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Se o Direito é concebido como uma ordem normativa, como um sistema de normas que regulam a
conduta dos homens, então qual é o seu fundamento de validade e de unidade? O fundamento de
validade de uma norma só pode ser a validade de uma outra norma pois só podemos fundamentar algo do
dever-ser com algo do dever-ser e algo do ser com algo do mundo do ser. Sendo esta segunda norma a
norma superior em detrimento da primeira, que será a inferior.
O fundamento de validade poderia ser que ela é posta p por uma autoridade, humana ou supra-
humana, como nos Dez Mandamentos. A norma a qual devemos obedecer as ordens de Deus seria a
norma que daria fundamentação para as ordens dele.
Apenas uma autoridade competente pode estabelecer normas válidas, e uma tal competência somente
se pode apoiar sobre uma norma que confira poder para fixar normas. A esta norma se encontram sujeitos
tanto à autoridade dotada de poder legislativo como os indivíduos que devem obediência às normas por
ela fixadas.
A Norma Fundamental é a norma última superior. Ela é a última e a mais elevada, sendo então
pressuposta, e não posta no ordenamento. O fundamento deste norma não é posto em questão, já que ela
só serve para fundamentar todo o resto. Ela também é a fonte comum, em que todas as outras normas do
ordenamento direta ou indiretamente se dirigem. É ela que constitui a unidade de uma pluralidade de
normas enquanto representa o fundamento de validade de todas as normas pertencentes a essa ordem
normativa.
Sistema Estático: As normas de um ordenamento estático, quer dizer, a conduta dos indivíduos por
elas determinada, é considerada como devida (devendo ser) por força do seu conteúdo, porque a validade
pode ser conduzida a uma norma a cujo conteúdo pode ser subsumido o conteúdo das normas que
formam o ordenamento, como o particular ao geral.
Ex: Norma fundamental: Devemos amar ao próximo
Normas: Não devemos fazer mal ao próximo, devemos respeitar o próximo, não devemos
prejudicar o próximo, etc.
Esta norma, pressuposta como norma fundamental, fornece não só o fundamento de validade
como o conteúdo de validade das normas dela deduzidas através de uma operação lógica. Só que a
norma fundamental só pode ser considerada fundamental quando seu conteúdo seja havido como
imediatamente evidente, significando que ela é dada na razão prática. Este conceito se torna
insustentável, pois a função da razão é conhecer e não querer, e o estabelecimento de normas é um ato
de vontade. Por isso, não pode haver norma imediatamente evidente.
Sistema Dinâmico: É caracterizado pelo fato de a norma fundamental pressuposta não ter por
conteúdo senão a instituição de um fato produtor de normas, a atribuição do poder a uma autoridade
legisladora ou uma regra que determina como devem ser criadas as normas gerais e individuais do
ordenamento fundado sobre esta norma.
A norma fundamental limita-se a delegar numa autoridade legisladora, quer dizer, a fixar uma regra
de conformidade com a qual devemos ser criadas as normas deste sistema. A norma que constitui o ponto
de partida da questão não vale por forçado sue conteúdo, ela não pode ser deduzida da norma
pressuposta através de uma operação lógica. Uma tal norma pertence a um ordenamento jurídico que se
apoia numa tal norma fundamental porque é criada pela forma determinada através dessa norma
fundamental e não porque tem um determinado conteúdo. Em algumas tribos, o costume é o fato criador
de normas.
f) Legitimidade e Efetividade
O domínio de validade de uma norma pode ser limitado, especialmente o de validade. As normas de
uma ordem jurídica valem enquanto a sua validade não termina, de acordo com os preceitos dessa ordem
jurídica. Na medida em que ela regula sua própria criação, ela regula o início e o fim da validade de suas
normas.
O princípio de que a norma de uma ordem jurídica é válida até a sua validade terminar por um modo
determinado através desta mesma ordem jurídica, ou até ser substituída pela validade de uma outra
norma desta ordem jurídica, é o Princípio da Legitimidade.
Este princípio, no entanto, só é aplicável a uma ordem jurídica estadual com uma limitação muito
importante: no caso de revolução, não encontra aplicação alguma. Uma revolução no sentido amplo da
palavra, compreendendo também o golpe de Estado, é toda modificação ilegítima da Constituição, isto é,
toda modificação da Constituição, ou a sua substituição por uma outra, não operadas segundo as
determinações da mesma Constituição.
Quando há a modificação da Constituição vigente ou a substituição da mesma, uma grande parte das
leis promulgadas sob a antiga Constituição permanece, como costuma dizer-se, em vigor. O que existe,
não é uma criação de Direito inteiramente nova, mas recepção de normas de uma ordem jurídica por uma
outra. Mas também essa recepção é produção de Direito.
O conteúdo destas normas permanece na verdade o mesmo, mas o seu fundamento de validade toda
a ordem jurídica, mudou, modificando-se assim a norma fundamental.
Os atos que surgem com o sentido subjetivo de criar ou aplicar normas jurídicas já não mais são
pensados sob a pressuposição da antiga norma fundamental, mas sob a pressuposição da nova norma
fundamental. Se a antiga Constituição tivesse permanecido eficaz, não haveria qualquer motivo para
pressupor uma nova norma fundamental no lugar da antiga.
O princípio que aqui surge em aplicação é o chamado princípio da efetividade. O princípio da
legitimidade é limitado pelo Princípio da Efetividade.
g) Validade e Eficácia
Nessa limitação entra-se a conexão entre validade e eficácia. É apenas a relação entre o dever-ser da
norma e o ser da realidade natural.
Existem 2 teses:
1ª Não existe conexão de espécie alguma entre eficácia e validade.
Tese Idealista
2ª A validade do Direito se identifica na sua eficácia.
Tese Realista
As duas são falsas. A 1ª porque não pode negar-se que uma ordem jurídica como um todo também
perde sua validade se ela se torna ineficaz e porque a norma jurídica positiva para ser válida tem que ser
posta por um ato-de-ser(da ordem do ser). A 2ª é falsa porque existem casos de normas jurídicas que não
são eficazes, mas ainda sim são válidas.
A proposta da Teoria Pura do Direito é “A solução proposta pela Teoria Pura do Direito para o
problema é: assim como a norma de dever-ser, como sentido do ato-de-ser que a põe, se não identifica
com este ato, assim a validade de dever-ser de uma norma jurídica se não identifica com a sua eficácia da
ordem do ser; a eficácia da ordem jurídica como um todo e a eficácia de uma norma jurídica singular são -
tal como o ato que estabelece a norma - condição da validade. Tal eficácia é condição no sentido deque
uma ordem jurídica como um todo e uma norma jurídica singular já não são consideradas como válidas
quando cessam de ser eficazes.”
A fixação positiva e a eficácia são pela norma fundamental tornadas condição da validade.
No silogismo normativo que fundamenta a validade de uma ordem jurídica temos:
-Premissa Maior: devemos conduzir-nos de acordo com a Constituição efetivamente posta e
eficaz. (a proposição de dever-ser que enuncia a norma fundamental)
-Premissa Menor: a Constituição foi efetivamente posta e é eficaz (as normas postas são
globalmente aplicadas e observadas)
-Conclusão: devemos conduzir- nos de harmonia com a ordem jurídica.(proposição de
dever-ser)
Logo, se a Constituição perde a eficácia também perde sua vigência (validade),mas ela não perde
sua validade pelo simples fato de uma norma em singular perder a eficácia. Uma norma jurídica pode
perder a validade pelo fato de permanecer por longo tempo inaplicada ou inobservada, ou seja, em
desuetudo.
Se no lugar do conceito de realidade - como realidade da ordem jurídica - se coloca o conceito de
poder, então o problema da relação entre validade e eficácia coincide com a existente entre Direito e força
– bem mais corrente. E, então, a solução aqui tentada é apenas a formulação cientificamente exata da
antiga verdade de que o Direito não pode, na verdade, existir sem a força, mas que, no entanto, não se
identifica com ela. E - no sentido da teoria aqui desenvolvida - uma determinada ordem (ou ordenação) do
poder.
Nos atos-jurídicos
E POR AI CONTINUA