1. Objetos restauráveis
O objeto restaurável muda consoante a época. Atualmente “tudo tem valor, tudo é património”.
Património Imaterial
“Tudo é restaurável” – o que quer que identifiquemos que possa ter valor para o futuro.
Consoante o nosso grau de conhecimento sobre o objeto, maior será a valorização que
atribuímos.
No século XIX, dá-se muita importância aos primitivos portugueses.
Impessoal – identificado por um grupo (objetos que todos sabem que tem valor
universal)
Cientifico – determinado por especialistas (no caso da Arqueologia, por exemplo)
Pessoal – identificado sentimentalmente por um grupo.
- O ataque às Torres Gémeas (11 de setembro) foi um ataque a toda a maneira de pensar
ocidental.
Num edifício novo, temos sempre a ideia que este deve manter-se novo.
Arte Antiga (aspeto antigo) ≠ Arte Contemporânea (aspeto novo) Conceito Ocidental
“A nossa expetativa faz alterar a intervenção.”
Exemplo prático:
“Ece Homo”, da D. Cecília – não pode ser considerado um restauro. É um repinte: criou-se uma
nova imagem por cima da pintura.
- Quem define o Património é a população.
[…] A conservação do património cultural, sob todas as suas formas e em todos os seus períodos
históricos, está enraizada nos valores atribuídos ao próprio património. A nossa capacidade para
compreendermos estes valores depende, em parte, do grau a que podem ser reconhecidas as
fontes de informação sobre esses valores, como sendo credíveis ou verdadeiras. O
conhecimento e a compreensão destas fontes de informação, relativamente às características
originais e subsequentes do património cultural e do seu significado, são requisitos básicos para
a avaliação de todos os aspectos da autenticidade.
A autenticidade, considerada por esta forma e afirmada na Carta de Veneza, aparece como o
factor essencial de qualificação respeitante aos valores. A compreensão da autenticidade
desempenha um papel essencial em todos os estudos científicos sobre o património cultural, no
planeamento da conservação e do restauro, bem como no âmbito dos procedimentos de
inscrição usados pela Convenção do Património Mundial e de outros inventários do património
cultural.
Por essa razão, é da maior importância e urgência que, dentro de cada cultura, seja estabelecido
o reconhecimento da natureza específica dos seus valores culturais, bem como da credibilidade
e da veracidade relativas às fontes de informação. 13. Dependendo da natureza do património
cultural, do seu contexto cultural, e da sua evolução através do tempo, os julgamentos de
autenticidade podem estar ligados ao valor de uma grande variedade de fontes de informação.
Entre os aspectos destas fontes, podem estar incluídos a forma e o desenho, os materiais e a
substância, o uso e a função, as tradições e as técnicas, a localização e o enquadramento, o
espírito e o sentimento, bem como outros factores internos e externos. O uso destas fontes
permite a elaboração das específicas dimensões artística, histórica, social e científica do
património cultural que está a ser examinado.”
Documento de Nara sobre a Autenticidade do Património Cultural, 1994.
1. Antiguidade Clássica
- Preservar o que já existia e criar algo mais duradouro.
2. Idade Média
- Continuação do reaproveitamento dos edifícios.
- Os poucos recursos financeiros levam ao pensamento de que os edifícios têm um valor
utilitário.
- Na pintura: são adicionados elementos para tornar a obra de carácter religioso. Reavivam-se
as cores – não há diferença entre o novo e o antigo.
Antiquários
- São uma herança humanista: os humanistas eram pessoas que estudavam os antigos,
pesquisando através de fontes, à procura de testemunhos. Queriam ser “conhecedores dos
antigos” e os “gabinetes de curiosidades”, nos quais se desenvolve a sistematização e
catalogação dos materiais. São publicados livros sobre estes temas, no entanto continua a
desvalorizar-se os livros enquanto fontes.
- Valorização das produções materiais.
- Alarga-se a distância das viagens do “Grand Tour” à Grécia e à Itália, para o conhecimento
de novas civilizações e culturas.
- Coleção sistemática da Antiguidade Clássica: levantamento gráfico rigoroso do Pártenon.
Registo descritivo e realista, mas com alguns elementos fantasiosos.
Restauro Gráfico
- Era já uma prática anterior que veio responder às novas exigências dos antiquários.
- Em Portugal, o Mosteiro da Batalha foi alvo de um levantamento gráfico feito por Marphy,
no qual muitos elementos foram acrescentados pelo próprio. [ver “Principais obras/estaleiros de
restauro de monumentos no Portugal oitocentista“]
- Também Marphy fez o restauro gráfico do Templo de Diana; este passa a tornar-se conhecido
como se fosse uma representação real.
O Caso Inglês
- Destruição iconoclasta após a separação da Igreja: os monumentos católicos foram destruídos.
- Em Inglaterra, o Gótico é o estilo nacional por excelência e por isso dá-se a coexistência do
gótico e do classicismo.
- Levantamento dos monumentos nacionais mais bem acolhidos.
- Início das discussões sobre o restauro e os seus critérios: procura da feição total.
- Aparecimento de Sociedades de Antiquários: gestão do Património Privado, que financiavam
os estudos.
Restauro Italiano
- Não se quer a passagem do tempo: a obra deve estar como se tivesse sido concebida naquele
momento.
- Dois métodos opostos: Restauro Mimético (respeito pelo pintor original) e Restauro
Discernível (o restauro é visível propositadamente)
- Figura importante: Carlos Maratta.
- Transposição do suporte.
- Robert Picault: especialista nas mudanças de suporte. Escreve relatórios e memórias sobre
as suas intervenções.
- Estabelece-se a diferença entre:
Iluminismo
- Eleva a arte a um novo estatuto.
- Alarga o círculo dos Antiquários.
- O restauro da pintura: os iluministas davam valor à Antiguidade. Deste modo, viajavam até
Itália para verem de perto Pompeia e Herculano, as “cidades congeladas no tempo”. São
verdadeiros testemunhos da História da Arte.
- Reconhecimento e respeito pelas particularidades histórico-estilísticas do original. Contudo,
mantém-se a necessidade de restituir à obra o seu aspeto completo para permitir o seu usufruto
A imagem é o principal.
- As Academias tinham a obrigação de zelar pela produção artística e pela conservação das
obras do passado.
- Os museus ganham uma nova função: função didática. As obras são expostas para as pessoas
as conhecerem e darem-lhes o valor merecido.
- Os livros passam a ter a temática do restauro, uma espécie de constituição das técnicas que
melhora o conhecimento dos materiais.
Winckelmann e Cavaceppi
- Winckelmann apresenta uma nova teoria para o restauro de escultura. É o “pai” da História
da Arte – evolução dos estilos – periodização geral da Arte Antiga.
A forma com valor permanente independentemente da sua função original.
Exigência do respeito pelo original e uma integração crítica, de acordo com as características
estilísticas da obra e o conhecimento arqueológico e iconográfico. Estas eram as condições
necessárias para qualquer intervenção sobre o objeto.
Defende a intervenção como processo cognitivo. O erro resulta num falso histórico.
Possui uma técnica sofisticada:
Para Cavapecci não interessava superar, mas igualar – o restaurador devia estar ao mesmo nível
do antigo escultor. A criatividade não podia atuar.
Porém, aplicou de forma fraca estas suas teorias, devido à falta de conhecimentos da
própria História da Arte.
No fim do século, apareceu um novo tipo de público com novas capacidades económicas e os
restauradores passam a ter um novo reconhecimento social.
O Restauro da Pintura
- Pietro Edwards: apresenta um panorama mais diversificado. É encarregue da proteção do
Património.
O restauro tinha como único fim tornar mais exato o conhecimento e a compreensão da obra.
A Revolução Francesa, em 1789, marcou uma nova etapa: uma nova forma de encarar o
Património.
O conceito de igualdade remetia para o acesso da arte a todos e por essa razão surge a
necessidade de preservar os bens, que agora eram da responsabilidade do Estado.
Ocorre a destruição de todos os símbolos do Antigo Regime; marcando o fim da Monarquia e
da centralidade da Igreja. Os bens tornam-se nacionalizados – são do Estado e o Património
passa a ser responsabilidade do Povo (=Estado).
O conceito de Património é ampliado e o valor económico substitui o de Antiguidade: definição
de Monumento Histórico – elemento a ser conservado… todos aqueles que possam narrar os
grandes acontecimentos da nossa história.
A importância da Inventariação
“Só podemos conservar o que conhecemos.”
Existem dois tipos de bens da Nação: os Museus (Arte Móvel) e os Monumentos Edificados.
2. Estado do monumento:
- Antiguidade
- Situação
- Exposição
- Género de construção
- Decoração
- Material
- Sólido
- Necessidade de ser reparado
- Utilização possível: funcionalidade
- Económico (leilões)
- Cognitivo (ensino)
- Artístico
Cria-se um museu de função didática: o Museu do Louvre tinha como objetivo educar o gosto
do público e formar jovens artistas. Para isso, as peças tinham de ser tratadas e a parte mais
importante passa a ser a imagem.
1793 – Abertura do Museu. Foi um processo conturbado: Picault restaurou cerca de 40 a 50
obras por mês.
Faz-se a distinção entre o restaurador e o pintor:
A ciência passa a ser a justificação do restauro e por isso, cria-se uma comissão interdisciplinas
com dois químicos.
Itália era o novo nicho de trabalhos, onde se dava grande importância à Arquitetura Clássica.
Este período da História divide-se em 3 períodos: o antes, o durante e após Revolução Francesa.
Nos primeiros 30 anos do século XIX, Itália era considerado o Império com a história mais
antiga. Por essa razão, os monumentos tinham três razões para a sua conservação: razão
histórica, didática ou económica.
Momentos de Intervenção
Domínio Papal: 1800-1809
- Respeito pela autenticidade do material e da forma.
Ocupação Francesa: 1809-1814
- Respeito pelo monumento, mas podem fazer-se reconstruções parciais com fins didáticos.
- Embelezamento da cidade (exaltação dos monumentos).
Intervenções
Arco de Septimus Severus
- Escavação da zona envolvente.
- Anastilose dos monumentos encontrados.
Arco de Titus
- 1818 – A falta dos contrafortes laterais levou à intervenção do arco.
Coliseu de Roma
1801 – Sismo que provoca danos muito graves na estrutura.
1806 – Contraforte de tijolo (intervenções antes das invasões). É uma intervenção discernível
– serve apenas de apoio à estrutura, e é datada a intervenção. Assume-se como momento da
vida do monumento. António Canova: respeito pela forma original.
- O movimento dos Antiquários Ingleses, que defendia o nacionalismo, vai provocar a procura
dos símbolos da nação: o Gótico Inglês.
A importância do Gótico
A religião tinha grande importância na arquitetura:
- O edifício era o símbolo do seu autor, enquanto reflexo da sociedade que acreditou nesta fase.
Símbolo que devia ser preservado – sentimento de patriotismo.
- Ilustra um momento histórico.
A arquitetura clássica, em oposição à gótica, não refletia qualquer ideia da religião cristã. Deste
modo, sobrevalorizou-se os edifícios do Império Romano, comparando-o com o Império
Napoleónico. Surgem novos movimentos nacionalistas e a conservação destes edifícios
romanos contribui para o Neoclassicismo. Quanto maior a valorização da obra, maior o
investimento.
A arquitetura gótica tornou-se no símbolo das nacionalidades, representando o início da
era cristã.
Houve, no entanto, a destruição de vários edifícios devido á falta de conhecimento sobre os
mesmos.
O Vandalismo em França
1832 – Aparecimento da “Guerra aos Demolidores”, em ataque à estupidez e ignorância.
Vandalismo restaurador: intervenções sem conhecimentos e sem preocupação com o valor
da obra.
Vandalismo destruidor: pessoas responsáveis pelos bens que os destroem por completo.
1830 – criação do posto de Inspetor Geral dos Monumentos Históricos de França, que tinha
como responsabilidade o controlo dos restauro, das autoridades locais e dos correspondentes.
1837 – criação da Comissão dos Monumentos Históricos, que vai apoiar o poder local, o
inspetor e a circulação do Inventário, tendo como prioridade o restauro dos bens.
Grandes teorias europeias do restauro e seus principais formuladores: Viollet-le-Duc e John
Ruskin. Influência no restauro da Escultura e da Pintura
O Restauro Estilístico
Primeira teoria do Restauro: codificação pela qual o restauro será regido, além-fronteiras
europeias.
As destruições resultantes da Revolução Francesa refletiram o descuido generalizado com o
Património.
A História da Arte é vista enquanto ciência, na qual tem de existir a noção da evolução dos
estilos, em tempo e espaço. Os monumentos passam a ser um símbolo dessa história. Após o
conhecimento de: cronologia, técnica, morfologia, génese, decoração, escultura, vitrais e
ícones, o arquiteto já pode reconstituir um edifício a partir dos seus destroços.
[Ambiguidade:] O que se pode fazer e o que na realidade é feito: para se poder restaurar, tinha-
se de ir até à época do monumento e perceber os aspetos principais. No entanto, não há noção
do tempo que passou pelo monumento.
Didron e Mérmiée: são contra o Restauro Estilistico.
O primeiro criticava que não se devia restaurar por principio: nada deveria ser removido ou
adicionado.
O segundo era contra a reconstrução por prejudicar o valor arqueológico: valor pelo qual o
estamos a preservar. Deviam conservar-se os vestígios existentes.
Lassus: positivista – faz uma abordagem cientifica ao conhecimento de História da Arte. Tudo
deviam ser com base na ciência, sem adição de novos elementos. Respeito pela forma, materiais
e métodos de construção. A busca pela exatidão e verdade histórica.
Viollet-le-Duc
[Nunca teve formação académica em arquitetura.]
Notre Dame – projeto de Viollet-le-Duc e Lassus. Este ultimo defendia que o restauro
podia transformar o edifício antigo num novo – retirava o valor histórico. Esta teoria não foi
coerente com o resultado final. Qualquer parte devia ser restaurada como no seu período de
arte, o Gótico.
Após a morte de Lassus, Viollet-le-Duc introduz novos elementos, como as gárgulas –
influência da sua passagem pelos Estados Unidos.
Napoleão III chama Viollet-le-Duc para a Direção Geral da Administração do Culto, que mais
tarde será a Comissão das Artes e Edifícios Religiosos.
Como realizar a adaptação dos edifícios? Entrando na pele do arquiteto original e tentando
perceber como é que ele resolveria o problema, com base nas leis gerais do estilo.
Cada edifício ou parte devem ser restaurados no estilo a que pertencem, não apenas nas
aparências, mas do ponto de vista estrutural. – Unidade estilística do edifício.
Como a igreja católica era minoritária, surge o Restauro Católico que se baseava na:
- Demolição e reconstrução dos edifícios pós-góticos
- Substituição dos elementos ao estilo original
- Substituição dos pavimentos
- Reconstrução dos telhados
- Consolidação das fundações
- Reforço de camadas de cal
- Preservação de pinturas murais
- Remoção de rebocos para mostrar alvenarias
- Remoção de elementos dissonantes ao estilo original
- Influência de Pungin
- Procura do valor mítico: valor de utilização do espaço religioso.
- Teoria vs Prática (ambiguidade)
- O edifício, ao ser mal restaurado, perdia a sua autenticidade. O edifício é o trabalho original
dos artistas da arquitetura cristã.
Posição Pragmática:
Estruturas antigas e ruínas – não se melhora a aparência.
Igrejas antigas com função (se pusessem ser vistas como testemunhos, então seriam
preservadas no seu estado).
O Restauro Estilístico só se aplicava a igrejas que tinham uso.
- Valor educativo do edifício histórico genuíno (≠ original)
John Ruskin
Revela uma enorme sensibilidade para a Natureza e para a Arte.
- Nunca fez uma intervenção de restauro (não a implementa)
- Marcas do tempo
- Materiais e trabalho ornamentação original: foi aquele material especifico que foi escolhido
para aquela construção. O material supera a forma, para além do tempo. [ataque ao Restauro
Estilístico, onde a questão material é secundária.]
O Monumento Genuíno vs Réplica (restauro como reprodução de formas antigas num novo
material).
A arquitetura é eterna, perdura no tempo e implica sacrifício pessoal.
Os centros urbanos deviam ser tidos em conta, uma vez que o monumento não está isolado: o
seu contexto não deve ser retirado – desafrontamento. O progresso vai destruir a história das
cidades.
A valorização da Arquitetura e da sua História encontra-se dentro de um problema moral. A
arte alcança uma dimensão essencial à comunidade humana. A verdadeira arte é aquela
inspirada na Natureza.
- Contra o progresso ao mais alto nível.
O modo e intenção com que se constrói o edifício reflete-se no resultado final. Na época
contemporânea os interesses económicos e pessoais passaram a ser mais importantes.
2) Lâmpada da Verdade (Honestidade no trabalho)
A arquitetura deve ser verdadeira em vários aspetos: como os materiais e os suportes não deve
haver ilusões. Foi a falta de verdade que levou ao declínio do Gótico.
3) Lâmpada do Poder (Majestade da arquitetura)
O ornamento deve ser usado com moderação e ponderação, pois são os pormenores que vã
contribuir para o edifício final. A reprodução de elementos não naturais é muito má. A utilização
de ornamentos em lugares públicos contemporâneos tira-lhes o valor. É preciso ter a noção da
proporção e da abstração da forma. A cor é muito importante na Arquitetura Gótica.
Mais vale um trabalho grosseiro que conta uma história do que um vazio sem significado.
7) Lâmpada da Obediência
A arquitetura é o reflexo da Política, Vida, História e das Religiões das nações. Vai refletir a
sociedade em que foi construída. A liberdade é uma ilusão – gerimo-nos por princípios e leis
impostas – paralelo com a arquitetura.
A criação surge depois da perfeição. A arquitetura devia ser facilmente compreendida pelos
povos. Se não existe a compreensão do povo então não corresponde à sociedade – a linguagem
relaciona-se com a nacionalidade. Perde-se a arte por falta de esforço mental – falta de exigência
intelectual nos trabalhos manuais.
Ruskin não escreveu uma teoria do restauro: cria um guia utópico com parâmetros de
uma estética romântica da arquitetura.
O Restauro não compreende o público nem o que velam pelos nossos monumentos públicos.
Significa a destruição mais completa que pode sofrer um edifício.
- Não se pode evocar o artista morto, nem copiar a degradação da pedra.
Contexto Nacional:
Antecedentes
- Humanistas portugueses:
André de Resende – descrições de monumentos que legitimam a importância da cidade.
Évora: quanto mais antigas, mais importantes eram as obras. Todos os elementos que mostrem
essa antiguidade devem ser preservados.
Damião de Goes – história portuguesa.
- Consciência patrimonial:
Alvará, 13 de Agosto de 1721
- Os monumentos mais antigos eram os Fenícios que tinham contribuído para a história do
país.
- Testemunhos que estavam a ser destruídos – Conservar os vestígios do passado.
- Proibição da destruição dos testemunhos, desde os Fenícios até ao domínio dos espanhóis
era Património – quem destruísse alguma obra, era punido.
- Documento inovador a nível europeu (Proteção dos Monumentos).
- Relatos atentos ao património arquitetónico do país.
Terramoto de 1755
A destruição maciça levou à necessidade de uma resposta de grandes proporções na
intervenção. Essa resposta passou pelo aproveitamento de escombros, que levou à má
construção do pós-terramoto.
É realizado um questionário paroquial: para uma noção real do estado dos tempos e igrejas.
Convento do Carmo:
- Intervenção dos freires
- Recuperação do espaço
- Assumir a ruína (encenada – suportes)
Sé de Lisboa:
- Colapso do teto
- Faz menção aos “vândalos remendões”, em referencia ao vandalismo que o Abade Gregoire
afirmava.
- Misticismo do Gótico (sentimento/gozo indefinível)
- 1841: Jornal das Bellas-Artes. Falta de culto da arte (não havia conhecimento suficiente, era
preciso educar o povo).
- O Arco de Santa Ana era uma recordação histórica em que o arco é testemunho desse
acontecimento e que seria destruído.
- Viagens na Minha Terra, série de comentários sobre o Património e crítica ao abandono dos
monumentos em Santarém.
Mousinho de Albuquerque
- É o primeiro ativista na defesa dos Monumentos Nacionais.
- 1834: Inauguração da 1ª Comissão dos Monumentos Portugueses, no sei da Real Academia
das Ciências de Lisboa.
- Tentativa de se criar um conjunto de monumentos que deviam ser salvos pelo Estado face às
suas vendas indiscriminadas. Não havia mecanismos para a sua manutenção.
- Influência do “Museu dos Monumentos Franceses” de Lenoir, na instituição do depósito na
igreja do convento do Beato António.
- 1840: torna-se Inspetor Geral Interino das Obras Públicas do Reino – classificação dos
Monumentos Nacionais como objeto fundamental de trabalho.
- D. Fernando interessa-se pelo Mosteiro da Batalha: Mousinho de Albuquerque vai fazer
parte da Direção de obra do primeiro estaleiro de restauro em Portugal.
- Apoia as características do Restauro Estilístico.
Alexandre Herculano
- Teórico – aquele que chama à atenção.
- Os Monumentos Pátrios são os primeiros textos dedicados apenas ao restauro (ao estado dos
nossos monumentos: mostra a pouca responsabilidade do governo). É uma crítica contra o que
se passava. Ignorância e desprezo total. Vários tipos de vandalismo (Montalembert). Era
necessário educar o povo para o culto do Património – para proteger o que valoriza.
- Destruição sistemática dos monumentos: destruição é uma vertigem desta epocha. Perdia-se
a história, a religião… A nação devia cuidar deles, sendo que são propriedade dela. Para isso, é
importante ensinar o povo dos pontos importantes da História da Arte. E ter noção que
diferentes culturas têm diferentes noções do Património.
- Questão do Turismo: os nossos monumentos tinham de estar apresentáveis para os turistas.
D. Fernando II (1816-1885)
- Grande interesse pelas artes: é a partir dele que vem o investimento para as obras.
- Benemérito das artes portuguesas (Mecenas das artes)
[nota] O Palácio da Pena não era do Estado; D. Fernando compro-o e por isso fazia parte da
família real.
As esculturas do portal foram substituídas devido à sua degradação. Dois claustros foram
demolidos devido às ruinas.
Será difícil encontrar em um tao breve episodio de construção uma tao vasta afirmativa de
desoladora iniciativa.
Mosteiro dos Jerónimos
- Influência de Viollet-le-Duc.
- Colson, em 1860, envia os projetos a Eugénio de Almeida, mas este afasta-os porque não
encontra a essência do edifício.
- Escavação de Cunha Rivara – tanques de água que circundam o templo. É a primeira grande
escavação arqueológica de grande importância.
- Demolição de parte do edifício do Palácio da Inquisição – desafrontamento do monumento.
2ª Campanha
Visão bocólica e romântica. Não se pode dizer que haja restauro estilístico pois não houve
reconstrução. É mais um restauro arqueológico.
O arquiteto é José Maria Nepomuceno e levanta-se a questão: será uma intervenção de restauro
ou uma obra revivalista neo-manuelina?
- Transformação da fachada maneirista para manuelina.
Sé de Coimbra
Em 1893 – Conflito permanente entre os vários intervenientes.
Direção técnica artística de António Augusto Gonçalves.
Sé de Lisboa
Várias fases de intervenção entre 1901 e 1910.
- Prática bem longe dos princípios teóricos defendidos pelo conselho.
- Procura de uma medievalidade perdida.
Borromeu: proibição de todas as imagens falsas, duvidosas ou contra a igreja. A imagem sacra
representada devia ser representada com grande dignidade.
- Século XVIII: presença de pintores-restauradores italianos em Portugal. Estes serão os
mestres dos restauradores do século XIX.
Síntese de cada tipo de restauro
Arqueológico
Estilístico
Francês
Anti-Restauro
Inglês