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COLOQUE NAS MÃOS DE DEUS – DARÁ CERTO!

Pontos essenciais do projeto


Problemática:
Qual era a dimensão cultural da vida escolar, as práticas, relações sentimentos, valores, e rituais na
experiência educacional e no cotidiano de escolas primárias rurais, e de que forma as práticas culturais
dessas escolas influenciaram o processo educacional e as identidades de sujeitos que vivenciaram
intensamente essa realidade?

Essas problemáticas e objetivos são relevantes para sustentar a tese de que:


TESE: o cotidiano escolar era caracterizado e delineado por práticas culturais – relações afetivas,
sentimentos, valores, rituais, comportamentos, etc. – fomentando assim, a produção de sentidos,
representações e saberes, que então apropriados pelos sujeitos, contribuíram para a
formação/transformação de suas identidades e dos processos educacionais.
- o cotidiano escolar se caracterizou (naquele momento histórico)
- influenciaram em determinado momento histórico...

Qual o objeto de estudo? Por que este objeto?

Certeau (1982, p.68) disse que: “Antes de saber o que a história diz de uma sociedade, é necessário saber
como funciona dentro dela”.
Por que escolas primárias rurais?
- A intenção maior era propor uma pesquisa que se realizasse no âmbito da escola pública. Que já é rica
em práticas culturais. Mas sempre tive a vontade e o anseio de pesquisar as escolas primárias rurais. Eu
estive lá. Estive nos dois ambientes. A dissertação me fez voltar (pela memória) ao campo, ao rural.
Então [...]
A busca pelas memórias de escolas primárias rurais se ampara no fato destas constituírem um rico
ambiente para o estudo das práticas culturais. Assim como as escolas
O “ser professor e ser aluno” nesses espaços escolares - práticas -, estava além de conhecimento e
implementação de saberes e aplicações pedagógicas. Os fatos que configuraram o ambiente dessas
escolas se mostram de extrema relevância para a compreensão da interiorização de valores, práticas,
culturas e hábitos, como também das representações construídas pelos sujeitos, individualmente e
também enquanto grupo social.
Como descreve Chartier (1990, p. 17) “as representações do mundo social assim construídas, embora
aspirem à universalidade de um diagnóstico fundado na razão, são sempre determinadas pelos interesses
de grupo que as forjam”. Assim, apreender as memórias de sujeitos que vivenciaram o cotidiano
das escolas rurais, permitirá compreender as suas representações construídas.

Objetivo
Estudar a dimensão cultural da vida escolar, as práticas, relações sentimentos, valores, e rituais que
caracterizaram a experiência educacional e o cotidiano de escolas primárias rurais, de forma a
compreender como as práticas culturais dessas escolas influenciaram o processo educacional e as
identidades de sujeitos que vivenciaram intensamente essa realidade.
- colocar na fala: investigar como as práticas culturais das escolas primárias rurais influenciaram e
contribuíram para a formação da identidade dos sujeitos.

O que são processos educacionais mencionados no projeto?


As estratégias, as formas escolares, aquilo que é oficial, mas que em contato com o espaço escolar e a
realidade vivida, se transformam, são adaptados, são modificados. O que justifica trabalhar com o
conceito de cotidiano de Certeau – estratégias e táticas.

Qual a metodologia?
... tem caráter qualitativo, exploratório e descritivo, utilizando-se da pesquisa documental, história
escrita, história oral e história de vida, com seleção e análise sustentadas pela teoria historiográfica
da Nova História Cultural. [...] um trato metodológico que reconhece realidades passadas e que não
foram registradas em documentos oficiais, mas que estão na memória e história de seus sujeitos, sendo
compreendidas à luz do nosso tempo presente.
[...] os elementos que serão relembrados por meio de narrativas, registros iconográficos, memórias e
histórias dos sujeitos, permitirão uma nova leitura para a compreensão dos processos educacionais e
culturais das escolas, como também abrir novos caminhos de pesquisa.
O caráter interpretativo da pesquisa se orienta a responder a problemática proposta, sendo a análise
pautada em três aspectos fundamentais: os elementos apreendidos por meio do estudo; o referencial
teórico; e a experiência pessoal do pesquisador, de modo a conjeturar, construir significações por meio
dos elementos que circunscrevem o fenômeno estudado. Estes três aspectos básicos serão suporte para
compor um corpo integrado na elaboração do relatório final do estudo (TRIVIÑOS, 2008).
Análise de discurso?

Qual a fonte? Qual a viabilidade e acesso as fontes?


Sobre as fontes da pesquisa, vale destacar o que aborda Lombardi (2004, p. 158) de que: “o historiador
elege, organiza e interpreta suas fontes em conformidade com suas opções metodológicas e teóricas”. A
principal fonte da pesquisa proposta são os atores que vivenciaram a realidade a ser investigada. Assim,
o contato e vínculo estabelecido com esses sujeitos são fundamentais, pois, esta relação de confiança vai
ao encontro do que se deseja, a busca mais verdadeira possível de suas memórias para interpretação e
compreensão das práticas culturais do cotidiano escolar de escolas primárias rurais.
Professores, supervisores, alunos e outros.
Outro ponto que também viabiliza a pesquisa é a existência de contato com atores (professores,
supervisores, alunos e outros) que vivenciaram o cotidiano de escolas primárias rurais, como também a
vivência pessoal nesse cotidiano.

Por que NHC?


Primeiramente, porque para o desenvolvimento de uma pesquisa, o investigador precisa escolher por
qual caminho deseja seguir e transitar. Esta proposta de trabalho se guia pela noção interpretativa da
cultura (GEERTZ, 2008)
Pela possibilidade de estudar a cultura em sua vertente antropológica. Percebida como as ações de
pensar, sentir e agir dos indivíduos, e, a criação de significados em grupos sociais. A ênfase está no
significado, em uma teoria interpretativa da cultura, vinculada ao estudo dos símbolos, da vida cotidiana,
e, explorada pelos historiadores sociais. Assim, estudar a cultura, significa estudar, interpretar um código
de símbolos compartilhados pelos e entre os atores de um sistema social (GEERTZ, 2008; BURKE,
2005).
Pela ênfase dada as “[...] mentalidades, suposições e sentimentos e não em ideias ou sistemas de
pensamento” (BURKE, 2005, p. 69).
Burke (2005, p. 10) diz que “o terreno comum dos historiadores culturais pode ser descrito como a
preocupação com o simbólico e suas interpretações”. Ou seja, com as conexões existentes entre os
elementos e os sujeitos. A nova história passou a se interessar por toda a atividade humana (BURKE,
1992).
Chartier (1990, p. 16), fortalece estes pressupostos ao afirmar que a história cultural tem como objeto
“[...] identificar o modo como em diferentes lugares e momentos uma determinada realidade social é
construída pensada, dada a ler”. E como destaca o autor, esta é uma tarefa que supõe vários caminhos.
Na Nova História Cultural, o campo do simbólico torna-se um campo que pode ser dissecado, explorado,
precisando para isso, o pesquisador amparar-se na teoria.
A aproximação com a antropologia permite o estudo do habitus, da cultura a partir do comportamento
dos sujeitos, enquanto membros e determinantes de grupos sociais. Torna-se possível estudar as
representações coletivas (CHARTIER, 1991) dos grupos sociais, e assim compreender o social e o
cultural da realidade por meio da representação - individual e coletiva -, do sentido que é dado pelo
sujeito. A historiografia, por meio dos documentos, memórias, iconografia, dentre outras fontes
exploradas, torna possível apreender a cultura que se deseja investigar/conhecer.

IMPORTANTE: HC não há categorias determinantes.. há dispositivos, vestígios, representações...

Por que memória?


Por permitir contar a história na percepção daqueles que vivenciaram dado período histórico, e fazer
emergir elementos até então não percebidos, notados e/ou registrado – as rupturas.
Pela possibilidade de acesso a conhecimentos que se consideram históricos, mas que se opõem a natureza
indiciária do documento (CHARTIER, 2009).
Pela possibilidade de “revivar e reviver” este contexto trazendo à tona elementos até então
desconhecidos para os próprios sujeitos da pesquisa, práticas que não fazem e não fizeram parte dos
registros oficiais dessas escolas, mas que fazem parte do registro de vida de seus atores.

Por que memória?


Podemos dizer assim, que a memória “[...] vem fortalecer a identidade, tanto no nível individual quanto
no coletivo: assim, restituir a memória desaparecida de uma pessoa é restituir a sua identidade”
(CANDAU, 2012, p. 16). Daí nesta proposta de tese, investigar como as práticas culturais das escolas
primárias rurais influenciaram as identidades de sujeitos que as vivenciaram.
Além disso, como esses sujeitos estão no tempo presente, outros referenciais identitários possivelmente
surgiram ao longo de suas trajetórias de vida – que serão relembradas – e que os constitui “no hoje”
enquanto sujeito cultural e social. Conforme mencionado por Candau (2012, p. 16) “as lembranças que
guardamos de nossa vida se reproduzem e permitem que se perpetue o sentimento de nossa identidade”.

Como chegou aos autores?

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