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SOMESB
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO À BIOGEOGRAFIA ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 07
A biosfera ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 14
Atividades complementares ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 21
Atividades complementares ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 39
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Biogeografia AS GRANDES PAISAGENS TERRESTRES E SEUS
BIOMAS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 40
As regiões Biogeográficas ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 40
Os biomas mundiais ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 41
Fitogeografia brasileira ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 51
Atividades complementares ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 63
Problemas ambientais ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 65
Atividades complementares ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 68
Atividade Orientada ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 69
Glossário ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 72
Referências Bibliográficas ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 74
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Apresentação da Disciplina
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Biogeografia
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PRINCÍPIOS GERAIS DA BIOGEOGRAFIA,
CONCEITOS, TEMAS E PARADIGMAS
INTRODUÇÃO À BIOGEOGRAFIA
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plantas e dos animais, mas também das causas e fatores que a presidem, no
tempo e no espaço; e na observação da forma pela qual se processou a
adaptação dos seres vivos ao meio e os indícios dessa acomodação. Como
nada existe isoladamente na natureza, procura-se conhecer as causas que
Biogeografia originaram determinadas associações de espécies, bem como apreciar os
diferentes aspectos sob os quais se apresentam.
Nos estudos biogeográficos alguns temas-conceitos devem ser cla-
ramente explicitados, devido à sua importância para a disciplina e para o
entendimento do assunto, tais como:
1. Ambiente ou meio
Conjunto das forças e condições naturais que operam numa determinada região ou
localidade.
2. Habitat
Parte do ambiente em estreita relação com os organismos que nele vivem; qualquer
lugar do ambiente em que cresce e reproduz-se os seres vivos.
3. Biótopo ou nicho
A menor área caracterizada por um ambiente particular, ou seja, menor unidade de um
habitat.
4. Biocenose
Comunidade de seres vivos que ocupa dado habitat .
5. Substrato
É o ponto do físico do habitat onde está fixado um vegetal qualquer. Ex. substrato
rochoso, aquoso, etc.
6. Comunidade
Indica qualquer grupo organizado (com estrutura definida) de plantas e de animais.
8. Formação
É um grande tipo de vegetação do ponto de vista fisionômico: cerrado, mata atlântica,
floresta equatorial.
9. Biócoro
Meio geográfico onde predominam certas formas biológicas, adaptadas a um conjunto
particular de fatores meteorológicos.
Para refletir!
Qual a importância dos estudos biogeográficos para os dias atuais?
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grafia. Kuhlmann (1977) aponta que isso se deve, provavelmente, ao fato de os vegetais se
destacarem mais nas paisagens terrestres. É tão grande sua importância nas paisagens
que os geógrafos, por vez, estabelecem os limites das grandes regiões naturais segundo
as áreas de ocorrência dos tipos de vegetação.
Evolução da Biogeografia
Pierre Danserau (1949) aponta que os estudos biogeográficos podem ser realizados
em diferentes níveis de integração (oito níveis), de acordo com o objetivo a ser alçando pelo
pesquisador. Em cada nível, podemos observar que variam:
• As afinidades com outras ciências;
• A natureza das limitações impostas;
• O próprio material estudado;
• O objetivo da pesquisa;
• As conclusões às quais queremos chegar.
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Segundo Nível – Paleoecológico:
Permite um estudo mais meticuloso, dentro do período geológico mais
recente. Estuda não só a evolução das espécies, mas também as mudanças
Biogeografia geográficas do clima e da vegetação. Fornece uma idéia do tempo em que
existiu determinado tipo de vegetação num determinado território.
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liga a noção de longevidade); (c) fecundidade; (d) dispersão (pelo vento, água ou animais,
especialmente aves); (e) agilidade (capacidade de locomoção própria de cada organismo).
Da participação dos diversos organismos nos elementos nutritivos do meio ou em
todos os recursos do ambiente, resultam as relações biocenóticas, que são as seguintes:
(1) parasitismo (um dos dois organismos precisa do outro para subsistir); (2) saprofitismo
(sobrevivência sobre matéria orgânica em decomposição); (3) epifitismo (as plantas
aproveitam-se de outras apenas como suporte, sem utilizar-lhes a seiva); (4) simbiose
(associação de duas ou mais espécies com benefício para todas); (5) comensalismo (para
que possam conviver no mesmo habitat, as diferentes espécies têm que possuir exigências
muito vizinhas, porém, complementares); (6) fitofagia (consumação de plantas pelos animais;
alguns manifestam preferências específicas); (7) predação (há animais que se alimentam
de outros).
Nos estudos da auto-ecologia, podem ser utilizados dois métodos: observação direta
(o ser vivo no seu meio natural) e experimentação (controle em laboratório dos fatores que
afetam o comportamento dos indivíduos).
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além da forma biológica, são consideradas a estratificação e a cobertura. A
composição é o conjunto das espécies presentes, cada uma com papel ou
valor de índice próprio. Da análise dos resultados dos levantamentos obtêm-
se dados sobre a abundância, a sociabilização, a freqüência, a presença, a
Biogeografia constância e a fidelidade dos diferentes componentes de uma associação.
Nos estudos de sociologia vegetal, é necessário que as áreas es-
colhidas para amostra sejam bem homogêneas quanto aos seus fatores físicos.
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Já Furon (1967) aponta para as possibilidades de estudos biogeográficos em três
setores:
1. Biogeografia Estatística – que estuda a repartição das espécies animais e
vegetais atuais e as condições ecológicas desta repartição.
2. Biogeografia Histórica ou Paleobiogeografia – que estuda a repartição e a
ecologia dos seres vivos ao longo dos tempos geológicos.
3. Biogeografia Dinâmica – que estuda as origens da população atual, suas
características geográficas e biológicas.
Você Sabia?
Taxonomia refere-se à classificação das coisas e aos princípios subja-
centes da classificação. Quase tudo - objetos animados, inanimados, lugares
e eventos - pode ser classificado de acordo com algum esquema taxonômico.
Sendo assim, táxon é uma unidade taxonômica, essencialmente
associada a um sistema de classificação. Táxons (ou taxa) podem estar em
qualquer nível de um sistema de classificação: um reino é um táxon, assim
como um gênero é um táxon, assim como uma espécie também é um táxon.
O táxon é o objeto de estudo da Taxonomia, que visa individualizar e
descrever cada táxon, seja de que nível taxonômico for, e da Sistemática,
que visa organizá-los nos diferentes sistemas de classificação.
Geobiocenose ou Ecosistema
O termo geobiocenose foi criado por cientistas da escola russa e equivale ao ecossis-
tema. Apesar de não ser amplamente utilizado, os geógrafos utilizam-se deste termo para
ressaltar o enfoque geográfico – espacial. Geobiocenoses aparece como sendo um sistema
de interações em funcionamento, composto de um ou mais organismos vivos em seus ambi-
entes reais, tanto físicos, como biológico.
Assim, geobiocenose ou ecossistema pode ser definido como um sistema aberto,
integrado por todos os organismos vivos (compreendendo o homem) e os elementos não
viventes de um setor ambiental, definido no tempo e no espaço, cujas propriedades globais
de funcionamento (fluxo de energia e ciclagem da matéria) e auto-regulação (controle)
derivam das relações entre todos os seus componentes, tanto pertencentes aos sistemas
naturais, quanto aos criados ou modificados pelo homem.
Portanto, ele pode ser formado por uma comunidade (conjunto) que possui elementos
físicos (ar, água, solo, rocha, etc.) e elementos vivos (animais e vegetais, dos grandes até
os microscópicos).
Em uma geobiocenoses, os elementos físicos e os elementos vivos estão unidos
numa mesma área, coexistindo num processo de dependência. Por exemplo, em uma flo-
resta, a energia do sol permite que os vegetais vivam. Isto é de importância comprovada
pelo fato de que os animais herbívoros (que se alimentam
exclusivamente de vegetais) morreriam de fome caso não
existissem os vegetais.
Ao longo do litoral brasileiro, encontra-se um ecossis-
tema complexo e importantíssimo para o desenvolvimento
da vida marinha, os manguezais. Ecossistemas específicos
sujeitos a inundação periódica pela ação das marés e sob
regime de variações extremas de salinidade. Devido a isso,
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pode ser considerado como o sistema intermediário entre os ecossistemas
aquáticos e terrestres. Esse ecossistema desempenha um importante papel
como fonte de matéria orgânica responsável pela produtividade primária da
zona costeira, como berçário e abrigo para fauna aquática, como um filtro
Biogeografia natural dos sedimentos, como proteção contra erosão de áreas estuarinas.
Além disso, é uma rica fonte de alimentos para populações que vivem da
pesca nessas áreas.
Conceito de Biosfera
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Atenção !
A litosfera (do grego “Lithos” = pedra) é a parte do planeta Terra cons-
tituída por rochas e solo, correspondendo à crosta terrestre. É um dos três
principais grandes ambientes físicos da Terra, ao lado da hidrosfera e da
atmosfera. A litosfera é a camada solida mais externa da Terra.
O termo hidrosfera vem do grego: hidro + esfera = esfera da água.
Compreende todos os rios, lagos e mares e todas as águas subterrâneas,
bem como as águas marinhas e salobras, águas glaciais e lençóis de gelo,
vapor de água; as quais correspondem a 71% de toda a superfície terrestre.
A atmosfera (atmo = gás, vapor) corresponde à camada gasosa sem
cheiro, sem cor e sem gosto, presa a Terra pela força da gravidade.
Vista do espaço, o planeta Terra aparece como uma esfera de coloração
azul brilhante. Esse efeito cromático é produzido pela dispersão da luz solar
sobre a atmosfera, que também existe em outros planetas do sistema solar
que, assim como a Terra, possuem atmosfera.
A Formação da Biosfera
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Ao longo da era pré–cambriana estudos científicos indicam que os
vulcões estavam em plena atividade; os continentes acabavam de ser
formados, havia muitas tempestades elétricas e a atmosfera não era igual à
de hoje.
Biogeografia Nesse ambiente, com uma atmosfera cheia de gases tóxicos, quase
sem oxigênio e com muito gás carbônico, substâncias químicas não-vivas
organizaram-se nos oceanos primitivos e formaram os primeiros seres vivos.
Essa idéia é a mais aceita pelos cientistas. Mas ainda são muitos discutidos os processos
que explicariam como as substâncias não-vivas conseguiram se organizar para originarem
os primeiros seres vivos.
Ainda na era pré–cambriana, há 2,5 bilhões de anos, ou seja, um bilhão de anos
depois do surgimento dos primeiros seres vivos microscópicos, uma grande mudança
aconteceu no planeta. A quantidade de oxigênio na atmosfera começou a aumentar e, no
mesmo ritmo, a quantidade de gás carbônico começou a diminuir permitindo o surgimento
de organismos mais complexos (pluricelulares).
Os cientistas imaginam que os primeiros seres vivos eram algas microscópicas que
viviam nos mares e que, além de se reproduzir, multiplicando sua população, absorviam
gás carbônico e liberavam oxigênio.
A coisa teria funcionado assim: como cada alga microscópica liberava um pouco
de oxigênio e se reproduzia, depois de algum tempo a população de algas nos antigos
oceanos aumentou muito. Conseqüentemente, mais oxigênio foi liberado e mais gás
carbônico foi consumido.
Em função disso, hoje, o planeta Terra possui uma atmosfera rica em oxigênio e com
pouco gás carbônico, diferente de qualquer outro planeta. Aqui também temos algo que não
existe em nenhum outro planeta conhecido: a vida.
Graças ao conjunto de influências da hidrosfera, atmosfera e litosfera a vida evoluiu,
dentro da quarta esfera: a biosfera. Em todo o processo de formação da terra, houve um
inter-relacionamento entre “esferas”. Isso determinou um equilíbrio no planeta: se ocorrer
alguma alteração nesse conjunto o sistema todo pode ser afetado.
O Homem só vem aparecer no período Quaternário. Houve neste
período a glaciação no hemisfério norte; delineamento dos atuais
continentes; formação das bacias sedimentares recentes.
Desse modo, podemos concluir que, em relação à origem da Terra, o homem é recente,
mas são os principais agentes atuais modificadores da paisagem terrestre. Os seres
humanos, ao promoverem transformação no espaço, cada vez mais colocam em risco o
funcionamento desse sistema natural, gerando assim um desequilíbrio. Em virtude desse
rompimento, as conseqüências para vida animal e vegetal tornam–se mais vulneráveis,
colocando em risco a vida de muitas espécies terrestres.
Você Sabia?
Reservas da Biosfera
São as reservas naturais criadas pelo programa MAB (Man and the
Biosphere) da Unesco. A idéia básica desse programa é a criação de “museus
vivos” do que melhor existe, em termos de natureza, no planeta, como amostras
dos principais ecossistemas de hoje preservados para as gerações futuras.
Nessa categoria estão incluídos ricos cenários naturais como também zonas
ou paisagens típicas, raras ou em perigo de extinção. São, na verdade, reservas
biogenéticas, como, no Brasil, a Mata Atlântica, o Cinturão Verde ao redor de
São Paulo e o Cerrado.
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Faça uma visita ao site
www.dnpm-pe.gov.br/geologia/escala_de_tempo.htm
e entenda mais sobre as era geológicas.
Meio Ambiente
Biodiversidade
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Diversidade é uma fonte potencial de imensas riquezas materiais ainda
não exploradas, sejam sob a forma de alimentos, medicamentos ou bem-
estar. A fauna e a flora também são partes do patrimônio de uma nação, produto
de milhões de anos de evolução concentrada naquele local e momento e,
Biogeografia portanto, tão merecedora da atenção nacional quanto às particularidades da
língua e da cultura.
A conservação da biodiversidade é hoje discutida por cientistas, políticos
e simpatizantes da questão ambiental, como forma de assegurar o uso, pelo ser humano,
dos benefícios atuais e futuros deste recurso, como os produtos farmacêuticos e industriais.
Ecologia
Ecologia é o estudo das interações dos seres vivos entre si e com o meio ambiente.
A palavra e o conceito foram iniciados em 1866 pelo biólogo alemão Ernst Haeckel
da palavra grega “oikos”, que significa “casa”, e “logos”, que significa “estudo”.
Para os ecólogos, o meio ambiente inclui não só os fatores abióticos como o clima e
a geologia, mas também os seres vivos que habitam uma determinada comunidade ou
biótopo.
O conjunto dos seres vivos e não-vivos que habitam um determinado espaço geográ-
fico chama-se ecossistema. O conjunto dos ecossistemas da Terra é conhecido por biosfera.
O meio ambiente afeta os seres vivos não só pelo espaço necessário à sua
sobrevivência e reprodução — levando, por vezes, ao territorialismo — mas também às
suas funções vitais, incluindo o seu comportamento (estudado pela etologia, que também
analisa a evolução dos comportamentos), através do metabolismo. Por essa razão, o meio
ambiente — a sua qualidade — determina o número de indivíduos e de espécies que podem
viver no mesmo habitat.
Por outro lado, os seres vivos também alteram permanentemente o meio ambiente
em que vivem. O exemplo mais dramático é a construção dos recifes de coral por minúsculos
invertebrados, os pólipos coralinos.
As relações entre os diversos seres vivos existentes num ecossistema incluem a
competição pelo espaço, pelo alimento ou por parceiros para a reprodução, a predação
de uns organismos por outros, a simbiose entre diferentes espécies que cooperam para
a sua mútua sobrevivência, o comensalismo, o parasitismo e outras (ver a página
Relações Ecológicas).
Da evolução destes conceitos e da verificação das alterações de vários ecossis-
temas — principalmente a sua degradação — pelo homem, levou ao conceito da ‘Ecologia
Humana’, que estuda as relações entre o Homem e a Biosfera, principalmente do ponto
de vista da manutenção da sua saúde, não só física, mas também social.
Por outro lado, apareceram também os conceitos de conservação e de conservacio-
nismo que se impuseram na atuação dos governos, através das ações de regulamentação
do uso do ambiente natural e das suas espécies, através de várias organizações ambien-
talistas que promovem a disseminação do conhecimento sobre estas interações entre o
Homem e a Biosfera.
A ecologia está ligada a muitas áreas do conhecimento, dentre elas a economia,
biologia, geografia entre outras. Nosso modelo de desenvolvimento econômico se baseia
no capitalismo, que promove a produção de bens de consumo cada vez mais caros e
sofisticados e isso esbarra na ecologia, pois não pode haver uma produção ilimitada desses
bens de consumo na biosfera finita e limitada.
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Zoogeografia: A Geografia dos Animais
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ecologia. Até o início do século XIX só se estudavam as plantas do ponto de
vista estreitamente botânico. Como os trabalhos de Alexander von Humboldt
começou-se a correlacioná-las ao meio ambiente e a determinar as causas
de sua distribuição no espaço e sua evolução.
Biogeografia A distribuição das plantas sobre a Terra e as causas que levam a tal
distribuição, corresponde ao objeto de estudo da Fitogeografia, um troco dos
estudos biogeográficos. Do ponto de vista acadêmico a Fitogeografia é um
conjunto de disciplinas botânicas que constituem uma seqüência natural, e qual toma como
ponto de partida o conhecimento prévio de outras ciências, dentre as quais cita-se a
Climatologia e a Pedologia (RIZZINI, 1976).
Nos estudos fitogeográficos é muito comum ocorrer confusões dos termos flora com
vegetação, muitas vezes esses termos são utilizados como sinônimos. Rizzini (1976, p.5)
aponta para a diferenciação dos termos:
“Vegetação diz respeito aos vegetais em si, concretamente, que se podem tocar
manusear com as mãos; flora refere-se às famílias, gêneros e espécies (principalmente a
estas), abstratamente, que compõem cada vegetação.”
A vegetação é constituída pelas formas visíveis que constituem a cobertura vegetal
de certa região, resultantes de causas atuais: clima, solo e fauna. Já a flora é constituída,
sobretudo, das espécies localizadas no mesmo local, resultante das causas pretéritas como
alterações climáticas, migrações, modificações pedológicas, mudanças faunísticas e
acidentes geográficos, ou seja, a flora é o resultado da adaptação de certas espécies em
determinados ambientes terrestres ao logo de sua evolução.
As plantas são organismos que correspondem ao quadro vivo que compõe a
cobertura vegetal, nos quais os processos fundamentais (como divisão celular e síntese de
proteínas, por exemplo) podem ser estudados, sem o dilema ético destes estudos em animais
ou humanos. As leis de herança genética foram descobertas desta maneira por Gregor
Mendel que estava estudando a maneira pela qual a forma das ervilhas era herdada. O que
Mendel aprendeu estudando plantas teve um alcance muito além da botânica.
Atenção !
Botânica é o estudo científico da vida das plantas, fungos e algas.
Como um campo da biologia, é também muitas vezes referenciado como
a Ciência das Plantas ou Biologia Vegetal. A Botânica abrange um conjunto
de disciplinas científicas que estudam crescimento, reprodução, metabo-
lismo, desenvolvimento, doenças e evolução da vida das plantas.
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Atenção !
A paleobotânica ou estudo das plantas fósseis tem contribuído
muito para o conhecimento geral da evolução dos grandes grupos
vegetais e, em especial, para a compreensão das relações existentes entre
as classes de plantas com sementes.
Atividades
Complementares
1. No primeiro tema estudamos os principais conceitos e variáveis ligados à Biogeo-
grafia e vimos que ela constitui numa disciplina de abordagem ampla para a Geografia
Física. Desse modo, qual a importância dos estudos biogeográficos para a sociedade atual?
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Biogeografia
A natureza é uma totalidade onde todos dependem de todos. Essa totalidade resulta
de certas combinações e das condições necessárias para que as espécies obtenham
energia e participem das interações biológicas em seu nicho.
Em Biogeografia, o conceito de nicho é considerado em duas dimensões: o nicho
fundamental, que é a área total onde se encontram as condições do meio físico necessárias
para a existência da espécie, e o nicho realizado, que é a parte do nicho fundamental ocupada
realmente pela espécie, que ali fica de certa forma confinada devido a interações competitivas
ou para livrar-se da predação por outras espécies.
As espécies têm seu nicho definido por um complexo conjunto de fatores físicos e
biológicos. As necessidades de água, calor, nutrientes e solo parecem limitar a distribuição
de muitas espécies. A existência de certos tipos de insetos polinizadores ou aves e morce-
gos como dispersores de sementes também influi na distribuição. Não é intenção discutir
aqui todos os fatores que influem na atual organização da biosfera, mas mostrar os aspectos
fundamentais de algumas de suas interações.
Os organismos estão programados geneticamente para sobreviver num conjunto de
condições ambientais que têm certos limites de tolerância. A maior parte do conhecimento
dos limites de cada espécie foi obtida por meio de experimentos de laboratório feitos, prin-
cipalmente, com espécies de valor econômico na agricultura, na pecuária, na pesca etc.
A maior parte das plantas utilizadas na agricultura foi hibridizada para obter formas
que se adaptem às diferentes condições climáticas do planeta. Quando isto não é possível,
o sistema agrícola maneja as condições naturais, criando situações artificiais que simulem
as características do meio ótimo para uma determinada planta ou animal. Assim, a agricultura
irrigada, a calagem, a adubação, as estufas nada mais são que alterações do meio para se
chegar às condições que estejam dentro do intervalo de tolerância da espécie e, se possível,
nas condições ótimas para o seu melhor desempenho.
Os organismos podem apresentar um intervalo de tolerância variável para diferentes
fatores, como, por exemplo, água e temperatura. Numa determinada condição um organis-
mo pode suportar melhor a escassez de água, mas ser pouco tolerante a mudanças térmicas.
Um animal de deserto, por exemplo. Há espécies com limites de tolerância amplos que
ocorrem em várias regiões do globo, como, por exemplo, os pardais, que foram introduzidos
em diversas regiões do mundo. Essas espécies, provavelmente, têm largas faixas de
tolerância para diversos fatores, como luz, água, solos, temperatura etc.
Outro aspecto curioso da ação sempre combinada dos fatores é a influência recíproca
entre os fatores. A água, por exemplo, é um fator que está relacionado com os nutrientes
solúveis; portanto, se as condições hídricas não forem favoráveis, isso irá influir também
nos nutrientes solúveis.
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Na natureza as espécies muitas vezes estão vivendo numa área onde as condições
não são ótimas, mas estão sempre dentro do seu intervalo de tole-rância. É possível encontrar
para uma mesma espécie diferentes biótipos. Há, também, limites de tolerância diferentes
para uma mesma espécie, conforme seu estágio de desenvolvimento. Sementes, ovos,
embriões, plântulas e larvas, em geral, possuem tolerância mais estreita do que as formas
adultas correspondentes em fase não-reprodutiva.
Os intervalos de tolerância compreendem uma faixa de condições que inclui o estado
ótimo e uma série de situações intermediárias até os limites. A condição real de sobrevivên-
cia de uma população nem sempre está no intervalo ótimo. Quando nos propomos manejar
um ambiente e suas comunidades biológicas, é preciso estar atentos para não ultrapassar
os limites que inviabilizam a sobrevivência dessas comunidades no ecossistema.
Exemplo:
Estudo sobre o peixe tambaqui, na região amazônica, é um bom exemplo das altera-
ções que sofrem os seres vivos, resultantes de transformações do ecossistema em que
vivem. A fauna de peixes amazônicos é talvez a mais diversificada do mundo, possuindo
cerca de 2 mil espécies conhecidas. Evolutivamente, os peixes estão adaptados ao complexo
aquático amazônico, formado por rios, lagos, lagunas temporárias, canais naturais (furos),
e aos diferentes tipos bioquímicos de águas (pretas, brancas e cristalinas). Os peixes vivem
harmoniosamente com as variações diárias e sazonais do volume de águas e, conseqüen-
temente, dos nutrientes e, sobretudo, da alternância da concentração de oxigênio. Estudos
recentes têm demonstrado que as frações de hemoglobina (pigmento que captura o O2 na
brânquia, transporta o oxigênio no sangue e troca-o pelo CO2 nos tecidos) desses peixes
possuem propriedades funcionais auto-reguláveis que criam condições para que os peixes
acompanhem as flutuações de O2 no meio.
No período de seca a concentração de oxigênio é baixa e os peixes têm estratégias
para capturar gás por vias extrabranquiais, além de possuírem capacidade de trabalho
muscular em anaerobiose. O tambaqui, um peixe muito apreciado pelas populações ribeiri-
nhas e de valor econômico, através de um processo bioquímico consegue fazer com que o
músculo cardíaco funcione por metabolismo anaeróbico. Em situações de baixa concen-
tração de O2 o tambaqui aumenta sua tolerância através desse metabolismo alternativo.
O exemplo do tambaqui mostra que os organismos estão adaptados ao ambiente
que influi na sua composição físico-química, reduzindo os efeitos-limitantes do meio à sua
sobrevivência.
As populações de distribuição ampla na biosfera são as que mais praticam a compen-
sação de fatores para sobreviver nas condições que não são as melhores para o seu ponto
ótimo de desenvolvimento. Essa adaptação pode aparecer sob a forma de ajuste fisiológico
e se expressa muitas vezes na morfologia (ecótipos). Para alguns autores os ecótipos nada
mais são do que espécies irmãs, para outros as modificações genéticas não atingiram a
diferenciação suficiente para separá-los em espécies distintas. Neste caso, aceitam-se
esses ecótipos como variedades ou raças.
A distribuição dos seres vivos sobre a Terra é condicionada por um conjunto de fatores,
sendo assim constitui-se num equívoco pensar que um único fator, sozinho, possa limitar o
crescimento de uma população. A idéia de fator único tem origem nas aplicações experi-
mentais da agricultura. Na ecologia, os fatores são multi-interativos e há necessidade de
compreender como isto se dá empiricamente. Além disso, é preciso acompanhar os orga-
nismos no seu ciclo de vida, para melhor compreender suas interações com o ambiente.
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Há evidências de que o estresse tem um papel fundamental na definição
dos limites de distribuição. Por exemplo, muitas alterações ambientais pro-
duzidas pela sociedade industrial não eliminaram os organismos dos ecos-
sistemas, mas estes sobrevivem sob estresse e, em muitos casos, são mais
Biogeografia suscetíveis a doenças e morte prematura ou são menos produtivos.
Os fatores de maior importância para a vida dos organismos são a luz,
a temperatura, a umidade, os gases atmosféricos, os sais biogênicos (nutri-
entes), o solo e as correntes oceânicas e atmosféricas.
No ambiente terrestre, a luz, a temperatura, a água e os solos são fatores reguladores
de maior importância na distribuição dos seres vivos. No mar, a salinidade é um fator
importante devido à natureza hipossalina dos tecidos biológicos dos organismos. Na água
doce, o oxigênio nela dissolvido é um fator regulador.
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Os oceanos e outros ambientes aquáticos absorvem a maior parte da energia que
chega à superfície. A produção de calor na água, no entanto, atinge somente as camadas
mais superficiais. As florestas, comparadas ao solo nu, também absorvem muita energia e
emitem menos calor.
A maior incidência de energia sobre uma superfície ocorre quando os raios luminosos
estão em posição perpendicular à mesma. No equador e nos trópicos (estes, nos solstícios
de verão), os raios luminosos atingem essa posição. Quando isso ocorre, a camada de ar
que está entre o Sol e a superfície é menor nessas regiões, ou seja, os raios solares percor-
rem uma distância menor, portanto as perdas de energia são menores. Esse fato explica
por que as temperaturas nos trópicos são mais altas do que nos pólos. Em relação ao
ângulo de incidência, uma montanha do hemisfério sul é mais fria na face sul do que na face
norte, pois durante a trajetória solar a face norte é a mais exposta à luz solar. No hemisfério
norte ocorre o contrário.
As estações do ano têm regimes térmicos resultantes das
diferenças de duração dos dias e das noites e da distância do
Sol. A única região do globo cujos ecossistemas recebem doze
horas de luz/dia o ano todo é o equador, mas a cobertura de nuvens
é maior e em virtude disso a quantidade de luz direta que a biota
recebe é menor do que nas regiões subtropicais, onde há menor
cobertura de nuvens. A biota do círculo polar ártico e antártico conta
com um dia no ano com luz durante 24 horas e um dia comple-
tamente escuro. Os demais dias situam-se gradativamente dentro
desses dois extremos.
25
Água
O Solo
O solo está repleto de vida. Ao pisar no solo de uma floresta, estamos caminhando
sobre milhares de animais que participam da decomposição da floresta, sendo responsáveis
pelo processo de reciclagem dos nutrientes. Esse suporte, que reúne materiais inorgânicos
e orgânicos, determina o desenvolvimento das comunidades biológicas. Os solos se
enriquecem com a vida que se desenvolve sobre eles. Os organismos vivos e as quantidades
variadas de água, por exemplo, criam uma espécie de laboratório bioquímico co-responsável
pela composição mineralógica e fertilidade dos solos.
Os solos são formados por um pacote de materiais originados da transformação da
rocha-mãe e dos materiais transportados pela ação da gravidade. A capa superior desse
pacote, chamada primeiro horizonte, contém uma camada denominada húmus. O húmus é
o produto da decomposição orgânica responsável pela fertilidade do solo. Uma camada
humífera de 30 cm pode levar até cinqüenta anos para se desenvolver. Os processos de
gênese do solo são lentos em todas as camadas do pacote. “A partir da rocha-mãe, 1 cm
de solo leva 100 mil anos para se formar; comparando-se a uma página de livro de 30 cm
de altura, o tempo equivaleria a 3 milhões de anos.”
Os solos estão co-adaptados aos ecossistemas naturais para suas necessidades,
porque a evolução de ambos foi conjunta. Assim, quando falamos em solos muito ácidos e
impróprios, estamo-nos referindo à sua utilização agrícola (camada edáfica), pois as plantas
nativas desses solos estão adaptadas à sua acidez e outras características. Um solo com
altos teores de alguns elementos — por exemplo, o cálcio — seleciona plantas que se
adaptam bem a essas condições nutricionais. Os solos e as plantas formam uma unidade
ajustada de intercâmbio de materiais. O solo é um ambiente poroso onde circulam a água
26
e os gases. Por esta razão, pode-se falar em atmosfera no solo. Essa atmosfera é muito
diferente da atmosfera do ambiente aéreo. Nela não há luz, nem fotossíntese, predominando
os processos de respiração ou oxidação. Como conseqüência, os solos possuem menos
oxigênio e muito mais CO2. O clima no interior do solo tem temperaturas mais constantes.
Os materiais são formados por ingredientes orgânicos e inorgânicos cuja quantidade,
tamanho das partículas e composição química dos fragmentos minerais dependem do tipo
de rocha onde se originaram e da intensidade do intemperismo a que está sujeito. A
decomposição do solo é uma função do clima e da atividade biológica.
A capacidade nutricional de um solo é fundamental para o desenvolvimento das
comunidades biológicas. As propriedades físicas e químicas da fração mineral dos solos
são profundamente influenciadas pela presença de matéria orgânica. Essa matéria orgânica
consiste na acumulação de tecidos de plantas e animais em vários estágios de decom-
posição. A maior contribuição vem das plantas e dos agentes de decomposição formados
por fungos e bactérias (o grupo mais numeroso entre os elementos da fauna que decompõem
o solo). A decomposição tem vários estágios, cujo produto final é a camada marrom-escura,
que recebe o nome de húmus. Sob condições constantes de altas temperaturas e umidade,
as plantas crescem rapidamente e a taxa de decomposição orgânica é correspondente-
mente intensa e rápida, como em solos tropicais.
Para refletir!
O solo não é apenas um substrato para o desenvolvimento da biosfera.
O solo é um dos determinantes das características da biosfera e é modificado
por elas, através dos processos interativos que mantém com os seres vivos.
O solo é onde estes estão ancorados e o elo de transferência do alimento e
da água para as plantas, fechando o ciclo por onde flui a energia. Os solos
se desenvolvem a partir de uma matriz rochosa que, por ação do clima, dos
seres vivos e da força da gravidade, se diversifica em muitos tipos. Estes se
formam por processos lentos e são agrupados pelos especialistas conforme
uma série de atributos genéticos. Essa lentidão é tal que 2,5 cm de solo pode
levar de cem a 2 mil anos para se formar. Esse tempo pode ser ainda maior
conforme o tipo de solo. Uma das preocupações ambientais importantes da
atualidade é a velocidade com que perdemos solo pela sua utilização
predatória. Estima-se que por erosão os mesmos 2,5 cm de solo citados acima
são destruídos em menos de dez anos.
Quanto à Folhagem:
27
Vegetação Aciculifoliada: é identificada por apresentar folhas pontiagudas,
em forma de agulha. Torna-se menor, neste caso, a superfície de trans-
piração. Este tipo de vegetal é muito comum nas vegetações de coníferas,
como o pinheiro, por exemplo.
Biogeografia
Quanto à Umidade
Vegetação Hidrófila: vive na água por pelo menos durante parte do ano.
Vegetação Higrófila: aparece nas regiões de muita umidade, como é o caso da Amazônia.
A exemplo da Bananeira.
Vegetação Tropófila: domina nos ambientes de média umidade, onde normalmente existe
uma estação chuvosa e outra seca.
Vegetação Xerófila: é própria dos ambientes com pouca umidade, a exemplo da Caatinga
e dos desertos. Possui pequena superfície de transpiração.
Quanto ao Porte
Vegetação Arbórea: apresenta grande tamanho, como é o exemplo das florestas.
Vegetação Arbustiva: possui médio porte, caracterizando muito as savanas.
Vegetação Herbácea: muito encontrada na área de climas temperados, é identificada
pela ausência de vegetais arbóreos. Possui, desse modo, um porte diminuto.
Quanto ao Aspecto
Vegetação Fechada: mantêm-se com vegetais muitos próximos uns dos outros, apresen-
tando uma feição densa (densidade vegetal). Dificulta, por conseguinte, à penetração
do homem e sua exploração econômica.
Vegetação Aberta: é aquele cujos vegetais aparecem dispersos, afastados uns dos outros.
Quanto ao Clima
Vegetação Microtérmica: aparece em áreas de clima frio.
Vegetação Mesotérmica: domina nos ambientes de clima temperado.
Vegetação Megatérmica: surge nas regiões de climas equatoriais ou tropicais.
28
Observações:
É muito difícil estudar isoladamente todos os seres vivos conhecidos na Terra. Saber
como eles são, onde se abrigam, como se reproduzem, por exemplo, não é uma tarefa fácil.
Na tentativa de entender melhor a evolução dos grupos de seres vivos e suas relações
de parentesco, os cientistas fazem a sua classificação. Classificar é agrupar, formar grupos,
obedecendo a determinados critérios. Exemplos: Grupo dos macacos (macaco-aranha,
sagüi, bugio, etc.); Grupo dos pássaros (curió, canário, pardal, beija-flor, etc.); Grupo dos
cães (pequinês, yorkshire trrier, perdigueiro, pastor alemão, etc).
Espécie e gênero
Espécie é o conjunto de indivíduos semelhantes que podem cruzar-se entre si, gerando
descendentes férteis.
Para entender bem esta definição, veja o exemplo do cavalo e da égua. Eles podem
cruzar-se e dão origem a um descendente fértil, isto é, que também pode originar
descendentes. Por isso, eles são da mesma espécie.
Do cruzamento de um jumento com uma égua nascerá um burro (macho) ou uma
mula (fêmea). Estes animais serão estéreis, isto é, não podem dar origem a descendentes.
Portanto o cavalo (e a égua) e o jumento são de espécies diferentes.
Espécies mais aparentadas entre si, do que com quaisquer outras, formam um gênero.
Os cães e os lobos são parentes próximos e também muito semelhantes. Assim,
todos esses animais foram classificados no gênero Canis.
Com as noções de gênero e espécie, o cientista sueco Carlos Lineu (1707 - 1778)
classificou todos os seres vivos até então conhecidos. Para isso, empregou sempre duas
palavras para dar nome a eles.
Atenção !
Nome científico
As duas palavras do nome científico são escritas no idioma latim. Essa
língua, usada pelos antigos romanos, foi escolhida por ser um idioma morto,
ou seja, ninguém mais o utiliza no dia-a-dia. Os idiomas em uso, geralmente,
sofrem alterações, trazendo mais de um significado para uma determinada
palavra. Outra vantagem de utilizar um idioma universal científico seria o fato
de os seres vivos descritos em trabalhos científicos serem identificados por
um pesquisador em qualquer parte do planeta, seja ele chinês, alemão, por-
tuguês, brasileiro ou finlandês.
29
O nome científico deve estar destacado do texto de alguma
maneira para facilitar a identificação. Isso pode ser feito com letras
em negrito, em itálico ou sublinhadas.
Biogeografia Lineu chamou o cão, por exemplo, de Canis familiaris e o
lobo de Canis lupus. Observe-se que a primeira palavra é escrita
sempre em maiúscula e a segunda em minúscula.
A expressão formada da primeira palavra (Canis) mais a
segunda (familiaris ou lupus) representa a espécie a que pertence
o animal. Assim, Canis, é o nome do gênero ao qual pertencem,
que é o mesmo para o cão e para o lobo. Ou seja, cão e lobo são
do mesmo gênero, mas de espécies diferentes.
30
Os Cinco Grandes Reinos
Durante muitos séculos os seres vivos foram classificados em apenas dois reinos:
animal e vegetal. Para fazer esta classificação os cientistas levaram em consideração dois
critérios:
• Os cogumelos não tem clorofila e não se locomovem. Não são animais nem vegetais;
• Com o desenvolvimento do microscópio, descobriam-se microorganismos que não
tinham características de vegetal nem de animal ou tinham características dos dois grupos,
dificultando a sua classificação. Um bom exemplo disso é a euglena. Ela possui clorofila
e se locomove. Trata-se de um vegetal ou animal?
31
Biogeografia
32
Você Sabia?
O lobo-da-tasmânia, animal que parece um lobo ou um cão, é encon-
trado na Austrália e desempenha atividades e funções em seu ambiente
semelhantes às dos lobos e cães de outras regiões do planeta.
No passado, os taxonomistas - cientistas que estudam a evolução e
a classificação dos seres vivos - considerando as características externas
desse animal, pensavam que ele fosse parente próximo dos lobos e cães.
Estudando o desenvolvimento embrionário e outras características
do lobo-da-tasmânia, os taxonomistas modernos perceberam que o animal
possui uma bolsa especial que abriga os filhotes ainda na forma de feto e
que lhes dá proteção e os alimenta. Constataram, então, que o lobo-da-
tasmânia é mais aparentado com gambás e cangurus. Ele é um marsupial.
33
As comunidades biológicas podem ser agrupadas em conjuntos criados
a partir de critérios de semelhança e diferença. Em geral, numa escala regional,
as plantas podem ser agrupadas em conjuntos fisionomicamente homogêneos.
O critério fisionômico não é ecológico, como já foi mencionado, mas nos ajuda
Biogeografia a compreender a distribuição da vida em escala planetária. Uma idéia dessa
organização, nesta escala, é importante para compreender e integrar as
demais escalas. Sob um determinado tipo de clima, ao observar um mapa da
cobertura vegetal do planeta, pode-se classificar algumas zonas de vida com semelhanças
fisionômicas e ecológicas muito grandes. Em princípio, as unidades fisionomicamente
homogêneas são espaços onde convivem plantas, animais e microrganismos em associação,
formando ecossistemas com uma série de características comuns que podem estar ligadas
ao tipo de clima, aos solos ou mesmo à composição da biota. As zonas de vida com essas
semelhanças são os biomas, unidades ecológicas homogêneas integradas e onde o
ecossistema apresenta sua expressão máxima ou seu desenvolvimento pleno, conforme as
condições atuais de clima. Os biomas também podem ser considerados como unidades
biogeográficas, pois as comunidades que formam cada um deles tiveram uma história evolutiva
comum. A comunidade, assim como o ecossistema e o bioma, está em níveis de organização
ecológica distintos. Não serão tratados aqui sua estrutura e funcionamento, mas apenas a
expressão espacial ou a distribuição das comunidades biológicas.
As comunidades biológicas são conjuntos formados por muitas espécies que coexis-
tem em estreita dependência e nas quais, contraditoriamente, existe a competição e a
repartição de recursos. Como é possível combinar as duas? A compreensão dessa combina-
ção contraditória tem sido objeto de muitas pesquisas em ecologia, mas ainda há fronteiras
desconhecidas. Whittaker (1975), estudando a zonação altitudinal de uma floresta de
montanha nos Estados Unidos da América, reconheceu quatro hipóteses para a coexis-
tência da convivência e da competição.
34
Zoogeografia: a Vida Animal e sua Especialização
Cada parte do mundo possui uma fauna que a caracteriza. O tucano é uma ave arbo-
rícola que ocorre apenas na região neotropical, vivendo em florestas que vão do México à
Argentina. É uma das aves mais curiosas da nossa fauna, justamente porque possui um
bico descomunal em relação ao seu corpo. Segundo os ornitólogos, os tucanos sofreram
especiação em decorrência das alterações climáticas pleistocênicas. Várias espécies
evoluíram numa floresta tropical fragmentada ou em refúgios da fauna silvestre durante os
climas secos do Quaternário. Após a volta da umidade, várias espécies de tucanos ocuparam
toda a Amazônia.
Cada parte do mundo possui animais tão curiosos e peculiares como os tucanos;
por isso podemos regionalizar essa fauna em biorreinos. A América do Sul, Central e parte
do México estão agrupadas numa região zoogeográfica denominada neotropical ou novo
trópico, em oposição ao velho trópico, formado pelo continente africano. Há mais de 150
milhões de anos a América do Sul, a África, a Antártida, a Austrália e a Índia formavam a
Gondwana. É por essa razão que continuamos a dizer que os ambientes na América do Sul
são “parentes” desses outros continentes.
A fauna da região Neotropical possui uma história tão antiga quanto a da Gondwana.
Vários processos geológicos e climáticos que ocorreram no passado se expressam hoje
através da composição dessa fauna. Certamente as mudanças pretéritas influíram na
espacialização da vida animal em várias épocas da história. Esses processos incluem
nascimento e morte de muitas espécies. Em zoogeografia o nascimento de uma espécie
nova é chamado de especiação, enquanto a morte é a extinção. É preciso conhecer alguns
desses processos para entender por que existem endemismos.
Para refletir!
Mas, o que é endemismo?
Especiação e Extinção
Conceito de Espécie
35
O isolamento de duas popu-
lações pode-se dar se, dentro da
área de distribuição de uma espécie,
ocorrer uma mudança que dificulte o
Biogeografia contato reprodutivo da população.
Impedidas de manter o fluxo genético,
essas populações se modificam após
determinado tempo, em geral, longo, e o que ocorre
são mudanças genéticas na população, acentuando
diferenças a tal ponto que elas se tornam repro-
dutivamente incompatíveis. Esse conceito é restrito
às espécies que se reproduzem sexuadamente,
pois organismos assexuados, partenogenéticos ou
que se reproduzam por autopolinização obrigatória
estariam excluídos do conceito. Outra dificuldade
desse conceito é que ele só vale para distinguir
espécies contemporâneas, pois não é possível iden-
tificar o isolamento reprodutivo nas formas fósseis.
Especiação Alopátrica
36
Especiação Simpática
Dispersão
37
Endemismo
Cosmopolitismo
Por que as espécies de macacos da Mata Atlântica são diferentes das da Amazônia?
Por que na Amazônia uma mesma família de micos e sagüis ocupa territórios diferentes?
Provavelmente, teríamos dificuldade de responder a essas questões olhando apenas
para o presente. Apesar de não sabermos decifrar muitas etapas da história, a distribuição
atual de um organismo nos pode auxiliar na reconstrução do padrão de um ambiente no
passado. Como vimos, à especiação pode dar-se pelo isolamento geográfico de populações
outrora contínuas. Na separação de populações de ambiente terrestre, são as massas de
água (rios, lagos, mares) as barreiras mais eficientes. Mas a dispersão biogeográfica de
uma espécie num determinado território que lhe é tolerante pode seguir inúmeras estratégias,
conforme o tipo de organismo e sua capacidade de dispersão. Por isso, muitos grupos se
misturam em sua área de distribuição.
38
Atividades
Complementares
1. Vimos que os indivíduos que possuem certas semelhanças entre si podem se agrupar
para formar um reino. Assim, o filo dos cordados e todos os outros filos de animais formam
o reino dos animais (Animalia). Sendo assim, construa uma tabela síntese caracterizando e
exemplificando os reinos.
39
A BIOGEOGRAFIA GERAL E DO
BRASIL E SUAS APLICAÇÕES NO
Biogeografia
ESTUDO AMBIENTAL
As Regiões Biogeográficas
40
espécie, subespécie ou variedade. A área geográfica de um organismo é o conjunto de
localidades que ele ocupa ou é encontrado.
As áreas biogeográficas podem ser representadas em mapas ou cartogramas através
de símbolos convencionais, sobre pontos que correspondem com exatidão, os locais onde
foram encontradas as entidades biológicas estudadas. Quando se trata de representação
inexata costuma-se usar as mesmas figuras, mas de forma tracejada, vazada ou pontilhada.
As denominações dos diferentes tipos de áreas advêm de suas características e,
por diversas vezes, confundem-se com denominações dadas às espécies, gêneros ou
famílias, que pertencem a estas áreas. São exemplos: as áreas cosmopolitas, que se
estendem por quase toda superfície do planeta; as áreas continentais; as regionais, que
correspondem à uma região biogeográfica; as locais, algumas vezes também denominadas
endêmicas; polares; holárticas, das regiões temperadas do hemisfério norte; tropicais,
ocorrem nos trópicos, diferentes das pantropicais que se estendem por toda a zona tropical;
paleotropicais, nas partes tropicais da Ásia, África e Oceania; neotropicais, as das partes
tropicais das Américas; austrais, as do sul dos trópicos; contínuas, que ocorrem de forma
inenterruptas, ao contrário das descontínuas ou disjuntas; atuais, aquelas ocupadas por
organismos estudados na atualidade; paleoáreas, aquelas que foram ocupadas por
organismos em outros tempos geológicos; relíquias, remanescentes de uma área maior;
progressivas, aquelas que se encontram em expansão, o contrário das regressivas; reais,
são as efetivamente ocupadas pelos organismos em estudo; potenciais, as que poderiam
ser ocupadas em função de suas características ecológicas e vicárias, são aquelas ocupadas
por organismos afins.
Os Biomas Mundiais
41
Na escala global, a maior comunidade terrestre ou unidade ecossis-
têmica é o bioma. O conceito de bioma se baseia no desenvolvimento da
comunidade. Os biomas são identificados como a comunidade madura ou
associação de espécies dominantes numa determinada condição climática
Biogeografia vigente. Os biomas mundiais são regiões homogêneas onde interagem vários
fatores, nas quais, a relação entre vegetação, climas e solos tem influência
principal. Por essa razão, a descrição dessas macro-unidades sempre faz
referência a este tripé. Temperatura e precipitação têm um papel fundamental no gradiente
de florestas e na definição de alguns dos principais biomas atuais. Por exemplo, as florestas
tropicais apresentam alta precipitação, mas ocorrem dentro de um intervalo estreito de
temperaturas (são estenotérmicas), enquanto os campos ocorrem numa ampla variedade
de condições de temperatura, mas a umidade é um fator limitante.
A fim de entendimento das macro-unidades fitogeográficas e sua espacialização no
globo, segue uma compartimentação dos biomas terrestres criterizada em fatores fisionô-
micos (porte, folhagem, diversidade, etc) e sua capacidade limitante de adaptação.
As florestas tropicais, como o próprio nome diz, ocorrem entre os trópicos, nas terras baixas
ou pouco elevadas que recebem precipitação elevada e bem-distribuída durante o ano todo.
Estão nas regiões mais úmidas e quentes do planeta e são os ecossistemas nos
quais se concentra a maior biomassa terrestre, com altas taxas de produção primária e de
degradação de detritos. A biomassa é, em grande parte, responsável pela temperatura
uniforme de 21 a 30ºC dessas regiões, devido ao resfriamento que a grande quantidade de
água transpirada pelas folhas promove. São florestas que formam um dossel contínuo, ou
seja, as copas se interligam, formando uma espécie de telhado verde, com algumas espécies
emergentes acima desse dossel. As árvores são geralmente altas e podem atingir até 60 m
de altura, como uma maçaranduba ou castanheira, que na floresta amazônica equivalem a
um prédio de doze a quinze andares. Essas florestas parecem existir desde o Terciário,
tendo atravessado o período semi-árido do Quaternário ocupando menor extensão e
42
refugiando-se em setores mais úmidos do relevo. As florestas úmidas não foram destruídas
durante as eras glaciais e, portanto, tiveram muito tempo para desenvolver mecanismos
eficientes para repartição da energia e ciclagem dos materiais.
A vegetação das florestas tropicais apresenta grande convergência na arquitetura
das plantas, isto é, plantas diferentes têm uma fisionomia muito parecida, o que lhes dá um
aspecto homogêneo. Possuem maior ou menor estratificação interna (andares), conforme
a penetração de luz através do dossel. Orquídeas, lianas e samambaias ocorrem em profusão
no interior das florestas tropicais, apoiadas nos troncos das árvores, interligando as copas
das árvores ou mesmo no solo sombreado. Os troncos das árvores nas florestas tropicais
úmidas são verdadeiros jardins suspensos. No continente americano, a floresta tropical
úmida ocorre no Caribe, na bacia amazônica (onde forma o maior contínuo planetário,
também classificada como floresta equatorial) e na Mata Atlântica, uma ocorrência azonal
que se distribui ao longo de diferentes latitudes na costa brasileira fora do cinturão equatorial.
Hoje a Mata Atlântica apresenta-se totalmente fragmentada pela ocupação humana. No
continente africano são encontradas nas terras baixas do Congo e nos arquipélagos e
penínsulas do sudeste da Ásia.
As florestas tropicais apresentam a maior biodiversidade dos biomas terrestres. Na
Amazônia já foi registrada uma diversidade de trezentas espécies distintas de árvores em 2 km².
A floresta tropical é perene, com uma grande reciclagem de sua biomassa através
da contínua substituição de folhas. Uma árvore pode substituir toda a sua folhagem no
intervalo de um ano. A polinização raramente é feita pelo vento, e as plantas desenvolveram
curiosas associações com a fauna. Participam da polinização e dispersão de sementes e
frutos uma enorme variedade de insetos, morcegos, aves e mamíferos.
As florestas tropicais abrigam a fauna mais rica dos biomas terrestres. A fauna está
estratificada, distinguindo-se basicamente três níveis:
43
Florestas Tropicais Estacionais ou Decíduas
44
Floresta Escleromórfica e Chaparral
São florestas não-perenes que ocorrem em climas estacionais com períodos frios e
quentes bem marcados. As temperaturas de inverno podem chegar abaixo do ponto de
congelamento. São úmidas, com estrutura e composição distintas conforme a área de
ocorrência. Recobriram a maior parte da Europa ocidental e central, o nordeste dos Estados
Unidos da América e parte do Japão (ao sul da ilha de Hokkaido). A
queda das folhas nas estações secas equilibra as plantas para que
elas, transpirando menos, consigam atravessar os períodos de escassez
de água. Essas florestas só ocorrem no hemisfério norte. No hemisfério
sul, apesar de algumas regiões oferecerem as mesmas condições
climáticas, as florestas não são caducifólias. Provavelmente esse bioma
tem uma história comum apenas no hemisfério norte, e as semelhanças
entre América do Norte e Eurásia talvez se expliquem pelas ligações
das angiospermas no Cretáceo no antigo continente da Laurásia. Uma
característica que marca a paisagem dessas florestas são as árvores
de 40-50 m de altura com folhas delgadas e largas, como os plátanos.
45
A fauna acompanha evidentemente os ciclos climáticos. A migração
das aves insetívoras para invernar em climas mais quentes constitui um traço
peculiar. Animais que não migram podem hibernar durante o período mais
frio, outros permanecem ativos durante o ano todo, como os cervos, que
Biogeografia removem a neve e se alimentam das ervas recobertas por ela.
Para refletir!
A floresta temperada caducifólia foi a mais estudada até hoje, talvez
em função da intensa exploração e destruição a que foi submetida, pois
ocorria na zona onde se desenvolveu a civilização industrial ocidental.
Precedida por um longo período de agricultura, a destruição dessas florestas
é um fenômeno muito antigo, a tal ponto que já não existe, na Europa,
nenhum bosque caducifólio original. O mesmo ocorre nos Estados Unidos
da América. Os povos indígenas também manejaram as florestas estacionais
temperadas dessa região. Pode-se concluir que todas as florestas estacio-
nais são, provavelmente, secundárias.
Florestas boreais são as matas de coníferas que ocorrem nas latitudes acima de
45°. São florestas formadas por várias espécies de pinheiros, abetos quase sempre
perenifólias. São muito úmidas e frias no inverno. As coníferas estão adaptadas aos solos
gelados e à neve que desliza sobre sua copa em forma de cone. As folhas muito finas em
forma de agulha (acículas) regulam o metabolismo da transpiração quando há escassez de
água. Formam bosques de mais de 40 m de altura terminados em dossel, que torna o
interior da floresta bastante escuro e com poucos andares ou estratos internos. A baixa taxa
de decomposição do manto de detritos do solo faz com que as camadas de folhas mortas
sejam muito espessas, podendo em alguns casos alcançar o volume de 100-500 kg/ha.
A taiga, como também é conhecida esse tipo de floresta, é
sazonal, assim como sua fauna, que migra e hiberna nos períodos
mais rigorosos do inverno; mas alguns animais, como o castor, os
alces, os ursos, os linces e os lobos, residem o ano todo na floresta.
As coníferas foram um dos biomas mais explorados em
toda a Terra para a produção de energia. Foram a base de muitos
povos dedicados à pesca e à caça de cervos e alces. Na era indus-
trial a madeira da taiga foi a principal fonte de energia.
Os incêndios têm sido outros fatores de destruição constante.
46
As savanas cobrem 20% do planeta (África, Austrália
e América do Sul) e as maiores extensões estão na África.
Desenvolvem-se sobre um latossolo com granulometria
variável, até a formação de carapaças de lateritas, que podem
impedir a penetração de raízes de árvores e de ervas. Esses
solos são geralmente antigos e perderam muitos nutrientes
minerais ao longo de sua história. São mais férteis próximo
às drenagens, onde suportam matas de galeria ou ciliares. A
ocorrência de incêndios naturais ou de origem antrópica parece ter um papel importante na
ciclagem mineral e na biologia de muitas plantas da savana. O solo também influi na arquitetura
das plantas, as árvores são tortuosas e possuem folhas duras de aspecto coriáceo e uma
série de adaptações ao fogo que aparecem na morfologia da planta. Muitos desses
aspectos, como caules com cortiça, podem também ser uma resposta às deficiências
nutricionais dos solos savânicos.
Você Sabia?
Um aspecto curioso chama a atenção no comportamento da fauna. Os
animais pastadores dividem os recursos de forma a não esgotar o alimento.
Podem, por exemplo, estar separados por pequenas variações existentes no
hábitat: uma espécie de antílope pequeno pode viver em pântanos perma-
nentes e outro em pântanos sazonais. A mesma planta pode dar alimento a
diferentes espécies durante o seu ciclo de crescimento anual ou ser explorada
em diferentes níveis: a girafa se alimenta da parte superior, por exemplo, da
Acácia. Sob as acácias, duas espécies de rinocerontes africanos estão sepa-
rados por hábitos alimentares - um come arbustos e folhagens e outro pasta
o estrato herbáceo. O uso excessivo dos recursos da savana também é evitado
pelas migrações sazonais. A alimentação de muitas espécies também cumpre
um ciclo conforme os ritmos sazonais. A fauna de menor porte tem o compor-
tamento subterrâneo, como répteis e anfíbios que se protegem das perdas
desnecessárias de água. São muito abundantes nas savanas os insetos so-
ciais (formigas e cupins), que participam também do transporte de nutrientes
no solo em galerias. Os cupins são um componente muito importante na
cadeia decompositora do solo.
Atenção !
O FOGO NAS SAVANAS
O efeito do fogo sobre as savanas é um assunto polêmico entre os
cientistas. O fogo é um agente controlador e direcionador do desenvolvimento
de muitas plantas das savanas. Para o estrato arbóreo, o fogo é um fator
limitante do seu desenvolvimento, enquanto para muitas espécies do estrato
herbáceo o fogo é um estimulante ao seu rebrotamento e em alguns casos
age como estimulante da floração. Na ausência do fogo, as savanas tendem
a formar bosques; sob sua ação o bioma tende a assumir uma fisionomia de
campo. O fogo, segundo demonstra algumas pesquisas, é um evento tão
antigo nas savanas que selecionou adaptações de muitas plantas herbáceas.
Na América do Sul, especialmente no Brasil, as savanas recebem o
nome de cerrados e compreendem diversos tipos de formações, que serão
apresentadas quando for tratada a vegetação brasileira.
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Campos Temperados
Tundra
A tundra é a vegetação do Círculo Polar Ártico que se desenvolve sobre solos perma-
nentemente congelados (permafrost). É formada por um manto de liquens, musgos e pequenas
plantas herbáceas, com um ou outro elemento de maior porte. Apenas uma pequena camada
de poucos centímetros de espessura do solo não se congela e sustenta essa vegetação. As
tundras estão em regiões de baixa precipitação e evaporação. São terras geralmente baixas
e freqüentemente alagadiças no verão, que corresponde a um período muito curto do ano.
Durante o verão observa-se uma rápida explosão de vida nas tundras. A fauna de invertebrados
é bem representada por moscas e mosquitos, que nesse
período mais quente polinizam as flores. A fauna de maior porte
está adaptada ao rigor climático circumpolar, que em
determinadas condições pode atingir 50ºC negativos no Alasca.
Os animais de sangue quente possuem como proteção
pelagens espessas, como é caso do touro al-miscarado, da
lebre ártica, do lobo e do caribu. Muitos animais, como a lebre,
apresentam uma espécie de almofadinha nas patas para
caminhar sobre o gelo e proteger-se do frio.
Deserto
Os desertos ocorrem nas regiões quentes ou frias onde a precipitação anual é muito
baixa. A primeira resposta à escassez de água é a ausência de vegetação. Por essa razão
os desertos possuem maior extensão de solo nu do que de solos cobertos por vegetação.
48
Mas há muitas formas de vida que estão adaptadas a essas
condições. As adaptações morfológicas e comportamentais
aparecem nas plantas, em geral, pelo pequeno porte, folhagem
reduzida e metabolismo regulado para acumular água e
transpirar pouco. A fauna tem hábitos subterrâneos e noturnos.
Há grande quantidade de insetos, lagartos, serpentes, aves,
roedores e mamíferos adaptados a essas condições. A aridez
nos desertos, em geral, é acompanhada por amplitudes
térmicas diurna e noturna muito acentuadas. Os desertos se
encontram em várias situações topográfico-climáticas.
49
O Bioma Pantanal é a maior planície
de inundação contínua do planeta, funcionan-
do como um grande reservatório. Possui um
mosaico de ecossistemas com afinidades
Biogeografia com outros biomas, tais como a floresta
amazônica e o cerrado. A planície inundável
representa uma das mais importantes áreas
úmidas da América do Sul. Aí podem ser reconhecidas as
planícies baixa, média e de alta inundação, que apresenta
alta produtividade biológica e grande densidade e diver-
sidade de fauna.
50
O clima é subtropical, com temperaturas amenas e chuvas constantes com pouca
alteração durante todo o ano. O solo em geral é bom, sua utilização na agricultura é grande,
mas o forte da região é a pecuária, tanto a leiteira quanto a de corte. É nesta região que se
encontram os melhores rebanhos de corte do Brasil; a maioria das carnes para exportação
sai dos pastos sulinos. Às vezes estes rebanhos fazem uso até de pastos nativos.
www2.tvcultura.com.br/reportereco/materia.asp?materiasid=212
e assista uma reportagem sobre esse bioma clicando no link “assista o vídeo”.
Após assistir essa reportagem faça um resumo sobre o que foi tratado.
Fitogeografia Brasileira
O Brasil é um país de grandes extensões territoriais. São 8,5 milhões de km2 submetidos
a uma mistura de condições climáticas que permitem o desenvolvimento de uma grande
diversidade de ambientes. As formações vegetais que ocupam maior extensão territorial são
as florestas. Há uma grande variedade dessas formações na bacia amazônica, na região
costeira, no sul do país e nas regiões subtropicais. Mesmo os cerrados e caatingas possuem
dentro de sua área de domínio formações florestais que acompanham as drenagens.
A palavra floresta é, portanto, um termo genérico para designar um tipo de formação
no qual o elemento dominante é a árvore e que forma dossel. A organização ou estrutura da
floresta, assim como sua composição florística, são características importantes em sua
classificação. Outros fatores, como o clima e a geomorfologia, também desempenham um
papel na definição de seus tipos. As florestas tropicais e subtropicais que ocorrem no Brasil
desenvolvem-se em mosaicos com diferentes associações vegetais. Algumas características
climáticas ou mesmo fenológicas são usadas para identificar essas associações e tipos:
pluviais, deciduais, semi-secas, montanhas etc. Dentro de seu domínio próprio, as florestas
51
brasileiras apresentam enclaves de formações não-florestais, como as
campinaranas na Amazônia ou os campos de altitude na Mata Atlântica. Além
das grandes extensões de florestas, o Brasil apresenta dois grandes domínios
de formações vegetais abertas e semi-abertas: as caatingas e os cerrados.
Biogeografia No mapa do Brasil esses dois domínios formam uma diagonal de climas mais
secos que percorre o país do Nordeste ao Pantanal mato-grossense, passando
pelo Brasil Central.
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Domínios Morfoclimáticos e Fitogeografia do Brasil
O que é Amazônia?
A Amazônia é uma grande bacia hidrográfica que se estende da cordilheira andina e
avança por todo o Norte do Brasil, recoberta predominantemente por um mosaico de
formações florestais. Fora do Brasil, a floresta amazônica se estende pela Guiana Francesa,
Suriname, Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia.
A floresta pluvial que cobre grande parte dessa área tem seus limites, no Brasil,
definidos pelas caatingas do Nordeste - que formam uma transição com a vegetação
conhecida como Zona dos Cocais. A partir dos cerrados do Centro-Oeste, a floresta se
separa por uma extensa faixa de matas secas.
A bacia amazônica tem uma história. Ela se formou numa seqüência de eventos
geológicos muito antigos, de mais de 420 milhões de anos, na era paleozóica. O escudo
das Guianas e o escudo brasileiro delimitavam a antiga bacia, que, naquela época, antes
da formação dos Andes e da separação da África, fluía para oeste.
A separação dos continentes e o soerguimento dos Andes inverteram a direção dos
cursos de água para o leste, durante o Terciário. Nessa fase estima-se que a antiga bacia
era formada por grandes lagos e uma drenagem muito diferente da atual. Esses lagos foram
sendo preenchidos por sedimentos e ao longo do tempo a drenagem foi ganhando a
organização atual.
53
As Florestas
Na Amazônia existem florestas de inundação e florestas de terra firme.
As florestas de inundação podem ser divididas em dois tipos: as matas
permanentemente inundadas (igapós dos rios de águas claras e pretas) e as
Biogeografia florestas de inundação periódica (as matas de várzea dos rios de água
branca). Existem ainda, na região litorânea, os manguezais, inundados
periodicamente pelas marés.
Mata de Igapó
Ocorre em solo permanentemente alagado, em terrenos
baixos próximos aos rios. Ocupam 15 mil km2 do total da hiléia.
Via de regra, o solo e a água dos igapós são ácidos. Sua
vegetação permanece verde (é perenifólia), com folhas largas, e
as árvores maiores atingem até 20 m de altura, com ramificação
baixa e densa. Aparecem muitos arbustos e cipós, além de raízes
escoras e respiratórias. São incontáveis as epífitas, variando de musgos e hepáticas até
angiospermas mais evoluídas (Araceae, Cactaceae, Bromeliaceae, Gesneriaceae,
Orchidaceae etc.). As árvores mais típicas são o arapati e a mamorana. Flutuando sobre as
águas aparecem as folhas da vitória-régia, que podem atingir 40 cm de diâmetro. Alguns igapós
durante curtos períodos podem secar, dando origem a praias arenosas.
Matas de Várzea
Cobrem 55 mil km2 da região amazônica. Localizam-se sobre terrenos periodicamente
alagados e sua composição florística varia de acordo com a duração do período em que
ela é alagada, o que é determinado pela altura em relação ao nível de base dos rios. Nas
áreas mais alagadas ela se assemelha aos igapós, nos menos alagados (altas) se parece
com vegetação de terra firme.
As matas de várzea apresentam árvores de grande porte, entre as quais se destacam
as famílias Leguminosae, Sapotaceae, Moraceae. São típicos o cumaru-de-cheiro, a serin-
gueira e o pau-mulato.
54
A Vida na Floresta
As florestas amazônicas apresentam um funcionamento auto-sustentado. Para formar
a densa biomassa que possuem, elas necessitam de uma alta taxa de fotossíntese e da
disponibilidade de nutrientes. As condições climáticas locais permitem que a fotossíntese
funcione com alto índice de produtividade e a produção elevada de biomassa está na ordem
de 500 t/ha de carbono (peso seco), concentrada, sobretudo, nas plantas (Salati et al., 1983).
O aspecto peculiar da floresta é que ela não vive dos nutrientes dos solos de baixa fertilidade.
As florestas vivem sobre o solo, realizando a ciclagem de nutrientes por meio de um sistema
peculiar no qual a principal fonte alimentar não são os estoques do solo.
Na Amazônia essa ciclagem em solos não-férteis é realizada pela própria floresta,
através do manto de detritos (folhas, troncos caídos, animais mortos, etc.). Costuma-se
dizer que a ciclagem é tão rápida e eficiente que quase não há exportação para os rios ou
para os solos. Por essa razão, há grande número de rios negros com baixa fertilidade. O
grande dano ambiental nas áreas que sofreram desmatamento reside na perda do sistema
de reciclagem e no conseqüente empobrecimento rápido dos solos.
A floresta tropical apresenta grande dinamismo. As idéias do passado de que a floresta
amazônica era senil foram derrubadas com os estudos que comprovam sua grande
heterogeneidade no espaço e no tempo. As florestas amazônicas são sucessionais, pelo fato
de novas clareiras de sucessão se abrirem constantemente no seu interior por processos naturais
de queda de árvores. É, portanto, difícil aplicar-lhes o conceito de floresta climáxica, pois nelas
não se tem verificado estabilidade. Por outro lado, a fragmentação quaternária durante os períodos
glaciais também reforça o fato de que as matas amazônicas são dinâmicas e sucessionais.
Para refletir!
O Futuro da Amazônia.
Pensar no futuro da floresta amazônica requer a compreensão de múlti-
plos problemas que se entrelaçam no plano político, econômico, cultural e
ecológico. As questões políticas são mais complexas e diversificadas que a
própria floresta. A destruição da floresta está relacionada com graves proble-
mas agrários do país, gerados por um modelo de desenvolvimento concentra-
dor de capitais em terras, pela monocultura de exportação e pelo extrativismo
mineral. O próprio governo loteou a Amazônia nas décadas de 60 e 70 em
projetos agropecuários subsidiados, conseqüência da estrutura agrária brasi-
leira são também os projetos de ocupação da Amazônia ocidental promovidos
na década de 80 pelo INCRA.
A política de desenvolvimento baseada na exportação de matériasprimas
trouxe também à Amazônia grandes projetos de mineração, como as indústrias
de ferro-gusa de Carajás, de bauxita e de cassiterita, que promoveram grandes
desmatamentos para a produção de carvão vegetal e incentivaram o programa
de construção de hidrelétricas e estradas e a urbanização caótica. Os planos
hidrelétricos de Samuel, Balbina e Tucuruí, a abertura de estradas sem nenhum
planejamento ambiental, como a Transamazônica, a BR-364 e a BR-429, abriram
as fronteiras da destruição. Os grupos que lucraram e lucram com o desma-
tamento da floresta certamente não são os mesmos que pagam os custos
ambientais, sociais e financeiros. Por outro lado, a floresta vem sendo mantida
em pé por tempos imemoriais pelas populações tradicionais, que praticam a
agricultura itinerante em pequenas áreas e o extrativismo.
55
As Florestas Costeiras (Mata Atlântica)
56
A grande quantidade de matéria orgânica em decomposição sobre o solo dá à Mata
Atlântica fertilidade suficiente para suprir toda a rica vegetação. Este fato também é notado
em toda a floresta amazônica, onde um solo pobre mantém uma floresta riquíssima em
espécies, graças à rápida reciclagem da enorme quantidade de matéria orgânica que se
acumula no húmus. A reciclagem dos nutrientes é um dos aspectos mais importantes para a
revivescência da floresta.
As plantas arbóreas, que formam um grupo significativo, estão representadas
principalmente por canelas, capiúvas, paus-de-santa-rita, figueiras, jequitibás, cedros,
quaresmeiras, ipês, cássias, palmeiras e embaúbas. As florestas pluviais costeiras, apesar
de sua grande heterogeneidade de formações, podem ser divididas em duas grandes
regiões: o trecho norte do Brasil e o trecho sul. Esses dois setores se separam por uma
faixa de climas mais secos na região de Cabo Frio (RJ).
O trecho norte dessas florestas compreende as florestas costeiras propriamente ditas
e as matas dos tabuleiros que se estendiam originalmente de Natal até abaixo do rio Doce
(MG-ES). No Estado da Bahia as florestas pluviais se expandiram, acompanhando as
drenagens, quilômetros para o interior do Estado.
A Vegetação da Caatinga
Mata Seca
A caatinga propriamente dita é uma mata seca que perde suas folhas durante a es-
tação seca. Apenas o juazeiro, que possui raízes muito profundas para capturar água do
subsolo, e algumas palmeiras não perdem as folhas. As plantas da caatinga estão adaptadas
às condições climáticas e possuem várias adaptações fisiológicas para sobreviver à seca.
Apresentam revestimento nos tecidos que ajuda a perder menos água por transpiração. As
plantas xeromórficas apresentam folhas grossas, coriáceas e pilosas. As folhas são mais
miúdas e muitas têm forma de espinhos, como nos diversos tipos de cactos das caatingas,
A geografia das matas de caatinga tem recebido várias designações locais, conforme os
tipos de plantas que são freqüentes e a estrutura da vegetação. Exemplo dessas designações
locais é o carrasco, uma formação de matas secas onde predomina o pau-pereiro, os
juazeiros, os angicos, o pau-ferro e a barriguda; ocorrem também no carrasco palmeiras
típicas, como a carnaúba, o uricuri e o catolé.
57
Para refletir!
Para refletir...
Biogeografia A pobreza da população nordestina não origina-se na
ecologia da região. A caatinga propriamente dita é muito rica
em espécies frutíferas; muitas plantas produzem fibras, ceras
e óleos vegetais. No entanto, a caatinga tem pequena capaci-
dade para abrigar uma pecuária convencional. Em outras
palavras, uma agropecuária nos moldes europeus, como a
praticada em outras regiões do Brasil, não é viável no semi-
árido nordestino.
Você Sabia?
Subunidades nordestinas
Quando se fala em Nordeste, pensamos logo na seca. Mas será que
o Nordeste é mesmo uma região toda seca?
A combinação entre os vários elementos da natureza e a ação do
homem sobre o espaço fizeram surgir no Nordeste quatro paisagens bem
distintas: a Zona da Mata, o Agreste, o Sertão e o Meio-Norte. Essas regiões
são, hoje, o resultado das transformações geoecológicas, ocorridas ao longo
do tempo, combinadas com as diferentes formas de ocupação humana.
A Zona da Mata é uma faixa estreita que acompanha o litoral leste
nordestino, formada por terras baixas (planície), muito férteis, onde o clima
é quente e úmido, produzindo uma formação vegetal exuberante, denomi-
nada Mata Atlântica, já caracterizada no tópico anterior.
O Agreste tem o relevo mais alto do que a Zona da Mata. É uma área
ecótona, ou seja, de transição entre duas regiões bem diferentes: a Zona
da Mata, úmida, e o Sertão, seco. O clima é quente, nem muito úmido nem
muito seco. Sua vegetação original é uma mistura da Caatinga, própria de
clima seco, e plantas de floresta, próprias de clima úmido.
O sertão, situado ao centro da região, é a área mais seca do Nordeste,
onde o clima é quente e as chuvas raras e irregulares. Esta condição ambiental
caracteriza a formação de vegetais típicos da Caatinga, não sendo raro
visualizar, dentro desta paisagem rude, plantas de caráter ruiniformes, formada
por folhas miúdas e muitos espinhos, adaptadas a este rigor ambiental.
O Meio-Norte também é uma área de transição (ecótona) situada entre
o Sertão, seco, e a Amazônia, úmida. Sua vegetação acompanha os dife-
rentes tipos de clima: onde é mais úmido, há floresta; onde só chove durante
alguns meses do ano, há cerrado, e existe, ainda, uma mata, formada
principalmente de palmeiras, conhecida como mata dos cocais.
Relembrando a pergunta inicial deste tópico conseguimos agora
responder se no Nordeste só existe seca?
A Vegetação de Campos Secos das Chapadas
As chapadas se estendem por grandes áreas no domínio das caatin-
gas. Esses planaltos possuem grandes extensões de campos secos xeromór-
ficos, onde predominam plantas arbustivas e herbáceas. O grupo das
gramíneas é o dominante no recobrimento do solo pedregoso. As cactáceas
estão presentes e a região em que elas predominam é o Sertão do Seridó.
58
Chapadões cobertos por Cerrados e penetrados por Floresta de galeria
Quase 1/5 da população do mundo habita as formações savânicas. A maioria dessas
populações é constituída por sociedades rurais. Apesar dos solos pouco férteis para os
tipos de produtos agrícolas que são cultivados, as savanas continuam a ser progressivamente
transformadas em pastagens e monoculturas. Os cerrados brasileiros pertencem ao bioma
savânico. Hoje, extensas áreas de cerrados do Brasil Central estão ocupadas com a
produção de grãos, principalmente a soja.
O cerrado tem sido definido como floresta-ecótono-campo. O conceito de ecótono,
menos rígido do que as classificações fisionômicas e florísticas referem-se ao mosaico
cerrado. Ao longo desse ecoclíneo (cerradão-campo limpo), a biomassa arbórea e arbustiva
decresce paulatinamente. Os ecótonos seriam produzidos pela ação de alguns fatores de
controle do desenvolvimento da biomassa arbórea e arbustiva. Os fatores principais nesse
ecoclíneo são, principalmente, as condições do solo e a ação das queimadas.
59
Queimadas no Cerrado
60
Duas peculiaridades merecem destaque nessas florestas. Primeiro a produção do
pinhão, que é muito apreciado na culinária nacional; e, segundo, o fato de possuir como
dispersores de suas sementes uma belíssima ave da família dos corvídeos, cujo canto é
inconfundível pela sua estridência: a gralha-azul.
Pantanal Mato-Grossense
Faça uma visita ao site oficial do IBAMA e veja mais sobre o assunto
www.mma.gov.br/port/sbf/chm/biodiv/perda.html
Biodiversidade brasileira
61
diversidade biológica. A pressão feita pela comunidade internacional,
especialmente por meio da aprovação CDB, foi e ainda é de grande
importância no sentido de chamar para o Estado esta responsabilidade.
Biogeografia
Para refletir!
Biopirataria
Mesmo não existindo uma definição etimologicamente padrão, pode-
mos afirmar que biopirataria é o ato de aceder ou transferir recursos de origem
vegetal ou animal para outro país, bem como a apropriação indevida de conhe-
cimentos populares acerca da biodiversidade de uma região, sem a expressa
autorização do Estado de onde fora extraído o recurso, ou da comunidade
tradicional que desenvolveu e manteve determinado conhecimento ao longo
dos tempos. Esta prática infringe as disposições vinculantes da Convenção
das Organizações das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica.
Vale ressaltar que a biopirataria envolve ainda a não-repartição justa
e eqüitativa - entre Estados, corporações e comunidades tradicionais - dos
recursos advindos da exploração comercial ou não dos recursos e conhe-
cimentos transferidos. Atenta aos pedidos de socorro do meio ambiente e
declarado amor à nossa soberania, a sociedade civil passou a encarar a
biopirataria com mais seriedade, descobrindo alternativas de preservação
e manutenção dos ativos ambientais.
No entanto, mesmo estando o meio ambiente protegido por lei,
patente é que não temos ainda o aporte de recursos estruturais e políticos
necessários e uma capacidade jurídico-institucional capaz de punir esse
vilipêndio da biodiversidade brasileira.
Numa época de crescente valorização da biotecnologia com a utiliza-
ção de organismos vivos ou de suas células e moléculas para produção de
substâncias, gerando produtos comercializáveis, o empenho político
merece urgentemente ser reestruturado e reconstruído com base na impor-
tância da biodiversidade amazônica, que sempre se caracterizou por um
constante movimento genético.
62
Saiba mais a respeito de biopirataria
www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=14541
Atividades
Complementares
1. A considerável extensão latitudinal do território brasileiro, em conjunto com alguns
fatores limitantes, tais como água, luz e solo, deu origem, ao longo dos tempos, a formações
paisagísticas singulares. A partir desta assertiva elabore um quadro esquemático dos biomas
2.
brasileiros, dando ênfase aos principais fatores fisionômicos e limites determinantes.
3. Podemos destacar que a biodiversidade brasileira encontra-se entre as mais ricas e varia-
das do globo terrestre. Sendo assim, explique a importância da conservação dessa biodiversidade.
4. O bioma cerrado corresponde ao bioma das savanas. Você concorda com a afirma-
ção? Justifique.
63
O PAPEL DA
BIOGEOGRAFIA NA PRESERVAÇÃO AMBIENTAL
Biogeografia
64
giando a expansão de um pequeno número de espécies animais e vegetais e eliminando
uma grande quantidade de outras, que não eram de interesse imediato para satisfazer às
suas necessidades.
Atualmente, a crescente industrialização concentrada em cidades, a mecanização
da agricultura em sistemas de monocultura, a generalizada implantação de pastagens para
criação de gado, a intensa exploração de recursos energéticos, como o carvão mineral e o
petróleo, a extração de recursos minerais, como o cobre, o ferro, o ouro, o estanho, o alumínio,
o manganês, entre inúmeros outros, alteram de modo significativo a terra, o ar e a água do
planeta, chegando algumas áreas a degradações ambientais irreversíveis.
Nesse processo acelerado de tecnificação das sociedades humanas, algumas
regiões do planeta foram palco de maiores alterações. Essas regiões, como os países
europeus e os Estados Unidos, alteraram extensas áreas, eliminando florestas e campos e
extinguindo grande parte da fauna terrestre. A intensa concentração industrial no centro-sul
da Inglaterra, no norte-nordeste dos Estados Unidos, no vale do rio Sena na França, no vale
do Reno, na Alemanha, no vale do rio Pó, na Itália, no Leste europeu, no centro-sul do Japão,
no sul-sudeste da Ásia, no sul-sudeste do Brasil e em outras áreas menores espalhadas
pelo mundo está fazendo com que essas regiões sejam duramente afetadas por resíduos
industriais e domésticos. Nessas áreas, o ar, as águas de superfície, do subsolo e dos
litorais, bem como as superfícies dos terrenos, estão com suas características naturais
totalmente alteradas. Nos últimos cem anos de crescimento demográfico acelerado e forte
desenvolvimento industrial, poucas são de fato as áreas do mundo que não tenham sido
total ou parcialmente devastadas pelas práticas predatórias dos homens.
Problemas Ambientais
65
fabricação de adubo orgânico; parte dele é reciclada pela indústria. A exemplo,
pode-se citar a cidade de São Paulo, com aproximadamente 10 milhões de
habitantes, que produzia, em 1981, 18 000 t de lixo por dia. Desse enorme
volume, aproximadamente 10% era tratado em usinas de compostagem e
Biogeografia transformava-se em importante adubo orgânico. A maior parte, ou seja, 87%
eram levadas para aterros sanitários.
66
te compatível com a Investigação-Ação. Mais que isso, é por meio desta perspectiva educacio-
nal que podemos desenvolver de forma plena a Educação Ambiental, justamente por seu
caráter coletivo, participativo, investigativo e ativo. Lembramos que, quase regra geral, a popu-
lação interessada, afetada pelos problemas ambientais, desconhece a legislação existente e
os canais competentes para encaminhar suas reclamações e anseios. Portanto, um programa
de educação ambiental para ser efetivo deve promover simultaneamente, o desenvolvimento
de conhecimento, de atitudes e de habilidades necessárias à preservação e melhoria da
qualidade ambiental e, consequentemente, da qualidade de vida. Neste aspecto que a ciência
biogeográfica fornece suporte conceituais e metodológico de entendimento de uma realidade
sócio-ambiental que permite uma interferência prática nas ações políticas de cunho de gestão
ambiental, promovendo uma maior participação de uma população civil no tocante a natureza.
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Atividades
Biogeografia Complementares
68
Atividade
Orientada
Prezado aluno, prezada aluna,
Bom trabalho!
Etapa 1
ELABORANDO UM PROJETO AMBIENTAL
Fonte: www.ibama.gov.br
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Atenção !
O TRABALHO DE CAMPO é OBRIGATÓRIO e deverá
Biogeografia constar no levantamento fotográfico da flora da área pesquisada
Etapa 2
DA TEORIA À PRÁTICA:
O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO AMBIENTAL
1º Passo:
Atenção !
Como muitas espécies vegetais podem possuir características tóxicas
(venosas) ou outra forma de risco ao contato humano, não recomendamos
a manipulação direta das mesmas, por isso é indicado o registro por foto-
grafias. Deve-se, também, tomar cuidado para que espécies raras não sejam
depredadas em seu habitat natural.
2º Passo:
70
Etapa 3
WORKSHOP AMBIENTAL
Bons Estudos!
71
Biogeografia Glossário
Áreas Estuarinas ou Estuário – é uma faixa de transição entre a terra e o mar. É o
local onde a água do rio se encontra com a água do mar. Dessa mistura, resulta um solo
alagado, salino, rico em nutrientes e em matéria orgânica. É um local propício para a vida
dos manguezais e todas as outras vidas que neles habitam.
Ecótono – (1) Região de transição entre dois ecossistemas diferentes. (2) Transição
entre duas ou mais comunidades diferentes; é uma zona de união ou um cinturão de tensão
que poderá ter extensão linear considerável, porém mais estreita que as áreas das próprias
comunidades adjacentes. A comunidade do ecótono pode conter organismos de cada uma
das comunidades que se entrecortam, além dos organismos característicos.
Fitoplâncton – (1) Plâncton autotrófico. (2) É o termo utilizado para se referir à comu-
nidade vegetal, microscópica, que flutua livremente nas diversas camadas de água, estando
sua distribuição vertical restrita ao interior da zona eutrófica, onde, graças à presença da
energia luminosa, promove o processo fotossintético, responsável pela base da cadeia
alimentar do meio aquático. (3) Plantas aquáticas muito pequenas, geralmente microscópicas.
Paleontologia – Ciência que interage com a biologia e a geologia. O estudo dos fós-
seis, ou seja, restos mineralizados de seres vivos ou vestígios de vida de organismos que existiram
durante a história da vida na Terra, e que se encontram preservados no registro geológico.
72
Predação – Relação alimentar entre organismos de espécies diferentes, benéfica
para um deles (o predador) às custas da morte do outro (presa).
Manguezais – (1) Sistema ecológico costeiro tropical, dominado por espécies vegetais
típicas (mangues), às quais se associam outros organismos vegetais e animais. Os mangues
são periodicamente inundados pelas marés e constituem um dos ecossistemas mais produtivos
do planeta. (2) São ecossistemas litorâneos, que ocorrem em terrenos baixos, sujeitos à
ação da maré, e localizados em áreas relativamente abrigadas, como baías, estuários e
lagunas. São normalmente constituídos de vasas lodosas recentes, às quais se associa tipo
particular de flora e fauna (FEEMA, proposta de Decreto de regulamentação da Lei n° 690/84). (3)
Nutrientes – (1) Qualquer substância do meio ambiente utilizada pelos seres vivos,
seja macro ou micronutriente, por exemplo, nitrato e fosfato do solo. Os plânctons (fitoplâncton
ou geoplâncton) incluem-se entre os nutrientes. (2) Elementos ou compostos essenciais
como matéria-prima para o crescimento e desenvolvimento de organismos, como, por
exemplo, o carbono, o oxigênio, o nitrogênio e o fósforo.
Nicho – (1) O papel desempenhado por uma espécie particular no seu ecossistema.
(2) Localização ecológica de uma espécie em uma comunidade ou ecossistema. Por exemplo:
posição na cadeia trófica; o limite do nicho é ditado pela presença de espécies competidoras.
Radiação – (1) As radiações emitidas podem ser naturais ou artificiais. Os raios do sol,
p.ex., ou os materiais radiativos naturais das jazidas estão entre as radiações naturais do planeta.
Transgressão marinha – avanço dos mares por sobre as terras emersas, gerando
uma conseqüente elevação do nível do mar. Pode ser causado por fatores diversos, como
por exemplo, o abatimento de algumas regiões ou pelo derretimento de grandes extensões
da calota polar. É o contrário de regressão marinha.
73
Referências
Biogeografia Bibliográficas
Bibliografia Básica
DAJOZ, Roger. Ecologia geral. 2 ed. Petrópolis: Ed. Vozes, EDUSP, 1973. 474p.
FERRI, Mário Guimarães. Ecologia Geral. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia, 1980. 72p.
ROSS, Jurandyr L.S. (org). Geografia do Brasil. 2. ed. São Paulo: Edusp, 2001.
Bibliografia Complementar
ANDRADE LIMA. Vegetação. In: Atlas Nacional do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE-
CNG, PI.II.11.1966.91.
EGLER, Walter Alberto. Geografia física: vegetação. In: Boletim Geográfico. Rio
de Janeiro: IBGECNG,(191): 235-46, 1966.
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RIZZINI, Carlos Toledo. Nota prévia sobre a divisão fitogeográfica (florístico-
sociológica) do Brasil. In: Revista Brasileira de Geografia. Rio de Janeiro: IBGE-CNG, 25
(1): 3-64, 1963.
Sites:
http://www.ambientebrasil.com.br
http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./natural/index.html&
conteudo=./natural/artigos/biogeografia.html
http://www.ibge.com.br
http://www.ecositebr.bio.br/biodiversidade.htm
http://www2.Tvcultura.com.br/reporteeco
http://paginas.terra.com.br/lazer/staruck/biosfera.htm
http://www.drauziovarella.com.br/artigos/povoou.asp
http://www.mma.gov.br/port/sbf/chm/biodiv/biodiv.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%A1xon
75
Biogeografia
FTC - EaD
Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância
Democratizando a Educação.
www.ftc.br/ead
76
www.ftc.br/ead