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mais genuínas do que outros.

A segunda era a prática de presumir que as formas


mais básicas eram encontradas nas unidades literárias menores — por exemplo,
aquelas cujo comprimento era de um versículo ou dois — , e que as unidades mai­
ores eram secundárias. Ambas as práticas fundamentavam-se em premissas ago­
ra consideradas muito questionáveis. Você deve evitá-las em sua exegese.

6. ESTRUTURA
6.1. Faça um esboço da passagem
Procure fazer um esboço que genuinamente represente as maiores unidades de
informação. Em outras palavras, o esboço deve ser o resultado natural, não artifi­
cial, da passagem. Observe que componentes são incluídos em cada tópico (quan­
titativo) e também a intensidade ou significado global dos componentes (qualitati­
vo). Deixe a passagem falar por si mesma. Quando vir um novo tópico, assunto,
conceito ou algo semelhante, você deve acrescentar um novo tópico ao seu
esboço.Não existem critérios automáticos para a elaboração do esboço. Não seja
enganado por sugestões de que com a contagem de palavras repetidas ou a iden­
tificação de palavras de "transição" (como "portanto") você pode derivar
mecanicamente o esboço da passagem. Em vez disso, seu esboço deve conter o
melhor juízo que você puder fazer a respeito de como as maiores unidades de
informação do grupo de passagens unem-se de modo lógico. Alguns teóricos suge­
rem que os melhores esboços conterão de três a cinco unidades maiores, pelo fato
de que a maior parte das pessoas tem dificuldade para compreender ou lembrar de
seis ou mais elementos abstratos de uma única vez, e menos que três elementos
dificilmente constituirão um esboço descritivo apropriado. No entanto, seu esboço
deve conter uma reflexão do seu melhor juízo a respeito da estrutura lógica da
passagem, e o número de elementos do esboço deve refletir as unidades maiores
de informação, independentemente de quantas sejam.
Depois de esboçar as divisões principais, trabalhe nas menores, tais como as
orações e as frases. Essas devem, é claro, estar visivelmente subordinadas às divi­
sões maiores. O esboço deve ser tão detalhado quanto possível, sem parecer forçado
ou artificial. A partir dele, você poderá seguir adiante, fazendo suas observações a
respeito da estrutura mais ampla.

6.2. Procure padrões de pensamento


Qualquer passagem bíblica cujos limites foram adequadamente identificados con­
terá uma lógica interna coerente, constituída de padrões de pensamento significati­
vos. Tente identificar os padrões, procurando especialmente características-chave:
desdobramentos, recomeços, formas de frase peculiares, palavras centrais e do­
minantes, paralelismos, quiasmos, inclusios, e outros padrões repetitivos ou pro­
gressivos. As chaves para se reconhecer padrões são, quase sempre, repetição e
progressão. Procure toda evidência de repetição de um conceito, palavra, frase,
expressão, raiz, som ou alguma outra característica identificável, e analise a ordem
da repetição. Faça o mesmo tipo de exame com as progressões. Nessa análise
podem surgir algumas percepções muito úteis. A poesia, pela sua própria natureza,
não raro conterá mais (e mais surpreendentes) padrões estruturais do que a prosa.
Entretanto, qualquer passagem, adequadamente definida, tem padrões estruturais
que devem ser analisados, e ter seus resultados apresentados ao leitor. Tudo o que
for inesperado e singular deve ser especialmente destacado, por ser parte do que
toma sua passagem diferente das demais e, dessa forma, contribui para seu cará­
ter e significado especial.

6.3. Organize sua discussão da estrutura considerando as unida­


des em ordem decrescente de tamanho
Primeiramente, discuta o padrão geral do esboço, i.e., de três a cinco (ou mais)
unidades maiores. Depois, discuta o que você considera mais importante entre os
padrões secundários nas unidades maiores — um de cada vez. Vá do maior para
o menor, i.e., da passagem para os parágrafos, para os versículos, para as orações,
para as palavras e para os sons em ordem. Onde for possível, escreva se você
acha que um padrão é primário, secundário ou simplesmente menor, e qual a sua
importância para a interpretação da passagem.

6.4. Avalie a intencionalidade dos padrões menores


Dado o devido tempo, a maioria das pessoas poderá encontrar todo tipo de pa­
drões menores não muito óbvios numa passagem: ora a preponderância de cer­
tos sons vocálicos; ora a repetição de um a raiz verbal; a ocorrência de uma
certa palavra exatamente tantas palavras depois de uma outra em dois versículos
diferentes etc. A pergunta é: Esses padrões menores aparecem aleatoriamente
(segundo o que alguns chamam de a lei das probabilidades), ou foram construídos
intencionalmente pelo antigo falante ou pelo autor inspirado? Presumimos que os
padrões maiores são intencionais, uma vez que eles são tão evidentes. Também
presumimos que padrões menores são intencionais, especialmente quando pode­
mos percebê-los ocorrendo repetidas vezes num livro do AT ou em determinada
passagem ou em textos paralelos de outros livros. Mas, como ter certeza? Exis­
te apenas um critério: Pergunte se parece razoável que o antigo falante/autor
compôs esse padrão por algum motivo, e/ou se os primeiros leitores/ouvintes (ou
ambos) poderiam ter consciência desse padrão enquanto ouviam ou liam a passa­
gem. Se, de acordo com o seu julgamento, a resposta for sim, então avalie o padrão
como intencional. Se for não, identifique o padrão como provavelmente não-intenci-
onal ou algo parecido. Ao mesmo tempo, tenha muita cautela ao fazer inferências
exegéticas deste último.

6.5. Se a passagem for poética, analise-a como tal


Arrange as linhas do poema paralelas umas às outras, usando paralelismo se­
mântico (de significado). Depois, tente identificar a m étrica de cada linha. Se
puder, revocalize o texto de modo que este reflita a pronúncia original, tanto
quanto possível, e descreva a métrica conforme o número de sílabas por linha (o
método mais preciso). Se isso não for possível, descreva a métrica segundo os
acentos (menos preciso, ainda assim útil). Observe características métricas ou
padrões especiais. Observe quaisquer conjuntos sugeridos pelo padrão métrico.
Embora os conceitos de versificação poética e de estrofe não sejam próprios da
poesia hebraica, você poderá dividir um poem a em trechos ou partes, se de fato
lhe parecer inerente. Isso pode ser feito com base num a m udança de cena,
tópico ou estilo. A rima ou padrões acrósticos são raros, mas se estiverem pre­
sentes merecem atenção especial. Esteja atento a fórmulas (palavras ou frases
usadas em mais de um lugar no AT, em contextos métricos semelhantes ou pa­
drões, a fim de expressar determinada idéia). Fórmulas são "frases prontas" da
poesia, especialmente da poesia musical. Compare o uso de alguma fórmula na
passagem com o seu uso em algum outro lugar. (Veja também o Passo 8.) Dê
atenção, também, à epífora (a repetição de sons ou de palavras finais) e outros
padrões que freqüentemente aparecem na poesia. Identifique qualquer caso in­
tencional de assonância (a repetição ou justaposição de sons sem elhantes),
paronomásia (jogo de palavras, incluindo trocadilhos), figura etymologica (va­
riação na raiz das palavras, freqüentemente incluindo nomes) e outros artifícios
poéticos como esses. Entretanto, não procure por rimas. Pelo fato de muitas
palavras hebraicas possuírem terminações semelhantes (a m aior parte das pala­
vras femininas singulares terminam em -a h , as femininas plurais em -oth, a
maior parte dos vocábulos masculinos plurais terminam em -im ), encontra-se
rima com extrema facilidade. Outros recursos poéticos eram testes muito mais
abalizados da habilidade do poeta e indicados para um público de qualidade em
expressão poética de uma forma que a simples rim a não conseguiria.

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