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Nunca houve viagem – Lia Beraldo

Passaram anos

Restaram vazios

O suspiro é quedo

E a passagem incerta

Silenciaram as risadas

As avós não brincam mais

Os balanços estão vazios

E nos parque as crianças não vão

Os caminhos são de tropeços

Os sonhos são de papel

As lágrimas são tempestades

E a viagem foi cancelada

É como um dia no aeroporto

Com previsão de mal tempo

Ou de manutenção da máquina

Até hoje não sei qual aeronave caiu?

Os bancos repletos de rebuliço

As teclas do aparelhos de celular não tardam

Todos só querem chegar ao lar

Sem saber que lar não há mais

Partidas e chegadas

Tudo é meio cheio de nada

No peito nem lembranças restaram

Nem um carimbo no passaporte


Foi uma mera ilusão:

Nunca houve alguém nesta estrada

O passarinho não canta na janela

Nem o cachorro late no quintal

É tudo um não...

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