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Aula 01

Administração Pública p/ TCE-SC - Auditor Fiscal de Controle Externo - Cargo 1 -


Administração

Professor: Herbert Almeida


Administração Pública
Auditor Fiscal de Controle Externo do TCE-SC
Teoria e exercícios comentados
Prof. Herbert Almeida – Aula 1
AULA 1: Reformas administrativas

SUMÁRIO

EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL (APÓS 1930) ............................................... 3

A REFORMA BUROCRÁTICA OU REFORMA DO SERVIÇO CIVIL (1930) ..................................................................... 3


REDEMOCRATIZAÇÃO (1945), SEGUNDO GOVERNO VARGAS (1951), GOVERNO JK (1956) ADMINISTRAÇÃO PARA O
DESENVOLVIMENTO ..................................................................................................................................... 8
GOVERNO JOÃO GOULART (1962) ............................................................................................................... 10
INÍCIO DO GOVERNO MILITAR (1964) E A REFORMA ADMINISTRATIVA DO DL 200/1967 .................................... 10
PLANO NACIONAL DE DESBUROCRATIZAÇÃO (PND 1979) ............................................................................ 13
A REDEMOCRATIZAÇÃO (1985) E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 A NOVA REPÚBLICA E O RETROCESSO
BUROCRÁTICO ........................................................................................................................................... 14
(DES)REFORMA ADMINISTRATIVA DO GOVERNO COLLOR (1990-1992) E O GOVERNO ITAMAR FRANCO (1992-1994)
.............................................................................................................................................................. 16
ESTADO LIBERAL ........................................................................................................................ 32
ESTADO DO BEM-ESTAR SOCIAL (WELFARE STATE) ..................................................................... 33

CRISE DO ESTADO DO BEM-ESTAR ................................................................................................................ 35


ESTADO REGULADOR ................................................................................................................. 36
GOVERNO FHC ........................................................................................................................... 39

O PLANO DIRETOR DA REFORMA DO APARELHO DO ESTADO ............................................................................ 40


OS QUATRO SETORES DO APARELHO DO ESTADO ............................................................................................ 44
PROJETOS BÁSICOS DA REFORMA GERENCIAL ................................................................................................. 47
GOVERNO LULA ......................................................................................................................... 48
EMPREENDEDORISMO GOVERNAMENTAL .................................................................................. 61
QUESTÕES COMENTADAS NA AULA............................................................................................ 68
GABARITO ................................................................................................................................. 79
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 79

Olá pessoal!

Gostaria de agradecer a confiança em meu trabalho. Vou buscar o


máximo de esforço para fornecer um curso de alta qualidade, que vai apoiá-
los na aprovação no concurso do TCE-SC.

Na aula de hoje, vamos abordar um assunto recorrente em concursos


do Cespe. Vamos estudar os seguintes itens do edital: “1.1 O Estado
oligárquico e patrimonial, o Estado autoritário e burocrático, o

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Estado do bem estar, o Estado regulador. 2 Empreendedorismo
governamental.”.

Esse assunto costuma aparecer nos editais também como “reformas


administrativas”. Dessa forma, vamos estudar a administração pública
desde o período do Estado oligárquico e patrimonial, passando pelo modelo
autoritário-burocrático, até os momentos mais recentes (Estado do Bem-
Estar Social e o Estado Regulador). Além disso, vamos fechar com o
empreendedorismo governamental, que se relaciona muito como o modelo
decorrente do Estado Regulador.

Por derradeiro, fecharemos a aula com a resolução de questões.


Lembro, porém, que os comentários das questões podem trazer
informações novas, que complementam o conteúdo de nossas aulas.

Ao término da aula, vocês encontrarão as questões sem comentários.


Aproveitem!

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EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL (APÓS 1930)

A reforma burocrática ou reforma do serviço civil (1930)

Para introduzir o tema, vamos apresentar uma clássica tabela


apresentada por Bresser-Pereira1:
Tabela 1: Formas Históricas de Estado e Sociedade no Brasil
1821-1930 1930... Início?
Sociedade Mercantil- Capitalista Pós-Industrial
Senhorial Industrial
Estado (Política) Oligárquico Autoritário Democrático
(1935)
Estado Patrimonial Burocrático Gerencial (1995)
(Administração)

Analisando, podemos perceber que até 1930 predominava o Estado


oligárquico-patrimonial em que uma pequena elite de senhores de terra
e de políticos patrimonialistas dominava amplamente o país. Nesse sentido,
Flavio Resende, citado por Augustinho Paludo2, salienta que “o Estado
brasileiro era um verdadeiro mercado de troca de votos por cargos
públicos; uma combinação de clientelismo3 e patrimonialismo”.

Contudo, com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, em 1930, inicia-


se um longo período de reformas, buscando substituir o modelo
patrimonialista pela administração burocrática. Nesse sentido,
vejamos o que dispõe o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado4
(Pdrae):
No Brasil, o modelo de administração burocrática emerge a partir
dos anos 30. Surge no quadro da aceleração da industrialização
brasileira, em que o Estado assume papel decisivo, intervindo
pesadamente no setor produtivo de bens e serviços. A partir da reforma
empreendida no governo Vargas por Maurício Nabuco e Luiz Simões Lopes,
a administração pública sofre um processo de racionalização que se

1 Bresser-Pereira, 2001, p. 3.
2 Resende, 2004, apud Paludo, 2013, p. 78.
3 Segundo Carvalho (1997) apud Paludo (2013, p. 129) o clientelismo é “um tipo de relação entre

atores políticos que envolve concessão de benefícios públicos, na forma de empregos, benefícios
fiscais, isenções, em troca de apoio político, sobretudo na forma de voto”.
4 O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (Pdrae), editado em 1995 pela Câmara da

Reforma do Estado e tendo como líder o Ministro da Administração Federal e Reforma do Estado Luiz
Carlos Bresser Pereira, é um importante documento utilizado como referência na Reforma Gerencial
de 1995. O Pdrae costuma ser utilizado frequentemente na elaboração de questões pelas bancas de
concursos. Quem tiver tempo, recomendo sua leitura integral: Pdrae.

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traduziu no surgimento das primeiras carreiras burocráticas e na
tentativa de adoção do concurso como forma de acesso ao serviço
público. A implantação da administração pública burocrática é uma
conseqüência clara da emergência de um capitalismo moderno no país.
(grifos nossos)

Para você compreender melhor, é importante destacar que em 1929


ocorreu uma grande crise americana, que culminou com a quebra da bolsa
de Nova York (crack da bolsa de Nova York). Essa crise ficou conhecida
como a Grande Depressão, decorrente da queda das exportações
americanas devido à recuperação das industrias europeias durante os anos
20.

Aqui, a crise resultou na diminuição da exportação de café, principal


produto de exportação do país. Com isso, o Brasil passou a ter poucos
recursos para adquirir produtos de outras nações. A solução foi centralizar
e fechar a economia para poder desenvolver instituições e
mercados5. Assim, enquanto a Grande Depressão teve impactos muito
negativos nos EUA e na Europa, aqui ele impulsionou o processo de
industrialização, com importante participação do Estado, intervindo
pesadamente no setor produtivo de bens e serviços.

Dessa forma, podemos considerar o primeiro Governo Vargas (1930-


1945) como um regime autoritário-modernizador. Autoritário pela
forma como o país foi conduzido com a mão de ferro de um ditador,
principalmente a partir de 1937. Modernizador pelo intenso período de
transformação da administração pública, buscando implementar o
modelo burocrático de Weber6 na Administração Pública brasileira.
Nesse contexto, destaca Bresser-Pereira7 que “Estes quinze anos, porém,
serão poderosamente transformadores. Estadista frio no uso do poder, mas
apaixonado pela missão de mudar o país, Vargas lidera com extraordinária
competência política e administrativa a transição”.

Da mesma forma, por se tratar do período em que se implantou o


modelo burocrático de administração, o primeiro Governo Vargas pode ser
conhecido como Estado autoritário-burocrático.

5 Paludo, 2013, p. 79.


6 Maximilian Karl Emil Weber (1864 – 1920), ou simplesmente Max Weber, foi um importante sociólogo
alemão precursor do modelo burocrático de administração.
7 Bresser-Pereira. Op. cit. p. 9.

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Ademais, a característica mais marcante desse período foi a ênfase na
reforma dos meios (atividades de administração geral) mais do que na
dos próprios fins (atividades substantivas)8. Isso quer dizer que, nesse
período, priorizou-se reformar as atividades de administração, a gestão de
pessoas, a racionalização dos processos, entre outras, sem direcionar as
ações para os resultados ou a qualidade dos serviços prestados aos
usuários.

 IMPORTANTE - Reforma do Governo Vargas (ou do Dasp) –


prioridade nos meios em detrimento dos fins.

O marco inicial e o ponto mais importante dessa reforma foi a


criação, em 1936, do Conselho Federal do Serviço Público Civil, que se
consolida através de sua transformação, dois anos depois (1938), no Dasp
(Departamento Administrativo do Serviço Público), que passou a ser
seu órgão executor e, também, formulador da nova forma de pensar
e organizar a administração pública9.

 IMPORTANTE – Para o Cespe o Dasp foi criado em 1936.


Esquematizando, fica assim: o Dasp foi criado em 1936 com a
denominação de Conselho Federal do Serviço Público Civil e em
1938 passou a ser denominado de Departamento Administrativo
do Serviço Público.

Destaca o Pdrae que a reforma do Dasp sofre a influência da teoria da


administração científica de Taylor, tendendo à racionalização mediante a
simplificação, padronização e aquisição racional de materiais, revisão de
estruturas e aplicação de métodos na definição de procedimentos. Além
disso, nesse período, foi instituída a função orçamentária enquanto
atividade formal e permanentemente vinculada ao planejamento.

Segundo Beatriz Wahrlich, as principais áreas objeto da reforma


do Dasp foram:

 administração de pessoal – tendo o sistema do mérito como


pedra angular da reforma. A reforma administrativa de
pessoal foi a contribuição mais significativa da época;

 administração de material – em especial sua simplificação e


padronização;

8 Wahrlich, 1974, p. 28.


9 Bresser-Pereira, Op. cit. p. 10-11.

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 orçamento e a administração orçamentária – com a
introdução da concepção do orçamento como um plano de
administração;

 revisão de estruturas e racionalização de métodos.

Com efeito, a autora destaca ainda que as principais realizações do


Dasp foram: ingresso no serviço público por concurso; critérios gerais e
uniformes de classificação de cargos; organização dos serviços de
pessoal e de seu aperfeiçoamento sistemático; administração
orçamentária; padronização das compras do Estado; e racionalização
geral de métodos.

De forma mais resumida, Paludo10 destaca que os principais objetivos


do Dasp foram (1) modernizar a Administração Pública brasileira e
(2) suprimir o modelo patrimonialista de gestão. Porém, o Cespe já
considerou errada a afirmativa de que o Dasp teve como objetivo principal
suprimir o modelo patrimonialista de gestão.

 IMPORTANTE – principal objetivo do Dasp: modernizar a


Administração Pública brasileira.

Complementando, o autor cita as três frentes do Estado


intervencionista do Dasp:

1. criação de órgãos e departamentos formuladores de políticas


públicas capazes de promover a integração entre o Governo e
a sociedade;

2. expansão dos órgãos permanentes (ministérios, órgãos de


regulação, fiscalização e controle), alcançando também as
funções de planejamento e orçamento; e

3. expansão das atividades empresariais do Estado, que


passou a executar diretamente atividades e serviços (empresas
públicas, sociedades de economia mista, autarquias e
fundações).

Ou seja, a estratégia utilizada foi criar órgãos formuladores de políticas


públicas; expansão dos órgãos permanentes (administração direta) e
expansão das atividades empresariais (início da administração indireta).

10 Paludo. Op. cit. p. 81.

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Voltando a falar sobre a administração de pessoal, o Pdrae destaca
que, no que diz respeito à administração dos recursos humanos, o Dasp
representou a tentativa de formação da burocracia nos moldes
weberianos, baseada no princípio do mérito profissional. Entretanto,
embora tenham sido valorizados instrumentos importantes à época, tais
como o instituto do concurso público e do treinamento, não se chegou a
adotar consistentemente uma política de recursos humanos que
respondesse às necessidades do Estado. O patrimonialismo (contra o
qual a administração pública burocrática se instalara), embora em processo
de transformação, mantinha ainda sua própria força no quadro político
brasileiro11.

Por fim, fica fácil perceber que o Departamento Administrativo do


Serviço Público e o autoritarismo de Getúlio Vargas foram primordiais no
andamento da reforma. Portanto, não é surpreendente que logo após o
colapso do regime autoritário, os velhos componentes patrimonialistas e os
novos fatores clientelistas tenham se feito sentir de forma poderosa.
Vargas foi deposto em outubro de 1945, fazendo com que faltasse
à Reforma Burocrática o respaldo que o regime autoritário lhe
conferia. No novo regime democrático (a partir de 1945), o Dasp
perdeu grande parte de suas atribuições. Nos cinco anos seguintes, a
reforma administrativa seria conduzida como uma ação governamental
rotineira e sem importância, enquanto práticas clientelistas ganhavam novo
alento dentro do Estado brasileiro12.

A tabela abaixo resume os principais fatos históricos do período de


1929 até 1945.

Ano Fato histórico Descrição


Quebra da bolsa de Nova York com grande impacto sobre
1929 Grande Depressão a economia mundial. Destacou a importância do
intervencionismo estatal na economia.
Getúlio Vargas se torna Presidente. A economia
1930 Governo Vargas brasileira se fecha, e o processo de industrialização se
impulsiona.
Constituição de Permaneceu pouco tempo, sendo logo substituída pela
1934
1934 Constituição de 1937.
É criado o Conselho Federal do Serviço Público Civil
1936 Dasp
(CFSPC), que se consolida através de sua transformação,

11 Pdrae, 1995, p. 19.


12 Bresser-Pereira, Op. cit. p. 13.

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dois anos depois (1938), no Dasp (Departamento
Administrativo do Serviço Público).
Estado Novo e Vargas institui uma nova Constituição, aumentando seus
1937 Constituição de poderes e sua capacidade de reformar a máquina
1937 pública.
1938 Dasp O CFSPC se transforma no Dasp.
Institui o Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União,
1939 DL 1.713/1939 estabelecendo o concurso público para algumas classes
de nível superior.
Com a deposição de Getúlio Vargas e a
redemocratização, o Dasp e a reforma perdem força. A
1945 Queda de Vargas
reforma estava incompleta e passa a sofrer pressões
tanto do lado patrimonialista quanto do gerencialista.

Redemocratização (1945), Segundo Governo Vargas (1951), Governo


JK (1956) Administração para o desenvolvimento

Conforme apresentamos acima, com a queda de Vargas, o Dasp


perdeu muito de seu poder de reforma. Mesmo retornando ao poder em
1951, Getúlio estava limitado pela Constituição de 1946. Dessa forma, não
tinha a mesma autonomia que em seu primeiro governo.

O Governo de Juscelino Kubitscheck (JK) – 1956 – foi conhecido como


"Estado desenvolvimentista", pois tinha como lema desenvolver "50 anos
em cinco". Nesse período, foram criadas estruturas paralelas na
Administração indireta como forma de contornar os problemas da
centralização e rigidez presentes na Administração direta sem, no entanto,
criar conflitos que uma eventual reforma representaria.

Estruturas paralelas

 Para contornar o problema da rigidez da


administração direta, JK criou estruturas
paralelas na administração indireta,
flexíveis e compatíveis com os objetivos do
plano de metas.

Uma das características desse modelo proposto por JK era a


especialização de tarefas por essas novas estruturas que eram mais
flexíveis, tecnocráticas e modernas. Com efeito, instituiu-se o Conselho

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de Desenvolvimento, que atuava através de grupos de executivos13
responsáveis por orientar e dirigir as estruturas especializadas, tudo isso
com o objetivo de satisfazer o plano de metas estipulado por JK. Ademais,
a área do setor público responsável pela implementação da administração
para o desenvolvimento de JK ficou conhecida pelas ilhas de excelência,
justamente por serem mais flexíveis, técnicas e modernas do que a
Administração direta, burocratizada e rígida.

Com efeito, este período ficou marcado pelo início de vários estudos e
projetos para a reforma da Administração Pública. Em 1956 foram criadas
duas importantes comissões:

 Comissão de Simplificação Burocrática (Cosb) – visava à


elaboração de projetos direcionados para reformas globais e
descentralização de serviços; e

 Comissão de Estudos e Projetos Administrativos (Cepa) –


objetivando a realização de estudos para simplificação dos
processos administrativos e reformas ministeriais.

Por fim, citamos uma parte importante do Plano Diretor da Reforma


do Aparelho do Estado:
Tendo em vista as inadequações do modelo, a administração burocrática
implantada a partir de 30 sofreu sucessivas tentativas de reforma. Não
obstante, as experiências se caracterizaram, em alguns casos, pela ênfase
na extinção e criação de órgãos, e, em outros, pela constituição de
estruturas paralelas visando alterar a rigidez burocrática. Na própria
área da reforma administrativa esta última prática foi adotada, por
exemplo, no Governo JK, com a criação de comissões especiais, como a
Comissão de Estudos e Projetos Administrativos, objetivando a
realização de estudos para simplificação dos processos administrativos e
reformas ministeriais, e a Comissão de Simplificação Burocrática, que
visava à elaboração de projetos direcionados para reformas globais e
descentralização de serviços. (grifos nossos)

Agora, podemos listar os principais pontos do Governo JK: Estado


desenvolvimentista; estruturas paralelas; especialização de
tarefas; administração direta centralizada e rígida / administração
indireta flexível e tecnocrática; ilhas de excelência; plano de metas;

13 Paludo, Op. cit. p. 84.

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grupos de executivos; e Comissão de Simplificação Burocrática
(Cosb) e Comissão de Estudos e Projetos Administrativos (Cepa).

Governo João Goulart (1962)

O Governo João Goulart sucedeu a JK e foi responsável pela criação do


Ministério Extraordinário da Reforma Administrativa e também pela
Comissão Amaral Peixoto, conhecida por esse nome por ser chefiada pelo
Almirante Amaral Peixoto. O objetivo da reforma delineada por esse
Ministério era criar e aperfeiçoar os instrumentos de pesquisa, previsão,
planejamento, direção, execução, coordenação e controle de que carecia o
Poder Executivo para transformar-se em propulsor do desenvolvimento
nacional.

Para tanto, a Comissão levou em consideração estudos anteriores de


reforma administrativa, como os trabalhos da Cepa e de um projeto da
Consultoria-Geral da República. Ao concluir seus trabalhos, a Comissão
apresentou quatro projetos distintos, conhecidos como “Anteprojeto de Lei
Orgânica do Sistema Administrativo Federal”. Mais tarde, os estudos da
Cosb, da Cepa e da Comissão Amaral Peixoto serviram de subsídio para a
elaboração do DL nº 200/1967.

Início do Governo Militar (1964) e a Reforma Administrativa do DL


200/1967

Com o retorno dos militares ao governo do país, em 1964, o processo


de reforma administrativa ganha um novo “gás”. Os militares voltaram a
centralizar o controle político e ampliaram as ações intervencionistas do
Estado. Ainda nesse ano, foi instituída a Comissão Especial de Estudos da
Reforma Administrativa (Comestra), com a finalidade de examinar os
projetos já elaborados e preparar outros considerados essenciais à
obtenção de rendimento e produtividade da Administração Federal. A
conclusão do trabalho dessa comissão foi um novo anteprojeto de lei que,
após algumas revisões, culminou no Decreto-Lei nº 200/1967 (DL
200/67).

O DL 200/67 surge do reconhecimento de que as formas burocráticas


rígidas constituíam um obstáculo ao desenvolvimento quase tão grande
quanto as distorções patrimonialistas e populistas dos períodos anteriores.
Assim, essa reforma buscou substituir a administração pública burocrática

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por um modelo voltado para o desenvolvimento do país (perceba que a
“administração para o desenvolvimento” prossegue nesse período),
distinguindo com clareza a administração direta da administração indireta,
garantindo às autarquias e fundações deste segundo setor, e também às
empresas estatais, uma autonomia de gestão muito maior do que possuíam
anteriormente. Ademais, a reforma fortaleceu e flexibilizou o sistema do
mérito e tornou menos burocrático o sistema de compras do Estado.

Segundo o Pdrae,
A reforma operada em 1967 pelo Decreto-Lei 200, entretanto, constitui
um marco na tentativa de superação da rigidez burocrática, podendo
ser considerada como um primeiro momento da administração
gerencial no Brasil. Mediante o referido decreto-lei, realizou-se a
transferência de atividades para autarquias, fundações, empresas
públicas e sociedades de economia mista, a fim de obter-se maior
dinamismo operacional por meio da descentralização funcional.
Instituíram-se como princípios de racionalidade administrativa o
planejamento e o orçamento, o descongestionamento das chefias
executivas superiores (desconcentração/descentralização), a tentativa de
reunir competência e informação no processo decisório, a sistematização,
a coordenação e o controle. (grifos nossos)

 IMPORTANTE – O DL 200/67 constitui o primeiro momento da


administração gerencial no Brasil.

Nesse contexto, Frederico Lustosa da Costa14 destaca que o DL 200/67


foi o mais sistemático e ambicioso empreendimento para a reforma da
administração federal, constituindo uma espécie de lei orgânica da
administração pública, fixando princípios, estabelecendo conceitos,
balizando estruturas e determinando providências. Além disso, o
autor destaca alguns pontos importantes desse Decreto-Lei:

 prescrevia que a administração pública deveria se guiar pelos


princípios do planejamento, da coordenação, da
descentralização, da delegação de competência e do
controle;

 estabelecia a distinção entre a administração direta – os


ministérios e demais órgãos diretamente subordinados ao
presidente da República – e a indireta, constituída pelos órgãos

14 Costa, 2008, p. 851.

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descentralizados – autarquias, fundações, empresas públicas e
sociedades de economia mista;

 fixava a estrutura do Poder Executivo federal, indicando os


órgãos de assistência imediata do presidente da República e
distribuindo os ministérios entre os setores político, econômico,
social, militar e de planejamento, além de apontar os órgãos
essenciais comuns aos diversos ministérios;

 desenhava os sistemas de atividades auxiliares-pessoal,


orçamento, estatística, administração financeira,
contabilidade e auditoria e serviços gerais;

 definia as bases do controle externo e interno;

 indicava diretrizes gerais para um novo plano de


classificação de cargos; e

 estatuía normas de aquisição e contratação de bens e


serviços.

É importante destacar que essa reforma ficou conhecida pela


centralização política de poder e de recursos no nível federal, e uma
descentralização no nível administrativo, através da Administração
indireta15.

Reforma realizada pelo DL 200/67

 centralização política e de recursos;

 descentralização administrativa.

Assim, na mesma tendência do Governo JK, a expansão da


administração indireta foi a marca maior deste período. Isso resultou
no fenômeno da dicotomia entre o Estado tecnocrático e moderno das
instâncias da administração indireta e o Estado burocrático, formal
e defasado da administração direta16.

Em que pese o DL 200/67 tenha trazido inegáveis benefícios na


modernização da Administração Pública brasileira, destacam-se duas
consequências inesperadas e indesejáveis:

15 Paludo. Op. cit. p. 87,


16 Marcelino, 1988, apud Costa, 2008, p. 853.

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 ao permitir a contratação de empregados sem concurso público,
facilitou a sobrevivência de práticas clientelistas ou fisiológicas;
e

 ao não se preocupar com mudanças no âmbito da administração


direta ou central, que foi vista pejorativamente como
‘burocrática’ ou rígida, deixou de realizar concursos e de
desenvolver carreiras de altos administradores.

Nesse mesmo sentido, destaca o Pdrae que as reformas operadas pelo


Decreto-Lei 200/67 não desencadearam mudanças no âmbito da
administração burocrática central, permitindo a coexistência de
núcleos de eficiência e competência na administração indireta e formas
arcaicas e ineficientes no plano da administração direta ou central. O
núcleo burocrático foi, na verdade, enfraquecido indevidamente
através de uma estratégia oportunista do regime militar, que não
desenvolveu carreiras de administradores públicos de alto nível,
preferindo, ao invés, contratar os escalões superiores da administração
através das empresas estatais.

Por fim, para Bresser-Pereira17 a reforma administrativa embutida no


DL 200/67 ficou pela metade e fracassou. Isso não quer dizer que a
reforma não tenha trazido nenhum benefício. O que Bresser destaca é que
todos os seus objetivos não foram alcançados. Segundo o autor, a crise
política do regime militar, que se inicia já em meados dos anos 1970,
agrava ainda mais a situação da administração pública, já que a burocracia
estatal foi identificada com o sistema autoritário em pleno processo de
degeneração.

Plano Nacional de Desburocratização (PND 1979)

A próxima importante tentativa de reforma da máquina pública ocorre


em 1979 com o Plano Nacional de Desburocratização, o PND, tendo como
figura ícone o ministro Hélio Beltrão, que também atuou ativamente na
reforma de 1967.

Segundo o Pdrae,
No início dos anos 80, registrou-se uma nova tentativa de reformar a
burocracia e orientá-la na direção da administração pública gerencial, com

17 Bresser-Pereira, 1996, p. 273-274.

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a criação do Ministério da Desburocratização e do Programa Nacional de
Desburocratização - PrND, cujos objetivos eram a revitalização e agilização
das organizações do Estado, a descentralização da autoridade, a melhoria
e simplificação dos processos administrativos e a promoção da eficiência.
As ações do PrND voltaram-se inicialmente para o combate à
burocratização dos procedimentos. Posteriormente, foram dirigidas para o
desenvolvimento do Programa Nacional de Desestatização, num esforço
para conter os excessos da expansão da administração descentralizada,
estimulada pelo Decreto-Lei 200/67.

Temos aqui, na verdade, dois planos conexos. O primeiro tinha a


finalidade de simplificar e racionalizar as normas organizacionais, tornando
os órgãos públicos mais dinâmicos e ágeis (desburocratização). O
segundo era o plano de desestatização, buscando fortalecer o sistema
livre de empresa. Segundo Beatriz Wahrlich, o programa de desestatização
havia sido concebido para estabelecer limites aos excessos de expansão da
administração pública que ocorreu na década anterior.

A Redemocratização (1985) e a Constituição Federal de 1988 A Nova


República e o retrocesso burocrático

Os anos 70 foram marcados por intensas crises, particularmente por


causa das grandes altas do petróleo em 73 e 79. Com isso, a taxa de
crescimento do Brasil despenca e o descontentamento da população se
direciona contra o Governo Militar, intensificando as cobranças pelo retorno
da democracia.

Com isso, em 1985, Tancredo Neves é eleito Presidente através de


uma eleição indireta. Contudo, Tancredo adoeceu e veio a falecer à véspera
da posse. Assim, José Sarney assume, a presidência em seu lugar.

A consequência indesejada é que Sarney precisava governar um país


cheio de expectativas, que esperava que o retorno da democracia
implementasse as melhorias necessárias para combater a inflação e
impulsionar novamente o crescimento do país. Um grande problema,
entretanto, é que todo o governo já havia sido nomeado por Tancredo. A
estratégia de Sarney, portanto, foi criar diversos cargos para poder colocar
sua equipe no governo. Assim, a redemocratização passa a representar
uma paralisação das reformas até então em andamento. Vejamos o Pdrae:
As ações rumo a uma administração pública gerencial são, entretanto,
paralisadas na transição democrática de 1985 que, embora
representasse uma grande vitória democrática, teve como um de seus

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custos mais surpreendentes o loteamento dos cargos públicos da
administração indireta e das delegacias dos ministérios nos
Estados para os políticos dos partidos vitoriosos. Um novo
populismo patrimonialista surgia no país. De outra parte, a alta
burocracia passava a ser acusada, principalmente pelas forças
conservadoras, de ser a culpada da crise do Estado, na medida em que
favorecera seu crescimento excessivo. (grifos nossos)

Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 a situação se


agravou. O novo Texto Constitucional engessou a administração indireta,
aplicando às empresas estatais as mesmas regras rígidas adotadas para o
núcleo estratégico do Estado. Ademais, a CF/88 instituiu a obrigatoriedade
do regime jurídico único e retirou a flexibilidade da administração indireta.

Nesse contexto, destaca Bresser-Pereira18 que, em síntese, o


retrocesso burocrático ocorrido no país entre 1985 e 1989 foi uma reação
ao clientelismo que dominou o país naqueles anos, mas também foi
uma afirmação de privilégios corporativistas e patrimonialistas
incompatíveis com o ethos burocrático. Foi, além disso, uma
consequência de uma atitude defensiva da alta burocracia, que,
sentindo-se acuada, injustamente acusada, defendeu-se de forma
irracional. O resultado foi o desprestígio da administração pública brasileira,
não obstante o fato de que esta seja majoritariamente formada por
profissionais competentes, honestos e dotados de espírito público.

No plano político, a CF/88 devolveu e ampliou a competência dos


estados e elevou os municípios ao status de ente federado, dando-lhes
autonomia, recursos e responsabilidades. Assim, enquanto o DL 200/67
representou a centralização política e a descentralização
administrativa; a CF/88 significou a centralização administrativa e
a descentralização política.

As mudanças relacionadas à administração e aos servidores com a


CF/88 foram as seguintes19:

 necessidade de autorização do Poder Legislativo quanto à


criação, transformação e extinção de órgãos/entidades, e
criação de cargos, empregos e funções públicas;

18 Bresser-Pereira, 2001, p. 21.


19 Paludo. Op. cit. p. 93.

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 extensão às entidades da Administração indireta de
procedimentos e mecanismos de controle aplicáveis à
Administração direta, ocasionando perda de flexibilidade;

 descentralização para os Estados e Municípios de parcela de


recursos orçamentários e da responsabilidade pela execução de
serviços públicos (repartição de competências);

 estabelecimento de isonomia salarial entre os três poderes


(atualmente revogada);

 instituição do direito à associação sindical para os servidores


públicos civis;

 criação do regime jurídico único para a União, Estados e


Municípios;

 instituição de plano de carreira para servidores da Administração


direta e indireta (autarquias e fundações);

 garantia da estabilidade para os servidores concursados após


dois anos de efetivo exercício (atualmente é após três anos);

 aposentadorias com salários integrais, independentemente do


tempo de contribuição;

 estabilidade para cerca de 400 mil empregados celetistas da


Administração indireta (autarquias e fundações); e

 ampliação das competências dos órgãos de controle (interno e


externo).

Algumas dessas medidas refletiram em uma visão equivocada da


Administração Pública, que, mais tarde, implicou na campanha difamatória
dos servidores públicos, culminando na equivocada reforma instituída no
Governo Collor (1990-1992).

(Des)Reforma Administrativa do Governo Collor (1990-1992) e o


Governo Itamar Franco (1992-1994)

Ao assumir o poder, Fernando Collor deu os passos iniciais da reforma


gerencial. Contudo, muitas de suas medidas foram equivocadas e
acabaram promovendo uma desastrosa reforma administrativa. Nesse
Governo, houve a ruptura do modelo de Estado desenvolvimentista e

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interventor, substituindo-o por um modelo neoliberal de Estado
mínimo.

Segundo Paludo20,
Collor acreditava que a Administração Federal tinha crescido demais, e
mesmo sem ter uma proposta formal promoveu equivocada e desastrada
reforma administrativa, com redução drástica das despesas públicas,
extinção de órgãos e Ministérios e demissão de aproximadamente 112 mil
funcionários públicos. Consequentemente, a capacidade de governar foi
fortemente abalada.

O autor destaca que as prioridades de Collor foram: o ajuste


econômico, a desestatização, a desregulamentação e a abertura comercial.
O foco da reforma era a privatização das empresas estatais.

Para Collor o Estado representava um problema para o mercado.


Dessa forma, ele buscou o desmonte e o enfraquecimento da intervenção
estatal na economia. Como aspecto positivo, ele buscou desenvolver os
princípios da descentralização e flexibilização da máquina pública.

José Matias-Pereira21 destaca que,


Os efeitos decorrentes das disfunções da Constituição de 1988 começaram
a ser percebidos de forma imediata na Administração Pública. Na busca de
soluções para melhorar a performance do setor público, o governo Collor
(1990-1992), entre outras medidas, propõe-se a reduzir o tamanho e o
número de servidores da máquina governamental. O desmonte do setor
público e o enfraquecimento do papel do Estado, feitos de forma
inadequada por esse governo, agravaram ainda mais os problemas
existentes.

Porém, após se envolver numa onda de corrupção, Collor foi deposto


e assumiu, em seu lugar, Itamar Franco (1992-1994), que não realizou
nenhuma reforma, apenas recompôs os salários dos funcionários públicos
e deu continuidade ao programa de desestatização22.

--------------

A tabela23 abaixo apresenta uma pequena síntese do que foi estudado


até aqui.

20
Paludo, 2013, p. 97.
21
Matias-Pereira, 2010, p. 95.
22
Paludo, 2013, p. 98.
23
Adaptado de Matias-Pereira, 2010, p. 96.

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Ações Casos Medidas orientadoras Processos adotados

 DASP  O problema está nos  Soluções (a burocracia


meios. Reforma o papel ortodoxa); busca de
da burocracia. problemas (burocracia
Reforma
 Princípios – patrimonial).
administrativa
centralização e  Projeto Maurício Nabuco
padronização. – implantado de maneira
autoritária.

 Administração  O problema está na  Problemas (rigidez e


paralela adequação entre meios incapacidade) em busca
(Governo JK) e fins – necessidade de de soluções (grupos
 Administração uma burocracia executivos e Decreto-Lei
para o flexibilizada para os fins nº 200, respectivamente).
Desenvolvimento de desenvolvimento  Elabora-se diagnóstico
(Regime Militar) (Plano de Metas e (Comissão de
Planos Nacionais de Simplificação Burocrática
Modernização
Desenvolvimento, – COSB; e Comissão
administrativa
respectivamente). Amaral Peixoto,
respectivamente);
proposições legais; e
implementa-se mediante
forte liderança top-down
(grupos de executivos) ou
de forma autoritária
(Decreto-Lei nº 200).

 Governo Collor –  Princípios –  Soluções (desmonte e


1990/1991 descentralização e enfraquecimento do
Reforma do
flexibilização. papel do Estado).
Estado
O Estado como
problema.

Chega de teoria, vamos resolver questões!?

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Julgue o item a seguir, a respeito da estruturação da máquina administrativa no


Brasil a partir de 1930.
1. (Cespe – Analista/MI/2013) Foram instituídos, pela reforma administrativa no
Brasil realizada por meio do Decreto-Lei n.o 200/1967, os princípios da
racionalidade administrativa, o planejamento e o orçamento, entre outros.
Comentário: questão retirada do Pdrae:
Instituíram-se como princípios de racionalidade administrativa o
planejamento e o orçamento, o descongestionamento das chefias
executivas superiores (desconcentração/descentralização), a tentativa
de reunir competência e informação no processo decisório, a
sistematização, a coordenação e o controle.

Gabarito: correto.

2. (Cespe – Analista/MI/2013) Após a promulgação da Constituição Federal de


1988, foi deflagrado um processo de municipalização da gestão pública e,
consequentemente, de concessão de maiores poderes aos municípios.
Comentário: a CF/88 deu aos municípios um status de ente federado ao lado
dos estados, Distrito Federal e União. Com isso, ocorreu um forte processo
de municipalização da gestão pública, passando diversas políticas públicas
para a responsabilidade dos municípios. A ideia era aproximar o gestor e o
processo decisório da população alvo.
Gabarito: correto.

3. (Cespe – Analista/MI/2013) Na área de administração de recursos humanos,


o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) inspirou-se no princípio
do mérito profissional para estruturar a burocracia.
Comentário: de graça! O principal foco do Dasp era a reforma da gestão de
recursos humanos. Inspirando-se no princípio do mérito profissional, esse
Departamento valorizou alguns instrumentos como o concurso público e o
treinamento.
Gabarito: correto.

4. (Cespe – Técnico/TJ-AL/2013) A respeito das reformas administrativas e da


nova gestão pública, assinale a opção correta.

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a) A nova gestão pública reúne características positivas dos modelos patrimonial e
gerencial de administração pública.
b) A última reforma administrativa que se têm notícia no Brasil foi aquela baseada
nos princípios burocráticos estabelecidos pelo presidente Vargas.
c) A administração pública gerencial é multifuncional, define indicadores, mede e
analisa resultados, foca no cidadão e procura flexibilizar as relações de trabalho.
d) O modelo de administração pública burocrático é orientado para resultado,
concentra-se no processo, controla procedimentos e possui alta especialização.
e) A reforma administrativa resultante da independência do Brasil apresentou o
patrimonialismo como modelo de administração pública, que, apesar de superado,
ainda revela grande importância no governo do país.
Comentário:
a) errada: podemos dizer que a nova gestão pública apresenta aspectos
positivos do modelo burocrático de gestão pública, como o princípio do
mérito;
b) errada: a última reforma, que na verdade ainda se encontra em andamento,
é a reforma gerencial iniciada em 1995 com o Pdrae;
c) correta: a alternativa descreve corretamente algumas características da
administração pública gerencial;
d) errada: o modelo burocrático é orientado para o processo. O modelo
orientado para os resultados é o gerencial; e
e) errada: o modelo patrimonialista é algo indesejado que, porém, subsiste
em diversos pontos da Administração Pública brasileira, com diversas
práticas indesejadas como o clientelismo e o nepotismo.
Gabarito: alternativa C.

Julgue os itens seguintes, a respeito das crises do Estado brasileiro e de suas


reformas administrativas.
5. (Cespe – Técnico/DPRF/2012) A criação do Departamento Administrativo do
Serviço Público representou a segunda reforma administrativa do país, com a
implantação da administração pública gerencial.
Comentário: a criação do Dasp é o início da Reforma Burocrática, que
constitui a primeira reforma da Administração Pública brasileira.
Gabarito: errado.

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6. (Cespe – Técnico/DPRF/2012) O Programa Nacional de Desburocratização,
criado na década de 60 do século passado, foi a primeira tentativa de reforma
gerencial da administração pública.
Comentário: para começar o PND é do final dos anos 70 (1979) e a primeira
tentativa de reforma gerencial ocorreu em 1967 com o DL 200/67.
Gabarito: errado.

7. (Cespe – Técnico/DPRF/2012) O Decreto-lei n.º 200/1967 garantia a


contratação de empregados somente mediante concurso público, o que possibilitou
a seleção de administradores públicos de alto nível, contribuindo para a reforma do
Estado gerencialista.
Comentário: o DL 200/67 flexibilizou a forma de contração da administração
indireta, dispensando o concurso público para diversas situações. Isso
acabou gerando um dos efeitos indesejados dessa reforma: ao permitir a
contratação de empregados sem concurso público, facilitou a sobrevivência
de práticas clientelistas ou fisiológicas.
Gabarito: errado.

8. (Cespe – Técnico/DPRF/2012) No século XX, com a formação do grande


Estado social e econômico, responsável pelos serviços de educação, cultura,
saúde, previdência e outros, a administração burocrática foi essencial para garantir
eficiência nesse novo cenário.
Comentário: a finalidade da administração burocrática de Weber era instituir
uma administração eficiente. Contudo, o exagero nos controles de
procedimentos constituiu um grande empecilho na racionalização dos
processos e métodos administrativos. Além disso, a reforma burocrática
brasileira focou nos meios e não nos fins. Por conseguinte, a administração
burocrática não garantiu a eficiência no novo cenário que surgiu no século
XX.
Gabarito: errado.

9. (Cespe – Técnico/DPRF/2012) A crise da administração pública burocrática foi


consequência da sua reforma e da manutenção do patrimonialismo.
Comentário: questão interessante. Vimos em nossa aula que a administração
burocrática sofreu dois tipos de pressão distintas. De um lado estavam
aqueles que não queriam a reforma, mantendo o aspecto patrimonialista de
gestão. É de se registrar que a reforma burocrática não conseguiu extirpar
totalmente o patrimonialismo da gestão pública, coexistindo as práticas
clientelistas e nepóticas mesmo após a criação do Dasp. O outro lado é

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formado pelo grupo que entendia que a reforma instituiu um modelo rígido,
que não favorecia o desenvolvimento. Esse grupo é formado por aqueles que
entendiam necessária a reforma gerencial. Assim, podemos entender que a
crise do modelo burocrático decorre da sua própria reforma, pelo lado
daqueles que entendem que esse modelo não favorece o desenvolvimento, e
da manutenção do patrimonialismo, que conviveu com a burocracia (e
convive ainda hoje com o gerencialismo).
Gabarito: correto.

10. (Cespe – Técnico/ANAC/2012) Com a reforma administrativa do Estado Novo,


buscou-se inserir, no aparelho administrativo do país, a centralização, a
impessoalidade, a hierarquia, o sistema de mérito e a separação entre a res pública
e a res privada.
Comentário: a reforma administrativa do Estado Novo foi implementada por
Getúlio Vargas, tendo como órgão central o Dasp. O objetivo dessa reforma
era superar o modelo patrimonialista, no qual não existia separação entre a
res publica (patrimônio público) e a res privada (patrimônio privado). Segundo
Frederico Lustosa da Costa, com a Constituição de 1937 a centralização
passa a constituir um princípio de organização do Estado brasileiro que se
aplica de forma sistemática em todos os setores e níveis de estruturação
territorial. Por fim, vimos que a impessoalidade, hierarquia e o sistema de
mérito são outras características do modelo idealizado nessa reforma.
Gabarito: correto.

11. (Cespe – Técnico/ANAC/2012) O Decreto-Lei n.º 200/1967 representou um


marco orientador da administração pública para a eficiência e a centralização
administrativa, o que contribuiu para a autonomia da administração direta.
Comentário: o DL 200/67 buscou a eficiência através da descentralização
administrativa, ampliando a autonomia da administração indireta.
Gabarito: errado.

Os desafios da administração pública contemporânea relacionam-se diretamente à


quebra de paradigmas e conceitos preestabelecidos sobre a gestão organizacional.
A constante troca de conhecimento entre a esfera pública e privada é essencial
para garantir a constante evolução dos sistemas organizacionais. Com relação a
esse assunto, julgue os itens a seguir.
12. (Cespe – Técnico/DPRF/2012) A erradicação do patrimonialismo no Brasil
aconteceu com a reforma administrativa de 1930, que instituiu o modelo de
administração burocrática na gestão governamental brasileira.

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Comentário: a reforma de 1930 buscou substituir o modelo patrimonialista
pelo modelo burocrático. Contudo, não conseguiu fazer a sua erradicação.
Lembre-se que as reformas buscaram substituir um modelo por outro, mas a
erradicação dos modelos anteriores nunca ocorreu. Hoje, temos o predomínio
da administração gerencial, convivendo com muitas práticas burocráticas e
patrimonialistas.
Gabarito: errado.

13. (Cespe – Analista/TRE/2013) A busca do estabelecimento de estruturas


paralelas, como comissões de estudo e grupos executivos de trabalho, com a
participação de membros da indústria nacional, bem como a criação da Comissão
de Simplificação Burocrática, objetivando reformas globais, meios para
descentralização dos serviços, fixação de responsabilidades e prestação de contas
à autoridade, ocorreu no governo de
a) José Sarney.
b) Getúlio Vargas.
c) Juscelino Kubitschek.
d) Castelo Branco.
e) João Figueiredo.
Comentário: as características mencionadas acima são do Governo JK (1956-
1961). Apenas para nos situar no tempo:
 Governo Sarney – 1985 até 1990 (período em que foi promulgada a
CF/88)
 Governo Vargas – primeiro de 1930 até 1945 (Reforma Burocrática);
segundo de 1951-1954 (atuou de forma limitada através de alguns
estudos);
 Governo Castelo Branco – 1964 até 1967 (início do Governo Militar –
ditadura – e primeira tentativa da reforma gerencial com o DL 200/67);
 Governo João Figueiredo – 1979 até 1985 (término do Governo Militar –
e PND).
Gabarito: alternativa C.

Acerca da estruturação da máquina administrativa desde 1930, julgue os itens


subsequentes.
14. (Cespe – Técnico/TRT/2013) A reforma administrativa de 1967 promoveu a
centralização progressiva das decisões no Poder Executivo federal nos moldes da
administração burocrática.

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Comentário: a reforma do DL 200/67 promoveu a descentralização para a
administração indireta.
Gabarito: errado.

15. (Cespe – Técnico/TRT/2013) O Departamento Administrativo do Serviço


Público (DASP) foi criado com o objetivo de aprofundar a reforma administrativa
destinada a organizar e racionalizar o serviço público no país.
Comentário: excelente. Em 1936, foi criado o Conselho Federal do Serviço
Público Civil, que se transformou em Dasp em 1938, tendendo à
racionalização mediante a simplificação, padronização e aquisição racional
de materiais, revisão de estruturas e aplicação de métodos na definição de
procedimentos. Lembre-se: para o Cespe o Dasp foi criado em 1936.
Gabarito: correto.

16. (Cespe – Técnico/TRT/2013) A transição democrática de 1985 representou um


avanço na modernização da administração pública, na medida em que atribuiu à
administração indireta normas de funcionamento idênticas às que regem a
administração direta.
Comentário: a transição democrática de 1985, que culminou com a
promulgação da CF/88, representou um verdadeiro retrocesso, pois atribuiu
à administração indireta as mesmas normas rígidas da administração direta.
Gabarito: errado.

17. (Cespe – Técnico/MPU/2013) Segundo a concepção burocrática de


administração pública, o modo mais seguro de evitar o nepotismo e a corrupção no
serviço público é por meio do controle rígido dos processos e procedimentos.
Comentário: essa era justamente a proposta do modelo burocrático,
utilizando rígidos controles de processos para evitar o nepotismo e a
corrupção na Administração Pública.
Gabarito: correto.

18. (Cespe – Técnico/MPU/2013) A reforma administrativa iniciada pelo


Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) instituiu o Estado moderno
no Brasil, com vistas ao combate ao patrimonialismo e à burocracia estatal.
Comentário: a reforma administrativa do Dasp buscou implementar o modelo
burocrático, combatendo o patrimonialismo.
Gabarito: errado.

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19. (Cespe – Técnico/MPU/2013) As grandes reformas administrativas do Estado
brasileiro, ocorridas após 1930, foram do tipo patrimonialista, burocrática e
gerencial.
Comentário: as grandes reformas foram a burocrática, em 1930, e a gerencial,
em 1995. O patrimonialismo não constituiu uma reforma e sim um modelo que
predominou até 1930.
Gabarito: errado.

Em relação às reformas administrativas empreendidas no Brasil nos anos de 1930


a 1967, julgue o item a seguir.
20. (Cespe – Analista/TRE/2011) Nesse período, a preocupação governamental
direcionava-se mais ao caráter impositivo das medidas que aos processos de
internalização das ações administrativas.
Comentário: esse período foi marcado por intensas tentativas de reforma, na
maioria das vezes por governos autoritários, que buscaram impor as reformas
de qualquer forma, sem uma maior preocupação com a internalização das
ações administrativas propostas.
Gabarito: correto.

21. (Cespe – Analista/TRE/2011) Entre os anos 1950 e 1960, o modelo de gestão


administrativa proposto estava voltado para o desenvolvimento, especialmente
para a expansão do poder de intervenção do Estado na vida econômica e social do
país.
Comentário: o período de 1950 a 1960 abrangeu o segundo Governo Vargas e
o Governo JK. Foi o período conhecido como Administração para o
desenvolvimento, marcado pela expansão do poder de intervenção do Estado
na vida econômica e social do país.
Gabarito: correto.

22. (Cespe – Analista/TRE/2011) A instituição, em 1936, do Departamento de


Administração do Serviço Público (DASP) teve como objetivo principal suprimir o
modelo patrimonialista de gestão.
Comentário: o principal objetivo do Dasp foi modernizar a Administração
Pública brasileira. Foi a implantação do modelo burocrático que teve a
finalidade de suprimir o modelo patrimonialista.
Gabarito: errado.

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23. (Cespe – Analista/TRE/2011) As tentativas de reformas ocorridas na década
de 50 do século passado guiavam-se estrategicamente pelos princípios autoritários
e centralizados, típicos de uma nação em desenvolvimento.
Comentário: a década de 50 foi marcada pela "administração para o
desenvolvimento" do governo de Juscelino Kubitschek (JK). Esse governo
tinha como destaque o "plano de metas" e o lema de desenvolver "50 anos
em cinco", além do objetivo de construir a nova capital brasileira, Brasília.
JK não obteve êxito na reforma da Administração direta, pois manteve a
característica centralizadora e rígida. Todavia, como forma de contornar o
engessamento da Administração direta, evitando os conflitos dessa reforma,
foram criadas estruturas com atribuições semelhantes na Administração
indireta, porém mais flexíveis e técnicas que a anterior. Surge assim a
"administração paralela".
O erro da questão é que o autoritarismo ocorreu nas reformas de 30 (Vargas)
e de 67 (governo militar). O governo de JK era democrático.
Gabarito: errado.

Acerca da teoria das organizações aplicada à administração pública, julgue o item


que se segue.
24. (Cespe – OTI/ABIN/2010) Diversos teóricos da área organizacional defendem,
para a administração pública, a adoção do modelo de especialização das tarefas,
com a proposta de descentralização da execução, que deve ser acompanhada por
chefes especialistas. Tal modelo foi adotado no governo do presidente Juscelino
Kubitscheck.
Comentário: o Governo JK adotou o modelo de especialização de tarefas,
instituindo as estruturas paralelas técnicas e flexíveis na administração
indireta. Além disso, utilizou-se de grupos de executivos especializados que
conduziram as atividades necessárias para o cumprimento do plano de
metas.
Gabarito: correto.

Desde o governo de Getúlio Vargas, diversas modificações ocorreram nas


dimensões estruturais e culturais da máquina administrativa brasileira. Acerca
dessas modificações e da administração pública brasileira, julgue os itens a seguir.
25. (Cespe – Técnico/MC/2008) Uma das primeiras reformas empreendidas pelo
governo de Vargas visando à racionalização da administração pública foi a criação
das primeiras carreiras burocráticas.

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Comentário: já ficou fácil. O Governo Vargas foi o responsável pela criação
das primeiras carreiras burocráticas na administração pública
(profissionalização).
Gabarito: correto.

26. (Cespe – Técnico/MC/2008) A implantação da administração pública


burocrática é uma consequência da emergência de um capitalismo moderno no
Brasil à época.
Comentário: mais uma vez o Pdrae resolve essa questão: “A implantação da
administração pública burocrática é uma conseqüência clara da emergência
de um capitalismo moderno no país.”
Gabarito: correto.

27. (Cespe – Técnico/MC/2008) O Departamento Administrativo do Serviço


Público (DASP) foi criado com o objetivo de realizar a modernização administrativa
no âmbito da administração pública.
Comentário: segundo Paludo, os principais objetivos do Dasp foram (1)
modernizar a Administração Pública brasileira e (2) suprimir o modelo
patrimonialista de gestão.
Gabarito: correto.

28. (Cespe – Técnico/MC/2008) Nos primórdios, a administração pública sofreu


influência da teoria comportamental da administração.
Comentário: a administração pública sofreu influência da teoria científica de
Taylor, tendendo à racionalização mediante a simplificação, padronização e
aquisição racional de materiais, revisão de estruturas e aplicação de métodos
na definição de procedimentos.
Gabarito: errado.

29. (Cespe – Técnico/MC/2008) No período inicial, foi instituída a função


orçamentária como atividade formal, desvinculada, contudo, do planejamento.
Comentário: no período da reforma burocrática, a função orçamentária foi
instituída como atividade formal e permanentemente vinculada ao
planejamento.
Alguns alunos podem achar estranha essa afirmação, mas ela foi retirada do
Plano Diretor:
Com o objetivo de realizar a modernização administrativa, foi criado o
Departamento Administrativo do Serviço Público - DASP, em 1936. Nos

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primórdios, a administração pública sofre a influência da teoria da
administração científica de Taylor, tendendo à racionalização mediante a
simplificação, padronização e aquisição racional de materiais, revisão de
estruturas e aplicação de métodos na definição de procedimentos.
Registra-se que, neste período, foi instituída a função
orçamentária enquanto atividade formal e permanentemente
vinculada ao planejamento.

Gabarito: errado.

30. (Cespe – Técnico/MC/2008) No que tange à administração de recursos


humanos, foram valorizados instrumentos importantes como o instituto do concurso
público e do treinamento; deste modo, foi adotada consistentemente uma política
de recursos humanos que respondia às necessidades do Estado.
Comentário: pegadinha! Embora tenham sido valorizados instrumentos
importantes à época, tais como o instituto do concurso público e do
treinamento, não se chegou a adotar consistentemente uma política de
recursos humanos que respondesse às necessidades do Estado.
Gabarito: errado.

31. (Cespe – Técnico/MC/2008) A administração pública burocrática se instalou


no Brasil visando a acabar com o patrimonialismo vigente.
Comentário: perceba que agora a questão cobra o objetivo do modelo
burocrático, que era acabar com o patrimonialismo vigente até então. Correta,
portanto, a questão. Contudo, lembre-se que, na prática, algumas práticas
patrimonialistas predominam até hoje.
Gabarito: correto.

32. (Cespe – Técnico/MC/2008) O Decreto-lei n.º 200/1967 surgiu no bojo de uma


reforma que tentou aprimorar o modelo burocrático vigente na administração
pública.
Comentário: a proposta do DL 200/67 era aprimorar o modelo burocrático,
instituindo os princípios do planejamento, da coordenação, da
descentralização, da delegação de competência e do controle.
Gabarito: correto.

33. (Cespe – Técnico/MC/2008) O Programa Nacional de Desburocratização


(PRND) buscou revitalizar e agilizar as organizações do Estado. Suas ações foram
voltadas para simplificação das práticas administrativas e para maior estatização,
consolidando assim os esforços estimulados pelo Decreto-lei N.º 200/1967.

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Comentário: o item começa bem, pois o PND (ou PRND) buscou revitalizar e
agilizar as organizações do Estado. Contudo, utilizou-se de dois planos: o
primeiro é a desburocratização propriamente dita (simplificação e
racionalização); o segundo plano foi a desestatização (diminuição do
tamanho do Estado). Enquanto que o DL 200/67 ampliou a administração
indireta, o PND buscou reduzi-la, através de uma proposta de desestatização
de empresas públicas e sociedades de economia mista.
Gabarito: errado.

34. (Cespe – Técnico/MC/2008) As ações rumo a uma administração pública


gerencial foram aceleradas com a transição democrática de 1985 e consolidadas
com a promulgação da Constituição Federal de 1988.
Comentário: a transição democrática e a CF/88 representaram um retrocesso
gerencial:
A conjunção desses dois fatores leva, na Constituição de 1988, a um
retrocesso burocrático sem precedentes. Sem que houvesse maior
debate público, o Congresso Constituinte promoveu um surpreendente
engessamento do aparelho estatal, ao estender para os serviços do
Estado e para as próprias empresas estatais praticamente as mesmas
regras burocráticas rígidas adotadas no núcleo estratégico do Estado. A
nova Constituição determinou a perda da autonomia do Poder Executivo
para tratar da estruturação dos órgãos públicos, instituiu a
obrigatoriedade de regime jurídico único para os servidores civis da
União, dos Estados-membros e dos Municípios, e retirou da
administração indireta a sua flexibilidade operacional, ao atribuir às
fundações e autarquias públicas normas de funcionamento idênticas às
que regem a administração direta.

Gabarito: errado.

Em relação à abordagem burocrática da administração e à evolução da


administração pública no Brasil, por meio das reformas administrativas, julgue os
itens a seguir.
35. (Cespe – OCE/TCE-RS/2013) A reforma administrativa no Brasil, realizada por
meio do Decreto-Lei n.o 200/1967, representou um avanço em relação à tentativa
de romper com a rigidez burocrática, podendo ser entendida como a primeira
experiência de implantação da administração gerencial no país.
Comentário: o DL 200/67 foi a primeira experiência de implantação da
administração gerencial no país.
Gabarito: correto.

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Quase tão discutida quanto as próprias reformas administrativas contemporâneas,
a história das experiências de mudança institucional planejada do Estado brasileiro
tem merecido a atenção de muitos estudiosos da matéria, chegando quase a
constituir um objeto à parte. Assim, existem hoje inúmeros relatos, análises e
estudos sobre as experiências de reforma da administração pública federal
brasileira, com diferentes abordagens, graus de profundidade e níveis de
implicação com os projetos.
Frederico Lustosa da Costa. História das reformas administrativas no Brasil:
narrativas, teorizações e representações. In: Revista do Serviço Público: jul./set-
2008 (com adaptações).

Com referência ao tema do texto acima, julgue os itens seguintes


36. (Cespe – Analista/INMETRO/2009) A reforma administrativa realizada na Era
Vargas, a partir da criação do Departamento Administrativo do Serviço Público
(DASP), teve como característica marcante o fortalecimento das atividades fim do
Estado em detrimento das atividades meio, ou seja, aquelas relacionadas à
administração em geral.
Comentário: entendendo bem o Dasp, já andamos meio caminho! Lembre-se:
a reforma da Era Vargas foi uma reforma dos meios, preocupando-se com os
processos administrativos, sem uma preocupação sistemática com os fins
(atendimento às demandas do cidadão).
Gabarito: errado.

37. (Cespe – Analista/INMETRO/2009) A reforma administrativa realizada na


década de 60 foi marcada pelo abandono do isolamento burocrático, tendo como
premissa básica a substituição de celetistas por funcionários estatutários. Assim, a
reforma norteou-se pelo enfraquecimento da ação central de planejamento,
coordenação e controle e pela centralização da ação do Estado na órbita da
administração pública direta.
Comentário: o item apresenta vários erros. O insulamento burocrático pode
ser compreendido como uma forma de proteção e fechamento do núcleo
técnico do Estado para não sofrer com as pressões políticas clientelistas ou
de grupos intermediários específicos da sociedade. O aspecto positivo é que
esses burocratas limitam-se a atuar tecnicamente, livre de tendências
políticas. Contudo, pode representar uma situação negativa, quando o núcleo
técnico deixa de ouvir os anseios da sociedade.
O primeiro erro é que o insulamento surge desde o primeiro Governo Vargas,
acentuando-se na Era JK e no Governo Militar (muito além da década de 60).

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O outro erro é que o DL 200/67 promoveu a substituição de servidores
estatutários por celetistas no âmbito da administração indireta. Por fim, os
princípios do DL 200/67 são os seguintes: planejamento, coordenação,
descentralização, delegação de competência e controle.
Gabarito: errado.

38. (Cespe – Agente Administrativo/TCE-RO/2013) O Departamento


Administrativo do Serviço Público foi o primeiro órgão da estrutura administrativa
brasileira ao qual se atribuiu a responsabilidade de diminuir a ineficiência do serviço
público e reorganizar a administração pública.
Comentário: essa questão se relaciona com as reformas administrativas.
Perceba que uma das finalidades do Dasp era aumentar a eficiência da
administração pública. Não se esqueçam que, apesar de apresentar diversas
disfunções, a burocracia foi um modelo que veio para aumentar a eficiência
da máquina pública, substituindo as práticas irracionais e nepóticas do
patrimonialismo. O item está correto, mas lembrem-se: a eficiência não é uma
característica da administração burocrática! Ok?
Gabarito: correto.

Em 1930, com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, teve início a implantação da


administração burocrática no Brasil. No que concerne à evolução, ao
funcionamento e à estrutura organizacional da administração pública no Brasil,
julgue os itens que se seguem.
39. (Cespe – ACE/TCE-ES/2012) De acordo com o modelo de administração
pública burocrática, a corrupção pode ser combatida sem a necessidade de controle
rígido dos processos, mediante o uso de indicadores de desempenho e controle de
resultados.
Comentário: a utilização de indicadores de desempenho e do controle de
resultados ocorreu somente com a administração gerencial. O modelo
burocrático utilizou rígidos controles de processos para tentar combater a
corrupção e o nepotismo patrimonialistas.
Gabarito: errado.

40. (Cespe – ACE/TCE-ES/2012) A flexibilização e a descentralização constituem


princípios orientadores das reformas administrativas implementadas, no Brasil,
durante o período 1990-1991.
Comentário: o Governo Collor foi responsável pelo início de um amplo
programa de privatização das empresas estatais, sendo orientado pelos
princípios da flexibilização e da descentralização. Essa questão derrubou

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muito candidato bom. Lembre-se, em que pese a reforma gerencial tenha se
iniciado em 1995, durante o Governo Collor também ocorreram reformas
administrativas.
Gabarito: correto.

No que se refere às reformas administrativas e à redefinição do papel do Estado,


julgue os itens a seguir.
41. (Cespe – AUFC/TCU/2013) A criação do Departamento Administrativo do
Serviço Público (DASP) em 1936 representou uma modernização na administração
pública brasileira, haja vista que promoveu a descentralização das atividades
administrativas, com o intuito de se gerar maior eficiência.
Comentário: o Dasp foi criado em 1936 com o objetivo de modernizar a
Administração Pública brasileira. Contudo, os princípios dessa reforma foram
a centralização administrativa e a padronização.
Gabarito: errado.

42. (Cespe – AUFC/TCU/2013) Na reforma gerencial de 1995, a qual visava


eliminar os elementos patrimonialistas ainda existentes, enfatizaram-se a
hierarquização e o rígido controle de procedimentos.
Comentário: foi a reforma burocrática que buscou eliminar o patrimonialismo
utilizando a hierarquização e os rígidos controles de procedimentos.
Gabarito: errado.

ESTADO LIBERAL

O Estado liberal, também conhecido como liberalismo, foi o modelo


adotado no mundo para combater o poder do soberano. O liberalismo é
fundamentado na liberdade, no respeito à propriedade privada, na livre
concorrência, no Estado de direito e em outros princípios.

A proposta básica desta filosofia era acabar com o poder absoluto dos
monarcas, que administravam o Estado como se fosse seu. O Estado e o
poder do rei deveriam ser limitados, tomando como base leis escritas que
ditariam previamente as regras impostas à sociedade.

Outro ponto fundamental do Estado liberal era o livre comércio.


Dessa forma, o Estado não deveria interferir no mercado, pois este teria a
capacidade de se autorregular.

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O liberalismo foi um momento de grande desenvolvimento e expansão
comercial. Entretanto, teve como consequência um indesejado quadro de
desigualdade social. Enquanto poucas pessoas detinham riquezas quase
incalculáveis, a maior parte da população mal tinha o básico para
sobreviver.

ESTADO DO BEM-ESTAR SOCIAL (WELFARE STATE)

O Estado do Bem-Estar Social surge na década de 40, na Inglaterra,


como forma de combater o quadro de desigualdade decorrente do
liberalismo. Contudo, há registros de algumas características desse tipo de
Estado em momentos anteriores, como no Governo Bismarck, na Alemanha
(1883).

Como vimos, apesar de o liberalismo ter proporcionado um amplo


crescimento econômico, acabou gerando um crítico quadro de desigualdade
social. Além disso, o princípio do estado mínimo do liberalismo foi colocado
em xeque depois das duas grandes guerras mundiais e do crack da bolsa
de Nova Iorque.

Nesse contexto, diversos fatores convergiram para a queda do


liberalismo. Vejamos alguns:

 teoria keynesiana – John Maynard Keynes (1883-1946)


desenvolveu uma teoria macroeconômica baseada no
intervencionismo estatal para controlar os ciclos de depressão e
recessão;

 avanço da democracia – com a expansão da democracia pelo


mundo, as classes de trabalhadores ganharam forças para fazer
reinvindicações;

 concentração de renda – o liberalismo gerou um perverso quadro


de concentração de renda e desigualdade social; e

 crescimento da ideologia socialista – com o término da Segunda


Guerra Mundial, o mundo ficou dividido em duas partes, uma
socialista, dominada pela União Soviética, e outra capitalista,
liderada pelos EUA. A falta de condições básicas para as famílias
pobres fazia com que o povo aclamasse pelo fim do capitalismo.

A partir desse conjunto de fatores, o liberalismo torna-se inviável. A


burguesia não conseguia mais sustentar o sistema, uma vez que as classes

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trabalhistas estavam insatisfeitas. O capitalismo passava por um momento
de insegurança.

Nessa linha, Augustinho Paludo24 destaca:


Assim, o Estado de Bem-Estar surge como uma forma de amenizar os
efeitos da concentração de renda (legitimando assim o capitalismo
econômico); evitar o avanço das ideologias socialistas e também como
forma de “resgatar” o Estado para a sua missão de promotor do bem
comum, garantindo-lhe maior legitimidade. O Estado do Bem-Estar Social
foi, basicamente, uma “criação” do capitalismo e da democracia, surgindo
primeiramente na Europa e se estendendo rapidamente por dezenas de
países no período pós-Segunda Guerra Mundial.

Podemos entender, portanto, que o Estado do Bem-Estar Social foi um


modelo assistencialista e intervencionista que buscou garantir os direitos
sociais mínimos para a população.

Para complementar, importantes são os ensinamentos de José Matias-


Pereira25:
O Estado do Bem-Estar, que foi gerado para contrapor-se aos processos
econômicos desumanizantes, inflexíveis, onipotentes e onipresentes, é
uma aspiração ao direito à equidade e um apelo para romper com as
estruturas de mercado, impessoais, homogeneizantes e universalistas. É a
procura menos dramática de identidade entre a democracia e a liberdade
econômica.

Das palavras do autor, podemos concluir que o Estado do Bem-Estar


foi uma forma de equilibrar o capitalismo e a democracia, permitindo que
o governo intervisse na economia para garantir condições mínimas às
populações mais necessitadas.

Prosseguindo, Matias-Pereira destaca que, no Brasil, ocorreu um lento


processo de expansão de políticas sociais entre os anos 30 e 80, “que foram
deixando de ser privilégio do setor formal para abranger os setores mais
amplos da população”. Posteriormente, com a promulgação da Constituição
Federal de 1988, os direitos de cidadania foram ampliados
significativamente.

Todavia, há divergências doutrinárias sobre a existência do Welfare


State no Brasil. Segundo Matias-Pereira26, mesmo contando com um

24
Paludo, 2013, p. 14.
25
Matias-Pereira, 2010, p. 50.
26
Matias-Pereira, 2010, p. 50.

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sistema de proteção social amplo, o Brasil nunca teve um Estado do Bem-
Estar nos moldes universalistas, como existentes nos países europeus.

Por outro lado, Marcelo Medeiros27 assinala que,


O caráter redistributivo limitado do Welfare State brasileiro ao longo de seu
desenvolvimento é tratado a partir de dois ângulos - a autonomia da
burocracia e o poder político dos movimentos de trabalhadores. Por
um lado, a falta de autonomia da burocracia foi um dos elementos que
reduziram a capacidade redistributiva do Welfare State no Brasil, visto que
os funcionários públicos constituíam um grupo comprometido com o
governo, que, por sua vez, era resistente à promoção de gastos sociais
progressivos em detrimento de seus interesses corporativos. Por outro
lado, a combinação de autoritarismo com forte segmentação no mercado
de trabalho, presente em boa parte da história recente do país, limitou a
capacidade de os movimentos de trabalhadores influenciarem
positivamente a sistematização de programas sociais
generalizados a toda a população e sem caráter populista.

[...]

No Brasil, o Welfare State surge a partir de decisões autárquicas e


com caráter predominantemente político: regular aspectos relativos à
organização dos trabalhadores assalariados dos setores modernos da
economia e da burocracia. (grifos nossos)

Nesse contexto, Marcelo Medeiros entende que ocorreu o Welfare


State no Brasil, entretanto as decisões foram isoladas ou independentes
(autárquicas) e tiveram um caráter político, relacionadas com a regulação
de setores específicos dos trabalhadores assalariados.

Crise do Estado do Bem-Estar

O crescimento do Estado foi consequência do sistema assistencialista.


Contudo, ao longo dos anos 70 e 80 a economia mundial passava por
seguidas crises que colocaram em xeque a capacidade do Estado de
fornecer os direitos sociais e manter-se como impulsor do
desenvolvimento.

Nessa linha, quatro fatores foram fundamentais para agravar a crise


do modelo do Estado do Bem-Estar28:

27
Medeiros, 2001.
28
OCDE, 1981, apud Matias-Pereira, 2010, p. 51.

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a) os crescentes desequilíbrios internos, evidenciados nos déficit
fiscais;

b) a espiral inflacionária, que repercutiu na dinâmica do comércio


internacional;

c) o crescimento desmedido dos índices da dívida externa; e

d) a crise da legitimidade social, impulsionada pelo processo de


segmentação da sociedade em que se confrontaram setores
minoritários enriquecidos com uma crescente classe média
empobrecida.

Com certeza, um dos grandes pivôs desses fatores foi a crise do


petróleo que ocorreu durante os anos 70, que causou diversos impactos
negativos na economia mundial.

Dessa forma, o modelo de Estado assistencialista tornou-se


insustentável. O governo não tinha recursos para financiar os programas
sociais, ao mesmo tempo em que os contribuintes não queriam mais pagar
impostos em consequência dos baixos retornos percebidos. Assim, entra
em crise o sistema que sustentou o Estado do Bem-Estar Social.

ESTADO REGULADOR

Sucedendo ao Estado do Bem-Estar Social veio o Estado Neoliberal,


baseado na ideologia do Estado mínimo. Contudo, o Plano Diretor o
considerou como uma resposta inadequada para a crise, vejamos:
A reação imediata à crise - ainda nos anos 80, logo após a transição
democrática - foi ignorá-la. Uma segunda resposta igualmente
inadequada foi a neoliberal, caracterizada pela ideologia do Estado
mínimo. Ambas revelaram-se irrealistas: a primeira, porque subestimou
tal desequilíbrio; a segunda, porque utópica. Só em meados dos anos
90 surge uma resposta consistente com o desafio de superação da crise: a
idéia da reforma ou reconstrução do Estado, de forma a resgatar sua
autonomia financeira e sua capacidade de implementar políticas públicas
(grifos nossos)

Nessa linha, a presença do Estado é fundamental. Contudo, o modelo


de atuação direta deveria ser substituído por uma atuação indireta,
fundamentada no fomento e na regulação.

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Para que possamos entender melhor o que é o Estado regulador,
vamos dar uma olhada nas formas de intervenção do Estado na economia.
Segundo Giandomenico Majone29 as teorias político-econômicas modernas
do Estado distinguem três tipos principais de intervenção pública na
economia:

 redistribuição de renda: inclui todas as transferências de


recursos de um grupo de indivíduos, regiões ou países, para um
outro grupo, bem como a provisão de “bens de mérito” tais como
educação primária, seguro social, ou certas formas de assistência à
saúde que os governos obrigam os cidadãos a consumir;

 estabilização macroeconômica: tenta atingir e manter níveis


satisfatórios de crescimento econômico e de emprego. Seus
instrumentos principais são a política fiscal e monetária juntamente
com o mercado de trabalho e a política industrial; e

 regulação de mercados: tem como objetivo corrigir vários tipos


de falhas de mercado: o poder de monopólio, as externalidades
negativas, a informação incompleta, a provisão insuficiente de bens
públicos.

Nesse contexto, a regulação do mercado é uma das principais funções


do Estado, que justificam a sua existência. A importância dessas atividades
é relativa, variando de acordo com o país e o momento histórico.

Assim, a partir dos anos 70, percebeu-se a necessidade de transferir


para a iniciativa privada as atividades de cunho econômico (privatização) e
para a sociedade civil as atividades com grande importância social, mas
que não são tanto atrativas para o mercado (publicização).

Para o bom funcionamento das privatizações, em particular nas


atividades tipicamente monopolistas, é necessário um bom sistema de
regulação, permitindo o bom andamento da atividade, sem implicar em
lucros exagerados ou serviços mal prestados para a sociedade.

De acordo com Giandomenico Majone30,


O novo modelo, que começou a surgir no fim dos anos 70, inclui a
privatização, a liberalização, a reforma dos esquemas de bem-estar
e também a desregulação. Realmente, junto com a privatização, a
desregulação é geralmente considerada como uma de suas

29
Majone, 1999, p. 6.
30
Majone, 1999, p. 8-9.

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características mais distintivas. Paradoxalmente, o mesmo período
assistiu a um crescimento expressivo da formulação de políticas
reguladoras tanto em nível nacional quanto europeu [...]. No entanto, o
paradoxo é mais aparente do que real. A verdade é que, neste período,
métodos tradicionais de regulação e de controle estavam ruindo sob a
pressão de potentes forças tecnológicas, econômicas e ideológicas, e foram
desmantelados ou radicalmente transformados. Isto é freqüentemente
chamado “desregulação”, mas o termo é enganador. O que se
observa na prática não é um desmantelamento de toda a regulação
governamental — uma volta a uma situação de laissez-faire que na
realidade nunca existiu na Europa — mas, em vez disso, uma combinação
de desregulação e nova regulação, possivelmente em um nível
diferente de governança.

Assim, percebam que a privatização e a regulação andam juntas.


Apesar disso, o concurseiro deve estar ligado, pois a banca pode falar que
o Estado regulador foi marcado pela desregulação. Essa afirmação estaria
correta, embora possa soar um bocado estranha. Na verdade, o termo
desregulação significa uma nova forma de regulação. A desregulação trata
da diminuição da intervenção e dos regramentos estatais para a economia.
Contudo, em que pese tenham diminuído os regramentos, a regulação
tornou-se fundamental na transição do governo direto para o governo
indireto.

No Brasil, o Estado regulador está intimamente relacionado com a


reforma do Estado. Segundo o Plano Diretor,
A reforma do Estado deve ser entendida dentro do contexto da redefinição
do papel do Estado, que deixa de ser o responsável direto pelo
desenvolvimento econômico e social pela via da produção de bens e
serviços, para fortalecer-se na função de promotor e regulador desse
desenvolvimento (grifos nossos)

Assim, a partir dos anos 90 começaram a surgir órgãos específicos


para a atividade de regulação, as agências reguladoras. As agências
reguladoras são autarquias sob regime especial, criadas por lei para
desempenhar a atividade de regulação de determinado setor. Apenas para
fins de ilustração, vamos dar uma olhada no conteúdo do artigo 8ª da Lei
Geral das Telecomunicações (Lei 9.472/1997):
Art. 8º Fica criada a Agência Nacional de Telecomunicações, entidade
integrante da Administração Pública Federal indireta, submetida a regime
autárquico especial e vinculada ao Ministério das Comunicações, com a
função de órgão regulador das telecomunicações [...]

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A regulação e a desregulação, contudo, não se limitam à criação de
agências reguladoras. O Estado regulador é, em síntese, um Estado que
atua indiretamente, realizando a desestatização por meio de privatizações
e concessões de empresas e serviços públicos e, ao mesmo tempo,
adotando procedimentos de regulação e fiscalização de suas atividades.

GOVERNO FHC

Fernando Henrique Cardoso (FHC) assume a presidência em 1995 com


a ideia de que o Estado deveria ser reformado para conseguir atender às
demandas da sociedade. Logo no início de seu mandato, FHC criou o
Ministério da Administração Federal e da Reforma do Estado
(MARE) e nomeou Luiz Carlos Bresser Pereira para ser o seu Ministro.

A proposta de Fernando Henrique era de reformar o Estado, partindo


do diagnóstico de que a grande crise que o país enfrentava desde os anos
80, era uma crise do Estado, mas uma crise cíclica, que decorria das
distorções que o Estado sofrera nos 50 anos anteriores. Segundo Bresser
Pereira31, a solução não era substituir o Estado pelo mercado como a
ideologia liberal propunha, mas reformar e reconstruir o Estado para
que este pudesse ser um agente efetivo e eficiente de regulação do
mercado e de capacitação das empresas no processo competitivo
internacional.

Dessa forma, o Governo FHC entendia que o propósito do Estado


deveria ser de coordenar e regular a economia. Assim, os setores público
e privado deveriam agir em parceria na busca de soluções para o
atendimento das demandas sociais.

O sentimento de necessidade de reforma era global. Segundo Bresser-


Pereira,
O Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento
tornaram os empréstimos para a reforma do Estado prioritários. As
Nações Unidas promoveram uma assembleia geral resumida sobre a
administração pública. Muitos países criaram ministérios ou comissões de
alto nível encarregadas da reforma do Estado. O World Development
Report de 1997 tinha originalmente como título Rebuilding the State. A
reforma do Estado tornou-se o lema do anos 90, substituindo a divisa dos
anos 80: o ajuste estrutural (grifos nossos)

31
Bresser Pereira, 2001.

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Além do Banco Mundial, do Banco Interamericano de Desenvolvimento
e das Nações Unidas, a reforma da gestão pública recebeu, ainda, o apoio
do Centro Latino Americano de Administração para o Desenvolvimento.

Nesse sentido, este Governo foi marcado pela Reforma Gerencial,


tendo como principais instrumentos o Plano Diretor da Reforma do Aparelho
do Estado (PDRAE) e a Emenda Constitucional 19/1998 (Emenda da
Reforma Gerencial).

O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado

O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, elaborado


pelo MARE, sob direção do Ministro Luiz Carlos Bresser Pereira, e,
depois de ampla discussão, aprovado pela Câmara da Reforma do
Estado em sua reunião de 21 de setembro de 1995, representa um
marco quando se fala na Reforma Gerencial no Brasil.

Contudo, vimos que o próprio PDRAE salienta que a reforma operada


em 1967 pelo Decreto-Lei 200 constitui um marco na tentativa de
superação da rigidez burocrática, podendo ser considerada como o
primeiro momento da administração gerencial no Brasil.
Comprovamos isso, inclusive, resolvendo uma questão aplicada pelo Cespe
em 2013 (OCE/TCE-RS/2013).

Entretanto, Bresser-Pereira destaca que o primeiro sinal da


administração pública gerencial ocorreu em 1938, vejamos:
A reforma burocrática mal havia iniciado e já em 1938 temos um
primeiro sinal da administração pública gerencial, com a criação da
primeira autarquia. Surgia então a idéia de que os serviços públicos na
“administração indireta” deveriam ser descentralizados e não obedecer a
todos os requisitos burocráticos da “administração direta” ou central (grifos
nossos)

Como as duas afirmações já foram consideradas corretas pelo Cespe,


devemos esquematizar da seguinte forma:

Administração pública gerencial


 primeiro sinal: criação da primeira
autarquia em 1938;

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 primeiro momento: reforma do DL
200/1967; e
 Reforma Gerencial: iniciada com o
PDRAE em 1995.

Assim, o Plano Diretor foi uma referência para implementar a Reforma


Gerencial no Brasil.

Desde os anos 60, o modelo burocrático já era analisado como um


empecilho para o desenvolvimento do Brasil. Os rígidos controles de
procedimentos tornavam o setor público caro, lento e ineficiente. Assim, o
Estado estava em crise. Segundo o PDRAE, a crise do Estado define-se
como:

 uma crise fiscal, caracterizada pela crescente perda do crédito por


parte do Estado e pela poupança pública que se torna negativa;

 o esgotamento da estratégia estatizante de intervenção do


Estado, a qual se reveste de várias formas: o Estado do bem-estar
social nos países desenvolvidos, a estratégia de substituição de
importações no terceiro mundo, e o estatismo nos países
comunistas; e

 a superação da forma de administrar o Estado, isto é, a superação


da administração pública burocrática.

Crise fiscal

Crise do modelo Crise da estratégia


burocrático de estatizante de
Administração intervenção

No Brasil, a primeira resposta à crise, logo após a transição


democrática nos anos 80, na verdade foi uma “não resposta”, pois a atitude
foi ignorá-la. Em um segundo momento, optou-se por uma reforma
neoliberal, caracterizada pela ideologia do Estado mínimo. Porém, as duas
respostas foram inadequadas e não conseguiram resolver o problema que
se passava no Brasil.

Somente nos anos 90 é que se percebe que a superação da crise só


seria obtida com a reforma ou reconstrução do Estado, de forma a resgatar

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sua autonomia financeira e sua capacidade de implementar
políticas públicas. Assim, a Reforma Gerencial tinha dois objetivos:

 a curto prazo, facilitar o ajuste fiscal, particularmente nos


Estados e municípios, onde existe um claro problema de excesso de
quadros;

 a médio prazo, tornar mais eficiente e moderna a


administração pública, voltando-a para o atendimento dos
cidadãos.

Para tanto, são inadiáveis: (1) o ajustamento fiscal duradouro; (2)


reformas econômicas orientadas para o mercado, que,
acompanhadas de uma política industrial e tecnológica, garantam a
concorrência interna e criem as condições para o enfrentamento da
competição internacional; (3) a reforma da previdência social; (4) a
inovação dos instrumentos de política social, proporcionando maior
abrangência e promovendo melhor qualidade para os serviços sociais; e (5)
a reforma do aparelho do Estado, com vistas a aumentar sua
“governança”, ou seja, sua capacidade de implementar de forma
eficiente políticas públicas.

A partir daí, o Plano Diretor traçou um diagnóstico da Administração


Pública, centrando a atenção, de um lado, nas condições do mercado e
na política dos recursos humanos e, do outro, na distinção de três
dimensões dos problemas:

 a dimensão institucional-legal, relacionada aos obstáculos de


ordem legal para o alcance de uma maior eficiência do aparelho do
Estado;

 a dimensão cultural, definida pela coexistência de valores


patrimonialistas e principalmente burocráticos com os novos
valores gerenciais e modernos na administração pública
brasileira; e

 a dimensão gerencial, associada às práticas administrativas.

No contexto da dimensão institucional-legal, foram propostas duas


emendas constitucionais para o capítulo da Administração Pública. A
primeira proposta de emenda teve como principais objetivos realizar as
seguintes mudanças:

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 o fim da obrigatoriedade do regime jurídico único, permitindo-
se a volta de contratação de servidores celetistas;

 a exigência de processo seletivo público para a admissão de


celetistas e a manutenção do concurso público para a admissão de
servidores estatutários;

 a flexibilização da estabilidade dos servidores estatutários,


permitindo-se a demissão, além de por falta grave, também por
insuficiência de desempenho e por excesso de quadros;

 possibilidade de se colocar servidores em disponibilidade com


remuneração proporcional ao tempo de serviço como alternativa à
exoneração por excesso de quadros;

 permissão de contratação de estrangeiros para o serviço


público, sempre através de concurso ou processo seletivo público,
desde que lei específica o autorize;

 limitação rígida da remuneração dos servidores públicos e membros


dos Poderes, inclusive vantagens pessoais, à remuneração do
Presidente da República;

 limitação rígida dos proventos da aposentadoria e das pensões ao


valor equivalente percebido na ativa;

 facilidade de transferência de pessoal e de encargos entre pessoas


políticas da Federação, a União, os Estados-membros, o Distrito
Federal e os Municípios, mediante assinatura de convênios;

 eliminação da isonomia como direito subjetivo, embora mantenha,


implicitamente, o princípio, que é básico para qualquer boa
administração.

A outra proposta de emenda constitucional buscou estabelecer: (1) um


tratamento equilibrado entre os três poderes nas prerrogativas relativas à
organização administrativa (2) a fixação de vencimentos dos servidores dos
três poderes, excluídos os titulares de poder, através de projeto de lei. A
iniciativa será sempre do poder respectivo, mas a aprovação passa a
depender da sanção presidencial.

Como resultado dessas propostas surgiu a Emenda Constitucional


19/1998 que realizou amplas mudanças na CF/88. Dessa forma, foi extinta
a necessidade de regime jurídico único (RJU); incluiu-se a eficiência como
princípio constitucional; flexibilizou-se a estabilidade dos servidores; entre

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outras medidas. Todavia, o STF suspendeu, por meio de liminar, a eficácia
da nova redação do caput do artigo 39 da CF/88, que havia derrubado o
RJU.

Os quatro setores do Aparelho do Estado


Segundo o Plano Diretor, o Estado é a organização burocrática que
possui o poder de legislar e tributar sobre a população de um
determinado território. O Estado é, portanto, a única estrutura
organizacional que possui o “poder extroverso”, ou seja, o poder de
constituir unilateralmente obrigações para terceiros, com
extravasamento dos seus próprios limites.

O aparelho do Estado ou Administração Pública lato senso,


compreende (a) um núcleo estratégico ou governo, constituído pela
cúpula dos três poderes, (b) um corpo de funcionários, e (c) uma força
militar e policial.

Ademais, no aparelho do Estado é possível distinguir quatro setores,


vejamos:

Os quatro setores do Aparelho do Estado


Núcleo estratégico: corresponde ao governo, em sentido lato. É o setor que
define as leis e as políticas públicas, e cobra o seu cumprimento. É, portanto,
o setor onde as decisões estratégicas são tomadas.
Corresponde aos Poderes Legislativo e Judiciário, ao Ministério Público e, no poder
executivo, ao Presidente da República, aos ministros e aos seus auxiliares e
assessores diretos, responsáveis pelo planejamento e formulação das políticas
públicas.
No núcleo estratégico, o que importa é a efetividade, pois o fundamental é que as
decisões sejam as melhores, e, em seguida, que sejam efetivamente cumpridas.
Para tanto, a forma de propriedade deve ser a estatal e o modelo de administração
deve ser misto, parte burocrática e outra parte gerencial.

Atividades exclusivas: é o setor em que são prestados serviços que só o Estado


pode realizar. São serviços em que se exerce o poder extroverso do Estado - o
poder de regulamentar, fiscalizar, fomentar.
Como exemplos temos: a cobrança e fiscalização dos impostos, a polícia, a
previdência social básica, o serviço de desemprego, a fiscalização do cumprimento
de normas sanitárias, o serviço de trânsito, a compra de serviços de saúde pelo

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Estado, o controle do meio ambiente, o subsídio à educação básica, o serviço de
emissão de passaportes, etc.
Aqui, a forma de propriedade deve ser a estatal e o modelo de administração deve
ser o gerencial.

Serviços não exclusivos: corresponde ao setor onde o Estado atua


simultaneamente com outras organizações públicas não-estatais e privadas.
As instituições desse setor não possuem o poder de Estado. Este, entretanto, está
presente porque os serviços envolvem direitos humanos fundamentais, como
os da educação e da saúde, ou porque possuem “economias externas”
relevantes, na medida em que produzem ganhos que não podem ser apropriados
por esses serviços através do mercado. As economias produzidas imediatamente
se espalham para o resto da sociedade, não podendo ser transformadas em lucros.
São exemplos deste setor: as universidades, os hospitais, os centros de pesquisa
e os museus.
Para os serviços não exclusivos, recomenda-se o processo de publicização, a
forma de propriedade deve ser a pública não estatal e o modelo recomendado é
o gerencial.

Produção de bens e serviços para o mercado: corresponde à área de atuação


das empresas. É caracterizado pelas atividades econômicas voltadas para o
lucro que ainda permanecem no aparelho do Estado como, por exemplo, as do
setor de infraestrutura. Estão no Estado seja porque faltou capital ao setor privado
para realizar o investimento, seja porque são atividades naturalmente
monopolistas, nas quais o controle via mercado não é possível, tornando-se
necessário, no caso de privatização, a regulamentação rígida.
Para a produção de bens e serviços para o mercado, o recomendado seria a
privatização, a forma de propriedade deve ser privada e o modelo recomendado o
gerencial.

O Plano Diretor não tentou extirpar totalmente o modelo burocrático,


pois, sofrendo do excesso de formalismo e da ênfase no controle dos
processos, este modelo tem como vantagens a segurança e a efetividade
das decisões. Já a administração pública gerencial caracteriza-se
fundamentalmente pela eficiência dos serviços prestados aos cidadãos.
Dessa forma, o modelo burocrático deve coexistir com a
administração gerencial no núcleo estratégico do governo.

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Para os demais setores, porém, o importante é a qualidade e o custo
dos serviços prestados aos cidadãos. Assim, o princípio correspondente é o
da eficiência, ou seja, a busca de uma relação ótima entre qualidade e custo
dos serviços colocados à disposição do público. Logo, a administração deve
ser necessariamente gerencial.

Quanto às formas de propriedade, o Plano destaca três:

 propriedade estatal: que deve ser utilizada no núcleo estratégico


e nas atividades exclusivas.

 propriedade privada: que deve ser utilizada no setor de produção


de bens e serviços para o mercado; e

 propriedade pública não estatal: constituída pelas organizações


sem fins lucrativos, que não são propriedade de nenhum indivíduo
ou grupo e estão orientadas diretamente para o atendimento do
interesse público. É o tipo de propriedade para os serviços não
exclusivos.

A figura abaixo resume o que vimos neste tópico:

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Projetos básicos da Reforma Gerencial
Foram apresentados para a dimensão-gestão três projetos básicos
para a implantação da administração pública gerencial no serviço público
brasileiro:

 Projeto de Avaliação Estrutural: tem por objetivo analisar as


missões dos órgãos e entidades governamentais,
identificando superposições, inadequação de funções e
possibilidades de descentralização visando dotar o Estado de
uma estrutura organizacional moderna e ágil e permeável à
participação popular. Parte-se de uma discussão sobre funções e
papéis do Estado, em suas diferentes esferas, para em seguida
proceder à análise das competências e estruturas organizacionais da
administração direta e indireta, visando verificar se são
insuficientes, superdimensionadas, ou superpostas, além de
considerar as possibilidades de descentralização. Por fim, haverá a
proposta de extinção, privatização, publicização e descentralização
de órgãos, e também de incorporação e criação de órgãos.

 Projeto das Agências Autônomas: tem como objetivo a


transformação de autarquias e de fundações que exerçam
atividades exclusivas do Estado, em agências autônomas32,
com foco na modernização da gestão.

 Projeto das Organizações Sociais: deve ser operado no âmbito


dos serviços não exclusivos, tendo como objetivo permitir a
descentralização de atividades no setor de prestação de
serviços não exclusivos, nos quais não existe o exercício do poder
de Estado, a partir do pressuposto que esses serviços serão mais
eficientemente realizados se, mantendo o financiamento do Estado,
forem realizados pelo setor público não estatal.

Segundo o PDRAE, a transformação dos serviços não exclusivos


estatais em organizações sociais se dará de forma voluntária, a partir da
iniciativa dos respectivos ministros, através de um Programa Nacional de
Publicização. Terão prioridade os hospitais, as universidades e escolas
técnicas, os centros de pesquisa, as bibliotecas e os museus.

32
C

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Quando estudarmos as mudanças institucionais, vamos ver com mais
detalhes esses projetos de publicização e privatização.

GOVERNO LULA

Não há muito o que falar do Governo Lula, pois as bancas não


costumam exigir conhecimentos desse Governo. Em síntese, Lula
fortaleceu o serviço público através de um programa de valorização do
servidor público.

Em 2005, por meio do Decreto 5.378/2005, foi lançado o Programa


Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (Gespública). Este
programa tem como principais características: ser essencialmente
público, ser contemporâneo, estar voltado para a disposição de
resultados para a sociedade e ser federativo.

A missão do Programa é promover a excelência em gestão


pública. O artigo 1º do Decreto 5.378/2005 prevê que a finalidade do
Gespública é contribuir para a melhoria da qualidade dos serviços
públicos prestados aos cidadãos e para o aumento da
competitividade do País. Já o artigo 3º traz os seus objetivos:

I. eliminar o déficit institucional, visando ao integral atendimento


das competências constitucionais do Poder Executivo Federal;

II. promover a governança, aumentando a capacidade de formulação,


implementação e avaliação das políticas públicas;

III. promover a eficiência, por meio de melhor aproveitamento dos


recursos, relativamente aos resultados da ação pública;

IV. assegurar a eficácia e efetividade da ação governamental,


promovendo a adequação entre meios, ações, impactos e resultados;
e

V. promover a gestão democrática, participativa, transparente e


ética.

O quadro a seguir resume a missão, finalidade e objetivos do


Programa:

GESPÚBLICA MISSÃO Promover a excelência em gestão pública

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Melhorar a qualidade dos serviços públicos
FINALIDADE prestados ao cidadão

Aumentar a competitividade do país

Eliminar o déficit Institucional

Melhorar a governança

Aumentar a eficiência
OBJETIVOS
Assegurar a eficácia e a efetividade da
ação governamental

Promover uma gestão democrática

Gespública: missão, finalidades e objetivos33

Outro ponto importante foi o lançamento do Programa de


Aceleração do Crescimento (PAC), instituído em 2007, com a finalidade
de promover a aceleração do crescimento do país através de um amplo
programa de investimentos; aumentar o nível de emprego e melhorar as
condições de vida da população. Em 2010, o Governo Lula lançou o PAC2,
ampliando para R$ 955 bilhões o montante a ser investido entre os anos
de 2011 e 2014.

Por fim, na área social, o Governo lançou o Programa Bolsa-Família,


que agregou diversos programas, representando o maior programa de
transferência de rendas do Governo Lula. Com os trabalhos nessa área,
houve redução na desigualdade social de 10% quanto à renda pessoal e
redução de 37% da pobreza34.

Agora, vamos resolver algumas questões.

43. (Cespe – Técnico/ANAC/2012) Com a reforma gerencial, realizada por meio


da descentralização administrativa, buscou-se aumentar a eficiência e a efetividade
das atividades dos órgãos e agências do Estado.

33
Paludo, 2013, p. 207.
34
PPA 2012-2015, apud Paludo, 2013, p. 125.

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Comentário: a descentralização foi instituída como princípio com o DL 200/67
e se consolida com o PDRAE. O Plano fala diversas vezes em
descentralização, apenas para exemplificação vejamos uma delas:
Nesta nova perspectiva, busca-se o fortalecimento das funções de
regulação e de coordenação do Estado, particularmente no nível federal,
e a progressiva descentralização vertical, para os níveis estadual e
municipal, das funções executivas no campo da prestação de serviços
sociais e de infra-estrutura (grifos nossos)

Através da descentralização, busca-se aumentar a eficiência (fazer mais com


menos) e a efetividade (resultados, qualidade percebida pelos usuários).
Gabarito: correto.

44. (Cespe – Assistente/CAPES/2012) A reforma administrativa que inseriu a


administração pública gerencial no Estado brasileiro é autorreferente e orientada
para resultados.
Comentário: segundo Matias-Pereira35:
Enquanto a administração pública burocrática é auto-referente, a
administração pública gerencial é orientada para o cidadão. A
administração burocrática concentra-se no processo, em suas próprias
necessidades e perspectivas, sem considerar a alta ineficiência
envolvida. Administração gerencial, voltada para o consumidor,
concentra-se nas necessidades e perspectivas desse consumidor, o
cliente-cidadão. No gerencialismo, o administrador público preocupa-se
em oferecer serviços, e não em gerir programas; preocupa-se em
atender aos cidadãos e não às necessidades da burocracia (grifos
nossos)

Uma administração autorreferente é aquela que volta para si mesma, sem se


preocupar com as necessidades do cidadão. Essa é uma característica da
administração pública burocrática.
Gabarito: errado.

Em relação ao papel dos modelos gerencialistas de gestão de pessoas para o


processo de modernização do Estado e implantação de políticas públicas, julgue o
item subsequente.
45. (Cespe – Analista/SERPRO/2013) Uma reforma gerencial eficaz implica na
mudança organizacional do paradigma burocrático para o paradigma pós-
burocrático.

35 Matias-Pereira, 2004.

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Comentário: um paradigma é um modelo. Assim, o paradigma pós-
burocrático é o modelo de administração gerencial. Logo, a reforma gerencial
eficaz implica na mudança do paradigma burocrático (modelo burocrático)
para o paradigma pós-burocrático (modelo gerencial).
Gabarito: correto.

Os desafios da administração pública contemporânea relacionam-se diretamente à


quebra de paradigmas e conceitos preestabelecidos sobre a gestão organizacional.
A constante troca de conhecimento entre a esfera pública e privada é essencial
para garantir a constante evolução dos sistemas organizacionais. Com relação a
esse assunto, julgue os itens a seguir.
46. (Cespe – Técnico/DPRF/2012) A última reforma administrativa empreendida
no Brasil introduziu, na gestão pública, o modelo gerencial, cujas principais
características são impessoalidade, autorreferência, processos bem definidos e
orientação ao cidadão.
Comentário: a administração burocrática que é autorreferente. São
características da administração gerencial a impessoalidade, objetivos bem
definidos, orientação para o cidadão e controle a posteriori e por resultados.
Gabarito: errado.

A administração pública brasileira evoluiu muito no último século. Abandonou o


patrimonialismo, embora ainda persistam alguns traços desse modelo, e cada vez
mais o país se aproxima do gerencialismo. No que se refere à administração
pública, julgue os itens subsecutivos.
47. (Cespe – Escrivão/DPF/2013) A última reforma administrativa amplamente
divulgada pelo governo, em meados da década de 90 do século passado, recebeu
de todos os setores da sociedade críticas que podem ser explicadas por dois
principais motivos: a resistência ao novo e o fato de o Estado não ser visto,
historicamente no Brasil, como um órgão que se coloca ao lado da sociedade, mas
acima dela.
Comentário: o motivo da anulação do item foi absurdo, o Cespe “comeu
mosca” na elaboração do edital. Veja a justificativa:
A redação do item generaliza quando menciona que as reformas citadas
sofreram críticas de “todos” os setores da sociedade. Dessa forma, optar-
se-ia pela alteração do gabarito. Porém, conforme previsto em edital, no
tópico 18.6.1, existe a possibilidade apenas de anulação dos itens.
Diante disso, opta-se pela anulação.

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Assim, o item está errado, pois não foram todos os setores que criticaram a
reforma. Se não tivesse apoio, a reforma não teria ocorrido.
Gabarito: anulado.

48. (Cespe – Escrivão/DPF/2013) A visão técnico-voluntarista da reforma associa


a disciplina administrativa à esfera governamental e à esfera política e condiciona
a sua efetividade à vontade e à disposição dos servidores públicos de endossar a
abordagem prescrita e colocá-la em prática.
Comentário: essa questão foi retirada da coletânea Reforma do Estado e
Administração Pública Gerencial de Luiz Carlos Bresser-Pereira e Peter Spink
(1998). Segundo os autores,
É isso que leva ao que se pode chamar de visão técnico-voluntarista
da reforma, na qual se supõe a clara e correta abordagem da
administração (que é separada do governo e da política), que será
efetiva se os líderes demonstrarem vontade e os funcionários públicos
disposição de endossar e pôr a abordagem prescrita em prática. Fazem-
se ajustes à abordagem técnica para aumentar sua capacidade e alcance
e recomendam-se agências novas e mais centrais para garantir a
importância da reforma e encorajar a disposição de efetuá-la (grifos
nossos)

Perceba que o aspecto técnico voluntarista da reforma gerencial decorre da


necessidade de o corpo técnico (os funcionários) aceitar a nova abordagem,
colocando-a em prática. Contudo, há uma dissociação entre as abordagens
da administração e as abordagens da política e do governo (em linhas gerais:
diferenciação entre os debates políticos e a proposta do governo – central –
e o que efetivamente é colocado em prática pela máquina pública).
Gabarito: errado.

49. (Cespe – Escrivão/DPF/2013) Apesar de ainda estar vigente no Estado


brasileiro, a administração pública burocrática é um modelo já ultrapassado e,
portanto, deve ser suplantado por completo pelo modelo de administração pública
gerencial, que tem por objetivo principal a efetividade das ações governamentais e
das políticas públicas.
Comentário: a administração burocrática apresenta diversas características
incorporadas pela administração gerencial que não devem ser abandonadas,
como o mérito administrativo. Mais uma vez, vamos ao Pdrae:
A administração pública gerencial constitui um avanço e até um certo
ponto um rompimento com a administração pública burocrática. Isto não
significa, entretanto, que negue todos os seus princípios. Pelo contrário,

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a administração pública gerencial está apoiada na anterior, da qual
conserva, embora flexibilizando, alguns dos seus princípios
fundamentais, como a admissão segundo rígidos critérios de mérito, a
existência de um sistema estruturado e universal de remuneração, as
carreiras, a avaliação constante de desempenho, o treinamento
sistemático.

Gabarito: errado.

50. (Cespe – Analista/ANATEL/2012) O modelo de administração pública


gerencial, proposto na última reforma administrativa do Estado brasileiro,
concentra-se na moderna gestão por processos, definindo responsabilidades e
procedimentos para os planos de ação governamentais.
Comentário: o modelo de administração pública gerencial é orientado para os
resultados, quem se preocupava com o processo era o modelo de
administração burocrática. Nesse sentido, lecionam Carlos Alberto Bonezzi e
Luci Léia de Oliveira Pedraça na obra "A Nova Administração Pública:
reflexão sobre o papel do Servidor Público do Estado do Paraná":
A concreta realização de um novo modelo de gestão, para tornar o
Estado mais eficiente, tem em seus aspectos a orientação da ação
voltada para o cidadão, enfatizando e apresentando resultados,
focando nas demandas da população, deixando de se preocupar com
controles prévios dos procedimentos e se concentrar na gestão capaz de
atender às demandas dos cidadãos.

Gabarito: errado.

Com relação à organização administrativa da União, julgue o item seguinte.


51. (Cespe – ATI/ABIN/2010) Ações relevantes e estratégicas, tais como
atividades referentes a políticas públicas, planos e projetos, devem ser executadas
diretamente pelos níveis mais altos da administração federal.
Comentário: o erro da questão é bem sutil. Vejamos o que dispõe o Pdrae:
NÚCLEO ESTRATÉGICO. Corresponde ao governo, em sentido lato. É o
setor que define as leis e as políticas públicas, e cobra o seu
cumprimento. É portanto o setor onde as decisões estratégicas são
tomadas. Corresponde aos Poderes Legislativo e Judiciário, ao Ministério
Público e, no poder executivo, ao Presidente da República, aos ministros
e aos seus auxiliares e assessores diretos, responsáveis pelo
planejamento e formulação das políticas públicas (grifos nossos)

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Veja que a atividade do núcleo estratégico é de planejamento e formulação. A
execução cabe aos demais setores: atividades exclusivas, serviços não
exclusivos e produção de bens e serviços para o mercado.
Gabarito: errado.

52. (Cespe – Analista/INMETRO/2009) A administração pública gerencial é


orientada predominantemente pelos valores da eficácia na prestação de serviços
públicos e pelo desenvolvimento de uma cultura gerencial nas organizações. Com
isso, ocorre um abandono dos princípios da administração pública burocrática, pois
a administração pública gerencial tem uma clara noção do interesse público,
deixando de se basear nos resultados para se concentrar nos processos.
Comentário: a administração gerencial não abandona totalmente os
princípios da administração burocrática. Além disso, enquanto o modelo
burocrático estava fundamentado nos controles de processos, o modelo
gerencial fundamenta-se nos controles por resultados.
Gabarito: errado.

53. (Cespe – TJ/TRT/2013) No modelo de administração pública gerencial, o


aparelho de Estado deve ser responsável apenas pela execução das políticas
públicas.
Comentário: no modelo gerencial, o núcleo estratégico do governo é o
responsável, dentre outras atividades, pela elaboração de leis e de políticas
públicas. Ademais, existem também:

 atividades exclusivas (fomento, fiscalização e regulamentação), que só


podem ser exercidas pelo Estado

 serviços não exclusivos, que devem ser executados pelo Estado e por
organizações públicas não estatais (organizações sociais e OSCIP36);

 produção de bens e serviços para o mercado, atividades que devem ser


preferencialmente privatizadas, permanecendo com o Estado apenas
em situações excepcionais.
Perceba que o Estado faz muito mais do que apenas executar as políticas
públicas.
Gabarito: errado.

36
Oscip Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.

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54. (Cespe – Analista/CPRM/2013) A criação da primeira autarquia na década de
30 do século passado, durante a reforma burocrática, foi o primeiro sinal de uma
administração pública gerencial.
Comentário: o primeiro sinal da administração pública gerencial ocorreu em
1938, com a criação da primeira autarquia. Devemos lembrar que o primeiro
momento da reforma gerencial ocorreu em 1967, com a reforma do DL 200/67.
Gabarito: correto.

55. (Cespe – Analista/CPRM/2013) Nos anos 90 do século XX, com a reforma


gerencial do governo de Fernando Henrique Cardoso, verificou-se, pela primeira
vez, que os princípios rígidos da administração burocrática eram um empecilho para
o desenvolvimento do Brasil.
Comentário: o modelo burocrático já era analisado como um empecilho para
o desenvolvimento do Brasil. Dessa forma, foi editado o DL 200/67 e, depois,
lançado o Plano Nacional de Desburocratização (1979) como formas de tentar
superar a ineficiência da máquina administrativa.
Gabarito: errado.

Em 1930, com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, teve início a implantação da


administração burocrática no Brasil. No que concerne à evolução, ao
funcionamento e à estrutura organizacional da administração pública no Brasil,
julgue os itens que se seguem.
56. (Cespe – ACE/TCE-ES/2012) Após 2003, iniciou-se a construção do Estado
regulador, com o fortalecimento do papel das agências reguladoras e a redução do
papel do Estado como produtor direto de bens e serviços.
Comentário: o erro do item está na data. A reformulação do papel do Estado,
que substituiu o modelo de intervenção direta pelo modelo de coordenação e
regulação já se iniciou em 1995 com o PDRAE. Além disso, a primeira agência
reguladora do Brasil foi a Anatel (1997).
Gabarito: errado.

57. (Cespe – ACE/TCE-ES/2012) A nova administração pública prioriza a ênfase


nas habilidades gerenciais em detrimento do processo de elaboração de políticas.
Comentário: este item foi bastante polêmico. O Cespe tomou por base um
texto de Marcos Luiz da Silva.
Contudo, a banca desconsiderou o fato de a NPM estar dividida em três
estágios (gerencialismo puro, consumerism e public service orientation). Em
tese, somente no primeiro estágio ocorreu a ênfase nas habilidades

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gerenciais em detrimento do processo de elaboração de políticas, pois, logo
no consumerism, passou a existir uma forte preocupação com a efetividade
das políticas.
De qualquer forma, vamos ver o texto que fundamentou a questão37:
15. Na década de 90, contudo, a Administração Pública brasileira passou
a sofrer o influxo de teorias de administração então em voga na maioria
dos países ocidentais, corrente essa que foi denominada de “Nova
Administração Pública”, dentro do modelo que é conhecido como “Estado
Gerencial”, consectário do ideário político neoliberal.
16. Tal corrente defendia um modelo moderno de Administração Pública,
cujos principais traços seriam:
1. uma mudança na ênfase do processo de elaboração de políticas
para habilidades gerenciais;
2. uma mudança de ênfase de processos para resultados;
3. uma mudança de ênfase para hierarquias ordenadas para bases mais
competitivas e para a provisão de serviços, de pagamentos fixos para
variados, e de serviços uniformes e inclusivos para contratos de provisão
(grifos nossos)

Gabarito: correto.

58. (Cespe – AFCE/TCU/2013) No Brasil, o estado de bem-estar social (welfare


state) surgiu a partir de decisões autárquicas, com caráter predominantemente
político.
Comentário: essa questão, aplicada recentemente, foi retirada do artigo de
Marcelo Medeiros, apresentado acima. Para o autor, o Estado do Bem-Estar
Social, no Brasil, surgiu a partir de decisões autárquicas (independentes) e
tiveram caráter predominantemente político: “regular aspectos relativos à
organização dos trabalhadores assalariados dos setores modernos da
economia e da burocracia”.
A informação mais importante dessa questão é que o Cespe entende que o
Welfare State ocorreu no Brasil, ainda que de forma limitada.
Gabarito: correto.

59. (Cespe – AFCE/TCU/2013) A administração pública burocrática foi adotada em


substituição à administração patrimonialista, segundo a qual não havia separação
entre a res publica e a res privada.

37
Silva, 2011.

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Comentário: simples. O modelo de administração pública burocrática
substituiu a administração patrimonialista, marcada pela inexistência de
separação entre os patrimônios público e privado.
Gabarito: correto.

A importância das políticas sociais é reconhecida amplamente nas economias de


mercado. Acerca desse assunto, julgue os itens subsequentes.
60. (Cespe – Consultor Geral/SEBRAE/2007) A doutrina do Estado do bem-estar
social (welfare state) supõe que a condição de cidadania está estreitamente
relacionada à inserção dos indivíduos no processo produtivo, não sendo, pois,
dever formal do Estado garantir um mínimo vital aos seus cidadãos.
Comentário: no período do Estado do Bem-Estar, predominava o
entendimento de que o governo deveria garantir as mínimas condições
sociais para a população, em particular para as classes mais desfavorecidas.
Gabarito: errado.

Com referência à Reforma da Gestão Pública do Brasil em 1995, julgue os itens


que se seguem.
61. (Cespe – Técnico de Nível Superior/DPRF/2012) Embora tenha sido apoiada
pelo Centro Latino-Americano de Administração e pelo Banco Interamericano de
Desenvolvimento, a Reforma do Estado do Brasil não obteve apoio das Nações
Unidas.
Comentário: a reforma da gestão pública recebeu apoio do Banco Mundial, do
Banco Interamericano de Desenvolvimento, do Centro Latino-Americano de
Administração e, também, das Nações Unidas.
Gabarito: errado.

62. (Cespe – Técnico de Nível Superior/DPRF/2012) A primeira reforma da


administração pública do Brasil foi a reforma burocrática.
Comentário: no Brasil, ocorreram apenas duas reformas. Vamos
esquematizar:

 Reforma Burocrática (Reforma do Serviço Público) – ocorreu na década


de 30, substituindo o modelo patrimonialista;

 Reforma Gerencial – tem como marco histórico o PDRAE em 1995.

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Há ainda a reforma do Decreto-Lei 200/67. Contudo, a doutrina costuma dizer
que essa reforma não se concretizou. Bresser chega a chamá-la de meia
reforma.
Assim, a Reforma Burocrática foi a primeira da administração pública
brasileira.
Gabarito: correto.

63. (Cespe – Técnico de Nível Superior/DPRF/2012) A reforma em questão teve


início com a publicação do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado
(PDRAE).
Comentário: simples. A Reforma da Gestão Pública do Brasil em 1995 teve
início com o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE).
Gabarito: correto.

64. (Cespe – Técnico de Nível Superior/DPRF/2012) O Plano Diretor da Reforma


do Aparelho do Estado (PDRAE) veio em resposta à crise generalizada do Estado
brasileiro.
Comentário: logo no primeiro parágrafo do Plano Diretor, o então Presidente
Fernando Henrique Cardoso dá uma ideia do motivo da publicação do
documento:
A crise brasileira da última década foi também uma crise do
Estado. Em razão do modelo de desenvolvimento que Governos
anteriores adotaram, o Estado desviou-se de suas funções básicas para
ampliar sua presença no setor produtivo, o que acarretou, além da
gradual deterioração dos serviços públicos, a que recorre, em particular,
a parcela menos favorecida da população, o agravamento da crise fiscal
e, por conseqüência, da inflação. Nesse sentido, a reforma do Estado
passou a ser instrumento indispensável para consolidar a
estabilização e assegurar o crescimento sustentado da economia.
Somente assim será possível promover a correção das desigualdades
sociais e regionais.

Assim, a publicação do PDRAE pode ser considerada como uma resposta à


crise generalizada do Estado brasileiro.
Gabarito: correto.

65. (Cespe – Técnico de Nível Superior/DPRF/2012) O Brasil foi um dos últimos


países em desenvolvimento a iniciar a sua reforma na gestão pública.
Comentário: Bresser-Pereira vai nos ajudar a responder mais esta:

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O Brasil, ao iniciar em 1995 sua reforma da gestão pública, foi o
primeiro país em desenvolvimento que tomou essa iniciativa,
menos de dez anos depois que Inglaterra, Austrália e Nova
Zelândia iniciaram suas reformas. Desde então a Reforma da Gestão
Pública de 1995 vem avançando no país, principalmente ao nível dos
estados e municípios. Como a reforma da gestão pública é
historicamente a segunda reforma administrativa relevante do Estado
moderno, mais cedo ou mais tarde ela ocorrerá em todos os países. E,
uma vez iniciada, não há alternativa senão prossegui-la.

Assim, o Brasil foi o primeiro país em desenvolvimento a iniciar o processo


de reforma gerencial.
Gabarito: errado.

66. (Cespe – Analista/TRE-ES/2011) Após a reforma ocorrida na década de 90 do


século XX, o Estado brasileiro superou o paradigma burocrático, adotando, com
êxito, o modelo gerencial.
Comentário: podemos apresentar três pontos para o erro da questão.
Primeiro que o PDRAE considera que a administração pública gerencial está
apoiada no modelo burocrático. Nessa linha, não se trata simplesmente de
superar o paradigma burocrático, vejamos:
A administração pública gerencial constitui um avanço e até um certo
ponto um rompimento com a administração pública burocrática. Isto
não significa, entretanto, que negue todos os seus princípios. Pelo
contrário, a administração pública gerencial está apoiada na
anterior, da qual conserva, embora flexibilizando, alguns dos seus
princípios fundamentais, como a admissão segundo rígidos critérios de
mérito, a existência de um sistema estruturado e universal de
remuneração, as carreiras, a avaliação constante de desempenho, o
treinamento sistemático (grifos nossos)

Ainda assim, poderíamos contestar o gabarito. Porém, o erro seguinte é mais


evidente. Para o Núcleo Estratégico, o modelo burocrático deveria coexistir
com o gerencial. Dessa forma, o paradigma burocrático continua existindo
junto com o gerencial.
Para dar o xeque-mate, podemos considerar que o modelo gerencial continua
em implantação no Brasil. Diversas órgãos, principalmente nos estados e
municípios, ainda apresentam um sistema totalmente burocratizado ou, até
mesmo, com práticas patrimonialistas presentes.
Gabarito: errado.

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67. (Cespe - AFT/MTE/2013) As reformas administrativas têm transformado o
papel do Estado, levando-o de um perfil essencialmente burocrático para um perfil
flexível, aberto e empreendedor, com tendência à inovação da administração e à
incorporação de técnicas do setor privado.
Comentário: vejam que a questão dá um aspecto de atualidade ao mencionar
que as reformas administrativas “têm transformado o papel do Estado”.
Assim, é exatamente isso que está ocorrendo, a Reforma Gerencial tem como
um de seus princípios a redefinição do papel do Estado, trocando um perfil
burocrático por um modelo flexível, aberto e empreendedor. A preocupação é
com os resultados e a efetividade da ação pública.
Gabarito: correto.

68. (Cespe – Administrador/MIN/2013) O modelo de reforma do Estado brasileiro,


posto em prática sob a ótica neoliberal, mostrou-se eficaz na solução dos
problemas socioeconômicos do país, pois estava orientado para o desenvolvimento
e levou em consideração a necessidade do Estado e sua construção em novas
bases.
Comentário: vimos que o ideário neoliberal foi uma resposta inadequada à
crise do Estado brasileiro. Portanto, o modelo neoliberal foi ineficaz.
Gabarito: errado.

Considerando o desenvolvimento da administração pública do modelo racional-


legal ao paradigma pós-burocrático, julgue os itens subsequentes.
69. (Cespe – ATA/MIN/2013) Contrapondo-se à ideologia do formalismo e do rigor
técnico da burocracia tradicional, o paradigma gerencial fundamentado nos
princípios da confiança e da descentralização da decisão exige formas flexíveis de
gestão.
Comentário: mais uma do PDRAE:
O paradigma gerencial contemporâneo, fundamentado nos
princípios da confiança e da descentralização da decisão, exige
formas flexíveis de gestão, horizontalização de estruturas,
descentralização de funções, incentivos à criatividade.
Contrapõe-se à ideologia do formalismo e do rigor técnico da
burocracia tradicional. À avaliação sistemática, à recompensa pelo
desempenho, e à capacitação permanente, que já eram características
da boa administração burocrática, acrescentam-se os princípios da
orientação para o cidadão-cliente, do controle por resultados, e da
competição administrada (grifos nossos)

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O modelo gerencial preza pela maior confiança para os gestores, contrapondo
o rigor técnico e formal da burocracia weberiana pela flexibilidade,
horizontalização e descentralização da estrutura gerencial.
Gabarito: correto.

70. (Cespe – ATA/MIN/2013) A proposta de reforma gerencial contempla a


correção das distorções e ineficiências associadas à existência de unidades
descentralizadas com muita autonomia.
Comentário: a reforma gerencial realizou a correção de distorções e
ineficiências associadas tanto à realização de atividades que não deveriam
pertencer ao Estado quanto ao excesso de autonomia que existiu para as
entidades da administração indireta em decorrência do DL 200/67.
Gabarito: correto.

71. (Cespe – ATA/MIN/2013) Na perspectiva da reforma gerencial, o Estado amplia


seu papel de prestador direto de serviços, abstendo-se, porém, do papel de
regulador de serviços sociais como educação e saúde.
Comentário: é justamente o contrário. Na reforma gerencial, o Estado
diminuiu o seu papel de prestador direto de serviços, reforçando o papel de
regulador de serviços sociais como educação e saúde.
Gabarito: errado.

72. (Cespe - Analista/ Infraestrutura e Logística/BACEN/2013) De acordo com


a administração pública gerencial, conforme proposto originalmente por Bresser
Pereira, a estabilidade generalizada concedida aos servidores públicos é vista
como forma de garantir continuidade das atividades e, consequentemente,
eficiência organizacional.
Comentário: Bresser-Pereira considerava a estabilidade generalizada
concedida pela Constituição Federal de 1988 como um empecilho para a
eficiência organizacional. Isso, inclusive, culminou com a Emenda
Constitucional 19/98, que acabou flexibilizando a estabilidade dos servidores.
Gabarito: errado.

EMPREENDEDORISMO GOVERNAMENTAL

A primeira questão fundamental é entender o que é


empreendedorismo. O empreendedor é aquela pessoa que vê

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oportunidades e mudanças. Stephen Robbins38 define espírito
empreendedor como um processo pelo qual os indivíduos procuram
oportunidades, satisfazendo necessidades e desejos por meio da
inovação, sem levar em conta os recursos que controlam no momento.

Assim, três fatores delineiam a personalidade empreendedora: (1)


uma elevada necessidade de realização; (2) uma forte crença de que você
é capaz de controlar seu próprio destino; e (3) um desejo de correr apenas
riscos moderados.

O empreendedorismo é um fenômeno que pode se manifestar no nível


organizacional. Nesse sentido, Stevenson e Jarillo39 sugeriram as seguintes
proposições para o fenômeno no campo organizacional:

1. Uma organização empreendedora é aquela que busca


oportunidades, independente dos recursos que correntemente
controla.

2. O nível de empreendedorismo dentro da organização (isto é, a


busca de oportunidades) é criticamente dependente da atitude
dos indivíduos dentro da organização posicionados abaixo do
escalão de topo da administração.

3. O comportamento empreendedor exibido por uma organização


será positivamente correlacionado com seus esforços de colocar
os indivíduos em posições para detectar oportunidades; de
treiná-los para serem capazes de fazê-lo e recompensá-los por
fazê-lo.

4. Organizações que fazem esforços conscientes para diminuir


as consequências negativas de fracassos quando
oportunidades são buscadas exibirão um maior grau de
comportamento empreendedor.

Assim, podemos concluir que o empreendedorismo está relacionado


com a busca de oportunidades e inovação. Percebam, contudo, que o
empreendedorismo pode se manifestar no nível organizacional, mas é um
aspecto dependente da atitude dos indivíduos dentro da organização.

Segundo o MPOG, empreender significa obter resultados. Gestão


empreendedora significa gestão voltada para resultados. Pressupõe

38
Robbins, 2003, p. 129.
39
Stevenson e Jarillo, 1990, apud Gimenez, Ferreira e Ramos, 2008.

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agilidade, dinamismo, flexibilidade e assim por diante, mas sua conexão
filosófico-conceitual alinha-se com o que está descrito no plano de reforma
do Estado.

No setor público, a abordagem é semelhante, mas apresenta algumas


peculiaridades. A obra mais importante no contexto do empreendedorismo
governamental foi publicada, em 1990, por David Osborne e Ted Gaebler
com o título: “Reinventando o Governo: Como o espírito
empreendedor está transformando o setor público”. Os autores
tinham a ideia de tornar os governos mais eficientes e mais transparentes
na utilização dos recursos públicos e mais eficazes no resultado de suas
ações40.

O governo empreendedor está diretamente relacionado com a


formação de parcerias com a sociedade através do setor privado e de
organizações da sociedade civil. O cidadão deve ser chamado a participar
na apresentação de ideias, implementação e controle da gestão pública.

A descentralização, com aumento de autonomia dos servidores e


equipes de trabalho também é fundamental. Além disso, o governo
empreendedor substitui as antigas formas de orçamento, em que se
financiava a estrutura administrativa, por um sistema que financia
resultados.

A seguir, vamos apresentar os dez princípios do empreendedorismo


governamental apresentados por Osborne e Gaebler, utilizando a
esquematização proposta por Augustinho Paludo41:

 Governo catalizador: navegando em vez de remar –


promove a atuação conjunta: pública, privada e voluntária (o
governo coordena, regula e fomenta – e deixa a maior parte da
execução aos demais atores);

 O governo pertence à comunidade: dando


responsabilidade ao cidadão, em vez de servi-lo – os
cidadãos são chamados a participar das decisões que afetam sua
comunidade e a colaborar com a fiscalização/controle dos
serviços públicos;

40
Paludo, 2013, p. 236.
41
Paludo, 2013, p. 237.

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 Governo competitivo: introduzindo a competição na
prestação de serviços – com a finalidade de aumentar a
eficiência (melhorar a qualidade dos serviços, reduzir gastos e
minimizar esforços);

 Governo orientado por missões: transformando órgãos


burocratizados – as antigas regras cedem lugar à missão e aos
objetivos organizacionais – relacionados à eficiente prestação
dos serviços públicos e ao fortalecimento da instituição perante
a sociedade;

 Governo de resultados: financiando resultados e não


recursos – não se financia a estrutura administrativa, mas a
eficiente prestação dos serviços públicos de qualidade
(indicadores devem ser utilizados para avaliar os resultados);

 Governo e seus clientes: atendendo às necessidades do


cliente e não da burocracia – identificar e ouvir os clientes-
cidadãos e direcionar os serviços prestados para o atendimento
de suas necessidades;

 Governo empreendedor: gerando receitas ao invés de


despesas – governos empreendedores criam novas fontes de
recursos (taxas por serviços específicos, multas a infratores etc.)
e economizam recursos orçamentários para utilizá-los de
maneira mais eficiente no ano seguinte;

 Governo preventivo: a prevenção em lugar da cura – atuar


preventivamente de acordo com um planejamento pode
evitar/minimizar problemas, proporcionar melhores resultados e
permitir a economia de recursos;

 Governo descentralizado: da hierarquia à participação e


ao trabalho de equipe – dar mais autonomia a servidores e
equipes, como forma de democratizar a gestão e agilizar a
prestação de serviço;

 Governo orientado para o mercado: introduzindo


mudanças através do mercado – ora fomentando a atuação
dos mercados, ora implantando no meio público
mecanismos/soluções utilizados pelo mercado.

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73. (Cespe – Agente Administrativo/TCE-RO/2013) O modelo de


empreendedorismo governamental preconiza a reforma no sistema público, de
modo que o cidadão seja chamado a participar do governo, na definição do destino
da sua comunidade.
Comentário: as parcerias com a sociedade são fundamentais no governo
empreendedor. Segundo o MPOG,
Importante para a gestão empreendedora é entender as parcerias,
conceito segundo o qual toda organização deve trabalhar, interna e
externamente. A ação isolada é menos eficiente, pouco eficaz, tem
custo alto, visão limitada e obtém resultados de menor qualidade.

A parceria deve ser estimulada, especialmente, na concepção e


formulação, etapa em que é recomendável reunir o máximo possível
de informações para discutir determinado problema, ampliando o
conhecimento dele (grifos nossos)

Assim, o cidadão deve ser chamado para participar do governo, na definição


do destino de sua comunidade.
Gabarito: correto.

74. (Cespe – Agente Administrativo/TCE-RO/2013) O governo que prioriza o


empreendedorismo governamental deve assumir seu papel de comando, buscando
maior centralização da autoridade.
Comentário: pelo contrário. O governo empreendedor deve ser
descentralizado, dando mais autonomia para servidores e equipes.
Gabarito: errado.

75. (Cespe – ATS/MC/2013) A gestão empreendedora das organizações públicas


deve ter um caráter centralizador para proporcionar maior rapidez e um controle
adequado das ações desenvolvidas na máquina administrativa.
Comentário: novamente. De acordo com o Ministério do Planejamento, a
gestão empreendedora, focada em resultados e com avaliação baseada em
um bom sistema de informações, pressupõe a autonomia de decisão e a
responsabilização - outra questão tão difícil quanto a mudança de enfoque.
Assim, a gestão empreendedora deve ter um caráter descentralizador.

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Gabarito: errado.

76. (Cespe – ATS/MC/2013) Uma organização pública empreendedora vincula o


alcance de seus objetivos a uma atuação conjunta dos setores público, privado e
voluntário.
Comentário: um dos princípios do governo empreendedor é o “governo
catalisador”. De acordo com Paludo: “Governo catalizador: navegando em
vez de remar – promove a atuação conjunta: pública, privada e voluntária (o
governo coordena, regula e fomenta – e deixa a maior parte da execução aos
demais atores)”.
Assim, deve ocorrer a participação do governo, do setor privado e de
organizações da sociedade civil (voluntário).
Gabarito: correto.

77. (Cespe – ATS/MC/2013) As organizações públicas que pretendam adotar uma


gestão empreendedora não necessitam de pessoas empreendedoras, visto que
empreendedorismo é um conceito institucional que se efetiva apenas mediante
políticas organizacionais.
Comentário: os órgãos públicos precisam de pessoas empreendedoras, que
são mais criativas, têm liderança e força de vontade para mudar. Assim, o
empreendedorismo é criticamente dependente da atitude dos indivíduos
dentro da organização.
Gabarito: errado.

78. (Cespe – ATS/MC/2013) O empreendedorismo governamental privilegia a


competição na prestação dos serviços, com a finalidade de aumentar a eficiência
dos serviços prestados.
Comentário: o monopólio é algo condenado pelo empreendedorismo. Os
governos devem prever formas de competição para aumentar a eficiência.
Podemos identificar três formas de competição:

 público vs. público – o governo poderia promover, por exemplo, a


competição entre os postos de saúde do município, aquele que obtiver
os melhores indicadores de desempenho receberá recursos extras
para aprimorar seus serviços;

 público vs. privado – por exemplo: empresas públicas competindo com


empresas privadas;

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 privado vs. privado – colocar várias empresas privadas para prestarem
serviços (concessão de telefonia, por exemplo).
Gabarito: correto.

79. (Cespe – ATS/MC/2013) Uma organização que busca a implementação do


empreendedorismo governamental deve enfatizar um planejamento focado no
financiamento da estrutura administrativa.
Comentário: o planejamento deve enfatizar os resultados para os cidadãos.
Ademais, os governos empreendedores devem financiar receitas, ao invés de
despesas.
Gabarito: errado.

80. (Cespe – TJ/TRT-10/2013) A gestão pública empreendedora implica a busca


por resultados, visando atender às necessidades dos cidadãos e não aos interesses
da burocracia mediante o estímulo da sua parceria com sociedade.
Comentário: a administração pública burocrática é autorreferida,
preocupando-se com os seus interesses. A gestão empreendedora, assim
como o paradigma do cliente e o modelo gerencial (temas intimamente
relacionados), implica a busca por resultados, com foco no atendimento das
necessidades ou demandas dos cidadãos. O empreendedorismo, ademais,
estimula a parceira entre Estado e sociedade.
A seguir, apenas para ilustração, segue um pequeno ensinamento de Marcelo
James Vasconcelos Coutinho42:
Dentro do modelo gerencial, a melhoria da qualidade dos serviços
prestados ao cidadão assume um papel muito importante. Tratou-se de
abandonar o caráter auto-referido da administração burocrática,
voltada exclusivamente aos interesses do aparelho do Estado,
para colocar em prática as novas idéias gerenciais, oferecendo à
sociedade um serviço público de melhor qualidade, em que todas
as atenções são centradas nos cidadãos. Vale notar que o caráter mais
democrático da nova gestão pública faz referência exatamente à sua
orientação ao público, além da participação dos cidadãos e controle social
da gestão (grifos nossos)

Gabarito: correto.

42
Coutinho, 2000.

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81. (Cespe – TJ/TRT-10/2013) Aproximando-se do modelo tradicional burocrático,
o governo empreendedor visa estimular a ação e a parceria da sociedade,
exercendo forte controle sobre a economia.
Comentário: o único erro é que o governo empreendedor se aproxima do
modelo gerencial, não do burocrático.
Gabarito: errado.

82. (Cespe – AJ/TRE-BA/2010) A construção de uma área de lazer destinada à


promoção de atividades turísticas e culturais por meio de parcerias com empresas
privadas é um exemplo de empreendedorismo governamental, pois promove a
integração entre o governo e determinado grupo social.
Comentário: mais uma vez, o governo empreendedor pressupõe a ampla
participação da sociedade através da formulação de parcerias.
Gabarito: correto.

Por hoje é só.

Espero por vocês em nosso próximo encontro!

Bons estudos.

Prof. HERBERT ALMEIDA.


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QUESTÕES COMENTADAS NA AULA

Julgue o item a seguir, a respeito da estruturação da máquina administrativa no Brasil


a partir de 1930.
1. (Cespe – Analista/MI/2013) Foram instituídos, pela reforma administrativa no
Brasil realizada por meio do Decreto-Lei n.o 200/1967, os princípios da racionalidade
administrativa, o planejamento e o orçamento, entre outros.
2. (Cespe – Analista/MI/2013) Após a promulgação da Constituição Federal de
1988, foi deflagrado um processo de municipalização da gestão pública e,
consequentemente, de concessão de maiores poderes aos municípios.
3. (Cespe – Analista/MI/2013) Na área de administração de recursos humanos, o
Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) inspirou-se no princípio do
mérito profissional para estruturar a burocracia.
4. (Cespe – Técnico/TJ-AL/2013) A respeito das reformas administrativas e da
nova gestão pública, assinale a opção correta.

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a) A nova gestão pública reúne características positivas dos modelos patrimonial e
gerencial de administração pública.
b) A última reforma administrativa que se têm notícia no Brasil foi aquela baseada nos
princípios burocráticos estabelecidos pelo presidente Vargas.
c) A administração pública gerencial é multifuncional, define indicadores, mede e
analisa resultados, foca no cidadão e procura flexibilizar as relações de trabalho.
d) O modelo de administração pública burocrático é orientado para resultado,
concentra-se no processo, controla procedimentos e possui alta especialização.
e) A reforma administrativa resultante da independência do Brasil apresentou o
patrimonialismo como modelo de administração pública, que, apesar de superado,
ainda revela grande importância no governo do país.

Julgue os itens seguintes, a respeito das crises do Estado brasileiro e de suas


reformas administrativas.
5. (Cespe – Técnico/DPRF/2012) A criação do Departamento Administrativo do
Serviço Público representou a segunda reforma administrativa do país, com a
implantação da administração pública gerencial.
6. (Cespe – Técnico/DPRF/2012) O Programa Nacional de Desburocratização,
criado na década de 60 do século passado, foi a primeira tentativa de reforma
gerencial da administração pública.
7. (Cespe – Técnico/DPRF/2012) O Decreto-lei n.º 200/1967 garantia a contratação
de empregados somente mediante concurso público, o que possibilitou a seleção de
administradores públicos de alto nível, contribuindo para a reforma do Estado
gerencialista.
8. (Cespe – Técnico/DPRF/2012) No século XX, com a formação do grande Estado
social e econômico, responsável pelos serviços de educação, cultura, saúde,
previdência e outros, a administração burocrática foi essencial para garantir eficiência
nesse novo cenário.
9. (Cespe – Técnico/DPRF/2012) A crise da administração pública burocrática foi
consequência da sua reforma e da manutenção do patrimonialismo.
10. (Cespe – Técnico/ANAC/2012) Com a reforma administrativa do Estado Novo,
buscou-se inserir, no aparelho administrativo do país, a centralização, a
impessoalidade, a hierarquia, o sistema de mérito e a separação entre a res pública
e a res privada.
11. (Cespe – Técnico/ANAC/2012) O Decreto-Lei n.º 200/1967 representou um
marco orientador da administração pública para a eficiência e a centralização
administrativa, o que contribuiu para a autonomia da administração direta.

Os desafios da administração pública contemporânea relacionam-se diretamente à


quebra de paradigmas e conceitos preestabelecidos sobre a gestão organizacional.
A constante troca de conhecimento entre a esfera pública e privada é essencial para

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garantir a constante evolução dos sistemas organizacionais. Com relação a esse
assunto, julgue os itens a seguir.
12. (Cespe – Técnico/DPRF/2012) A erradicação do patrimonialismo no Brasil
aconteceu com a reforma administrativa de 1930, que instituiu o modelo de
administração burocrática na gestão governamental brasileira.
13. (Cespe – Analista/TRE/2013) A busca do estabelecimento de estruturas
paralelas, como comissões de estudo e grupos executivos de trabalho, com a
participação de membros da indústria nacional, bem como a criação da Comissão de
Simplificação Burocrática, objetivando reformas globais, meios para descentralização
dos serviços, fixação de responsabilidades e prestação de contas à autoridade,
ocorreu no governo de
a) José Sarney.
b) Getúlio Vargas.
c) Juscelino Kubitschek.
d) Castelo Branco.
e) João Figueiredo.

Acerca da estruturação da máquina administrativa desde 1930, julgue os itens


subsequentes.
14. (Cespe – Técnico/TRT/2013) A reforma administrativa de 1967 promoveu a
centralização progressiva das decisões no Poder Executivo federal nos moldes da
administração burocrática.
15. (Cespe – Técnico/TRT/2013) O Departamento Administrativo do Serviço Público
(DASP) foi criado com o objetivo de aprofundar a reforma administrativa destinada a
organizar e racionalizar o serviço público no país.
16. (Cespe – Técnico/TRT/2013) A transição democrática de 1985 representou um
avanço na modernização da administração pública, na medida em que atribuiu à
administração indireta normas de funcionamento idênticas às que regem a
administração direta.
17. (Cespe – Técnico/MPU/2013) Segundo a concepção burocrática de
administração pública, o modo mais seguro de evitar o nepotismo e a corrupção no
serviço público é por meio do controle rígido dos processos e procedimentos.
18. (Cespe – Técnico/MPU/2013) A reforma administrativa iniciada pelo
Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) instituiu o Estado moderno
no Brasil, com vistas ao combate ao patrimonialismo e à burocracia estatal.
19. (Cespe – Técnico/MPU/2013) As grandes reformas administrativas do Estado
brasileiro, ocorridas após 1930, foram do tipo patrimonialista, burocrática e gerencial.

Em relação às reformas administrativas empreendidas no Brasil nos anos de 1930 a


1967, julgue o item a seguir.

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20. (Cespe – Analista/TRE/2011) Nesse período, a preocupação governamental
direcionava-se mais ao caráter impositivo das medidas que aos processos de
internalização das ações administrativas.
21. (Cespe – Analista/TRE/2011) Entre os anos 1950 e 1960, o modelo de gestão
administrativa proposto estava voltado para o desenvolvimento, especialmente para
a expansão do poder de intervenção do Estado na vida econômica e social do país.
22. (Cespe – Analista/TRE/2011) A instituição, em 1936, do Departamento de
Administração do Serviço Público (DASP) teve como objetivo principal suprimir o
modelo patrimonialista de gestão.
23. (Cespe – Analista/TRE/2011) As tentativas de reformas ocorridas na década de
50 do século passado guiavam-se estrategicamente pelos princípios autoritários e
centralizados, típicos de uma nação em desenvolvimento.

Acerca da teoria das organizações aplicada à administração pública, julgue o item


que se segue.
24. (Cespe – OTI/ABIN/2010) Diversos teóricos da área organizacional defendem,
para a administração pública, a adoção do modelo de especialização das tarefas, com
a proposta de descentralização da execução, que deve ser acompanhada por chefes
especialistas. Tal modelo foi adotado no governo do presidente Juscelino
Kubitscheck.

Desde o governo de Getúlio Vargas, diversas modificações ocorreram nas dimensões


estruturais e culturais da máquina administrativa brasileira. Acerca dessas
modificações e da administração pública brasileira, julgue os itens a seguir.
25. (Cespe – Técnico/MC/2008) Uma das primeiras reformas empreendidas pelo
governo de Vargas visando à racionalização da administração pública foi a criação
das primeiras carreiras burocráticas.
26. (Cespe – Técnico/MC/2008) A implantação da administração pública burocrática
é uma consequência da emergência de um capitalismo moderno no Brasil à época.
27. (Cespe – Técnico/MC/2008) O Departamento Administrativo do Serviço Público
(DASP) foi criado com o objetivo de realizar a modernização administrativa no âmbito
da administração pública.
28. (Cespe – Técnico/MC/2008) Nos primórdios, a administração pública sofreu
influência da teoria comportamental da administração.
29. (Cespe – Técnico/MC/2008) No período inicial, foi instituída a função
orçamentária como atividade formal, desvinculada, contudo, do planejamento.
30. (Cespe – Técnico/MC/2008) No que tange à administração de recursos
humanos, foram valorizados instrumentos importantes como o instituto do concurso
público e do treinamento; deste modo, foi adotada consistentemente uma política de
recursos humanos que respondia às necessidades do Estado.

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31. (Cespe – Técnico/MC/2008) A administração pública burocrática se instalou no
Brasil visando a acabar com o patrimonialismo vigente.
32. (Cespe – Técnico/MC/2008) O Decreto-lei n.º 200/1967 surgiu no bojo de uma
reforma que tentou aprimorar o modelo burocrático vigente na administração pública.
33. (Cespe – Técnico/MC/2008) O Programa Nacional de Desburocratização
(PRND) buscou revitalizar e agilizar as organizações do Estado. Suas ações foram
voltadas para simplificação das práticas administrativas e para maior estatização,
consolidando assim os esforços estimulados pelo Decreto-lei N.º 200/1967.
34. (Cespe – Técnico/MC/2008) As ações rumo a uma administração pública
gerencial foram aceleradas com a transição democrática de 1985 e consolidadas com
a promulgação da Constituição Federal de 1988.

Em relação à abordagem burocrática da administração e à evolução da administração


pública no Brasil, por meio das reformas administrativas, julgue os itens a seguir.
35. (Cespe – OCE/TCE-RS/2013) A reforma administrativa no Brasil, realizada por
meio do Decreto-Lei n.o 200/1967, representou um avanço em relação à tentativa de
romper com a rigidez burocrática, podendo ser entendida como a primeira experiência
de implantação da administração gerencial no país.

Quase tão discutida quanto as próprias reformas administrativas contemporâneas, a


história das experiências de mudança institucional planejada do Estado brasileiro tem
merecido a atenção de muitos estudiosos da matéria, chegando quase a constituir um
objeto à parte. Assim, existem hoje inúmeros relatos, análises e estudos sobre as
experiências de reforma da administração pública federal brasileira, com diferentes
abordagens, graus de profundidade e níveis de implicação com os projetos.
Frederico Lustosa da Costa. História das reformas administrativas no Brasil:
narrativas, teorizações e representações. In: Revista do Serviço Público: jul./set-
2008 (com adaptações).

Com referência ao tema do texto acima, julgue os itens seguintes


36. (Cespe – Analista/INMETRO/2009) A reforma administrativa realizada na Era
Vargas, a partir da criação do Departamento Administrativo do Serviço Público
(DASP), teve como característica marcante o fortalecimento das atividades fim do
Estado em detrimento das atividades meio, ou seja, aquelas relacionadas à
administração em geral.
37. (Cespe – Analista/INMETRO/2009) A reforma administrativa realizada na
década de 60 foi marcada pelo abandono do isolamento burocrático, tendo como
premissa básica a substituição de celetistas por funcionários estatutários. Assim, a
reforma norteou-se pelo enfraquecimento da ação central de planejamento,

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coordenação e controle e pela centralização da ação do Estado na órbita da
administração pública direta.
38. (Cespe – Agente Administrativo/TCE-RO/2013) O Departamento
Administrativo do Serviço Público foi o primeiro órgão da estrutura administrativa
brasileira ao qual se atribuiu a responsabilidade de diminuir a ineficiência do serviço
público e reorganizar a administração pública.

Em 1930, com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, teve início a implantação da


administração burocrática no Brasil. No que concerne à evolução, ao funcionamento
e à estrutura organizacional da administração pública no Brasil, julgue os itens que se
seguem.
39. (Cespe – ACE/TCE-ES/2012) De acordo com o modelo de administração pública
burocrática, a corrupção pode ser combatida sem a necessidade de controle rígido
dos processos, mediante o uso de indicadores de desempenho e controle de
resultados.
40. (Cespe – ACE/TCE-ES/2012) A flexibilização e a descentralização constituem
princípios orientadores das reformas administrativas implementadas, no Brasil,
durante o período 1990-1991.

No que se refere às reformas administrativas e à redefinição do papel do Estado,


julgue os itens a seguir.
41. (Cespe – AUFC/TCU/2013) A criação do Departamento Administrativo do Serviço
Público (DASP) em 1936 representou uma modernização na administração pública
brasileira, haja vista que promoveu a descentralização das atividades administrativas,
com o intuito de se gerar maior eficiência.
42. (Cespe – AUFC/TCU/2013) Na reforma gerencial de 1995, a qual visava eliminar
os elementos patrimonialistas ainda existentes, enfatizaram-se a hierarquização e o
rígido controle de procedimentos.
43. (Cespe – Técnico/ANAC/2012) Com a reforma gerencial, realizada por meio da
descentralização administrativa, buscou-se aumentar a eficiência e a efetividade das
atividades dos órgãos e agências do Estado.
44. (Cespe – Assistente/CAPES/2012) A reforma administrativa que inseriu a
administração pública gerencial no Estado brasileiro é autorreferente e orientada para
resultados.

Em relação ao papel dos modelos gerencialistas de gestão de pessoas para o


processo de modernização do Estado e implantação de políticas públicas, julgue o
item subsequente.

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45. (Cespe – Analista/SERPRO/2013) Uma reforma gerencial eficaz implica na
mudança organizacional do paradigma burocrático para o paradigma pós-burocrático.

Os desafios da administração pública contemporânea relacionam-se diretamente à


quebra de paradigmas e conceitos preestabelecidos sobre a gestão organizacional.
A constante troca de conhecimento entre a esfera pública e privada é essencial para
garantir a constante evolução dos sistemas organizacionais. Com relação a esse
assunto, julgue os itens a seguir.
46. (Cespe – Técnico/DPRF/2012) A última reforma administrativa empreendida no
Brasil introduziu, na gestão pública, o modelo gerencial, cujas principais
características são impessoalidade, autorreferência, processos bem definidos e
orientação ao cidadão.

A administração pública brasileira evoluiu muito no último século. Abandonou o


patrimonialismo, embora ainda persistam alguns traços desse modelo, e cada vez
mais o país se aproxima do gerencialismo. No que se refere à administração pública,
julgue os itens subsecutivos.
47. (Cespe – Escrivão/DPF/2013) A última reforma administrativa amplamente
divulgada pelo governo, em meados da década de 90 do século passado, recebeu de
todos os setores da sociedade críticas que podem ser explicadas por dois principais
motivos: a resistência ao novo e o fato de o Estado não ser visto, historicamente no
Brasil, como um órgão que se coloca ao lado da sociedade, mas acima dela.
48. (Cespe – Escrivão/DPF/2013) A visão técnico-voluntarista da reforma associa a
disciplina administrativa à esfera governamental e à esfera política e condiciona a sua
efetividade à vontade e à disposição dos servidores públicos de endossar a
abordagem prescrita e colocá-la em prática.
49. (Cespe – Escrivão/DPF/2013) Apesar de ainda estar vigente no Estado
brasileiro, a administração pública burocrática é um modelo já ultrapassado e,
portanto, deve ser suplantado por completo pelo modelo de administração pública
gerencial, que tem por objetivo principal a efetividade das ações governamentais e
das políticas públicas.
50. (Cespe – Analista/ANATEL/2012) O modelo de administração pública gerencial,
proposto na última reforma administrativa do Estado brasileiro, concentra-se na
moderna gestão por processos, definindo responsabilidades e procedimentos para os
planos de ação governamentais.

Com relação à organização administrativa da União, julgue o item seguinte.

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51. (Cespe – ATI/ABIN/2010) Ações relevantes e estratégicas, tais como atividades
referentes a políticas públicas, planos e projetos, devem ser executadas diretamente
pelos níveis mais altos da administração federal.
52. (Cespe – Analista/INMETRO/2009) A administração pública gerencial é
orientada predominantemente pelos valores da eficácia na prestação de serviços
públicos e pelo desenvolvimento de uma cultura gerencial nas organizações. Com
isso, ocorre um abandono dos princípios da administração pública burocrática, pois a
administração pública gerencial tem uma clara noção do interesse público, deixando
de se basear nos resultados para se concentrar nos processos.
53. (Cespe – TJ/TRT/2013) No modelo de administração pública gerencial, o
aparelho de Estado deve ser responsável apenas pela execução das políticas
públicas.
54. (Cespe – Analista/CPRM/2013) A criação da primeira autarquia na década de 30
do século passado, durante a reforma burocrática, foi o primeiro sinal de uma
administração pública gerencial.
55. (Cespe – Analista/CPRM/2013) Nos anos 90 do século XX, com a reforma
gerencial do governo de Fernando Henrique Cardoso, verificou-se, pela primeira vez,
que os princípios rígidos da administração burocrática eram um empecilho para o
desenvolvimento do Brasil.

Em 1930, com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, teve início a implantação da


administração burocrática no Brasil. No que concerne à evolução, ao funcionamento
e à estrutura organizacional da administração pública no Brasil, julgue os itens que se
seguem.
56. (Cespe – ACE/TCE-ES/2012) Após 2003, iniciou-se a construção do Estado
regulador, com o fortalecimento do papel das agências reguladoras e a redução do
papel do Estado como produtor direto de bens e serviços.
57. (Cespe – ACE/TCE-ES/2012) A nova administração pública prioriza a ênfase nas
habilidades gerenciais em detrimento do processo de elaboração de políticas.
58. (Cespe – AFCE/TCU/2013) No Brasil, o estado de bem-estar social (welfare
state) surgiu a partir de decisões autárquicas, com caráter predominantemente
político.
59. (Cespe – AFCE/TCU/2013) A administração pública burocrática foi adotada em
substituição à administração patrimonialista, segundo a qual não havia separação
entre a res publica e a res privada.

A importância das políticas sociais é reconhecida amplamente nas economias de


mercado. Acerca desse assunto, julgue os itens subsequentes.

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60. (Cespe – Consultor Geral/SEBRAE/2007) A doutrina do Estado do bem-estar
social (welfare state) supõe que a condição de cidadania está estreitamente
relacionada à inserção dos indivíduos no processo produtivo, não sendo, pois, dever
formal do Estado garantir um mínimo vital aos seus cidadãos.

Com referência à Reforma da Gestão Pública do Brasil em 1995, julgue os itens que
se seguem.
61. (Cespe – Técnico de Nível Superior/DPRF/2012) Embora tenha sido apoiada
pelo Centro Latino-Americano de Administração e pelo Banco Interamericano de
Desenvolvimento, a Reforma do Estado do Brasil não obteve apoio das Nações
Unidas.
62. (Cespe – Técnico de Nível Superior/DPRF/2012) A primeira reforma da
administração pública do Brasil foi a reforma burocrática.
63. (Cespe – Técnico de Nível Superior/DPRF/2012) A reforma em questão teve
início com a publicação do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado
(PDRAE).
64. (Cespe – Técnico de Nível Superior/DPRF/2012) O Plano Diretor da Reforma
do Aparelho do Estado (PDRAE) veio em resposta à crise generalizada do Estado
brasileiro.
65. (Cespe – Técnico de Nível Superior/DPRF/2012) O Brasil foi um dos últimos
países em desenvolvimento a iniciar a sua reforma na gestão pública.
66. (Cespe – Analista/TRE-ES/2011) Após a reforma ocorrida na década de 90 do
século XX, o Estado brasileiro superou o paradigma burocrático, adotando, com êxito,
o modelo gerencial.
67. (Cespe - AFT/MTE/2013) As reformas administrativas têm transformado o papel
do Estado, levando-o de um perfil essencialmente burocrático para um perfil flexível,
aberto e empreendedor, com tendência à inovação da administração e à incorporação
de técnicas do setor privado.
68. (Cespe – Administrador/MIN/2013) O modelo de reforma do Estado brasileiro,
posto em prática sob a ótica neoliberal, mostrou-se eficaz na solução dos problemas
socioeconômicos do país, pois estava orientado para o desenvolvimento e levou em
consideração a necessidade do Estado e sua construção em novas bases.

Considerando o desenvolvimento da administração pública do modelo racional-legal


ao paradigma pós-burocrático, julgue os itens subsequentes.
69. (Cespe – ATA/MIN/2013) Contrapondo-se à ideologia do formalismo e do rigor
técnico da burocracia tradicional, o paradigma gerencial fundamentado nos princípios
da confiança e da descentralização da decisão exige formas flexíveis de gestão.

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70. (Cespe – ATA/MIN/2013) A proposta de reforma gerencial contempla a correção
das distorções e ineficiências associadas à existência de unidades descentralizadas
com muita autonomia.
71. (Cespe – ATA/MIN/2013) Na perspectiva da reforma gerencial, o Estado amplia
seu papel de prestador direto de serviços, abstendo-se, porém, do papel de regulador
de serviços sociais como educação e saúde.
72. (Cespe - Analista/ Infraestrutura e Logística/BACEN/2013) De acordo com a
administração pública gerencial, conforme proposto originalmente por Bresser
Pereira, a estabilidade generalizada concedida aos servidores públicos é vista como
forma de garantir continuidade das atividades e, consequentemente, eficiência
organizacional.
73. (Cespe – Agente Administrativo/TCE-RO/2013) O modelo de
empreendedorismo governamental preconiza a reforma no sistema público, de modo
que o cidadão seja chamado a participar do governo, na definição do destino da sua
comunidade.
74. (Cespe – Agente Administrativo/TCE-RO/2013) O governo que prioriza o
empreendedorismo governamental deve assumir seu papel de comando, buscando
maior centralização da autoridade.
75. (Cespe – ATS/MC/2013) A gestão empreendedora das organizações públicas
deve ter um caráter centralizador para proporcionar maior rapidez e um controle
adequado das ações desenvolvidas na máquina administrativa.
76. (Cespe – ATS/MC/2013) Uma organização pública empreendedora vincula o
alcance de seus objetivos a uma atuação conjunta dos setores público, privado e
voluntário.
77. (Cespe – ATS/MC/2013) As organizações públicas que pretendam adotar uma
gestão empreendedora não necessitam de pessoas empreendedoras, visto que
empreendedorismo é um conceito institucional que se efetiva apenas mediante
políticas organizacionais.
78. (Cespe – ATS/MC/2013) O empreendedorismo governamental privilegia a
competição na prestação dos serviços, com a finalidade de aumentar a eficiência dos
serviços prestados.
79. (Cespe – ATS/MC/2013) Uma organização que busca a implementação do
empreendedorismo governamental deve enfatizar um planejamento focado no
financiamento da estrutura administrativa.
80. (Cespe – TJ/TRT-10/2013) A gestão pública empreendedora implica a busca por
resultados, visando atender às necessidades dos cidadãos e não aos interesses da
burocracia mediante o estímulo da sua parceria com sociedade.
81. (Cespe – TJ/TRT-10/2013) Aproximando-se do modelo tradicional burocrático, o
governo empreendedor visa estimular a ação e a parceria da sociedade, exercendo
forte controle sobre a economia.

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82. (Cespe – AJ/TRE-BA/2010) A construção de uma área de lazer destinada à
promoção de atividades turísticas e culturais por meio de parcerias com empresas
privadas é um exemplo de empreendedorismo governamental, pois promove a
integração entre o governo e determinado grupo social.

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GABARITO

1. C 11. E 21. C 31. C 41. E 51. E 61. E 71. E 81. E


2. C 12. E 22. E 32. C 42. E 52. E 62. C 72. E 82. C
3. C 13. C 23. E 33. E 43. C 53. E 63. C 73. C
4. C 14. E 24. C 34. E 44. E 54. C 64. C 74. E
5. E 15. C 25. C 35. C 45. C 55. E 65. E 75. E
6. E 16. E 26. C 36. E 46. E 56. E 66. E 76. C
7. E 17. C 27. C 37. E 47. X 57. C 67. C 77. E
8. E 18. E 28. E 38. C 48. E 58. C 68. E 78. C
9. C 19. E 29. E 39. E 49. E 59. C 69. C 79. E
10. C 20. C 30. E 40. C 50. E 60. E 70. C 80. C

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Administração Federal e da Reforma do Estado. Plano Diretor da Reforma do


Aparelho do Estado. Brasília: Ministério da Administração Federal e da Reforma do Estado, 1995.

BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Do Estado patrimonial ao gerencial. São Paulo: Cia das Letras,
2001.

BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos; SPINK, Peter Kevin. Reforma do Estado e administração pública
gerencial. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.

COSTA, Frederico Lustosa da. Brasil: 200 anos de Estado; 200 anos de administração pública;
200 anos de reformas. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, 2008.

COSTA, Frederico Lustosa da. História das reformas administrativas no Brasil: narrativas,
teorizações e representações. Revista de Serviço Público. Brasília, 2008.

MATIAS-PEREIRA, José. Reforma do Estado, Transparência e Democracia no Brasil. Málaga:


Revista académica de economía, 2004.

PALUDO, Augustinho. Administração Pública. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

WAHRLICH, Beatriz M. de Sousa. Reforma administrativa federal brasileira: passado e presente.


Revista de Administração Pública, 1974.

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