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CURVAS PARAMETRIZADAS
1
Capı́tulo 1
F (t + h) − F (t)
Definição 1.1.4. F tem derivada F 0 (t) se F 0 (t) = lim .
h→0 h
Observe que
µ ¶
F (t+h)−F (t) f1 (t+h)−f1 (t) f2 (t+h)−f2 (t) f3 (t+h)−f3 (t)
lim = lim , lim , lim
h→0 h h→0 h h→0 h h→0 h
2
Z b µZ b Z b Z b ¶
Definição 1.1.5. F (t)dt = f1 (t)dt , f2 (t)dt , f3 (t)dt
a a a a
ou Z Z Z Z
b b b b
F (t)dt = f1 (t)dt ·~ı + f3 (t)dt · ~ + f3 (t)dt · ~k .
a a a a
Propriedades: Consideremos:
F, G : I → R3
µ:I → R
(i) (F + G)0 (t) = F 0 (t) + G0 (t)
(iii) (F q G)0 (t) = F (t) · G0 (t) + F 0 (t) · G(t) , onde q denota o produto escalar.
(iv) (F × G)0 (t) = F (t) × G0 (t) + F 0 (t) × G(t) , onde × denota o produto vetorial.
Passaremos a nos utilizar de funções do tipo acima para estudar os movimentos no espaço.
3
γ(t)
z 6
± *
γ(t)
z
y
¼ x
γ(t + h) − γ(t)
γ 0 (t) = lim .
h→0 h
4
z 6 z6
µ
¡ - γ(t+h)−γ(t) µ
¡
γ(t) ¡ γ(t) ¡ γ 0 (t)
¡ ¡ j
¡ ¡
¡ -U ¡ -
o γ(t+h) o γ(t+h)
U
¼x yj ¼x yj
?
γ(t+h)−γ(t)
h
, 0<h<1
Exemplos:
(i) kγ 0 (t)k = 1
6y
B
B γ 0 (t)
BMB
¼ B
BB
qB
γ(t) ³
³ 1BB
B³
³ B -
B x
¸ B
· ¸
5π
2. γ : 0 , → R3 ; γ(t) = (cos t , sen t , t) .
2
5
6z
¡ ¢
r γ 5π
2
¡ -
¡ * y
r
¡
¡ γ(0)
¡
¡x
¡
ª
BM
y6 B
0
B γ (t)
BB
BB
¼ BB
qBB
γ(t) ³ B³
1 B
³³ B -
B x
¸ B
Compare com o exemplo 1 . Note que diferentes curvas podem ter o mesmo traço.
4. Curvas podem ser, em geral, muito arbitrárias. Por exemplo, existe uma curva contı́nua,
a curva de Peano, cujo traço é o quadrado [0, 1] × [0, 1] ⊂ R2 (Para maiores detalhes
o leitor pode consultar o Livro de Elon Lages Lima, Elementos de Topologia Geral ,
pg. 252 )
Muitas vezes chamamos o vetor γ 0 (t) como o vetor velocidade. Isto tem sentido pois
estamos entendendo uma curva como o movimento de uma partı́cula no espaço. Esse movi-
kγ(t + h) − γ(t)k
mento é descrito em função do tempo por γ(t) . Observe que o número ,
|h|
6
para h pequeno, é a velocidade média de γ no intervalo de t a t + h . Se γ 0 (t) existe, não é
difı́cil provar que
kγ(t + h) − γ(t)k
kγ 0 (t)k = lim .
h→0 |h|
De fato: Notemos que
¯ ¯
¯ kγ(t + h) − γ(t)k ¯ (∗)
0 ≤ ¯¯ − kγ (t)k¯¯ ≤
0
|h|
° °
° γ(t + h) − γ(t) °
≤ °° − γ 0
(t)° → 0 , com h → 0 .
°
|h|
kγ(t + h) − γ(t)k
Logo → kγ 0 (t)k , com h → 0 .
|h|
¯ ¯
¯ ¯
(∗) Usamos a propriedade ¯¯ k~uk − k~v k ¯¯ ≤ k~u − ~v k .
Definição 1.2.3. Uma curva γ : I → R3 é dita regular (ou suave) se for diferenciável de
classe C 1 e se γ 0 (t) = (γ 01 (t) , γ 02 (t) , γ 03 (t)) 6= (0, 0, 0) , ∀ t ∈ I .
Definição 1.2.4. γ : [a, b] → R3 é dita regular por partes (ou suave por partes ) se
existir uma partição finita de [a, b] em subintervalos tal que a restrição de γ a cada subin-
tervalo seja regular. γ é dita fechada se γ(a) = γ(b). Se γ é fechada e o seu traço não se
intercepta em nenhum outro ponto então γ é dita curva fechada simples.
γ(a) = γ(b)
¼
I γ(a) = γ(b)
º
* µ
ª
ª
7
Exemplos:
1. γ : [ −1 , 1 ] → R2 , γ(t) = (t3 , t2 ) .
y = t2 = (t3 )2/3 = x2/3
Assim o traço da curva está contido no gráfico da função y = x2/3 .
y 6
q q
R µ
-
x
2. γ : R → R2 , γ(t) = (t3 − 4t , t2 − 4) .
γ 0 (t) = (3t2 − 4 , 2t) 6= (0, 0) , ∀ t ∈ R .
γ ∈ C∞ .
Assim γ é regular.
Note: γ(−2) = γ(2) = (0, 0)
γ 0 (−2) = (8 , −4) e γ 0 (2) = (8 , 4)
6y
j *
-
x
¸
-4
8
3. O
gráfico de uma função contı́nua y = f (x), a ≤ x ≤ b , pode ser parametrizado assim:
x=t
t ∈ [a, b]
y = f (t)
y6 q
¸
q
-
a b x
Um resultado que temos é o seguinte: uma curva regular (ou suave) não tem bicos (qui-
nas).
De fato:
Uma curva regular é tal que o vetor tangente varia de maneira contı́nua.
Em um bico (quina) a mudança do vetor tangente só pode ser contı́nua se no bico ele for
nulo (contra a regularidade da curva).
q
q
N j
±
y6
p
pp
¡
µ¡
¡ -
¡ x
¡
µ
¡
p
pp
9
Iremos agora fazer uma convenção:
Seja γ : [a, b] → R3 .
Iremos denotar por −γ a curva definida como:
q
γ(b)
−γ ±γ
°
q
γ(a)
Exercı́cios:
Resolução:
Temos (γ q γ)(t) = γ(t) q γ(t) = kγ(t)k2 = C .
Derivando obtemos (γ q γ)0 (t) = 0.
Usando a propriedade da derivada do produto escalar obtemos:
@
I
@
@
¡
µ
r
¡
10
2. A figura abaixo é descrita por um ponto P sobre uma circunferência de raio a que
rola sobre o eixo x . Esta curva é chamada ciclóide. Determinar uma parametrização
dela.
y6
µ
r
r -
x
y6
pC
a
Py r Kt
Q
y
p -
o x
A B x
C(at , a)
K
a t
a cos t
P (x,y) Q(at,y)
a sen t
11
dx dy
Assim: = a(1 − cos t) e = a sen t , que são funções contı́nuas. Ainda, estas se
dt dt
anulam em t = 2 n π , ∀ n ∈ N . Logo a ciclóide não é suave.
Nota 1: Vamos registrar aqui algumas propriedades da ciclóide. Para maiores detalhes o
leitor pode consultar o Livro Cálculo com Geometria Analı́tica - Vol. 2 - Simmons - pg. 259.
y6
- Tangente - “topo” do cı́rculo
r
- comprimento = 4(2a)
r
P r
r -
2πa x
Rárea = 3(πa2 )
Nota 2: Vamos aqui também apresentar algumas curiosidades à respeito desta curva. O
leitor interessado em maiores detalhes pode consultar o Livro citado anteriormente na Nota
1, pg. 264.
*A
- arruela
- arame delgado
B (arbitrário)
Qual deve ser a forma do arame (trajetória) que permita a arruela ir de A até B no menor
tempo possı́vel?
A resposta é uma ciclóide (invertida) com A na origem.
Não é o segmento de reta.
(Menor tempo: braquistócrona)
Outra propriedade:
12
A
a
// //
q γ(b)
γ µγ 0 (ti )
¡
- ¡
ti ¡
@
q q
¡
¾ - γ(a) CC ¡
a b
∆i
13
Observação: O Leitor interessado na dedução desta fórmula pode consultar, por exemplo,
o livro Advanced Calculus - Buck - pg. 321.
Exemplos:
6y
¾
-
-
x
-1 1
Exemplos:
1. Consideremos a situação:
14
6y
¸
γ(t) γ 0 (t)
j
?
γ 00 (t)
-
x
Conclua que γ 00 (t) aponta para o lado côncavo de γ , como ilustrado acima.
3. Uma partı́cula percorre uma circunferência com velocidade angular constante. Mostre
que a aceleração é representada por um vetor de módulo constante, orientado para o
centro da circunferência (este vetor é chamado aceleração centrı́peta ).
Sem perda de generalidade, podemos supor:
15
y 6
6z
*
γ 0 (t)
¡*
¡ θ
µ
γ(t)
~ 6
w
-
y
ªx
16
~ = w ~k - chamado velocidade angular de γ .
Definimos w
¯ ¯
¯ ~ ¯
¯ ~ı ~ k ¯
¯ ¯
¯ ¯ 0
w
~ × γ(t) = ¯ 0 0 w ¯ = −a w sen(wt)~ı + a w cos(wt)~ = γ (t) .
¯ ¯
¯ ¯
¯ a cos(wt) a sen(wt) h ¯
y 6
µ
α *
I γ(t)
-
o A x
m ~a = m ~g
ou
γ 00 (t) = ~g
Integrando:
γ 0 (t) = t · ~g + ~c
17
Ainda: ~0 = γ(0) = d~
1 1
Logo: γ(t) = t2 ~g + t ~v0 = − t2 g ~ + t(v0 cos α~ı + v0 sen α ~)
2 2
Temos então as equações paramétricas:
x = (v0 cos α)t
(∗)
y = − 1 t2 g + (v0 sen α)t
2
Eliminando t , temos:
−g
y= 2 2
x2 + (tg α)x - o que mostra que a trajetória é uma parábola.
2v0 cos α
2 v0 sen α v 2 sen(2α)
x = v0 cos α = 0 .
g g
Altura Máxima:
y 0 = −tg + v0 sen α = 0
v0 sen α
t=
g
v0 sen α v02 sen2 α
Assim a altura máxima ocorre em t = e hmax = .
g 2g
18
NOTAS DE AULA
1
Capı́tulo 1
¡ ¢1/2
kP k = x21 + x22 + · · · + x2n
¡ ¢1/2
Se P ∈ R2 , então kP k = x21 + x22 , que é reconhecida com “distância” do ponto P à
origem, ou seja, o comprimento do vetor associado a P .
Analogamente, para P ∈ R , P ∈ R3 , etc...
Usamos agora a definição de norma para definir distância no Rn . Dizemos que a distância
entre os pontos P e Q é dada por kP − Qk .
Se P = (x1 , . . . , xn ) e Q = (y1 , . . . , yn ), então
£ ¤1/2
d(P, Q) = kP − Qk = (x1 − y1 )2 + (x2 − y2 )2 + · · · + (xn − yn )2
Observação: Esta é a distância euclidiana. Observamos que, além deste, há outros conceitos
de distância.
2
Pq
y - P −Q
O
*q
q
0
y 6
P0 −δ P0 P0 +δ
q
Pq0
6z
-
x
Pq0
q
¼ y
x
B(P0 , δ) = {P ∈ Rn | d(P, P0 ) ≤ δ}
S(P0 , δ) = {P ∈ Rn | d(P, P0 ) = δ}
Observação: Uma bola aberta de centro P0 e raio δ > 0 também será chamada uma
vizinhança de raio δ do ponto P0 .
Notação: Vδ (P0 )
3
(a) dizemos que P é ponto interior a S , se existe δ > 0 tal que B(P, δ) ⊂ S .
(b) dizemos que P é ponto exterior a S , se existe δ > 0 tal que B(P, δ) não contém
qualquer elemento de S , isto é, B(P, δ) ∩ S = ∅ ;
(c) dizemos que P é ponto fronteira de S , quando P não é interior nem exterior a S ,
isto é, ∀ δ > 0, B(P, δ) contém pontos de S e pontos que não são de S .
Exemplos:
Q
º
(1) P é exterior a S y 6
Q é interior a S
S
R é fronteira de S
: P
-
R
-
x
½µ ¶ ¾ y 6
1 1
(2) S= , , n∈N q
n n qR
q Q
P é ponto fronteira de S q
q
q
Q é ponto fronteira de S q
q
q q
R é ponto exterior a S qq -
I P x
Definição 1.1.2. Seja A ⊂ Rn . Dizemos que A é aberto, se todo ponto de A for interior
a A , isto é, ∀ P ∈ A, ∃ δ > 0 tal que B(P, δ) ⊂ A .
Exemplos:
1. Rn é aberto no Rn
4
2. A = {P ∈ R2 ; kP k < 1} é aberto em R2 .
De fato:
6y 1 1−r
KU
K
r
U
°
Po
-
x
6y
1
C é aberto -
x
5
5. C ∪ {(0, 1)} não é aberto.
Exemplos:
3. A = {(x, y) | x2 + y 2 < 1}
O conjunto dos pontos de acumulação de A é: {(x, y) | x2 + y 2 ≤ 1}
y 6
r
(1,1)
(1,0)
r -
x
6
Exercı́cio: Mostre que se P é ponto de acumulação de um conjunto A , então toda B(P, δ)
contém infinitos pontos de A .
Conclua disto que um conjunto finito não pode ter pontos de acumulação.
Exemplos:
Exemplos:
1. Rn é fechado
2. ∅ é fechado
Exercı́cios:
7
Observação: Na linguagem comum as palavras aberto e fechado são exclusivas e totali-
zantes. Tal fato não ocorre aqui, como mostram os exemplos abaixo:
Teorema 1.1.6. Um conjunto é fechado se, e somente se, seu complementar é aberto.
Prova:
(→) Seja F - conjunto fechado
∀ P ∈ CF ⇔ P 6∈ F (fechado) ⇒ P não é ponto de acumulação de F ⇔ ∃ δ > 0 tal que
B(P, δ) ⊂ CF . Portanto CF é aberto.
Definição 1.1.7. A ⊂ Rn é dito limitado se existe δ > 0 tal que A ⊂ B(0, δ).
y 6
...
.......
.......
......
....
... ...
δ A
........
......
......
......
.......
........
........
.........
........
........
......
.....
...
N -
x
Exemplos:
8
1. Qualquer B(P, δ) é um conjunto limitado
Vamos agora enunciar um dos resultados básicos do Cálculo, que garante a existência de
pontos de acumulação. Para a prova, o leitor pode consultar o livro: Advanced Calculus,
Buck, pg. 38 .
Exemplos:
Definição 1.1.10. Uma coleção {Ωα }α∈I de conjuntos abertos é chamada uma cobertura
[
aberta ou um recobrimento aberto do conjunto A ⊂ Rn se A ⊂ Ωα .
α∈I
Exemplos:
Exemplo:
9
1. {B(0, n)}n∈N cobertura do Rn
{B(0, n)}n∈2N subcobertura do Rn relativa a cobertura acima
Uma caracterização de grande valor teórico dos conjuntos compactos (cuja prova pode
ser encontrada em Advanced Calculus, Buck, pg. 39) é a seguinte:
Exercı́cios 1.1:
P = {(x, y) ∈ R2 | x, y ∈ Q}
(a) {(x, y) ∈ R2 | x ≥ 0}
(c) {(x, y) ∈ R2 | x, y ∈ Z}
(d) R3
10
(e) {(x, y) | x2 − y 2 ≥ 1}
©¡ 1 1 ¢ ª
(f) m n
, | m, n ∈ N . Esboce o conjunto.
9. Justifique porque não se pode aplicar o teorema de Heine-Borel aos seguintes conjuntos
e respectivos recobrimentos:
10. Mostre que um ponto fronteira de S que não está em S é um ponto de acumulação
de S .
12. Prove que um conjunto A ⊂ Rn que não tenha pontos de acumulação não tem pontos
interiores.
1.2.1 Definição
11
Os pontos de A são chamados variáveis independentes.
A ⊂ Rn
R
Pr - q f (P )
f
Notação: f : A ⊂ Rn → R .
Exemplos:
1. f : A ⊂ R3 → R
f (x, y, z) = altura em relação ao plano xy
A = {(x, y, z) ∈ R3 | x2 + y 2 + z 2 = 1}
6z
R
f -
- 0
y
p
ªx
12
2. Pi : Rn → R
(x1 , . . . , xn ) → xi Chamada i-ésima projeção.
Por exemplo, n = 3 e i = 2 , (x, y, z) → y .
6z
q
Uq
z
y
ªx
y
Exercı́cio: Encontre o domı́nio da função dada por f (x, y) = p .
x − y2
Encontre também os pontos (x, y) para os quais f (x, y) = 1 .
Resolução:
A expressão só faz sentido nos pontos (x, y) tais que x − y 2 > 0 ou seja x > y 2 .
p
Ainda: f (x, y) = 1 ⇔ y = x − y 2 ⇔ y 2 = x − y 2 , y ≥ 0 ⇔ x = 2y 2 , y ≥ 0 .
A seguir representamos o domı́nio de f e os pontos onde f (x, y) = 1 .
y 6
x = y2
x = 2y 2 ; y ≥ 0
r -
x
13
1.2.2 Gráficos
Exemplos:
6y
Gf
®
f (a)
(1) f : I ⊂ R → R
[ ] -
a I x
6z
1y
(2) f : R2 → R b
q
2
f (P ) = 2
a
Gf = {(x, y, 2) / x, y ∈ R}
xj
6z
(3) f : R2 → R
q
(x, y) → y 1
y
b b
Gf = {(x, y, y) / x, y ∈ R}
q
x
14
6z
2
(4) f : A ⊂ R → R ¡
¡
(x, y) → x2 + y 2 ¡
q
A = {(x, y) ∈ R2 / x ≥ 0, y ≥ 0}
-
Gf = {(x, y, x2 + y 2 ) / x ≥ 0, y ≥ 0} y
ªx
z
6
:
(5) f : R2 → R
f (P ) = distância de P ao
ponto (0,0), ou seja,
p
f (x, y) = x2 + y 2 XX© ©
© XXXX
© XXX
©©
©
¼ y
X
z
x
6z
(6) f : R2 → R
(x, y) → x2
Gf = {(x, y, x2 ) | x, y ∈ R}
)
x
j
y
Exercı́cios 1.2:
2. Tente definir uma função f : R2 → R cujo gráfico seja uma “telha eternit” .
15
1.3 Curvas e Superfı́cies de Nı́vel
Existe uma outra técnica gráfica útil para descrever o comportamento de uma função
de duas variáveis. O método consiste em descobrir no plano xy os gráficos das equações
f (x, y) = k para diferentes valores de k . Os gráficos obtidos desta maneira são chamados as
curvas de nı́vel da função f .
f : A ⊂ R2 → R
y6
R
q
* k
f
-
x
² A
curva de
nı́vel k
ou
6z
*
y
: curva de nı́vel
f (x, y) = k
z x
Exemplos:
16
250
300
350
2. f : R2 → R
f (x, y) = x2 + y 2
As curvas de nı́vel são os gráficos das equações x2 + y 2 = k .
6z
:
6y
¡
4 ¡
1 ¡
p̀ -
x
-
y
ªx
3. f : D ⊂ R2 → R
1
f (x, y) = 2
x + y2
Curvas de nı́vel: x2 + y 2 = c . :
z
6
6y
1
4
1
p̀ -
x
¼ j
x y
17
4. z = f (x, y) = x2 − y 2
Curvas de nı́vel:
x2 − y 2 = c
c = 0 → |x| = |y|
c 6= 0 - hipérboles
6y
0 6z
@ −1 ¡
@ ¡
@ ¡ 1
@ ¡
@ ¡
@ ¡ -
x
-
¡
@
¡ @ x ¡
¡ y¡
ª
@
¡ @
¡ @
¡ @
¡ @
0
f : A ⊂ R3 → R
6z R
* sup. de nivel k1
j q
k1
q f
z q k2
q
k3
-
y
x
¼
18
Exemplos:
6z
(1) f : R3 → R
f (x, y, z) = 2x + y + z
superfı́cies de nı́vel
2x + y + z = k
-
planos paralelos y
x
+
z
6
(2) g : R3 → R
g(x, y, z) = x2 + y 2 + z 2
superfı́cies de nı́vel q
z
x2 + y 2 + z 2 = k ≥ 0 y
(3) h : R3 → R z
6
y
h(x, y, z) =
ex
superfı́cies de nı́vel
y = kex ¡ -
¡ y
¡
¡
x¡
ª ²
S : h(x, y, z) ≡ 1
19
f qK
B j
q 0
q
−K
A ⊂ Rn
Exemplos:
1. f : R2 → R
f (x, y) = 2x + y
B = {(x, y) ∈ R2 | x2 + y 2 ≤ a2 }
f é limitada em B ; senão vejamos:
|f (x, y)| = |2x + y| ≤ 2|x| + |y| ≤ 2a + a = 3a .
2. f : R2 − {(0, 0)} → R
1
f (x, y) = 2
x + y2
f não é limitada em R2 − {(0, 0)} .
q q0
*
p
j P
0 pp
20
:
Exemplo:
z
6
f : R2 − {(0, 0)} → R
1
f (x, y) = 2
x + y2
não é limitada em
R2 − {(0, 0)} mas é limitada
em qualquer ponto de
R2 − {(0, 0)} .
¼ j
x y
Prova:
Para todo P ∈ C existe B(P, δp ) tal que
Portanto f é limitada em C .
Exercı́cios 1.4:
1. Determinar os domı́nios máximos de cada uma das funções abaixo, esboçando-os gra-
21
ficamente:
x ln(x − 2y)
(a) z = arc sen (b) z = √
x+y y − 2x
x
(c) z = ln(36 − 4x2 − 9y 2 ) (d) z = 2
y − 4x
p p
(e) z = x2 − y 2 + x2 + y 2 − 1
H = {(x, y) ∈ R2 | x ≤ y ≤ x + 1} .
(a) f (x, y) = xy
1.5 Limites
Definição 1.5.1. Escrevemos lim f (P ) = L e dizemos que limite da função f no ponto
P →P0
P0 é igual a L quando:
22
(i) f : A ⊂ Rn → R e P0 é ponto de acumulação de A .
R
A⊂R n f
j L+ε
q q
L
q P
L−ε
0
Exemplos:
1. f : R2 → R
(x, y) → x
f é infinitésima no ponto (0,0)
De fato:
√ p
Sabemos que |x| = x2 ≤ x2 + y 2
Dado ε > 0 tomamos δ ≤ ε .
Então,
p
x2 + y 2 < δ =⇒ |x| < δ ≤ ε
23
2. f : R2 → R 6y
f (x, y) = x + y 2 2
lim f (x, y) = 3 1¡¡
(x,y)→(2,1)
1 q¡
De fato:
-
Sabemos que 2 x
|x + y 2 − 3| = |x − 2 + y 2 − 1| ≤ |x − 2| + |y + 1| |y − 1|
n εo
Então, dado ε > 0 tomamos δ = min 1 , .
4
Logo, |y + 1| < 3 .
Teremos,
ε
[(x−2)2 +(y −1)2 ]1/2 < δ ⇒ |x+y 2 −3| ≤ |x−2|+|y +1| |y −1| ≤ δ +3δ = 4δ ≤ 4 = ε
4
Propriedades:
1 1
3. Se lim f (P ) = L 6= 0 , então, lim =
P →P0 P →P0 f (P ) L
g(P ) M
Ainda se lim g(P ) = M , então, lim =
P →P0 P →P0 f (P ) L
4. Se uma função tem limite em um ponto P0 então ela é limitada em P0 . (P0 pertencente
ao domı́nio da função).
24
Idéia:
- q
A ⊂ Rn L
q
0
q
P0
|L|
ε=
2
// //
No caso de uma variável vimos que existem somente duas “direções” através das quais o
ponto P pode se aproximar do ponto P0 . Introduzimos então as noções de limite à esquerda
e à direita. No caso de duas variáveis (ou mais) temos um número infinito de “modos de
aproximação”.
O caso geral é coberto pela seguinte definição:
se, e somente se, correspondendo a cada ε > 0 existe um δ > 0 tal que
0 < kP − P0 k < δ
=⇒ |f (P ) − L| < ε
P ∈S
R
f
j L+ε
A ⊂ Rn Pq 0 q L
L−ε
S
25
Observação: Um importante caso especial é S
n
quando S é um segmento ou um arco de curva. A⊂R
q
P0
Teorema 1.5.3. Se f (P ) está definida para todos pontos P em uma vizinhança de P0 , exceto,
possivelmente, em P0 e lim f (P ) = L , então o limite de f (P ) existe para P aproximando-
P →P0
se de P0 em qualquer conjunto S que tenha P0 como ponto de acumulação e sempre tem o
mesmo valor L .
Observação:
Este teorema fornece um critério:
Se os limites em dois caminhos diferentes são diferentes então o limite não existe.
Exemplos:
z
6
1. f : R2 → R ¡
¡
1 , para x 6= 0 1 ¡
f (x, y) = ¡
0 , para x = 0 ¡ -
¡ y
2
S1 = {(x, y) ∈ R | y = 0} ªx
S2 = {(x, y) ∈ R2 | x = 0}
26
lim f (x, y) = lim 0=0
(x,y)→(0,0) (x,y)→(0,0)
(x,y)∈S2 (x,y)∈S2
2. f : R2 − {(0, 0) → R
xy
f (x, y) = p
x2 + y 2
P ∈ eixo y
=⇒ xy = 0 =⇒ f (P ) = 0
P ∈ eixo x
Portanto, lim f (P ) = 0 .
P →0
3. g : R2 − {(0, 0)} → R
xy
g(x, y) =
x2 + y2
g(P ) ≡ 0 quando P está em um dos eixos coordenados, de modo que g(P ) converge
para 0 quando P aproxima-se de O pelos eixos. Entretanto lim g(P ) não existe.
P →O
2
Seja S = {(x, y) ∈ R | x = y}
1
g(P ) = g(x, x) =
2
1
lim g(P ) = 6= 0
P →0 2
P ∈S
27
4. F : R2 − {(0, 0)} → R
xy 2
F (x, y) =
x2 + y 4
Se P pertence a um dos eixos, F (P ) = 0
Sobre a reta y = x :
x
F (P ) = F (x, x) = de modo que lim F (P ) = 0 .
1 + x2 P →0
P =(x,x)
De fato, F (P ) converge para 0 conforme P aproxima-se da origem ao longo de toda
reta passando pela origem.
Vejamos:
Seja y = mx
m2 x
F (P ) = F (x, mx) = e assim lim F (P ) = 0 .
1 + m 4 x2 P →0
y=mx
Apesar disto, não é verdade que lim F (P ) = 0 .
P →0
2
Tomemos S = {(x, y) | y = x}
1
F (P ) = F (y 2 , y) =
2
1
lim F (P ) = .
P →0 2
6y
P ∈S
N +
@ ¡
@ ¡
@ ¡ )
@ ¡
@ ¡
¡
@ -
¡ @ x
¡ @
¡ @
µ
¡ @
±
¡
¡ @
@
k
1.6 Continuidade
Definição 1.6.1. Sejam f : A ⊂ Rn → R , P0 um ponto de acumulação de A com P0 ∈ A .
f é dita contı́nua em P0 se lim f (P ) = f (P0 ), ou seja:
P →P0
28
dado ε > 0 , ∃ δ > 0 tal que
kP − P0 k < δ
=⇒ |f (P ) − f (P0 )| < ε .
P ∈A
Definição 1.6.2. Uma função f é dita contı́nua em um conjunto B quando for contı́nua
em todo ponto de B .
Exemplos:
1. f : R2 → R f (x, y) = x + y
Seja (x0 , y0 ) ∈ R2
Dado ε > 0
Queremos δ > 0 tal que
£ ¤1/2
(x − x0 )2 + (y − y0 )2 < δ =⇒ |x + y − (x0 + y0 )| < ε
mas
|x + y − (x0 + y0 )| ≤ |x − x0 | + |y − y0 | < δ + δ = 2δ
ε
Basta tomar δ = .
2
2. p1 : R2 → R 6y
p1 (x, y) = x
y0 q
2
p1 é contı́nua no R .
Olhe a ilustração ao lado.
Qual o δ apropriado?
-
x0 x
3. pi : Rn → R
pi (x1 , . . . , xn ) = xi
pi é contı́nua no Rn .
29
2 2
x − y , se (x, y) 6= (0, 0)
4. f (x, y) = x2 + y 2
0, se (x, y) = (0, 0)
Propriedades:
5. Se uma função é contı́nua em um conjunto compacto, então ela é limitada nesse con-
junto.
De fato:
Como a função tem limite em todos os pontos do conjunto, ela é limitada em todos os
pontos do conjunto compacto. Pelo teorema 1.4.3 ela é limitada no conjunto.
30
Definição 1.6.3. f : A ⊂ Rn → R , B ⊂ A.
Imagem do conjunto B pela função f é o conjunto f (B) = {f (P ) / P ∈ B}.
Assim, por exemplo, a função f é dita limitada em B se f (B) é limitado.
Observação: Com esta definição a propriedade (5) pode ser enunciada assim:
Teorema 1.6.4. Se uma função é contı́nua em um conjunto compacto então existe um ponto
onde ela atinge seu extremo superior e um ponto onde ela atinge seu extremo inferior.
g ◦ f : A ⊂ Rn → R
(g ◦ f )(p) = g(f (P ))
A ⊂ Rn
q f (P )
q g(f (P ))
r g
P f µ
µ
g◦f
31
Teorema 1.6.6. Sejam f : A ⊂ Rn → B ⊂ R e g : B → R tais que f seja contı́nua em P0
e g contı́nua em f (P0 ). Então g ◦ f é contı́nua em P0 .
f
P0 y g
j
q
f (P0 ) q
qXX δ1 g(f (P0 ) q
δ2
ε
Logo para
kP − P0 k < δ2 =⇒ |f (P ) − f (P0 )| < δ1 =⇒ |g(f (P )) − g(f (P0 ))| < ε .
Portanto, g ◦ f é contı́nua em P0 .
Exercı́cios 1.6:
32
Prove que a função tem limite igual a 1 nos pontos (x0 , y0 ) com x0 > 0 e que tem limite
igual a −1 nos pontos (x0 , y0 ) com x0 < 0. Prove ainda que não tem limite nos pontos
(0, y0 ) .
2 2
x − y , (x, y) 6= (0, 0)
8. (a) Mostre que a função f (x, y) = x2 + y 2 é limitada em R2 .
0 , (x, y) = (0, 0)
33
(b) Mostre que f (x, y) não tem limite em (0, 0).
· ¸
x2 − y 2
(c) Caso exista, determine o valor lim sen(x + y) 2 .
x→0
y→0
x + y2
Notações:
y 6
∂f
fx (x0 , y0 ) ; (x0 , y0 ) ; f1 (x0 , y0 )
∂x
A
y0 q
∂z
zx (x0 , y0 ) ; (x0 , y0 )
∂x
-
Assim: x0 x
· ¸
df (x, y0 ) f (x0 + ∆x, y0 ) − f (x0 , y0 )
fx (x0 , y0 ) = = lim .
dx x0
∆x→0 ∆x
Considerando z como uma função de y , para x fixo, obtemos de maneira semelhante uma
∂f ∂z
outra derivada parcial fy = = f2 = z y =
∂y ∂y
Temos
f (x0 , y0 + ∆y) − f (x0 , y0 )
fy (x0 , y0 ) = lim
∆y→0 ∆y
34
Interpretação Geométrica
z 6 β
y* M
y0
x0 6
α
xR
z6 z6
β
I
y 3y
3́
´
´
´
y0
y0 Oα
´
´ ´
´
´ ´
´ ´
x0
x0
tg α = fx (x0 , y0 ) s tg β = fy (x0 , y0 )
x xR
outras ilustrações:
35
6
z z6
: z = f (x0 , y)
- z = f (x, y0 )
* fy (x0 , y0 )
1
- fx (x0 , y0 ) ¼ 1 -
y0 y y0 y
x0 x0
ªx ªx
Observação: Para se achar as derivadas parciais de uma função dada por uma lei de
formação podem-se aplicar as regras usuais para funções de uma variável, tratando-se to-
das as variáveis independentes, exceto uma, como constantes.
36
1.7.2 Derivadas parciais de ordem superior
Notação: f ∈ C k ou f ∈ C ∞ .
Observação: Nestes dois exemplos notamos que fxy (x, y) = fyx (x, y), isto é, a ordem de
derivação não influi no resultado, mas isto nem sempre é válido.
37
De fato:
Consideremos z = f (x, y) = x + |y|
Prova:
Seja φ(x) = f (x , y0 + k) − f (x, y0 ), onde k e y0 são fixados.
Para x suficientemente próximo de x0 e k pequeno, φ é uma função da única variável x ,
diferenciável no intervalo (x0 , x0 + h) e contı́nua em [x0 , x0 + h], h pequeno.
Para esta função aplicamos o Teorema do Valor Médio para funções de uma variável, entre
x0 e x0 + h, obtendo:
[f (x0 + h , y0 + k) − f (x0 + h , y0 )]−[f (x0 , y0 + k) − f (x0 , y0 )] = h·k fxy (x0 +θ1 ·h , y0 +θ2 ·k)
Dividindo por k e fazendo k → 0 obtemos fy (x0 +h , y0 )−fy (x0 , y0 ) = h fxy (x0 +θ1 h , y0 ),
desde que fxy é contı́nua.
Novamente usando a continuidade de fxy , dividimos por h e fazemos h → 0 e obtemos
38
¤
Observação: Vejamos outro exemplo onde não temos a igualdade fxy = fyx .
Consideremos:
2 2
xy · x − y se (x, y) 6= (0, 0)
f (x, y) = x2 + y 2
0 se (x, y) = (0, 0)
4xy 2 x2 − y 2
fx (x, y) = xy · + y · , (x, y) 6= (0, 0)
(x2 + y 2 )2 x2 + y 2
−4yx2 x2 − y 2
fy (x, y) = xy · 2 +x· 2 , (x, y) 6= (0, 0)
(x + y 2 )2 x + y2
f (∆x, 0) − f (0, 0)
fx (0, 0) = lim =0
∆x→0 ∆x
f (0, ∆y) − f (0, 0)
fy (0, 0) = lim =0
∆y→0 ∆y
fx (0, ∆y) − fx (0, 0)
fxy (0, 0) = lim = −1
∆y→0 ∆y
fy (∆x, 0) − fy (0, 0)
fyx (0, 0) = lim =1
∆x→0 ∆x
Exercı́cios 1.7.2:
³ π´ ³ π´
1. Se f (x, y) = (x − y) sen(3x + 2y) calcule: (a) fx 0, , (b) fy 0,
3 3
2. Calcule ux e uy quando:
p
(a) u = exy sen(x + y) (b) u = ln(x4 + y 4 ) arcsen 1 − x2 − y 2
3. Se
39
2 2
x y + xy para x 6= −y
f (x, y) = x+y
0 para x = −y
xy
7. Calcule fy (1, 2) onde f (x, y) = xx + sen (πx)[x2 + sen (x + y) + ex cos2 y].
Sugestão: Existe uma maneira muito fácil de fazer isto.
1.7.3 Diferenciabilidade
Quando uma função de uma variável é derivável em um ponto, ela é também contı́nua
neste ponto. Observe agora o que acontece com o exemplo a seguir:
Exemplo:
xy
, para (x, y) 6= (0, 0)
f (x, y) = x2
+ y2
0 , para (x, y) = (0, 0)
40
Note que não existe limite no ponto (0, 0) (visto anteriormente), e assim, f não é contı́nua
em (0, 0).
Mas f é derivável em relação a x e a y em (0, 0). De fato:
Fixando-se y = 0 =⇒ z = f (x, 0) ≡ 0, e assim fx (0, 0) = 0 .
Fixando-se x = 0 =⇒ z = f (0, y) ≡ 0, e assim fy (0, 0) = 0 .
Assim é possı́vel que uma função tenha todas as derivadas parciais em um ponto e que
não seja contı́nua naquele ponto.
Vamos então introduzir o conceito de diferenciabilidade, que entre outras propriedades,
vai garantir a continuidade da função. Na realidade ele implicará que o gráfico da função
não tem quinas, e em particular, que não tem saltos. Será introduzido por analogia com o
conceito de diferenciabilidade de funções de uma variável.
y = f (x) é diferenciável em x0 , se existe uma reta passando por (x0 , f (x0 )) de equação
Y = f (x0 ) + m(x − x0 ) ,
tal que a diferença f (x) − Y seja um infinitésimo de ordem superior, em comparação com
x − x0 , quando x → x0 , isto é:
f (x) − Y
lim =0
x→x0 x − x0
y6 y = f (x)
Y
f (x0 )
-
x0 x x
f (x) − f (x0 )
lim
x→x0 x − x0
41
Mas ser derivável é equivalente a ser diferenciável (para funções de uma variável).
De fato:
=⇒ Suponhamos f derivável em x0 .
f (x) − f (x0 )
Então existe lim = m.
x→x0 x − x0
Consideremos a reta de equação Y = f (x0 ) + m(x − x0 )
µ ¶
f (x) − Y f (x) − f (x0 ) − m(x − x0 ) f (x) − f (x0 )
lim = lim = lim −m =0
x→x0 x − x0 x→x0 x − x0 x→x0 x − x0
Portanto f é diferenciável em x0 .
⇐= Suponhamos f diferenciável em x0 .
f (x) − Y f (x) − f (x0 ) − m(x − x0 )
0 = lim = lim =
x→x0 x − x0 x→x0 x − x0
µ ¶
f (x) − f (x0 ) f (x) − f (x0 )
= lim − m =⇒ lim =m
x→x0 x − x0 x→x0 x − x0
Portanto f é derivável em x0 .
Assim, geometricamente, podemos traçar uma tangente ao gráfico da função f pelo ponto
(x0 , f (x0 )).
Exercı́cio Conceitual:
42
y 6
C
qP
t
µ
p
q
P0
-
x
Nota: O exercı́cio anterior mostra que em um sentido preciso o ângulo entre a reta tangente
e a curva é zero no ponto de tangência.
Diz-se que z = f (x, y) é diferenciável num ponto (x0 , y0 ), se existe um plano pelo ponto
(x0 , y0 , f (x0 , y0 )), de equação:
tal que a diferença f (x, y) − Z seja um infinitésimo de ordem superior, em comparação com
p
α = (x − x0 )2 + (y − y0 )2 , quando α → 0, isto é:
f (x, y) − Z
lim =0 (∗)
α→0 α
E(h, k)
lim =0 (∗∗)
(h,k)→(0,0) k(h, k)k
43
. Passando ao limite, com (h, k) → (0, 0), obtemos:
y6
y0 q q
-
x0 x0 + h x
Obtemos:
f (x0 + h , y0 ) − f (x0 , y0 ) − Ah
lim =0
h→0 |h|
Isto equivale a:
f (x0 + h , y0 ) − f (x0 , y0 ) − Ah
lim =0
h→0 h
ou · ¸
f (x0 + h , y0 ) − f (x0 , y0 )
lim −A =0
h→0 h
ou · ¸
f (x0 + h , y0 ) − f (x0 , y0 )
lim =A
h→0 h
Assim, fx (x0 , y0 ) = A .
Analogamente, fy (x0 , y0 ) = B .
Portanto: se f for diferenciável num ponto (x0 , y0 ), então f tem derivadas parciais nesse
ponto. Além disso, o plano de equação
44
aproxima o gráfico de z = f (x, y) no seguinte sentido:
f (x, y) − Z
lim =0
α→0 α
ou, na notação alternativa
E(h, k)
lim =0
(h,k)→(0,0) k(h, k)k
Este é um modo de exprimir o fato de que o plano é tangente à superfı́cie no ponto
(x0 , y0 , f (x0 , y0 )).
- −E(h,k)
z 6
1
y
y0 +k
6 : k(h,k)k
y0
x0
x0 +h
xj
Exemplos:
1. z = g(x, y) = x + y
g é diferenciável em (x0 , y0 ), ∀ (x0 , y0 ) ∈ R2 .
De fato:
Consideremos o plano
Z = x0 + y0 + 1(x − x0 ) + 1(y − y0 ) = x + y
g(x, y) − Z
= 0 → 0 com α → 0
α
2. z = f (x, y) = xy
f é diferenciável em (x0 , y0 ), ∀ (x0 , y0 ) ∈ R2 .
De fato:
Consideremos o plano
Z = x0 y0 + y0 (x − x0 ) + x0 (y − y0 )
45
f (x, y) − Z x(y − y0 ) − x0 (y − y0 ) (x − x0 )(y − y0 )
=p =p →0
α 2
(x − x0 ) + (y − y0 ) 2 (x − x0 )2 + (y − y0 )2
3. p1 (x, y) = x
p1 é diferenciável em (x0 , y0 ), ∀ (x0 , y0 ) ∈ R2 .
De fato:
Consideremos o plano
Z = x0 + 1(x − x0 ) = x
p1 (x, y) − Z
= 0 → 0 com α → 0 .
α
Observação 1: Observe os exemplos (1) e (3). Qual é o tipo de gráfico destas funções ?
Qual seria o plano esperado para resolver o problema da diferenciabilidade ?
Propriedades:
Observação 1: Já vimos que toda função diferenciável é contı́nua, mas nem toda contı́nua
é diferenciável.
Exemplo:
z = f (x, y) = |x| + |y| é contı́nua em (0, 0).
∂z
Fixando y = 0 =⇒ z = |x| =⇒ (0, 0) não existe.
∂x
46
Sabemos que se z = f (x, y) é diferenciável, então ela tem derivadas parciais. Assim, z =
|x| + |y| não é diferenciável em (0, 0).
Exemplos:
xy
, para (x, y) 6= (0, 0)
1. z = f (x, y) = x2
+ y2
0 , para (x, y) = (0, 0)
Já foi visto anteriormente que fx (0, 0) = fy (0, 0) = 0. Ainda: f não é contı́nua (e
portanto não é diferenciável) em (0, 0).
p
2. z = g(x, y) = |xy|
Observe que gx (0, 0) = gy (0, 0) = 0 e que g é contı́nua em todo ponto do plano.
Ainda assim, g não é diferenciável na origem, pois:
p
E(h, k) g(h, k) − [g(0, 0) + 0 · h + 0 · k] |h k|
= =√
k(h, k)k k(h, k)k h2 + k 2
não tende a zero com (h, k) → (0, 0) (observe o que acontece na direção h = k ).
Tente esboçar o gráfico de g .
47
k) − f (x0 + h , y0 )] + [f (x0 + h , y0 ) − f (x0 , y0 )].
Usando o Teorema do Valor Médio para funções de uma variável sobre cada uma das
diferenças acima, obtemos:
∆f = fy (x0 + h , y1 ) · k + fx (x1 , y0 ) · h
n1 · h + n2 · k
√ →0
h2 + k 2
mas ¯ ¯
¯ n1 · h + n2 · k ¯
¯ √ ¯ ≤ (|n1 | + |n2 |) → 0
¯ h2 + k 2 ¯
√
conforme h2 + k 2 → 0 . ¤
Exemplo:
Seja z = f (x, y) = sen(xy)
fx (x, y) = y · cos(xy)
fy (x, y) = x · cos(xy)
são contı́nuas em todo ponto (x, y) ∈ R2 . Logo pelo teorema anterior, f (x, y) = sen(xy) é
diferenciável em todo ponto (x, y) ∈ R2 .
Observação: Embora o teorema anterior pareça resolver todos os problemas no que se refere
a mostrar que uma função é diferenciável, há casos em que ele não se aplica, ou seja: existem
funções diferenciáveis em um ponto cujas derivadas parciais não são contı́nuas neste ponto.
Neste caso a verificação da diferenciabilidade deve ser feita pela definição. Veja o exemplo a
seguir:
48
Exemplo:
Seja µ ¶
(x2 + y 2 ) · sen 1
, (x, y) 6= (0, 0)
f (x, y) = x + y2
2
0 , (x, y) = (0, 0)
(a) Determine fx e fy ;
Resolução:
µ ¶ µ ¶
2x sen 1 2x 1
− 2 · cos , (x, y) 6= (0, 0)
(a) fx (x, y) = x2 + y 2 (x + y 2 ) x2 + y 2
0 , (x, y) = (0, 0)
µ ¶ µ ¶
2y sen 1 2y 1
− 2 · cos , (x, y) 6= (0, 0)
fy (x, y) = x + y2
2 (x + y 2 ) x + y2
2
0 , (x, y) = (0, 0)
(b) lim fx (t, t) e lim fy (t, t) não existem e portanto fx e fy não são contı́nuas em (0, 0).
t→0 t→0
A Diferencial
49
onde ∆f = f (x0 + h , y0 + k) − f (x0 , y0 ).
Assim:
∆f − L(h, k)
lim =0
(h,k)→(0,0) k(h, k)k
ou seja L(h, k) ∼ ∆f , para k(h, k)k ∼ 0 .
Chamamos a transformação linear L de diferencial de f em (x0 , y0 ).
Dizemos que L(h, k) = fx (x0 , y0 )h + fy (x0 , y0 )k é a diferencial de f em (x0 , y0 ) relativa
aos acréscimos h e k .
Em notação clássica a diferencial de f em (x, y) relativa aos acréscimos dx e dy é
indicada por dz (ou df )
dz = fx (x, y)dx + fy (x, y)dy
∆z ∼ dz .
x0
ªx
∆f − df
Chamando η = , a condição de diferenciabilidade pode ser reformulada como:
k(h, k)k √
f é diferenciável em (x0 , y0 ) se, e somente se, ∆f = df + η · h2 + k 2 , onde η → 0 com
k(h, k)k → 0 .
50
Observação 2: Podemos dizer que a diferencial é uma função de quatro variáveis indepen-
dentes, a saber: as coordenadas x , y do ponto considerado e os acréscimos ∆x e ∆y .
Exemplos:
1. Se z = f (x, y) = 3x2 − xy, calcule ∆z e dz se (x, y) muda de (1, 2) para (1.01 , 1.98).
Temos:
dz = (6x − y)dx + (−x)dy
Substituindo x = 1, y = 2, dx = ∆x = 0.01 e dy = ∆y = −0.02, obtemos:
dz = (6 − 2)(0.01) + (−1)(−0.02) = 0.06
Calculando diretamente ∆z , terı́amos:
∆z = 0.0605 .
Assim, o erro envolvido é 0.0005.
2. O raio e a altura de uma caixa de forma cilı́ndrica são medidos como 3m e 8m res-
pectivamente, com um possı́vel erro de ±0.05m. Use diferenciais para calcular o erro
máximo no cálculo do volume
V = π r2 h
∂V ∂V
dV = dr + dh = 2πr h d r + π r2 dh
∂r ∂h
Substituindo r = 3, h = 8, dr = dh = ±0.05, temos:
dV = 48π(±0.05) + 9π(±0.05) = ±2.85π ' ±8.95m3 .
// //
Exercı́cios 1.7.3:
51
1. Justifique porque a função
xy 3
, se (x, y) 6= (0, 0)
f (x, y) = x2 + y 6
0 , se (x, y) = (0, 0)
não é diferenciável na origem.
3. As dimensões de uma caixa retangular fechada são medidas como sendo 3, 4 e 5 metros,
com um possı́vel erro de 5cm. Use diferenciais para aproximar o erro máximo no cálculo
de :
Muitas vezes a função z = f (x, y) é dada sob a forma de função composta, em que os
argumentos x , y são eles próprios funções de t
x = φ1 (t) y = φ2 (t).
52
6
(φ1 ,φ2 ) 1 f
f o(φ1 ,φ2 )
y 6
φ2 (t0 + ∆t)
∆y
φ2 (t0 )
∆x
-
φ1 (t0 ) φ1 (t0 + ∆t) x
Logo, para ∆t 6= 0
µ ¶ µ ¶ sµ ¶2 µ ¶2
∆z ∂z ∆x ∂z ∆y ∆x ∆y
(∗) = + ± η +
∆t ∂x P0 ∆t ∂y P0 ∆t ∆t ∆t
53
Observemos que
µ ¶ µ ¶
∆x dφ1 ∆y dφ2
lim = e lim =
∆t→0 ∆t dt ∆t→0 ∆t dt
t0 t0
ainda:
∆t → 0 =⇒ [∆x → 0 e ∆y → 0]
Exemplos:
x = sen t
1. z = f (x, y) = exy onde
y = cos t
1o¯ modo:
x0 = sen t0
y0 = cos t0
µ ¶
dz £ ¤
= y0 ex0 y0 cos t0 + x0 ex0 y0 · −sen t0 = ex0 y0 cos2 t0 − sen2 t0 .
dt t0
2o¯ modo:
z(t) = esen t cos t
µ ¶
dz ¡ ¢
= esent0 cos t0 (sen t0 · −sen t0 + cos t0 cos t0 ) = esent0 cos t0 cos2 t0 − sen2 t0 .
dt t0
Observação: Podemos pensar que a regra da cadeia seja dispensável, já que podemos
primeiro fazer as substituições e depois derivar. Na verdade, ainda continuamos fazendo
uso da regra da cadeia mesmo depois de fazermos as substituições.
2. z = f (x, y) = x2 + y onde x = t3 , y = t2
¡ dz ¢
dt t0
= 6t50 + 2t0
54
Observação: Vale um teorema análogo para o caso de n variáveis.
Enunciado:
Sejam xi = xi (t) i = 1, . . . , n funções diferenciáveis em t0 . Seja z = f (x1 , . . . , xn )
diferenciável em P0 = (x1 (t0 ), . . . , xn (t0 )). Então z(t) = f (x1 (t), . . . , xn (t)) é dife-
renciável em t0 e µ ¶ n µ
X ¶ µ ¶
dz ∂z dxi
= ·
dt t0 i=1
∂xi P0 dt t0
Generalização:
Exemplo:
x = x(r, s) = r + s
z = f (x, y) = exy onde
y = y(r, s) = r − s
∂z ∂z ∂x ∂z ∂y 2 2
= · + · = er −s · 2r
∂r ∂x ∂r ∂y ∂r
∂z ∂z ∂x ∂z ∂y 2 2
= · + · = er −s · (−2s)
∂s ∂x ∂s ∂y ∂s
2x + y x = 2u − 3v
Exercı́cio: Seja z = f (x, y) = onde
y − 2x y = u + 2v
Calcular:
55
∂f ∂f ∂ 2f ∂2f ∂2f
(a) (b) (c) (d) (e)
∂u ∂v ∂u2 ∂v 2 ∂u ∂v
no ponto u = 2 e v = 1 .
dz ∂z dx ∂z dy
= · + ·
dx ∂x dx ∂y dx
Portanto
dz ∂z ∂z dy
= + ·
dx ∂x ∂y dx
y 6
y = y(x)
-
x
Exercı́cios 1.7.4:
1. (a) Mostre que para uma função f (x, y) ter como curvas de nı́vel circunferências com
∂f ∂f
centro na origem é necessário e suficiente que x =y .
∂y ∂x
Sugestão: as equações paramétricas da circunferência com centro na origem e
raio a são:
x = a cos t
y = a sen t
(b) Dê dois exemplos de funções diferenciáveis na origem cujas curvas de nı́vel sejam
circunferências.
∂z dz
(a) (1, 1) (b) (1)
∂x dx
56
1.7.5 Gradiente - Curva de Nı́vel - Superfı́cie de Nı́vel
1 6y
(1) f (x, y) = (x2 + y 3 )
6 ] M 6 ± Á
q q q q q
Yq q*
1 1
∇f (x, y) = x~i + y 2 ~j -
3 2 ] M 6 ± Á x
q q q q q
- (0,−2)
z 6
¸ µ
1
(2) g(x, y, z) = (x2 + y 2 + z 2 )
2
I q q y
*
q
3
q
q -
∇g(x, y, z) = x~i + y ~j + z ~k q
q q
ª j
² x
^
57
y 6 ¡
¡
¡
(3) h(x, y) = x2 − y 2 ¡
¡
¡
∇ h(1, 0) = 2~i ¡
q ∇h(1, 0)
¡ - -
Curva de Nı́vel por (1, 0): @ x
@
@
{(x, y) | x2 − y 2 = 1} @
@
@
@
@
Neste exemplo notamos que ∇h(1, 0) é normal à curva de nı́vel de h que passa por (1,0).
O resultado a seguir mostra que este fato, sob certas condições, é geral:
Teorema 1.7.6. Seja z = f (x, y) diferenciável em P0 = (x0 , y0 ) com ∇f (P0 ) 6= ~0. Então
∇f (P0 ) é normal à curva de nı́vel γ que passa por P0 (estamos supondo γ uma curva regular
numa vizinhança de P0 ).
Prova:
Seja γ(t) = (x(t), y(t)) a curva de nı́vel de f (x, y) tal que γ(t0 ) = P0 .
Assim temos que
z(t) = f (x(t), y(t)) ≡ k (∗)
Como γ e f são diferenciáveis, podemos usar a Regra da Cadeia para diferenciar ambos
os membros de (∗) , obtendo:
µ ¶ µ ¶
∂f dx ∂f dy
(P0 ) · + (P0 ) · =0
∂x dt t0 ∂y dt t0
58
∇f (P0 ) γ 0 (t0 )
y 6 K
*
q
: f (x, y) ≡ k
P0
-
x
Exercı́cio:
1o¯ modo: y 6
Definimos 1 + π/2 q
F (x, y) = (x + sen x) − y U
?
Temos que a curva considerada
2o¯ modo:
O vetor tangente é
d~r ~
= i + (1 + cos x)~j
dx
59
π
No ponto x = temos
2 µ ¶³ ´
d~r π
= ~i + ~j
dx 2
Verifica-se que ~η = ~i − ~j é tal que
µ ¶³ ´ µ ¶³ ´
d~r π d~r π
< , ~η > = 0 ⇐⇒ η ⊥ .
dx 2 dx 2
Exercı́cios 1.7.5:
1. Achar as equações
(a) da tangente
x = t − cos t
π
(b) do plano normal à curva y = 3 + sen 2t no ponto t =
2
z = 1 + cos 3t
³ π´
Resposta: plano normal: 2 x − − 2(y − 3) + 3(z − 1) = 0 .
2
2. Consideremos g e f tais que g(x, y) = ex+y , f 0 (0) = (1, 2) e f (0) = (1, −1). Calcular
F 0 (0), onde F (t) = g(f (t)).
3. Considere f (x, y) = xy + 1 .
(c) O que acontece com ∇f (0, 0) e com a curva de nı́vel que passa por (0, 0) ?
4. Em cada um dos casos abaixo, desenhe um número suficiente de vetores para ilustrar
o campo gradiente de f :
1
(a) f (x, y) = (x2 − y 2 )
2
(b) f (x, y, z) = x + y + z
(c) f (x, y, z) = 20 − z
60
// //
Vamos agora generalizar o resultado visto na última seção, para funções de 3 variáveis.
Suponhamos que S seja uma superfı́cie com equação F (x, y, z) = k, ou seja, uma superfı́cie
de nı́vel da função F , e seja P0 = (x0 , y0 , z0 ) um ponto sobre S .
Seja ainda γ(t) = (x(t), y(t), z(t)) uma curva arbitrária, contida na superfı́cie S , tal que
γ(t0 ) = P0 .
Assim temos F (x(t), y(t), z(t)) = k (∗) .
Se γ e F são diferenciáveis podemos usar a Regra da Cadeia para diferenciar ambos os
lados de (∗) , como se segue:
∂F dx ∂F dy ∂F dz
· + · + · =0
∂x dt ∂y dt ∂z dt
µ ¶
0 dx dy dz
Como ∇F = ( Fx , Fy , Fz ) e γ (t) = , , a equação anterior pode ser
dt dt dt
reescrita como
< ∇F , γ 0 (t) > = 0
∇F (P0 )
z6 6
R
qp -
γ 0 (t0 )
P0 γ
F k
S 1
z
y
¼x
61
∇F (x0 , y0 , z0 ).
Assim uma equação do plano tangente seria:
Observação: No caso especial em que S seja o gráfico de z = f (x, y), com f diferenciável
em (x0 , y0 ) podemos reescrever a equação como
F (x, y, z) = f (x, y) − z = 0 e
Fx (x0 , y0 , z0 ) = fx (x0 , y0 )
Fy (x0 , y0 , z0 ) = fy (x0 , y0 )
Fz (x0 , y0 , z0 ) = −1
Logo (∗) se torna
ou
z − z0 = fx (x0 , y0 )(x − x0 ) + fy (x0 , y0 )(y − y0 )
Então, nossa nova, mais geral, definição do plano tangente é consistente com a definição
que foi dada no caso de diferenciabilidade para funções de duas variáveis.
Exemplos:
S : x2 yz + 3y 2 = 2xz 2 − 8z ,
encontrar:
Resolução:
62
(a) Definimos
F (x, y, z) = x2 yz + 3y 2 − 2xz 2 + 8z - diferenciável em todo R3
Notamos que S é superfı́cie de nı́vel de F , pois F (S) ≡ 0
∇F (1, 2, −1) = −6~i + 11~j + 14~k
Pelo resultado anterior ∇F (1, 2, −1) é normal à superfı́cie S no ponto (1, 2, −1),
e assim, a equação do plano tangente é
63
√
Seja ~r(t) = et~i + e−t~j + 2 t~k . Então:
√ γ(t)
d ~r
(t) = et~i − e−t~j + 2 ~k
dt À
d ~r √
(0) = 1~i − 1~j + 2 ~k = ~v
dt r
A equação do plano normal será do tipo 9
√
1 · (x − 1) + (−1) · (y − 1) + 2 (z − 0) = 0 ¼
γ 0 (t)
ou seja
√
x−y+ 2z = 0.
z
6
~v
I
- y
q
P0
xª
Resolução:
Definimos
F (x, y, z) = x2 + 2xy + y 3 − z - diferenciável em R3
A superfı́cie dada é uma superfı́cie de nı́vel de F .
∇F (1, 2, 13) = (6, 14, −1) é um vetor normal à superfı́cie dada, no ponto (1, 2, 13).
Equação da reta normal
x = 1 + 6λ
y = 2 + 14λ
z = 13 − λ
Exercı́cios:
64
p
2. Determinar o plano tangente a z = 9 − x2 − y 2 no ponto (1, 2, 2).
Resp. x + 2y + 2z − 9 = 0 .
Notação: µ ¶
∂f
D~v f (P0 ) ou (P0 )
∂~v
65
z 6
D~v f (P0 ) = tg α K
α
1
y
-
P0 ~v
q
x
Exemplos:
Resolução:
°µ ¶°
° 3 4 °
Verifica-se que °
° 5 , − °=1
5 ° 6y
36 21 2
f (P0 + t~v ) = . . . = 13 − t+ t 2
5 25
f (−1, 2) = 13 R~
v
66
f (P0 + t~u) − f (P0 ) 5t
lim = lim = 0.
t→0 t t→0 11
Exercı́cios:
~i = (1, 0)
f [(a, b) + t(1, 0)] − f (a, b) f (a + t, b) − f (a, b)
D~i f (a, b) = lim = lim = fx (a, b)
t→0 t t→0 t
2. Responda: se D~v f (P0 ) = k então D−~v f (P0 ) = ? (Resp.: −k).
Prova:
Sejam ~v = (v1 , v2 ) e P0 = (x0 , y0 ) fixos.
Consideremos a função F (t) = f (x0 +tv1 , y0 +tv2 ) onde t é tal que (x0 +tv1 , y0 +tv2 ) ∈ A .
y6
1 f
~v
µ
y0 q R
q q
0 t R - R
x0 x µ
F pode ser vista como composta de funções e como tal ela é diferenciável no ponto t = 0 .
Usando a Regra da Cadeia obtemos:
67
mas
Assim
D~v f (P0 ) = < ∇f (P0 ) , ~v >
∇f (P0 )
y6 µ
¡
¡
¡I θ
¡ *
D~v f (P0 ) = k∇f (P0 )k k~v k cos θ = ¡
¡ *~
v
= k∇f (P0 )k cos θ ¡ D~v f (P0 )
P0 ¼
*
~v
-
x
Em particular:
68
Ainda se
p p
∆f = f (x, y) − f (0, 0) = df (0, 0)(x, y) + η · x2 + y 2 = 0 + η · x2 + y 2
então
x |y|
η= 6→ 0 , com (x, y) → (0, 0)
x2 + y2
Portanto, f não é diferenciável em (0, 0).
Exercı́cios:
Resolução:
Admitamos ∇f (P0 ) 6= ~0
D~v f (P0 ) = k∇f (P0 )k cos θ .
Logo, é máxima quando cos θ = 1 ⇐⇒ θ = 0 .
Portanto D~v f (P0 ) é máxima quando ~v tem o mesmo sentido de ∇f (P0 ).
É mı́nima quando cos θ = −1 ⇐⇒ θ = π .
Portanto D~v f (P0 ) é mı́nima quando ~v tem sentido oposto ao de ∇f (P0 ).
Resolução:
69
y 6 K
K +ε
ε>0
P0
qp
N ∇f (P0 ) -
x
Ilustração para o caso f : R2 → R
Resolução:
Observemos que f é diferenciável em todo R3 , uma vez que é uma polinomial, e que
k~v k = 3.
~v
¡2 2 1
¢
Façamos ~u = k~v k
= 3
, 3
, 3
~u
¸ 60o
1 qI
q -
2 x
70
Resolução:
√
1~ 3~
(a) Consideremos ~u = i + j - vetor unitário na direção de interesse.
2 2
Observemos que T é diferenciável em (2, 1), uma vez que as suas derivadas parciais
são continuas neste ponto.
Resolução:
y
6z q*
(0,3,0)
±
* (−1,2,1)
jx
q(1,1,−1)
71
Exercı́cios 1.7.6:
1. Ache o valor absoluto da derivada direcional em (1,0,1) da função f (x, y, z) = 4x2 y+y 2 z
na direção normal em (1,1,1) à superfı́cie x2 + 2y 2 + z 2 = 4 .
8. Seja f (x, y) = x2 + y 2 . Observe que ∇f (0, 0) = ~0 , o que deixa de indicar qual a direção
em que temos o máximo crescimento de f (x, y) a partir de (0, 0). Isto é razoável ? O
que acontece em uma vizinhança de (0, 0) ?
72
(i) fx (1, 0)
(ii) fy (1, 0)
q(0,1)
4
3
q -
2 (1,0) x
1
(a) fx (1, 1)
(b) fy (1, 1)
(0,1)
q q
x
q q -
(1,0)
73
xy
p , (x, y) 6= (0, 0)
11. Seja f (x, y) = x2 + y 2
0 , (x, y) = (0, 0)
Mostre que fx (0, 0) = fy (0, 0) = 0 mas que o gráfico de f não tem plano tangente em
(0, 0).
xy 2
, (x, y) 6= (0, 0)
12. Considere f (x, y) = x2 + y 4
0 , (x, y) = (0, 0)
(a) Mostre que f tem derivada direcional, em qualquer direção, em (0, 0).
(b) Considere γ : (−1, 1) → R2 uma curva diferenciável tal que γ(0) = (0, 0). Mostre
que f ◦ γ : (−1, 1) → R é diferenciável em todos os pontos de (−1, 1).
f (x0 + ∆x, y0 + ∆y) − f (x0 , y0 ) = ∆xfx (x0 + θ∆x , y0 + θ∆y) + ∆yfy (x0 + θ∆x , y0 + θ∆y) ,
74
Observação: O teorema afirma que a diferença
(x0 + ∆x, y0 + ∆y)
r
entre os valores da função nos pontos r
(x0 + θ∆x, y0 + θ∆y)
(x0 + ∆x , y0 + ∆y) e (x0 , y0 ) é igual à r
(x0 , y0 )
diferencial em um ponto intermediário na
que este teorema é uma generalização do Teorema do Valor Médio para funções de uma
variável.
f -
p p p r p p p 3
0 t 1 r p
(x0 , y0 ) pp
F
F é uma função composta e como tal é diferenciável em (0, 1) e contı́nua em [0, 1].
Pelo Teorema do Valor Médio, para uma variável, temos:
Logo:
75
onde 0 < θ < 1 .
Exemplos:
(1) Toda função f (x, y) cujas derivadas parciais fx e fy existam e tenham o valor 0 em
qualquer ponto de uma região R , é uma constante em R .
Região: conjunto aberto com a propriedade que dois pontos quaisquer podem ser ligados
por uma poligonal contida no conjunto.
y
6 r y
6
@
@
@rR
¡ r
¡
r¡
r
- -
x x
Região
Não é Região
r
(x, y)
r
r
(x0 , y0 ) (x1 , y1 )
76
onde cada segmento está contido em R . Assim,
Desafio: Mostre que se tirarmos a hipótese de R ser uma região a conclusão não é mais
verdadeira. Dê um exemplo para quando trabalhamos com uma variável e outro para duas
variáveis.
x−1 y−1
= + =
θ∆x + θ∆y + 2 θ∆x + θ∆y + 2
x+y−2
= , 0 < θ < 1.
2 + θ(x + y − 2)
— ◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦ —
77
Esta polinomial será chamada polinomial de Taylor em x0 de grau n , e denotaremos
por Pn,x0 .
Quando n = 1 , a polinomial de Taylor em x0 de grau 1 , é justamente a reta tangente ao
gráfico de f em (x0 , f (x0 )).
Quando n = 2, P2,x0 é uma parábola que tem a mesma tangente de f em (x0 , f (x0 )) e a
mesma curvatura de f em (x0 , f (x0 )).
Escrevendo P2,x0 (x) = A + B(x − x0 ) + C(x − x0 )2 e impondo as condições (∗) , temos:
f 00 (x0 )
P2,x0 (x) = f (x0 ) + f 0 (x0 )(x − x0 ) + (x − x0 )2 .
2
Em geral,
f (n) (x0 )
Pn,x0 (x) = f (x0 ) + f 0 (x0 )(x − x0 ) + . . . + (x − x0 )n .
n!
Se desejarmos estudar como esta polinomial aproxima f nos pontos do intervalo I , pre-
cisamos estudar o resto
Rn (x) = f (x) − Pn,x0 (x) .
O Teorema a seguir, conhecido como Teorema de Taylor expressa, este resto em termos
de f .
Observação 1: Se temos uma limitação em f (n+1) (τ ), podemos calcular o possı́vel erro come-
tido, com a aproximação de f pela polinomial de Taylor Pn,x0 (x).
78
Exemplo:
Encontrar uma polinomial que aproxima ex sobre o intervalo [−1, 1], com erro menor que
0, 005.
Resolução: Seja x0 = 0 e f (x) = ex .
f (n) (0) n
Pn,0 (x) = f (0) + f 0 (0)x + . . . + x
n!
x2 xn
Pn,0 (x) = 1 + x + + ... +
2! n!
Ainda:
Teorema 1.8.2. Seja z = f (x, y), de classe C n+1 numa vizinhança A = B(P0 , r) do ponto
P0 = (x0 , y0 ). Então,
79
com 0 < θ < 1, (x0 + ∆x , y0 + ∆y) ∈ A e onde estamos convencionando o seguinte:
fx · fx = fxx
fy · fx = fyx
fy · fy = fyy
A prova deste teorema pode ser feita análoga à do Teorema do Valor Médio, isto é,
definindo
F (t) = f (x0 + t∆x , y0 + t∆y), t ∈ [0, 1]
Exerçı́cios:
Resolução:
∆x = x − 1 ∆y = y + 2
f
xxx = 0
fxx = 2y
f =2
xxy
fx = 2xy
f =2
xyx
f = 2x
xy f =0
xyy
f =2
f = 2x
yxx
yx
f =0
f y = x2 + 3 yxy
f =0
yy
Logo,
80
2. Escreva f (x, y) = x2 y + x3 + y 3 como uma polinomial em (x − 1) e (y + 1).
Resposta: f (x, y) = −1 + (x − 1) + 4(y + 1) + 2(x − 1)2 + 2(x − 1)(y + 1) − 3(y + 1)2 + (x − 1)3 +
(x − 1)2 (y + 1) + (y + 1)3
p
3. Seja f (x, y) = 1 + x2 + y 2 . Calcular o desenvolvimento de Taylor em (0, 0) até os
termos de segunda ordem.
Resolução: Temos
x y
fx (x, y) = p e fy (x, y) = p .
1 + x2 + y 2 1 + x2 + y 2
Logo:
1
P2,(0,0) (x, y) = 1 + (x2 + y 2 )
2
4. Encontre uma aproximação quadrática de f (x, y) = xseny perto da origem. Qual a
precisão da aproximação se |x| ≤ 0, 1 e |y| ≤ 0, 1 ?
Resolução:
Sabemos que
1 1
f (x, y) = f (0, 0) + ( xfx + yfy ) + ( x2 fxx + 2xyfxy + y 2 fyy ) + ( x3 fxxx + 3x2 yfxxy +
2 6
3xy 2 fxyy + y 3 fyyy )(cx, cy)
Neste caso:
fx (0, 0) = seny|(0,0) = 0 fy (0, 0) = xcosy|(0,0) = 0
fxx (0, 0) = 0|(0, 0) = 0 fxy (0, 0) = cosy|(0,0) = 1
fxy (0, 0) = −xseny|(0,0) = 0
Logo:
1
xseny ' 0 + 0 + 0 + (x2 .0 + 2xy.1 + y 2 .0)
2
xseny ' xy
81
As derivadas fxyy (x, y) = −seny e fyyy (x, y) = −xcosy não ultrapassam 1 em valor
absoluto. Ainda, |x| ≤ 0, 1 e |y| ≤ 0, 1 e assim,
1 4
R2 (x, y) ≤ ( 3.(0, 1)3 + (0, 1)3 ) = .(0, 1)3 ≤ 0, 00067
6 6
Exercı́cios:
82
z6
fx1 (P0 ) = 0
q
f (P ) = 0
x2 0
(I) ..
.
-
y
f (P ) = 0 q
xn 0
P0
¼
x
Ilustração para n = 2
Observação: As equações (I) não são suficientes, isto é, podemos ter um ponto estacionário
que não seja ponto de máximo ou de mı́nimo.
Considere f : R2 → R, f (x, y) = xy.
(0, 0) é ponto estacionário de f mas não é ponto de máximo ou de mı́nimo de f .
z Gf
6
y6 ?
− + 1
y
-
x
+ −
q
x
Quais seriam então as condições suficientes para garantir a natureza de um ponto esta-
cionário de uma função?
O Teorema a seguir dá a resposta para o caso de duas variáveis.
fx (P0 ) = fy (P0 ) = 0
83
Então P0 é ponto extremo e
Se H(P0 ) = fxx (P0 )fyy (P0 ) − [fxy (P0 )]2 < 0 , então o ponto estacionário não será nem
ponto de máximo e nem de mı́nimo [neste caso P0 é chamado ponto de sela ].
Se H(P0 ) = 0, nada se pode afirmar.
Assim,
f (x0 + ∆x , y0 + ∆y) − f (x0 , y0 ) ≤ 0
Observe que o mesmo tipo de prova serve para H(P0 ) > 0 e fxx (P0 ) > 0 e neste caso
P0 será ponto de mı́nimo local.
Observação:
H(P ) = fxx (P ) · fyy (P ) − (fxy (P ))2 =
¯ ¯
¯ ¯
¯ fxx (P ) fxy (P ) ¯
¯ ¯
= ¯ ¯
¯ ¯
¯ fyx (P ) fyy (P ) ¯
84
é chamado hessiano de f em P .
Obs.: O Teorema anterior se generaliza para 3 ou mais variáveis, com as devidas adaptações.
O leitor interessado pode consultar textos mais avançados.
Exercı́cios resolvidos
a) z = f (x, y) = (x − 1)2 + 2y 2
Resolução :
Notemos que f é de classe C 2
fx (x, y) = 2(x − 1)
fy (x, y) = 4y
z6
: Gf
1
¼ q
y x
b) z = f (x, y) = (x − 1)2 − 2y 2
Analogamente, o único ponto estacionário é (1, 0).
85
H(1, 0) = −8 < 0 .
Portanto, (1,0) é ponto de sela e assim, não existem pontos extremos.
Qual seria o gráfico de f ? Procure desenhá-lo.
Notemos ainda que: f (1, 0) = −2, f (−1, 0) = 2 e f (0, 1) = f (0, −1) = 0. Tente
visualizar como seria o gráfico de f . Você poderia usar um programa computacional
para traçar o gráfico.
86
3. Seja f (x, y) = 2x3 + 2y 3 − 6x − 6y. Analisar os pontos de máximos e mı́nimos locais
de f no conjunto aberto A = {(x, y) ∈ R2 , |x| + |y| < 3}
y
Resolução: 6
3
Inicialmente observamos que o conjunto A
tem o aspecto dado ao lado. -
-3 3 x
-3
87
6 ponto de
ponto : min. local
de ¾
sela q q
-
q q
z ponto de
² sela
ponto de
max. local
Resolução:
Notemos que f é de classe C 2
fx (x, y) = 50x − 20y = 0 5x − 2y = 0
fy (x, y) = 8y − 20x = 0 5x − 2y = 0
5
Logo, os pontos crı́ticos são os pontos da reta y = x
2
¯ ¯
fxx (x, y) = 50 ¯ ¯
¯ 50 −20 ¯
¯ ¯
fxy (x, y) = −20 H(P ) = ¯ ¯ = 0
¯ ¯
¯ −20 8 ¯
fyy (x, y) = 8
Notemos, neste caso particular, que f (x, y) = (2y − 5x)2 ≥ 0. Como nos pontos
crı́ticos 2y − 5x = 0, temos que f (x, y) = 0. Segue assim, que estes pontos são pontos
de mı́nimo absoluto de f (x, y).
z
6
Gf
¸
z
y
xÀ
88
// //
Até aqui estudamos o aspecto local. Vamos agora passar a estudar o aspecto global.
Antes de prosseguirmos vamos relembrar um resultado.
Resolução:
Como T é diferenciável e o conjunto D é compacto, pelo Teorema de Weiertrass sabemos
que existem P1 e P2 em D tais que
89
(i) No interior de D : {(x, y) / x2 + y 2 < 1}
Pontos crı́ticos:
Tx (x, y) = 2x − 1 = 0
Ty (x, y) = 4y = 0 µ ¶ µ ¶
1 1 1
Assim, o único ponto crı́tico é o ponto ,0 eT ,0 =− .
2 2 4
onde −1 ≤ x ≤ 1 .
Assim:
90
Pontos Localização Imagem do Ponto
(1/2, 0) Interior de D -1/4
(1, 0) Fronteira de D 0
√
3
(−1/2, ± 2
) Fronteira de D 9/4
y6
Conclusão:
√ r
O ponto mais frio da chapa D é o ponto
µ ¶ (−1/2, 3/2)
1 1
, 0 e sua temperatura é − = - 0,25.
2 4 r -
(1/2, 0) x
Os pontos mais quentes da chapa são
à √ !
1 3 r
− , ± e a temperatura √
2 2 (−1/2, 3/2)
9
correspondente é = 2, 25.
4
p
2. Quais são o máximo e o mı́nimo de x2 + y 2 no retângulo fechado −1 ≤ x ≤ 2,
−2 ≤ y ≤ 3 ?
Resolução:
Pelo Teorema de Weiertrass o máximo e o mı́nimo existem, uma vez que a função
p
f (x, y) = x2 + y 2 é contı́nua e o conjunto é compacto.
p
Podemos resolver este exercı́cio diretamente, observando que a função f (x, y) = x2 + y 2
fornece a distância de (x, y) à origem e o ponto mais afastado da origem é o vértice
p √ √
(2, 3). Portanto o máximo de x2 + y 2 é seu valor 4 + 9 = 13 em (2, 3). O mı́nimo
é 0 e ocorre no ponto (0, 0).
x
3. Caso existam, determinar o máximo e o mı́nimo de f (x, y) = e os pontos
x2 + y 2 + 4
onde eles ocorrem.
Resolução:
Inicialmente, encontremos os pontos crı́ticos de f :
x2 + y 2 + 4 − 2x.x y 2 − x2 + 4
fx (x, y) = = =0
(x2 + y 2 + 4)2 (x2 + y 2 + 4)2
−2yx
fy (x, y) = =0
(x2 + y 2 + 4)2
91
y 2 − x2 + 4 = 0
2yx = 0 =⇒ x = 0 ou y = 0
p
|x| x2 + y 2 + 4 1
(*) | f (x, y) | = < = p
x2 + y 2 + 4 x2 + y 2 + 4 x2 + y 2 + 4
92
Logo o máximo é 1/4 e o mı́nimo é −1/4, alcançados nos pontos (2, 0) e (−2, 0),
respectivamente.
Finalmente (*) também mostra que 1/4 e −1/4 são o máximo e o mı́nimo para todo
(x, y), uma vez que f (x, y) também está entre estes valores para (x, y) fora do disco.
4. Caso exista, determinar o mı́nimo de f (x, y) = x2 (1−y)3 +y 2 e o ponto onde ele ocorre.
Resolução:
Notemos que f (x, y) é de classe C 2 .
fx (x, y) = (1 − y)3 .2x = 0
fy (x, y) = −3x2 (1 − y)2 + 2y = 0.
A única solução é x = 0 e y = 0. Assim o único ponto crı́tico é o ponto (0, 0).
Vamos determinar a natureza local do ponto (0, 0).
fxx (x, y) = 2(1 − y)3
fyy (x, y) = 6(1 − y).x2 + 2
fxy (x, y) = −3(1 − y)2 .2x
Assim: fxx (0, 0) = 2, fyy (0, 0) = 2 e fxy (0, 0) = 0
¯ ¯
¯ ¯
¯ 2 0 ¯
¯ ¯
Logo H(0, 0) = ¯ ¯ = 4 > 0 e fxx (0, 0) = 2 > 0
¯ ¯
¯ 0 2 ¯
e portanto (0, 0) é ponto de mı́nimo local de f .
Observemos aqui que nada podemos afirmar sobre a situação global do ponto (0, 0).
Nem mesmo podemos garantir que a função f tem mı́nimo global, uma vez que o Teo-
rema de Weierstrass não pode ser aplicado.
De fato, notemos que f (0, 0) = 0 e f (1, 4) = (−3)3 + 42 = −11 < 0 e assim (0, 0)
não é ponto de mı́nimo global de f . Mais ainda, f (1, y) = (1 − y)3 + y 2 é tal que
[f (1, y) −→ −∞] quando [y −→ ∞], e assim não existe ponto de mı́nimo global.
Observação: Este exercı́cio mostrou que podemos ter f : B ⊂ R2 → R com só um ponto
crı́tico, mı́nimo local, que não é mı́nimo absoluto de f .
93
5. Uma caixa retangular, sem tampa, deve ter 32 cm3 . Quais devem ser suas dimensões
para que a superfı́cie total seja mı́nima?
Resolução:
32
Volume = xyz = 32 ⇒ z =
xy
z
Superfı́cie = S = 2xz + 2yz + xy; x > 0, y > 0
y
Substituindo z obtemos: x
64 64
S(x, y) = + + xy; x > 0, y > 0
y x
Como a região é aberta o mı́nimo deve ocorrer num ponto crı́tico de S. Passemos então
a determiná-los:
∂S 64
(x, y) = y − 2 = 0 ⇐⇒ x2 y = 64
∂x x
∂S 64
(x, y) = x − 2 = 0 ⇐⇒ y 2 x = 64
∂y y
x2 y
= 1 =⇒ x = y
y2x
Portanto, x3 = 64 =⇒ x = 4 = y
32
Assim, o único ponto crı́tico é (4, 4). Usando a equação z = encontramos z = 2
xy
Aqui temos duas opções:
(i) Partimos do princı́pio que o problema tem solução.
(ii) Não partimos do princı́pio que o problema tem solução.
Na opção (i), como esperamos que o problema tenha solução e encontramos somente
um ponto crı́tico (um candidato), podemos admitir que ele fornece a solução.
Na opção (ii), uma demonstração formal de que S(x, y) tem de fato um mı́nimo absoluto
em (4, 4) pode ser feita com o argumento a seguir: Conforme (x, y) aproxima-se do
infinito ou do bordo do quadrante (semi eixos) f (x, y) cresce, assim o mı́nimo de S é
obtido no ponto crı́tico. Alternativamente, poderı́amos fazer uso do tipo de argumento
usado anteriormente no exercı́cio 3.
94
O que tem que ficar claro é que argumento que (4, 4) é ponto de mı́nimo local não serve
para concluir que é mı́nimo global (absoluto), como bem mostra o exercı́cio 4 anterior.
6. Uma indústria pode produzir dois produtos, A e B , usando três tipos de material, I ,
II e III. O modo como a indústria opera é descrito pela tabela abaixo.
PRODUTOS
A B
I 1 4
MATERIAIS II 1 3
III 0 1
Sabe-se ainda que para cada unidade produzida de A o lucro é 5 e para cada unidade
produzida de B o lucro é 20. No estoque existem 80 unidades do material I, 60 unidades
do material II e 15 unidades do material III. O material não usado não tem valor algum
e o custo da produção é proporcional à quantidade produzida. Determinar o esquema
de produção que torne o lucro máximo, nestas condições.
Resolução:
x - quantidade de A produzida.
y - quantidade de B produzida.
Lucro: L(x, y) = 5x + 20y
Problema: máximo de L(x, y) respeitadas as condições de estoque.
x · 1 + y · 3 ≤ 60
x · 0 + y · 1 ≤ 15
95
Isto significa que L(x, y) está definida no conjunto D , determinado por:
x + 4y ≤ 80
x + 3y ≤ 60
D :
y ≤ 15
x≥0 , y≥0
6
y
20
15
-
15 60 80 x
(ii) y = 0 =⇒ L(x, 0) = 5x , 0 ≤ x ≤ 60
Máximo para x = 60 e L(60, 0) = 300
96
Um segundo modo de resolver o problema seria:
y
6
∇L(x, y)
¤¤º
¤
15 ¤
¤ r
¤
¤r
-
15 60 x
Logo:
T (x) = (x − 1)2 + 4x , x≥0
T 0 (x) = 2(x − 1) + 4 = 2x + 2 = 0 ⇐⇒ x = −1
97
Observemos o gráfico de T . y
6
No conjunto x ≥ 0, o mı́nimo ocorre
na fronteira (x = 0). 1r
Resposta: r -
−1 x
A menor distância é 1 e ela ocorre no ponto (0, 0).
6
y 6z
- (4, 4)
r
-
ª
x
2 2
x +y +1 = c
x+y =8
-
r
(4, 4) y
= z x + y = 8, z = 0
x
98
Observação 1: Poderı́amos ter resolvido analiticamente, fazendo a substituição y = 8 − x
em f (x, y) = x2 + y 2 + 1.
Observação 2: Nem sempre dá para fazer isso.
Passemos então ao problema geral.
Problema: Consideremos a função z = f (x, y) definida em D ⊂ R2 . Queremos achar os
pontos de máximo e mı́nimo de f não em D , mas entre os pontos de D que satisfazem à
condição ψ(x, y) = 0
y6
f p
pp
R
U
K
D
- p
x pp
ψ(x, y) = 0
f ≡K4
f≡K2
f≡K1
ψ≡0 f≡K3 ψ=0
(1) (2)
99
Na figura (1) temos que ∇f (P0 ) = λ∇ψ(P0 ).
Notemos ainda na Figura (3) a seguir uma situação em que ∇f (P0 ) = λ∇ψ(P0 ) e no
entanto P0 não é ponto de máximo ou de mı́nimo de f condicionado à curva ψ(x, y) = 0.
∇f (P0 )
6
∇ψ(P0 )
6
f ≡ K5
q f ≡ K4
P0
f ≡ K3
f ≡ K2
ψ≡0 f ≡ K1
(3)
∇f (P0 ) = λ∇ψ(P0 )
Prova:
Pode-se mostrar que, sob as condições dadas , podemos representar a curva ψ(P ) = 0
próxima de P0 = (x0 , y0 ) na forma paramétrica γ(t) = (x(t), y(t)) para t em um intervalo I,
0
γ (t) 6= (0, 0), γ de classe C 1 e γ(t0 ) = (x(t0 ), y(t0 )) = (x0 , y0 ) = P0 . [ a existência de uma
tal parametrização é garantida pelo Teorema das Funções Implı́citas (veremos adiante)]
Por hipótese, a função composta F (t) = f (x(t), y(t)) tem um máximo em t = t0 . Assim:
Por outro lado, do fato de ψ(γ(t)) = 0, t ∈ I, resulta que < ∇ ψ(γ(t0 ) , γ 0 (t0 ) >= 0.
.
As equações anteriores implicam que os vetores ∇f (P0 ) e ∇ψ(P0 ) são perpendiculares ao
vetor não nulo γ 0 (t0 ). Assim, tais vetores são paralelos, ou seja, existe λ ∈ R tal que
∇f (P0 ) = λ∇ψ(P0 )
100
∇f (P0 )
M
y6 ∇ψ(P0 ) 0
M : γ (t0 )
γ(t) r
P0
ψ(x, y) = 0
-
x
Exercı́cios resolvidos:
fx (x, y) = y e fx (x, y) = x
Portanto, o único ponto estacionário no interior de D é o ponto (0, 0), que já sabemos
ser ponto de sela.
Consideremos
f (x, y) = xy
ψ(x, y) = x2 + y 2 − 1
Temos:
∇ψ(x, y) = (2x, 2y)
∇f (x, y) = (y, x)
Observemos que ∇ψ(x, y) 6= ~0, ∀ (x, y) satisfazendo x2 + y 2 = 1.
101
y = 2λx
x = 2λy
ou seja:
2λx − y = 0
x − 2λy = 0
y(4λ2 − 1) = 0
1
4λ2 − 1 = 0 ⇐⇒ λ = ±
2
1
(i) λ = =⇒ x = y
2
Substituindo em x2 + y 2 − 1 = 0, temos
√
2
x=y=±
2
√
1 2
(ii) λ = − =⇒ x = −y = ±
2 2
Assim:
à √ √ !
2 2 f 1
, −→
2 2 2
à √ √ ! ∴ são pontos de máximo
2 2 f 1
− , − −→
2 2 2
à √ √ !
2 2 1
−→ −
f
, −
2 2 2
à √ √ ! ∴ são pontos de mı́nimo
2 2 f 1
− , −→ −
2 2 2
102
y
6
∇ψ(P1 ) @
I ¡µ ∇ψ(P0 )
¡
@
@
@ ¡
@
@ µ ∇f (P0 )
¡
@ P1 P0 ¡
@
@r r¡
@
@
@
@ ∇f (P1 )
R
@ -
x
Temos:
∇f (P ) = (2x , 2y).
x = λ(8x − 6y) (∗)
Se ∇f (P ) = λ∇ψ(P ) =⇒
y = λ(17y − 6x)
(∗)
Podemos supor 8x − 6y 6= 0, uma vez que se 8x − 6y = 0 =⇒ x = 0 ⇒ y = 0, ponto
que não está sobre a elipse.
x x
Assim, λ = ⇒ y = (17y − 6x) ⇒ 6x2 − 9xy − 6y 2 = 0, a qual
8x − 6y 8x − 6y
2
juntamente com 8x − 12xy + 17y 2 = 20 fornecerá y = ± √ .
2
5
103
µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶
4 2 1 2 −4 −2 −1 −2
√ ,√ , √ ,√ , √ ,√ e √ ,√
5 5 5 5 5 5 5 5
6y
µ ¶ µ ¶
4 2 −4 −2
f √ ,√ = f √ ,√ =4
5 5 5 5 r
r
µ ¶ µ ¶
−1 2 1 −2
f √ ,√ = f √ ,√ =1 -
5 5 5 5 x
r
Assim, os pontos da elı́pse mais próximos r
µ ¶ µ ¶
−1 2 1 −2
da origem são: √ , √ e √ ,√
5 5 5 5
µ ¶ µ ¶
4 2 −4 −2
Os pontos da elipse mais distantes da origem são : √ , √ e √ ,√
5 5 5 5
a b
3. Seja A = e consideremos Q a forma quadrática associada, isto é:
b c
h i a b x
Q(x, y) = x y = ax2 + 2bxy + cy 2
b c y
Temos:
104
Assim: o máximo de Q sujeito a x2 + y 2 = 1 é igual ao maior autovalor de A e ele é
obtido quando (x, y) é um autovetor associado. Analogamente para o mı́nimo.
Resolução: −1
r -
ou seja,
y = λ2(x + 1)
x = λ2y
(x + 1)2 + y 2 = 1
Se y = 0 ⇒ x = 0.
x x
Se y 6= 0, temos λ = , e assim, y = 2(x + 1) ou y 2 = x2 + x.
2y 2y
∴ (x + 1)2 + x2 + x = 1
2x2 + 3x = 0
3
x = 0 ou x = − .
2
Para x = 0 ⇒ y = 0 ⇒ xy = 0
√ √
3 3 −3 3
Para x = − e y= ⇒ xy =
2 2 4
√ √
3 3 3 3
Para x = − e y=− ⇒ xy =
2 2 4
105
à √ !
3 3
∴ − , − é ponto de mı́nimo
2 2
à √ !
3 3
− ,− − é ponto de máximo
2 2
— ◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦ —
Exemplo:
y
6
∇ψ(x, y) = ( 3(x − 1)2 , −2y) (x−1)3 = y 2
:
∇f (x, y) = (2x , 2y)
(1, 0)
r -
x
2x = λ3(x − 1)2
2y = λ · −2y não está satisfeito por (1, 0).
(x + 1)3 − y 2 = 0
106
Observemos que ∇ψ(1, 0) = (0, 0)
// //
O que acabamos de estudar nesta seção se generaliza para mais variáveis e para mais
restrições e é do que trataremos a seguir.
Generalizações
6
(I) Com mais variáveis ∇f (P0 )
normal à superfı́cie ψ ≡ 0.
:ψ≡0
Exercı́cios propostos:
107
Temos que ∇f (P0 ) ⊥ à curva em P0 [ por raciocı́nio análogo ao desenvolvido na
prova do Teo. 1.9.1 ]
Ainda:
∇ψ(P0 ) - normal à curva em P0 [ pois a curva está contida na superfı́cie ψ ≡ 0 e
∇ψ(P0 ) ⊥ (superfı́cie ψ ≡ 0) ].
Analogamente, ∇φ(P0 ) - normal à curva em P0 .
Assim se ∇ψ(P0 ) e ∇φ(P0 ) não são nem paralelos e nem nulos (ou seja L.I.) eles
determinam o plano normal à curva em P0 . Como ∇f (P0 ) está neste plano, temos
que
∇f (P0 ) = λ.∇ψ(P0 ) + µ.∇φ(P0 )
ψ=0
ª ∇f (P0 )
9
±
∇ϕ(P0 ) 6
∇ψ(P0 )
P0 z¼
ψ ≡ ϕ ≡ 0
W
ϕ≡0
Exemplo:
Determine os pontos de C mais próximos e mais afastados da origem, onde C é o arco,
no primeiro octante, da curva em que o parabolóide 2z = 16 − x2 − y 2 intercepta o
plano x + y = 4
Resolução:
Seja P (x, y, z) - ponto genérico de C.
p
Queremos encontrar o maior e o menor valor de d(O, P ) = x2 + y 2 + z 2 .
Se a distância é mı́nima ou máxima seu quadrado é mı́nimo ou máximo, e assim vamos
extremar f (x, y, z) = x2 + y 2 + z 2 , sujeita às condições:
108
ψ(x, y, z) = x2 + y 2 + 2z − 16 = 0
φ(x, y, z) = x + y − 4 = 0
Assim:
se expressa como:
ou seja z
6
2x = λ.2x + µ
2y = λ.2y + µ
2z = 2λ
P3
r
P
r2
2(x − y) = 2λ(x − y) P1r
2(x − y)(1 − λ) = 0 rB -
± y
r
Assim x = y ou λ = 1 A
+x
x2 + y 2 − 14 = 0
(i) Se λ = 1 =⇒ z = 1 =⇒
x+y−4=0
Assim:
x2 + (4 − x)2 − 14 = 0
x2 + 16 − 8x + x2 − 14 = 0
2x2 − 8x + 2 = 0
x2 − 4x + 1 = 0 (∆ = 12)
√
x=2± 3
√ √
Assim os pontos de C que podem ser extremos são: P1 = (2 + 3 , 2 − 3 , 1)
√ √
e P2 = (2 − 3 , 2 + 3 , 1)
√ √
As distâncias correspondentes são: d(O, P1 ) = 15 e d(O, P2 ) = 15
2x2 + 2z − 16 = 0
(ii) Se y = x =⇒
2x − 4 = 0
109
Assim x = 2 e z = 4
√
Neste caso obtemos o ponto P3 = (2 , 2 , 4) e d(O, P3 ) = 2 6
Notemos: Quando um ponto move-se ao longo de C de A = (4, 0, 0) até B =
(0, 4, 0) sua distância a origem começa em d(O, A) = 4, decresce até o mı́nimo de
√ √ √
15 em P1 e cresce até o máximo de 2 6 em P3 . Depois decresce até 15 em P2
e cresce novamente até 4 em B.
d6
-
A P1 P3 P2 B `
Obs.: Outra maneira de resolver este exercı́cio seria notar que as equações paramétricas
de C são x = 4 − t, y = t e z = 4t − t2 ; 0 ≤ t ≤ 4 e f (x, y, z) = (4 − t)2 + t2 + (4t − t2 )2
e usar métodos de uma variável.
Exercı́cios propostos:
(a) f (x, y) = (y − x2 )2 + x5
110
(5) O que podemos afirmar no caso de f ∈ C 2 e P0 ser um ponto estacionário de
(6) Se f (x, y) tem um mı́nimo local em (a, b), então fxx (a, b) ≥ 0 e fyy (a, b) ≥ 0.
(7) Se f (x, y) satisfaz 5fxx (x, y) + 4fyy (x, y) = −1 em todo ponto (x, y) então f não
pode ter um mı́nimo local em nenhum ponto.
(8) Este exercı́cio irá mostrar que a natureza de um ponto estacionário não pode ser
determinada aproximando-se apenas por linhas retas.
(c) Mostre que sobre qualquer reta através da origem, a função tem um mı́nimo
local na origem.
(d) Use um outro caminho para mostrar que a origem é um ponto de sela.
p
(9) Considere a função f (x, y) = |y| + x2 + (y − 1)2 .
(a) Em quais pontos não existem (uma das duas ou as duas) derivadas parciais.
(b) Ache todos os pontos onde as duas derivadas parciais são nulas.
(10) Dividir 120 em três partes de modo que a soma dos produtos das partes tomadas
duas a duas seja máxima.
111
(a) Desenhe algumas curvas de nı́vel de g .
(b) Achar os pontos estacionários de g .
(c) Dentre os pontos estacionários quais são os pontos de máximo, mı́nimo e de
sela ?
(14) Qual é o ponto (x, y) do plano que tem a propriedade de ter como mı́nima a soma
de sua distância ao eixo x com duas vezes a sua distância ao ponto (0, 1) ?
(15) Mostrar que de todos os triângulos com a mesma área A , o de menor perı́metro é
o triângulo equilátero.
Sugestão: A2 = p(p − x)(p − y)(p − z) onde 2p é o perı́metro e x, y, z são os
lados do triângulo.
112
(22) A figura abaixo mostra pontos onde a condição de Lagrange ∇f = λ∇ψ está
satisfeita. Quais são pontos de máximo de f sobre ψ ≡ c, quais são pontos de
mı́nimo, e quais não são nem de máximo e nem de mı́nimo ? (as linhas são curvas
de nı́vel de f , f ∈ C 1 ).
∇f M ∇f M ∇ψ
]
∇ψ ∇ψ
M M
(24) Calcule o volume máximo de uma caixa retangular cuja soma dos comprimentos
de suas arestas é 12a.
113
NOTAS DE AULA
1
Capı́tulo 1
a c
y
b d
¼ j y
x
A região de integração das integrais iteradas não precisa, necessariamente, ser um retângulo.
Podemos fazer integrais iteradas sobre regiões como exemplificam as figuras:
2
y6 y6
y=g2 (x)
d
x=h1 (y)
x=h2 (y)
y=g1 (x)
c
- -
a b x x
Figura 1 Figura 2
Exemplos:
y
6
Z 1 Z 2
1. (x2 + y 2 )dy dx = I 2
0 0
Z µ ¶ ¯2
1
2 y 3 ¯¯
I= x y+ dx =
0 3 ¯0
Z µ ¶ ¯1
1
8 2x3 8 ¯
= 2
2x + dx = ( + x) ¯ = 10 .
3 3 3 ¯ 3 -
0 0 1 x
v 6
Z 2 Z u u=v
2. 5u2 v dv du ¸
0 0 ¡¡
¡
¡
¡
¡
¡ -
2 u
3
Z 1 Z 1 Z 1 y
6
2 1 - y = 2x
3. (x − yz)dz dy dx = · · · = 4
0 0 0 12
y = x2
*
Z 2 Z 2x
32
4. (x3 + 4y)dy dx = · · · =
0 x2 3 -
2 x
Z 3 Z y2
y6
5. 2y cos x dx dy = I
1 π/6
Z ¯y2 3
3 ¯
I= 2y sen x¯¯ dy =
1 π/6
Z 3 ¡ ¢ √
= 2y sen y 2 −y dy = - y= x
1
µ ¶¯3 1
2 1 2 ¯¯
= − cos y − y ¯ = cos 1−cos 9 − 4 -
2 1 π/6 1 x
Z b Z g(y) Z bZ g(y)
dy f (x, y)dx = f (x, y)dx dy .
a h(y) a h(y)
Problema: Definir a integral de f sobre B , análoga à definição para função de uma variável.
ai ≤ xi ≤ bi , i = 1, 2, . . . , n
4
6 6
- -
¼
6
6
q q q
-
j
¼
m = malha da rede
5
Definição 1.2.1. Sejam f : Rn → R e B ⊂ Rn , tais que:
a) B é um subconjunto limitado.
b) f é limitada sobre B .
Seja ainda:
f (x) se x ∈ B
fB (x) =
0 se x 6∈ B .
Tomemos G uma rede que cobre B e que tenha malha m(G). Em cada um dos retângulos
coordenados Ri determinados por G , i = 1, . . . , r , escolhemos um ponto arbitrário Pi .
A soma:
r
X
fB (Pi )V (Ri )
i=1
significa que para ε > 0 dado, existe δ > 0, tal que se G é qualquer rede que cobre B e tem
malha menor que δ , sendo S uma soma de Riemann arbitrária para fB formada de G , então:
¯ Z ¯
¯ ¯
¯S − f dv ¯<ε.
¯ ¯
B
¾ ε -¾ ε -
Z
M
f dv
B S
6
Notações:
Z Z Z Z
f dA f (x, y)dx dy f (x, y)dx dy n=2
B B B
Z Z Z Z
f (x, y, z)dx dy dz f (x, y, z)dx dy dz n=3
B B
Z
f (x1 , . . . , xn )dx1 . . . dxn .
B
Z
Para interpretar, geometricamente, o significado da integral dupla f (x, y)dx dy , supo-
B
remos f positiva e contı́nua sobre B (supondo a existência da integral).
Então, o gráfico de f é uma superfı́cie que está acima do plano xy. A soma de Riemann
é a soma dos volumes dos paralelepı́pedos cujas bases são os retângulos determinados pela
rede e cujas alturas correspondentes são os valores f (xi , yi ).
z
6
-
q y
B
ªx
Quando a malha da rede tende a zero, essas somas vão se aproximando do que podemos
chamar volume do sólido S , delimitado pelo domı́nio B , pelo gráfico de f , e pelas retas que
passam pela fronteira de B e são paralelas ao eixo z . Definimos então:
Z
V (S) = f (x, y)dx dy .
B
Surge a primeira pergunta: Quais seriamZ as condições, sobre a função f e sobre o conjunto
B, que poderiam garantir a existência da f dv ?
B
7
Vejamos uma definição, antes de enunciarmos o Teorema que dará a resposta a esta
pergunta.
6 6
p pp p
p p p p p pp p ppp
p pp pp pp pp pp
q - p p pp
p
¼
p j
A idéia intuitiva de conjunto suave é a de que o conjunto deve ter “volume” nulo no
espaço em que estiver contido.
Exemplo:
Z
(2y + x)dx dy ,
B
onde B {(x, y) ∈ R2 / 0 ≤ x ≤ 2 e 0 ≤ y ≤ 1}
8
z 6
y6
U G2
z = 2y + x
4
2 r r r r
1
2 r Br r r
1 -
2 2 x
j
¼ y
x
Observe que a existência da integral está assegurada pelo Teorema anterior. Por esta
razão, qualquer seqüência de somas de Riemann associadas a redes que têm malhas tendendo
a zero, pode ser usada para avaliar a integral.
i
Para cada n = 1, 2, 3, . . . consideremos a rede Gn constituı́da das retas x = ,
n
j
i = 0, . . . , 2n e y = , j = 0, . . . , n.
n
Temos:
1
m(Gn ) =
n
1
área de Rij = 2 .
n µ ¶
i j
Em cada um dos retângulos coordenados, escolhemos os pontos xij = (xi , yj ) = ,
n n
i = 1, . . . , 2n; j = 1, . . . , n.
Formamos então a soma de Riemann:
2n X
X n n µ
2n X
X ¶ 2n n
i 2j 1 1 X X
(xi + 2yj )A(Rij ) = + = 3 (i + 2j) =
i=1 j=1 i=1 j=1
n n n2 n i=1 j=1
2n µ ¶ 2n
1 X 1+n 1 X
= ni + 2 · ·n = 2 (i + 1 + n) =
n3 i=1 2 n i=1
· ¸
1 (1 + 2n)
= · 2n + (1 + n) · 2n =
n2 2
µ ¶
2 1 + 2n 3
= +1+n =4+
n 2 n
9
Z
3
∴ (2y + x)dx dy = lim (4 + )=4
B n→∞ n
.
O exemplo anterior mostra que uma avaliação direta da integral múltipla pode ser muito
difı́cil. Agora vamos avançar no sentido de vencer esta dificuldade.
— ◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦ —
10
Surge então a pergunta geral:
O que dizer da integral múltipla, relativamente à integral iterada, quando ambas estão defini-
das?
O Teorema a seguir dará a resposta à esta pergunta.
Teorema 1.2.4. (Teorema de Fubini) Seja B um subconjunto do Rn tal que a integral iterada
Z Z Z
d x1 d x2 · · · f d xn
Z
existe sobre B . Se a integral múltipla f dv existe, então as duas integrais são iguais.
B
Z
Corolário 1.2.5. Se f dv existe e as integrais iteradas existem para algumas ordens de
B
integração, então todas as integrais são iguais.
Exemplos:
Z
1. Avaliar a integral (2y + x)dx dy, onde B é o retângulo 0 ≤ x ≤ 2 e 0 ≤ y ≤ 1 .
B
Aplicando os Teoremas anteriores temos:
Z Z Z Z ¯2
2 1 2
x2 ¯¯
(2y + x)dx dy = dx (2y + x)dy = (1 + x)dx = (x + )¯ = 2 + 2 = 4
B 0 0 0 2 0
Então:
Z Z
z6
f dv = xyz dx dy dz =
R R
Z 2 Z 2 Z 2
9
= dx dy xyz dz = · · · = .
−1 0 1 8 -
¡ y
¡
¡
¡
ª
x
Observação: Registramos aqui o fato de que é possı́vel a existência da integral iterada sem
que exista a integral múltipla.
11
Exemplo:
1 , se x é racional
f (x, y) =
2y , se x é irracional
Z 1 Z 1 Z 1
dx f (x, y)dy = 1 dx = 1 .
0 0 0
Z
Mas f dA não existe, onde R = [0, 1] × [0, 1].
R
De fato:
Seja G uma rede, do tipo ao lado, cobrindo R . y
6
S1 = 1 .
1
Segunda Soma: até a altura y = escolhemos pontos (xi , yj ) nos retângulos coordenados
2
1
tais que xi 6∈ Q. Logo, esta parcela da soma de Riemann converge para à medida que
4
1
m(G) → 0. Depois de y = escolhemos pontos (xi , yj ), tais que xi ∈ Q. Esta segunda
2
1
parcela da soma de Riemann dará .
2
z
6
1 1 3
Assim, S2 → + = . yI
4 2 4
6
Deste modo, as somas de 1
1 R
Riemann não convergem para 1
2
z = 2y
nenhum número real.
)
x
12
como sendo: Z Z
V (B) = 1 dv = dv .
B B
Exemplo:
B = [0, 1] ∩ Q
Z
dx não existe (Pense em dois tipos de somas de Riemann)
B
Observação 1: Para retângulos R o volume V (R) tem sido definido de duas maneiras:
(i) Como produto dos comprimentos dos lados.
(ii) Como uma integral.
As duas definições são compatı́veis pelos Teoremas 1.2.3 e 1.2.4 .
Z Z b1 Z bn
dv = dx1 · · · dxn = (b1 − a1 ) · · · (bn − an ) .
R a1 an
Z
Observação 2: Seja f (x, y) ≥ 0, tal que f dA exista, onde D ⊂ R2 .
D
z
Na situação ao lado, o volume do sólido 6 S
µ - z = f (x, y)
S tem sido definido de duas maneiras, que
13
Exercı́cios resolvidos:
y
6
Z Z b Z f (x)
A(B) = dA = dx dy =
B a 0
Z b Gf
= f (x)dx . B
a
-
a b x
Z 2 Z x+2 y6
A= dx dy
−1 x2 r
(2, 4)
ou
Z 1 Z √
y Z 4 Z √
y (−1, 1) r
A= dy √
dx + dy dx . -
0 − y 1 y−2 x
14
z
6
Poderı́amos resolver também pensando
1
como o gráfico de f (x, y) = 1 − x − y
Z 1 Z 1−x
1
V (B) = dx (1 − x − y)dy = · · · =
0 0 6
Y
1 j 1
¼
x j
y
4. Determine o volume do sólido cuja base é a região do plano xy delimitada pela parábola
y = 2 − x2 e pela reta y = x e cuja parte superior está contida no plano z = x + 2.
y 6
6z
2
r (1, 1)
-
q x
(0,2,0) -
(−2,−2,0) r y
r
r
(1,1,0) (−2, −2)
xR
Z 1 Z 2−x2 Z x+2
27
V = dx dy dz = · · · =
−2 x 0 4
ou Z Z
1 2−x2
27
V = dx (x + 2)dy = · · · =
−2 x 4
// //
Regra Geral: Para estabelecer os limites de uma integral iterada, devemos primeiramente
escolher as variáveis externa, intermediária e interna. Digamos, por exemplo, x , y e z
respectivamente.
15
Primeira Etapa:
Achar os valores extremos da variável externa. Por exemplo:
Z b Z Z
dx dy f (x, y, z)dz .
a
Segunda Etapa:
Fixe a variável externa num determinado valor, determinando um corte na região sólida.
Determine os valores extremos da variável intermediária neste corte. Por exemplo:
Z b Z g(x) Z
dx dy f (x, y, z)dz .
a h(x)
Terceira Etapa:
Fixe agora, neste corte, a variável intermediária, obtendo um segmento de reta. Determine
os valores extremos da variável interna. Por exemplo:
z
6
: z = s(x, y)
q q
q q q
1 z = `(x, y)
q
y -
a y
q
q
x q q
b q
¼ - y = g(x)
x
° z=0
y = h(x)
z=0
Z b Z g(x) Z s(x,y)
dx dy f (x, y, z)dz
a h(x) `(x,y)
// //
16
1. Se f e g são integráveis sobre B e se a, b são números reais, então af + bg é integrável
sobre B e Z Z Z
(af + bg)dv = a f dv + b g dv
B B B
Exercı́cios resolvidos:
Z 2 Z 4−x2
1. Desenhe a região de integração referente à integral dx √
dy
−1 − 4−x2
Resolução: y6
q y = 4 − x2
−2 q−1 2 -
x
√
- y=− 4 − x2
Resolução:
Notemos inicialmente que o gráfico de cada uma das equações representa um cilindro,
17
com eixo sendo um dos eixos coordenados e raio igual a 3. A representação da porção
do sólido situada no primeiro octante seria:
z
6
x2 + y 2 = 9
*
p
- z= 9 − y2
-
y 3 y
- y2 + z2 = 9
¼
x
p
Assim, calculando como volume sob o gráfico da função f (x, y) = 9 − y 2 temos:
Z 3 Z √9−y2 p
V = 8. dy 9 − y 2 dx = ....... = 144
0 0
Z 1 Z x Z 2 Z 1
3. (a) Desenhe a região de integração dx dy + dx dy
0 0 1 2−x
Resolução:
(a) y
6
1
¡@
¡ @
¡ @
¡ @
¡ @ -
1 2 x
(b) Observemos que a integral representa a área da região formada por dois triângulos
de base 1 e altura 1 e assim seu valor é 1.
4. Dada a expressão
Z Z √1−(x−1)2 Z Z √
2 0 3+ 1−y 2
dx dy + dy √ dx
0 0 −1 3− 1−y 2
Pede-se:
18
(b) Valor da integral.
Resolução:
(a)
y
6
r
r 2 3 4 -
1 x
r r
2 2
1 (x − 3) + y = 1
(b) Observemos que a integral representa a área da região anterior, a qual é igual a
área do circulo de raio 1, e assim o valor da integral é π.
Resolução:
Aproveitemos este exercı́cio para introduzir a Situação Geral:
Seja um sólido S, com densidade ρ(P ) no ponto P , sendo a função ρ contı́nua sobre S.
Por definição: Z
X
Massa = M = lim ρ(Pi )V ol(Ri ) = ρ dv
m(G)→0 S
i
z 1
Ri
6
- Pi
z
9 y
x
19
Voltando então ao caso do exercı́cio proposto temos: ρ(x, y, z) = Kz
z
6 C
µ
6
h
¾ r - ? -
y
ª
x - x2 + y 2 = r 2
Assim:
Z Z Z √ Z Z Z √ Z
r r2 −x2 h r r2 −x2 h
M= ρ(x, y, z)dxdydz = dx √
dy Kzdz = 4K dx dy zdz =
C −r − r2 −x2 0 0 0 0
Z Z √ Z r√
r r2 −x2
h2 1 2 1
= 4K dx dy = 2Kh2 r2 − x2 dx = 2Kh2
πr = Kh2 r2 π.
0 0 2 0 4 2
Z r√
Estamos usando a simetria do problema (da região e da função) e ainda que r2 − x2 dx
0
é igual a um quarto da área do circulo de raio r.
R : Cubo de vértices (0, 0, 0), (1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1), (1, 0, 1), (0, 1, 1), (1, 1, 0)
e (1, 1, 1).
(b) f (x, y, z) = x2 yz
(c) f (x, y, z) = x + z
R : x2 + y 2 + z 2 ≤ 1, x ≥ 0, y ≥ 0, z ≥ 0.
20
3. Determinar o volume do sólido no 1o. octante limitado pelos planos coordenados e os
gráficos das equações: z = x2 + y 2 + 1 e 2x + y = 2.
4. Justifique as desigualdades:
Z
(a) 0 ≤ (x2 + y 2 )dx dy ≤ 30 R : [0, 1] × [0, 3].
R
Z 0≤x≤1
4 4e2
(b) ≤ exy dx dy ≤ R :
3 R 3 0 ≤ y ≤ 1 + x2
Z
−16 2 −y 2 −z 2
(c) 84 π e ≤ e−x dx dy dz ≤ 84 π e−1 R : 1 ≤ x2 + y 2 + z 2 ≤ 16.
R
Desenhe a região R.
@
@
@q
@
@
@
@
@ -
@ x
21
Se f é contı́nua em uma região limitada R ⊂ R2 com fronteira de R contida em um
número finito de conjuntos suaves, então:
¯Z ¯ Z
¯ ¯
¯ f (x, y)dx dy ¯ ≤ |f (x, y)| dx dy
¯ ¯
R R
Z
10. Calcule a integral x dx dy onde B é o conjunto representado a seguir:
B
y6
22
Este resultado será estendido para dimensões mais altas.
Num espaço n-dimensional, uma troca de variáveis é efetuada por uma transformação
T
Rn −→ Rn .
No que se segue, é mais conveniente tomar o espaço domı́nio e o espaço de chegada como
distintos. Assim, consideramos T como uma transformação de uma cópia do Rn (a qual
chamamos de U n ), em outra do Rn (a qual continuaremos chamando de Rn ), e escrevemos
T (u) = x , onde u ∈ U n e x ∈ Rn .
T
Teorema 1.3.1. (Mudança de Variáveis) Seja A ⊂ U n −→ Rn uma transformação de classe
C 1 . Seja B um subconjunto limitado de U n , tendo sua fronteira contida em um número
finito de conjuntos suaves. Suponhamos que B e sua fronteira estejam contidos no interior
do domı́nio de T e que:
(i) T é injetora em B.
B T - f -
T (B)
q
q
- - q
u x
Observação: O teorema ainda é verdadeiro se as condições (i) e (ii) não são verdadeiras
em um conjunto de volume nulo.
Exemplos:
Z
1. A integral (x + y)dx dy , onde P é o paralelogramo ilustrado abaixo, pode ser trans-
P
formada na integral sobre um retângulo:
23
v 6 y 6
(2, 1)
q T - (1, 1)q (3,
q
1)
¡ ¡
R ¡ P ¡
¡ ¡
- ¡ ¡ -
u x
f Rp
p p
?
p
p p
(x, y) = T (u, v) = (u + v , v)
¯ ¯
¯ ¯
¯ 1 1 ¯
¯
det J(T ) = ¯ ¯ = 1 6= 0
¯
¯ 0 1 ¯
T é injetora, T é de classe C 1 e T (R) = P .
Z Z Z 2 Z 1
(x + y)dx dy = [(u + v) + v] · 1 du dv = du (u + 2v)dv = ... = 4
P R 0 0
v y6
6
b T - b
C - E a -
b a u x
³a ´
(x, y) = T (u, v) = u, v
b
T é injetora, T é de classe C 1 e T (C) = E .
¯ ¯
¯ ¯
¯ a/b 0 ¯ a
¯
det J(T ) = ¯ ¯ = > 0.
¯
¯ 0 1 ¯ b
Pelo Teorema de Mudança de Variáveis
Z Z Z
a a a
dA = dA = dA = π b2 = π ab .
E C b b C b
24
x2 y 2
Logo, a área da região limitada pela elipse + 2 = 1 é π ab.
a2 b
θ6 y6
(0,2)
(1, π2 ) (2, π2 ) T -
R P
- -
r (1,0) (2,0) x
T é de classe C 1 , T é injetora
¯ ¯
¯ ¯
¯ cos θ −r sen θ ¯
det J(T ) = ¯¯ ¯=r
¯
¯ sen θ r cos θ ¯
Z Z Z π/2 Z 2 Z π/2
3 3π
dA = 1 · |r| dA = dθ rdr = dθ = .
P R 0 1 0 2 4
θ6 y6
2π
r2 (θ)
r
θ2 P
B T -
θ r r r2 (θ) r r1 (θ)
r1 (θ)
θ1 Y
θ2 K θ1
- -
r x
25
¯ ¯
¯ ¯
¯ cos θ −r sen θ ¯
det J(T ) = ¯¯ ¯=r
¯
¯ sen θ r cos θ ¯
θ6 y6
Y
± θ2
T -
θ2 r2
θ1
r1* ] θ1
- °
¼ -
r1 r2 r x
Exercı́cios resolvidos:
Z
1. Determinar y dx dy , onde D é o setor circular mostrado abaixo.
D
Resolução:
y6
Z Z 2π/3 Z a (0, a)
y dx dy = dθ r sen θ r d r =
D π/3 0 D
Z 2π/3
a3 a3
= sen θ d θ = · · · = µ I π
π/3 3 3 π
3 3
-
2. Calcule o volume do sólido D cuja base está no plano xy , sendo delimitada pelas curvas
x2 + y 2 = 1 e x2 + y 2 = 4 (x ≥ 0 , y ≥ 0) e cuja parte superior está no plano z = x + y,
tendo as faces laterais ortogonais ao plano xy .
Resolução:
26
z6
y6
1
B y
z=x+y
Y
-
1 2 x
j
x
Z Z π/2 Z 2
14
V = (x + y)dx dy = dθ (r cos θ + r sen θ)r d r = ... =
B 0 1 3
2kπ ≤ 3θ ≤ 2kπ + π
2 2 π
kπ ≤ θ ≤ kπ + D
3 3 3
π -
k=0 0≤θ≤
3
2π
k=1 ≤θ≤π
3
4π 5π
k=2 ≤θ≤
3 3
27
y6 z
6
2 3 -
x -
y
ª
x
Z p Z 2π Z 3 Z 2π
19 38
x2 + y2 dx dy = dθ rrdr = dθ = π
D 0 2 0 3 3
5. Determinar os extremos de integração onde R é o hemisfério x2 + y 2 + z 2 ≤ 1, z ≥ 0 .
Resolução:
z
6
1 z 2 = 1 − x2 − y 2
r (−1,0,0)
r
-
r - x + y2 = 1
2
r
(1,0,0) z=0
ªx
Z Z 1 Z √
1−x2 Z √1−x2 −y2
f (x, y, z)dv = dx √
dy f (x, y, z)dz
R −1 − 1−x2 0
z z6
6
(0, 0, 8)
z = 8 − x2 − y 2
- z = x2 + 3y 2 µ
) q
x
y q
x +
y
28
z
6
q
z = x2 + 3y 2
µ
q
z = 8 − x2 − y 2
6 q 4 3
-
−2
√q
2 x
2
: x2 + 2y 2 = 4
z=0
¼
y
Se um ponto (x, y, z) está na intersecção então:
x2 + 3y 2 = 8 − x2 − y 2 =⇒ x2 + 2y 2 = 4
Z 2 Z √(4−x2 )/2
= dx √ (8 − 2x2 − 4y 2 ) dy =
−2 − (4−x2 )/2
Z " µ ¶3/2 #
2 p 8 4 − x2
= 2(8 − 2x2 ) (4 − x2 )/2 − dx =
−2 3 2
Z µ ¶3/2 √ Z 2
2
16 4 − x2 2 √
= dx = 4 (4 − x2 )3/2 dx = · · · = 8π 2
−2 3 2 3 −2
Lembre-se: você pode fazer uma substituição trigonométrica para resolver a integral.
// //
Vamos agora estudar dois tipos particulares de transformações as quais são usadas muito
freqüentemente.
29
Transformação Cilı́ndrica
Consideremos a transformação:
(x, y, z) = Tc (r, θ, z) = (r cos θ , r sen θ , z)
¯ ¯
¯ ¯
¯ cos θ −r sen θ 0 ¯
¯ ¯
¯ ¯
det J(Tc ) = ¯ sen θ r cos θ 0 ¯ = r
¯ ¯
¯ ¯
¯ 0 0 1 ¯
Notemos que:
(i) Tc é de classe C 1 .
(ii)Tc é injetora (exceto em conjunto de volume nulo - r = 0).
(iii) det JTc ) 6= 0 (exceto em conjunto de volume nulo - r = 0)
z6
rP
z6
q z
z @
1 z
y θ @@r
ª @r
x
ª
x
Exemplo:
Z
Calcular f (x, y, z)dv , onde f (x, y, z) = 4xy e R é a região cilı́ndrica x2 + y 2 ≤ 1,
R
0 ≤ z ≤ 1.
Z Z 2π Z 1 Z 1
4xydv = dθ dr 4r2 sen θ cos θ r d z =
R 0 0 0
Z ¯2π
2π
u = sen θ sen2 θ ¯¯
= sen θ cos θ d θ ========= =0
0 2 ¯0
A figura geral a seguir informa qual é o efeito provocado pela atuação da transformação
cilı́ndrica:
30
z Tc z
6 z 6
z2 z2
¡ ¡
z1 ¡ ¡ z1
¡
¡
¡ θ1 θ2 - ¡ -
¡ θ ¡* y
¡ θ2 *
r1 ¡ ¡
¡ ¡ ¡ θ1
r2 ¡ ¡ ¡ ¡
¡ ¡
r¡
ª ¡
¡
ªx
Transformação Esférica
Consideremos a transformação:
ψ ρ
? z
@
* z
θ @@ y
@r
ª
x
31
Exemplo
Z 1:
Calcular f (x, y, z)dv , onde f (x, y, z) = z 2 e B é a região x2 + y 2 + z 2 ≤ 1.
B
Z Z 2π Z π Z 1
2 4π
z dv = dθ dψ ρ2 cos2 ψρ2 sen ψ d ρ = · · · =
B 0 0 0 15
Exemplo 2:
Calcular o volume comum à esfera ρ = a e ao cone ψ = α (Veja figura a seguir)
Z 2π Z α Z a 6
V = dθ dψ ρ2 sen ψ d ρ =
0 0 0
Z 2π Z α
α
9
= dθ sen ψ d ψ =
0 0
Z 2π
:
a3 9 a
= (1 − cos α)dθ =
0 3
a3 +x yj
= 2π (1 − cos α) .
3
A figura geral a seguir informa qual é o efeito provocado pela atuação da transformação
esférica:
θ6 Te z
6
z
θ2
¡ ¡
θ1 ¡ ¡ ψ1
U
¡
¡ ρ1 Á
¡ ψ1 ψ2 - -
¡ ψ ¡ * y
ρ1 ¡ ¡ θ2 *
¡ ¡ ¡ ¡ θ1
ρ2 ¡ ¡ ¡ ¡
¡ ¡
¡
ª
ρ ¡
ª
x
32
Exercı́cios propostos 1.3
1. Calcule a área da imagem da região retangular com vértices (0, 0), (0, 1), (2, 0) e (2, 1),
sob a transformação
2 3 u
(x, y) = T (u, v) =
2 1 v
5. Calcule:
(a) O volume da região abaixo do plano z = 2 + x + y para x2 + y 2 ≤ 1.
h p 2
(b) O volume do cone sólido acima da superfı́cie z = x + y 2 e abaixo do plano
a
z = h; para h , a > 0 .
√
Z 0≤y≤ 2
(b) xy dx dy R: 2
R
p
y ≤ x ≤ 1 − y2
Z π
0≤θ≤
(c) r2 cos θ dr dθ R: 2
R
1 ≤ r ≤ 1 + sen θ
33
7. Avaliar com a ajuda de coordenadas cilı́ndricas:
Z
(a) xy dx dy dz R : x2 + y 2 ≤ 1, x ≥ 0, y ≥ 0, 0 ≤ z ≤ 1
R
0≤r≤1
Z
(b) r2 dr dθ dz R: 0≤θ≤π
R
0 ≤ z ≤ r sen θ
11. Faz-se um orifı́cio circular em uma esfera, sendo que o eixo do orifı́cio coincide com o
diâmetro da esfera. O volume do sólido resultante é dado por:
Z Z Z √
2π 2 4−r2
V =2 dθ dr r dz .
0 1 0
34
(a) Por observação da integral acima determine o raio do orifı́cio e o raio da esfera.
12. Ache o volume de uma cunha formada pelo cilindro x2 + y 2 = 4 e pelos planos z = 0 e
z = 2y, no semi-espaço z ≥ 0.
Z
1
13. Calcule p dx dy onde B é a região hachurada abaixo:
B x + y2
2
y6
9
r = 4 sen θ
r=2
M
-
x
1
R
1 2 -
u
−1
35
(b) Calcular a área da região T (R).
v6
π R
2
r -
1 u
Em geral:
Se n partı́culas de massas m1 , . . . , mn estão localizadas em pontos de ` com coordenadas x1 , . . . , xn ,
Pn
respectivamente, então a soma dos momentos i=1 mi xi é chamada o momento do sistema em relação à
origem.
Pn
Seja m = i=1 mi a massa total dos sistema. Definimos:
Pn Xn
mi x i
(∗) x = i=1 ou mx = mi x i
m i=1
36
O número mx é o momento, em relação à origem, de uma partı́cula de massa m localizada no ponto de
coordenada x . A fórmula (∗) dá a posição x na qual toda a massa m pode ser concentrada sem trocar o
momento do sistema em relação à origem. O ponto P com coordenada x é chamado o centro de massa do
sistema.
P
Se x = 0, então i mi xi = 0 e o sistema é dito em equilı́brio. Neste caso, a origem é o centro de massa.
(∗∗) mx = My e my = Mx
Observe que se tivermos uma partı́cula de massa m localizada no ponto P = (x, y), então o momento
em relação ao eixo y será mx e o momento em relação ao eixo x será my.
A fórmula (∗∗) dá a posição (x, y), na qual toda massa pode ser concentrada sem trocar os momentos
do sistema em relação aos eixos coordenados.
Se (x, y) = (0, 0), então Mx = My = 0 e o sistema é dito em equilı́brio. Neste caso a origem coincide
com o centro de massa. O centro de massa é o ponto pelo qual poderı́amos pendurar o sistema de modo que
ele fique em equilı́brio na horizontal.
Visualização: Suponhamos que num plano temos 5 partı́culas constituindo um “mobile” do tipo da
figura a seguir. Se quisermos através de um fio, prender este “mobile” ao teto, de maneira que o plano das
partı́culas fique na posição horizontal, deveremos prender o fio no centro de massa do sistema.
q q
q
q q
— ◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦ —
37
Suponhamos que a densidade no ponto (x, y)
y
seja dada por ρ(x, y), onde ρ é contı́nua sobre D . 6
seja contı́nua, uma pequena troca em (x, y) produz uma pequena troca na densidade ρ(x, y),
isto é, ρ é quase constante sobre Ri , quando m(G) → 0. Assim, se m(G) → 0, então a
P
massa de Li pode ser aproximada por ρ(xi , yi ) · A(Ri ). A soma i ρ(xi , yi ) · A(Ri ) é uma
aproximação da massa de L . A massa M de L é definida como:
X Z
M = lim ρ(xi , yi )A(Ri ) = ρ(x, y)dA
m(G)→0 D
i
Analogamente:
X Z
My = lim xi · ρ(xi , yi ) · A(Ri ) = x · ρ(x, y)dA
m(G)→0 D
i
38
Substituindo, temos:
Z Z
x · ρ(x, y)dA y · ρ(x, y)dA
x= Z
D
e y= Z
D
Exercı́cios resolvidos:
1. Ache o centróide de uma lâmina que ocupa a região D, delimitada pelos gráficos de
y + x2 = 6 e y + 2x − 3 = 0.
Resolução:
Z 3
32 y6
A(R) = ((6 − x2 ) − (3 − 2x))dx = · · · =
−1 3
Z Z 3 Z 6−x2
y dA = dx y dy =
D −1 3−2x (−1, 5) r
Z 3
2 416 R
= ((6 − x2 ) − (3 − 2x)2 )dx = · · · =
−1 15
-
x
r (3, −3)
416/15 13
Logo, y = =
32/3 5
Z Z 3 Z 6−x2 Z 3 £ ¤ 32
x dA = dx x dy = x (6 − x2 ) − (3 − 2x)) dx = · · · =
D −1 3−2x −1 3
32/3
Assim x = =1
32/3
µ ¶
13
∴ Centro de Massa é 1, .
5
39
2. Determine o centróide de uma lâmina que ocupa a região R do semicı́rculo
x2 + y 2 ≤ 1, y ≥ 0.
Resolução:
Por simetria sabemos que o centróide está situado sobre o eixo y, ou seja é da forma
C = (0, y).
π
Sabemos também que A(R) =
2
Z Z Z ¯π ¯1
π 1 ¯ r3 ¯
y dA = ¯
(rsen θ)rdrdθ = (− cos θ) ¯ . ( ) ¯ = (1 + 1) . 1 = 2 .
3 ¯ 3 3
R 0 0 0 0
Z
y dA 2
4
Assim temos: y = ZD = 3
π =
3π
dA 2
D
µ ¶
4
Logo, o centro de massa é o ponto 0,
3π
Exercı́cio proposto:
Determine o centro de massa de uma lâmina com a forma do setor circular abaixo, sendo
que a densidade é ρ(x, y) = 5.
µ ¶
2a y6
Resposta: 0, .
π
(0, a)
> }
D
π π
3 3
-
40
no plano R2 . Denotemos por d1 , . . . , dn as ¡s ¡
m1 ¡
r
distâncias desses pontos à reta s . Ao número m3 d1 ¡
r
n d3 ¡
X ¡
real Is = mi d2i costumamos chamar de ¡ d2
i=1 ¡
¡ r
momento de inércia do sistema em relação ¡ m2
¡
à reta s . ¡
n
X
Em particular, se a reta s é o eixo dos x , temos Ix = mi yi2 , onde Pi = (xi , yi ).
i=1
n
X
Analogamente Iy = mi x2i .
i=1
Este conceito pode ser estendido para lâminas usando o processo limite das integrais
duplas. Se L é uma lâmina do tipo usado na seção anterior e se ρ(x, y) é a densidade em
(x, y), onde ρ é contı́nua , então é natural definir o momento de inércia Ix de L com relação
ao eixo x trocando yi por yi2 em (∗∗). Assim,
X Z
Ix = lim yi2 · ρ(xi , yi ) · A(Ri ) = y 2 · ρ(x, y)dA
m(G)→0 D
i
Analogamente,
X Z
Iy = lim x2i · ρ(xi , yi ) · A(Ri ) = x2 · ρ(x, y)dA
m(G)→0 D
i
Se multiplicarmos ρ(xi , yi ) · A(Ri ) por x2i + yi2 que é o quadrado da distância do ponto
(xi , yi ) à origem e tomarmos o limite de somas constituidos por tais termos, obtemos o
momento de inércia I0 de L com relação à origem. Assim,
Z
I0 = (x2 + y 2 )ρ(x, y)dA
D
Exemplo:
Uma lâmina delgada de densidade constante ocupa a região mostrada abaixo. Calcule o
seu momento de inércia polar em relação a 0 .
41
Z y6
I0 = (x2 + y 2 )ρ dA =
R
Z Z Z ¯2 R
2π 2
2
2π
r4 ¯¯
= dθ r ρr dr = ρ dθ =
0 1 0 4 ¯1 r 1r r2 -
x
Z 2
15 15π
= ρ dθ = ρ · .
0 4 2
Observação: Quando uma partı́cula de massa m gira ao redor de um eixo, num cı́rculo de
raio r , com velocidade angular w e velocidade v(v = wr), sua energia cinética é:
¡
¡
¡
¡
¡
¡
1 1 ¡
Ec = mv 2 = mw2 r2
2 2 ¡¡K
r
¡
¡
¡ Us µ
¡ m
¡
n
X
onde I = mi ri2 é o momento de inércia em relação ao eixo.
i=1
A energia cinética de um sistema em rotação é a quantidade de trabalho necessária para
fazer o sistema parar. Em certo sentido, o momento de inércia de um grande eixo é que torna
difı́cil iniciar ou fazer cessar a rotação do eixo.
Além de sua importância em relação à energia cinética dos corpos com movimento gi-
ratório, o momento de inércia é também usado na teoria de deflexão de vigas sob a ação de
carga transversa, onde o “fator de rigidez”da viga é dado por E.I , sendo E o módulo de
42
Young e I o momento de inércia de uma secção transversa da viga em relação a um eixo
horizontal passando por seu centro de massa. Quanto maior for o valor de I , mais rı́gida
será a viga e menor a deflexão. Utiliza-se este fato nas chamadas “vigas em I”, nas quais
as flanges acham-se a distâncias relativamente grandes do centro, e correspondem, portanto,
Xn
a grandes valores de r2 na equação I = mi ri2 , contribuindo assim para o momento de
i=1
inércia, mais do que no caso de a secção transversa ser quadrada.
Os momentos também são usados em estatı́stica. O segundo momento (que corresponde
ao momento de inércia) é usado no cálculo do desvio padrão.
Exercı́cios resolvidos:
43
Z Z
xρ dA x dA y6
x = ZA = ZA
ρ dA dA y = x2
A A
Z Z 1 Z 2
4
dA = dy dx = · · · = 1
A 0
√
y 3
Z Z 1 Z 2
7
x dA = dy x dx = · · · = 2 -
A 0
√
y 4 x
21
∴ x= .
16
9
Analogamente, y =
20
µ ¶
21 9
∴ Centro de gravidade: , .
16 20
3
3. Ache o centro de massa de uma lâmina quadrada ABCD, de lado , sabendo que a
2
densidade em qualquer ponto P é o produto das distâncias de P a AB e a BC .
Resolução:
Z Z y6
3/2 3/2
81
M = dy xy dx = · · · =
0 0 64
Z Z
3/2 3/2
81 3/2
Mx = dy xy 2 dx = · · · =
0 0 64 1 r
Z 3/2 Z 3/2
81
My = dy x2 y dx = · · · =
0 0 64 -
1 3/2 x
Assim, (x, y) = (1, 1) é o centro de massa.
44
y6
qualquer ponto P proporcional à distância entre
P e o centro do cı́rculo.
Resolução:
r = a (0 ≤ θ ≤ π)
π
Por simetria, temos que o centro de massa encontra-se sobre o raio θ = , ou seja,
2
My = 0 .
µ ¶ µ ¶
3a 3a π
Logo, (x, y) = 0, ou em coordenadas polares , .
2π 2π 2
Exercı́cios propostos:
1. Uma lâmina tem a forma de um triângulo retângulo isósceles, cujos lados iguais medem
a . Ache o centro de massa, sabendo que a densidade num ponto P é diretamente
proporcional ao quadrado da distância de P ao vértice oposto à hipotenusa.
y6
Resposta: na situação ao lado
a
@
@
o centro de massa é @
@
µ ¶ @
2a 2a @
, . @
5 5 @
@ -
a x
45
2. Calcular o momento de inércia, em relação ao eixo x , de uma lâmina situada entre as
curvas x = y 2 e x = 2y − y 2 , sendo que a densidade em (x, y) é ρ(x, y) = y + 1.
1
Resposta:
6
// //
Tudo o que foi visto nas seções anteriores generaliza-se para sólidos, usando-se integrais
triplas.
Se um sólido tem o formato de uma certa região 3-dimensional Q e se a densidade no
ponto (x, y, z) é ρ(x, y, z), então analogamente ao visto anteriormente, a massa é dada por:
Z
M= ρ(x, y, z)dv .
Q
Se temos uma partı́cula de massa m num ponto (x, y, z), então seus momentos com relação
aos planos xy, xz e yz são definidos como zm, ym e xm, respectivamente. Usando os mesmos
tipos de argumentos utilizados anteriormente definimos os momentos do sólido em relação aos
planos coordenados como sendo:
Z
Mxy = z · ρ(x, y, z)dv
Q
Z
Myz = x · ρ(x, y, z)dv
Q
Z
Mxz = y · ρ(x, y, z)dv
Q
46
independe do valor de ρ(x, y, z). z6
Analogamente, temos:
Z
Ix = (y 2 + z 2 )ρ(x, y, z)dv
Q
Z
Iz = (x2 + y 2 )ρ(x, y, z)dv
Q
Exemplo:
Considere o sólido com o formato dado abaixo. Ache o seu centro de massa e o momento
de inércia em relação ao eixo z . (ρ(x, y, z) = 1).
Z Z 2π Z 1 Z 1
z6
M = 1dv = dθ dr rdz =
S 0 0 r
Z 2π Z 1 1©©
©
= dθ r(1 − r)dr = © r
©©
0 0
Z 2π µ ¶ S r
1 1 π
= − dθ =
0 2 3 3
XX© ©
Z Z Z Z © © XXXX 1
2π 1 1 XXX
Mxy = zdv = dθ dr zrdz = ©©
©
¼ y
X
z
x
S 0 0 r
Z 2π Z 1 Z 2π
1 3 1 1 1 1 π
= dθ (r − r )dr = dθ = · · 2π =
2 0 0 2 0 4 2 4 4
π/4 3
Logo, z = = .
π/3 4
Por simetria x = y = 0
µ ¶
3
∴ centro de massa: 0, 0, .
4
47
Z Z 2π Z 1 Z 1
2 2
Iz = (x + y )dv = dθ dr r2 · rdz =
S 0 0 r
Z 2π Z 1 Z 2π
1 π
= dθ r3 (1 − r)dr = dθ =
0 0 0 20 10
Exercı́cios propostos:
Z Z
3
5. Calcule xy dA, onde B = [0, 1] × [1, 2]. Resposta: ln( )
B 2
48
NOTAS DE AULA
TRANSFORMAÇÕES
1 Transformações 2
1.1 Transformações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.1.1 Campos Vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1.2 Fluxos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.1.3 Transformações Lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2 Teorema da Função Inversa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.3 Teorema da Função Implı́cita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1
Capı́tulo 1
Transformações
1.1 Transformações
Definição 1.1.1. Sejam A ⊂ Rm e B ⊂ Rn . Uma transformação de A em B é uma
correspondência que associa a cada elemento de A um único elemento de B .
Notação:
T
T :A→B ou A −→ B
Exemplos:
(1) T : R2 → R2
T (x, y) = (x, y 2 ) y6 y6
T-
- -
x x
2
(2) T : R2 → R2
T (x, y) = (2x , x + 2y)
Notemos que T leva retas em retas
y6 y6
T-
- -
x x
(3) T : R2 → R2
“enrola
T (x, y) = (sen x , cos xy , ex ) esticando
de fator a ”
ª y6
¾
comprimento
igual a 2π
q
O “exterior” de C é levado no “interior” de C e vice-versa. P
Ela deixa invariante os pontos de C .
Ainda [kP k → ∞] =⇒ [f (P ) → 0]
q
[P → 0] =⇒ [kf (P )k → ∞] q Q
0
Seja P = (x, y). Vamos determinar as C
coordenadas de Q.
3
−→ −→
Temos que OQ = k. OP , k > 0 e que
−→ 1
k OQ k = −→ , P 6= 0 .
k OP k
−→ −→
Assim: k OQ k = kk OP k.
1 −→ 1 −→
Logo, −→ = kk OP k ⇐⇒ = k OP k2 = x2 + y 2 .
k OP k k
Então:
1
f (x, y) = (x, y).
x2 + y2
— ◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦ —
Exemplos:
1. T : R2 → R2
T (x, y) = (2x + 1 , xy 2 )
lim T (x, y) = (lim 2x + 1 , lim xy 2 ) = (1, 0)
x→0 x→0 x→0
y→0 y→0
y→0
2. G : R2 − {(0, 0)} → R3
µ ¶
xy
G(x, y) = , x, x + y
x2 + y 2
4
@ lim G(x, y)
x→0
y→0
Exemplos:
2. A transformação do exemplo (2) anterior não é contı́nua em (0, 0) (nem está definida
em (0, 0) ).
3. T : R2 → R2 Ã !
xy
px2 + y 2 , xy
, (x, y) 6= (0, 0)
T (x, y) =
(1, 0) , (x, y) = (0, 0)
T não é contı́nua em (0, 0).
Exemplo:
T (x, y) = (x3 , y 2 )
P0 = (0, 1)
µ ¶
∂T ∂x3 ∂y 2
(0, 1) = (0, 1) , (0, 1) = (0, 0)
∂x ∂x ∂x
µ 3 ¶
∂T ∂x ∂y 2
(0, 1) = (0, 1) , (0, 1) = (0, 2)
∂y ∂y ∂y
Composição de Transformações:
Sejam U ⊂ Rm , V ⊂ Rn e W ⊂ Rp e T : U → V , G : V → W .
Podemos então definir a transformação G ◦ T : U → W , dada por:
(G ◦ T )(P ) = G(T (P )) , ∀ P ∈ U .
5
Destacamos aqui a seguinte propriedade da composição:
T G H
U −→ V −→ W −→ K
(H ◦ G) ◦ T = H ◦ (G ◦ T ).
Transformação Inversa
Seja T : A → B. Diz-se que T tem inversa se existir uma transformação G : B → A, tal
que:
G ◦ T = IA e T ◦ G = IB .
Em muitas aplicações está associado a cada ponto P de uma certa região, um único vetor
tendo origem em P . A totalidade de tais vetores é chamada campo vetorial.
Exemplos:
(1) Campo de velocidade determinado pela rotação ¼
¼ ]
]
em torno de um ponto fixo. ¼
¼ ]
r]
?
A cada ponto corresponde um vetor-velocidade. ? ? j Á Á
? Á Á
j
(2) Campo de velocidade determinado pelo movimento j
j
de um fluido.
**
** *
* *
- - - **
- - -
- - -j
jj j
jj j
jj
(3) Campo de forças (campo elétrico, campo gravitacional, etc.) - os vetores representam
a força exercida pelo campo sobre uma unidade de carga ou de massa.
6
@ ¡
j @ ¡ ¼
R
@ N ° ¡
ª
q q ) )
- q ¾
1 1 i i
* µ
¡
¡ ± M @
I
@ Y
¡ @
Observação: Desenhamos acima apenas alguns poucos vetores dos campos. É importante
lembrar que a todo ponto da região está associado um vetor. Nas ilustrações acima assumimos
serem os vetores independentes do tempo. Campos com esta propriedade são chamados
campos de vetores steady ou estacionário.
¡
µ
y ¡
6
¡
y Y q¡ * :
6
q q q q q
¾ q q - -
x
q q q q q
9 ¼ ? j z
7
y6
(2) Descreva o campo vetorial:
BMB
F (x, y) = −y~i + x~j = (−y, x) q B
»»»Y
9»»
» B
Seja P = (x, y) q q B
Bq
h F (P ) , OP~ i = 0 , logo F (x, y) está q
Á
-
sempre ortogonal ao vetor (x, y), e assim, x
À
® q µ
q q
é tangente ao cı́rculo de centro na origem e
p W
raio r = x2 + y 2 . Ainda qP
PP
p P PP
q
kF (x, y)k = y 2 + x2 = r .
gM
= − (x, y, z).
(x2 + y 2 + z 2 )3/2
8
z6
^
ª
°
s
z )
U ¼
-
* O y
y
K i
3 ±
I
Àx O
Um importante tipo de campo vetorial é o que se obtém usando o gradiente de uma função
escalar f de duas ou três variáveis.
F (x, y, z) = ∇f (x, y, z) ,
1.1.2 Fluxos
ou seja:
−sen t − cos t x
ft (x, y, t) =
cos t −sen t y
Para calcular ft (x, y, t) em termos das coordenadas de posição (x0 , y 0 ) = f (x, y, t), pode-
mos resolver a equação
0
x cos t −sen t x
=
y0 sen t cos t y
para (x, y) e encontrar:
0
x cos t sen t x
=
y −sen t cos t y0
10
Então:
−sen t − cos t cos t sen t x0 −y 0
ft (x, y, t) = =
0 0
cos t −sen t −sen t cos t y x
Exemplo:
a) Desenhe as trajetórias do fluxo que começam em (x, y) = (0, 0), (0, 1) e (1, 1).
b) Para t = 1, desenhe os vetores-velocidades nos pontos f (x, y, 1), com (x, y) sendo
(0, 0), (0, 1) e (1, 1).
a) trajetória de (0, 0) :
t
f (0, 0, t) =
2
t
11
y6
trajetória de (0, 1) : ¸ ¸
t ¸
f (0, 1, t) =
1 + t2 q q
trajetória de (1, 1) : q q -
1+t q -
f (1, 1, t) = x
1 + t2
1
b) ft (x, y, t) =
2t
c) Consideremos f (0, 0, 1) = (1, 1) e ft (0, 0, 1) = (1, 2).
Ainda: f (1, 1, 0) = (1, 1) e ft (1, 1, 0) = (1, 0).
Logo, o fluxo não é estacionário.
Observação: Imaginemos uma sala com um ventilador funcionando. Isto dá origem
a um deslocamento de ar pela sala. Se o ventilador permanece fixo o fluxo é steady ou
estacionário. Se o ventilador oscila o fluxo não é steady ou estacionário.
Exercı́cios propostos:
1. Considere o fluxo
(t2 + 1)x
f (x, y, t) = , t≥0
2
(t + 1)y
a) Desenhe as trajetórias que começam em (x, y) = (0, 0), (1, 1), etc. Qual é o tipo
das trajetórias?
2. Considere o fluxo
12
(t + 1)x
f (x, y, t) = , t≥0
(t + y
a) Desenhe as trajetórias que começam em (x, y) = (0, 0), (1, 1) e (1, 0).
c) Observe que ft não depende de t , mas que apesar disto o fluxo não é steady.
(Sugestão: desenhe a trajetória que começa em (2, 2) ).
Portanto,
z = (am + bp)λ + (ax0 + by0 )
(2)
w = (cm + dp)λ + (cx + dy )
0 0
13
Por esta razão, uma transformação do tipo (∗) é chamada uma transformação linear.
Podemos reescrever (*) como:
a b x ax + by
T (x, y) = =
c d y cx + dy
Então:
T (λ(m, p) + (x0 , y0 )) = λT (m, p) + T (x0 , y0 )
a b
[T ]e~i =
c d
Sabemos, da Álgebra Linear, que T admite inversa se, e somente se, [T ]e~i é inversı́vel,
isto é, ad − bc 6= 0.
14
Ainda, a inversa G é tal que [G]~ei = [T ]~−1
ei ou seja:
1 d −b
[G]~ei =
ad − bc −c a
Assim µ ¶
dz − bw aw − cz
G(z, w) = ,
ad − bc ad − bc
// //
Matriz Jacobiana
Consideremos
F : R2 → R2
F (x, y) = (F1 (x, y) , F2 (x, y))
diferenciável em (0, 0) com F (0, 0) = (0, 0).
Assim, F1 (x, y) e F2 (x, y) são diferenciáveis em (0, 0).
Tomemos a aplicação linear R2 → R dada por:
Já foi comentado ser esta uma aplicação linear que “aproxima bem” a função F1 (x, y)
numa vizinhança de (0, 0). [Veja diferenciabilidade].
Analogamente, podemos considerar:
15
que recebe o nome de matriz jacobiana de F em (0, 0).
Definição Geral:
∂F1 ∂F1 ∂F1
(P ) (P ) ··· (P )
∂x1 ∂x2 ∂xm
µ ¶
∂Fi ..
JF (P ) = (P ) =
.
∂xj
∂Fn ∂Fn
(P ) ······ (P )
∂x1 ∂xm n×m
16
existem vizinhanças V de P0 e W de T (P0 ), tais que T : V → W é inversı́vel e a sua inversa
é de classe C k .
T
j
q P0 q
T (P0 )
Y
¡
¡ ¡
¡
T −1
¡ ¡
¡ ¡
¡ ¡
¡ ¡
¡ Rm ¡ Rm
Exemplos:
1. Consideremos f : R → R , f de classe C 1 .
q -
x0 x
Notemos que
ex cos y −ex sen y
det JT (x, y) = = e2x 6= 0 , ∀(x, y) ∈ R2 .
ex sen y ex cos y
17
Observe que T não é globalmente inversı́vel, uma vez que não é biunı́voca.
y6
p
T
T
(0, 0) 7−→ (1, 0) y
R 6
T
(0, 2π) 7−→ (1, 0)
p - p -
x x
Exemplos:
reta: ax + by + c = 0
x2 y 2
elipse: 2 + 2 = 1
a b
Dada a curva F (x, y) = 0, para se obter y = f (x) devemos “resolver” a equação
F (x, y) = 0 em relação a y . Em alguns casos, a solução pode ser determinada em ter-
mos de funções elementares. Em outros casos, a solução pode ser aproximada. É preferı́vel,
entretanto, operar não com a forma resolvida da equação ou com a aproximação obtida, mas
sim deduzir as conclusões sobre a solução, estudando a própria função F (x, y).
y
6
F (x, y) = 0
-
x
18
Exemplos:
y6
1. F (x, y) = x2 − y + 1
x2 − y + 1 = 0 ⇐⇒ y = x2 + 1
2. F (x, y) = x2 + y 2 − 1
y6
x2 + y 2 − 1 = 0 define implicitamente
√
y = 1 − x2 ou
√
y = − 1 − x2 −1 1 -
x
com |x| ≤ 1 .
Observe que não temos uma função y = f (x), tal que o conjunto de pontos (x, f (x)) seja
igual ao conjunto de pontos que satisfazem F (x, y) = 0.
3. F (x, y) = x2 + y 2 + 1
x2 + y 2 + 1 = 0 não é satisfeita para nenhum valor real.
4. F (x, y) = x2 + y 2
x2 + y 2 = 0 ⇐⇒ x = y = 0
5. F (x, y) = x cos(xy) + 1
x cos(xy) + 1 = 0 será que define y como função de x em algum intervalo ?
19
Na figura, podemos observar que é possı́vel
y6
obter uma função y = f (x) numa vizinhança de P0
Ã√ √ ! *
2 2 r
P0 = , , porém tal função não existe
2 2
em nenhuma vizinhança de P00 = (1, 0). r -
x
q
Veja que em uma vizinhança de P00 = (1, 0), P00
Exercı́cio:
1. Tente esboçar o aspecto local de uma curva que passa por P0 , tal que em nenhuma
vizinhança de P0 possa ser possı́vel obter y = f (x) ou x = g(y).
O teorema que estabelece as condições suficientes para a existência das funções implı́citas
dando, ao mesmo tempo, a regra para derivá-las, é o seguinte:
y
6 ∇F (P0 ) R
K F
R
y0 q q 0
µ
Z
I -
x0 x
ξ
20
∇F (P0 ) = (Fx (P0 ) , Fy (P0 )) - normal à curva de nı́vel F (x, y) = 0 que passa por P0 .
Como Fy (P0 ) 6= 0, então ∇F (P0 ) nunca é do tipo q - ( “horizontal”)
Exercı́cios resolvidos
F (2, 1) = 0 e Fy (2, 1) = 4 6= 0 .
@
Ainda: ξ(2) = 1, ξ é de classe C ∞ e @
@
1 @
0 −Fx (x , ξ(x)) @
ξ (x) = . @
Fy (x , ξ(x)) @
I -
5 @
2 x
Em particular, ξ 0 (2) = − .
4
2. Mostre que existe um intervalo aberto contendo o ponto x0 = 1, no qual está definida
π
uma função y = f (x), diferenciável em x0 , satisfazendo: f (1) = e x cos(xf (x)) = 0.
2
0
Calcule f (1).
Resolução:
Definimos F (x, y) = x cos(xy).
Observemos que F é de classe C ∞ em R2 .
¡ ¢ ¡ ¢
F 1 , π2 = 0 e Fy 1 , π2 = −1 6= 0 .
21
Pelo Teorema anterior existe um intervalo y6
x cos(xf (x)) = 0 . Z
π q
2
π
Ainda: f (1) = , f é de classe -
2 1 x
C ∞ em I e
−Fx (1 , π2 ) π
f 0 (1) = π =−
Fy (1 , 2 ) 2
Exercı́cio proposto
Mostre que F (x, y) = xy + ln(xy) = 1 define implicitamente y como função de x em uma
vizinhança do ponto P0 = (1, 1).
— ◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦ —
22
Exemplos:
y6
(a) y 3 + x = 0 P0 = (0, 0)
F (x, y) = y 3 + x
Fy (x, y) = 3y 2 ∴
Fy (0, 0) = 0
-
√ x
Ainda y 3 + x = 0 ⇐⇒ y = 3 −x.
y6
(b) x2 + y 2 − 1 = 0 P0 = (1, 0)
F (x, y) = x2 + y 2 − 1
Fy (1, 0) = 0
q1 -
x
Aqui Fy (1, 0) = 0 e não podemos tirar y = ξ(x).
y6 ¡
(c) x2 − 2xy + y 2 = 0 P0 = (0, 0) ¡
¡
2 2
F (x, y) = x − 2xy + y = (x − y) 2 ¡
¡
¡
Fy (0, 0) = Fx (0, 0) = 0 ¡
¡ -
¡ x
mas y = x , diferenciavelmente. ¡
¡
¡
¡
Exercı́cios propostos
23
¡x ¢
1. Descrever a imagem da circunferência x2 + y 2 = r2 pela transformação T (x, y) = 4
,y .
2. Descrever as imagens das retas x = c pela transformação (x, y) → (ex cos y , ex sen y) e
fazer gráficos.
b) Para t = 1 calcule os vetores velocidades nos pontos f (x, y, 1) com (x, y) = (0, 1)
e (1, 1).
8. a) Qual é o lugar geométrico dos pontos (x, y) do plano que satisfazem a equação:
y 2 + x2 ey = 0 ?
24
b) Idem para a equação (esen x − 1)2 + (sen y − 1)2 = 0 ?
c) Estude as equações (a) e (b) de acordo com o Teorema das Funções Implı́citas e
veja se está tudo bem.
b) F é inversı́vel ? Justifique.
c) Observe que y 2 = x3 − x2 ≥ 0. Logo existe uma região do plano onde esta equação
não tem solução. Qual é ela?
d) Em que pontos (x0 , y0 ) do lugar geométrico F (x, y) = 0 nós não temos um intervalo
I contendo x0 tal que F (x, y(x)) = 0, ∀ x ∈ I.
∂p ∂v ∂T
· · = −1
∂v ∂T ∂p
25
NOTAS DE AULA
CÁLCULO VETORIAL
1 Cálculo Vetorial 2
1.1 Integrais de Linha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Campos Conservativos e Integrais de Linha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.3 Teorema de Green . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.4 Integrais de Superfı́cie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.5 Divergente - Rotacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
1.6 Teoremas: Gauss - Stokes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
1
Capı́tulo 1
Cálculo Vetorial
pp
p R
γ - 6
Aq f
q Pi−1 j
q Pi q
q
B
ppp q q q ppp -
Ω pp
p
a b
2
Definição 1. A integral curvilı́nea de f sobre γ de A até B é definida (e denotada)
por: Z X
f (x, y)ds = lim f (ui , vi )∆Si ;
γ k∆k→0
i
Obs: A integral anterior é também conhecida como integral de linha relativa ao com-
primento de arco.
Uma condição suficiente para garantir a existência da integral em questão é dada a seguir.
Z Z b p
f (x, y)ds = f (g(t), h(t)). [g 0 (t)]2 + [h0 (t)]2 dt
γ a
Observação 1: Se usarmos a notação vetorial para γ e colocarmos γ(t) = g(t)~i + h(t)~j , temos:
Z Z b
f (x, y)ds = f (γ(t)).kγ 0 (t)kdt .
γ a
Observação 2: O resultado do Teorema anterior pode ser esperado, uma vez que
X X
f (ui , vi )∆Si ' f (γ(t∗i )).kγ 0 (t∗i )k.∆i ,
i i
onde estamos usando que (ui , vi ) = γ(t∗i ) e que ∆Si ' kγ 0 (t∗i )k.∆i (espaço percorrido =
velocidade . tempo ), melhorando a aproximação quando k∆k → 0.
Z
Observação 3: Notemos que no caso particular de f (x, y) ≡ 1 temos que f (x, y)ds é o
γ
comprimento da curva γ .
Uma curva γ : [a, b] → R2 contı́nua é dita suave por partes se existe uma partição finita
de [a, b] emZ subintervalos tal que a restrição de γ a cada subintervalo seja suave. Neste caso,
definimos f (x, y)ds como soma das integrais das restrições.
γ
3
Interpretação Geométrica
6
z
z = f (x, y)
º
r r r
A Pi−1 r
¤º Pi r
¤ q
¼x (ui , vi ) B y
É
Z natural então:
f (x, y)ds = área da superfı́cie cilindrica de base AB com altura determinada pelo
γ
gráfico de f (uma espécie de cortina).
Interpretação Fı́sica:
Encarando a curva γ como um fio delgado e f (x, y) = densidade em (x, y), temos:
Assim, Z
M= f (x, y)ds .
γ
Exercı́cios resolvidos
Z
1. Calcular f (x, y)ds onde f (x, y) = x3 + y e γ(t) = (3t, t3 ), t ∈ [0, 1].
γ
4
Resolução:
Z Z 1 √ y6
f (x, y)ds = (27t3 + t3 ) · 9 + 9t4 dt =
γ 0
Z 1 √ 1 r
= 84t3 1 + t4 dt = ...
0 *
√ r -
= 14(2 2 − 1). 3 x
z
6
z = x2 + 2y 2
i x2 + y 2 = 1
2
µ
-
1 1 y
1
ªx
Resolução: Consideremos γ : [0, π2 ] → R2 definida por γ(t) = (cos t, sen t). Então a área
A da superfı́cie será dada por:
Z
A = f (x, y)ds =
γ
Z π/2 √
= (cos2 t + 2sen2 t) · cos2 t + sen2 t dt =
0
Z π/2 Z π/2
2 1 3π
= (1 + sen t)dt = 1 + (1 − cos 2t)dt = ... =
0 0 2 4
— ◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦ —
5
Analogamente, Z X
f (x, y)dy = lim f (ui , vi )∆yi
γ k∆k→0
i
Z Z b
f (x, y)dy = f (g(t), h(t))h0 (t)dt
γ a
Observação:
Tudo o que foi feito até aqui é generalizável de maneira análoga para três ou mais variáveis.
Exercı́cio proposto
Z Z
2
Calcular x y dx e x2 y dy quando:
γ γ
b) γ é a parábola y = x2 , 0 ≤ x ≤ 1 .
— ◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦ —
Intrepretação Fı́sica
6
Se F~ é constante e γ uma reta, temos que Trabalho = F~ q (vetordeslocamento) ,
onde q denota o produto escalar.
Se F~ não é constante ou γ não é uma reta, particionamos γ num número finito de
arcos.
Se k∆k é pequena, o trabalho realizado por F~ ao longo do arco Pi−1 Pi pode ser aproxi-
mado por
∆Wi = F~ (Pi−1 ) q (∆xi ~i + ∆yi ~j + ∆zi ~k) = f1 (Pi−1 )∆xi + f2 (Pi−1 )∆yi + f3 (Pi−1 )∆zi
q
A
q Pi−1
¢
¢
¢ Wq Pi
¢®
F~ (Pi−1 ) q
B
Z
W = f1 (x, y, z)dx + f2 (x, y, z)dy + f3 (x, y, z)dz
γ
— ◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦ —
A integral anterior pode ser expressa em forma vetorial. É o que faremos a seguir.
Sejam γ : [a, b] → Ω ⊂ R3 , γ(t) = (g(t), h(t), k(t)) [ ou na notação vetorial ~r(t) =
g(t)~i + h(t)~j + k(t)~k ] uma curva suave e F~ (x, y, z) = f1 (x, y, z)~i + f2 (x, y, z)~j + f3 (x, y, z)~k
um campo contı́nuo sobre Ω .
Então:
Z
f1 (x, y, z)dx + f2 (x, y, z)dy + f3 (x, y, z)dz =
γ
Z b
= [f1 (g(t), h(t), k(t)). g 0 (t) + f2 (g(t), h(t), k(t)). h0 (t) + f3 (g(t), h(t), k(t)). k 0 (t)]dt =
a
Z b Z
Notação
= F~ (γ(t)) q γ (t)dt
0
=== F~ q d~r , a qual será chamada de integral de linha do
a γ
campo F~ sobre γ .
7
BM
~r 0 (t)
B
q B
B γ(t)
BqP
z
6 ± PPP ~
qF (γ(t))
P PP
M
~r(t)
qA
¼ q
x y
Vejamos agora uma relação entre a integral de linha de um campo vetorial e a integral de linha com
relação ao comprimento de arco.
Denotemos por T~ (P ) o vetor unitário tangente a γ em P .
Z Z b Z b· 0
¸
γ (t)
F~ q d~r = F~ (γ(t)) q γ (t)dt =
0
F (γ(t)) q 0 (t)k
. kγ 0 (t)kdt =
γ a a kγ
Z b Z b Z
~ ~ Teorema 2 ~ ~ Notação
= 0
[F (γ(t)) q T (γ(t))] . kγ (t)kdt ==== F (γ(t)) q T (γ(t))ds === F~ q T~ ds
a a γ
P = γ(t)
¸
z
6 ~
j T (P )
~r(t) = γ(t)
¡
¡ q
¡
ª y
x
Resumindo:
Z Z b Z
W = F~ q d~r = F~ (γ(t)) q γ 0 (t)dt = F~ q T~ ds
γ a γ
Exercı́cios resolvidos
Z
1. Calcular F~ q d~r onde F~ (x, y) = x~i + y~j e γ(t) = (cos t, sen t), t ∈ [0, π].
γ
Resolução: Observe que deveremos ter a integral igual a zero, uma vez que o desloca-
mento se processa perpendicularmente ao campo.
8
6
y
K ¸
Y *
O -
B A x
De fato:
Z Z π Z π
F~ q d~r = (cos t ~i + sen t ~j) q (−sen t ~i + cos t ~j)dt = 0 dt = 0 .
γ 0 0
y
6
q q
@ @ ¡
¡
R@ ¡
@ µ
¡
@q¡ -
x
Resolução:
Z Z 1 Z 0 Z 1
W = ~
F d~r =
q F~ (γ(t)) q γ 0 (t)dt = F~ (γ(t)) q γ 0 (t)dt + F~ (γ(t)) q γ 0 (t)dt =
γ −1 −1 0
Z 0 Z 1 Z 0 Z 1
= (t, |t|) q (1, −1)dt + (t, |t|) q (1, 1)dt = 2t dt + 2t dt = −1 + 1 = 0
−1 0 −1 0
— ◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦ —
Z
Uma pergunta que se coloca aqui: A integral F~ q d~r depende da parametrização de γ ?
γ
Veremos a seguir que só depende do sentido de percurso.
Teorema 3. Sejam γ : [a, b] → R3 uma curva suave e h : [c, d] → [a, b] uma mudança de parâmetros
(isto é h0 > 0 ou h0 < 0). Seja ainda λ = γ ◦ h uma reparametrização de γ . Então:
Z Z
F~ q d~r = F~ q d~r , se h0 (τ ) > 0
γ λ
ou
Z Z
F~ q d~r = F~ q d~r , se h0 (τ ) < 0
γ λ
9
Prova:
q
j-
λ=γ◦h γ z6
c τ d a 3 t b ¼ j
x y
h
Exercı́cios resolvidos
Z
1. Calcular F~ q d~r onde F~ (x, y) = (x2 y , x2 y) quando:
γ
(b) γ2 é a parábola y = x2 , 0 ≤ x ≤ 1.
Resolução:
10
y6 q(1,1)
¡
¡
¡
µγ1
¡
¡
¡
¡ -
x
Assim,
Z Z 1 Z 1
1
F~ q d~r = 3 3
(t , t ) q (1, 1)dt = 2t3 dt = ... =
γ1 0 0 2
y q(1,1)
6
µ γ2
-
x
Assim,
Z Z 1 Z 1
8
F~ q d~r = 4 4
(t , t ) q (1, 2t)dt = t4 + 2t5 dt = ... =
γ2 0 0 15
y6 q(1,1)
¡
¡
¡¡
ª
¡
¡γ 3
¡
¡
¡ -
x
Assim,
Z Z 1 Z 1
1
F~ q d~r = 3 3
((1 − t) , (1 − t) ) q (−1, −1)dt = −2(1 − t)3 dt = · · · = −
γ3 0 0 2
Observemos neste exercı́cio que podemos obter dois valores diferentes para a integral de linha
ao longo de duas curvas ligando (0, 0) a (1, 1).
11
6z z = x2
º
q
q
) qR z
(0,2,0)
x (1,1,0) y
Resolução:
Z
3. Calcule 2xdx + dy + dz, onde γ é a intersecção do cilindro y = x2 com o
γ
parabolóide z = 2 − x2 − y 2 , contida no octante x, y, z ≥ 0. O caminho é percorrido de
(1, 1, 0) a (0, 0, 2).
Resolução: Uma visualização da curva:
z
6
2
1y=x
(0, 0, 2) q
γ
¼ 6
z = 2−x2 −y 2
-
y
q
(1, 1, 0)
+x
Temos
Z Z 1
2xdx + dy + dz = [−2(1 − t) − 2(1 − t) + 2(1 − t) + 4(1 − t)3 ]dt =
γ 0
Z 1 ¯1
3 2 4 ¯
¯
= [2(t − 1) + 4(1 − t) ]dt = [(t − 1) − (1 − t) ] ¯ = 0
0 0
— ◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦ —
12
Exercı́cios propostos 1.1
Z
1. Calcular x2 y dx + xy 2 dy, onde γ é a curva indicada a seguir.
γ
y6
q (2, 1)
6
q - -
(2, 0) x
2. Considere o campo vetorial sobre R2 , definido por F~ (x, y) = −y~i + x~j. Encontre uma curva
Z
γ começando no ponto (1, 2) de comprimento 1 tal que F~ q d~r = 0.
γ
z
6
1 y
- R
z x2 + y 2 = 4, z = 0
q
x
j
z = xy
Z
4. Calcule F~ q d~r onde F~ (x, y) = (2x + y 3 )~i + 3xy 2~j e γ é a curva indicada na figura a seguir
γ
y
6
3
6
2
?
1
- -
1 5 x
2
13
Z
suave por partes tal que γ(a) = A e γ(b) = B. Então, ∇f q d~r = f (B) − f (A).
γ
Prova:
(i) Se γ é suave:
Z Z b
q
∇f · d~r = ∇f (γ(t)) p γ 0 (t)dt B
γ a
¸γ
Pela Regra da Cadeia
d ∂f 0 ∂f 0
f (γ(t)) = ∂x1 (γ(t)) . γ 1 (t) + ··· + ∂xn (γ(t)) . γ n
dt
q
= ∇f (γ(t)) · γ 0 (t). A
γ = γ1 ∪ · · · ∪ γm , onde γi é suave, i = 1, . . . , m Aq 1 qB
γ1 µ γ3
µ R γ2
Z m Z
X q q
∇f p d~r = ∇f p d~r A A2
γ
Á γi
i=1 Á Á Á
= f (A1 ) −f (A)+ f (A2 ) −f (A1 )+ · · · +f (B)−f (Am−1 )= f (B)−f (A).
14
Exercı́cios resolvidos
Z
1. Calcular x dx + y dy em cada um dos casos abaixo:
γ
Resolução:
Z Z
x dx + y dy = (x, y) · d~r. y
6 r(1, 1)
γ γ
1¡ 2 ¢
Seja f (x, y) = x + y2 . µ
2 6
Então ∇f (x, y) = (x, y). µ
r - -
Z Z x
Logo, x dx + y dy = ∇f · d~r.
γ γ
Resolução:
Z Z
y dx + x dy = (y, x) q d~r.
γ γ
Seja g(x, y) = xy. Então ∇g(x, y) = (y, x).
Logo,
Z
y dx + x dy = g(2, 3) − g(0, 1) = 6 .
γ
Observação: O teorema anterior afirma que, sob certas condições, a integral de linha independe
do caminho de integração, mas somente dos pontos extremos. Conforme já visto anteriormente,
nem todas as integrais de linha tem esta propriedade. Veremos uma recı́proca do Teorema anterior.
Definição 7. Ω ⊂ Rn é dito conexo se quaisquer dois pontos em Ω podem ser ligados por uma
curva suave por partes, inteiramente contida em Ω . Uma região é um conjunto aberto e conexo.
15
Exemplos:
Nos casos abaixo Ω1 é conexo e Ω2 não é conexo.
© ª
Ω1 = (x, y) ∈ R2 ; x > 1
© ª
Ω2 = (x, y) ∈ R2 ; |x| > 1
é de classe C 1 e satisfaz ∇f = F~ em Ω .
Prova:
Para simplificar a notação vamos fazer a prova para n = 2.
Inicialmente observemos que em virtude da independência de caminho a fórmula para f (x, y)
fornece uma função sem ambigüidade. µ ¶
∂f ∂f
Precisamos mostrar que ∇f (x, y) = F~ (x, y), ou seja (x, y) , (x, y) =
∂x ∂y
(F1 (x, y) , F2 (x, y)).
Escolhemos curva suave por partes ligando A a (x, y) contida em Ω (que existe pois Ω é conexo)
e a estendemos horizontalmente até o ponto (x + t , y), |t| < δ (isto é possı́vel pois Ω é aberto).
(x,r y) r
- (x + t, y)
r
A
Z (x+t , y) Z (x,y)
f (x + t , y) − f (x, y) = F~ q d~r − F~ q d~r =
A A
Z (x+t , y) Z t Z t
= F~ q d~r = F~ (x + τ , y) q (1, 0)dτ = F1 (x + τ , y)dτ
(x,y) 0 0
Assim:
Z t
∂f f (x + t , y) − f (x, y) 1
(x, y) = lim = lim · F1 (x + τ , y)dτ =
∂x t→0 t t→0 t 0
µZ t ¶Á
d
= F1 (x + τ , y)dτ = F1 (x, y)
dt 0 t=0
16
onde usamos nas igualdades anteriores a definição de derivada de função de uma variável e o Teorema
Fundamental do Cálculo.
∂f
Analogamente (x, y) = F2 (x, y).
∂y
Logo ∇f (x, y) = (F1 (x, y) , F2 (x, y)) = F~ (x, y).
— ◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦ —
Definição 9. Um campo vetorial F~ para o qual existe uma função real f tal que F~ = ∇f é chamado
um campo gradiente ou conservativo. A função −f é chamada o potencial de F~ .
A motivação para chamarmos um campo gradiente por conservativo será colocada a seguir.
17
Trabalho = W = variação da energia cinética.
ou seja,
K(b) − f (B) = K(a) − f (A) .
Exercı́cio
K
Encontrar o trabalho realizado pelo campo F~ (x, y, z) = (x~i + y~j + z~k) ao longo da
x2 + y2 + z2
curva γ : [0, 2π] → R3 , dada por γ(t) = (cos t , sen t , t)
Resolução:
Ky
fy (x, y, z) = (2)
x2 + y2 + z2 Y
Kz
fz (x, y, z) = (3)
x2 + y2 + z2 r :
6
ª j
x y
A = (1, 0, 0)
18
Integrando (1) em relação a x obtemos
Z
Kx K
f (x, y, z) = dx + φ(y, z) = ln(x2 + y 2 + z 2 ) + φ(y, z) (4)
x2 2
+y +z 2 2
Assim,
Ky
fy (x, y, z) = + φy (y, z) .
x2 + y2 + z2
Comparando com (2) temos φy (y, z) = 0 e assim φ = φ(z), isto é φ não depende de y .
Logo (4) pode ser escrita como
K
f (x, y, z) = ln(x2 + y 2 + z 2 ) + φ(z)
2
— ◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦ —
Teorema 10. Seja F~ (x, y) = A(x, y)~i + B(x, y)~j , onde A(x, y) e B(x, y) são de classe C 1 num
retângulo < = [a, b] × [c, d].
Prova:
(⇐)
∂f ∂f
Se ∇f = F~ então A = e B= . Logo
∂x ∂y
(⇒)
19
Seja f (x, y) definida em < por: < (x, y)
Z
γ2
6
f (x, y) = F~ · d~r , γ1
γ -
(x0 , y0 ) (x, y0 )
onde γ é a curva indicada na figura ao lado.
Consideremos as parametrizações γ1 : [x0 , x] → < dada por γ1 (t) = (t, y0 ) e γ2 : [y0 , y] → <
dada por γ2 (t) = (x, t).
Z x Z y
Assim f (x, y) = A(t, y0 )dt + B(x, t)dt.
x0 y0
∂f (∗)
Então: (x, y) == B(x, y).
∂y
Z y
∂f (∗)+(∗∗) ∂B hip.
(x, y) === A(x, y0 ) + (x, t)dt === A(x, y0 ) +
∂x Z y y0 ∂x
∂A (∗)
+ (x, t)dt == A(x, y0 ) + A(x, y) − A(x, y0 ) =
y0 ∂y
= A(x, y).
Observação:
O teorema anterior continua válido se ao invés do retângulo < considerarmos uma região Ω
simplesmente conexa, isto é, Ω não apresenta “buracos”. [Mais precisamente, uma região Ω ⊂ Rn
é dita simplesmente conexa se toda curva fechada contida em Ω puder ser deformada continuamente
dentro de Ω até reduzir-se a um ponto.] No entanto, o teorema não é válido para regiões quaisquer,
conforme mostra o exemplo a seguir.
não
simplesmente simplesmente
conexa conexa
Exemplo:
20
y
Seja γ(t) = (cos t , sen t) , t ∈ [0, 2π]. 6
γ
}
−y ~ x ~
F~ (x, y) = i+ 2 j ; (x, y) ∈ D = R2 − {0} a -
x2+y 2 x + y2 x
−y y 2 − x2
A(x, y) = ⇒ Ay (x, y) =
x2 + y 2 (x2 + y 2 )2
x y 2 − x2
B(x, y) = ⇒ Bx (x, y) =
x2 + y 2 (x2 + y 2 )2
Z Z
Se existir f tal que ∇f = F~ em D , então F~ q d~r = ∇f q d~r = 0.
γ γ
Mas, calculando pela definição,
Z Z 2π
F~ q d~r = 1dt = 2π 6= 0 .
γ 0
Teorema 11. Seja F~ (x, y, z) = A(x, y, z)~i + B(x, y, z)~j + C(x, y, z)~k onde A , B e C são de classe
C 1 no paralelepı́pedo < = [a, b] × [c, d] × [e, f ].
Ay = Bx , Az = Cx e Bz = Cy em <
Observação: A prova é semelhante à do teorema anterior, sendo que a função potencial do campo
pode ser obtida integrando F~ sobre uma poligonal contida em < como abaixo:
z
6
r
¡
r¡
¡
ª
¡ 6 z
q y
¡
¡
ª
x
21
Observação: O teorema anterior continua válido se ao invés do paralelepı́pedo < considerarmos
uma região Ω simplesmente conexa como na Observação depois do Teorema 10. Note que no R3
uma região simplesmente conexa pode apresentar “buracos”como entendidos na linguagem comum.
Tal é o caso de uma bola da qual foi retirada o centro. Já uma bola da qual foi retirado um diâmetro
não é uma região simplesmente conexa.
Exercı́cios resolvidos
1. Seja ~r(t) = cos t ~i + sen t ~j , t ∈ [0, π/2]
(0, 1)
1o
¯ Método: I
Pela definição: -
Z Z π/2 ¡ (1, 0) x
¢
F~ · d~r = 2
sen t , 2 cos t sen t − e sen t
· (−sen t , cos t)dt = . . .
γ 0
2o¯ Método:
F~ é do tipo gradiente ?
Ay = 2y = Bx em qualquer retângulo.
Portanto é gradiente.
fx (x, y) = y 2 (1)
fy (x, y) = 2xy − ey (2)
Logo f (x, y) = xy 2 + φ(y)
22
(2)
fy (x, y) = 2xy + φ 0 (y) === 2xy − ey
∴ φ 0 (y) = −ey ⇒ φ(y) = −ey
∴ f (x, y) = xy 2 − ey
Logo,
Z
F~ q d~r = f (0, 1) − f (1, 0) = 1 − e
γ
3o
¯ Método:
Sabemos que F~ é do tipo gradiente em R2 . Logo, a integral não depende da curva. Vamos
calcular sobre o segmento de (1,0) até (0,1).
Assim:
Z Z Z 1 Z 1£ ¤
F~ q d~r = F~ q d~r = (t2 , 2t(1 − t) − et ) q (−1, 1)dt = −t2 +2t(1−t)−et dt = 1 − e
γ Γ 0 0
Z
2. Calcular (y + sen x)dx + (x + ey )dy onde γ é uma curva suave por partes, de (0, 1) a
γ
(π, 0).
Resolução:
y
∂A ∂B 6
= em R2
∂y ∂x
1
-
Portanto vale a condição do Teorema 10
Aqui, para encontrarmos a função potencial −f vamos utilizar um método alternativo, base-
ado no raciocı́nio desenvolvido na demonstração do Teorema 10.
Z
Seja f (x, y) definida em R2 por f (x, y) = F~ q d~r, 6y
Γ (x,q y)
Γ2
6
onde Γ é a curva indicada ao lado Γ1
- -
(0, 0) (x, 0) x
Assim:
Z x Z y
f (x, y) = sen t dt + (x + et )dt = xy + ey − cos x
0 0
23
Logo, ∇f (x, y) = F~ (x, y) = (y + senx, x + ey ) e portanto
Z Z
y
(y + sen x)dx + (x + e )dy = ∇f q d~r = f (π, 0) − f (0, 1) = 3 − e
γ γ
3. Considere F~ (x, y, z) = y 2~i + (2xy + e3z )~j + 3y e3z ~k. Encontre uma função f tal que ∇f = F~ .
Resolução:
fx (x, y, z) = y 2 (1)
fy (x, y, z) = 2xy + e3z (2)
fz (x, y, z) = 3y e3z (3)
Reescrevendo (4):
f (x, y, z) = xy 2 + y e3z + h(z).
c
F~ (x, y, z) = ~r , onde
k~rk3
~r = x~i + y~j + z~k e c é uma constante. Sejam P1 e P2 pontos cujas distâncias à origem são
d1 e d2 , respectivamente.
24
Expresse em termos de d1 e d2 o trabalho realizado por F~ ao longo de uma curva suave por
partes unindo P1 a P2 .
Resolução:
c
F~ (x, y, z) = (x, y, z)
(x2 + y 2 + z 2 )3/2
z6 P1
r
:
d1
r
P2
d2
z
y
¼
x
Notemos que
|c|
kF (x, y, z)k = , ou seja, F~ é do tipo quadrado inverso.
x2 + y 2 + z 2
−c
Observemos então que F~ (x, y, z) = ∇f (x, y, z) onde f (x, y, z) = .
[x2 + y 2 + z 2 ]1/2
Assim:
−c c c(d2 − d1 )
W = f (P2 ) − f (P1 ) = + = .
d2 d1 d1 d2
— ◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦ —
4. Prove: Se F~ é um campo vetorial contı́nuo definido numa região Ω ⊂ Rn , então são equiva-
lentes:
Z
(a) F~ q d~r = 0 para qualquer curva fechada γ ⊂ Ω .
γ
25
Z
(b) F~ q d~r é independente do caminho suave por partes, γ , ligando dois pontos
γ
em Ω .
5. Calcular o trabalho realizado pelo campo F~ (x, y) = (2 − 5x + y)~i + x~j ao deslocarmos uma
partı́cula de massa unitária ao longo do triângulo de vértices (2,2), (3,1) e (3,2), no sentido
anti-horário.
6 6 6
- - -
Teorema 13 (de Green). Seja D região plana limitada, que é reunião finita de regiões simples,
cada uma com fronteira constituı́da de uma curva suave por partes. Se A(x, y) e B(x, y) são de
classe C 1 num aberto contendo D e a sua fronteira γ , então:
Z ZZ · ¸
∂B ∂A
A(x, y)dx + B(x, y)dy = (x, y) − (x, y) dx dy
γ D ∂x ∂y
De maneira abreviada:
Z ZZ µ ¶
∂B ∂A
A dx + B dy = − dx dy
γ D ∂x ∂y
26
° *γ
D
*γ * γ
Prova:
1o
¯ Caso:
Suponhamos D-região simples (com o aspecto abaixo, por exemplo)
6y
x = h1 (y)
b µ
® x = h2 (y)
O
D 6
a -
-
x
ZZ Z b Z h2 (y)
∂B ∂B
(x, y)dx dy = dy (x, y)dx =
D ∂x a h1 (y) ∂x
Z b
= [B(h2 (y), y) − B(h1 (y), y)] dy =
a
Z b Z a Z
= B(h2 (y), y)dy + B(h1 (y), y)dy = B(x, y)dy
a b γ
A última igualdade ocorre, uma vez que a parte paralela ao eixo x em nada contribui com a
integral.
Analogamente,
Z ZZ
∂A
A(x, y)dx = − (x, y)dx dy
γ D ∂y
A soma destas igualdades fornece a prova deste primeiro caso.
2o
¯ Caso:
Suponhamos D = D1 ∪ · · · ∪ Dn reunião finita de regiões simples, cada uma com uma fronteira
constituı́da de uma curva suave por partes γi , i = 1, . . . , n .
27
Temos já provado: µ ¶
Z ZZ
∂B ∂A
Adx + Bdy = − dx dy
γi Di ∂x ∂y
A soma das integrais sobre Di é uma integral sobre D . Logo,
ZZ µ ¶ Xn Z
∂B ∂A
− dx dy = Adx + Bdy (*)
D ∂x ∂y γi i=1
y
6
ª 6
? @ D
¶³
- @
@
R
¾ @
I
µ´
Y Yj @
@
6? :
-
x
Estas partes serão percorridas duas vezes, uma em cada sentido, em nada contribuindo com o
membro direito de (∗).
Logo,
ZZ µ ¶ Z
∂B ∂A
− dx dy = Adx + Bdy
D ∂x ∂y γ
Exercı́cios resolvidos
I
1. Use o Teorema de Green para calcular (1 + 10xy + y 2 )dx + (6xy + 5x2 )dy, onde γ é o
γ
quadrado de vértices (0, 0), (a, 0), (0, a) e (a, a).
28
Resolução:
I ZZ
(1 + 10xy + y 2 )dx + (6xy + 5x2 )dy = [(6y + 10x) − (10x + 2y)] dx dy =
γ R
ZZ
= 4y dx dy =
R
Z a Z a
= dy 4y dx = · · · = 2a3 .
0 0
y
6
? R 6
- -
x
Z
2. Calcular x2 y dx + y 3 dy, onde γ é a curva indicada na figura.
γ
y6
y=x
1 y 3 = x2
ª
µ
γ
-
1 x
Resolução:
Z ZZ Z 1 Z x2/3
2 3 2
x y dx + y dy = −x dx dy = − dx x2 dy =
γ D 0 x
Z 1
1
= − (x8/3 − x3 )dx = · · · = − .
0 44
x2 y 2
3. Calcular a área limitada pela elı́pse + 2 = 1.
a2 b
29
6y
rb
ra -
x
1
γ
Resolução:
4. D = {(x, y) ∈ R2 / x2 + y 2 ≤ 1}
A(x, y) = A(r), B(x, y) = B(r) ; funções de classe C 1 que dependem somente da distância
r à origem.
Prove que
ZZ µ ¶
∂B ∂A
− dx dy = 0 .
D ∂x ∂y
Resolução:
y
6
Seja γ(t) = (cos t , sen t), t ∈ [0, 2π]
D
Pelo Teorema de Green, -
x
ZZ µ ¶ Z 7γ
∂B ∂A
− dx dy = A(1)dx + B(1)dy
D ∂x ∂y γ
Considerando agora A(x, y) = A(1) e B(x, y) = B(1), (x, y) ∈ D (isto é, estendemos A e B
como constantes em D ) e aplicando novamente o Teorema de Green obtemos
Z ZZ µ ¶ ZZ
∂B ∂A
A(1)dx + B(1)dy = − dx dy = 0 dx dy = 0
γ D ∂x ∂y D
Assim:
ZZ µ ¶
∂B ∂A
− dx dy = 0
D ∂x ∂y
30
5. Considere F~ (x, y) = A(x, y)~i + B(x, y)~j
∂B ∂A
A, B ∈ C 1 com = na região S hachurada abaixo.
∂x ∂y
ª
γ2 ¿
γ1 S
6
ÁÀ
Prove que:
Z Z
F~ q d~r = F~ q d~r
γ1 γ2
Resolução:
−y x
6. Considere F~ (x, y) = · ~i + 2 · ~j , (x, y) 6= (0, 0) e Γ(t) = (2 cos t , 3 sen t),
x2 + y 2 x + y2
t ∈ [0, 2π].
Z
Calcular F~ q d~r .
Γ
y
6
3
2 -
x
ºΓ
Resolução:
31
y
6
3
º·
I1 2 -
Γ1
¹¸ x
ºΓ
y
6
1 ¾
?
6
R 6
−1 1 1 -
2 x
?
-
−1
Z
2. Use o Teorema de Green para calcular a integral F~ q d~r , onde:
γ
32
* S
z 6
z
¼
y
x
z Ω
x y
y + ∆y
x + ∆x z
¼ y
x R
¯ ¯
¯ ~i ~j ¯ ~k
¯ ¯
¯ ¯
¯ ¯
~a × ~b = ¯ ∆x 0 A∆x ¯ = −A ∆x ∆y~i − B ∆x ∆y~j + ∆x ∆y~k .
¯ ¯
¯ ¯
¯ 0 ∆y B∆y ¯
√
Logo, área de S = A2 + B 2 + 1 ∆x ∆y .
33
Uma superfı́cie S será dita suave se o seu vetor normal unitário ~η variar continuamente através
de S .
Se S : z = f (x, y), (x, y) ∈ Ω , então S é suave se e somente se f é de classe C 1 sobre Ω (isto
é, fx e fy são contı́nuas sobre um aberto contendo Ω ).
Ainda, se S : z = f (x, y), (x, y) ∈ Ω onde Ω é do tipo considerado para integrais duplas
(fronteira contida em um número finito de conjuntos suaves) diremos que S tem projeção regular
no plano xy .
Consideremos então S : z = f (x, y), suave, com projeção regular Ω no plano xy .
Seja G uma rede cobrindo a região Ω .
Seja (xi , yj ) o centro de cada retângulo coordenado Rij determinado por G .
z
6
z
y
¼ Rij
x
Aproximamos a área de S sobre o retângulo Rij pela área do plano tangente a S pelo ponto
(xi , yj , f (xi , yj )).
A equação do plano tangente é:
∂f ∂f
(x − xi ) (xi , yj ) + (y − yj ) (xi , yj ) − (z − f (xi , yj )) = 0
∂x ∂y
ou
∂f ∂f
z= (xi , yj )x + (xi , yj )y + Cij
∂x ∂y
34
r
r
Rij
z
(xi , yj , 0)
Esta expressão dá uma estimativa para a área da superfı́cie sobre Rij .
Somando, teremos uma estimativa para a área de S .
Fazendo m(G) → 0, temos:
sµ ¶2 µ ¶2
ZZ
∂f ∂f def.
+ + 1 dx dy == Área de S
Ω ∂x ∂y
Exemplos:
-
y
= ²
x Ω
35
Seja z = f (x, y) = −y + 1
Ω = {(x, y) ∈ R2 / x2 + y 2 ≤ 1}
fx (x, y) = 0
fy (x, y) = −1
Z √ Z √ Z
√
A(S) = 1 + 1 dA = 2 dA = 2 π , onde usamos o fato que dA é a área do cı́rculo
Ω Ω Ω
de raio 1.
ZZ p
Área = y 2 + x2 + 1 dx dy
Ω
Integrando em coordenadas polares:
Z 2π Z 1 p
2 h √ i
Área = dθ r2 + 1 r dr = · · · = π 2 2 − 1
0 0 3
3. Dar a área da parte do cilindro z = y 2 que fica sobre o triângulo de vértices (0, 0), (0, 1) e
(1, 1).
z
6
S
1y
q
x
36
ZZ p Z 1 Z y p
A(S) = 2
4y + 1 dx dy = dy 4y 2 + 1 dx =
Ω 0 0
Z 1p
1 √
= 4y 2 + 1 y dy = · · · = (5 5 − 1)
0 12
— ◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦ —
γ ¸ η
z
6
~a = q ~b
z
¼ y
∆x q
x
∆y
Ω
?
(x0 , y0 )
Seja o retângulo ilustrado e a sua correspondente imagem no plano tangente a S por (x0 , y0 , f (x0 , y0 )).
A equação deste plano pode ser escrita como:
∂f ∂f
z= (x0 , y0 )x + (x0 , y0 )y + C
∂x ∂y
Pelo visto anteriormente,
h i
~a × ~b = −fx (x0 , y0 )~i − fy (x0 , y0 )~j + ~k ∆x ∆y
37
~a × ~b −fx (x0 , y0 )~i − fy (x0 , y0 )~j + ~k
~η = =q
k~a × ~bk [fx (x0 , y0 )]2 + [fy (x0 , y0 )]2 + 1
Comparando com (∗),
1
cos γ = q
[fx (x0 , y0 )]2 + [fy (x0 , y0 )]2 + 1
q
Assim [fx (x0 , y0 )]2 + [fy (x0 , y0 )]2 + 1 = sec γ .
ZZ
∴ Área de S = sec γ(x, y)dx dy
Ω
De modo análogo:
Se S : x = g(y, z) com hipóteses semelhantes às anteriores, teremos:
ZZ
Área de S = sec α(y, z)dy dz
Ω
z6
qΩ
S q
) y
x
α z
®~
η
38
z
6
- S
ij
j
ª y
x Ω
?
Rij
Exercı́cio resolvido
1. Calcular a massa de uma lâmina que tem a forma do cone z 2 = x2 + y 2 entre os planos z = 1
e z = 4, se a densidade é proporcional à distância ao eixo 0z .
39
Resolução:
p
ρ(x, y, z) = k x2 + y 2
z
6
p
f (x, y) = x2 + y 2
x
fx (x, y) = p
x2 + y 2
y
fy (x, y) = p
x2 + y2
y
fx2 + fy2 +1=2 z 2 z
j x + y 2 = 16
√
+ x2 + y 2 = 1
∴ sec γ(x, y) = 2 x
ZZ p Z Z µ ¶
√ √ 2π 4 √ 43 − 1
massa = k x2 + y2 · 2 dx dy = 2 k dθ r · r dr = · · · = 2 2 kπ .
Ω 0 1 3
— ◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦ —
Casos Especiais:
ZZ
(i) H(x, y, z) ≡ 1 ⇒ dS = Área de S .
S
(ii) H(x, y, z) = densidade no ponto (x, y, z) de uma lâmina S .
ZZ
H(x, y, z)dS = massa da lâmina.
S
40
Aplicação: Fluxo de um Fluı́do através de S
~ (variando de ponto a ponto mas
Suponhamos S imersa num fluı́do que escoa com velocidade V
não com o tempo).
Casos Particulares:
(i) S - plana
~ - constante
V 6
6
6
~ ⊥S
V 6
6 ~
V
Fluxo por S = volume do cilindro =
S
~ k p (área de S).
= kV
(ii) S - plana
¢¢̧ ¢¢̧
~ - constante
V ¢ ¢¢̧
¢ ¢
(A) ¢
¢ ¢
~ - não perpendicular a S
V ¢ ¢
¢ ¢
¢S ¢
¢ ¢
¢
Caso Geral:
S : z = f (x, y) suave, com projeção regular Ω no plano xy .
~ =V
V ~ (x, y, z) - contı́nuo.
Problema:
41
Definir fluxo através de S .
Seja G uma rede cobrindo Ω , com retângulos Rij dividindo S em pedaços Sij .
(xi , yj ) - centro de Rij .
z
6
S
º
~η
¡
µ
¡ - Sij
¡
q¡ »»
:
»» ~
q»»» V
q
Ω j
ª
x y
R
Rij
~ = constante = V
Se Sij é pequeno, supomos que V ~ (xi , yj , f (xi , yj )) em todo Sij .
Tomamos o plano tangente a S por (xi , yj , f (xi , yj )) e substituı́mos Sij pela imagem de Rij no
plano tangente, denotando por S∗ij .
Fluxo por ~ (xi , yj , f (xi , yj )) q ~η (xi , yj , f (xi , yj )) · (área deS∗ij )
Sij ' V =
~ (xi , yj , f (xi , yj )) q ~η (xi , yj , f (xi , yj )) · sec γ(xi , yj )∆xi ∆yj
= V
Somando e fazendo m(G) → 0, temos:
ZZ
def.
Fluxo por S === ~ (x, y, f (x, y)) q ~η (x, y, f (x, y)) · sec γ(x, y)dx dy =
V
Ω
ZZ ZZ
def. abrev.
=== ~ (x, y, z) q ~η (x, y, z) dS ====
V ~ q ~η dS
V
S S
Teorema 15.
S : z = f (x, y), onde f ∈ C 1 em
Ω = projeção regular de S no plano xy .
~η - normal superior (unitário)
~ - campo vetorial contı́nuo
V
42
Então:
ZZ ZZ
~ q ~η dS =
V (−v1 fx − v2 fy + v3 )dx dy
S Ω
Prova:
Estamos supondo V~ (x, y, z) = v1 (x, y, z)~i + v2 (x, y, z)~j + v3 (x, y, z)~k.
−fx~i − fy~j + ~k
Lembremos que ~η = .
sec γ(x, y)
Logo,
ZZ ZZ h i
~ q
V ~η dS = V~ (x, y, f (x, y)) q −fx (x, y)~i − fy (x, y)~j + ~k dx dy =
S Ω
ZZ
= (−v1 fx − v2 fy + v3 )dx dy.
Ω
— ◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦ —
Exercı́cios resolvidos
ZZ p
1 2
1. Calcule a integral 1 + y 2 dS , onde S : z = y , 0 ≤ x ≤ 1, 0 ≤ y ≤ 1.
S 2
S
µ
6z
* y
q Ω
1
j
x
Resolução:
1
Temos f (x, y) = y2.
2
q p
Assim: sec γ(x, y) = fx2 + fy2 + 1 = 1 + y 2
ZZ p ZZ p p Z 1 Z 1
4
1 + y 2 dS = 1 + y2 · 1 + y 2 dx dy = dy (1 + y 2 )dx = · · · =
S Ω 0 0 3
2. Ache a massa de uma lâmina triangular com vértices (1, 0, 0), (0, 1, 0) e (0, 0, 1), cuja densidade
é proporcional ao quadrado da distância ao plano yz .
43
z
6
1
1 S
q
q Ω y
1
ª
x
Resolução:
*
6z y
~η
I 1 ~
µV
1 q
x
Resolução:
ZZ ZZ
T eo.15
~ q ~η dS ====
Fluxo = V (−v1 fx − v2 fy + v3 )dx dy =
S Ω
Z 1 Z 1
= dx (−x2 y 2 − 0.x + x2 y 2 )dy = 0
0 0
Observação: notemos que neste exercı́cio V é tangente a S, e assim o fluxo seria 0.
44
ZZ
Calcular ~ q ~η dS
V
S
Resolução:
6z
-
y
M
x2 + y 2 = 9
ª
x
Consideremos Ω : x2 + y 2 ≤ 9 e f (x, y) = 9 − x2 − y 2
ZZ ZZ
£ ¤
~
V q ~η dS = −(3x) · (−2x) − (3y) · (−2y) + (9 − x2 − y 2 ) dx dy =
S Ω
ZZ Z 2π Z 3
£ 2 2
¤ 567
= 5(x + y ) + 9 dx dy = dθ (5r2 + 9)r dr = · · · = π
Ω 0 0 2
— ◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦ —
y
*
6z
β
ª-
~η
r 1 S
Ω
R
x
45
z6
Ω
q
S
) q
x q y
αj
À~
η
ZZ
Com estas considerações, podemos definir quando S é uma superfı́cie “fechada”.
S ZZ
Nesse caso, convencionamos tomar ~η como a normal externa a S . A integral ~v q ~η dS
S
mede o fluxo que escoa para fora de S . Se for positiva, o fluxo para fora excede o fluxo para
dentro (dizemos que dentro de S temos uma fonte).Caso contrário, dizemos que dentro de S temos
um sumidouro ou poço.
Exercı́cio resolvido
~ (x, y, z) = xy~i + 4yz 2~j − yz~k para fora do cubo 0 ≤ x ≤ 1, 0 ≤ y ≤ 1,
Calcule o fluxo total de V
0 ≤ z ≤ 1.
Resolução:
Face η
~ ~ ·η
V ~ Fluxo ~η
6
z
6
RR
z=1 ~k −yz = − 21
R −y dx dy
RR q
z=0 −~k yz R 0 dx dy = 0
RR q ~η
z
x=1 ~i xy 1
R y dy dz = 2 q
RR ~η¼ z
x=0 −~i −xy R 0 dy dz =0 q y
RR
y=1 ~j 4yz 2 2 dx dz 4
R 4z = 3 ¼
RR x
y=0 −~j −4yz 2 R 0 dx dz = 0 ~η
?
ZZ
∴ ~ q ~η dS = 4 . Assim, temos uma fonte no interior do cubo.
V
S 3
46
Exercı́cios propostos 1.4
1. Seja S : z = f (x, y) suave, com projeção regular Ω no plano xy . Interprete geometricamente
ZZ
H(x, y, z) dS, onde H(x, y, z) ≡ C > 0.
S
ZZ
2. Mostre que uma integral dupla g(x, y)dx dy do tipo considerado no Capı́tulo anterior é
Ω
um caso particular de integral de superfı́cie.
div F~ (x, y, z) = x + xy
³q
³³
³
)
³³PPP ³³1
³
³ qP³
³ Pq³
P
)³
³ PP PP
PP
q PP
q
x
y
div F~ (x, y, z) = 3
47
z
6
¸
I q
q
3
q
q -
³³PPP
³³q PP
³³ q PP
³³ q PP
³³
) ª P
q
x ² y
^
−→
Definição 17. Seja F~ = A1~i + A2~j + A3~k , com derivadas parciais. O rotacional de F~ , rot F~ , é
definido por:
µ ¶ µ ¶ µ ¶
−→ ∂A3 ∂A2 ∂A1 ∂A3 ∂A2 ∂A1
rot F~P = (P ) − (P ) ~i + (P ) − (P ) ~j + (P ) − (P ) ~k
∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y
Pode ser calculado através do determinante simbólico:
¯ ¯
¯ ~ ~j ~k ¯
¯ i ¯
−→ ¯ ¯
¯ ∂ ¯
rot F~ = ¯ ∂x ∂ ∂ ¯
¯ ∂y ∂z ¯
¯ ¯
¯ A1 A2 A3 ¯
· ¸
−→ ∂A2 ∂A1
~
rot F (x, y) = (x, y) − (x, y) ~k
∂x ∂y
Exercı́cios resolvidos
1. F~ (x, y, z) = −y~i + x~j
¯ ¯
¯ ~ ~j ~k ¯¯
¯ i
−→ ¯ ¯
¯ ∂ ∂ ¯¯ = 2~
rot F~ = ¯ ∂x ∂ k (rotação pura)
¯ ∂y ∂z ¯
¯ ¯
¯ −y x 0 ¯
Exercı́cios propostos
1. Sejam φ(x, y, z) = x2 yz 3 e F~ (x, y, z) = xz~i − y 2~j + 2x2 y~k
Calcular:
−→ −→
~ φ
a) grad b) div F~ c) rot F~ d) div (φ F~ ) e) rot (φ F~ )
48
−→
2. Prove que div(rot F~ ) = 0 , onde F~ = A1~i + A2~j + A3~k , com derivadas parciais segundas
contı́nuas.
−→
~ f ) = 0, onde f ∈ C 2 .
3. Prove que rot (grad
— ◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦ —
Observação:
Consideremos o operador ∇ (nabla) definido por:
∂ ∂ ∂
∇ = ~i + ~j + ~k .
∂x ∂y ∂z
Então: µ ¶
~ f = ~i ∂f + j ∂f + k ∂f = ~i ∂ + ~j ∂ + ~k ∂ f = ∇f ,
grad
∂x ∂y ∂z ∂x ∂y ∂z
notação que já vı́nhamos usando para o gradiente.
As notações abaixo, encontradas em muitos textos, são sugestivas:
div F~ = ∇ q F~
−→
rot F~ = ∇ × F~ .
Com a introdução do rotacional, podemos resumir alguns resultados já alcançados (Teoremas
4, 8 e 11) do seguinte modo:
Seja F~ um campo vetorial de classe C 1 num paralelepı́pedo < = [a, b]×[c, d]×[e, f ]. As seguintes
afirmações são equivalentes:
1. F~ é conservativo em <.
2. rot F~ = ~0 em <.
Z
3. F~ q d~r = 0 para qualquer curva fechada γ ⊂ <, suave por partes.
γ
Z
4. F~ q d~r é independente da curva suave por partes γ ⊂ < , ligando dois pontos em < .
γ
De fato:
(1) ⇐⇒ (2) - (Teorema 11)
(1)⇐⇒ (4) - (=⇒ Teorema 4); (⇐= Teorema 8)
(3) ⇐⇒ (4) - ( Exerı́cio 4, pg. 26)
49
1.6 Teoremas: Gauss - Stokes
Suponhamos A, B, Γ, D nas condições do teorema de Green (Teo. 13). Então:
Z ZZ µ ¶
∂A ∂B
−B dx + A dy = + dx dy
γ D ∂x ∂y
γ?
T~
Á
D p
s
~η
Colocando
F~ (x, y) = −B(x, y)~i + A(x, y)~j
~ (x, y) = A(x, y)~i + B(x, y)~j
V
a equação acima fica:
I ZZ
F~ q d~r = ~ dx dy .
div V
γ D
Lembrando que
I I
F~ q d~r = F~ q T~ ds
γ γ
obtemos
I ZZ
~ q ~η ds =
V ~ dx dy
div V
γ D
Prova de (∗):
Seja ~η = (a, b) e T~ = (−b, a) ( rotação de 900 de ~η no sentido anti-horário ).
Temos: F~ = (−B, A) e V
~ = (A, B).
Assim: F~ q T~ = Bb + Aa = V
~ q ~η .
Teorema 18 (da Divergência (ou Teorema de Gauss)). Seja Ω um sólido limitado por uma
superfı́cie fechada S , formada por um número finito de superfı́cies suaves e seja ~η a normal externa
50
~ (x, y, z) tem derivadas parciais contı́nuas num aberto contendo
unitária. Se as componentes de V
Ω , então:
ZZ ZZZ
~ q ~η dS =
V ~ dx dy dz
divV
S Ω
z
6
3 ~
η
q
Ω
S
q
j
y
¼ ~η W
x
51
Pε
¸
qP
βε
onde Pε ∈ Bε , ou seja: ZZ
~ q ~η dS
V
~ Pε = Sε
div V
vol (Bε )
Fazendo ε → 0 temos que Pε → P e assim
ZZ
~ q ~η dS
V
~P = lim S ε def.
div V == intensidade do fluxo em P
ε→0 vol (Bε )
~P é o valor limite do fluxo por unidade de volume sobre uma esfera de centro em
Assim: div V
P , quando o raio da esfera tende a zero.
~P e tomamos uma pequena esfera de centro em P , temos:
Se conhecermos div V
~P > 0 então o fluı́do “se afasta” de P , isto é, P é uma fonte. Se div V
Logo: Se div V ~P < 0
Observação:
Podemos repetir o raciocı́nio acima para fluxo magnético ou elétrico.
Exercı́cios resolvidos
1. Comprove o teorema da divergência para o caso:
Resolução:
52
~ (x, y, z) = 6x + x + 1 = 7x + 1
div V
Consideremos:
z
6
S3 S4 : x + y + z = 1
M µ
S2
*
z
y
) ?
x
S1
Z Z 1 Z 1−x Z 1−x−y
~ dx dy dz = 1
div V (7x + 1)dx dy dz = · · · =
Ω 0 0 0 8
ZZ ZZ
~ q ~η dS =
V (3x2~i + xy~j + 0~k) q (−~k)dS = 0
S1 S1
ZZ ZZ
~ q ~η dS =
V (0~i + 0~j + z~k) q (−~i)dS = 0
S2 S2
ZZ ZZ
~ q ~η dS =
V (3x2~i + 0~j + z~k) q (−~j)dS = 0
S3 S3
S4 : z = f (x, y) = 1 − x − y, (x, y) ∈ S1
ZZ ZZ
~ T eo.15
V q ~η dS ==== (−v1 · fx − v2 · fy + v3 )dx dy =
S4 S1
Z 1 Z 1−x
£ 2 ¤ 1
= dx 3x + xy + (1 − x − y) dx dy = · · · =
0 0 8
Logo,
ZZ ZZZ
V~ q ~η dS = ~ dx dy dz
div V
S Ω
53
z
6
z=3
2 -
z=0
y
ª
x
ZZ
Sem calcular, sabemos que ~ q ~η dS > 0. Por que?
V
S
Calculando:
ZZ ZZZ
~ q
V ~η dS = 3 dx dy dz = 3.vol(Ω) = 3.12π = 36π
S Ω
— ◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦ —
54
~ (x, y) = A(x, y)~i + B(x, y)~j , então
Lembrando que se V
· ¸
−→ ∂B ∂A
~
rot V (x, y) = (x, y) − (x, y) ~k ,
∂x ∂y
I ZZ
−→
~ q d~r =
V ~ ) q ~k dx dy
(rot V
γ D
Teorema 19 (de Stokes). Seja S : z = f (x, y) superfı́cie suave que se projeta numa região Ω do
plano xy , nas condições do Teorema de Green.
~η - normal unitária superior
Γ - curva que delimita Ω orientada no sentido positivo.
Seja γ a imagem de Γ por f , orientada no mesmo sentido de Γ .
~ tem derivadas parciais contı́nuas num aberto contendo S , então:
Se as componentes de V
Z ZZ
−→
~ q d~r =
V ~ ) q ~η dS
(rot V
γ S
~η
z K
6 S
-
γ
z
y
¼ Ω
x -
Γ
Exercı́cios resolvidos
1. Comprove o Teorema de Stokes para o caso:
55
6z
-
1 y
γ
x
ª
−→
~ = ~0
Notemos que rot V
Logo,
ZZ ZZ
−→
~ ) q ~η dS =
(rot V 0 dS = 0
S S
Ainda: Seja γ(t) = (cos t , sen t , 0), t ∈ [0, 2π]
Z Z 2π Z 2π
~ q d~r =
V (cos t, sent, 0) q (sent, cost, 0)dt = 0 dt = 0
γ 0 0
6z
Queremos verificar que:
) - γ2
ZZ Z Z
−→
~ · ~η dS =
rot V ~ · d~r +
V ~ · d~r
V
S γ1 γ2
γ
1 * 1
γ2 (t) = (cos t , − sen t , 9), t ∈ [0, 2π] ) -
¡- 3 y
¡
¡
¡
¡
ª
x
Z Z 2π
~ q d~r =
V (3 , 12 cos t , 6 sen t) q (−3 sen t , 3 cos t , 0)dt =
γ1 0
Z 2π Z 2π
1
= (−9 sen t + 36 cos2 t)dt = 36 (1 + cos 2t)dt = · · · = 36π .
0 0 2
Z Z 2π
~ q d~r =
V (27 , 4 cos t , −2 sen t) q (− sen t , − cos t , 0)dt =
γ2 0
Z 2π Z 2π
2 1
= (−27 sen t − 4 cos t)dt = −4 (1 + cos 2t)dt = · · · = −4π .
0 0 2
56
¯ ¯
¯ ~ ~j ~k ¯¯
¯ i
−→ ¯ ¯
~ = ¯¯ ∂
rot V ∂ ∂ ¯¯ = 2~i + 3~
j + 4~k
¯ ∂x ∂y ∂z ¯
¯ ¯
¯ 3z 4x 2y ¯
Seja f (x, y) = 10 − x2 − y 2 , 1 ≤ x2 + y 2 ≤ 9
ZZ ZZ
−→
~ q ~η dS =
rot V [−2 · (−2x) − 3 · (−2y) + 4] dx dy =
S Ω
Z 2π Z 3
= dθ [4r cos θ + 6r sen θ + 4] r dr =
0 1
Z 2π · ¸3
4 3
= r cos θ + 2r3 sen θ + 2r2 dθ =
0 3 1
Z 2π µ ¶
104
= cos θ + 52 sen θ + 16 dθ = · · · = 32π .
0 3
Z Z ZZ
−→
∴ ~ q d~r +
V ~ q d~r =
V ~ q ~η dS
rot V
γ1 γ2 S
~
V
@
I
@
yXX
X @q
T~
q
~ ´J
V
´
+́
J γ
T~ J
^
Consideremos:
P – ponto arbitrário. @
I ~η
@
@ Dε
Dε – disco arbitrário de centro P , r@
@r P
raio ε > 0 , imerso em um fluı́do. P
r ε
γε – circunferência de Dε . T~
À
h −→ i Z
~ 1 ~ q T~ ds
q
rot V ~η = 2 V
Pε πε γε
−→
~ e os aspectos rotacionais do movimento pode ser feita no caso
Uma outra relação entre rot V
que descrevemos a seguir:
Consideremos um fluı́do em rotação uniforme em torno de um eixo.
Definimos o vetor-velocidade angular, w
~ , por:
¡
¡
¡
¡
¡
¡
¡ 1
¡
¡
def. def. ~k
kV
(iii) kwk
~ == velocidade angular == .
k~rk
~ k = kwk
Da figura ao lado, notando que kV ~ =w
~ · k~rk , concluı́mos que V ~ × ~r .
58
Se ~ = w1~i + w2~j + w3~k
w µw
¡ ~
¡
P = (x, y, z) ¡
¡
P0 = (x0 , y0 , z0 ) ~r ¡r P0
r¼¡
P
¡
Então: ¡ ~
¡ wV
wV~
¯ ¯
¯ ~i ~j ~k ¯
¯ ¯
¯ ¯
~ ¯ ¯
V = ¯ w1 w2 w3 ¯=
¯ ¯
¯ ¯
¯ x − x0 y − y0 z − z0 ¯
= [w2 (z−z0 )−w3 (y−y0 )]~i + [w3 (x−x0 )−w1 (z −z0 )] ~j + [w1 (y−y0 )−w2 (x−x0 )] ~k .
−→ −→
~ = 2w1~i + 2w2~j + 2w3~k .
~ , temos rot V
Calculando rot V
−→
~ = 2w
Assim rot V ~.
Observação:
Se temos o movimento de um fluı́do incompressı́vel e irrotacional, no plano, então:
~ = ∂A + ∂B = 0
div V
∂x ∂y
~ = ∂B − ∂A = 0
−→
rot V
∂x ∂y
que são as equações de Cauchy-Riemann, muito utilizadas na teoria das funções de variáveis com-
plexas.
— ◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦−◦ —
59
Resumo dos Teoremas
Os principais resultados vistos são generalizações do Teorema Fundamental do Cálculo. Co-
locamos a seguir uma relação de resultados (sem suas hipóteses) para que o leitor possa sentir
suas semelhanças essenciais. Notemos que em cada caso temos do lado esquerdo uma integral de
uma ”derivada”sobre uma região, e do lado direito, temos os valores da função original somente na
fronteira da região.
Z b
F 0 (x)dx = F (b) − F (a)
a a b
Z r
∇f · d~r = f (B) − F (A) * B
γ
γ
r
A
3. Teorema de Green
9γ
ZZ µ ¶ Z
∂B ∂A
− dx dy = Adx + Bdy
D ∂x ∂y γ
ZZZ ZZ
~ dx dy dz =
div V ~ · ~η dS
V 3
~η
Ω S q
Ω
S
q
~η W
60
5. Teorema de Stokes
~η
¡
µ
¡
¡
ZZ Z r¡
*S
~ ) · ~η dS =
(rot V ~ · d~r
V
S γ
-
γ
61