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Há, portanto, nessa fase, uma análise das relações éticas entre os indivíduos que
nascem no cerne de formas de saber e instituem padrões normais de
subjetividade em face de tipos diversos de sujeitos. Foucault passa a investigar as
relações do indivíduo de si para consigo, introjetando ou repelindo os padrões
exigidos de comportamento, conformando-se ou resistindo.
A partir de Vigiar e Punir (1975), Foucault percebe que o poder soberano estatal
que explicitamente se exerce sobre os corpos de criminosos, sobretudo no século
XIX, torna-se improdutivo. O Estado, ao punir criminosos com o suplício (tortura
e execuções públicas), mobiliza um gasto de poder desproporcionalmente elevado
em relação ao corpo do réu.
Podemos ilustrar esses meios em uma sala de aula. A posição dos alunos,
distribuídos em carteiras, é tal que o professor pode observá-los no desempenho
de suas tarefas, previamente distribuídas no tempo. Durante essa execução, os
alunos são submetidos ao julgamento do professor, que os avalia e submete a
novas atividades para corrigir as “deficiências de aprendizado”. Por fim, essa
prática gera conhecimentos pedagógicos e de psicologia da educação, que serão
reutilizados na turma e em outras turmas para aperfeiçoar a produção de alunos
obedientes e que aprendem tudo que lhes for ensinado.
A sociedade do século XX transforma-se na sociedade disciplinar. Diversas de
suas instâncias tornam-se espaços de exercício desse poder: academias de
ginástica, asilos, consultórios, escolas, hospitais, prisões… No extremo, o próprio
indivíduo, transformado em um corpo dócil e socialmente útil, aprende a se
disciplinar, exercendo sobre si mesmo esse poder.
Referências: