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AE2/2016 – LÍNGUA
CMCG 3º ANO DO ENSINO MÉDIO 1ª CHAMADA 01
PORTUGUESA
Assinado por:
GABARITO Prof. Helder
TEXTO I
TEXTO II
Comecei a procurar emprego, já topando o que desse e viesse, menos complicação com os
homens, mas não tava fácil. Fui na feira, fui nos bancos de sangue, fui nesses lugares que sempre
dão para descolar algum, fui de porta em porta me oferecendo de faxineiro, mas tava todo mundo
escabreado pedindo referências, e referências eu só tinha do diretor do presídio.
(FONSECA, R. Feliz Ano Novo. São Paulo: Cia. das Letras, 1989 - fragmento).
MÚLTIPLA ESCOLHA
(10 escores)
ESCOLHA A ÚNICA RESPOSTA CERTA, ASSINALANDO-A COM UM “X” NOS PARÊNTESES À ESQUERDA, E
TRANSCREVENDO-A PARA A TABELA DE RESPOSTAS.
SÓ SERÃO CONSIDERADAS AS OPÇÕES ASSINALADAS NA TABELA DE RESPOSTAS AO FINAL DO
ITEM 10.
01. (ENEM/2014) A oposição entre campo e cidade esteve entre as temáticas tradicionais da literatura
brasileira. Nos fragmentos dos dois autores contemporâneos, esse embate incorpora um elemento
novo: a questão da violência e do desemprego. As narrativas apresentam confluência, pois nelas o(a)
Os meninos sumiam-se numa curva do caminho. Fabiano adiantou-se para alcançá-los. Era
preciso aproveitar a disposição deles, deixar que andassem à vontade. Sinhá Vitória acompanhou o
marido, chegou-se aos filhos. Dobrando o cotovelo da estrada, Fabiano sentia distanciar-se um pouco
dos lugares onde tinha vivido alguns anos; o patrão, o soldado amarelo e a cachorra Baleia
esmoreceram no seu espírito.
E a conversa recomeçou. Agora Fabiano estava meio otimista. Endireitou o saco da comida,
examinou o rosto carnudo e as pernas grossas da mulher. Bem. Desejou fumar. Como segurava a
boca do saco e a coronha da espingarda, não pôde realizar o desejo. Temeu arriar, não prosseguir na
caminhada. Continuou a tagarelar, agitando a cabeça para afugentar uma nuvem que, vista de perto,
escondia o patrão, o soldado amarelo e a cachorra Baleia. Os pés calosos, duros como cascos, metidos
em alpercatas novas, caminhariam meses. Ou não caminhariam? Sinhá Vitória achou que sim. [...] Por
que haveriam de ser sempre desgraçados, fugindo no mato como bichos? Com certeza existiam no
mundo coisas extraordinárias. Podiam viver escondidos, como bichos? Fabiano respondeu que não
podiam.
– O mundo é grande.
Realmente para eles era bem pequeno, mas afirmavam que era grande – e marchavam, meio
confiados, meio inquietos. Olharam os meninos que olhavam os montes distantes, onde havia seres
misteriosos. Em que estariam pensando? zumbiu Sinhá Vitória. Fabiano estranhou a pergunta e
rosnou uma objeção. Menino é bicho miúdo, não pensa. Mas Sinhá Vitória renovou a pergunta – e a
certeza do marido abalou-se. Ela devia ter razão. Tinha sempre razão. Agora desejava saber que iriam
fazer os filhos quando crescessem.
– Vaquejar, opinou Fabiano.
Sinhá Vitória, com uma careta enjoada, balançou a cabeça negativamente, arriscando-se a
derrubar o baú de folha. Nossa Senhora os livrasse de semelhante desgraça. Vaquejar, que ideia!
Chegariam a uma terra distante, esqueceriam a catinga onde havia montes baixos, cascalhos, rios
secos, espinhos, urubus, bichos morrendo, gente morrendo. Não voltariam nunca mais, resistiriam à
saudade que ataca os sertanejos na mata. Então eles eram bois para morrer tristes por falta de
espinhos? Fixar-se-iam muito longe, adotariam costumes diferentes.
(RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 71. ed. Rio de Janeiro: Record, 1996. p. 120-122.)
02. (UFT/2013) A respeito desse trecho do romance de Graciliano Ramos, é correto afirmar:
( A ) As reflexões de Sinhá Vitória revelam que, no drama dos retirantes que fogem da
seca, há espaço para o sonho de dias melhores.
( B ) As palavras e os pensamentos de Fabiano evidenciam sua inconformidade com a opressão social
e apontam para seu desejo de reformar a sociedade agrária à custa da luta armada.
( C ) O narrador faz uma crítica ao trabalhador rural nordestino, representado pelo protagonista
Fabiano, que não tem ambição e conforma-se com a sua insignificância.
( D ) Fabiano e Sinhá Vitória consideram fundamental a imersão dos meninos no mundo urbano,
longe da hostilidade do sertão.
( E ) Na narrativa, a família, por mais privações que enfrente, não se abala, já que conta com a mais
profunda fé religiosa.
TEXTO IV
Depois mandaram-me para a aula dum outro professor, com outros meninos, todos de gente
pobre. Havia para mim um regime de exceção. Não brigavam comigo. Existia um copo separado para
eu beber água, e um tamborete de palhinha para o “neto do coronel Zé Paulino”. Os outros meninos
sentavam-se em caixões de gás. Lia-se a lição em voz alta. A tabuada era cantada em coro, com os
pés balançando, num ritmo que ainda hoje tenho nos ouvidos. Nas sabatinas, nunca levei bolo, mas
quando acertava, mandavam que desse nos meus competidores. Eu me sentia bem com todo esse
regime de miséria. Os meninos não tinham raiva de mim.
(REGO, José Lins do. Menino de engenho. 16. edição. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1971.)
( A ) Há uma flagrante desigualdade entre o narrador e seus colegas, que o discriminam por ser um
simplório menino de engenho.
( B ) O menino descobre certo prazer em sua posição privilegiada, pois pode castigar seus
colegas, resignados com a superioridade social do neto do coronel.
( C ) O copo separado para o narrador evidencia que ele sofre de preconceito, pois apresenta traços
dos distúrbios psicológicos que fizeram seu pai ser internado em um manicômio.
( D ) O ritmo da tabuada ecoa nos ouvidos do menino porque o narrador é uma criança que vivenciou
essa experiência no dia anterior, e a está registrando em um diário.
( E ) O narrador e o protagonista desse conto são personagens distintos.
TEXTO V
Nossa tradição escolar sempre desprezou a língua viva, falada no dia a dia, como se fosse
toda errada, uma forma corrompida de falar “a língua de Camões”. Havia (e há) a crença forte de que
é missão da escola “consertar” a língua dos alunos, principalmente dos que frequentam a escola
pública. Com isso, abriu-se um abismo profundo entre a língua (e a cultura) própria dos alunos e a
língua (e a cultura) própria da escola, uma instituição comprometida com os valores e as ideologias
dominantes. Felizmente, nos últimos 20 e poucos anos, essa postura sofreu muitas críticas e cada vez
mais se aceita que é preciso levar em conta o saber prévio dos estudantes, sua língua familiar e sua
cultura característica, para, a partir daí, ampliar seu repertório linguístico e cultural.
(BAGNO, Marcos. A língua sem erros. Disponível em:<http://marcosbagno.files.wordpress.com/2013>Acesso em: 5 nov. 2014).
( A ) ajuda a diminuir o abismo existente entre a cultura das classes consideradas hegemônicas e das
populares.
( B ) deve ser banida do ensino contemporâneo, que procura basear-se na cultura e nas experiências
de vida do aluno.
( C ) precisa enriquecer o repertório do aluno, valorizando o seu conhecimento prévio e
respeitando a sua cultura de origem.
( D ) tem como principal finalidade cercear as variações linguísticas que comprometem o bom uso da
língua portuguesa.
( E ) torna-se, na contemporaneidade, o grande referencial de aprendizagem do aluno, que deve
valorizá-la em detrimento de sua variação linguística de origem.
TEXTO VI
EM BOM PORTUGUÊS
No Brasil, as palavras envelhecem e caem como folhas secas. Não é somente pela gíria que a
gente é apanhada (aliás, já não se usa mais a primeira pessoa, tanto do singular como do plural: tudo
é “a gente”). A própria linguagem corrente vai-se renovando e a cada dia uma parte do léxico cai em
desuso.
Minha amiga Lila, que vive descobrindo essas coisas, chamou minha atenção para os que
falam assim:
– Assisti a uma fita de cinema com um artista que representa muito bem.
Os que acharam natural essa frase, cuidado! Não saberão dizer que viram um filme com um
ator que trabalha bem. E irão ao banho de mar em vez de ir à praia, vestido de roupa de banho em
vez de biquíni, carregando guarda-sol em vez de barraca. Comprarão um automóvel em vez de
comprar um carro, pegarão um defluxo em vez de um resfriado, vão andar no passeio em vez de
passear na calçada. Viajarão de trem de ferro e apresentarão sua esposa ou sua senhora em vez de
apresentar sua mulher.
(SABINO, F. Folha de S. Paulo, 13 abr. 1984. Adaptado.)
TEXTO VII
O BICHO
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos
06. Infere-se do texto que a cena descrita pelo eu-lírico pode ser considerada fruto do (a)
TEXTO VIII
A forte presença de palavras indígenas e africanas e de termos trazidos pelos imigrantes a partir
do século XIX é um dos traços que distinguem o português do Brasil e o português de Portugal. Mas,
olhando para a história dos empréstimos que o português brasileiro recebeu de línguas europeias a
partir do século XX, outra diferença também aparece: com a vinda ao Brasil da família real portuguesa
(1808) e, particularmente, com a Independência, Portugal deixou de ser o intermediário obrigatório da
assimilação desses empréstimos e, assim, Brasil e Portugal começaram a divergir,não só por terem
sofrido influências diferentes, mas também pela maneira como reagiram a elas.
(ILARI, R.; BASSO, R. O português da gente:a língua que estudamos, a língua que falamos. São Paulo: Contexto, 2006.)
TEXTO IX
08. (UNITAU-SP/2015) A charge problematiza a violência, apontando que suas raízes estão atreladas a
uma relação, entre outros aspectos, de
TEXTO X
TEXTO XI
09. (ENEM/2014) O trecho do rap e o grafite evidenciam o papel social das manifestações artísticas e
provocam, sobretudo, a
TEXTO XII
10. (UFTM-MG/2014) As informações contidas nos quadrinhos permitem concluir que o (a)
- TABELA DE RESPOSTAS -
SÓ SERÃO CONSIDERADAS AS OPÇÕES ASSINALADAS NESTA TABELA
ITENS
OPÇÕES
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
A X X
B X X
C X X X
D X
E X X
TEXTO XIII
Bem! Vê lá! Isso já me vai cheirando mal!... Ora dizes uma coisa; ora dizes outra!... O mês
passado respondeste-me na varanda: “Pode ser” e agora, às duas por três, dizes que não! Sabes que
só quero a tua felicidade... Não te contrario... Mas tu também não deves abusar!...
— Mas, gentes, o que foi que eu fiz?...
— Não estou dizendo que fizeste alguma coisa!...Só te aviso que prestes toda a atenção na
tua escolha de noivo!...Nem quero imaginar que serias capaz de escolher uma pessoa indigna de ti!...
— Mas, como, papai?... Fale claro!
— Isto vai a quem toca! Não sei se me entendes!...
— Ora, seu Manuel! – exclamou Maria Bárbara, levantando-se e pousando no chão o enorme
cachimbo de taquari do Pará.
— Você às vezes tem lembranças que parecem esquecimento! Pois então, uma menina, que
eu eduquei, ia olhar... — e gritou com mais força – para quem, seu Manuel!?
— Bem, bem...
— Vejam se não é mesmo vontade de provocar uma criatura!...
— Bem, bem! Eu não digo isto para ofender!.... — desculpou-se o negociante. — é que temos
cá um rapaz bem aparecido que...
— Um cabra, berrou a sogra. — E era muito bem-feito que acontecesse qualquer coisa, para
você ter mais cuidado no futuro com as suas hospedagens. Também só nessa cabeça entrava a
maluqueira de andar metendo em casa crioulos cheios de fumaças! Hoje todos eles são assim! Súcia
de apistolados!
TEXTO XIV
Então por que um sem-vergonha desordeiro se arrelia, bota-se um cabra na cadeia, dá-se
pancada nele? Sabia perfeitamente que era assim, acostumara-se a todas as violências, a todas as
injustiças. E, aos conhecidos que dormiam no tronco e aguentavam cipó de boi, oferecia consolações:
— “Tenha paciência. Apanhar do governo não é desfeita.”
(RAMOS, Graciliano. Cadeia. Vidas secas. 54. ed. São Paulo: Record, 1985, p. 33.)
VERDADEIRO OU FALSO
11. Com base nos textos XIII e XIV, julgue os itens a seguir. (04 escores)
TEXTO XV
DÊ O QUE SE PEDE.
TEXTO XVI
a) Produza um projeto de texto relacionado à situação apresentada pelo texto XVI, a outros textos
desta avaliação e ao seu conhecimento prévio sobre o tema: os motivos da desigualdade social
no Brasil. Seu projeto deve apresentar uma tese, duas frases-núcleo relacionadas à tese
apresentada e a seleção de três agentes sociais para a proposta de intervenção. (15 escores)
b) Com base na argumentação apresentada e nos agentes sociais selecionados na resposta do subitem
a), produza uma proposta de intervenção social, detalhada e articulada com o ponto de vista
expresso. (05 escores)
Resposta pessoal. Será aceita qualquer proposta que apresente articulação com a
argumentação apresentada._____________________________________________
14. Analise cuidadosamente o trecho abaixo. Levando em consideração os conceitos de anáfora e catáfora
aplicados ao emprego dos pronomes demonstrativos, preencha as lacunas com esse(s) ou este(s).
(03 escores)
TEXTO XVII
A desigualdade social e a pobreza são problemas sociais que afetam a maioria dos países na
atualidade. Esses√ problemas existem em todos os países, pobres ou ricos, mas a desigualdade social é
um fenômeno que ocorre principalmente em países não desenvolvidos.
O conceito de desigualdade social é um guarda-chuva que compreende diversos tipos de
desigualdades, como estes√: desigualdade de oportunidade, resultado, etc., até desigualdade de
escolaridade, de renda, de gênero, etc. De modo geral, a desigualdade econômica – a mais conhecida – é
chamada imprecisamente de desigualdade social, dada pela distribuição desigual de renda. No Brasil, a
desigualdade social tem sido um cartão de visita para o mundo, pois é um dos países mais desiguais.
Segundo dados da ONU, em 2005 o Brasil era a 8º nação mais desigual do mundo. O índice Gini, que
mede a desigualdade de renda, divulgou em 2009 que a do Brasil caiu de 0,58 para 0,52 (quanto mais
próximo de 1, maior a desigualdade); porém, esse√ aspecto ainda é gritante.
15. Analise os períodos abaixo e informe o valor semântico dos termos em destaque. (08 escores)
a) Ao morrer, não tinha um vintém nos bolsos e fazia dois meses que saíra da cadeia, onde estivera
preso por roubo de ovelha.
temporalidade√__________________________________________________________
b) Minha amiga Lila, que vive descobrindo essas coisas, chamou minha atenção para os que falam
assim.
explicação√_____________________________________________________________
oposição√______________________________________________________________
d) Viajarão de trem de ferro e apresentarão sua esposa ou sua senhora em vez de apresentar sua
mulher.
alternância√____________________________________________________________
restrição ou delimitação√__________________________________________________
f) Você ri da minha roupa, ri do meu cabelo, mas tenta me imitar se olhando no espelho.
oposição√______________________________________________________________
g) Brasil e Portugal começaram a divergir, não só por terem sofrido influências diferentes, mas
também pela maneira como reagiram a elas.
adição√________________________________________________________________
h) A desigualdade social e a pobreza são problemas sociais que afetam a maioria dos países na
atualidade.
restrição ou delimitação√__________________________________________________
FIM DA PROVA