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DEPARTAMENTO DE PESQUISA
No Estado do Pará, uma das iniciativas, após a reforma de 1931, foi a publicação
da revista de ensino Escola, que trazia artigos e palestras pedagógicas, em sua maioria,
escritos por professores de escolas públicas paraenses. A Diretoria de Ensino e Instrução
Pública, à época sendo diretor geral o literato Oswaldo Orico, subsidiou a publicação
deste periódico educacional que iniciou em 1934 e circulou até 1936, numa periodicidade
irregular que variava de dois a oito meses entre uma publicação e outra. A revista estava
dividida nas seguintes sessões:
Na capa da revista número dois, de junho de 1934, aparece a informação de que sua
publicação era bimestral, porém entre a publicação do número três e a publicação do
número quatro há uma distância temporal de nove meses e entre a publicação da revista
número quatro e a revista número cinco, último número a ser encontrado na pesquisa, há
uma distância de quatro meses. Também se observou que o número de artigos diminuiu
bastante entre os dois primeiros números, que aparecem com dezessete artigos, e o último
número encontrado, a revista número cinco, com apenas dez artigos publicados.
Apesar de ter tido um curto ciclo de vida, de 1934 a 1936, a revista Escola
proporcionou a circulação das novas orientações metodológicas nas diversas áreas do
conhecimento: linguagem oral e escrita, desenho, educação religiosa, trabalhos manuais,
educação física, matemática, geografia, história com o objetivo de legitimar o discurso
sobre as modernas questões do ensino daquela época. A biografias de educadores
paraenses, como Paulino de Brito, Vilhena Alves e Severiano Bezerra de Albuquerque,
possui a visível intenção de formar uma memória da educação por meio do exemplo
legado por esses educadores e de contribuir na formação cultural e histórica de seus
leitores. A contribuição de autores de outros estados brasileiros com alguns escritos
publicados, manifesta um diálogo possível entre professores paraenses e seus
contemporâneos de outros estados brasileiros, e até mesmo de outros países, sobre temas
educacionais de interesse comum. A revista serviu como mediadora entre esses
professores na troca de informações pedagógicas e de cultura geral.
[…] E quem faz a escola nova, com todos os seus encantos e atrativos,
encaminhando-a com proveito e segurança na realização de sua
finalidade é o professor, o mestre, o educador. A ele compete, pela
perfeita intuição que deve ter a nobre missão que lhe pesa sobre os
ombros, formar a ambiência escolar, dentro da qual o discípulo se sinta
bem, sem constrangimento, em plena liberdade de ação, como se
estivesse em família, de modo a poder, sem receio, dar expansão às
manifestações do seu espírito ainda embrionário, manifestações essas
pelas quais o professor aquilatará de capacidade, das tendências, das
predisposições de cada aluno, podendo assim norteá-las com eficiência
(CUNHA, 1934, p. 43).
[…] é na escola primária, pela instrução e pela educação, pois que a sua
missão não deve ser unicamente instruir, mas educar também, que a
criança com os primeiros clarões do abecedário, recebe noções de
honra, dever e patriotismo. E se essa educação tiver por base os
salutares ensinamentos morais espalhados no mundo pela palavra
sagrada do Nazareno, então a escola primária concorrerá,
indubitavelmente, para assegurar, sob o signo do Cruzeiro, a
prosperidade, a paz, a ordem, a harmonia e a integridade do Brasil.
(CUNHA, 1934, p.44)
Destarte não lhes daria a ler a Bíblia nem os Vedas, mas Os miseráveis
de Victor Hugo...
Esforçar-me-ia para que tivessem de Deus uma noção profunda, que
fluísse espontaneamente de dentro para fora, independente de rótulos e
definições, de dogmas e sistemas, de doutrinas e explicações
metafísicas.
Deus, para eles, não seria uma coisa longínqua, desconhecida e
misteriosa.
Por isso começaria por lhes ensinar a conhecer o homem. Todos os
livros humanos e sinceros, rudes e magníficos eu lhes daria a ler como
se fosse a própria Vida.
A Vida; não queria outra religião para os meus filhos! A vida, digna de
ser vivida com perigo e nobreza, para além das contingências
humanas!... (MOURA, 1935, p. 40-41).
Bibliografia:
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do professorado do Pará. Belém: Instituto Profissional D. Macedo Costa. Ano I, número
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Belém: Instituto Profissional D. Macedo Costa. Ano I, número 3, agosto de 1934, p. 65 –
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portuguesa. In: MENEZES, Maria Cristina (org.). Educação, memória, história:
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_______ Reformas da instrução pública. In: FARIA FILHO, Luciano; LOPES, Marta
Teixeira e VEIGA, Cynthia Greive (orgs.). 500 anos de educação no Brasil. Belo
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DORES, Julieta Goés das. Instrução. In: Escola - revista do professorado do Pará. Belém:
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JURANDIR, Dalcidio O problema do ensino rural. In: Escola - revista do professorado
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_______. Educação e liberdade. Escola - revista do professorado do Pará. Belém:
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