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Jorge Nunes | A Metrópole nos Pensamentos de Manfredo Tafuri e Rem Koolhaas

A Metrópole nos Pensamentos de Manfredo


Tafuri e Rem Koolhaas
The Metropolis in Manfredo Tafuri and Rem Koolhaas thoughts
Jorge Nunes*

Resumo Abstract

A presença simultânea de duas atitudes em rela- The simultaneous presence of two attitudes to-
ção à metrópole – desconfiança e desejo – tornou- ward metropolis - distrust and desire - has be-
*Jorge Luís Firmino Nunes
-se central na nossa cultura, com a metrópole a ser come central in our culture, with the metropolis
é arquiteto (1993) e mestre violentamente denunciada e/ou apaixonadamente to be violently denounced and / or passionately
(2002) pela Faculdade de exaltada. Assim, respondendo a uma ansiedade- exalted. Thus, responding to an anxiety of our
Arquitetura da Universidade do nosso tempo, proponho uma análisedo pro- time, I propose an analysis of the process of this
Técnica de Lisboa. É docen- cesso desta dialéctica, iniciada em finais do séc. dialectic, which began at the end of the century.
te no Departamento de His- XVIII, apoiando-me nas reflexões de dois autores XVIII, supporting me in the reflections of two key
tória e Teoria da Arquitetura, fundamentais do pensamento arquitectónico con- authors of contemporary architectural thought:
do Urbanismo e do Design temporâneo: o historiador italiano Manfredo Tafuri Italian historian Manfredo Tafuri and the Dutch ar-
da Faculdade de Arquitetura e o arquitecto holandês Rem Koolhaas. chitect Rem Koolhaas.
da Universidade Técnica de
Lisboa, onde tem em curso o
Palavras-chave: Metrópole. Pensamento Arqui- Keywords: Metropolis. Architectural thinking.
processo de investigação de
Doutoramento.
tetônico. Manfredo Tafuri. Rem Koolhaas. Manfredo Tafuri. Rem Koolhaas.

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Progetto e utopia, escrito por Manfredo Tafuri, Progetto e Utopia é expressão de um pensamento
membro da Escola de Veneza e um dos mais in- marxista radical que, perante a crise dos últimos
fluentes historiadores da arquitectura da segunda ciclos da arquitectura moderna, decreta a “morte”
metade do XX, foi publicado pela primeira vez em da arquitectura como disciplina humanista. Deli-
1973. Hoje ainda éum livro fundamental da histo- rious New York, escrito por um arauto da globali-
riografia da arquitectura contemporânea. zação e um dos ideólogos do pensamento arqui-
tectónico da actualidade, é uma obra que perante
Delirious New York, editado cinco anos depois, é essa crise anuncia uma saída para a arquitectura
um dos textos decisivos da cultura arquitectónica contemporânea a partir de uma leitura muito pe-
das últimas décadas do século XX e a obra que culiar do urbanismo de Manhattan. Depois de ler
deu notoriedade a Rem Koolhaas, um dos arqui- estas duas obras podemos afirmar que a arquitec-
tectos mais influentes dos anos mais recentes. tura morre às mãos de Tafuri, para renascer logo a
seguir na visão delirante de Koolhaas.
Proponho fazer uma leitura comparada do pensa-
mento dos autores destes dois livros.A razão desta Apesar de aparentemente se posicionam em
proposta é pessoal: Quando os li pela primeira vez campos ideológicos opostos,há nestes dois li-
fiquei com a “estranha” mas excitante sensação vros algo que os aproxima. Mas como é isso
de que se opunham, como se um constitui-se a possível? Como podem ser diferentes e ao mes-
imagem invertida do outro, como se Delirious New mo tempo semelhantes? A questão pode, à par-
York, no seu optimismo alucinado, fosse uma res- tida, parecer mal colocada;os autores têm uma
posta ao pessimismo niilista de Progetto e Utopia. diferença de nove anos de idade e distinguem-

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-se sobretudo pela diversidade das suas culturas alegoria. Para ambos, a metrópole é a metáfora
de origem. Entre os dois há grandes diferenças do mundo moderno e simultaneamente a realida-
geracionais, culturais e institucionais que limitam de do nosso mundo contemporâneo.
a priori qualquer comparação.Os retratos bio-
gráficos e profissionais também confirmam essa Tafuri entende que qualquer gesto, qualquer
distância: Tafuri, apesar de formado em arquitec- acto, qualquer acção da lógica instaurada pelo
tura, destacou-se sobretudo pelo trabalho como Iluminismo, é uma resposta às questões coloca-
historiador; Koolhaas fez incursões na história, das pela metrópole. Para ele a modernidade não
mas é mais conhecido pelos edifícios que cons- é imaginável sem a metrópole porque a metrópo-
truiu um pouco por todo o mundo. Além disso, le é a “forma-tipo” da modernidade.
os interesses, os objectos de estudo, as meto-
dologias, as abordagens, fazem pensar mais em Em Koolhaas, a metrópole começa por se referir
disjunção do que em convergência. Também não a uma leitura muito particular da cidade de Nova
há memória de encontros pessoais e as poucas Iorque. No entanto, e à semelhança de Tafuri, o
referências que fizeram um ao outro são mera- seu uso da palavra metrópole também remete
mente circunstanciais. para o horizonte mais vasto da modernidade.

II Para Tafuri, a metrópole é sinónimo de negatividade


e de pensamento negativo. Neste sentido, a metró-
O que está na base do pensamento dos dois au- pole é necessariamente o locus da crise que carac-
tores é a ideia de metrópole, ou melhor uma cer- teriza a modernidade. Para Koolhaas, a metrópole,
ta ideia de modernidade. Para compreendermos é a “arena do estádio terminal da civilização oci-
esta afirmação é necessário precisar o sentido dental ”(Heidingsfelder; Tesch, 2007: 18’ 02’’).
que a palavra metrópole assume na suas obras.
O termo metrópole não se refere a uma cidade Esta presença simultânea de duas atitudes em
específica mesmo se Nova Iorque é o objecto de relação à metrópole – desconfiança e desejo –
estudo do livro de Koolhaas e cidades como Pa- é uma marca de um tempo que é o nosso. Nos
ris e Viena são referências constantes nos traba- últimos dois séculos a metrópole foi violentamen-
lhos de Tafuri. É verdade que ambos se referem te denunciada e/ou apaixonadamente exaltada;
ao complexo sistema de produção e consumo tornou-se central na cultura contemporânea
que é expressão da realidade industrial da ci- constituindo um ponto de fixação dos nossos
dade burguesa. No entanto, ambos assumem o receios e das nossas esperanças. Nesse senti-
termo “metrópole” como uma abstracção, uma do, as reflexões sobre a metrópole de Manfredo

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Tafuri e Rem Koolhaas, apoiadas no processo tados Unidos em 1972 e começa a coleccionar
desta dialéctica, iniciada em finais do séc. XVIII, postais ilustrados de Nova Iorque juntamente com
respondem a uma interrogação sobre a consci- a sua mulher Madelon Vriesendorp. O objectivo é
ência desse tempo. olhar para Manhattan como berço de uma nova
cultura metropolitana, invertendo radicalmente
III a imagem histórica de uma cidade ainda olhada
com condescendência e desdém, devido ao seu
No Pós-Guerra, ambos os autores vivem o pe- carácter estritamente pragmático e utilitário. Ta-
ríodo da dissolução do movimento moderno furi, por sua vez e na sequência dos estudos que
e as complexas transformações culturais dos a Escola de Veneza dedicou à cidade soviética,
anos 1960 que culminam no Maio de 68.É a pretende analisar o poderoso processo de trans-
partir do contexto revisionista dos anos 1960 formações urbanas posto em marcha pelo outro
que Manfredo Tafuri e Rem Koolhaas começam grande “sistema mundial” da modernidade. Ao
verdadeiramente a actuar. Tafuri vai recorrer à contrário de koolhaas, que trabalha in loco com
“dialéctica negativa” de Theodor Adorno e Max imagens e documentos reunidos em alfarrabistas
Horkeimer para diagnosticar a “crise” da arqui- de Nova Iorque, Tafuri está distante das fontes
tectura contemporânea e iniciar uma leitura crí- primárias. Nestes anos marcados pela guerra fria
tica dos fundamentos ideológicos da disciplina é difícil aos militantes comunistas deslocarem-se
estabelecidos desde o Iluminismo. Koolhaas, em livremente até à América, pelo que a investigação
alternativa, e em pleno rescaldo dos tumultos de de suporte a estes cursos é feita em Itália, a partir
1968, vai encontrar em Nova Iorque (em Coney de materiais recolhidos em bibliotecas e arquivos
Island, para ser mais preciso) as sementes de italianos e em instituições congéneres da Alema-
uma nova cultura, a “Cultura da Congestão”, que nha e de Inglaterra.
promete superar a “crise” recorrendo a uma mo-
dernidade extremada (uma “hiper-modernidade” As investigações dos dois autores resultam em
nas palavras de Tafuri), superlativa e, por isso, Trabalhos muito distintos. Koolhaas, em colabo-
mais verdadeira, na sua óptica. ração com o seu antigo professor Elia Zenghe-
lis, desenvolve uma série de projectos teóricos
Os primeiros anos da década de 1970 são ancorados na investigação novaiorquina iniciada
marcados pela vontade,sentida por ambos os com Madelon Vriesendorp. The City of the Cap-
autores,de investigar a cidade americana. Depois tive Globe (A Cidade do Globo Cativo, 1972) é o
de terminar os estudos na Architectural Associa- primeiro de uma série de trabalhos que inclui The
tion, em Londres, Koolhaas muda-se para os Es- Egg of Columbus (1973), Hotel  Sphinx (1975-

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1976), Welfare Palace Hotel (1976) e The Story riss e Raymond Hood, e complexos edificados
of the Pool (1977). Estes projectos, apresentados como o Rockefeller Center.
como conclusão “ficcional” no último capítulo de
Delirious New York, são os primeiros exemplos Para Tafuri, o arranha-céus da América dos anos
de uma arquitectura verdadeiramente metropoli- 1920 é expressão e instrumento da lógica capi-
tana desenvolvida a partir do estudo do urbanis- talista mais avançada; um organismo arquitectó-
mo de Manhattan. nico colocado ao serviço da mais pura especu-
lação fundiária. Para Koolhaas, pelo contrário, o
As investigações de Tafuri reflectem-se nos tra- arranha-céus de Manhattan é o instrumento pri-
balhos editados em 1973, o livro Progetto e uto- vilegiado da Cultura da Congestão (a cultura do
pia, e o ensaio La montagna disincantata: Il grat- século XX, não esqueçamos), capaz de resgatar
tacielo e la City (A Montanha Desencantada: O a arquitectura da crise “existencial” em que se
Arranha-céus e a City), dedicado ao fenómeno encontra desde o pós-guerra.
do arranha-céus e ao seu território privilegiado
– a Manhattan dos anos 1920 e 30.Com estes No início da segunda metade da década de 1970
trabalhos Tafuri fica próximo de Koolhaas. Próxi- Koolhaas decide abandonar a América e regres-
mo em mais de um sentido, como assinalaram- sar à Europa com o intuito de fundar o atelier
Marco Biraghi (2005) eAdrián Gorelik (2008); não OMA, Office for Metropolitan Architecture, com o
só porque estas obras se publicam no momento casal Elia e Zoe Zenghelis e a sua esposa Ma-
em que Koolhaas começa a investigar o urba- delon Vriesendorp. Em 1977, Koolhaas publica,
nismo de Manhattan,mas, sobretudo, porque o na revista Architectural Design, o ensaio Life in
itinerário crítico estabelecido por Tafuri foca os the Metropolis or The Culture of Congestion, uma
principais temas de Delirious New York – a grelha síntese exploratória do que virá a ser o “manifes-
e, sobretudo, o arranha-céus. De resto, La mon- to retroactivo” de Delirious New York, publicado
tagna disincantata segue de muito perto o itine- no ano seguinte. O objectivo, descaradamente
rário do livro de Koolhaas, abrangendo os mo- polémico, é rejeitar as doutrinas urbanas dos
mentos chave do planeamento de Nova Iorque CIAM, substituindo-as pelas qualidades lúdicas,
nas duas primeiras décadas do século XX: a Lei fantásticas e surreais descobertas no interior de
de Zonamento (Zoning Law) de 1916 e o Plano Manhattan.Para além de enunciar os princípios
Regional de Nova Iorque (Regional Plan of New fundadores do Manhattanismo e da Cultura da
York) iniciado em 1923. Analisa também figuras Congestão, Life in the Metropolis afirma a posi-
determinantes no desenvolvimento da tipologia ção peculiar de Koolhaas no contexto da cultura
do arranha-céus como os arquitectos Hugh Fer- arquitectónica de finais de 1970, ao reiterar o seu

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distanciamento simultâneo do pós-funcionalismo meira diz respeito ao problema da escrita da


e do pós-modernismo. história e do criticismo “operativo”. O livro de
Koolhaas pode ser lido à luz da noção tafuriana
Sete anos depois de La Montagna Disincantata, de “crítica operativa”, no sentido em que é uma
Tafuri regressa, pela última vez, às temáticas da representação da história instrumentalizada para
cidade americana dos anos 1920 nas páginas de prescrever, e não apenas descrever, a história da
La sfera e il labirinto, com uma visão mais som- arquitectura em relação aos desenvolvimentos
bria, desencantada, sem réstea de esperança. contemporâneos e futuros. Em vez de realizar
Em 1973, apesar da carga “negativa” inerente ao uma reconstituição objectiva da história de Ma-
seu modo de pensar, ainda há uma ambiguida- nhattan, faz uma reconfiguração ficcional, com-
de na qual se pode ler um certo entusiasmo pelo binando os vários fragmentos da história através
fenómeno americano, em sintonia, aliás, com as de uma narrativa assumidamente especulativa e
pesquisas de Koolhaas. Em 1980 esse encanto delirante.A segunda diz respeito à modernidade.
desaparece.Com o ensaio The New Babylon: i Tafuri é pessimista em relação à modernidade
“giganti gialli” e il mito dell'americanismo (A Nova interpretando-a como um processo de “crise”
Babilónia: Os “Yellow Giants” e o Mito do Ameri- através do pensamento de autores que desen-
canismo), Tafuri coloca-se no extremo oposto de volveram uma visão negativa da realidade con-
Delirious New York, livro que nunca refere explici- temporânea; Nietzsche, Oswald Spengler e so-
tamente, mas cuja leitura se detecta nas entreli- bretudo a ideologia da metrópole discutida pela
nhas de certas passagens do texto. As energias cultura germânica desde oitocentos até à primei-
condensadas em Nova Iorque, “sinais” de uma ra metade do século XX.
malaise geral, não são mais do que uma parábola
dessa “forma mutante de coexistência humana” À semelhança de Tafuri, Koolhaas também está
que é, na expressão de Koolhaas, a Cultura da interessado na modernidade. É a quintessência
Congestão. “Na “nova Veneza” – alegoria de uma da modernidade que procura em Nova Iorque
condição humana geral – é necessário usar uma e o leva a afirmar Manhattan como a “Pedra de
máscara para salvar a nossa própria alma.” Roseta do século XX” (Koolhaas, 1978: 9) ou,
mais ainda, como “arena do estádio terminal da
IV civilização ocidental.” Mas ao contrário de Tafuri,
Koolhaas desenvolve uma visão aparentemente
Da análise de Progetto e utopia e Delirious New positiva. A originalidade de Delirious New York
York resultam várias evidências que cruzam ar- reside assim na vontade de investigar as estru-
gumentos defendidos pelos dois autores. A pri- turas profundas que se escondem por trás de

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Manhattan e da sua arquitectura, e de encontrar as é uma contradição assumida desde o início.


no lado oculto da metrópole de Nova Iorque as Basta ver como Delirious New York baralha deli-
sementes que no futuro hão-de permitir superar a beradamente ficção e realidade, alternando entre
crise da arquitectura moderna diagnosticada nas surrealismo e realismo;
análises “negativas” de Tafuri:
2. Realidade socio-económica: à semelhança
Este livro deve ser, e inevitavelmente será, lido do trabalho que Tafuri dedicou à contempora-
contra a corrente de análises negativas que neidade, a obra teórica de Koolhaas também é
emana de Manhattan contra Manhattan e que dual, também cruza o discurso sobre a arquitec-
firmou solidamente Manhattan como a capital tura com a realidade económica. Veja-se como
da crise perpétua (Koolhaas, 1978: 11). a partir da publicação de S,M,L,XL (1995) a con-
dição da arquitectura é “iluminada” a partir do
O propósito de Delirious New York é esconjurar impacto “corrosivo” da política, da economia,
esta crise,invertendo os valores da negatividade da da globalização.
“máquina absurda” da metrópole moderna, denun-
ciada por Tafuri e colegas da Escola de Veneza. 3. Pensamento Negativo: Koolhaas, em aparen-
te sintonia com o pensamento negativo de Tafuri,
V também entende a modernidade como sistema
cada mais fechado, em que as práticas arquitectó-
A leitura comparada dos dois livros coloca no nicas são incapazes de influenciar o curso da His-
mesmo plano ideológico os pensamentos de Ta- tória. Veja-se o modo como se tem vindo a referir à
furi e Koolhaas sobre a metrópole, podendo ser arquitectura em tons apocalípticos considerando-
resumida em três linhas programáticas: -a uma actividade residual condenada a desapa-
recer. A afirmação de Nova Iorque como “cidade
1. Ambivalência e Contradições: O tema da da crise perpétua” é feita já com este sentido; por
contradição é um dos pontos de aproximação um lado confirma o término diagnosticado na his-
entre os autores. Em Tafuri o tópico diz respei- tória dialéctica de Tafuri, por outro reitera a visão
to tanto às contradições irredutíveis do sistema marxista de que não é possível mudar o sistema
capitalista, como às antinomias do seu próprio global sem antes haver uma revolução que pro-
pensamento. Uma destas antinomias é a existên- mova a alteração do sistema: “a metrópole é uma
cia simultânea de modos de pensamento incom- máquina viciante, da qual não há escapatória, a
patíveis, que em Tafuri se tornou num problema menos que ela também ofereça essa possibilida-
sistémico nunca resolvido, mas que em Koolha- de de fuga” (Koolhaas, 1978: 293).

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Tafuri dedicou grande parte da sua obra à análi- legas de Veneza pode parecer paradoxal, mas a
se das contradições do sistema capitalista. Não ética revelada por Koolhaas não o é menos por-
tinha esperança de encontrar soluções satisfató- que ao mesmo tempo que afirma não querer mu-
rias para estas contradições e crises. Acreditava, dar o mundo, não deixa, contudo, de denunciar
contudo, na possibilidade de descobrir uma meto- a direcção “negativa” em que ele avança. Nesta
dologia, um plano, que permitisse, não a solução, denúncia Koolhaas chega, inclusivamente, a re-
mas “o controlo das causas de tanto sofrimento”, tomar os preceitos da dialéctica da modernidade
como afirma Giorgio Ciucci (Ciucci, 1995: 25). tão caros ao historiador italiano.

Koolhaas também se confronta com as contradi- Com a escrita de Junkspace (in Koolhaas, 2003) o
ções, também sabe que tem de viver com elas, lado “negativo” e sombrio de Koolhaas vem à su-
que não têm solução e que são a própria condi- perfície. O progresso tanto é acolhido, como ataca-
ção da modernidade. No entanto, enquanto Tafu- do, do mesmo que em Delirious New York, a me-
ri mantém uma esperança, por mais remota que trópole tanto é glorificada como implacavelmente
seja, na transformação global do sistema capita- criticada. Neste sentido, Junkspace é, talvez, a mais
lista, Koolhaas convive com o mundo moderno tal eloquente expressão da ambivalência de Koolhaas
como o encontra e não o quer mudar. Não é um face à contemporaneidade, pois permite perceber
arquitecto utópico com uma visão transformado- até que ponto a sua metodologia vive fascinada si-
ra da sociedade ou da cidade e não acredita que multaneamente com os valores da modernidade e
os arquitectos, os intelectuais ou os políticos se- da modernização, bem como com os cenários de
jam capazes de construir sociedades e/ou cida- pesadelo que lhe estão associados.
des ideais. Neste sentido, rejeita qualquer ideia
de equilíbrio espacial ou ideal de planeamento, VI
e certamente qualquer referência ao significado
social ou mesmo moral da arquitectura. A ambivalência e as contradições aparentes de
Tafuri face à modernidade a que se juntam os
Numa entrevista realizada em 1992, Koolhaas resu- sentimentos contraditórios (mixed feelings) de
me numa fórmula eloquente a sua posição face à Koolhaas perante os exorbitantes valores desta
modernidade: “Estamos seduzidos; sentimos ale- mesma modernidade, resumidos na fórmula “es-
gria e horror ao mesmo tempo. E tentamos analisar tamos seduzidos; sentimos alegria e horror ao
estas emoções contraditórias” (Kolhaas, 1992: 22). mesmo tempo”(1992: 22), podem ser lidos à luz
do livro All That Is Solid Melts Into Air: The Expe-
A posição de “combate” de Tafuri e dos seus co- rience of Modernity (Tudo o Que é Sólido se Dis-

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solve no Ar: A Experiência da Modernidade), um ficas e raciais, de classe e nacionalidade, de


estudo sobre a dialéctica da modernidade e do religião e ideologia: nesse sentido, pode dizer-
modernismo publicado pelo filósofo americano -se que a modernidade une a espécie humana.
Marshall Bermanem 1982, quatro anos depois de Porém, é uma unidade paradoxal, uma unidade
Delirious New York e dois anos depois de La Sfera de desunidade: ela despeja-nos a todos num
e il Labirinto, o último trabalho que Tafuri dedicou turbilhão de permanente desintegração e mu-
à contemporaneidade. Na introdução do seu li- dança, de luta e contradição, de ambiguidade e
vro, Berman avança uma perspectiva que explica angústia. Ser moderno é fazer parte de um uni-
o posicionamento dos dois autores: verso em que, como disse Marx, “tudo o que é
sólido se dissolve no ar”(Berman, 1982: 13-15).
Ser moderno é viver uma vida de paradoxo e
contradição. É sentir-se fortalecido pelas imen- Berman entende que a riqueza desta dialéctica
sas organizações burocráticas que detêm o iniciada no século XIX por autores como Marx ou
poder de controlar e frequentemente destruir Nietzsche, foi-se perdendo ao longo do século
comunidades, valores, vidas; e ainda sentir- XX, para se extinguir de algum modo nos anos
-se compelido a enfrentar essas forças, a lutar 1970, um período de “reacção e estagnação” que
para mudar o seu mundo, transformando-o no classifica como uma “década insípida”. O eclipse
nosso mundo. É ser, ao mesmo tempo, revolu- do problema da modernidade na década de1970
cionário e conservador: aberto a novas possibi- significou a destruição de uma forma vital de es-
lidades de experiência e aventura, aterrorizado paço público. Acelerou a desintegração do nosso
pelo abismo niilista a que tantas das aventuras mundo num aglomerado de grupos de interesse
modernas conduzem, na expectativa de criar privado, material, e espiritual, vivendo em móna-
e conservar algo real, mesmo quando tudo em das sem janelas, ainda mais isolados do que pre-
volta se desfaz. Dir-se-ia que, para ser inteira- cisamos de ser.
mente moderno, é preciso ser antimoderno (…).
Ser moderno é encontrar-se num ambiente que É desta fragmentação que Tafuri dá conta em
promete aventura, poder, alegria, crescimento, obras como Architettura contemporanea e La
autotransformação e transformação das coisas sfera e il labirinto, escritas nessa década. Aos
em redor – mas, ao mesmo tempo, ameaça olhos de Tafuri, a arquitectura de autores como
destruir tudo o que temos, tudo o que sabemos, James Stirling, Robert Venturi, Aldo Rossi, ou os
tudo o que somos. A experiência ambiental da arquitectos americanos dos anos 1970, fala ape-
modernidade anula todas as fronteiras geográ-
nas de si própria, sem ser capaz de estabelecer
contacto com o mundo exterior, sem qualquer

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possibilidade de transcendência. É por isso que máquina anti-urbana, são sintomas de um mun-
revela o mesmo desconforto sentido por Berman do moderno em desintegração, de um mundo em
quando fala das limitações intrínsecas às “lingua- que o espaço público deu lugar ao “aglomerado
gens privadas” experimentadas pelos arquitec- de grupos de interesse privado, material, e espiri-
tos da “década insípida”, e em relação às quais tual” de que fala o filósofo americano.
pouco tem a dizer além de verificar que atingiram
o fim de um ciclo e se encontram num impasse. Para Berman, o único escritor da “década in-
sípida” que tem realmente algo a dizer sobre a
Para Tafuri, a “década insípida” põe a nu aquela modernidade é Michel Foucault. E o que ele tem
que é a única condição de possibilidade da ar- a dizer é uma interminável, torturante série de
quitectura actual: “entrar em colapso perante o variações em torno dos “temas weberianos” do
sistema que assegura a sua demissão ou retirar- cárcere de ferro e das nulidades huma­nas, cujas
-se em solidão hipnótica”. É a consciência desta almas foram moldadas para se adaptar às bar-
situação “trágica” que leva o historiador italiano a ras. Fou­cault está obcecado por prisões, hos-
por um fim nos estudos dedicados à condição do pitais, asilos, por aquilo a que Erving Goffman
objecto arquitectónico na contemporaneidade, chamou “instituições totais”. Ao contrário de
considerada desde o Iluminismo até ao presente, Goffman, porém, Foucault nega qualquer pos-
e a virar a sua atenção para o estudo da arquitec- sibilidade de liber­dade, quer dentro, quer fora
tura do passado, em trabalhos como L’architettu- dessas instituições.
ra dell’umanesimo, L’armonia e i conflitti, Venezia
e il Rinascimento e Ricerca del Rinascimento. No mundo de Foucault não há liberdade porque
a sua linguagem compõe um cárcere mais con-
Apesar de podermos reconhecer Koolhaas no servador do “que tudo o que Weber sonhou”, no
“equilíbrio dinâmico” da dialéctica defendido por qual nenhum sopro de vida pode penetrar. É este
Berman, a verdade é que os seus sentimentos encarceramento que faz Berman estranhar o fac-
contraditórios (mixed feelings), “típicos da gera- to de tantos intelectuais daquela época revela-
ção de 68” (Koolhaas, 1992: 28), como ele pró- rem “tanta vontade em querer definhar lá dentro,
prio afirma, também não escapam ao “aprisio- com ele”. A resposta, no seu ver, é que Foucault
namento” da “década insípida”. A artificialização oferece a “toda uma geração de refugiados dos
da vida na metrópole, resultado da separação anos 1960 um álibi de dimensão histórica e mun-
entre arquitectura a cidade promovida pelo uso dial para o sentimento de passividade e deses-
de uma grelha no planeamento de Manhattan, e pero que tomou conta de tantos de nós nos anos
a consequente apologia do arranha-céus como 1970 (Berman, 1982: 13-15).

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Tafuri parece alinhar com Berman em relação à mais remota memória da cidade como lugar da
importância de Foucault. Basta ver como a influ- forma. O mundo dos humanos, a cidade, “deixou
ência do filósofo francês se reflecte na interpreta- de ser um paraíso”. A reconciliação da forma e da
ção que o historiador italiano faz da obra gravada matéria já não é possível. A “angústia” revelada
de Piranesi, em particular das cenas retratadas por Piranesi não pode ser apaziguada, por isso, o
nos seus Carceri. Mas Piranesi também mostra único caminho que nos resta reside na aceitação
outra ligação de Tafuri ao revelar o último encon- desta arbitrariedade(Cf. Tafuri, 1973: 19-22).
tro com Koolhaas.
Mais adiante,Tafuri afirma que “o esforço da ar-
Em Progetto e utopia, Piranesi surge no papel do quitectura em manter um carácter completo que
profeta que prevê a metrópole burguesa como a preserva da dissolução total é tornado vão pela
estrutura primária e “máquina absurda” da eco- montagem das peças arquitectónicas na cidade”,
nomia capitalista: nas vistas do Campo de Marte que “no Campo Marzio dell'antica Roma assiste-
(Fig. 01), o gravador Setecentista antecipa a crise -se a uma representação épica da batalha provo-
interna da cultura arquitectónica contemporânea cada pela arquitectura contra si mesma”, e que
ao intuir o declínio da cultura clássica. Tafuri des- “o racionalismo parece descobrir a sua própria ir-
cobre nestes desenhos que a intenção de Pirane- racionalidade” na “máquina inútil” da cidade bur-
si é antecipar o advento, inevitável e trágico, de guesa. Ao faze-lo está a reiterar os princípios do
uma arquitectura sem significado, desligada de Manhattanismo e da Cultura da Congestão que
qualquer sistema simbólico, de qualquer “valor” levam Koolhaas a afirmar que “os arquitectos
exterior a si própria. de Manhattan inventaram um método para lidar
racionalmente com o que é fundamentalmente
Com Piranesi, a “crise do objecto” deixa de ser irracional” (Koolhaas, 1978: 123).Assim, se con-
Figura 1 - Giovanni Battista Piranesi. Campus Martius Anti- uma condição exclusiva da modernidade. Mas só siderarmos a “perda” anunciada em Progetto e
quae Urbis, 1762. (O Campo de Marte da Roma Antiga). deixa de o ser porque Tafuri se “esquece” momen- utopia como a própria experiência metropolitana,
taneamente dos preceitos da “história crítica” de- Rem koolhaas torna-se, neste momento, o legíti-
fendidos emTeoria e storie dell'architettura (1968) mo herdeiro de Piranesi.
e aplica à obra do gravador italiano o mesmo prin-
cípio de retroactividade utilizado por Koolhaas na Aliás, não é de estranhar que assim seja. O historia-
escrita do manifesto de Delirious New York. dor português Paulo Varela Gomes, no ensaio que
escreveu para o catálogo da exposição de gravu-
No Campo de Marte, o “choque dos organismos, ras de Piranei, apresentada em Lisboa em 1993,
imersos num mar de fragmentos, dissolve até a conclui que a ironia é um dos recursos críticos uti-

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lizados pelo arquitecto setecentista. O modo como perdição acelerada do passado e as incógnitas
nos Carceri (Fig. 02) o observador é tornado cúm- do porvir. As Vedute são vistas sobre o caos. E
plice da subversão, da confusão e da ambiguida- vistas elas próprias caóticas (Gomes, 1993: 115).
de levada ao seu máximo expoente, coincide com
os recursos retóricos utilizados na elaboração do
manifesto retroactivo de Nova Iorque, mostrando
como as semelhanças entre as interpretações da
obra de Piranesi e as descrições de Koolhaas não
são o resultado de um mero acaso:

A obra gravada de Piranesi (ou pelo menos


parte dela) critica a ordem que os neoclássi-
cos querem impor: a ordem urbana, a ordem
tipológica, a ordem da linguagem (...) A obra de
Piranesi não é o mero resultado de uma épo-
ca de mudança, pelo contrário: a ambiguidade
Figura 3 - Rem Koolhaas. Congrexpo Lille, França, 1988-1991.
de Piranesi resulta de algo essencial na cultura
contemporânea. Piranesi é um homem de hoje Nos esboços iniciais do projecto Euralille (Figs.
(...) de facto, talvez o termo correcto para defi- 03), para a cidade francesa de Lille, Koolhaas as-
nir a sua posição seja não a duplicidade mas sumiu explicitamente essa herança piranesiana
Figura 2 - Giovanni Battista Piranesi. Carceri D’invenzione, a esquizofrenia – que não é outra coisa senão (Fig. 04). No entanto, a tentativa de fuga à “cri-
1760.Tavola V.
a afecção cultural mais característica dos in- se” por via da adequação do projecto aos fac-
telectuais perante os tempos modernos, esse tores político-económicos que, à época, condi-
balançar inconcluso (e tantas vezes dramático) cionavam o planeamento da cidade, revelou-se,
entre a admiração pelo progresso e a nostalgia no final, um esforço inglório, mostrando como o
do que nesse progresso se perde irremediavel- arquitecto holandês também foi incapaz de esca-
mente. Piranesi lamenta a perda da ordem e par à inevitabilidade da Krisis tafuriana.
celebra-a.
As Vedute e os Carceri são a sua arma e o seu VII
testamento por excelência: uma espécie de
constatação da encruzilhada em que se encon- Termino regressando ao livro de Berman. O filóso-
tra a cultura do seu tempo (que é a nossa), cheia fo americano conclui a sua obra com um apelo à
de sinais da impossibilidade de escolha entre a recuperação do “dinâmico e dialéctico modernis-

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do uso de ferramentas informáticas, com impli-


cações em todos os domínios da disciplina - no
projecto, na construção, na representação, nas
linguagens e nas formas -, o panorama da arqui-
tectura actual não se alterou radicalmente des-
de o final da “década insípida.”As experiencias
bio-mórficas, de autores como Greg Lynn e que
na transição do século apontavam para um “ad-
mirável mundo novo” apoiado na nova realidade
digital, foram atenuadas nos últimos anos em
favor de abordagens e formas mais convencio-
nais, orientadas muitas vezes no sentido de um
regresso à (boa?) tradição modernista.

Hoje também não parece existir um esforço,


como existiu desde meados dos anos 1960 até
meados dos anos 1990, de transformar a arqui-
tectura, através de um exercício da profissão en-
raizado em ideologias que procuram interrogar,
elucidar e melhorar o mundo em que vivemos.
Uma visão crítica da arquitectura está agora em
mudança, para não dizer em crise, com a última
década a assistir a vários ataques às ideias dos
intelectuais da Escola de Frankfurt e dos filósofos
franceses do pós-estruturalismo, consideradas
por muitos autores como estando esgotadas.
Figura 4 - Rem Koolhaas, Espaço mo do século XIX” (Berman, 1982: 38), recusando Esta posição pós-crítica não representa apenas
Piranesiano. Centre International
assim a “prisão” com que dois anos antes Tafuri um abandono de uma concepção sócio-política
D’affaires, Lille, França, 1988-1991.
fechou o ciclo da contemporaneidade. Passados da arquitectura, em favor da atenção à realida-
30 anos essa recuperação está por concretizar. de da prática profissional e da construção, mas,
Independente do juízo que possamos ter sobre o sobretudo, a adesão à ideologia realista e prag-
“monolitismo” da visão materialista e negativa de matista do neo-liberalismo que no passado mais
Tafuri, a verdade é que, para além da expansão recente se tornou dominante nos campos da

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economia e da política.
Além disso, a crise económica que desde 2008
assola o mundo, e a Europa em particular, mostra
como a “crise perpétua” ensaiada em Progetto e
utopia e Delirious New York ainda mantém toda a
sua actualidade. Hoje ainda somos prisioneiros
da “dialéctica da Metrópole.”

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se Dissolve no Ar: A Aventura da Modernidade.
trad. port. de Ana Tello. Lisboa: Edições 70, imp.
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ne. Casabella, Milão. 619-620 (Gennaio-Febbraio
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Magalhães (coord.) – 1993, Giovanni Battista
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