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CMCG AE2/2016 – LINGUAGENS 2º ANO DO ENSINO MÉDIO 1ª CHAMADA 01 Visto:

Assinado por:

GABARITO
Ten Bruna Neto
Profa. Ednilsa
Prof. Jucinaldo

1ª QUESTÃO (19 escores)

Leia o texto seguinte para responder aos itens 01 a 05.

TEXTO I

ÉTICA E MORAL: QUAL É A DIFERENÇA?

Isto é certo ou errado? Bom ou ruim? Devo ou não devo? Provavelmente, você já deve ter
feito alguma dessas perguntas na hora de tomar uma decisão ou fazer uma escolha. Essas
perguntas permeiam a reflexão sobre dois termos: ética e moral. É muito comum esses termos
serem confundidos como se significassem a mesma coisa. Embora estejam relacionados entre si,
5 moral e ética são conceitos distintos.
A palavra “ética” vem do grego ethos, que significa, literalmente, “morada”, “habitat”,
“refúgio”; o lugar onde as pessoas habitam. Mas, para os filósofos, a palavra se refere a “caráter”, à
“índole”, à “natureza”.
Sócrates coloca o autoconhecimento como a melhor forma de viver com sabedoria. E,
10 seguindo a máxima de Aristóteles, em Ética a Nicômaco e em seu pensamento moral de forma
geral, “somos o resultado de nossas escolhas”. Aristóteles acreditava que a ética caracterizava-se
pela finalidade e pelo objetivo a ser atingido, isto é, que o homem pode viver bem, ter uma vida
boa, com e para os outros, com instituições justas. Platão entende que a justiça é a principal virtude
a ser seguida.
15 Nesse sentido, a ética é um tipo de postura e se refere a um modo de ser, à natureza da
ação humana, ou seja, está relacionada ao modo como lidamos diante das situações da vida e a
como convivemos e estabelecemos relações uns com os outros. É uma postura pessoal que
pressupõe uma liberdade de escolha. [...]
A palavra “moral” deriva do latim mores, que significa “costume”. Aquilo que se consolidou
20 ou se cristalizou como sendo verdadeiro do ponto de vista da ação. A moral é fruto do padrão
cultural vigente e incorpora as regras eleitas como necessárias ao convívio entre os membros dessa
sociedade, regras essas determinadas pela própria sociedade. [...]
O que seria um comportamento moral ou imoral? Assim como a reflexão ética, uma conduta
moral também é uma escolha a ser feita. As normas ou códigos morais são cumpridos a partir da
25 convicção íntima da pessoa. Uma pessoa moral age de acordo com os costumes e valores de uma
determinada sociedade. Ou seja, quem segue as regras é uma pessoa moral; quem desobedece a
elas, uma pessoa imoral. [...]
Basicamente, quando se trata de moral, o que é certo e errado depende do lugar onde se
está. A ética é o questionamento da moral, ela trata de princípios, e não de mandamentos. Supõe
30 que o homem deva ser justo. Porém, como ser justo? Ou como agir de forma a garantir o bem de
todos? Não há resposta predefinida. Mas há sempre uma resposta a ser pensada.
Ninguém nasce com ética ou com moral. São construções culturais e simbólicas. As pessoas
podem aprender ética na família, na escola, na rua, no trabalho. Esses conceitos são adquiridos ao
longo da experiência humana, seja pela cultura, pelas regras jurídicas, pela educação, seja por
35 reflexões pessoais. [...]
O aprendizado da ética seria o aprendizado da convivência. Aprender a conviver juntos é um
dos maiores desafios no século XXI. A ética pode ser uma bússola para orientar o pensamento e
responder à seguinte pergunta: qual sociedade eu ajudo a formar com a minha ação?
(CUNHA, Carolina. Novelo Comunicação. Disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/resumo-das-
disciplinas/atualidades/etica-e-moral-qual-e-a-diferenca.htm>. Acesso em: 09 jun. 2016. Adaptado.)

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MÚLTIPLA ESCOLHA

(03 escores)

ESCOLHA A ÚNICA RESPOSTA CERTA, ASSINALANDO-A COM UM “X” NOS PARÊNTESES À ESQUERDA.
DEPOIS, TRANSCREVA A MARCAÇÃO DA RESPOSTA CERTA PARA A TABELA DE RESPOSTAS.
SÓ SERÃO CONSIDERADAS AS OPÇÕES ASSINALADAS NA TABELA DE RESPOSTAS AO FINAL
DESTA PROVA.

01. No primeiro parágrafo do texto I, pode-se dizer que o locutor


(A) introduz o assunto, definindo de modo imparcial os vocábulos ética e moral.
( B ) contextualiza o assunto, propondo a distinção entre os vocábulos ética e moral.

(C) contextualiza o assunto, destacando a dificuldade de se relacionar atos éticos e morais.


( D ) apresenta o assunto, evidenciando a preferência por uma das definições dos vocábulos.

(E) introduz o assunto, interpelando o interlocutor sobre o que é certo e sobre o que é errado.

02. De acordo com o segundo parágrafo do texto,


( A ) determinadas culturas sobrepõem-se sobre outras.

( B ) as ações dos indivíduos são consolidadas pelos costumes.

( C ) a moral dá origem ao padrão cultural que rege qualquer sociedade.

( D ) as regras determinadas pela própria sociedade imobilizam o indivíduo.


( E ) certos padrões culturais são incorporados por algumas sociedades menos evoluídas.

Após ler o texto I, um aluno chegou à seguinte conclusão:

Uma pessoa imoral não é necessariamente aquela que não segue as leis ou
regras jurídicas.

Seu professor, então, pediu para que ele ilustrasse esse pensamento com situações presentes no
cotidiano das pessoas.
Leia as situações apresentadas pelo aluno.
I. Furar fila no banco.
II. Jogar lixo no chão do pátio da escola.

III. Falar mal de um colega para outro.

03. A alternativa que ilustra, com coerência, a conclusão a que o aluno chegou é

(A) apenas I.
(B) apenas II.
(C) apenas III.
( D ) apenas I e II.
( E ) I, II e III.

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VERDADEIRO OU FALSO
(06 escores)
COLOQUE UM “X” NO RETÂNGULO COM V, QUANDO A SENTENÇA FOR DE SENTIDO
VERDADEIRO, OU NO RETÂNGULO COM F, QUANDO A SENTENÇA FOR DE SENTIDO FALSO.

04. De acordo com o texto I, é correto afirmar que

V F a ética desafia os preceitos morais, questionando a sua validade.

V F os mandamentos ditados pela ética obedecem aos princípios morais.

V F a ética tem como princípios os códigos de moralidade da sociedade patriarcal.

V F a ética relaciona-se à maneira como nos relacionamos com os outros.

V F as construções culturais e simbólicas determinadas pela ética e pela moral são inerentes ao
homem.

V F aquilo que é definido como moralmente certo e errado depende do lugar onde o indivíduo
está inserido.

DÊ O QUE SE PEDE

(04 escores)

05. Do trecho “Basicamente, quando se trata de moral, o que é certo e errado depende do lugar onde se
está.” (linhas 28 e 29), escreva o que se pede nos subitens a), b), c) e d). (04 escores)

a) Transcreva a oração principal.


A oração principal é “Basicamente, o (aquilo) depende do lugar [...]” √.______________

b) Transcreva uma das orações subordinadas de valor adjetivo.


Uma das orações subordinadas de valor adjetivo é “[...] que é certo e errado [...]”. A
segunda oração subordinada de valor adjetivo é “[...] onde se está.”. √_______________

c) Escreva a função sintática que as orações subordinadas de valor adjetivo exercem no período.

A função sintática que as orações subordinadas de valor adjetivo exercem no período é de


adjunto adnominal. √______________________________________________________

d) Escreva o valor semântico da oração subordinada adverbial “[...] quando se trata de moral [...]”.

A oração subordinada adverbial “[...] quando se trata de moral [...]” tem valor semântico
de tempo (momento). √____________________________________________________

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Leia o texto seguinte para responder aos itens 06 a 08.

TEXTO II

(Disponível em: <https://lousanuncamais.wordpress.com/tirinhas-charges-e-quadrinhos/>. Acesso em: 12 jun. 2016.)

DÊ O QUE SE PEDE

(06 escores)
06. Na fala da personagem, no segundo quadrinho do texto II, há um desvio referente à pontuação. Dê
resposta ao que se pede nos subitens a), b) e c). (03 escores)

a) Em qual oração ocorre esse desvio?

A oração em que ocorre o desvio é “E se não for descoberto [...].”√__________________

b) Explique por que no trecho ocorre o desvio mencionado.

No trecho, ocorre o desvio mencionado porque não se fez uso das vírgulas obrigatórias
para separar a oração adverbial que veio antes da oração principal. √________________

c) Reescreva o período de forma a corrigir o desvio referente à pontuação.

“E, se não for descoberto, é o mesmo que ter dito a verdade.” √_____________________

07. A fala da primeira personagem, no primeiro quadrinho do texto II, apresenta um discurso que pode
ser caracterizado como um sofisma. (02 escores)

a) Por que essa fala pode ser considerada um sofisma?

Essa fala pode ser considerada sofisma porque a personagem tentou persuadir o
interlocutor por meio de um raciocínio fraudulento, enganoso, sobre o que é “verdade”. √

b) Escreva a fala que denuncia o fato de o interlocutor ter compreendido o discurso sofístico.

A fala do interlocutor que denuncia que o sofisma foi compreendido é “Sua ética é muito
imoral”. √_______________________________________________________________

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08. No último quadrinho, uma das personagens produz o texto: “Sua ética é muito imoral”. Considerando
os conceitos de ética e de moral, presentes no texto I, explique por que a personagem de bigode
concluiu que a ética do seu interlocutor é imoral. (01 escore)

Considerando os conceitos de ética e de moral presentes no texto I, a personagem de


bigode concluiu que a ética do seu interlocutor é imoral porque a fala deste, no primeiro
quadrinho, denuncia seu posicionamento desrespeitoso diante de uma regra social que visa
à sinceridade nas relações pessoais. √__________________________________________

2ª QUESTÃO (13 escores)

Leia o texto seguinte para responder aos itens 09 a 11.

TEXTO III

“Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria
em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo
nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não
sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa1 foi outro berço; a
5 segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua
morte, não a pôs no introito2, mas no cabo: a diferença radical entre este livro e o Pentateuco.”
1
pedra que cobre a sepultura.
2
começo, princípio.

(ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Scipione, 1994. Fragmento.)

MÚLTIPLA ESCOLHA
(03 escores)
09. O narrador do texto III afirma que

( A ) vai começar suas memórias pela narração de seu nascimento.


( B ) vai adotar uma sequência narrativa invulgar.
( C ) vai adotar a mesma sequência narrativa utilizada por Moisés.
( D) vai começar suas memórias pela narração de sua morte.
( E ) o que o levou a escrever suas memórias foram duas considerações sobre a vida e a morte.

10. Definindo-se como um “defunto autor”, o narrador

( A ) pôde descrever sua própria morte.


( B ) escreveu suas memórias antes de morrer.
( C ) ressuscitou na sua obra após a morte.
( D ) obteve em vida o reconhecimento de sua obra.
( E ) descreveu a morte após o nascimento.

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11. O tom predominante no texto III é de

( A ) luto e tristeza.
( B ) humor e ironia.
( C ) pessimismo e resignação.
( D ) mágoa e hesitação.
( E ) surpresa e nostalgia.

Leia o texto seguinte para responder aos itens 12 a 15.

TEXTO IV

MARQUESA, PORQUE EU SEREI MARQUÊS

Positivamente, era um diabrete Virgília, um diabrete angélico, se querem, mas era-o, e


então...
Então apareceu o Lobo Neves, um homem que não era mais esbelto que eu, nem mais
elegante, nem mais lido, nem mais simpático, e todavia foi quem me arrebatou Virgília e a
5 candidatura, dentro de poucas semanas, com um ímpeto verdadeiramente cesariano. Não precedeu
nenhum despeito; não houve a menor violência de família. Dutra veio dizer-me, um dia, que
esperasse outra aragem, porque a candidatura de Lobo Neves era apoiada por grandes influências.
Cedi; tal foi o começo da minha derrota. Uma semana depois, Virgília perguntou ao Lobo Neves, a
sorrir, quando seria ele ministro.
10 ─ Pela minha vontade, já; pelas dos outros, daqui a um ano.
Virgília replicou:
─ Promete que algum dia me fará baronesa?
─ Marquesa, porque eu serei marquês.
Desde então fiquei perdido. Virgília comparou a águia e o pavão, e elegeu a águia, deixando
15 o pavão com o seu espanto, o seu despeito, e três ou quatro beijos que lhe dera. Talvez cinco
beijos; mas dez que fossem não queria dizer coisa nenhuma. O lábio do homem não é como a pata
do cavalo de Átila, que esterilizava o solo em que batia; é justamente o contrário.

(ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Scipione, 1994. Fragmento.)

DÊ O QUE SE PEDE

(10 escores)
12. Machado de Assis traça um profundo quadro das relações burguesas do seu tempo. Analise a relação
amorosa entre o narrador, Virgília e Lobo Neves e identifique o que fica evidenciado nesse capítulo.
(03 escores)

Brás Cubas, o narrador, não amava verdadeiramente Virgília; sua relação com ela já seria
arranjada, visando a interesses políticos dos pais. √ Brás foi preterido por Lobo Neves
devido às influências políticas deste e ao interesse materialista ou de status por parte de
Virgília. √ Assim, fica evidente o casamento por interesse e conveniência, perfil de uma
sociedade movida por aparência e por interesses estranhos ao casamento. √ ___________

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13. O discurso machadiano é permeado da ambiguidade, na composição de suas personagens. Transcreva


duas das expressões do texto que marcam esse recurso. (02 escores)

O discurso da ambiguidade já começa pela caracterização paradoxal das personagens como


em “Positivamente, era um diabrete Virgília, um diabrete angélico,” √ e termina com fina
ironia ao descrever o comportamento das personagens: “Uma semana depois, Virgília
perguntou ao Lobo Neves, a sorrir, quando seria ele ministro.” √______________________

14. Leia o excerto: “Desde então fiquei perdido. Virgília comparou a águia e o pavão, e elegeu a águia,
deixando o pavão com o seu espanto, o seu despeito.” (linhas 14 e 15)
A partir dessa comparação com a fauna e seu efeito de sentido, explique a diferença de perfil
psicológico entre Lobo Neves e o narrador. (02 escores)

Brás Cubas era um homem inapto para a vida prática; não tinha capacidade de iniciativa,
era vaidoso (um pavão) e prepotente, daí o seu despeito, √ o seu sentir-se perdido; já Lobo
Neves, representa a águia, uma ave de rapina na sociedade; sabia como conquistar as
posições políticas e sociais, com praticidade e aplicação. √__________________________

15. Sobre o livro Memórias póstumas de Brás Cubas, um aluno produziu o seguinte discurso.

“Assim que li o livro Memórias póstumas de Brás Cubas, esperei que o professor
me convocasse a fim de que debatêssemos as possibilidades de interpretação do perfil das
personagens dessa obra, que é atemporal.

O emprego excessivo de elementos coesivos no texto acima tornou-o estilisticamente mal redigido.
Reescreva o texto, fazendo todas as alterações abaixo sugeridas. (03 escores)

1. Troque a oração substantiva por um termo de sentido equivalente.


2. Transforme a quarta oração em um termo de valor adverbial.
3. Transforme a oração adjetiva num adjunto adnominal.

Assim que li o livro “Memórias póstumas de Brás Cubas”, esperei a minha convocação pelo
professor √ para o debate das possibilidades de interpretação do perfil das personagens
dessa obra √ atemporal. √____________________________________________________

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3ª QUESTÃO (10 escores)

Leia o texto seguinte para responder aos itens 16 a 18.

TEXTO V
OLHOS DE RESSACA
Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, “olhos de cigana oblíqua e
dissimulada.” Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam
chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira; eu
nada achei extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação
5 creio que lhe deu outra ideia do meu intento; imaginou que era um pretexto para mirá-los mais de
perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiados neles, e a isto atribuo que entrassem a ficar
crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que...
Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram
aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo,
10 o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela
feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro,
como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às
outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros; mas tão
depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando
15 envolver-me, puxar-me e tragar-me. Quantos minutos gastamos naquele jogo? Só os relógios do
céu terão marcado esse tempo infinito e breve.

(ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. 4ª ed., São Paulo: Moderna, 2004. Fragmento.)

DÊ O QUE SE PEDE

(10 escores)
16. Segundo o narrador, um dos atributos dos olhos de Capitu era o de ser dissimulada. Explique o
sentido desse atributo, levando em conta o texto e o contexto geral da obra. (02 escores)
Segundo o narrador, Capitu o manipulava nas mais diversas situações, ora o seduzindo, ora
o conduzindo para satisfazer seus planos de ascensão social. √ Além disso, ela sabia se
portar como uma verdadeira atriz diante das situações mais constrangedoras, da infância
até o casamento. √__________________________________________________________

17. Um outro atributo dado aos olhos da personagem Capitu diz respeito ao título do capítulo “Olhos de
ressaca”. (03 escores)
a) Explique o que essa metáfora revela sobre o perfil da personagem Capitu. (01 escore)
Essa metáfora revela o perfil sedutor e hipnotizador de Capitu. √________

b) Como essa simbologia ajuda o leitor a criar expectativa em relação às circunstâncias, às


motivações de um suposto adultério cometido por ela? (02 escores)
Essa simbologia ajuda o leitor a criar expectativa em relação às circuntâncias, às
motivações de um suposto adultério cometido por Capitu, uma vez que, semelhante à
vaga que se retira do mar nos dias de ressaca, os olhos dela insinuam traços de sedução
que tragaram e apreenderam todas as impressões e descobertas amorosas de Bentinho.
√ Fica daí a sugestão ao leitor de que, assim como acontecera com Bentinho, teria
também ocorrido com o amigo Escobar √, que, gostando de desafiar o mar em dias de
ressaca, teria sido facilmente tragado pelos olhos de Capitu.______________________

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18. Leia o período “Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam
chamar assim.” para responder ao que se pede nos subitens a), b) e c). (03 escores)

a) Reescreva a segunda oração do período substituindo o pronome relativo que pelo termo
antecedente.

Substituindo o pronome relativo “que” pelo termo antecedente, teremos: “Aquilo (o) era
oblíqua”. √_____________________________________________________________

b) Escreva a função sintática que o pronome relativo que exerce na segunda oração.

A função sintática exercida pelo pronome relativo “que” é sujeito. √________________

c) Escreva a função sintática que a oração subordinada substantiva “[...] se podiam [...]” exerce no
período.

A oração “[...] se podiam [...]” exerce a função sintática de objeto direto. √__________

Leia o texto seguinte para responder ao item 19.

TEXTO VI

(JACOBSEN, Marco. Literalmente. Disponível em: <www.pinterest.com>. Acesso em: 09 jun. 2016.)

19. A charge (texto VI) dialoga com a obra Dom Casmurro. (02 escores)

a) De que forma essa charge dialoga com a obra de Machado de Assis, a partir de sua temática
central?
A charge dialoga com a questão central do livro D. Casmurro, uma vez que o chargista
planta a dúvida na mente do leitor, como na obra machadiana, se Ezequiel é realmente
filho de Bentinho ou filho de Escobar, representados na charge por dois homens que
ladeiam Capitu com o bebê no colo. √_________________________________________

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b) Para solucionar o enigma presente na obra machadiana, o que propõe a charge?


Para solucionar o enigma presente na obra machadiana, a charge propõe a realização de
um procedimento científico comum nos dias de hoje, o DNA.√_____________________

4ª QUESTÃO (08 escores)

Leia o texto seguinte para responder aos itens 20 a 23.


TEXTO VII
Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade
de portas e janelas alinhadas. Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete
horas de chumbo. Como que se sentiam ainda na indolência de neblina as derradeiras notas da
última guitarra da noite antecedente, dissolvendo-se à luz loura e tenra da aurora, que nem um
5 suspiro de saudade perdido em terra alheia.
A roupa lavada, que ficara de véspera nos coradouros1, umedecia o ar e punha-lhe um farto
acre de sabão ordinário. As pedras do chão, esbranquiçadas no lugar da lavagem e em alguns
pontos azuladas pelo anil, mostravam uma palidez grisalha e triste, feita de acumulações de
espumas secas.
10 Entretanto, das portas surgiam cabeças congestionadas de sono; ouviam-se amplos bocejos,
fortes como o marulhar das ondas; pigarreava-se grosso por toda a parte; começavam as xícaras a
tilintar; o cheiro quente do café aquecia, suplantando todos os outros; trocavam-se de janela para
janela as primeiras palavras, os bons-dias; reatavam-se conversas interrompidas à noite; a
pequenada cá fora traquinava já, e lá dentro das casas vinham choros abafados de crianças que
15 ainda não andam. No confuso rumor que se formava, destacavam-se risos, sons de vozes que
altercavam, sem se saber onde, grasnar de marrecos, cantar de galos, cacarejar de galinhas. De
alguns quartos saiam mulheres que vinham pendurar cá fora, na parede, a gaiola do papagaio, e os
louros, à semelhança dos donos, cumprimentavam-se ruidosamente, espanejando-se à luz nova do
dia.
20 Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de
machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que
escorria da altura de uns cinco palmos. O chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as
saias entre as coxas para não as molhar; via-se-lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que
elas despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se
25 preocupavam em não molhar o pelo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e
esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão. As
portas das latrinas não descansavam, era um abrir e fechar de cada instante, um entrar e sair sem
tréguas.
(AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. Ed. Renovada. São Paulo: FTD, 2011. Fragmento.)

MÚLTIPLA ESCOLHA
(02 escores)
20. Pode-se entender o Naturalismo como uma particularização do Realismo que

( A ) analisa as perversões sexuais, condenando-as em nome da moral religiosa.


( B ) se volta para a Natureza a fim de analisar-lhe os processos cíclicos de renovação.
( C ) defende a arte pela arte, isto é, desvinculada de compromissos com a realidade social.
( D) pretende expressar com naturalidade a vida simples dos homens rústicos nas comunidades
primitivas.
( E ) estabelece um nexo de causa e efeito entre alguns fatores sociológicos e biológicos e a
conduta das personagens.
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21. Quanto aos elementos da narrativa, presentes no texto naturalista, é correto afirmar que o(a) / os

( A ) autor tem preferência pelo tempo psicológico, para demonstrar os efeitos do ambiente sobre a
personalidade do indivíduo e da sua transmutação.
( B ) caracterização do ambiente coletivo é de importância secundária, dada a preocupação do autor
com a verossimilhança do romance.
( C ) recursos realistas como a análise psicológica e a ironia são aplicados na composição das
personagens, em suas ações e reações ao meio.
( D ) narrador, em um ambiente coletivo, que procura denunciar as mazelas sociais, escolhe o ângulo
mais degradante e manipula as ações das personagens.
( E ) perspectiva científica do Naturalismo é favorecida pelo foco narrativo em terceira
pessoa, em que o narrador está de fora, porém muito próximo ao evento e à sua
dinâmica.

DÊ O QUE SE PEDE

(06 escores)
22. De acordo com o texto VII, o Naturalismo utilizou a descrição científica para compor seus
personagens. (04 escores)

a) Transcreva duas passagens do texto que evidenciam traços de zoomorfização das personagens.

As passagens “[...] era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e


fêmeas [...]” e √ “[...] suspendendo o cabelo todo para o alto do casco [...]” √ evidenciam
traços de zoomorfização das personagens no texto. (Ou “fossando e fungando contra as
palmas da mão.”)._________________________________________________________

b) Essa opção de linguagem do narrador é adequada aos propósitos do escritor naturalista? Justifique.

Essa opção de linguagem do narrador é adequada aos propósitos do escritor naturalista,


√ uma vez que o romance naturalista tem um caráter de denúncia social, tentando
mostrar as condições degradantes às quais as personagens são submetidas. √_________

23. O Naturalismo utilizou a ciência e a filosofia para compor suas personagens nos chamados romances
de tese. Descreva a corrente científica explorada nesse texto e, em seguida, explicite a tese suscitada
por Aluísio Azevedo. (02 escores)

A corrente científica explorada nesse texto permite perceber que o comportamento quase
animalesco das personagens é moldado pelo meio degradante e coletivo em que vivem,
utilizando um espaço restrito para trabalhadores. √. A tese proposta por Aluísio Azevedo é:
o homem é produto do meio e do momento histórico. √_____________________________

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Prof. Jucinaldo

- TABELA DE RESPOSTAS -
SÓ SERÃO CONSIDERADAS AS OPÇÕES ASSINALADAS NESTA TABELA

ITENS
OPÇÕES
01 02 03 09 10 11 20 21
A
B X X X

C X

D X

E X X X

Correção gramatical e/ou apresentação da prova: 0,2 ponto.

FIM DA PROVA!

SSAA / STE / CMCG 2016

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