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ISSN: 1415-1138
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Universidade São Marcos
Brasil
Resumo
Unitermos
Prometeu
Como é freqüente em mitos, o de Prometeu tem um argumento central
e muitas variantes que o enriquecem, sem jamais desfigurá-lo. As versões
mais conhecidas encontram-se na obra de Hesíodo (séc. VII a.C.), Teogonia e
Os trabalhos e os dias, e na de Ésquilo (séc. V a.C.), em uma trilogia da qual só
restou a tragédia Prometeu acorrentado2. Apesar de inegáveis diferenças apa-
rentes, tanto Hesíodo quanto Ésquilo preservam as qualidades essenciais que
fazem de Prometeu um deus singular na mitologia grega.
Esse mito, que apresenta uma querela entre deuses, da qual decorre
não só a sobrevivência da humanidade, mas também a qualidade dessa sobre-
vivência, conta que na aurora do mundo eram tempos terríveis, com lutas por-
tentosas entre deuses, lutas que abalavam o universo, o homem lá existia –
talvez por distração divina, talvez por um engano da natureza – como um ser
alienado de si e sem qualquer relacionamento com deuses. Viviam pela so-
brevivência, eram autóctones, não tinham serventia, eram mortais e sem
poder algum, portanto sem valor. O início do mundo, na visão grega, era
pulsante de vida, povoado por inumeráveis seres com as mais diversas feições
e qualidades. O homem era apenas mais um de tais seres, mas sua vida nada
significava para os deuses; estes não precisavam dos mortais, o mundo era
um mundo de deuses.
Ora, Zeus, o grande vencedor das batalhas contra as divindades mais
antigas e violentas – como relata Hesíodo –, estava propenso a exterminar a
raça humana. Ela não tinha lugar na nova ordem que ele presidia. No entanto,
para aqueles seres desvalidos, um titã – divindade primordial, nomeado Pro-
meteu – volveu seu olhar compassivo, certamente o único na mitologia grega
com tal qualidade. Por conta de um amor desinteressado dirigido aos fracos
homens, Prometeu opôs-se a Zeus.
Ele era sábio e de previdente pensar. Seu nome revela sua principal carac-
terística: aquele que vê com antecedência3. Conhecendo os desígnios de Zeus,
Satã
John Milton, o poeta d’O paraíso perdido, nasceu em Londres em 1608 e
morreu em 1674. Só a partir dos 52 anos começou a escrever seu maior
poema, um projeto da juventude, após uma vida política movimentada. Ele
ditou os versos a parentes e pessoas contratadas, pois foi acometido de
cegueira desde os 43 anos.
Milton é geralmente considerado pelos historiadores que examinam seu
papel na história da Inglaterra (Hill, 1972) como um homem de grande valor,
consciencioso e ponderado. Não que tenha sido consenso, ele também teve
seus desafetos e foi perseguido. Ele era um homem de seu tempo, partici-
pante nas questões religiosas que agitaram o século XVII. Adepto do Puri-
tanismo6, austero e moralista, ao mesmo tempo suas opiniões religiosas
beiravam a heresia, vivendo conflitos com o corpo puritano oficial. Com
freqüência o retrato de Satã em seu poema é visto como uma indicação da
existência desse conflito.
Muitas vezes O paraíso perdido é comparado e até equiparado às epo-
péias homéricas ou a Dante. A fonte inspiradora original é o mito do Éden,
contado nos primeiros capítulos do Gênesis. Contudo, Milton o re-elabora,
dando ênfase à figura de Satã e a seu conflito particular com Deus criador,
cujo resultado será a corrupção do homem, ou a introdução de um elemento
novo na criatura homem.
Milton coloca Satã no centro. Ele é o personagem principal, e em torno
dele e de sua ação gira quase todo o poema. Ele é o mais luminoso dos anjos do
Senhor. Ele rebela-se dominado pela inveja e ressentimento contra Deus, por
este ter dado a seu próprio filho um lugar de destaque cobiçado para si. Ele só
desaparece de cena quando o homem nela se destaca, porém já corrompido
pelas artimanhas do demônio. Esse argumento e suas decorrências são des-
critos verso a verso, em uma retrospectiva mais ou menos sistemática nos
diálogos entre os demônios, e principalmente quando o arcanjo Rafael conta
o sucedido a Adão, para preveni-lo da ameaça de corrupção.
Satã é apresentado como um verdadeiro herói e é, fora de dúvida, a
figura mais interessante do poema; ele é dotado de grandeza, é majestoso,
admirável, mesmo com seus pensamentos mesquinhos, virulentos e odio-
sos. Chefe que acima de todos “se sublima, soberbo em forma, em atitude,
em porte” (p. 47), parte de seu caráter revela-se nas palavras orgulhosas:
“reinar no Inferno preferir nos cumpre – à vileza de ser no Céu escravos”
(p. 33). O sentimento com que tal afirmação é feita, porém, é de enorme
desespero. Na segunda metade do poema, Milton ameniza a grandeza des-
se anjo-demônio, apresentando-o como um sapo, uma serpente abjeta, um
monstro sem qualquer poder sequer sobre sua aparência física.
Quando a tragédia Prometeu acorrentado começa, o titã está sendo
aprisionado com invencíveis cadeias à sua rocha, lá lançado por Zeus, deus mais
forte. A catástrofe, ou seja, a reviravolta já se dera e não havia retorno possível.
O início d’O paraíso perdido também descortina uma catástrofe: Satã acorda
Em suas buscas, Satã descobre um ponto vulnerável pelo qual pode agir:
a criação mais perfeita de Deus, o homem no Paraíso e seu veio mais fraco, a
mulher. O Paraíso e o casal vivendo nele são apresentados por Milton como
totalmente perfeitos na sua ingenuidade, beleza, pureza de atos e pensamen-
tos, um estado da mais pura graça, a mais absoluta ausência de conflitos de
qualquer ordem, inclusive no plano sexual; a natureza humana isenta de qual-
quer perturbação afetiva, física, moral, de relacionamento, uma felicidade com-
pleta. Nesse lugar e nessa condição vivia o que seria o homem, criado, apesar
de tudo – como afirma o Deus do poema – com liberdade de escolha.
Satã descobre essa criação e decide atacá-la traiçoeiramente, ludibrian-
do os anjos que montavam guarda no Éden. Insidioso, entra no Paraíso, e
escondido ouve um diálogo entre Adão e Eva, pelo qual descobre a interdição
divina. Eles poderiam alimentar-se dos frutos que brotavam no Éden, mas não
deviam pretender os de uma certa árvore. Satã reflete, perplexo:
De uma árvore fatal comer não podem,
E essa... Árvore da Ciência se intitula.
Vedar a ciência? Absurdo suspeitoso!
E Deus, por que lha veda? É culpa da ciência?
Da ciência pode germinar a morte?
Só na ignorância lhes é dada a vida!
(...) Já lhes vou excitar a fantasia de ciência
Com desejo incontrastável... (p. 155).
então foge da percepção de uma natureza que não é divina nem é puramente
animal, e que lhe cobra atenção constante.
Esse mito no poema apresenta o vigor da persistência de Satã em se
tornar significativo e não aceitar ser apenas um anjo decaído. Para ele sobre-
viver faz-se necessário deixar sua marca e exercer uma influência decisiva no
rumo dos acontecimentos. Satã desafia e insiste até encontrar meios de trans-
formar sua contestação em uma ação concreta. Ele não se conforma com a
submissão, delineando suas características próprias por meio do mais radi-
cal protesto. E imprime no espírito humano a rebeldia (que a tradição cristã
transformará em pecado, ainda que a noção de pecado contemple mais...).
A ação satânica traz conseqüências irreversíveis ao curso da vida huma-
na, e a primeira delas é a consciência. O homem percebe-se de um modo
novo; ele desperta para o fato de que sua realidade ultrapassava aquilo que
estava ao seu alcance antes perceber. É um despertar avassalador, e desse
deslumbramento resulta tudo o mais. A criatura divina, que é movida do
paraíso da não-consciência para o inferno da consciência, é um ser que tem de
se enfrentar, tem que se haver com sua agressividade, sua violência, sexua-
lidade, medo, necessidades corporais, com suas contradições, com sua exis-
tência, enfim. Ele passa a lidar com os conflitos da vida, incluindo-se aí a
possibilidade de matar e de matar-se.
Ele descobre também que em seu íntimo reside um potencial transfor-
mador, do qual poderá se utilizar para tornar mais leve seu fardo e extrair
satisfação do resultado de seus esforços. A natureza humana apresenta-se ao
homem matizada por contrastes que se contradizem, ao mesmo tempo em
que se complementam, desvelando-se a complexidade de sua nova condição.
O homem passa a experimentar e a experienciar tudo aquilo que é próprio do
humano. O que ele não conhecia – “vergonha, desespero, crimes, malícia,
obstinações, furores” (p. 379) – passou a ser parte de seu cotidiano. A dor de
conviver com tal descoberta é bem exposta nas palavras de Adão:
Ó consciência! Em que abismo de terrores
Me tens lançado? Para fora dele
Nenhum caminho encontro, e nele giro
De golfo em golfo, cada vez mais fundo (p. 397).
E quem propicia toda essa mudança não é Deus. É Satã. É por ele – pelo
príncipe das trevas – que o homem sai das trevas. Pois vivia nas trevas, ainda
que sob um claro sol. Quem dá a possibilidade de ciência7 ao homem, quem
lhe tira a venda dos olhos é Satã, o diabo, não é Deus. Este é um aspecto
deveras interessante, pois Deus é onisciente, mas é pelo demônio que o
conhecimento da condição humana chega ao homem. O conhecimento acessí-
vel ao homem é o demoníaco, não é o divino. É Satã quem mostra a luz, esse
antigo Lúcifer, espírito de luz, estrela da manhã! É ele quem provoca uma
ruptura no estado de coisas anterior, é sua interferência que – parafraseando
Feuerbach (1841) – contrapõe à beatitude celeste as barreiras da realidade.
E Adão responde de acordo com as sugestões de Satã, por possuir dentro de si
e fora de sua apreensão imediata, o anseio por ir além.
Satã inocula no homem – ou faz com que venha à tona – o desejo de
igualar-se ao Criador. O homem é um desconhecido para si mesmo, e a partir
do contato com a força do demônio, desperta-se nele um desejo oculto à sua
própria consciência: não mais ser criatura, mas sim Criador, algo que está fora
do alcance da realidade humana. Este era o desejo do próprio Satã, que não
consegue realizá-lo e se corrói em sua própria inveja, levando-o a pôr seu
plano em ação. Deus havia posto sua criação em um estado tal que ela poderia
ficar para sempre presa ao nada. Por meio de uma transgressão inaceitável, o
homem sai do nada para o deslumbramento, mas ao preço da expulsão do
Paraíso. Essa transgressão tem um caráter criativo, e sobretudo libertador,
pois a partir daí o homem pode se apossar do conhecimento de si e do mundo
e deles fazer uso. Inclui-se algo inteiramente novo e desconhecido à criatura
de Deus, que no entanto encontrava-se dentro dele no plano potencial, em
gérmen... Satã deu ao homem a percepção de sua humanidade: um presente
dúbio, inestimável e aterrorizante, que o homem modificará de acordo com
suas características naturais.
Curiosamente, a consciência e a possibilidade de discernir bem e mal
chegam ao homem como um mal e não como um bem. A fonte do discernimento
– isso que é a seiva da mente, o alimento da vida mental – é dada como
maligna e maléfica. Ela chega ao homem com o fim de destruí-lo e ele toma-
se de angústias ao ver-se inundado pela luz. Sempre se pode indagar o porquê:
talvez por desacomodar, exigir reformulações, despertar medo e hostilidade,
provocar sofrimento, exigir novas atitudes... talvez por tudo isso e ainda mais.
O poema é realmente maravilhoso. O poeta expressa nele a evolução
natural da humanização. O preço é o suor de teu rosto. Que pode ser entendido
em um plano não concreto: “hás de suar para compreenderes a ti mesmo e
descobrires como lidar com o vasto mundo desconhecido que há dentro de ti e
que despertará ainda maior angústia do que o mundo externo que observas”.
Contraponto
Olhando-se para a antigüidade desses mitos – indefinível no tempo –
percebe-se como desde muito cedo o homem captou e procurou dar expressão
a seu impasse trágico, a seu destino humano, a sua contradição básica, a sua
natureza no que ela tem de essencial: os pés fincados na terra e o espírito
aspirando os céus.
O drama maior de Satã é o de ser criatura – ele não é criador. Ele se
corrói de inveja e ódio por não poder jamais alçar-se à condição do Criador,
que é inatingível. Seu ataque ao homem é um deslocamento da ira virulenta
que sente contra o Todo-Poderoso. Prometeu não tem esse problema. Ele nem
tem a quem invejar a capacidade de criar. O deus grego não é criador, nem
eterno. Imortal sim, mas não eterno. Ele tem sua origem, como tudo o mais no
universo, no Caos indiscriminado. A divindade grega nasce e é gerada pelo en-
contro entre deuses de sexos diferentes, à semelhança dos homens. O próprio
Zeus, por exemplo, é terceira geração...
Essa condição contribui para fazer de Prometeu um espírito livre. Ele é
livre e não se intimida diante de ameaças a sua integridade corporal.
Acorrentado no Cáucaso, ameaçado por Zeus, ele não vacila e se mantém
coeso, íntegro, dono de seu espírito, mesmo sofrendo dores físicas e os ter-
rores da noite. A idealização desse deus pelos gregos talvez seja o melhor
modelo de liberdade jamais concebido, pois acentua o fato de que as reais
peias são menos as impostas pelo mundo externo e mais as que nascem no
interior da alma.
Diferente de Satã, um outro tipo de modelo: Satã é escravo. Por não
aceitar ser quem é, torna-se escravo de sua fúria, de seu ódio, de seu medo e
sobretudo de sua inveja. Ele é conduzido pelo desespero, não tendo qualquer
autonomia em relação às paixões que o assolam e atormentam. Satã não é um
espírito livre, apesar de ter inadvertidamente libertado o homem.
Com tudo isso, ambos têm funções semelhantes, mas não iguais em
sua motivação ou em seu objetivo. O caráter de Prometeu distingue-se
pela compaixão. O de Satã, pela crueldade. A motivação de Prometeu é
amor desinteressado pelos homens; a de Satã é ódio e ressentimento con-
tra Deus e sua criação. A intenção de Prometeu é preservar; a de Satã é
destruir. O objetivo do titã é salvar o homem, é equipá-lo para viver; o do
demônio é corrompê-lo e perdê-lo. O resultado final é o mesmo: ambos
e ao homem cabe arcar sozinho com a angústia que o assola ao longo de toda
a vida. De qualquer forma, os mitos deixam claro que o homem nada sabe de
si, de sua origem. Sem a intervenção divina ele é nulo de significação no
mundo. Talvez delineie-se aí uma das grandes questões humanas não passí-
veis de resposta segura. E o espírito sopra onde quer...
Notas
1. Arnaldo Momigliano, em admirável ensaio, e baseado em minuciosa pesquisa, comenta
que “os gregos viviam contentes em sua era clássica sem reconhecer a existência dos
judeus”, enquanto que para os judeus “os gregos são conhecidos, mas parecem bastante
remotos e insignificantes”. Isso é notável, sobretudo diante do fato de que ambas as nações
estabeleceram laços comerciais em tempos bem antigos (1991, p. 74-75).
2. Além dessas, é célebre a versão de Platão, no diálogo Protágoras.
3. O prefixo pro tem o sentido de previsão, de antevisão do futuro; e métis é uma palavra que
designa a sabedoria astuciosa, artimanhosa. Para aprofundamento, ver Marcel Detienne
and Jean-Pierre Vernant, Cunning intelligence in Greek culture and society.
4. Significa “todos os dons”.
5. A esse respeito, há a hilariante comédia de Aristófanes, As aves, na qual há uma rebelião
dos homens que se recusam a sacrificar aos deuses, que entram em pânico com a idéia de
não mais receberem honras, obrigando-os a novos acordos com os mortais.
6. Puritanismo segue padrões morais extremamente rígidos e pretende dar a correta interpre-
tação aos textos bíblicos. Práticas consideradas pecaminosas, como beber, jogar ou desres-
peitar o sábado eram alvo da censura desta seita que surgiu no século XVI na Inglaterra,
como um partido político que queria reformas religiosas radicais e lutou pela queda do poder
dos bispos. Sofreu reveses ao longo de décadas, reformulando sua posição de interferência
na organização da Igreja, para outra na qual enfatizava a importância da moral e do caráter,
exercendo influência nos costumes. Teve seu auge entre 1640/50. Considere-se que nesse
período Igreja e Estado formavam uma unidade aos olhos de seus contemporâneos.
7. A palavra consciência vem de uma tradução literal da palavra grega syneidysis para o latim
con-scientia. O prefixo syn refere-se originalmente a algo que se dá no encontro com o
outro, o estranho, o não-eu. O sentido é o de que consciência é a ciência adquirida no
contato do homem com aquilo que não é ele mesmo.
8. O homem grego, após a morte, está destinado ao Hades, sem exceção, qualquer que tenham
sido seu status ou seus atos em vida. Nada iguala tanto os homens quanto a morte, seja ele
um herói, seja ele um obscuro. Existem alguns grandes criminosos, que ultrapassaram
todas as medidas e sofrem no Tártaro, que é uma região mais tenebrosa e profunda do que
o Hades, como Tântalo, Sísifo ou Íxion, mas são prováveis soluções encontradas pela tradi-
ção para dar conta de ações momentosas de heróis que conviveram muito proximamente
com os deuses e não souberam manter seus lugares.
Referências Bibliográficas
ARISTÓFANES. As aves. Lisboa: Edições 70, 1989.
DETIENNE. M.; VERNANT, J-P. Cunning intelligence in Greek culture and society. Chicago:
University of Chicago Press, 1991.
ÉSQUILO. Prometeu acorrentado. In: Teatro grego. São Paulo: Cultrix, s.d.
HILL, C. (1972). O mundo de ponta-cabeça. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
The author presents a comparison between two mythological figures of different cul-
tural origins, Prometheus and Satan. The main topic states that both myths in which
they play the main role try to explain the rising of human conscience as an event that
brings irreversible consequences to man’s place in the Universe. Although they have
opposing characters, Prometheus and Satan have similar roles in this process. The
author suggests that these two myths reveal themselves as a source on lessons about
human nature of excellent value for the psychoanalyst, since his main focus is the
investigation of human mind.
Keywords
– recebido em 24/03/03 –
– aprovado em 03/04/03 –