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Entre o discurso do mestre e a ética do desejo: reflexões sobre a RAPS de

Fortaleza/CE.

LARA CAVALCANTE DA SILVEIRA


Psicanalista, Mestranda em Pesquisa e Clínica Psicanalítica (UERJ), Psicóloga (UFC)

larasilvs@gmail.com

TALITA ALCÂNTARA FONTENELE E SILVA

Residência Integrada Em Saúde/Escola De Saúde Pública Do Ceará (RIS/ESP-CE)

Residente Em Saúde Mental (ESP-CE) e Psicóloga (UFC)

tahfontenele@gmail.com
Entre o discurso do mestre e a ética do desejo: reflexões sobre a RAPS de
Fortaleza/CE.

A lei 10.216/2001, fruto direto da Reforma Psiquiátrica Brasileira, levou à implementação


de serviços substitutivos ao modelo asilar em saúde mental, como os CAPS, que atuam
diretamente no adoecimento psíquico crescente no país. Nas equipes multiprofissionais
que atuam nesses serviços frequentemente coexistem o psicanalista e o psicoterapeuta,
buscando dar conta das exigências específicas de um trabalho em saúde mental, cada
um com seu arcabouço teórico-clínico. Nessa coexistência, percebemos diferenças no
lugar ocupado pela psicanálise e pelas psicoterapias em geral, principalmente no que se
refere à ética de trabalho. Os retrocessos no cenário político nacional e a expansão da
lógica predatória do capital acabam também por evidenciar essas diferenças,
especialmente com o aumento da procura dos serviços. O objetivo deste trabalho é
diferenciar, no recorte específico dos equipamentos da rede de saúde mental de Fortaleza
(Ceará), a posição da psicanálise e das psicoterapias no que concerne ao atual
sucateamento desses serviços e o lugar especial que a ética psicanalítica têm nesses
espaços. Delimitando a diferença entre a psicanálise e a psicoterapia, procuramos
sublinhar o modo como a psicoterapia frequentemente acaba entrando em uma lógica
capitalista de restaurar um bem-estar e fazer do indivíduo produtivo, e como essa lógica
pode ter um caráter normatizador e superegóico, desconsiderando a subjetividade de
profissionais e de usuários da rede de saúde mental.

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