
Se acompanharmos a história de Israel moderno e os avivamentos na Igreja ocorridos no século XIX e XX, não
há como chegarmos a uma conclusão diferente: a de que os caminhos de Israel e da Igreja se cruzarão
novamente antes do Dia Final. Todo vale será aterrado e todo monte nivelado, antes que a Glória do Senhor
seja derramada sobre a terra e antes que toda a carne veja a salvação de Deus (Is 40:4, Lc 3:5-6). Judeus
soberbos e gentios presunçosos se encontrarão no final dos tempos e juntos compartilharão a Glória da Noiva
que o Messias virá buscar (Ef. 5:27).

O Escapismo Pré-tribulacionista

As Escrituras nos dizem que o Senhor guardará a Igreja da provação e da ira vindoura. Diz também que não
fomos destinados para a ira, e faz alusão a um agente que detém o Anticristo até que chegue o momento de
sua manifestação. Analisaremos estes versos em contraste com a cronologia escatológica que as Escrituras nos
ensinam.

Começarei pelos escritos de Paulo:


… e para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da
ira vindoura. (1 Ts 1:10)
… porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus
Cristo” (1 Ts 5:9)

Como vimos em O Pré-tribulacionismo versus A Cronologia Bíblica, a Bíblia nos fala de um único Dia do Senhor
pelo qual devemos esperar (não dois: um secreto e um público). Também nos ensina que este Dia do Senhor
ocorre depois do aparecimento do abominável (2Ts 2:1-4, Ap 16:14-16). Mostra-nos uma única ressurreição dos
justos após a tribulação (Ap 20:4-6). Consequentemente, mostra-nos um único arrebatamento, após a
tribulação. Somente podemos concluir que a “ira” a que Paulo se refere certamente não é a Grande Tribulação,
e sim a punição dos ímpios ou o Juízo Final. Esta foi a interpretação da Igreja por 1830 anos.

O dispensacionalismo pré-tribulacionista cria uma interessante relação entre o Anticristo e o Espírito Santo,
como veremos abaixo:
Com efeito, o mistério da iniquidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém (2
Ts 2:7)

Baseados neste versículo, o pré-tribulacionismo afirma que o Espírito Santo está impedindo a aparição do
Anticristo. Por lógica, sendo a Igreja arrebatada, o Espírito Santo se retirará da terra, abrindo o caminho ao
iníquo que agora poderá devorar a terra, visto que os santos já foram retirados para serem preservados de seu
furor.

O problema óbvio com esta doutrina é que haverá convertidos na terra durante o período de tribulação (Ap7 :9-
14, Ap 13:7, Ap 14:12-13, Ap 20:4). Portanto, o Espírito Santo estará na terra – a não ser que algum teólogo
pré-tribulacionista queira se aventurar em um debate de como as pessoas se converterão neste período sem
serem convencidas de seu pecado pelo Espírito Santo, e como serão crentes genuínos, fieis até a morte, sem
serem batizados com o Espírito Santo.

Além de violar a cronologia bíblica anteriormente discutida, o pré-tribulacionismo comete uma atrocidade ainda
mais grave: nega aos santos da tribulação o status de Igreja. Os teólogos pré-tribulacionistas determinaram que
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tais pessoas, apesar de seu belo testemunho, são somente um “simulacro” de Igreja, mas não são o Corpo de
Cristo. Não há nenhuma base escriturística para tamanha arbitrariedade. Enquanto houver convertidos sobre a
face da terra, a Igreja estará presente e, consequentemente, o Espírito Santo de Deus.

Em nenhum momento Paulo diz quem é o agente que impede a manifestação total do Anticristo na terra. Um
anjo poderia estar acorrentando este demônio, para liberá-lo na hora certa. O agente pode ser também um
sistema de governo, ou até mesmo uma poderosa nação que ofereça resistência à formação de uma Nova
Ordem Mundial (nos dias atuais, esta nação seria os EUA). Não há respaldo bíblico que sustente a lógica de
que “a Igreja se retira da terra com o Espírito Santo e deixa o caminho livre para o Anticristo”. Toda esta retórica
surgiu de uma mera conjectura que com o tempo tomou força de doutrina.

Um outro verso comumente usado pelos pré-tribulacionistas é:


Porquanto guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de
vir sobre o mundo inteiro, para pôr ã prova os que habitam sobre a terra. (Ap. 3:10)
Em primeiro lugar, temos que lembrar que esta palavra foi originalmente dita à Igreja em Filadélfia. A promessa
era a de que o Senhor a guardaria da provação que viria sobre o mundo. A Igreja em Filadélfia não foi
arrebatada. “Guardar da provação” aqui indica proteção sobrenatural durante a tribulação e não um
arrebatamento. Do mesmo modo será com parte da Igreja no final dos tempos.

O Pré-tribulacionismo e o Ladrão na Noite

Como vimos na Parte 2 desta série de estudos, a cronologia escatológica bíblica desfavorece totalmente a visão
de um arrebatamento anterior à Grande Tribulação. Tampouco encontramos nas Escrituras alguma referência a
uma vinda secreta de Cristo para arrebatar os seus antes da tribulação. Não há absolutamente nada na Bíblia
que faça menção a um evento separado e distinto daquele que as Escrituras chamam de o Dia do Senhor, que
será marcado por brados e trombetas, visível a todos os habitantes do planeta e que, portanto, de secreto não
terá nada.

Uma das colunas de sustentação do pré-tribulacionismo é o fator surpresa. Certas passagens dizem que o
Senhor virá como um ladrão na noite (Mat. 24:44, Lucas 12:40, 2 Ped. 3:10, Ap. 3:3, Ap. 16:15). Então, de
acordo com os pré-tribulacionistas, Jesus necessita voltar a qualquer momento para que isso se cumpra. Ainda
de acordo com essa lógica, se Cristo voltar após a Grande Tribulação, sua volta poderá ser calculada e o fator
supresa “do ladrão na noite” se anula. Veremos.

A vinda do Senhor será uma surpresa para o mundo? Claro que sim. E para a Igreja? Não deveria ser. Em
primeiro lugar, veremos que o Senhor Jesus anuncia que viria como um ladrão na noite após o aparecimento do
Anticristo, às vésperas dos eventos que marcam o Armagedom:
Porque são espíritos de demônios, que fazem prodígios; os quais vão ao encontro dos reis da terra e de todo o
mundo, para os congregar para a batalha, naquele grande dia do Deus Todo-Poderoso. Eis que venho como
ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia, e guarda as suas roupas, para que não ande nu, e não se vejam as
suas vergonhas. E os congregaram no lugar que em hebreu se chama Armagedom (Ap 16:14-16)
De acordo com a Escritura acima, o Senhor virá como um ladrão quando os reinos deste mundo estiverem
congregados para a batalha no Armagedom. Isso automaticamente situa a volta do Senhor no final da Grande
Tribulação. Para os santos de Deus isso não será nenhuma surpresa. Aqueles que não caírem pela espada,
estarão assistindo estes eventos pela Globo ou pela CNN de joelhos, esperando pela redenção de seus corpos,
que se dará após a ressurreição dos mortos em Cristo.

Além disso, Paulo também nos esclarece:

… o Dia do Senhor vem como ladrão de noite. Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes
sobrevirá repentina destruição, como vêm as dores de parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo
escaparão. Mas vós, irmãos, não estais em trevas, para que esse Dia como ladrão vos apanhe de surpresa;
porquanto vós todos sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite, nem das trevas. Assim, pois, não
durmamos como os demais; pelo contrário, vigiemos e sejamos sóbrios. (1 Ts 5:1-5)
Portanto, a advertência de Paulo é no sentido de que vigiemos e sejamos sóbrios para que o Dia do Senhor não
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nos apanhe de surpresa. O Dia do Senhor virá como um ladrão para o mundo e para os religiosos que não
estiverem preparados para sua volta. Mal 4:5 diz que este Dia será grande e terrível. Para a Igreja? Não, para o
mundo. Do mesmo modo, o Dia do Senhor será uma surpresa para o mundo, mas não para a Igreja. O próprio
Mestre nos ensina que o Dia do Senhor será como o dilúvio nos dias de Noé (Mat 24:37-39). O mundo no tempo
de Noé foi pego de surpresa diante do dilúvio, mas Noé e sua família sabiam o que ia acontecer, e estavam
preparados.

A primeira vinda do Senhor Jesus foi precedida por sinais e por profecia. Mas apesar de o evento não ter sido
um segredo, a maior parte da nação estava adormecida espiritualmente e não percebeu o que estava
acontecendo, somente Simeão e um grupo de pastores no campo (Lucas 2:8-18; 25-35). Por isso, o Senhor
Jesus criticou sua geração por não reconhecer os tempos em que viviam (Mat 16:3). Em outras palavras, na
primeira vinda do Senhor, havia profecia e sinais aos quais Deus esperava que seu povo estivesse atento. Do
mesmo modo, o Senhor nos ensina que sua segunda vinda será precedida por sinais, e nos instruiu a observá-
los:

Aprendei, pois, a parábola da figueira: quando já os seus ramos se renovam e as folhas brotam, sabeis que está
próximo o verão. (Mateus 24:32)
Antes da volta do Senhor, o mundo geopolítico terá que obrigatoriamente passar por mudanças. Do mesmo
modo, a nação de Israel e a Igreja mudarão rumo à restauração de todas as coisas (Atos 3:21). Essas
mudanças indicarão (e já indicam) que o Dia do Senhor se aproxima. Será como a chuva: ninguém sabe dizer a
hora exata em que cairá sobre a terra, mas as nuvens e os ventos são claros indicadores de que uma
tempestade se forma.

Malaquias 4:5 é uma profecia de duplo cumprimento. O Senhor faz referência a esta passagem para ensinar-
nos que Elias (na pessoa de João Batista) já veio uma vez, e que viria novamente no futuro para restaurar todas
as coisas (Mat. 17:10-11). Portanto, assim como João Batista anunciou a primeira vinda - no espírito e no poder
de Elias (Luc. 1:17) – uma companhia profética será levantada, no espírito e no poder de Elias, antes do
Grande e Terrível Dia (Mal 4:5), para preparar os caminhos do Senhor e alertar a Igreja, Israel e o mundo a
respeito de sua volta. Resta-nos apenas saber quem ouvirá e crerá em sua mensagem.
Este é o padrão de Deus ao longo de toda a narrativa bíblica. O Senhor nada faz em segredo. Diz a Escritura
que Deus não fará coisa alguma sem antes revelar seu propósito aos seus servos, os profetas (Amós 3:7).
Igualmente, também é um padrão bíblico que a mensagem profética seja aceita entre muitos pecadores, mas
ignorada e até mesmo ridicularizada pelos religiosos. O espírito da profecia é o testemunho de Cristo (Ap.
19:10). Uma Igreja profética no final dos tempos não será pega de surpresa pelo “ladrão”. Infelizmente, não se
pode dizer o mesmo dos ímpios e dos religiosos que não estiverem atentos aos sinais que precederão sua
vinda.

Conclusão

O dogma do “segredo total” da vinda de Cristo é um mito e não representa o padrão daquilo que Deus fez no
tempo e na história. Ao mesmo tempo em que Jesus disse aos seus discípulos que somente o Pai sabia do dia
de sua volta (Mat. 24:36), também disse que quando este momento chegasse haveria sinais que precederiam
sua vinda. Portanto, até que estes sinais comecem a se cumprir, ninguém de fato saberá. Mas uma vez que
estes sinais comecem a se cumprir, então deveremos estar atentos.
O maior desafio da Igreja, na era da comunicação, não será identificar estes sinais, porque estarão diante de
nossos olhos. O problema maior será crer que estes sinais se tratam daqueles que de antemão foram
profetizados pelas Escrituras. Nosso maior inimigo no final dos tempos não será a ignorância e sim a
incredulidade.

Que Deus nos ajude. Maranata.

O Pré-tribulacionismo versus A Cronologia Bíblica

No último artigo, falamos a respeito da origem do pré-tribulacionismo. Por mais de 1800 anos, nunca ninguém
havia dividido a vinda do Senhor Jesus em duas partes: uma secreta e outra pública. Começaremos agora a
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estudar a cronologia escatológica aprensentada pela Bíblia, para então constatarmos se, no relato bíblico,
eventos como uma vinda secreta de Cristo e um arrebatamento pré-tribulacionista se encaixam na narrativa
apresentada pelos apóstolos.

A Escatologia de Jesus Cristo

A primeira Escritura que analisaremos é Mateus 24:15-33, que relata os eventos escatológicos narrados na
ordem que o Senhor Jesus nos descreve. Leia o texto e acompanhe a sequencia:

1) Aparece o Anticristo (Mateus 24:15)

2) Advertências contra o engano (falsos cristos) e para a fuga durante o período de uma “grande tribulação,
como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais” (vv. 16-27).

3) Após a tribulação, “o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os
poderes dos céus serão abalados” (v. 29)

4) Nosso Senhor aparece em glória, diante de todos (v. 30).

5) E ele enviará os seus anjos, com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos
quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus.

A narrativa escatológica acima não menciona nenhuma volta secreta do Senhor Jesus. Muito pelo contrário, fala
de somente uma única vinda, e esta será visível a todos. Vemos também que os santos são recolhidos após o
aparecimento do Anticristo e após o período da Grande Tribulação.
Até o momento, somente encontramos menção a uma única vinda de Cristo e um único arrebatamento, ambos
ocorrendo após a tribulação.

A Escatologia dos Apóstolos Paulo e João

… num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos
ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se
revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. (1 Coríntios 15:52-53 – grifos
acrescentados)

Paulo nos ensina que antes do arrebatamento e glorificação de nossos corpos, os mortos em Cristo devem
ressuscitar primeiro. Ele confirma esta sequencia no verso abaixo:
Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor,
de modo algum precederemos os que dormem. Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem,
ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo
ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre
nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor. (1 Ts 4:15-17 –
grifos acrescentados.

Acompanhemos a sequencia dos eventos descritos acima;

1) Brada o arcanjo, a trombeta é tocada;

2) Cristo desce dos céus;

3) Os mortos em Cristo são ressucitados;

4) Os discípulos que estiverem vivos são arrebatados para o encontro com o Senhor nos ares.

De acordo com a passagem acima, Cristo volta de maneira nada discreta: com grande brado e ao som da
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trompeta. É um evento que será visto por todos. Mais uma vez, nada se fala a respeito de uma vinda secreta.
Em segundo lugar, de acordo com Paulo, antes que o arrebatamento ocorra, os santos que já morreram em
Cristo precisam ressucitar primeiro. Este evento, por si só, já situa o arrebatamento após o término da Grande
Tribulação, como João nos esclarece:

E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram
degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem,
e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos.
Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição. Bem-
aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte;
mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos. (Ap 20:4-6 – grifos acrescentados)

A sequencia de João é clara:

1) Os santos passam pela tribulação (não há nenhuma menção prévia a este capítulo de um arrebatamento
anterior ao eventos registrados no v. 4)

2) Estes santos que passarão pela tribulação ressucitarão após a mesma, para reinar com Cristo mil anos. Os
demais, que não estão em Cristo, ressucitarão após o Milênio.

3) A ressurreição dos santos em Cristo após a tribulação é chamada de a primeira ressurreição.


De acordo com João, haverá somente duas ressurreições: a dos justos, (antes do Milênio e depois da
Tribulação) e a dos ímpios (após o Milênio). Se Paulo nos ensina que o arrebatamento ocorrerá somente após a
ressurreição dos justos, e a primeira ressurreição ocorrerá somente após a Grande Tribulação, então
obrigatoriamente o arrebatamento dos santos necessita ocorrer após a Grande Tribulação.

Não há nas Escrituras nenhuma menção a duas vindas do Senhor (uma secreta e uma pública) e a um
arrebatamento que preceda a tribulação. Ambas as coisas aparecem na Bíblia como um evento único, após a
Tribulação. Na sustentação de seu postulado, o dispensacionalismo contradiz a cronologia escatológica
claramente exposta no texto bíblico. O pré-tribulacionismo implica em um arrebatamento anterior à primeira
ressurreição descrita em Ap. 16 (que se dá após a tribulação), o que contraria a premissa de Paulo de que “de
modo algum precederemos os que dormem”.

© Pão & Vinho


Este artigo está sob a licença de Creative Commons e pode ser republicado, parcial ou integralmente, desde
que o conteúdo não seja alterado e a fonte seja devidamente citada: http://paoevinho.org.

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