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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE


SEGURANÇA DO TRABALHO

FABRÍCIO DOS SANTOS VILLAIN


LUIZ CARLOS CARDOSO CAETANO

SEGURANÇA EM ELETRICIDADE: PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO


DA NOVA NR-10 “SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM
ELETRICIDADE” NO CAMPUS DA UNESC

CRICIÚMA, ABRIL DE 2007.


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FABRÍCIO DOS SANTOS VILLAIN


LUIZ CARLOS CARDOSO CAETANO

SEGURANÇA EM ELETRICIDADE: PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO


DA NOVA NR-10 “SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM
ELETRICIDADE” NO CAMPUS DA UNESC

Monografia apresentada à Diretoria de Pós-


graduação da Universidade do Extremo Sul
Catarinense - UNESC, para a obtenção do
título de especialista em Engenharia de
Segurança do Trabalho.

Orientador: Prof. MSc. Marcelo Fontanella


Webster

CRICIÚMA, ABRIL DE 2007.


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FABRÍCIO DOS SANTOS VILLAIN


LUIZ CARLOS CARDOSO CAETANO

SEGURANÇA EM ELETRICIDADE: PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO


DA NOVA NR-10 “SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM
ELETRICIDADE” NO CAMPUS DA UNESC

Criciúma, 27 de abril de 2007.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________
Prof. M.Sc. Marcelo Fontanella Webster – UFSC
Orientador

________________________________________________
Prof. Ph.Dr. Hyppólito do Valle Pereira Filho – UFSC

_______________________________________________
Prof. Dr. Germano Riffel – UFSC
3

AGRADECIMENTOS

Diversas foram as pessoas fundamentais para a realização deste estudo,


as quais seremos eternamente agradecidos, pois sem estas não teríamos chegado
até aqui:
Nosso maior agradecimento a Deus, pois sem ele nada seria possível e,
com toda certeza, ele é o grande responsável por esta conquista árdua, mas
saborosa.
Ao Mestre Marcelo Fontanella Webster, sempre solícito, que nos orientou
da forma mais profissional possível e soube acima de tudo, respeitar nossos limites.
Aos demais professores do curso de Engenharia de Segurança do
Trabalho pelo rico conhecimento que nos passaram, pois com toda certeza, estes
ensinamentos nos acompanharão por toda nossa vida profissional.
A Unesc e funcionários, pela acolhida e pela colaboração em todas as
fases do estudo.
Aos amigos, principalmente àqueles que souberam respeitar nossa
ausência.
Aos colegas, pela união e companheirismo demonstrado ao longo do
curso.
As nossas famílias, nosso alicerce mais uma vez nesta longa jornada.
As nossas esposas, que foram pacientes e, ao mesmo tempo, as maiores
impulsoras, pois nunca desacreditaram de nossa capacidade e, com toda certeza
foram fundamentais nesta conquista.
Finalmente, agradecemos a todos que de alguma forma contribuíram para
a realização deste estudo.
4

RESUMO

Tendo em vista que a eletricidade é uma das maiores vilãs quando o assunto é
segurança do trabalho, o estudo em questão tem por objetivo propor a implantação
da NR-10 “Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade” no campus da
Unesc – Universidade do Extremo Sul Catarinense. Este trabalho será direcionado a
todos os envolvidos diretamente com a eletricidade, desde os componentes da
equipe de manutenção elétrica da Instituição, profissionais de empresas contratadas
para a execução de determinados serviços, até os supervisores e engenheiros
vinculados de alguma forma à Instituição. Será feita uma revisão na norma,
evidenciando a sua real importância, e após, apresentaremos o que existe e o que
precisa ser implantado ou adequado no ambiente de estudo. Por fim, será proposta
implantação de medidas, de forma que a Unesc se adeqüe ao que determina a
legislação, para que assim, as normas de segurança possam ser cumpridas de
forma satisfatória, preservando desta forma a integridade física e a saúde de seus
colaboradores.

Palavras-chave: Eletricidade. Legislação. Segurança.


5

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Chances de salvamento da vítima ..........................................................30


6

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas


CA – Certificado de Aprovação
CAT – Comunicação de Acidente do Trabalho
CLT – Consolidação das Leis do Trabalho
EPC – Equipamento de Proteção Coletiva
EPI – Equipamento de Proteção Individual
MTE – Ministério do Trabalho e Emprego
NBR – Norma Brasileira Regulamentadora
NBR 5410 – Norma Brasileira de Instalações Elétricas de Baixa Tensão
NR – Norma Regulamentadora
NR-3 – Norma Regulamentadora Fiscalização e Penalidades
NR-4 – Norma Regulamentadora Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho
NR-6 – Norma Regulamentadora de Equipamento de Proteção Individual
NR-10 – Norma Regulamentadora Segurança em Instalações e Serviços em
Eletricidade
NR-17 – Norma Regulamentadora de Ergonomia
PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
SESMT – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do
Trabalho
7

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11
1.1 Tema................................................................................................................. 12
1.2 Fenômeno e sua contextualização ................................................................ 12
1.3 Contextualização............................................................................................. 12
1.4 Problemática.................................................................................................... 12
1.5 Objetivos .......................................................................................................... 12
1.5.1 Objetivo geral ............................................................................................... 12
1.5.2 Objetivos específicos .................................................................................. 12
1.6 Hipótese de trabalho....................................................................................... 13
1.7 Metodologia ..................................................................................................... 13
1.7.1 Base filosófica .............................................................................................. 13
1.7.2 Caracterização da pesquisa ........................................................................ 13
1.7.3 Método........................................................................................................... 13
1.7.4 Técnicas........................................................................................................ 14
1.8 Relevância........................................................................................................ 14
1.9 Limitações ....................................................................................................... 14
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 16
2.1 Eletricidade ...................................................................................................... 16
2.2 Choque elétrico ............................................................................................... 16
2.2.1 Tipos de choques elétricos ......................................................................... 18
2.2.1.1 Choque estático ........................................................................................ 18
2.2.1.2 Choque dinâmico ...................................................................................... 18
2.2.1.3 Descargas atmosféricas ........................................................................... 20
2.3 Riscos do choque elétrico.............................................................................. 20
2.3.1 Aterramento elétrico .................................................................................... 21
2.3.2 Riscos de choques estáticos ...................................................................... 21
2.3.3 Riscos de choque elétrico direto................................................................ 22
2.3.4 Choque elétrico indireto .............................................................................. 22
2.4 Efeitos do choque elétrico no corpo humano .............................................. 23
2.4.1 Contração muscular..................................................................................... 23
2.4.2 Tetanização do músculo.............................................................................. 23
8

2.4.3 Queimaduras ................................................................................................ 23


2.4.4 Parada respiratória....................................................................................... 24
2.4.5 Parada cardíaca............................................................................................ 24
2.4.6 Fibrilação ventricular ................................................................................... 24
2.4.7 Eletrólise do sangue .................................................................................... 25
2.4.8 Perda da coordenação motora.................................................................... 25
2.4.9 Perda da sensibilidade ................................................................................ 25
2.4.10 Danos no cérebro....................................................................................... 25
2.4.11 Danos na visão ........................................................................................... 26
2.4.12 Danos renais............................................................................................... 27
2.5 Atendimento às vítimas de choque elétrico.................................................. 27
2.5.1 Fibrilação ventricular ................................................................................... 28
2.5.2 Massagem cardíaca ..................................................................................... 28
2.5.3 Respiração boca a boca .............................................................................. 29
2.5.4 Massagem cardíaca e respiração artificial ................................................ 30
2.5.5 Autópsia ........................................................................................................ 30
2.6 Acidente ........................................................................................................... 31
2.6.1 Acidente do trabalho.................................................................................... 31
2.6.2 Comunicação de acidentes de trabalho - CAT .......................................... 32
2.6.3 Doença profissional ..................................................................................... 33
2.6.4 Doença do trabalho...................................................................................... 33
2.6.5 Tipos de acidentes ....................................................................................... 33
2.6.6 Causas dos acidentes.................................................................................. 34
2.6.7 Conseqüências dos acidentes.................................................................... 34
2.7 Trabalho ........................................................................................................... 34
2.8 Higiene do trabalho......................................................................................... 35
2.9 Segurança ........................................................................................................ 35
2.9.1 Segurança do trabalho ................................................................................ 36
2.10 Prevenção de acidentes ............................................................................... 36
2.10.1 Prevenção de acidentes com eletricidade ............................................... 36
2.10.1.1 Legislação................................................................................................ 36
2.10.1.1.1 Normas regulamentadoras - NR.......................................................... 37
2.10.1.1.2 NBR 5410 .............................................................................................. 37
2.10.1.1.3 Norma regulamentadora – NR-10 “Segurança em instalações e
9

serviços em eletricidade”..................................................................................... 38
3 CAMPO DE PESQUISA....................................................................................... 41
3.1 A Instituição..................................................................................................... 41
3.1.1 A diretoria de apoio logístico ...................................................................... 42
3.1.2 A equipe de manutenção elétrica ............................................................... 42
3.1.3 Setor de projetos.......................................................................................... 42
3.1.4 Empresas contratadas terceirizadas.......................................................... 43
4 ESTUDO DA LEGISLAÇÃO ................................................................................ 44
4.1 Legislação x UNESC ....................................................................................... 44
4.2 A legislação na UNESC................................................................................... 63
4.2.1 Medidas de controle..................................................................................... 63
4.2.1.1 Medidas de proteção coletiva .................................................................. 63
4.2.1.2 Medidas de proteção individual ............................................................... 63
4.2.2 Segurança em projetos................................................................................ 64
4.2.3 Segurança na construção, montagem, operação e manutenção ............ 64
4.2.4 Segurança em instalações elétricas desenergizadas............................... 65
4.2.5 Segurança em instalações elétricas energizadas ..................................... 65
4.2.6 Trabalhos envolvendo alta tensão - AT...................................................... 65
4.2.7 Habilitação, qualificação, capacitação e autorização dos trabalhadores66
4.2.8 Proteção contra incêndio e explosão......................................................... 66
4.2.9 Sinalização de segurança............................................................................ 67
4.2.10 Procedimentos de trabalho ....................................................................... 67
4.2.11 Situação de emergência ............................................................................ 67
4.2.12 Responsabilidades..................................................................................... 68
5 PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO E ADEQUAÇÃO SEGUNDO A NR-10
“SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE”............. 69
5.1 Medidas de controle........................................................................................ 69
5.2 Segurança em projetos................................................................................... 70
5.3 Segurança na construção, montagem, operação e manutenção. .............. 71
5.4 Segurança em instalações elétricas desenergizadas.................................. 71
5.5 Segurança em instalações elétricas energizadas ........................................ 71
5.6 Trabalhos envolvendo alta tensão - AT......................................................... 72
5.7 Habilitação, qualificação, capacitação e autorização dos trabalhadores. . 73
5.8 Proteção contra incêndio e explosão............................................................ 74
10

5.9 Sinalização de segurança............................................................................... 74


5.10 Procedimentos de trabalho .......................................................................... 74
5.11 Situação de emergência ............................................................................... 75
5.12 Responsabilidades........................................................................................ 76
6 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 77
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 78
ANEXO.................................................................................................................... 79
11

1 INTRODUÇÃO

A eletricidade é provavelmente a “oitava maravilha do mundo moderno”.


Sua descoberta e exploração revolucionaram os lares e as indústrias do mundo
civilizado e a vida de hoje depende inteiramente desse agente físico.
O uso da eletricidade cresce rapidamente de ano para ano. No entanto,
sabe-se que esta mesma eletricidade que nos trás tantos benefícios, pode ocasionar
danos irreversíveis à sociedade.
A eletricidade é sem a menor sombra de dúvida uma das maiores vilãs
quando o assunto é segurança no trabalho. Ela é invisível, incolor e inodora, por isso
se torna ainda mais importante a adoção de medidas preventivas que visem
neutralizar ou eliminar os riscos de choque elétrico nos ambientes de trabalho. Os
acidentes por contato com eletricidade podem ocorrer pela atuação tanto da energia
produzida pelo homem como através da natureza.
A NR-10 é uma norma regulamentadora de segurança e saúde no
trabalho, fiscalizada pelo Ministério do Trabalho, que trata da segurança em
instalações e serviços em eletricidade, uma revisão da Norma de 1978 – Portaria
598, oficializada no Diário Oficial – 08.12.04. Em linhas gerais, a NR-10 prega a
segurança do trabalhador, ou seja, qualquer empregado não deve correr riscos de
choque elétrico, de queimadura ou de qualquer outro efeito que os serviços com
eletricidade possam causar. As normas regulamentadoras são de observância
obrigatória para todas as empresas e o seu não cumprimento acarretará ao
empregador a aplicação das penalidades previstas na legislação pertinente;
Desde a publicação do novo texto da NR-10, por intermédio da Portaria
598/04, do Ministério do Trabalho e Emprego, aumentou de forma espetacular o
interesse sobre a segurança em instalações e serviços com eletricidade.
Desta forma, tornou-se indispensável para a Unesc, cumprir o que rege a
legislação vigente. Surge então, a necessidade de se implantar no campus, a NR-10
“Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade”, proporcionando maior
segurança aos trabalhadores, bem como evitando prejuízos para a Instituição, como,
por exemplo, acidentes de trabalho e penalidades.
12

1.1 Tema

Segurança em eletricidade.

1.2 Fenômeno e sua contextualização

Proposta de implantação da nova NR-10 no campus da Unesc.

1.3 Contextualização

Fazendo uma análise da importância de cada item apresentado na nova


NR-10 e fazendo-se um comparativo da atual situação da Unesc com o que rege a
legislação, será proposta a implantação da referida norma no campus da Unesc,
visando sempre preservar a integridade física dos trabalhadores.

1.4 Problemática

Quais as medidas a serem tomadas para a implantação da nova NR-10


“Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade” no campus da Unesc?

1.5 Objetivos

1.5.1 Objetivo geral

O objetivo geral desta monografia é de, através de um estudo da


legislação e da atual situação da universidade em relação à norma, propor medidas
a serem tomadas para a implantação da nova NR-10 no campus da Unesc, visando
principalmente à segurança do trabalhador, bem como, evitando-se prejuízos para a
Instituição.

1.5.2 Objetivos específicos

- Demonstrar a importância da nova NR-10 para a segurança do trabalho;


- Comparar a atual situação com o que rege a legislação vigente;
13

- Propor a implantação da nova NR-10 no campus da Unesc;

1.6 Hipótese de trabalho

Através da proposta de implantação da nova NR-10 no campus da


Unesc, a Instituição poderá fazer uso deste documento, se adequando,
proporcionando assim, maior segurança aos trabalhadores no desenvolvimento de
suas atividades laborais.

1.7 Metodologia

1.7.1 Base filosófica

A base filosófica do nosso estudo é o estruturalismo, pois buscamos


estabelecer parâmetros para que a partir destes, possa servir como instrumento de
pesquisa em casos similares.

1.7.2 Caracterização da pesquisa

A natureza da pesquisa é qualitativa, pois não exige medições. É uma


pesquisa do tipo exploratória, pois a norma em estudo passou por uma recente
atualização, sendo assim, necessita-se um estudo profundo para que possamos nos
tornar conhecedores do assunto. Sendo assim, com relação ao grau de
profundidade, podemos afirmar que estamos desenvolvendo um estudo de caso,
pois pode ser considerado de baixa amplitude na coleta de dados e alta
profundidade.

1.7.3 Método

O estudo proposto basear-se-á no método de abordagem dedutiva, pois


através de estudos e informações da norma, serão propostas medidas que visam a
saúde e a segurança dos trabalhadores.
14

1.7.4 Técnicas

De posse da legislação vigente, será feito um estudo da mesma,


evidenciando sua real importância para a segurança do trabalho, identificando-se os
principais pontos falhos na Instituição, procurando desta forma, propor a adequação
da Instituição à nova NR-10 “Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade”.

1.8 Relevância

Partindo-se do princípio que nosso maior dever como profissionais da


segurança é a preocupação com a integridade física dos empregados, ou seja, com
o fator humano, a implantação da nova NR-10 no campus da Unesc torna-se de
fundamental importância para o aprimoramento do conhecimento, além de
representar um importante passo no que se refere às questões relativas ao ensino,
vindo de encontro com a missão da Instituição, que é promover o desenvolvimento
regional para melhorar a qualidade do ambiente de vida. O ambiente é o objeto de
estudo e a qualidade de vida não existe se não houver segurança. Desta forma,
acredita-se que o estudo pode aprofundar ainda mais a relação entre a segurança e
a qualidade nos ambientes de trabalho, através principalmente de medidas
preventivas e corretivas.

1.9 Limitações

Esta monografia tem como finalidade, trabalhar de forma sucinta e


objetiva, o tema Segurança em Eletricidade. Desta forma, por se tratar de um
assunto inesgotável, nosso estudo se resume a uma proposta de implantação da
nova NR-10 “Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade”, no campus da
Unesc.
Não pretendemos com isso, encerrar os estudos referentes ao assunto,
pois este é de suma importância, principalmente devido à grande quantidade e
gravidade dos acidentes ocasionados pela eletricidade.
Ressaltamos que este trabalho aplica-se tão somente ao ambiente da
Unesc, podendo ser utilizado apenas como base para outras aplicações e nunca
15

como uma única fonte de informação.


Deixamos em aberto, espaço para que outros trabalhos referentes ao
tema possam vir a contribuir de forma significativa para a Segurança do Trabalho.
16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo será apresentada a revisão da literatura referente ao tema


abordado no presente estudo. Sendo assim, serão apresentadas informações
relevantes sobre os temas eletricidade, choque elétrico, segurança, legislação
vigente, entre outros.

2.1 Eletricidade

Segundo Ferraro (1995) a palavra “eletricidade” pode ser usada com


duplo significado. Tanto pode significar a ciência que estuda os fenômenos elétricos
de uma forma geral, como “alguma coisa” que certos corpos podem possuir – os
antigos acreditavam ser um fluído, responsável pelos fenômenos chamados
elétricos.
Com o passar do tempo e com o avanço da tecnologia, a demanda de
energia elétrica em nossa civilização aumentou e tende a aumentar cada vez mais,
pois toda a produção industrial está baseada na eletricidade, e os aparelhos que
tornam nossa vida mais confortável e agradável também são “movidos” por ela.
Enfim, o desenvolvimento tecnológico e científico que está ocorrendo no mundo tem
como mola propulsora a energia elétrica.
No entanto, esta mesma energia elétrica, de tantos benefícios, nos
apresenta graves problemas, como por exemplo, o choque elétrico. Entre todos os
riscos físicos, a eletricidade é sem dúvida a mais perigosa, pois é um inimigo
invisível, sentida pelo organismo humano apenas quando este encontra-se sob a
sua ação.
Acidentes elétricos podem ocorrer nos mais diversos lugares, desde
indústrias até nos lares e locais de lazer. Podem causar graves lesões, levando
muitas vezes o acidentado até mesmo ao óbito.

2.2 Choque elétrico

Choque elétrico é risco proveniente da eletricidade, e segundo Reis e


17

Freitas (1983):
Pode ser definido, como um estímulo rápido e acidental do sistema nervoso
do corpo humano, pela passagem de uma corrente. Essa corrente circulará
pelo corpo da pessoa quando ele tornar-se parte de um circuito elétrico que
possua uma diferença de potencial suficiente para vencer a resistência
elétrica oferecida pelo corpo. (REIS; FREITAS, 1983, p. 11).

Os efeitos do choque elétrico no corpo humano variam e dependem de:


• Percurso da corrente elétrica pelo corpo humano;
• Intensidade da corrente elétrica;
• Tempo de duração do choque elétrico;
• Área de contato do choque elétrico;
• Pressão do contato;
• Espécie da corrente elétrica;
• Freqüência da corrente elétrica;
• Tensão elétrica;
• Espraiamento da corrente de choque pelo corpo humano;
• Condições da pele do indivíduo;
• Região do choque no corpo humano;
• Constituição física do indivíduo;
• Estado de saúde do indivíduo;
• Outras condições.

A passagem da corrente pelo organismo causando o choque elétrico,


pode ocasionar danos, tais como:
• Inibição dos centros nervosos, inclusive dos que comandam a
respiração produzindo parada respiratória;
• Alteração no ritmo cardíaco, podendo produzir fibrilação ventricular e
uma conseqüente parada cardíaca;
• Queimaduras profundas, produzindo necrose do tecido;
• Alterações no sangue provocadas por efeitos térmicos e eletrolíticos da
corrente elétrica;
• Perturbação no sistema nervoso;
• Seqüelas em vários órgãos do corpo humano.
18

Vale mencionar que se o choque elétrico ocorrer através do contato com a


rede, todas as manifestações citadas acima podem ocorrer simultaneamente.
Não devemos esquecer que todo choque elétrico é perigoso. Mesmo
naqueles com correntes de pequena intensidade as conseqüências podem ser muito
sérias, levando inclusive ao óbito.
O choque surge pelo contato direto da pessoa com a parte energizada da
instalação e dura enquanto permanecer o contato e a fonte de energia estiver ligada.

2.2.1 Tipos de choques elétricos

A corrente do choque elétrico pode produzir no corpo humano efeitos


diversos, dependendo do equipamento utilizado.
Segundo Kindermann (1995), o choque elétrico que aterroriza o ser
humano está dividido nas seguintes categorias:

2.2.1.1 Choque estático

O choque estático é conhecido como o choque elétrico obtido pela


descarga de um capacitor.
Geralmente, as cargas elétricas ficam acumuladas nos capacitores
parasitas dos equipamentos ou em linhas de transmissão desligadas. Portanto, este
choque se dá pelo escoamento destas cargas elétricas no corpo humano.
Neste caso, o corpo humano é o condutor que faz a ligação entre os dois
terminais das placas com polaridades diferentes. A corrente é rápida, decai
exponencialmente de acordo com a constante do tempo do circuito.
Neste caso, dependendo do nível de energia das cargas acumuladas, o
choque elétrico pode ser ou não fatal.
O efeito capacitivo está presente nos mais diferentes materiais e
equipamentos com os quais o homem convive.

2.2.1.2 Choque dinâmico

Este tipo de choque pode ser definido como o choque tradicional, obtido
ao tocar um elemento energizado da rede de energia elétrica.
19

Este choque se dá devido a:


• Tocar acidentalmente na parte viva de condutor energizado;
• Defeito, fissura ou rachadura na isolação;
• Defeito, fissura na isolação, conseqüentemente energizando outros
componentes do equipamento, tal como a carcaça;
• Acidente na rede de energia elétrica, tais como queda do condutor.

Este tipo de choque que mencionamos acima é considerado o mais


perigoso, pois a rede de energia elétrica mantém a pessoa energizada, ou seja, a
corrente de choque persiste continuadamente. O corpo humano é um organismo
resistente, que suporta bem o choque elétrico nos primeiros instantes, mas com a
manutenção da corrente passando pelo corpo, os órgãos internos vão sofrendo as
conseqüências e perdendo sua capacidade de resistir. Isto se dá pelo fato de o
choque elétrico produzir diversos efeitos no corpo humano, como os apresentados a
seguir:
• Elevação da temperatura dos órgãos do corpo humano devido ao
aquecimento produzido pela corrente do choque;
• Tetanização dos músculos do corpo humano;
• Superposição da corrente do choque com as correntes
neurotransmissoras que comandam o organismo humano, criando uma pane geral;
• Comprometimento do coração, quanto ao ritmo de batimento cardíaco
e possibilidade da fibrilação ventricular;
• Efeito de eletrólise, mudando a qualidade do sangue dentro do corpo
humano;
• Comprometimento da respiração;
• Prolapso, isto é, deslocamento dos músculos e órgãos internos da sua
devida posição;
• Comprometimento de outros órgãos, tais como: rins, cérebro, vasos,
órgãos genitais e reprodutores.

Alguns órgãos, aparentemente sadios, só vão apresentar sintomas devido


aos efeitos do choque elétrico algum tempo depois, podendo apresentar seqüelas,
que muitas vezes não são relacionadas com o choque, devido ao espaço de tempo
20

decorrido desde o acidente.


2.2.1.3 Descargas atmosféricas

As descargas atmosféricas, ou os raios propriamente ditos, são


gigantescas descargas elétricas entre nuvens, ou entre nuvem e terra, que podem
produzir choques elétricos do tipo dinâmico, proporcionado por enormes capacitores,
portanto, com altíssima corrente.
Os raios podem incidir diretamente na vítima, gerando tensões de toque e
passo perigosas.
Tensão de toque é a tensão elétrica existente entre os membros
superiores e inferiores de um indivíduo, devido a um defeito no equipamento. A
tensão de toque é considerada muito perigosa, pois o coração está no trajeto da
corrente de choque, aumentando o risco da fibrilação ventricular.
Tensão de passo é a tensão elétrica entre os dois pés no instante da
operação ou defeito tipo curto-circuito monofásico à terra no equipamento. A tensão
de passo é considerada menos perigosa do que a tensão de toque. Isto se deve ao
fato de que inicialmente o coração não está no percurso da corrente de choque. A
corrente vai de pé a pé, mas mesmo assim ela também é perigosa, pois as veias e
artérias vão da planta do pé até o coração. Por este motivo, a tensão de passo é
também perigosa e pode provocar a fibrilação ventricular. Com a contração dos
músculos, devido a tensão de passo, a pessoa pode cair, e, ao tocar no solo com as
mãos, a tensão se transforma em tensão de toque no solo, se tornando mais
perigoso, pois neste caso, o coração encontra-se no percurso da corrente de
choque.

2.3 Riscos do choque elétrico

Segundo Kindermann (1995), diversos são os riscos que possibilitam os


acidentes com choques elétricos. As possibilidades são múltiplas, devido
principalmente a:
• Instalações elétricas antigas;
• Falta de manutenção;
• Instalação inadequada;
• Material de baixa qualidade;
21

• Projetos inadequados;
• Acidentes mecânicos.

Os acidentes com choque elétrico são de alta periculosidade. Os riscos


são grandes devido a corrente elétrica do choque ser invisível, inodora e incolor.
Os efeitos podem ser imediatos ou a posteriori. Portanto, todo choque
elétrico é perigoso. O grande esforço que a área de segurança pode prestar é
minimizar os riscos de modo a não deixar que o choque elétrico ocorra.

2.3.1 Aterramento elétrico

A principal finalidade do aterramento elétrico é de:


• Sensibilizar a proteção para que sua atuação seja eficiente e segura;
• Os potenciais de toque e passo sejam menores que os limites da
fibrilação ventricular do coração;
• Escoar as cargas estáticas, equalizando os potenciais.

O maior risco no sistema de aterramento elétrico, normalmente


desprezado por falta de conhecimento, é a corrosão nas conexões. Por
desconhecimento, confunde-se muito aterramento elétrico com o aterramento
mecânico. A perda da qualidade do aterramento é um risco que pode ser evitado.

2.3.2 Riscos de choques estáticos

Sabe-se que a energia estática é normalmente gerada na natureza. Os


elementos da própria natureza que se movimentam tendem a gerar por atrito,
eletricidade estática. Esta, pode ser pequena ou de altíssima intensidade, como o
das descargas das nuvens que propiciam o raio. Qualquer circuito elétrico sempre
gera cargas elétricas estáticas na sua circunvizinhança.
Nos equipamentos elétricos, em geral, utiliza-se aterrar a carcaça
(massa), para escoar as cargas elétricas geradas e manter a equalização dos
potenciais das massas não energizadas.
22

2.3.3 Riscos de choque elétrico direto

É o risco quando se toca inadvertidamente ou por acidente a parte viva do


circuito de instalação de energia elétrica. Neste caso, o choque elétrico pode ser:
• Total: ocorre quando toda a tensão elétrica da instalação fica aplicada
ao corpo humano. Este choque ocorre em menor proporção.
• Parcial: ocorre quando uma parte do corpo humano toca diretamente a
parte viva da instalação do equipamento energizado.

No choque elétrico parcial, a corrente elétrica é atenuada pela:


• Resistência elétrica do corpo humano;
• Resistência do calçado;
• Resistência do contato do calçado com o solo;
• Resistência da terra no local dos pés no solo;
• Resistência do aterramento da instalação elétrica no ponto de
alimentação de energia.

O somatório destas resistências elétricas limitará a corrente do choque e


a tensão total da instalação ficará distribuída proporcionalmente de acordo com as
resistências. Deste modo, a tensão elétrica aplicada diretamente no corpo humano é
menor do que a tensão total da rede energizada.
Comumente o choque direto total ou parcial ocorre devido a uma falha da
isolação, deixando expostos ou energizando partes metálicas neutras.

2.3.4 Choque elétrico indireto

É o choque que ocorre quando regiões neutras ficam com diferença de


potencial devido a um curto-circuito na instalação ou equipamentos. Neste tipo de
choque, a pessoa está tocando ou pisando regiões ou elementos não energizados
da instalação. Mas no momento ou, mais precisamente, durante o curto-circuito,
estas áreas neutras ficam com diferença de potencial, ocasionando então o choque
elétrico.
As tensões geradas momentaneamente devido ao curto-circuito são as
23

tensões de toque e de passo. Neste caso o maior risco é o da fibrilação ventricular


do coração.

2.4 Efeitos do choque elétrico no corpo humano

Ainda segundo Kindermann (1995), quando o indivíduo é vítima de um


choque elétrico, ou seja, a corrente elétrica percorre o corpo humano, muitos são os
efeitos causados no organismo. Estes efeitos serão estudados a partir de agora,
como segue:

2.4.1 Contração muscular

Todo músculo percorrido por uma corrente elétrica sofre um estímulo que
provoca a sua contração. A força de contração muscular depende da intensidade e
do tipo da corrente de choque elétrico.

2.4.2 Tetanização do músculo

O choque elétrico provoca contração muscular, quando a corrente elétrica


cessa, o músculo tende a relaxar voltando à sua condição normal.
A tetanização pode ser entendida como a paralisação do músculo
causada pela intensa contração muscular devido ao choque elétrico. Mesmo
cessado o choque elétrico, o músculo persiste paralisado por um curto tempo. Em
outras palavras, a tetanização pode ser entendida como uma câimbra no músculo.

2.4.3 Queimaduras

A corrente de choque produz queimaduras de diversos graus no corpo


humano. O calor liberado aumenta a temperatura da parte atingida do corpo,
produzindo vários efeitos e sintomas.
As queimaduras podem se dar de três maneiras:
• Por arco voltaico: as queimaduras podem ser observadas na superfície
corporal exposta a um arco voltaico, ou seja, quando um acidente estabelece uma
voltagem tão intensa que a corrente elétrica flui pelo próprio ar, aquecendo-o e
24

produzindo temperaturas de até dez mil graus centígrados. Ocorre carbonização da


pele e dos tecidos subjacentes.
• Por chama: o aquecimento produzido pelo arco voltaico chega a
incendiar as roupas da vitima.
• Por carbonização direta: a corrente percorrendo os tecidos corporais
promove seu aquecimento a ponto de coagulação e necrose. Observam-se áreas de
queimaduras nos pontos de entrada e saída da corrente elétrica, que podem ser
pouco impressionantes.

Ao longo de todo o trajeto da corrente, encontram-se tecidos necrosados,


especialmente músculos e vasos sangüíneos.

2.4.4 Parada respiratória

Devido ao choque elétrico, a parada respiratória pode ocorrer de duas


formas: direta ou indiretamente.
A pane geral ocasionada por um choque elétrico que produz fibrilação
ventricular produz, também, em conseqüência, uma parada respiratória.

2.4.5 Parada cardíaca

O choque elétrico com correntes elevadas produz a tetanização das fibras


musculares do tecido do coração. Este estado exagerado do tensionamento das
fibras deixa o coração preso, acontecendo então, a parada cardíaca.

2.4.6 Fibrilação ventricular

De todos os efeitos causados pelo choque elétrico no corpo humano, o


mais importante é o da fibrilação ventricular. Devido ao grande número de vítimas
fatais, este efeito merece destaque.
A fibrilação ventricular do coração e a parada cardíaca são fenômenos
diferentes, mas, com conseqüências idênticas. Na fibrilação ventricular as fibras
musculares do coração ficam tremulando desordenadamente, havendo em
conseqüência, uma total ineficiência no bombeamento do sangue. A pressão arterial
25

cai a zero, ocorrendo simultaneamente a parada respiratória, e o desfalecimento da


vítima.
Quando ocorre a fibrilação ventricular, pode-se observar os seguintes
efeitos no corpo humano:
• Em 3 segundos, ocorre sincope;
• De 10 a 20 segundos, convulsões;
• Em 40 segundos, apnéia e incontinência.

2.4.7 Eletrólise do sangue

Este fenômeno chamado eletrólise, ocorre no sangue e no plasma líquido


de todo o corpo. No sangue este efeito pode ocasionar:
• Mudança da concentração de sais minerais, produzindo desequilíbrio
no corpo humano, gerando mau funcionamento de outros elementos;
• Aglutinação de sais, produzindo bolinhas que provocam coágulos no
sangue. Estes coágulos aumentam ou se aglutinam com outros, aumentando o
tamanho, provocando trombose nas artérias, veias e vasos com a conseqüente
morte da pessoa.

2.4.8 Perda da coordenação motora

O choque elétrico pode prejudicar a coordenação motora da pessoa,


principalmente, por atrofia muscular e danos neurológicos.

2.4.9 Perda da sensibilidade

Devido à passagem da corrente elétrica, os sensores na área do choque


queimam-se ou danificam-se, produzindo a perda da sensibilidade nesta região.

2.4.10 Danos no cérebro

A corrente elétrica de choque, passando através do cérebro, pode


produzir efeitos diversos, com seqüelas graves, inclusive a morte.
26

Os efeitos são:
• Inibição do cérebro;
• Dessincronização nos seus comandos;
• Edema;
• Isquemia;
• Aquecimento;
• Dilatação.

Com a detenção da circulação sangüínea, ocorre a isquemia no cérebro.


Dependendo da gravidade do choque elétrico, os danos no cérebro podem danificar
regiões especializadas em certas funções, produzindo seqüelas tais como:
• Perda de memória;
• Perda do raciocínio;
• Perda da fala;
• Perda da visão;
• Comprometimento dos movimentos.

O choque na cabeça, inevitavelmente atingirá o bulbo, produzindo


conseqüências no centro cardio-respiratório.

2.4.11 Danos na visão

Os danos, decorrentes do choque elétrico, causados no olho humano,


podem ser diretos ou indiretos.
O choque acidental na região do olho humano pode prejudicar a visão em
razão dos seguintes motivos:
• Queimaduras;
• Comprometimento da retina;
• Aquecimento e dilatação dos líquidos contidos no olho;
• Deslocamento de parte do olho, ou dos músculos que controlam a íris,
cristalino ou dos movimentos do olho.

Quando o choque no cérebro afeta a região especializada, ocorrem os


27

chamados danos indiretos no olho humano.


Geralmente, nos acidentes elétricos, o curto-circuito provoca arcos
elétricos. A alta temperatura destes arcos pode queimar ou jogar material metálico
fundente no olho, podendo inclusive cegar a vítima.

2.4.12 Danos renais

Quando a corrente elétrica passa pelos rins, pode comprometer o


funcionamento deste órgão, produzindo insuficiência renal ou eneuresia, ou seja,
incontinência urinária.
Os problemas renais geralmente aparecem depois de algum tempo,
tornando-se difícil a correlação do efeito com o choque elétrico.

2.5 Atendimento às vítimas de choque elétrico

Com toda certeza, há grandes possibilidades de se salvar uma vítima de


choque elétrico, desde que para isso se preste um rápido e correto atendimento.
Sabe-se que um ser humano com parada cardio-respiratória passa a ter morte
cerebral em apenas quatro minutos, sendo assim, faz-se necessário que o
atendimento inicial seja feito pelos próprios profissionais da eletricidade ou mesmo
por pessoas que estejam nas proximidades do local do acidente.
Alexandrino e Sônego (2005 apud Niehues e Petry, 1997) esclarecem
quais os procedimentos de primeiros socorros a vítimas de choque elétrico. São
eles:
a) Afastar a vítima do contato com a parte elétrica, observando os
seguintes passos:
• Desligar a chave ou interruptor de energia elétrica;
• Remover o condutor elétrico com o auxílio de material bem seco e
isolante;
• Puxar a vítima pelo pé ou pela mão, sem lhe tocar a pele
diretamente, usando um pano dobrado, ou ainda, puxá-lo pela roupa;
b) Procurar amparar a vítima de queda utilizando-se de um cobertor ou
lona e colocar a vítima de costas.
c) Desobstruir as vias aéreas (boca, nariz e garganta), removendo a
28

secreção ou corpos estranhos.


d) Iniciar imediatamente com respiração artificial em caso de parada
respiratória e, massagem cardíaca, caso a vítima apresente ausência de pulso e
pupilas dilatadas, até a volta de consciência ou até a chegada de socorro médico.
e) Imobilizar a vítima, em caso de fratura, a região atingida, antes de
efetuar o transporte da mesma.
f) Manter a vítima em repouso após o restabelecimento dos movimentos.
g) Remover a vítima para hospital apropriado.

2.5.1 Fibrilação ventricular

Segundo Kindermann (1995), a fibrilação ventricular sempre ocorre com a


parada respiratória, pois não há a circulação de sangue e, em conseqüência, a
pressão arterial é zero e a vítima fica desfalecida no estado conhecido como morte
aparente.
Muitas vezes o próprio desmaio faz com que a vítima solte o fio elétrico.
Mas, se a vítima continuar em contato com a rede energizada, a primeira providência
é eliminar o choque elétrico.
Examinando a vítima e constatando ausência de pulsação e respiração,
deve-se primeiramente deitar a pessoa no chão bem firme e duro. Examinar a boca,
no sentido de retirar qualquer objeto e puxar a língua para a sua posição normal.
Esticar a cabeça com o queixo mais empinado para trás. Imediatamente proceder
continuamente a respiração artificial e a massagem cardíaca. E, em seguida levar a
vítima o mais rápido possível para o hospital.

2.5.2 Massagem cardíaca

O coração humano é uma bomba hemo-dinâmica pulsativa. Durante a


fibrilação ventricular, como já foi dito, as paredes dos ventrículos ficam tremulando
caoticamente, isto é, desordenadamente. A bomba cardíaca perde totalmente a sua
eficiência, não bombeando o sangue. Nesta situação, a vítima inevitavelmente virá a
falecer.
Para deixar a vítima com os estados vitais, ainda que precariamente
preservados, deve-se aplicar qualquer método que force a circulação sanguínea pelo
29

corpo humano. Há vários métodos, mas o mais conhecido pela população é a


massagem cardíaca.
A massagem cardíaca é um método mecânico onde o operador comprime
o osso esterno da vítima que, em conseqüência, comprime o coração. Deste modo,
o sangue é forçado a sair do coração.
A massagem cardíaca, não é um método totalmente eficiente, mas
mantém, por um certo tempo os órgãos vitais preservados.
Devem ser tomados alguns cuidados especiais durante a massagem
cardíaca, pois os movimentos mecânicos podem ocasionar alguns problemas, tais
como:
• Laceração do fígado;
• Fratura das costelas;
• Lesão no pulmão;
• Hemorragia abdominal;
• Hemotórax;
• Embolia pulmonar;
• Hemopericárdio;
• Lesões no miocárdio.

2.5.3 Respiração boca a boca

Quando a vítima não está respirando, devem-se empregar procedimentos


mecânicos similares ao da respiração normal.
A respiração artificial pode ser feita utilizando-se os seguintes processos:
• Boca a boca;
• Compressão manual de um balão;
• Tubo com oxigênio puro.

A respiração mais conhecida é a boca a boca. Ela consiste no processo


em que o operador insufla ar nos pulmões da vítima.
Durante a respiração artificial deve-se observar se o ar está indo
realmente para os pulmões da vítima. Isto porque o ar pode estar indo para o
estômago.
30

Em caso de somente parada respiratória, quanto mais rápido atender a


vítima, aplicando adequadamente os primeiros socorros, maior é a probabilidade de
reanimação. As probabilidades de reanimação estão apresentadas na tabela a
seguir:
Tabela 1 – Chances de salvamento da vítima
Tempo decorrido após a parada respiratória, Probabilidade de reanimação
para iniciar a respiração artificial. da vítima (%).
1 minuto 95
2 minutos 90
3 minutos 75
4 minutos 50
5 minutos 25
6 minutos 1,0
8 minutos 0,5
Fonte: BOMBEIROS EMERGÊNCIA, 2007

2.5.4 Massagem cardíaca e respiração artificial

A massagem cardíaca deve ser feita sempre juntamente com a respiração


artificial.
Com a respiração artificial garante-se a oxigenação do sangue e com a
massagem cardíaca a irrigação sangüínea de todo o corpo.
A massagem cardíaca e respiração artificial são executadas
continuadamente até a utilização do desfibrilador elétrico.

2.5.5 Autópsia

Choque elétrico de alta tensão produz queimaduras intensas, deixando


evidências da causa da morte, esclarece Kindermann (1995).
Em baixa tensão, o choque elétrico é de baixíssima intensidade e o efeito
das queimaduras é pequeno. A morte ocorre devido praticamente ao efeito da
fibrilação ventricular, sem deixar marcas no coração. Sendo assim, o médico legista,
na autópsia, constata que a morte foi devido a uma parada cárdio-respiratória,
31

ocasionando problemas para os familiares da vítima, pois pela legislação vigente


não fica caracterizado morte por acidente de trabalho.
Quando a corrente de choque elétrico deixa marcas evidentes, a
denominação médica é:
• Eletrocução: são mortes causadas pelos choques elétricos;
• Eletrotraumatismo: são os danos no corpo humano causados por
choques elétricos, não incorrendo em morte.

2.6 Acidente

Se procurarmos a resposta em um bom dicionário, encontraremos


acontecimentos imprevistos, casuais ou não, ou então, acontecimento infeliz que
resulta em ferimento, dano, estrago, prejuízo, avaria, ruína etc. Nesse sentido, é
muito importante observar que um acidente não é simples obra do acaso e pode
trazer conseqüências indesejáveis.
Em outras palavras, acidentes podem ser previstos. E, se podem ser
previstos, podem ser evitados. Quem se dedica à prevenção sabe que nada
acontece por acaso no universo, muito menos o que costumamos chamar de
acidente. Todo acidente tem uma causa definida, por mais imprevisível que pareça
ser.
Os acidentes, em geral, são o resultado de uma combinação de fatores,
entre eles, falhas humanas e falhas materiais. Vale lembrar que os acidentes não
escolhem hora nem lugar. Podem acontecer em casa, no lazer, no ambiente de
trabalho e nas inúmeras locomoções que fazemos de um lado para o outro, para
cumprir nossas obrigações diárias.

2.6.1 Acidente do trabalho

A Lei 5316 de 14 de setembro de 1967, que integra o seguro de acidentes


do trabalho na Previdência Social e o Decreto nº 61.784 de 28 de novembro de
1967, que aprovou o regulamento do seguro de acidentes do trabalho, assim
conceitua:
32

Acidente do trabalho será aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho a


serviço da empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou
doença que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou
temporária, da capacidade para o trabalho.

Ambas as leis citadas estendem o conceito de acidente do trabalho do


seguinte modo (parágrafo 2º do Art. 2º da Lei 5316 e parágrafo único do Art. 3º do
Decreto 61.784): “Será considerado como do trabalho o acidente que, embora não
tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para morte ou a perda ou
redução da capacidade para o trabalho”.
Em nosso país, acidente do trabalho está definido conforme a Lei
8213/91, denominada de Lei de Benefícios da Previdência Social, em seu Art. 19:

Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da


empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso
VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação
funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou
temporária, da capacidade para o trabalho.

Ainda pode-se definir acidente do trabalho, conforme a ABNT –


Associação Brasileira de Normas Técnicas, como sendo uma “ocorrência imprevista
e indesejável, instantânea ou não, relacionada com o exercício do trabalho, de que
resulte ou possa resultar lesão pessoal”.
Como podemos perceber, existe uma vasta legislação no que tange esse
assunto, principalmente no que se refere a área trabalhista e previdenciária.

2.6.2 Comunicação de acidentes de trabalho - CAT

A Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT é um formulário que deve


ser preenchido para:
• Que o acidente seja legalmente reconhecido pelo INSS;
• Que o trabalhador receba o auxílio-acidente, se for o caso, bem como
os benefícios que gerar esse acidente;
• Que os serviços de saúde tenham informações sobre os acidentes e
doenças e possam direcionar ações para redução de acidentes de trabalho e
doenças profissionais ou do trabalho;
• O conhecimento dos serviços de fiscalização, que vão desencadear
uma ação de investigação para que acidentes semelhantes ou nas mesmas
33

condições não se repitam.


A comunicação de acidente do trabalho deve ser preenchida em todos os
casos de acidentes do trabalho, mesmo aqueles com menos de 15 dias de
afastamento, sem afastamento do trabalho e nos acidentes de trajeto, em todos os
casos de doença ocupacional profissional ou do trabalho e em todos os casos de
suspeita de doença profissional ou do trabalho O setor pessoal da empresa é o
responsável pelo preenchimento da comunicação de acidente do trabalho, que
deverá ser encaminhada aos órgãos competentes no prazo máximo de 24 horas
após o acidente.

2.6.3 Doença profissional

De acordo com o Decreto nº 611/92, doenças profissionais são aquelas


adquiridas em decorrência do exercício do trabalho em si. O Decreto Lei nº 3048 de
06 de maio de 1999 apresenta uma lista com as doenças profissionais reconhecidas
pelo INSS.

2.6.4 Doença do trabalho

A doença do trabalho é entendida como sendo a adquirida ou


desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e
com ele se relacione diretamente. Exige-se nexo causal, ou seja, o trabalhador
deverá comprovar haver adquirido a doença no exercício do trabalho.

2.6.5 Tipos de acidentes

Pode ser definido nas classes descritas abaixo:


• Acidente sem lesão: acidente que não causa lesão pessoal;
• Acidente de trajeto: acidente sofrido pelo empregado no percurso da
residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio
de locomoção, inclusive veículo de propriedade do empregado, desde que não haja
interrupção ou alteração de percurso por motivo alheio ao trabalho;
• Acidente impessoal: acidente cuja caracterização independe de existir
acidentado, não podendo ser considerado como causador direto da lesão pessoal;
34

• Acidente inicial: acidente impessoal desencadeador de um ou mais


acidentes;
• Acidente pessoal: acidente cuja caracterização depende de existir
acidentado.

2.6.6 Causas dos acidentes

Os fatores de acidentes podem ser definidos como:


• Fator pessoal de insegurança: causa relativa ao comportamento
humano, que pode levar à ocorrência do acidente ou à prática do ato inseguro;
• Ato inseguro: ação ou omissão que, contrariando preceito de
segurança, pode causar ou favorecer a ocorrência de acidente;
• Condição ambiente de insegurança: condição do meio que causou o
acidente ou contribuiu para a sua ocorrência.

2.6.7 Conseqüências dos acidentes

Os acidentes podem ter como conseqüências:


• Lesão com afastamento (lesão incapacitante ou lesão com perda de
tempo): lesão pessoal que impede o acidentado de voltar ao trabalho no dia imediato
ao do acidente ou de que resulte incapacidade permanente;
• Lesão sem afastamento (lesão não incapacitante ou lesão sem perda
de tempo): lesão pessoal que não impede o acidentado de voltar ao trabalho no dia
imediato ao do acidente, desde que não haja incapacidade permanente;
• Prejuízos materiais.

2.7 Trabalho

Dos primórdios da humanidade até aos nossos dias, o conceito “trabalho”


vem sofrendo alterações, preenchendo páginas da história com novos domínios e
novos valores. Do Egito à Grécia e ao Império Romano, atravessando os séculos da
Idade Média e do Renascimento, o trabalho foi considerado como um sinal de
opróbrio, de desprezo, de inferioridade. Esta concepção atingia o estatuto jurídico e
35

político dos trabalhadores, escravos e servos. Com a evolução das sociedades, os


conceitos alteraram-se. O trabalho-tortura, maldição, deu lugar ao trabalho como
fonte de realização pessoal e social, o trabalho como meio de dignificação da
pessoa.
Podemos definir o trabalho como a realização de tarefas que envolvem o
dispêndio de esforço mental e físico, com o objetivo de produzir bens e serviços para
satisfazer necessidades humanas.

2.8 Higiene do trabalho

A higiene do trabalho refere-se a um conjunto de normas e procedimentos


que visa à proteção e a integridade física e mental do trabalhador, preservando-a
dos riscos de saúde inerentes às tarefas do cargo e ao ambiente físico onde são
executados.
O desenvolvimento tecnológico da humanidade, além de trazer enormes
benefícios e conforto para o homem, tem exposto o trabalhador a diversos agentes
potencialmente nocivos e que, sob certas condições, poderão provocar doenças ou
desajustes no organismo das pessoas que desenvolvem suas atividades normais em
variados locais de trabalho.
A higiene do trabalho, estruturada como uma ciência prevencionista, vem
sendo aperfeiçoada dia a dia e tem como objetivo fundamental atuar no ambiente de
trabalho, a fim de detectar o tipo de agente prejudicial, quantificar sua intensidade ou
concentração e tomar as medidas de controle necessárias para resguardar a saúde
e o conforto dos trabalhadores durante toda sua vida de trabalho.

2.9 Segurança

Na definição mais comum, a segurança está referida a “um mal a evitar”,


por isso segurança é a ausência de risco, a previsibilidade, a certeza quanto ao
futuro. Risco é qualquer fator que diminui a previsibilidade e, portanto, a certeza
sobre o futuro.
36

2.9.1 Segurança do trabalho

A segurança do trabalho pode ser entendida como um conjunto de


medidas que são adotadas visando minimizar os acidentes de trabalho, doenças
ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade de trabalho do
trabalhador.

2.10 Prevenção de acidentes

Prevenir acidentes significa antecipar-se aos riscos, evitando que


acidentes venham a ocorrer, combatendo-os em sua origem. Sendo assim, utiliza-se
inicialmente medidas de proteção coletiva e em caso de necessidade extrema,
podendo-se recorrer a medidas de proteção individual.

2.10.1 Prevenção de acidentes com eletricidade

Quando falamos em medidas preventivas de segurança contra choques


elétricos, torna-se necessário nos reportarmos a duas normas brasileiras: a NR 10 e
a NBR 5410.
A Norma Regulamentadora NR 10 “Segurança em Instalações e Serviços
em Eletricidade”, estabelece os requisitos e condições mínimas objetivando a
implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a
segurança e a saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em
instalações elétricas e serviços com eletricidade.
Já a NBR 5410 chamada “Instalações Elétricas de Baixa Tensão”, fixa as
condições a que devem satisfazer as instalações elétricas com tensão até 1000 volts
em corrente alternada e de 1500 volts em corrente contínua.

2.10.1.1 Legislação

Como vimos anteriormente, no Brasil, são duas as principais normas


relacionadas à eletricidade. Na seqüência, segue comentários sobre a legislação.
37

2.10.1.1.1 Normas regulamentadoras - NR

A lei 6514 de 22/12/1977, alterou o capítulo V do Título II da Consolidação


das Leis do Trabalho - CLT, relacionado à Segurança e Medicina do Trabalho,
determinando então que caberia ao Ministério do Trabalho e Emprego estabelecer
disposições complementares às normas, tendo em vista as peculiaridades de cada
atividade ou setor de trabalho.
No dia 08 de junho de 1978, o Ministro do Trabalho, Arnaldo Pietro,
aprovou a Portaria 3214 que criou as Normas Regulamentadoras - NR, referentes a
Segurança e Medicina do Trabalho.
São as Normas Regulamentadoras - NR que regulamentam e fornecem
diretrizes e parâmetros no âmbito da segurança e medicina do trabalho. Ao todo são
38 normas, sendo, 33 Normas Regulamentadoras e 5 Normas Regulamentadoras
Rurais. São elaboradas por comissão tripartite, formada por representantes do
Governo, dos empregados e dos empregadores.
As Normas Regulamentadoras - NR, são de observância obrigatória para
todas as empresas e o não cumprimento acarretará ao empregador a aplicação das
penalidades previstas na legislação pertinente.

2.10.1.1.2 NBR 5410

A norma brasileira de instalações elétricas em baixa tensão, mais


conhecida pelo rótulo NBR 5410, completou, em outubro de 2006, 65 anos de
história.
Sua primeira edição é de 1941. Os textos preliminares que deram origem
a este documento inaugural foram uma versão revisada do Código de Instalações
Elétricas da antiga Inspetoria Geral de Iluminação, datado originalmente de 1914, e
um anteprojeto elaborado por uma comissão de especialistas. Ambos resultaram
num projeto cuja aprovação formal como norma se deu então em outubro de 1941,
sob o título Norma Brasileira para a Execução de Instalações Elétricas.
A NBR 5410 é baseada na norma internacional IEC 60364 – Electrical
Installations of Buildings. A filosofia e os aspectos conceituais são o mesmos. A
versão mais recente desta norma é de 1997.
A NBR 5410 aplica-se a instalações novas e reformas de instalações
38

existentes, fixando as condições mínimas que as instalações devem possuir,


garantindo desta forma um funcionamento adequado, visando principalmente a
segurança das pessoas, bem como, de animais domésticos e a conservação de
bens.

2.10.1.1.3 Norma regulamentadora – NR-10 “Segurança em instalações e


serviços em eletricidade”

É uma Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho,


fiscalizada pelo Ministério do Trabalho, que trata da Segurança em Instalações e
Serviços em Eletricidade, uma revisão da Norma de 1978 – Portaria 598, oficializada
no Diário Oficial – 08.12.04. Em linhas gerais a NR-10 prega a segurança do
trabalhador, ou seja, qualquer empregado não deve correr riscos de choque elétrico,
de queimadura ou de qualquer outro efeito que os serviços com eletricidade possam
causar. As Normas Regulamentadoras - NR, são de observância obrigatória para
todas as empresas e o seu não cumprimento acarretará ao empregador a aplicação
das penalidades previstas na legislação pertinente.
Desde a publicação do novo texto da NR-10, por intermédio da Portaria
598/04, do Ministério do Trabalho e Emprego, aumentou de forma espetacular o
interesse sobre a segurança em instalações e serviços com eletricidade. Em baixa
ou alta tensão, a energia elétrica está presente na vida e trabalho de todos nós e
perceber os riscos associados à sua utilização é fundamental para a construção de
ambientes mais seguros.
As estatísticas oficiais não apresentam informações detalhadas sobre os
acidentes relacionados direta ou indiretamente com o contato ou proximidade de
circuitos elétricos. Porém, os relatos das empresas, dos jornais e alguns estudos
específicos servem-nos como alertas para a adoção de medidas urgentes para
proteção dos trabalhadores e da população como um todo.
Podemos concluir, que a eletricidade, além de ser a fonte da lesão em
instalações específicas, canteiros de obra e frentes de trabalho, merece campanhas
permanentes para alertar a população quanto à necessária distância das redes
elétricas.
A regulamentação trabalhista, em seu novo texto, veio trazer uma
esperança, pois estabeleceu critérios mais rígidos, tanto para as instalações quanto
39

para as pessoas que trabalham com eletricidade. É importante registrar que muitas
medidas de controle já existiam no texto antigo da norma trabalhista de segurança, e
além de pouco aplicadas, menos ainda eram fiscalizadas.
Tendo em vista que o texto da mesma já havia completado 20 anos e que
no decorrer desse tempo os processos, as técnicas e os equipamentos sofreram
uma evolução gradativa, hoje já bastante significativa, parece-nos óbvio que os
preceitos da referida Norma Regulamentadora necessitavam de atualização para se
adaptarem à atual realidade.
Um aspecto que nos parece ser de suma importância na atualização da
NR-10 é a adoção de regra internacionalmente reconhecida e levada em
consideração nas grandes empresas em todo o mundo em serviços que envolvem
eletricidade, a regra de dois homens. Certas atividades e operações envolvendo
eletricidade não podem, sob o ponto de vista da segurança no trabalho, ser
executadas por trabalhador isolado.
Segue abaixo a síntese das principais alterações presentes na nova NR-
10:
• Ampliação do foco preventivo com definição de controle e sistemas
preventivos;
• Ampliação da abrangência, atingindo geração transmissão, distribuição
e consumo, incluindo as fases de projeto, construção, montagem, operação,
manutenção e trabalho nas proximidades;
• Definição e formalização de profissionais habilitados, qualificados,
capacitados e autorizados;
• Regulamentação de proteção contra incêndios e explosões;
• Grande ênfase em sinalização;
• Necessidade de formalizar procedimentos de trabalho;
• Definição de responsabilidades e conseqüências;
• Instituição de treinamento básico de 40 horas (genérico) e de
treinamento específico para alta tensão (sistemas de potência), também de 40
horas;
• Toda documentação necessária deve ser assinada por profissional
habilitado.
40

Devemos trabalhar bastante este tema, estimulando os profissionais de


segurança a conhecerem um pouco mais sobre os perigos da eletricidade e as
principais medidas de controle.
Acredita-se que, com essa mudança, o Brasil tenha sido colocado nos
patamares internacionais de segurança em eletricidade.
41

3 CAMPO DE PESQUISA

3.1 A Instituição

A FUCRI é a mantenedora da primeira escola de nível superior criada no


Sul de Santa Catarina. A entidade emergiu de um movimento comunitário regional
que culminou com a realização de um seminário de estudos pró-implantação do
ensino superior no sul catarinense.
A FUCRI foi criada pela lei n. 697, de 22 de junho de 1968, com cursos
voltados para o Magistério e, com o crescimento do Sul do Estado, foram criados
outros, visando satisfazer a demanda empresarial. A FUCRI sofreu alteração
estatutária em 1973 e em 1988, e foi reconhecida de utilidade pública pelo Decreto
Federal n. 72454/73, pelo Decreto Estadual n. 4336/69 e pelo Decreto Municipal n.
723/69. A FUCRI iniciou suas atividades nas dependências do Colégio Madre
Tereza Michel, com o curso pré-vestibular. Em 1971 passou a funcionar na Escola
Técnica General Oswaldo Pinto da Veiga - SATC e em junho de 1974 mudou para o
atual Campus Universitário, localizado no Bairro Universitário em Criciúma.
Em novembro de 1991, foi protocolado na SENESU/MEC a Carta-
Consulta com vistas à transformação da FUCRI em Universidade: UNESC –
Universidade do Extremo Sul Catarinense.
Em 03 de Junho de 1997 o Conselho Estadual da Educação aprova por
unanimidade o parecer do Conselheiro Relator e em sessão plenária dia 17 de junho
de 1997, também por unanimidade aprova definitivamente a transformação em
Universidade do Extremo Sul Catarinense - Unesc, que definiu como missão
"promover o desenvolvimento regional para melhorar a qualidade do ambiente de
vida", tendo a Fucri como sua mantenedora.
Desde então, diversas mudanças administrativas se fizeram necessárias,
para que a Unesc cada vez mais se consolidasse como uma das maiores e
melhores Instituição de Ensino Superior do Sul de Santa Catarina.
Nos primeiros anos como Universidade, a manutenção elétrica estava
vinculada a então chamada Prefeitura do Campus, extinta desde o ano de 2002,
quando foi desmembrada, sendo criada uma nova Diretoria, a de Apoio Logístico. Os
serviços de manutenção ficaram então vinculados ao Setor de Projetos e Obras até
42

o ano de 2005, quando passou a fazer da Diretoria de Apoio Logístico. É importante


salientarmos, que o Setor de Projetos, possui em seu quadro, um engenheiro
eletricista contratado para assessorar nos assuntos relacionados à área em questão.
Sendo assim, faz-se necessário esclarecermos as atribuições de cada departamento
para que possamos evidenciar as responsabilidades de cada envolvido.

3.1.1 A diretoria de apoio logístico

A diretoria de apoio logístico foi criada no ano de 2002, quando da


extinção da chamada Prefeitura do Campus. No início, a mesma era responsável
pelos serviços de limpeza, vigilância, espaço físico, transporte e áudio-visual, sendo
que no ano de 2005, passou a responder também pelos serviços de manutenção,
inclusive em eletricidade, o qual daremos total ênfase neste trabalho.

3.1.2 A equipe de manutenção elétrica

Conforme já citamos anteriormente, a equipe de manutenção elétrica está


vinculada a diretoria de apoio logístico desde o ano de 2005. Atualmente a diretoria
conta com três profissionais, sendo que apenas dois destes possuem curso
específico em eletricidade e o terceiro possui apenas conhecimentos práticos, mas é
o único dos três que possui o treinamento de segurança conforme estabelece o
anexo 1 deste estudo. A equipe possui um supervisor, o qual faz o trabalho de
planejamento e encaminhamento das solicitações de manutenção recebidas.

3.1.3 Setor de projetos

Desde a transformação em Universidade, a Unesc iniciou também um


processo de transformação estrutural, incluindo-se a estrutura física. Surgiu então a
necessidade de se criar um setor onde seriam estudadas as melhores e mais viáveis
formas de ampliação e de melhorias no que tange o espaço físico e sua estrutura. O
setor de projetos, inicialmente chamado de setor de projetos e obras, pois também
executava alguns pequenos projetos, hoje é formado por uma equipe de três
arquitetos, sendo um deles o coordenador do referido setor, um desenhista
contratado, uma desenhista bolsista, um engenheiro civil e um engenheiro eletricista
43

terceirizados e uma secretária. Dentre suas atribuições, este setor é responsável por
todos os projetos elétricos a serem executados no campus, além de assessorar a
diretoria de apoio logístico na execução dos serviços de manutenção, instalações
elétricas e de alterações de layout.

3.1.4 Empresas contratadas terceirizadas

Com a constante evolução da universidade, surge a necessidade de


expansão no que diz respeito ao espaço físico. Sendo assim, a cada semestre,
novos ambientes são construídos, outros modificados, visando adequar-se às
necessidades que surgem com o passar do tempo. Desta forma, se torna inviável a
utilização da equipe de manutenção da Instituição na execução de alguns trabalhos
de instalação ou mesmo de manutenção elétrica, obrigando-se então a terceirizar
estes trabalhos, ou seja, contratar uma empresa prestadora de serviços. O que mais
pesa na decisão de se fazer ou não com os próprios profissionais da Instituição é a
questão do tempo de execução. Enquanto que as empresas terceirizadas
disponibilizam uma equipe especificamente para aquele trabalho a equipe da
Universidade precisa atender também às mais diversas situações de emergência
que venham a surgir no decorrer do período de execução, ocasionando muitas
vezes atraso e até mesmo situações desagradáveis.
44

4 ESTUDO DA LEGISLAÇÃO

4.1 Legislação x UNESC

Neste capítulo, faremos o diagnóstico do que necessita ser implantado e o


que precisa ser adequado no campus da Unesc, no que se refere à NR-10
“Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade”. Desta forma, obteremos
informações importantes, as quais nos darão os subsídios necessários, para que
assim possamos propor a implantação e adequação da Instituição à nova NR-10.
No quadro abaixo, será feito um breve comentário sobre cada item
contemplado pela norma e, em seguida faremos uma relação entre o que existe na
Unesc e o que precisa ser adequado ou implantado no ambiente em estudo.
Quadro 1 – Importância da NR-10
Legislação Legislação
Item NR-10 Comentários
10.1 Objetivo e campo de aplicação Objetivo e campo de aplicação
10.1.1 Esta Norma Regulamentadora – Para que se regulamente
NR estabelece os requisitos e determinadas atividades é
condições mínimas objetivando a necessário que se crie normas
implementação de medidas de específicas para estas. Sendo
controle e sistemas preventivos, assim, esta norma estabelece
de forma a garantir a segurança e parâmetros e diretrizes
a saúde dos trabalhadores que, relacionadas à segurança e saúde
direta ou indiretamente, interajam nos trabalhos relacionados à
em instalações elétricas e eletricidade.
serviços com eletricidade.
10.1.2 Esta NR se aplica às fases de Esta norma se aplica à todas as
geração, transmissão, distribuição fases das instalações elétricas e
e consumo, incluindo as etapas do ainda a qualquer trabalho realizado
projeto, construção, montagem, nas suas proximidades. É
operação, manutenção das importante ainda, que se observe
instalações elétricas e quaisquer as normas técnicas oficiais
trabalhos realizados nas suas estabelecidas e na ausência
proximidades, observando-se as destas, deve-se se recorrer as
normas técnicas oficiais normas internacionais, se
estabelecidas pelos órgãos couberem.
competentes e, na sua ausência
ou omissão destas, as normas
internacionais cabíveis.
10.2 Medidas de controle Medidas de controle
10.2.1 Em todas as intervenções em Evita que os profissionais
instalações elétricas devem ser iniciem um trabalho sem conhecer
45

adotadas medidas preventivas de os riscos a que estão expostos.


controle do risco elétrico e de
outros riscos adicionais, mediante
técnicas de análise de risco, de
forma a garantir a segurança e a
saúde no trabalho.
10.2.2 As medidas de controle adotadas Com esta integração entre as
devem integrar-se às demais medidas relacionadas à segurança
iniciativas da empresa, no âmbito e saúde do trabalhador, maior
da preservação da segurança, da proteção poderá ser oferecida ao
saúde e do meio ambiente do mesmo.
trabalho.
10.2.3 As empresas estão obrigadas a Define as características da
manter esquemas unifilares entrada de energia (ex.
atualizados das instalações subestação) e características do
elétricas dos seus quadro de proteção e distribuição
estabelecimentos com as (ex. instalação elétrica).
especificações do sistema de
aterramento e demais dispositivos
de proteção.
10.2.4 Os estabelecimentos com carga Este prontuário deve ser uma
instalada superior a 75KW devem memória dinâmica da instalação
constituir e manter o Prontuário de elétrica, dos procedimentos de
Instalações Elétricas, contendo, trabalho, dos sistemas e medidas
além do disposto no subitem de proteção, das realizações de
10.2.3, no mínimo: treinamentos, capacitações,
a) conjunto de procedimentos contratações, certificações,
e instruções técnicas e especificações, testes, enfim, da
administrativas de segurança e organização das instalações
saúde, implantadas e relacionadas elétricas. Promove a oportunidade
a esta NR e descrição das de gestão responsável, com
medidas de controles existentes; avaliações a qualquer tempo pelos
b) documentação das trabalhadores e demais
inspeções e medições do sistema interessados, mediante consulta,
de proteção contra descargas estudo e análise de sua
atmosféricas e aterramentos documentação para a promoção
elétricos; de ações de segurança e
c) especificação dos facilidade para auditorias
equipamentos de proteção coletiva fiscalizadoras.
e individual e o ferramental,
aplicáveis conforme determina
esta NR;
d) documentação
comprobatória da qualificação,
habilitação, capacitação
autorização dos trabalhadores e
dos treinamentos realizados;
e) resultados dos testes de
isolação elétrica realizados em
equipamentos de proteção
46

individual e coletiva;
f) certificações dos
equipamentos e materiais elétricos
em áreas classificadas;
g) relatório técnico das
inspeções atualizadas com
recomendações, cronogramas de
adequações, contemplando as
alíneas de “a” a “f”.
10.2.5 As empresas que operam em O Sistema Elétrico de Potência é
instalações ou equipamentos conjunto das instalações e
integrantes do sistema elétrico de equipamentos destinados à
potência devem constituir geração, transmissão e
prontuário com o conteúdo do distribuição de energia elétrica até
item 10.2.4 e acrescentar ao a medição, inclusive, necessitando
prontuário os documentos a seguir portanto, dos documentos citados,
listados: buscando sempre levar ao
a) descrição dos procedimentos trabalhador um ambiente mais
para emergências; seguro.
b) certificação dos equipamentos
de proteção coletiva e
individual.
10.2.5.1 As empresas que realizam Mesmo em trabalhos
trabalhos em proximidade do executados apenas nas
Sistema Elétrico de Potência proximidades do SEP, as medidas
devem constituir prontuário de segurança devem ser tomadas
contemplando as alíneas “a”, “c”, de acordo com o que especifica a
“d” e “e”, do item 10.2.4 e alíneas norma em estudo.
“a” e “b” do item 10.2.5.
10.2.6 O Prontuário de Instalações É de fundamental importância
Elétricas deve ser organizado e que o prontuário seja atualizado
mantido organizado pelo periodicamente, na medida que se
empregador ou pessoa fizer necessário e, este documento
formalmente designada pela deve estar sempre à disposição
empresa, devendo permanecer à dos trabalhadores, para que os
disposição dos trabalhadores mesmos possam ter acesso a
envolvidos nas instalações e qualquer momento.
serviços em eletricidade.
10.2.7 Os documentos técnicos previstos Somente profissionais com
no Prontuário de Instalações registro no respectivo conselho de
Elétricas devem ser elaborados classe poderão elaborar os
por profissional legalmente documentos previstos no
habilitado. prontuário, dando maior segurança
à todos os envolvidos.
10.2.8 Medidas de proteção coletiva Medidas de proteção coletiva
10.2.8.1 Em todos os serviços executados Com medidas de proteção
em instalações elétricas devem coletiva, todos os envolvidos
ser previstas e adotadas, diretamente com as instalações
prioritariamente, medidas de estarão seguros contra os riscos
proteção coletiva aplicáveis, de acidente.
47

mediante procedimentos, às
atividades a serem desenvolvidas,
de forma a garantir a segurança e
a saúde dos trabalhadores.
10.2.8.2 As medidas de proteção coletiva Com a desenergização elétrica,
compreendem, prioritariamente, a os trabalhadores estão livres do
desenergização elétrica conforme choque elétrico, porém, se isso
estabelece esta NR e, na sua não for possível, utiliza-se a extra-
impossibilidade, o emprego de baixa tensão originada em uma
tensão de segurança. fonte de segurança.
10.2.8.2.1 Na impossibilidade de Não havendo a possibilidade de
implementação do estabelecido se atender ao item anterior, é
no subitem 10.2.8.2., devem ser importante que seja dado
utilizadas outras medidas de preferência para outras medidas
proteção coletiva, tais como: de proteção coletiva, utilizando-se
isolação das partes vivas, de EPI somente em casos de
obstáculos, barreiras, sinalização, extrema necessidade e urgência.
sistemas de seccionamento
automático de alimentação,
bloqueio no religamento
automático.
10.2.8.3 O aterramento das instalações Importante seguir rigorosamente
elétricas deve ser executado ao estabelecido nas normas,
conforme regulamentação evitando-se assim, equívocos na
estabelecida pelos órgãos execução dos trabalhos.
competentes e, na ausência
desta, deve atender as Normas
Internacionais vigentes.
10.2.9 Medidas de proteção individual Medidas de proteção individual
10.2.9.1 Nos trabalhos em instalações Medidas de proteção individual
elétricas, quando as medidas de podem ser utilizadas como um
proteção coletiva forem complemento à segurança do
tecnicamente inviáveis ou trabalhador, nunca deixando de se
insuficientes para controlar os priorizar as medidas de proteção
riscos, devem ser adotados coletiva.
equipamentos de proteção
individual específicos e
adequados às atividades
desenvolvidas, em atendimento
ao disposto na NR 6.
10.2.9.2 As vestimentas de trabalho devem Importante que, além do
ser adequadas às atividades, conforto, as vestimentas sejam
devendo contemplar a adequadas às atividades,
condutividade, inflamabilidade e protegendo o trabalhador dos
influências eletromagnéticas. riscos ambientais.
10.2.9.3 É vedado o uso de adornos Muito importante que todo
pessoais nos trabalhos com trabalhador tenha consciência que
instalações elétricas ou em suas um simples adorno pode muitas
proximidades. vezes lhe custar a vida.
10.3 Segurança em projetos Segurança em projetos
48

10.3.1 É obrigatório que os projetos de Projeto é o que direciona os


instalações elétricas especifiquem trabalhos de execução, sendo
dispositivos de desligamento de assim, devem estar dotados de
circuitos que possuam recursos mecanismos que garantam a
para impedimento de segurança dos trabalhadores nos
reenergização, para sinalização serviços com eletricidade.
de advertência com indicação da
condição operativa.
10.3.2 O projeto elétrico, na medida do É importante que seja previsto,
possível, deve prever a instalação na medida do possível, dispositivo
de dispositivo de seccionamento que impeça a reeenergização do
de ação simultânea, que permita a circuito, evitando-se desta forma
aplicação de impedimento de que por um descuido ou acidente a
reenergização do circuito. rede possa se reenergizar,
colocando em risco a integridade
física dos trabalhadores que
estiverem em contato com a
mesma.
10.3.3 O projeto de instalações elétricas Os trabalhadores necessitam de
deve considerar o espaço seguro, espaço suficientemente seguro e
quanto ao dimensionamento e confortável para que possam
localização de seus componentes desenvolver suas atividades sem
e as influências externas, quando colocar em risco a sua integridade
da operação e da realização de física.
serviços de construção e
manutenção.
10.3.3.1 Os circuitos elétricos com Com os circuitos elétricos
finalidades diferentes, tais como: instalados separadamente e com
comunicação, sinalização, uma identificação clara, evita-se
controle e tração elétrica devem que haja equívocos no momento
ser identificados e instalados da manutenção destas instalações,
separadamente, salvo quando o preservando-se assim os circuitos
desenvolvimento tecnológico e evitando-se possíveis descargas
permitir compartilhamento, elétricas devido à energização
respeitadas as definições de involuntária da rede.
projetos.
10.3.4 O projeto deve definir a O projeto é que norteia as
configuração do esquema de instalações elétricas, sendo assim,
aterramento, a obrigatoriedade ou torna-se fundamental que no
não da interligação entre o mesmo esteja também
condutor neutro e o de proteção e contemplado informações sobre o
a conexão à terra das partes aterramento e suas
condutoras não destinadas à particularidades, sempre visando à
condução de eletricidade. proteção.
10.3.5 Sempre que for tecnicamente Estes dispositivos de
viável e necessário, devem ser seccionamento fornecem um maior
projetados dispositivos de grau de segurança às partes
seccionamento que incorporem envolvidas diretamente com a
recursos fixos de eletricidade.
equipotencialização e aterramento
49

do circuito seccionado.
10.3.6 Todo projeto deve prever O aterramento temporário é um
condições para adoção de mecanismo de proteção, portanto
aterramento temporário. deve estar incorporado ao projeto.
10.3.7 O projeto das instalações elétricas É fundamental que todos os
deve ficar à disposição dos projetos de instalações elétricas
trabalhadores autorizados, das fiquem no local de trabalho, à
autoridades competentes e de disposição dos trabalhadores e
outras pessoas autorizadas pela das autoridades e, principalmente
empresa e deve ser mantido que estejam atualizados, pois
atualizado. somente desta forma haverá maior
segurança à todos.
10.3.8 O projeto elétrico deve atender o Todo projeto deve seguir as
que dispõe as Normas normas específicas e,
Regulamentadoras de Saúde e principalmente assegurar que as
Segurança do Trabalho, as medidas seguras sejam tomadas
regulamentações técnicas oficiais em relação a integridade física de
estabelecidas e ser assinado por cada trabalhador.
profissional legalmente habilitado.
10.3.9 O memorial descritivo do projeto O memorial descritivo nada mais
deve conter, no mínimo, os é do que o documento onde
seguintes itens de segurança: deverá conter todas as
a) especificação das informações relativas à
características relativas à determinado projeto e ,nele
proteção contra choques elétricos, fundamentalmente devem estar
queimaduras e outros riscos contemplados os mais diversos
adicionais; itens relacionados à saúde e
b) indicação de posição dos segurança dos trabalhadores, pois
dispositivos de manobra dos desta forma, contribuirá
circuito elétricos: (verde – “D”, significativamente para que a
desligado e vermelho – “L”, segurança dos envolvidos esteja
ligado); sempre em evidência.
c) descrição do sistema de
identificação de circuitos elétricos
e equipamentos, incluindo
dispositivos de manobra, de
controle, de proteção, de
intertravamento, dos condutores e
os próprios equipamentos e
estruturas, definindo como tais
indicações devem ser aplicadas
fisicamente nos componentes das
instalações;
d) Recomendações de
restrições e advertências quanto
ao acesso de pessoas aos
componentes das instalações;
e) Precauções aplicáveis em
face das influências externas;
f) O princípio funcional dos
50

dispositivos de proteção,
constantes do projeto, destinado à
segurança das pessoas;
g) Descrição da
compatibilidade dos dispositivos
de proteção com a instalação
elétrica.
10.3.10 Os projetos devem assegurar que Trabalhar num ambiente mal
as instalações proporcionem aos iluminado, principalmente em
trabalhadores iluminação contato com um agente invisível,
adequada e uma posição de se torna inviável e perigoso, por
trabalho segura, de acordo com a esse motivo, é necessário que se
NR 17 – Ergonomia. assegure aos profissionais uma
iluminação adequada, conforme as
normas de segurança.
10.4 Segurança na construção, Segurança na construção,
montagem, operação e montagem, operação e
manutenção. manutenção.
10.4.1 As instalações elétricas devem ser Sempre deve-se tomar todas as
construídas, montadas, operadas, providências cabíveis para que
reformadas, ampliadas, reparadas todos os envolvidos com a
e inspecionadas de forma a eletricidade estejam protegidos e,
garantir a segurança e a saúde para isso é fundamental que exista
dos trabalhadores e dos usuários, periodicamente uma supervisão,
e serem supervisionadas por feita nesse caso, por profissional
profissional autorizado, conforme autorizado, conforme esta NR
dispõe esta NR. especifica.
10.4.2 Nos trabalhos e atividades Existem trabalhos que além dos
referidas devem ser adotadas riscos inerentes à eletricidade em
medidas preventivas destinadas si, apresentam-se também outros
ao controle dos riscos adicionais, riscos adicionais. Para estes
especialmente quanto à altura, riscos, será necessário que se
confinamento, campos elétricos e adote procedimentos de
magnéticos, explosividade, segurança, utilizando-se
umidade, poeira, fauna e flora e prioritariamente de sinalização de
outros agravantes, adotando-se a segurança.
sinalização de segurança.
10.4.3 Nos locais de trabalho só podem Para cada tipo de trabalho a ser
ser utilizados equipamentos, executado, deve-se utilizar
dispositivos e ferramentas ferramentas e outros que sejam
elétricas compatíveis com a adequados a esta atividade, assim
instalação elétrica existente, preserva-se as características de
preservando-se as características proteção e mantém-se a garantia
de proteção, respeitadas as de segurança aos trabalhadores.
recomendações do fabricante e as
influências externas.
10.4.3.1 Os equipamentos, dispositivos e Todo equipamento, dispositivo
ferramentas que possuam ou ferramenta que possuam
isolamento elétrico devem ser isolamento elétrico, estão sujeitos
adequados às tensões envolvidas, com o passar do tempo e com a
51

e serem inspecionados e testados constante utilização, à desgastar-


de acordo com as se. Sendo assim, torna-se
regulamentações existentes ou necessário que estes sejam
recomendações dos fabricantes. utilizados de maneira correta,
adequado a cada tensão envolvida
e, principalmente que sejam
avaliados e testados
periodicamente.
10.4.4 As instalações elétricas devem ser As instalações elétricas, já no
mantidas em condições seguras seu projeto inicial, devem prever
de funcionamento e seus sistemas medidas de segurança e sistemas
de proteção devem ser de proteção, indicando neste,
inspecionados e controlados informações importantes no que
periodicamente, de acordo com as tange a inspeção e controle destas
regulamentações existentes e instalações.
definições de projetos.
10.4.4.1 Os locais de serviços elétricos, Utilizar estes espaços para
compartimentos e invólucros de outras finalidades colocará em
equipamentos e instalações risco a integridade física dos
elétricas são exclusivos para esta profissionais e outras pessoas em
finalidade, sendo expressamente contato com a eletricidade.
proibido utilizá-los para
armazenamento ou guarda de
quaisquer objetos.
10.4.5 Para atividades em instalações Neste tipo de atividade é
elétricas deve ser garantida ao fundamental que se tenha espaço
trabalhador iluminação adequada para movimentação dos
e uma posição de trabalho segura, trabalhadores na execução das
de acordo com a NR 17 – tarefas em locais fechados e,
ERGONOMIA, de forma a permitir principalmente que disponha de
que ele disponha dos membros iluminação adequada.
superiores livres para a realização
das tarefas.
10.4.6 Os ensaios e testes elétricos Estes ensaios e testes são
laboratoriais e de campo ou importantes para manter a
comissionamento de instalações qualidade dos mesmos, por isso
elétricas devem atender a precisa atender às condições
regulamentação estabelecida nos apresentadas por esta norma.
itens 10.6 e 10.7, e somente
podem ser realizados por
trabalhadores que atendam às
condições de qualificação,
habilitação, capacitação e
autorização estabelecidas nesta
NR.
10.5 Segurança nas instalações Segurança nas instalações
elétricas desenergizadas. elétricas desenergizadas.
10.5.1 Somente serão consideradas Para se considerar uma
desenergizadas as instalações instalação desenergizada e dessa
elétricas liberadas para trabalho, forma preservando a integridade
52

mediante os procedimentos física dos trabalhadores, deve-se


apropriados, obedecida a adotar procedimentos apropriados,
seqüência abaixo: como está contemplado neste item
a) seccionamento; da norma.
b) impedimento de
reenergização;
c) constatação da ausência
de tensão;
d) instalação de aterramento
temporário com
equipotencialização dos
condutores do circuito;
e) proteção dos elementos
energizados existentes na zona
controlada (Anexo I);
f) instalação da sinalização
de impedimento de reenergização.
10.5.2 O estado de instalação A partir do momento que os
desenergizada deve ser mantido trabalhos sejam dados por
até a autorização para encerrados, será necessário a
reenergização, devendo ser reenergização da instalação, mas
reenergizada respeitando a antes disso, será necessário que
seqüência de procedimentos se respeite uma seqüência de
abaixo: procedimentos, preservando-se
a) retirada das ferramentas, assim a integridade dos circuitos e,
utensílios e equipamentos; principalmente zelando pela
b) retirada da zona controlada segurança dos trabalhadores.
de todos os trabalhadores não
envolvidos no processo de
reenergização;
c) remoção do aterramento
temporário, da equipotencialização
e das proteções adicionais;
d) remoção da sinalização de
impedimento de reenergização;
e) destravamento, se houver,
e religação dos dispositivos de
seccionamento.
10.5.3 As medidas constantes das Cada situação pode requerer
alíneas apresentadas nos itens que outras medidas sejam
10.5.1 e 10.5.2 podem ser tomadas. Essas alterações só
alteradas, substituídas, ampliadas poderão ser feitas por profissionais
ou eliminadas, em função das qualificados, sempre com
peculiaridades de cada situação, justificativas formalizadas, sendo
por profissional legalmente que estas modificações
habilitado, autorizado e mediante mantenham o mesmo nível de
justificativa técnica previamente segurança, ou se possível,
formalizada, desde que seja apresente ainda mais segurança
mantido o mesmo nível de aos trabalhadores.
segurança originalmente
53

preconizado.
10.5.4 Os serviços a serem executados Circuitos desligados, mas com
em instalações elétricas possibilidade de energização,
desligadas, mas com devem seguir recomendações de
possibilidade de energização, por segurança, conforme apresentado
qualquer meio ou razão, devem no item a seguir.
atender o disposto no item 10.6.
10.6 Segurança em instalações Segurança em instalações
elétricas energizadas. elétricas energizadas.
10.6.1 As intervenções em instalações É importante que estes
elétricas com tensão igual ou trabalhadores atendam os
superior a 50 Volts em corrente requisitos de segurança e
alternada ou superior a 120 Volts treinamento conforme consta no
em corrente contínua, somente item 10.8 desta norma.
podem ser realizados por
trabalhadores que atendam ao
que estabelece o item 10.8 desta
Norma.
10.6.1.1 Os trabalhadores de que trata o Para que os trabalhadores
item anterior devem receber possam realizar serviços em
treinamento de segurança para instalações elétricas energizadas,
trabalhos com instalações será necessário que participem de
elétricas energizadas, com treinamento de segurança,
currículo mínimo, carga horária e aprimorando desta forma seus
demais determinações conhecimentos relativos à área e
estabelecidas no Anexo II desta aumentando o nível de segurança
NR. de todas as pessoas envolvidas.
10.6.1.2 As operações elementares como Qualquer pessoa poderá realizar
ligar e desligar circuitos elétricos, operações elementares em baixa
realizadas em baixa tensão, com tensão, desde que não esteja em
materiais e equipamentos risco sua integridade física e, para
elétricos em perfeito estado de isso os equipamentos e materiais
conservação, adequados para elétricos precisarão estar em
operação, podem ser realizados perfeito estado de conservação.
por qualquer pessoa não
advertida.
10.6.2 Os trabalhos que exigem o Só poderá ser feito por
ingresso na zona controlada profissionais autorizados,
devem ser realizados mediante respeitando sempre os
procedimentos específicos procedimentos de segurança.
respeitando-se as distâncias
previstas no Anexo I.
10.6.3 Os serviços em instalações Sempre que houver necessidade
energizadas, ou em suas de se suspender um trabalho por
proximidades, devem ser falta de segurança, isso deve ser
suspensos de imediato na feito imediatamente, preservando-
eminência de ocorrência que se sempre a integridade física do
possa colocar os trabalhadores trabalhador em questão.
em perigo.
10.6.4 Sempre que inovações Inovações tecnológicas
54

tecnológicas forem significam possíveis melhorias no


implementadas ou para a entrada ambiente de trabalho, mas se seus
em operações de novas riscos forem desconhecidos,
instalações ou equipamentos poderão trazer também infortúnios
elétricos devem ser previamente para a empresa, por isso,
elaboradas análises de risco, pensando sempre na segurança
desenvolvidas com circuitos dos trabalhadores, torna-se
desenergizados, e respectivos fundamental que se faça uma
procedimentos de trabalho. análise de riscos anteriormente à
instalação.
10.6.5 O responsável pela execução do Para que se trabalhe com total
serviço deve suspender as segurança, assim que alguma
atividades quando verificar situação de risco se apresente, na
situação ou condição de risco não impossibilidade de eliminá-la ou
prevista, cuja eliminação ou neutralizá-la, logo deverá ser
neutralização imediata não seja suspensa as atividades até que se
possível. tome as medidas cabíveis.
10.7 Trabalhos envolvendo Alta Trabalhos envolvendo Alta
Tensão (AT) Tensão (AT)
10.7.1 Os trabalhadores que intervenham Serviços executados na alta
em instalações elétricas tensão tornam-se ainda mais
energizadas com alta tensão, que perigosos. Por este motivo, os
exerçam suas atividades dentro profissionais precisam conhecer
dos limites estabelecidos como muito bem os riscos a que estão
zonas controladas de risco, expostos.
conforme Anexo I, devem atender
ao disposto no item 10.8 desta
NR.
10.7.2 Os trabalhadores de que trata o Os treinamentos são a melhor a
item 10.7.1 devem receber forma de preparar os profissionais
treinamento de segurança, para a execução de suas
específico em segurança no atividades diárias, sendo assim,
Sistema Elétrico de Potência para estes profissionais a norma
(SEP) e em suas proximidades, exige que façam treinamento
com currículo mínimo, carga complementar, específico para
horária e demais determinações aqueles que trabalham com alta
estabelecidas no Anexo II da NR. tensão.
10.7.3 Os serviços em instalações Devido ao elevado grau de risco
elétricas energizadas em AT, bem apresentado por este tipo de
como aqueles executados no atividade, torna-se fundamental
Sistema Elétrico de Potência que seja executado no mínimo por
(SEP), não podem ser realizados dois trabalhadores, oferecendo-
individualmente. lhes uma maior confiabilidade e
segurança.
10.7.4 Todo trabalho em instalações A ordem de serviço é um
elétricas energizadas em AT, bem documento de grande importância
como aquelas que interajam com neste tipo de atividade, pois além
o SEP, somente pode ser de contemplar todas os
realizado mediante ordem de procedimentos a serem seguidos
serviço específica para data e pelos trabalhadores, terá a
55

local, assinada por superior assinatura de um profissional


responsável pela área. responsável.
10.7.5 Antes de iniciar trabalhos em Trabalhos realizados em alta
circuitos energizados em AT, o tensão devem ser muito bem
superior imediato e a equipe, avaliados com antecedência, pois
responsáveis pela execução do apresentam um elevado grau de
serviço, devem realizar uma risco. Sendo assim, torna-se
avaliação prévia, estudar e necessário um planejamento e
planejar as atividades e ações a avaliação prévia, diminuindo ou até
serem desenvolvidas de forma a mesmo eliminando os possíveis
atender os princípios técnicos riscos.
básicos e as melhores técnicas de
segurança em eletricidade
aplicáveis ao serviço.
10.7.6 Os serviços em instalações Detalhando-se os procedimentos
elétricas energizadas em AT e com a assinatura de um
somente podem ser realizados profissional responsável
quando houver procedimentos autorizado, os trabalhadores terão
específicos, detalhados e maiores subsídios e segurança na
assinados por profissional execução de suas atividades.
autorizado.
10.7.7 A intervenção em instalações Para adentrar nesta zona, torna-
elétricas energizadas em AT se necessário a utilização de
dentro dos limites estabelecidos procedimentos de segurança,
como zona de risco, conforme como por exemplo o uso de
Anexo I desta NR, somente pode bloqueio, preservando-se sempre
ser realizada mediante a a integridade física dos
desativação, também conhecida trabalhadores envolvidos neste
como bloqueio, dos conjuntos e tipo de atividade.
dispositivos de religamento
automático do circuito, sistema ou
equipamento.
10.7.7.1 Os equipamentos e dispositivos Para evitar possíveis descuidos
desativados devem ser e religamento de um circuito por
sinalizados com identificação de pessoa desavisada, torna-se
desativação, conforme necessário a sinalização, evitando-
procedimento de trabalho se assim possíveis acidentes.
específico padronizado.
10.7.8 Os equipamentos, ferramentas e Estes equipamentos e
dispositivos isolantes ou ferramentas são as garantias de
equipados com materiais segurança dos trabalhadores,
isolantes, destinados ao trabalho sendo assim, precisam ser
em alta tensão, devem ser avaliados e testados
submetidos a testes elétricos ou periodicamente, seja segundo as
ensaios de laboratório periódicos, orientações dos fabricantes, ou na
obedecendo-se as especificações ausência destas, anualmente.
do fabricante, os procedimentos
da empresa e na ausência destes,
anualmente.
10.7.9 Todo trabalhador em instalações A comunicação em todos os
56

elétricas energizadas em AT, bem tipos de trabalho é muito


como aqueles envolvidos em importante e, numa atividade
atividades no SEP, devem dispor envolvendo um enorme grau de
de equipamento que permita a risco ela torna-se fundamental,
comunicação permanente com os pois servirá como um instrumento
demais membros da equipe ou de contato imediato entre os
com o centro de operação durante trabalhadores em serviço.
a realização do serviço.
10.8 Habilitação, qualificação, Habilitação, qualificação,
capacitação e autorização dos capacitação e autorização dos
trabalhadores. trabalhadores.
10.8.1 É considerado trabalhador Precisará ter o diploma
qualificado aquele que comprovar comprovando a conclusão do
conclusão de curso específico na curso específico na área elétrica.
área elétrica reconhecido pelo
Sistema Oficial de Ensino.
10.8.2 É considerado profissional Além de apresentar o diploma
legalmente habilitado o comprovando a conclusão do
trabalhador previamente curso específico na área elétrica,
qualificado e com registro no deverá estar registrado e em dia
competente conselho de classe. com suas responsabilidades junto
ao seu respectivo conselho de
classe.
10.8.3 É considerado trabalhador Este trabalhador, também
capacitado aquele que atenda às conhecido como “prático”, não
seguintes condições possui curso específico e, por
simultaneamente: conseqüência nem o registro no
a) receba capacitação sob conselho de classe. Mas mesmo
orientação e responsabilidade de assim, se atender algumas
profissional habilitado e condições, conforme mencionadas
autorizado; ao lado, estará apto a desenvolver
b) trabalhe sob a suas atividades normalmente, com
responsabilidade de profissional algumas restrições.
habilitado e autorizado;
10.8.3.1 A capacitação só terá validade Esta capacitação só é válida na
para a empresa que o capacitou e empresa onde o mesmo a
nas condições estabelecidas pelo recebeu, devendo então, numa
profissional habilitado e autorizado nova contratação passar
responsável pela capacitação. novamente por capacitação.
10.8.4 São considerados autorizados os Somente a empresa poderá
trabalhadores qualificados ou autorizar seus profissionais e
capacitados e os profissionais necessitará de sua anuência
habilitados, com anuência formal formal.
da empresa.
10.8.5 A empresa deve estabelecer Um documento deverá servir
sistema de identificação que como instrumento de
permita a qualquer tempo reconhecimento das atividades à
conhecer a abrangência da que estes profissionais estão
autorização de cada trabalhador, autorizados a desempenhar.
conforme o item 10.8.4.
57

10.8.6 Os trabalhadores autorizados a Nos registros de empregado da


trabalhar em instalações elétricas empresa deve constar quais os
devem ter esta condição trabalhadores estão autorizados
consignada no sistema de registro pela mesma para desenvolver
de empregado da empresa. estas atividades.
10.8.7 Os trabalhadores autorizados a De acordo com as atividades
intervir em instalações elétricas que este profissional venha a
devem ser submetidos à exame desenvolver dentro da empresa,
de saúde compatível com as torna-se necessário que sejam
atividades a serem desenvolvidas, feitos exames médicos e que os
realizado em conformidade com a resultados estejam registrados.
NR 7 e registrado em seu
prontuário médico.
10.8.8 Os trabalhadores autorizados a É necessário que estes
intervir em instalações elétricas profissionais recebam treinamento
devem possuir treinamento específico, conforme estabelece
específico sobre os riscos esta norma, contribuindo
decorrentes do emprego da significativamente para tornar suas
energia elétrica e as principais atividades ainda mais seguras.
medidas de prevenção de
acidentes em instalações
elétricas, de acordo com o
estabelecido no Anexo II da NR.
10.8.8.1 A empresa concederá autorização O trabalhador que atingir em
na forma desta NR aos nível mínimo as exigências do
trabalhadores capacitados e aos curso estabelecido por esta norma,
profissionais habilitados que estará autorizado.
tenham participado com avaliação
e aproveitamento satisfatórios dos
cursos constantes do Anexo II da
NR.
10.8.8.2 Deve ser realizado um Além dos treinamentos
treinamento de reciclagem bienal fundamentais aqui mencionados, é
e sempre que ocorrer algumas necessário que se ofereça aos
das situações a seguir: trabalhadores treinamentos de
a) troca de função ou reciclagem, pois existem situações
mudança de empresa; que levam a esta medida, como
b) retorno de afastamento do por exemplo em caso de troca de
trabalho ou inatividade, por função, retorno de afastamento ou
período superior a três meses; ainda se houver alguma mudança
c) modificações significativas significativa nas instalações
nas instalações elétricas ou troca elétricas da empresa.
de métodos, processos e
organização do trabalho.
10.8.8.3 A carga horária e o conteúdo O tempo e o conteúdo a serem
programático dos treinamentos de contemplados nestes cursos
reciclagem destinados ao podem variar, isso em função da
atendimento das alíneas “a”, “b” e razão que motivou este
“c” do item 10.8.8.2 devem treinamento.
atender as necessidades da
58

situação que o motivou.


10.8.8.4 Os trabalhos em áreas Para trabalhos em áreas com
classificadas devem ser potencial de explosão, os
precedidos de treinamento treinamentos deverão ser
específico de acordo com o risco específicos a este risco.
envolvido.
10.8.9 Os trabalhos com atividades não Mesmo não estando
relacionadas às instalações relacionados à atividades elétricas,
elétricas, desenvolvidas em zona mas desenvolvidos nas
livre e na vizinhança da zona proximidades, estes trabalhadores
controlada, conforme define esta devem estar cientes e
NR, devem ser instruídos conhecedores dos riscos à que
formalmente com conhecimentos estão expostos e medidas de
que permitam identificar e avaliar segurança cabíveis devem ser
seus possíveis riscos e adotar tomadas.
precauções cabíveis.
10.9 Proteção contra incêndio e Proteção contra incêndio e
explosão explosão
As áreas onde houver instalações A prevenção torna-se
10.9.1 ou equipamentos elétricos devem fundamental e, por se tratar de
ser dotadas de proteção contra uma atividade altamente perigosa,
incêndio e explosão, conforme torna-se necessário que em áreas
dispõe a NR 23 – Proteção Contra onde exista contato com a
Incêndios. eletricidade, estas estejam dotadas
de sistemas de proteção contra
incêndios.
10.9.2 Os materiais, peças, dispositivos, Em áreas classificadas, tudo que
equipamentos e sistemas esteja relacionado com a
destinados à aplicação em eletricidade deve ser avaliado
instalações elétricas de ambientes quanto à sua conformidade no
com atmosferas potencialmente SBC.
explosivas devem ser avaliados
quanto à sua conformidade, no
âmbito do Sistema Brasileiro de
Certificação.
10.9.3 Os processos ou equipamentos A energia estática também pode
susceptíveis de gerar ou acumular provocar danos, por este motivo
eletricidade estática devem dispor necessita de medidas de proteção
de proteção específica e que permita a neutralização e/ou
dispositivos de descarga elétrica. eliminação de tais riscos.
10.9.4 Nas instalações elétricas de áreas Nestes ambientes com
classificadas ou sujeitas à risco atmosferas potencialmente
acentuado de incêndio ou explosivas, o risco de incêndio ou
explosões, devem ser adotados explosão é maior e, por este
dispositivos de proteção, como motivo, torna-se fundamental a
alarme e seccionamento adoção de dispositivos de
automático para prevenir proteção, prevenindo possíveis
sobretensões, sobrecorrentes, acidentes.
falhas de isolamento,
aquecimento ou outras condições
59

anormais de operação.
10.9.5 Os serviços em instalações Como é um trabalho que
elétricas nas áreas classificadas apresenta um elevado grau de
somente poderão ser realizados risco, torna-se fundamental que
mediante permissão para o haja a permissão por parte da
trabalho com liberação empresa, responsabilizando-se
formalizada, conforme estabelece assim, por qualquer imprevisto que
o item 10.5 ou supressão do possa ocorrer na execução, ou na
agente de risco que determina a medida do possível, eliminar o
classificação da área. risco existente.
10.10 Sinalização de segurança Sinalização de segurança
10.10.1 Nas instalações e serviços em A sinalização de segurança é de
eletricidade deve ser adotada fundamental importância em todos
sinalização adequada de os segmentos. Nas atividades
segurança, destinada à relacionadas à eletricidade, torna-
advertência e à identificação, se ainda mais importante à adoção
obedecendo ao disposto na NR 26 de sinalização nos locais e
– Sinalização de Segurança, de ambientes onde haja contato com
forma a atender, dentre outras, as a energia elétrica. Esta sinalização
situações a seguir: evitará com toda certeza que por
a) identificação de circuitos descuido ou até mesmo por
elétricos; negligência coloque-se em risco a
b) travamentos e bloqueios de integridade física dos
dispositivos e sistemas de trabalhadores e demais pessoas.
manobra e comandos; Todo artifício utilizado em prol da
c) restrições e impedimentos segurança será importante na
de acesso; prevenção dos riscos ambientais.
d) delimitação de áreas;
e) sinalização de áreas de
circulação, de vias públicas, de
veículos e de movimentação de
cargas;
f) sinalização de impedimento
de energização;
g) identificação de
equipamento ou circuito impedido.
10.11 Procedimentos de trabalho Procedimentos de trabalho
10.11.1 Os serviços em instalações É de suma importância que para
elétricas devem ser planejados e os serviços em instalações
realizados em conformidade com elétricas haja um planejamento e
procedimentos de trabalho
procedimentos de trabalho,
específicos, padronizados, com descrevendo desta forma, todas as
descrição detalhada de cada tarefas e características de cada
tarefa, passo a passo, assinado atividade, sendo assinada
por profissional que atenda ao queobrigatoriamente por profissional
estabelece o item 10.8 desta NR. que atenda as recomendações
desta NR.
10.11.2 Os serviços em instalações As ordens de serviço servem
elétricas devem ser precedidos de como um manual a ser seguido
ordens de serviço específicas, pelos profissionais responsáveis
60

aprovadas por trabalhador pela execução dos trabalhos.


autorizado, contendo, no mínimo,
o tipo, a data, o local e as
referências aos procedimentos de
trabalho a serem adotados.
10.11.3 Os procedimentos de trabalho Estes procedimentos servirão
devem conter, no mínimo, como documento de orientação e
objetivo, campo de aplicação, aplicação de determinadas
base técnica, competências e medidas a serem seguidas pelos
responsabilidades, disposições trabalhadores.
gerais, medidas de controle e
orientações finais.
10.11.4 Os procedimentos de trabalho, o É fundamental que os serviços
treinamento de segurança e especializados em saúde e
saúde e a autorização de que segurança do trabalho estejam
trata o item 10.8 devem ter a participando de todo o processo de
participação em todo o processo desenvolvimento dos
de desenvolvimento do Serviço procedimentos de trabalho, pois
Especializado de Engenharia de estes profissionais contribuirão
Segurança e Medicina do significativamente para a adoção
Trabalho (SESMT), quando de medidas visando a preservação
houver. da integridade física dos
trabalhadores.
10.11.5 A autorização referida no item Conforme já mencionado
10.8 deve estar em conformidade anteriormente, a autorização está
com o treinamento ministrado, vinculada ao treinamento
previsto no Anexo II desta NR. obrigatório previsto nesta NR.
10.11.6 Toda equipe deverá ter um de É importante que exista dentro
seus trabalhadores indicado e em de uma equipe um profissional que
condições de exercer a assuma o papel da supervisão,
supervisão e a condução dos pois este irá organizar e conduzir
trabalhos. os trabalhos.
10.11.7 Antes de iniciar os trabalhos em É de grande importância que se
equipe, os membros, em conjunto faça uma avaliação prévia antes
com o responsável pela execução de se iniciar os serviços, pois
do serviço, devem realizar uma desta forma, além de otimizar a
avaliação prévia, estudar e execução, encontra-se as mais
planejar as atividades e ações a viáveis e seguras condições de
serem desenvolvidas no local, de execução dos trabalhos.
forma a atender os princípios
técnicos básicos e as melhores
técnicas de segurança aplicáveis
ao serviço.
10.11.8 A alternância de atividades deve Deve-se sempre indicar para
considerar a análise de riscos das determinadas atividades, apenas
tarefas e a competência dos profissionais que estejam aptos
trabalhadores envolvidos, de para tal situação, procurando
forma a garantir a segurança e a evitar a alternância das atividades.
saúde no trabalho.
10.12 Situação de emergência Situação de emergência
61

As ações de emergência que Toda empresa precisa de um


10.12.1 envolvam as instalações ou plano de emergência e, neste, é
serviços com eletricidade devem necessário que se contemple os
constar do plano de emergência procedimentos de emergência em
da empresa. caso de acidentes envolvendo
eletricidade.
10.12.2 Os trabalhadores autorizados É necessário que se aplique
devem estar aptos a executar o treinamento específico a estes
resgate e prestar os primeiros profissionais, oferecendo-lhes as
socorros a acidentados, condições mínimas de prestar os
especialmente por meio de primeiros atendimentos às vítimas
reanimação cárdio-respiratória. de um acidente elétrico.
10.12.3 A empresa deve possuir métodos Cabe a empresa criar
de resgate padronizados e alternativas e soluções práticas
adequados às suas atividades, para atender a possíveis
disponibilizando os meios para emergências relacionadas à
sua aplicação. eletricidade.
10.12.4 Os trabalhadores autorizados É necessário que se aplique
devem estar aptos a manusear e treinamento específico a estes
operar equipamentos de profissionais, oferecendo-lhes as
prevenção e combate a incêndios condições mínimas de prestar o
existentes nas instalações primeiro combate à possíveis
elétricas. incêndios, principalmente àqueles
relacionados com a eletricidade.
10.13 Responsabilidades Responsabilidades
10.13.1 As responsabilidades quanto ao É importante se ressaltar que
cumprimento desta NR são tanto contratante quanto
solidárias aos contratantes e aos contratado são os responsáveis
contratados envolvidos. diretos, respondendo desta forma,
por seus respectivos atos.
10.13.2 É de responsabilidade dos A informação num ambiente de
contratantes manter os trabalho deve ser clara e objetiva,
trabalhadores informados sobre de forma a manter os
os riscos a que estão expostos, trabalhadores instruídos e
instruindo-os quanto aos respeitando sempre as normas de
procedimentos e medidas de segurança da empresa quanto aos
controle contra riscos elétricos a riscos elétricos.
serem adotados.
10.13.3 Cabe à empresa, na ocorrência de O acidente é algo indesejado,
acidentes de trabalho envolvendo mas na ocorrência do mesmo, é
instalações e serviços emevidente que algo precisa ser
eletricidade, propor e adotar corrigido, cabendo exclusivamente
medidas preventivas e corretivas.à empresa propor e adotar as
medidas cabíveis, evitado desta
forma que outros venham a
ocorrer.
10.13.4 Cabe aos trabalhadores Os trabalhadores são elementos
a) zelar pela sua segurança e fundamentais no ambiente de
saúde e a de outras pessoas que trabalho e é necessário que estes
possam ser afetadas por suas atuem em conjunto com a
62

ações ou omissões no trabalho; empresa no que tange à


b) responsabilizar-se junto segurança e saúde no ambiente
com a empresa pelo cumprimento de trabalho, tomando medidas tais
das disposições legais e como: zelar pela sua segurança,
regulamentares, inclusive quanto responsabilizar-se juntamente com
aos procedimentos internos de a empresa pelo cumprimento das
segurança e saúde; normas de segurança e ainda,
c) comunicar, de imediato, ao comunicar, de imediato, situações
responsável pela execução do que apresentem riscos aos
serviço as situações que trabalhadores.
considerar de risco para sua
segurança e saúde e de outras
pessoas.
10.14 Disposições finais Disposições finais
10.14.1 Os trabalhadores devem Este é um direito adquirido pelo
interromper suas tarefas trabalhador, pois se ele sentir que
exercendo o direito de recusa, sua integridade física esteja em
sempre que constatarem risco, o mesmo poderá se recusar
evidências de riscos graves e à executar determinada atividade,
iminentes para a sua segurança e mas precisará comunicar ao seu
saúde ou a de outras pessoas, superior sobre tal situação para
comunicando imediatamente o que as medidas de proteção sejam
fato a seu superior hierárquico, tomadas.
que diligenciará as medidas
cabíveis.
10.14.2 As empresas devem promover Se por ventura as empresas
ações de controle de riscos estiverem sofrendo danos em suas
originados por outrem em suas instalações elétricas em função de
instalações elétricas e oferecer, terceiros, deverá prioritariamente
de imediato, quando cabível, tomar medidas de segurança e,
denúncia aos órgãos em seguida, denunciar tal situação
competentes. aos órgãos competentes.
10.14.3 Na ocorrência do não As empresas que não se
cumprimento das normas adequarem ao disposto nesta
constantes desta NR, o MTE norma estarão sujeitas a
adotará as providências fiscalização e penalidades,
estabelecidas na NR 3. conforme estabelecido na NR 3.
10.14.4 A documentação prevista nesta Toda documentação prevista na
NR deve estar permanentemente norma deve estar em local onde os
a disposição dos trabalhadores trabalhadores que atuam em
que atuam em serviços e serviços e instalações elétricas
instalações elétricas, respeitadas tenham acesso, respeitando-se
as abrangências, limitações e sempre limites.
interferências nas tarefas.
10.14.5 A documentação prevista nesta A qualquer momento as
NR deve estar, permanentemente, empresas poderão receber visita
à disposição das autoridades das autoridades competentes, por
competentes. isso, é fundamental que toda
documentação prevista nesta NR
esteja à disposição no local de
63

trabalho.
10.14.6 Esta NR não é aplicável à Esta NR não é aplicável à
instalações elétricas alimentadas instalações elétricas alimentadas
por extra baixa tensão. por tensão não superior a 50 volts
em corrente alternada ou 120 volts
em corrente contínua, entre fases
ou entre fase e terra.
Fonte: Ministério do trabalho, 2007. Comentários dos autores

4.2 A legislação na UNESC

Neste item, faremos de forma objetiva e sucinta, uma análise da atual


situação da Unesc em relação ao que dispõe a legislação vigente. Não
evidenciaremos algumas situações as quais não consideramos relevantes ao nosso
estudo.

4.2.1 Medidas de controle

• Não é feita análise preliminar dos riscos;


• Os esquemas unifilares das instalações elétricas estão contemplados
no próprio projeto elétrico a ser executado;
• Apesar de ter uma carga instalada superior à 75 KW, não possui
prontuário com os requisitos mínimos contidos no item 10.2.4 da norma em estudo.

4.2.1.1 Medidas de proteção coletiva

• Grande parte dos trabalhos são executados com a rede energizada e


não há a prática da utilização de tensão de segurança;
• Dentre as outras medidas de proteção coletiva citadas no item
10.2.8.2.1, somente é feito a isolação das partes vivas, os demais não são
respeitados.

4.2.1.2 Medidas de proteção individual

• A instituição oferece os equipamentos de proteção básicos, como luvas


e óculos, porém não orienta e fiscaliza a sua utilização, conforme exigência da NR-6;
64

• As vestimentas se resumem a uniformes, padronizados, sem distinção


para as demais funções enquadradas como serviços gerais;
• Não se tem registro de utilização de adornos durante a jornada de
trabalho.

4.2.2 Segurança em projetos

• Só existe projeto para novas instalações, ou seja, nos serviços de


manutenção e de adequação de instalações, os profissionais recebem apenas um
layout e orientações quando necessárias;
• Os dispositivos de seccionamentos e impedimento de reenergização
são utilizados somente dentro das subestações;
• Não é prática na Instituição a adoção de aterramento temporário nos
serviços com eletricidade;
• Os projetos elétricos concentram-se no setor de projetos, sob os
cuidados do engenheiro eletricista responsável pelos mesmos;
• Com relação ao memorial descritivo, os itens relacionados à segurança
não são contemplados de forma convincente, ou seja, estão apresentados
superficialmente.

4.2.3 Segurança na construção, montagem, operação e manutenção

• Não há registros de testes e inspeções nos equipamentos, dispositivos


e ferramentas que possuam isolamento, de acordo com as regulamentações
existentes ou recomendações dos fabricantes;
• As instalações elétricas deixam dúvidas quanto à sua segurança, pois
a própria identificação dos painéis, na maioria das vezes é confusa ou inexiste;
• Na maioria das vezes, os trabalhos são executados com ambientes
bem iluminados e com uma posição de trabalho segura, atendendo ao que dispõe a
NR-17;
65

4.2.4 Segurança em instalações elétricas desenergizadas

• As instalações elétricas não podem ser consideradas desenergizadas,


pois os procedimentos apropriados, citados no item 10.5.1, não são respeitados.

4.2.5 Segurança em instalações elétricas energizadas

• As instalações elétricas na Unesc possuem tensão de 220/380 V em


corrente alternada, portanto para intervir nestas instalações, os trabalhadores
precisam passar por treinamento de segurança para trabalhos em instalações
elétricas energizadas;
• Não existe a adoção de procedimentos específicos para o ingresso na
zona controlada de risco;
• Os trabalhadores estão orientados a solicitar novas instruções quando
se depararem com qualquer situação de risco a qual não estava prevista
inicialmente.

4.2.6 Trabalhos envolvendo alta tensão - AT

• Segundo informações obtidas junto ao engenheiro eletricista contratado


da Instituição, a alta tensão está presente nas subestações e na rede que faz a
interligação entre as mesmas;
• Os trabalhadores, em algumas situações, mesmo que esporádicas, têm
contato com a alta tensão, portanto necessitam de treinamento específico para
determinada atividade;
• Os trabalhos são realizados sempre em dupla, cumprindo assim, o que
determina a norma;
• Não há a cultura de se expedir ordem de serviço em nenhum tipo de
trabalho;
• Não são adotados procedimentos específicos detalhados e assinados
por profissional autorizado na realização dos serviços em instalações elétricas
energizadas em alta tensão;
• Os equipamentos e ferramentas não são submetidos a testes elétricos
66

ou ensaios laboratoriais periodicamente;


• Os trabalhadores possuem rádios transmissores para a comunicação
entre eles e com a supervisão imediata.

4.2.7 Habilitação, qualificação, capacitação e autorização dos trabalhadores

• A Unesc possui dois profissionais técnicos em eletro-técnica, portanto,


ambos são considerados qualificados;
• A Unesc possui um contrato com um profissional autônomo, com
formação superior em engenharia elétrica e, registrado no respectivo conselho de
classe, sendo considerado, portanto, profissional qualificado e habilitado;
• A equipe de eletricistas da Instituição conta ainda com um profissional
sem qualificação, o chamado prático e, sem capacitação, pois não existe documento
comprovando que as condições exigidas para tal, estejam sendo seguidas;
• Levando-se em consideração o exposto nos itens anteriores, podemos
afirmar que a Unesc conta com três profissionais autorizados, porém esta
autorização não está documentada;
• Foi detectado uma falha no sistema de registro de empregados, no que
diz respeito à forma de contratação. Os profissionais da área elétrica não são
contratados para o cargo de eletricista, mas sim, para cargos de serviços gerais,
portanto, totalmente em desacordo com a legislação trabalhista;
• Tendo em vista a implantação do PCMSO e demais programas
voltados à saúde e segurança do trabalho na Instituição, todos os profissionais
passaram por exames de saúde compatíveis com as atividades que desenvolvem;
• Dois dos profissionais autorizados não possuem treinamento de
segurança específico em eletricidade, porém, o profissional aqui denominado
prático, passou por este treinamento e obteve aproveitamento satisfatório.
• Não se tem registros de treinamento de reciclagem bienal, nem
tampouco, de treinamentos periódicos;

4.2.8 Proteção contra incêndio e explosão

• Necessita de um estudo e readequação do sistema preventivo de


67

incêndio, principalmente nas áreas envolvendo eletricidade, como por exemplo,


subestações;
• Não encontramos locais com potencialidade de ocorrência de
atmosfera explosiva, porém, a eletricidade é imprevisível, por isso nunca é demais
antecipar o risco;

4.2.9 Sinalização de segurança

• Não constatamos em nenhum momento, qualquer tipo de sinalização,


auxiliando na prevenção contra acidentes de origem elétrica.

4.2.10 Procedimentos de trabalho

• Não existe uma descrição detalhada das tarefas, sendo assim, não há
a assinatura do profissional responsável, conforme item 10.8 da norma;
• Conforme já citamos anteriormente, não existe a cultura de se expedir
ordens de serviços específicas para cada trabalho a ser executado;
• Os serviços especializados em engenharia de segurança e em
medicina do trabalho da Instituição é formado por apenas dois técnicos de
segurança e de acordo com a NR-4 o seu dimensionamento está incorreto,
necessitando assim, a contratação dos demais profissionais necessários, para que
desta forma exista uma participação efetiva e com maiores subsídios quando o
assunto for adoção de procedimentos de trabalho e treinamentos de segurança e
saúde;
• A equipe de manutenção possui um supervisor imediato, porém o
mesmo não é um profissional formado na área de eletricidade;
• Todos os membros da equipe elétrica executam os mesmos serviços,
sem distinção.

4.2.11 Situação de emergência

• O plano de emergência para a Instituição está em desenvolvimento;


• Os trabalhadores não possuem condições de executar resgates e
68

prestar primeiros socorros a vítimas de acidentes, principalmente os de origem


elétrica;
• A Instituição não possui métodos de resgate adequados e nem
tampouco padronizados;
• Os trabalhadores não estão aptos a manusear equipamento de
prevenção e combate a incêndios nas instalações elétricas.

4.2.12 Responsabilidades

• As empresas contratadas, denominadas terceirizadas, assinam um


termo de compromisso, se responsabilizando por qualquer eventualidade
envolvendo os trabalhadores.
69

5 PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO E ADEQUAÇÃO SEGUNDO A NR-10


“ SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE”

Desde a data de publicação da nova NR-10, as empresas passaram a ter


prazos para se adequarem a cada item da norma, caso fosse necessário. O fato é
que todos os prazos já se esgotaram e a realidade é uma só, muita coisa ainda
precisa ser feita. Diante disso, torna-se de grande relevância o estudo em questão,
pois servirá como o documento norteador para que a Unesc possa se adequar
imediatamente à legislação vigente, evitando desta forma, possíveis penalidades.
A partir do estudo realizado até aqui, obtivemos informações suficientes
para que possamos assim, propor a implantação da NR-10 no campus da Unesc,
bem como, adequarmos a Instituição de acordo com a legislação vigente. Segue a
proposta:

5.1 Medidas de controle

O que fazer:
Adotar medidas preventivas de controle dos riscos elétricos, visando à
prevenção da integridade física e da saúde do trabalhador.

Como fazer:
• Utilizar técnicas de análise de riscos, tradicional em segurança e saúde
do trabalho, para providenciar medidas preventivas e estabelecer e divulgar
procedimentos;
• Elaborar diagramas unifilares para as instalações elétricas de seus
estabelecimentos, ou seja, identificar todas as características do sistema, de
preferência separado do projeto elétrico;
• Elaborar e disponibilizar prontuário de instalações elétricas, ou seja, um
sistema organizado de forma a conter uma memória dinâmica de informações
pertinentes às instalações e aos trabalhadores;
• Estabelecer responsabilidades e formalizar, pois mais importante do
que indicar responsáveis é fazer com que todos tenham consciência de suas
responsabilidades;
70

• Estabelecer e divulgar procedimentos para prevenção e adoção de


medidas de proteção coletiva;
• Os serviços especializados em engenharia de segurança e em
medicina do trabalho devem definir os equipamentos de proteção individual
adequados a cada atividade, com os devidos certificados de aprovação e oficializar
por meio de documentos a entrega dos mesmos aos trabalhadores;
• Analisar e buscar fornecedor para as vestimentas, adequadas a cada
atividade;
• Estabelecer e divulgar procedimentos vedando o uso de adornos e
orientar os supervisores;

5.2 Segurança em projetos

O que fazer:
• Estabelecer e divulgar procedimentos para projetos de instalações
elétricas.

Como fazer:
• Elaborar projeto elétrico para todos os serviços, inclusive para os de
manutenção ou de readequação de espaços (troca de layout), oferecendo assim,
maior segurança e outros subsídios para os trabalhadores responsáveis pela
execução destes serviços;
• Adotar como procedimento de trabalho a utilização de dispositivos de
seccionamentos e impedimento de reenergização para todos os trabalhos em
eletricidade, quando for tecnicamente viável;
• Adotar a prática de aterramento temporário nos serviços com
eletricidade em todos os seus estágios, onde seja permitida sua execução;
• Encaminhar cópias de todos os projetos elétricos à diretoria de apoio
logístico, pois os serviços de manutenção em eletricidade são executados por esta
diretoria, sendo assim, é de extrema importância que os seus profissionais tenham
acesso aos referidos projetos;
• Elaborar memorial descritivo do projeto contemplando a lista de
requisitos constantes do item 10.3.9 da norma, de forma a garantir a segurança de
71

todos os envolvidos nestes serviços.

5.3 Segurança na construção, montagem, operação e manutenção

• O que fazer:
Adotar procedimentos nos serviços de construção, montagem, operação e
manutenção em eletricidade, garantindo a segurança e a saúde dos trabalhadores e
usuários.
• Como fazer:
• Elaboração de laudo técnico das instalações elétricas, anualmente,
com correção de não conformidades encontradas;
• Estabelecer e divulgar procedimentos e treinar os funcionários,
inspecionar e testar equipamentos, dispositivos e ferramentas mantendo
cronograma;
• Realizar um estudo e readequar a identificação de todos os painéis
elétricos e, além disso, providenciar análise das condições operativas destes
painéis, fazendo sua imediata manutenção onde se fizer necessário;
• Elaboração de laudo ergonômico das atividades em instalações
elétricas.

5.4 Segurança em instalações elétricas desenergizadas

O que fazer:
Instruir e estabelecer procedimentos para trabalhos envolvendo
instalações elétricas energizadas.

Como fazer:
• Estabelecer e divulgar procedimentos conforme item 10.5.1 da norma;
• Realizar treinamento de segurança para os funcionários.

5.5 Segurança em instalações elétricas energizadas

O que fazer:
72

Instruir e estabelecer procedimentos para trabalhos envolvendo


instalações elétricas energizadas.

Como fazer:
• Promover treinamento no curso básico de segurança em instalações e
serviços com eletricidade com carga horária mínima de 40h e aproveitamento
satisfatórios, conforme anexo I deste trabalho;
• Estabelecer e divulgar procedimentos para acesso às zonas
controladas e de risco;
• Utilizar técnicas de análise de riscos para providenciar medidas
preventivas e estabelecer e divulgar procedimentos.

5.6 Trabalhos envolvendo alta tensão - AT

• O que fazer:
Adotar procedimentos para trabalhos envolvendo alta tensão, garantindo
assim que seus trabalhos estejam cientes e preparados para os riscos inerentes à
determinada atividade.

Como fazer:
• Instruir formalmente com conhecimentos que permitam identificar e
avaliar seus possíveis riscos e adotar as precauções cabíveis;
• Promover treinamento no curso complementar de segurança no
sistema elétrico de potência (SEP) e em suas proximidades com carga horária
mínima de 40h e aproveitamento satisfatórios, conforme anexo I deste trabalho. É
importante salientar que é pré-requisito para freqüentar este curso, ter participado
com aproveitamento satisfatório do curso básico citado anteriormente;
• Adotar como procedimento a emissão de ordem de serviço para todos
os serviços em eletricidade;
• Adotar procedimentos específicos, detalhados e assinados por
profissional autorizado na realização dos serviços em instalações elétricas
energizadas em alta tensão;
• Submeter a testes elétricos ou ensaios laboratoriais periodicamente os
73

equipamentos e ferramentas utilizados para trabalhos em alta tensão.

5.7 Habilitação, qualificação, capacitação e autorização dos trabalhadores

O que fazer:
Promover treinamentos adequados aos profissionais da eletricidade,
atendendo as determinações da norma e, além disso, garantindo aos mesmos maior
segurança e conhecimento dos riscos a que estão expostos.

Como fazer:
• Promover treinamento no curso básico de segurança em instalações e
serviços com eletricidade com carga horária mínima de 40h e aproveitamento
satisfatórios, conforme anexo I deste trabalho, para os profissionais considerados
qualificados e, por conseqüência, autorizados;
• Promover treinamento no curso básico de segurança em instalações e
serviços com eletricidade com carga horária mínima de 40h e aproveitamento
satisfatórios, conforme anexo I deste trabalho para o profissional considerado
qualificado e habilitado e, por conseqüência, autorizado;
• Promover um curso de capacitação para o profissional sem
qualificação, o chamado prático. É importante salientar que este curso poderá ser
facilitado por profissional qualificado e habilitado, sendo que a Unesc conta com este
profissional;
• Providenciar imediatamente a adequação da forma de contratação dos
profissionais em eletricidade. Estes empregados devem estar registrados como
eletricistas e, além disso, nos seus registros devem constar inclusive as suas
atribuições;
• Manter junto ao médico do trabalho da empresa um controle sobre as
condições físicas e psicológicas dos profissionais em eletricidade;
• Promover treinamentos de segurança e reciclagem bienal, ou
periodicamente, de acordo com as necessidades da Instituição.
74

5.8 Proteção contra incêndio e explosão

• O que fazer:
Adotar procedimentos de proteção contra incêndio e explosão, instruindo
os seus profissionais e garantindo um retorno ágil e correto nas ocorrências
indesejadas.

• Como fazer:
• Providenciar junto aos serviços especializados em engenharia de
segurança e em medicina do trabalho um estudo de readequação do sistema
preventivo de incêndio, principalmente nas áreas envolvendo eletricidade, como por
exemplo, subestações;
• Providenciar aterramento de máquinas e equipamentos;
• Estabelecer e divulgar procedimento para serviços em instalações
elétricas nas áreas de risco.

5.9 Sinalização de segurança

• O que fazer:
Estabelecer procedimentos de sinalização, tornando o ambiente e suas
proximidades mais seguros.

• Como fazer:
• Estabelecer e divulgar procedimentos de sinalização, sendo que os
serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina do trabalho
devem adotar procedimentos para inspeção;
• Adotar sinalização de segurança em todos os trabalhos envolvendo
eletricidade, mesmo naqueles considerados elementares, como serviços de
manutenção.

5.10 Procedimentos de trabalho

• O que fazer:
75

Estabelecer procedimentos de trabalho, buscando aperfeiçoar a execução


dos trabalhos em eletricidade.

• Como fazer:
• Estabelecer e divulgar procedimento para planejamento de serviços;
• Criar e divulgar procedimentos para emissão e acompanhamento de
ordens de serviço;
• Adequar, ou seja, redimensionar os serviços especializados em
engenharia de segurança e em medicina do trabalho de acordo com o número de
empregados e grau de risco da Instituição, conforme NR-4;
• Promover treinamentos de segurança em eletricidade para o supervisor
da equipe de manutenção, sendo que o mesmo não é um profissional qualificado,
conforme estabelecido na norma;
• Desenvolver treinamento específico de liderança para o supervisor da
equipe de manutenção elétrica;
• Estabelecer procedimentos de análise prévia e planejamento antes da
execução de qualquer trabalho envolvendo eletricidade;
• Utilizar técnicas de análise de riscos para providenciar medidas
preventivas, estabelecer e divulgar procedimentos relativos à segurança.

5.11 Situação de emergência

• O que fazer:
Criar e implantar procedimentos de emergência, bem como preparar
tecnicamente seus profissionais para possíveis ocorrências indesejadas.

• Como fazer:
• Implantar o mais breve possível o plano de emergência e de
evacuação no campus;
• Providenciar imediatamente treinamentos de segurança específicos de
resgate e primeiros socorros a vítimas de acidentes, para todos os profissionais da
eletricidade;
• Desenvolver método de resgate padronizado e treinar todos os
76

profissionais da área elétrica;


• Providenciar imediatamente treinamentos de segurança específicos de
prevenção e combate à incêndios nas instalações elétricas para todos os
profissionais da área elétrica.

5.12 Responsabilidades

• O que fazer:
Criar e implantar procedimentos, definindo assim, responsabilidades da
contratante e de seus contratados.

Como fazer:
• Criar um manual de procedimentos para execução de trabalhos por
empresas terceirizadas no campus;
• Instruir formalmente os trabalhadores das contratadas sobre os riscos a
que estão expostos;
• Exigir das terceirizadas o cumprimento de normas específicas de
segurança para trabalhos em eletricidade dentro do campus;
• Acompanhar e fiscalizar todo e qualquer trabalho envolvendo
eletricidade, contratados com empresas terceirizadas;
77

6 CONCLUSÃO

Devido ao grande número de acidentes com eletricidade, tornou-se


fundamental que a legislação passasse por reformulação, fazendo com que as
empresas se adequassem no que tange à segurança nos serviços em eletricidade.
A partir do cenário que se apresentava, sentiu-se a necessidade de se
buscar de forma ainda que sucinta, mas com grande responsabilidade, fazer deste
estudo um documento norteador para que a Unesc possa, o mais breve possível
contemplar seus profissionais com um ambiente seguro no que diz respeito à
eletricidade.
Acreditamos que a Unesc por se tratar de uma Instituição onde o ensino é
o que lhe impulsiona, não poderá deixar de se adequar a atual legislação, cumprindo
desta forma seu papel social e educativo, buscando sempre preservar a integridade
física de seus trabalhadores e demais colaboradores.
Vale ressaltar que o estudo aqui proposto servirá apenas como um
instrumento para que se torne possível a implantação da NR-10 no campus da
Unesc e, que em paralelo, outras medidas de segurança devem ser tomadas, dentro
de um contexto mais amplo.
É necessário que se invista fundamentalmente no fator humano, pois este
é o bem mais primoroso que uma Instituição pode ter, sendo assim, treinamentos e
capacitação são de extrema necessidade, pois assim, a Universidade contará com
profissionais cada vez mais preparados no desenvolvimento de suas atividades
laborais e, cada vez mais conscientes de suas responsabilidades em manter um
ambiente seguro.
De acordo com o estudo apresentado, podemos afirmar que nossos
objetivos traçados inicialmente foram atingidos totalmente, pois além de
demonstramos a grande importância das normas regulamentadoras, tanto para as
empresas quanto para os trabalhadores, em paralelo, constatamos que há muito a
ser feito no ambiente de estudo, nos possibilitando desta forma, a proposta de
implantação da NR-10 no campus da Unesc.
Esperamos e, acreditamos que com nossa singela contribuição, a
Instituição estará dando um importante e necessário passo no aspecto segurança e
saúde do trabalho.
78

REFERÊNCIAS

ALEXANDRINO, Cláudia Rosane Romualdo; SÔNEGO, Cláudia Santos. Segurança


em Eletricidade: uma proposta de manual de segurança para a execução de
padrão de medição residencial em rede de baixa tensão. 2005. 142f. Monografia
(Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho) - Universidade do
Extremo Sul Catarinense, Criciúma.

BOMBEIROS emergência. Primeiros socorros Disponível em:


<http://www.bombeirosemergencia.com.br/socorrovitimaschoqueeletrico.htm>.
Acesso em: 20/01/2007.

FERRARO, Nicolau Gilberto. Eletricidade, história e aplicações. 8.ed. São


Paulo:Moderna, 1995.

KINDERMANN, Geraldo. Choque elétrico. 2.ed. Porto Alegre: Sagra DC


Luzzatto,1995.

MARANGON, Carlos. Legislação. Disponível em: <http://www.areaseg.com/nr10>.


Acesso em 15/11/2006.

MINISTÉRIO do trabalho. Legislação. Disponível em:


<http://www.mte.gov.br/legislação/normas_regulamentadoras/nr_10.pdf>. Acesso
em: 10/11/2006.

NORMAS Técnicas. NBR 5410. Disponível em: <http://www.abnt.org.br>. Acesso


em: 05/01/2007.

REIS, Jorge Santos; FREITAS, Roberto de. Segurança em eletricidade. São Paulo:
Fundacentro, 1980.
79

ANEXO
80

ANEXO 1 – TREINAMENTO

1. CURSO BÁSICO – SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS COM


ELETRICIDADE

I - Para os trabalhadores autorizados: carga horária mínima – 40h:

Programação Mínima:

1. Introdução à segurança com eletricidade.

2. Riscos em instalações e serviços com eletricidade:


a) o choque elétrico, mecanismos e efeitos;
b) arcos elétricos; queimaduras e quedas;
c) campos eletromagnéticos.

3. Técnicas de Análise de Risco.

4. Medidas de Controle do Risco Elétrico:


a) desenergização.
b) aterramento funcional (TN / TT / IT); de proteção; temporário;
c) equipotencialização;
d) seccionamento automático da alimentação;
e) dispositivos a corrente de fuga;
f) extra baixa tensão;
g) barreiras e invólucros;
h) bloqueios e impedimentos;
i) obstáculos e anteparos;
j) isolamento das partes vivas;
k) isolação dupla ou reforçada;
l) colocação fora de alcance;
m) separação elétrica.
81

5. Normas Técnicas Brasileiras – NBR da ABNT: NBR-5410, NBR 14039 e outras;

6) Regulamentações do MTE:
a) NRs;
b) NR-10 (Segurança em Instalações e Serviços com Eletricidade);
c) qualificação; habilitação; capacitação e autorização.

7. Equipamentos de proteção coletiva.

8. Equipamentos de proteção individual.

9. Rotinas de trabalho – Procedimentos.


a) instalações desenergizadas;
b) liberação para serviços;
c) sinalização;
d) inspeções de áreas, serviços, ferramental e equipamento;

10. Documentação de instalações elétricas.

11. Riscos adicionais:


a) altura;
b) ambientes confinados;
c) áreas classificadas;
d) umidade;
e) condições atmosféricas.

12. Proteção e combate a incêndios:


a) noções básicas;
b) medidas preventivas;
c) métodos de extinção;
d) prática;

13. Acidentes de origem elétrica:


a) causas diretas e indiretas;
82

b) discussão de casos;

14. Primeiros socorros:


a) noções sobre lesões;
b) priorização do atendimento;
c) aplicação de respiração artificial;
d) massagem cardíaca;
e) técnicas para remoção e transporte de acidentados;
f) práticas.

15. Responsabilidades.

2. CURSO COMPLEMENTAR – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE


POTÊNCIA (SEP) E EM SUAS PROXIMIDADES.

É pré-requisito para freqüentar este curso complementar, ter participado, com


aproveitamento satisfatório, do curso básico definido anteriormente.

Carga horária mínima – 40h

(*) Estes tópicos deverão ser desenvolvidos e dirigidos especificamente para as


condições de trabalho características de cada ramo, padrão de operação, de nível
de tensão e de outras peculiaridades específicas ao tipo ou condição especial de
atividade, sendo obedecida a hierarquia no aperfeiçoamento técnico do trabalhador.

I - Programação Mínima:

1. Organização do Sistema Elétrico de Potencia – SEP.

2. Organização do trabalho:
a) programação e planejamento dos serviços;
b) trabalho em equipe;
c) prontuário e cadastro das instalações;
d) métodos de trabalho; e
83

e) comunicação.

3. Aspectos comportamentais.

4. Condições impeditivas para serviços.

5. Riscos típicos no SEP e sua prevenção (*):


a) proximidade e contatos com partes energizadas;
b) indução;
c) descargas atmosféricas;
d) estática;
e) campos elétricos e magnéticos;
f) comunicação e identificação; e
g) trabalhos em altura, máquinas e equipamentos especiais.

6. Técnicas de análise de Risco no SEP (*)

7. Procedimentos de trabalho – análise e discussão. (*)

8. Técnicas de trabalho sob tensão: (*)


a) em linha viva;
b) ao potencial;
c) em áreas internas;
d) trabalho a distância;
e) trabalhos noturnos; e
f) ambientes subterrâneos.

9. Equipamentos e ferramentas de trabalho (escolha, uso, conservação, verificação,


ensaios) (*).

10. Sistemas de proteção coletiva (*).

11. Equipamentos de proteção individual (*).


84

12. Posturas e vestuários de trabalho (*).

13. Segurança com veículos e transporte de pessoas, materiais e equipamentos(*).

14. Sinalização e isolamento de áreas de trabalho(*).

15. Liberação de instalação para serviço e para operação e uso (*).

16. Treinamento em técnicas de remoção, atendimento, transporte de acidentados


(*).

17. Acidentes típicos (*) – Análise, discussão, medidas de proteção.

18. Responsabilidades (*).


85

ANEXO 2 – ZONA DE RISCO E ZONA CONTROLADA

Tabela de raios de delimitação de zonas de risco, controlada e livre.

Faixa de tensão Nominal da Rr - Raio de delimitação Rc - Raio de delimitação


Instalação elétrica em kV entre zona de risco e entre zona controlada e
controlada em metros livre em metros
<1 0,20 0,70
1 e <3 0,22 1,22
3 e <6 0,25 1,25
6 e <10 0,35 1,35
10 e <15 0,38 1,38
15 e <20 0,40 1,40
20 e <30 0,56 1,56
30 e <36 0,58 1,58
36 e <45 0,63 1,63
45 e <60 0,83 1,83
60 e <70 0,90 1,90
70 e <110 1,00 2,00
110 e <132 1,10 3,10
132 e <150 1,20 3,20
150 e <220 1,60 3,60
220 e <275 1,80 3,80
275 e <380 2,50 4,50
380 e <480 3,20 5,20
480 e <700 5,20 7,20

Figura 1 – Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada


e livre.
86

Figura 2 – Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada


e livre, com interposição de superfície de separação física adequada.

ZL = Zona Livre
ZC = Zona controlada, restrita a trabalhadores autorizados.
ZR = Zona de risco, restrita a trabalhadores autorizados e com a adoção de
técnicas, instrumentos e equipamentos apropriados ao trabalho.
PE = Ponto da instalação energizado.
SI = Superfície isolante construída com material resistente e dotada de todos os
dispositivos de segurança.

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