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Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.17, n.4, p. 317-21, out/dez.

2010 ISSN 1809-2950

A laserterapia de baixa potência melhora o desempenho muscular


mensurado por dinamometria isocinética em humanos
Low-level laser therapy enhances muscular performance as measured by isokinetic
dynamometry in humans
Ernesto Cesar Pinto Leal Junior1, Francis Régio Nassar2, Shaiane da Silva Tomazoni3,
Jan Magnus Bjordal4, Rodrigo Álvaro Brandão Lopes-Martins5

Estudo desenvolvido no Depto. Resumo: A fadiga muscular é uma nova área de pesquisa em laserterapia,
de Fisioterapia da Univap com poucos estudos conduzidos. Embora a laserterapia de baixa potência
– Universidade do Vale do (LBP) previamente ao exercício tenha apresentado resultados positivos no
Paraíba, São José dos Campos, retardo da fadiga musculoesquelética, ainda não foi estudada utilizando-se
SP, Brasil a dinamometria isocinética para mensurar desempenho e fadiga muscular.
1 Este estudo tem o objetivo de avaliar os efeitos da LBP (655 nm, 50 mW, 2,4
Prof. Dr. do Programa de Pós- J por ponto e 12 J de energia total) sobre o desempenho e fadiga muscular do
Graduação em Ciências da
Reabilitação da Universidade músculo tibial anterior, utilizando dinamometria isocinética (30 repetições
Nove de Julho, São Paulo de contração concêntrica) em 14 indivíduos saudáveis sedentários do
sexo masculino. Os voluntários foram avaliados ao efetuar 30 repetições
2
Prof. Ms. do Curso de isocinéticas de dorsiflexão de tornozelo à velocidade angular de 240°.seg-1. Os
Fisioterapia da Universidade resultados mostram que, quando os voluntários foram tratados com LBP
Paulista, São José dos Campos antes do exercício, os valores do pico de torque (30,91±5,86 N.m) foram
3
significativamente superiores, comparados a três medições anteriores sem
Fisioterapeuta; mestranda no a aplicação de LBP (24,92±7,45 N.m, p<0,001; 26,83±7,74 N.m, p<0,01;
Laboratório de Farmacologia e 26,00±7,88 N.m, p<0,001, respectivamente). Não foi observada redução
e Terapêutica Experimental no índice de fadiga. Conclui-se que a LBP aumenta o torque gerado pelos
do ICB/USP – Instituto de músculos irradiados, melhorando assim o desempenho musculoesquelético,
Ciências Biomédicas da porém sem interferir no índice de fadiga.
Universidade de São Paulo,
São Paulo Descritores: Fadiga muscular; Dinamômetro de força muscular; Homens; Terapia a
laser de baixa intensidade
4
Prof. Dr. do Centro de Prática
Baseada em Evidência, Abstract: Skeletal muscle fatigue is a novel research area in laser therapy, there being few
Faculdade de Ciências Sociais studies carried out. Though low-level laser therapy (LLLT) applied prior to exercise has
e da Saúde, Universdade de showed positive results in delaying skeletal muscle fatigue, no studies could be found
Bergen, Bergen, Noruega that measured muscle performance and fatigue by means of isokinetic dynamometry.
5 This clinical trial aims at assessing the effects of LLLT (655 nm, 50 mW and 12 J total
Prof. Dr. do ICB/USP energy delivered) on anterior tibialis muscle performance and fatigue by means of
ENDEREÇO PARA isokinetic dynamometry (30 concentric-mode repetitions at 240º.sec-1 angular speed)
CORRESPONDÊNCIA: in 14 healthy male subjects. Results show that, when volunteers had been treated
with LLLT prior to exercise, torque peak values (30.91±5.86 N.m) were significantly
Ernesto Cesar P. Leal Jr. higher than those of three previous measurements with no LLLT (24.92±7.45 N.m,
PPG Ciências da Reabilitação / p<0.001; 26.83±7.74 N.m, p<0.01; and 26.00±7.88 N.m, p<0.001). However, no
Uninove decrease in fatigue indexes could be found. It may thus be said that LLLT increased
R. Vergueiro 325 01504-001 skeletal muscle torque in irradiated muscles, but had no effect on muscle fatigue.
São Paulo SP Key words: Muscle fatigue; Laser therapy, low-level; Men; Muscle strength
e-mail: ernesto.leal.junior@gmail.com dynamometer
APRESENTAÇÃO
nov. 2009
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO
ago. 2010

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INTRODUÇÃO um experimento prévio com animais,
descobrimos que a LBP poderia retar-
fadiga musculoesquelética, utilizando
como instrumento de medida a dina-
Os mecanismos de ação, desenvolvi- dar o inevitável declínio da contração mometria isocinética.
mento e prevenção da fadiga muscular máxima durante repetidas contrações
não são totalmente elucidados. São tetânicas induzidas eletricamente 8 .
comumente observados como caracte- Doses específicas de LBP reduziram METODOLOGIA
rísticas de fadiga musculoesquelética a os níveis da atividade de creatino-qui-
nase muscular, em comparação com Este estudo foi aprovado pelo Comi-
diminuição da força, comprometimento
o grupo que não recebeu irradiação, tê de Ética em Pesquisa da Universida-
do controle motor e dor muscular sub-
de do Vale do Paraíba. Participaram do
seqüente1. indicando portanto uma diminuição
do dano muscular. Posteriormente, estudo 14 indivíduos saudáveis do sexo
A fadiga muscular pode ser divi- masculino, que assinaram um termo
foi conduzido um estudo clínico com
dida em um componente central e de consentimento livre e esclarecido.
12 atletas profissionais de voleibol
um componente periférico. O tipo e Foram incluídos no estudo indivíduos
utilizando laser com o mesmo compri-
intensidade do exercício, grupos mus- saudáveis do sexo masculino, com ida-
mento de onda do estudo com animais
culares envolvidos o ambiente físico e de entre 18 e 25 anos, não-praticantes
(655 nm), com 50 mW de potência de
bioquímico são fatores periféricos que de atividade física regular. Foram
saída e 5 J aplicados em cada um dos
afetam a produção de força durante a excluídos os sujeitos que utilizassem
quatro pontos igualmente distribuí-
atividade muscular. Dessa forma, a fa- medicamentos e/ou suplementos nutri-
dos ao longo do ventre muscular do
diga muscular é um processo complexo cionais, fossem praticantes de atividade
bíceps braquial (20 J de energia total
que envolve elementos fisiológicos, física regular ou que, no decorrer do
aplicada); observou-se um aumento
biomecânicos e psicológicos2. Idade e estudo, passassem a ter prática regular
significativo no número de contrações
sexo também são fatores importantes, de atividade física, além dos sujeitos
executadas e no tempo utilizado para
pois determinam a habilidade de con- que sofreram lesão musculoesquelética
a realização das contrações, com um
tração musculoesquelética para tolerar nos membros inferiores nos dois meses
pequeno aumento nos níveis de lactato
a fadiga 3 . Existem também indícios prévios à realização do estudo ou que,
sangüíneo9. Em um terceiro estudo10,
de que a força exercida declina mais no decorrer do estudo, sofressem le-
um ensaio clínico randomizado cru-
rapidamente em indivíduos do sexo são musculoesquelética nos membros
zado, foi utilizado o mesmo protocolo e
masculino, durante o desenvolvimento inferiores.
mensurados os mesmos parâmetros do
da fadiga esquelética4.
estudo anterior, para avaliar os efeitos
Há vários tipos de fadiga muscular da LBP com um comprimento de onda Procedimentos
e a contribuição de cada um para infravermelho (830 nm, 100 mW e 5
a diminuição geral no desempenho J em cada um dos quatro pontos ao O estudo foi dividido em quatro fa-
muscular depende do tipo de fibra longo do ventre muscular do bíceps ses com um intervalo de 72 horas entre
muscular, da intensidade e da duração braquial, 20 J de energia total) sobre cada uma, para propiciar adequada
da atividade5. Um dos tipos é causado a fadiga muscular do bíceps braquial. recuperação muscular dos voluntários.
pelo acúmulo de K+ no sistema tubular Nesse estudo, a aplicação de LBP au- Tendo em vista que o exercício (ou
transverso das fibras musculares. Outro mentou significativamente o número de contração) isocinético não é uma ati-
é a fadiga metabólica, devida a efeitos repetições realizadas por dez atletas vidade habitual, optou-se por realizar
diretos ou indiretos do acúmulo de profissionais de voleibol, porém sem três fases idênticas (fases 1, 2 e 3) com
metabólitos como fosfato inorgânico, diferenças significantes no tempo utili- o objetivo de familiarizar os voluntários
adenosina difosfato, espécies reativas zado para realizar as contrações. Além ao protocolo de exercício. Os voluntá-
de oxigênio (ROS) e diminuição dos disso, não houve diferença significante rios foram instruídos a não mudar seus
substratos (adenosina trifosfato - ATP, nos níveis de lactato sanguíneo pós- hábitos alimentares e atividades físicas
creatino-fosfato e glicogênio) 6 . A -exercício entre o tratamento com LBP durante o período total do estudo.
diminuição na geração de força em e placebo10. Ns fases 1 e 2, chamadas de adap-
condições anaeróbias, como exercícios tação, cada voluntário efetuou 30
No entanto, nos dois ensaios clíni-
extenuantes, inevitavelmente gera espé- repetições isocinéticas de dorsiflexão
cos citados acima, embora apresentem
cies reativas de oxigênio e piora a função de tornozelo à velocidade angular
direta aplicabilidade clínica, não foi
mitocondrial que, por sua vez, causa de 240°.seg-1. Nenhum tratamento foi
empregado o padrão ouro na mensura-
despolarização das células musculares, aplicado previamente ao protocolo. Na
ção de fadiga e desempenho muscular.
responsável pela diminuição na capa- terceira fase, considerada controle, os
Atualmente a dinamometria isocinética
cidade de gerar força7. participantes novamente realizaram 30
é considerada a melhor ferramenta para
medir o desempenho musculoesquelé- repetições isocinéticas de dorsiflexão,
A laserterapia de baixa potência
tico e, conseqüentemente, a fadiga11. à mesma velocidade, também sem
(LBP) sobre a fadiga musculoesquelé-
Por isso, este estudo visa mensurar os tratamento prévio.
tica é uma nova área de pesquisa cujos
parâmetros ideais de aplicação não efeitos da LBP com o comprimento de Na fase 4 (LBP), novamente efetua-
são completamente conhecidos. Em onda de 655 nm sobre o desempenho e ram as mesmas 30 repetições isoci-

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Leal Junior et al. Laserterapia melhora desempenho muscular

néticas de dorsiflexão de tornozelo Antes de cada avaliação por meio de da irradiação da LBP no último ponto de
à velocidade angular de 240°.seg -1, dinamometria isocinética (nas quatro tratamento do músculo tibial anterior. Os
porém, cinco minutos antes de realiza- fases), os indivíduos efetuaram séries parâmetros utilizados para a LBP estão
rem o protocolo, receberam tratamento de 30 segundos de alongamento  ativo expostos no Quadro 1.
com LBP em cinco pontos ao longo dos músculos tibial anterior
do ventre muscular do tibial anterior e tríceps sural do membro Quadro Parâmetros
Quadro11 Parâmetros utilizados
utilizados na aplicação
na aplicação da LBPda LBP
(Figura 1). inferior dominante. Comprimento de onda 655 nm (vermelho)
Para a avaliação isociné- Frequência modo contínuo
tica, os voluntários foram Potência de saída 50 mW
sentados em ângulo de 100° Diâmetro do spot 0,06 cm
entre o tronco e o quadril, 2
Área do spot 0,01 cm
com a perna não-dominante 2
posicionada a 90° de flexão Densidade de potência 5 W/cm
de joelho e fixada ao assen- Energia irradiada por ponto 2,4 Joules por ponto
to do dinamômetro por um Densidade de energia 2
240 J/cm por ponto
cinto; a perna dominante foi
Tempo de irradiação 48 segundos por ponto
posicionada a 30° de flexão
de quadril e também foi N de pontos irradiados por músculo cinco
o

fixada ao assento com um Energia total irradiada 12 Joules


cinto. Os voluntários também Modo de Probe estacionário em contato direto com
foram presos ao assento por aplicação a pele, em ângulo de 90° e leve pressão
dois cintos cruzando seu
 tronco e, durante o teste,
foram instruídos a posicionar
Quadro 1 Parâmetros utilizados na aplicação da LBP
Índice de fadiga
Análise estatística
os braços cruzando o tronco. O eixo 60do
Comprimento Os valores médios 1e osAdaptação
Adaptação respectivos
2
dinamômetrode onda foi655
isocinético nm (vermelho)
posicionado
desvios padrões foram utilizados
Controle LBP para
paralelamente ao centro da
Frequência articulação
modo contínuo
50 análise estatística. Foi utilizado o teste
do tornozelo.
Potência Nos testes, os50
de saída dados
mWforam Anova, com pós-teste de Tukey-Kramer,
Índice de fadiga (em %)

colhidos por um dinamômetro isocinéti-


Diâmetro do spot 0,06 cm 40 para testar se houve diferença estatisti-
co Biodex (System 3, Shirley, NY, USA)
Área do 0,01 cm
2
camente significante nos resultados de
no modo concêntrico; durante todo o
spot
Densidade de potência 5 W/cm
230 índice de fadiga (declínio do trabalho
teste os indivíduos receberam estímulos
muscular realizado no último terço do
verbaisirradiada
Energia do examinador
por pontopara
2,4efetuar
Joules as ponto
por
20 protocolo de fadiga pelo trabalho reali-
contrações.de energia
Densidade
2
240 J/cm por ponto zado no primeiro terço – em valores per-
Tempo O tratamento
de irradiaçãocom LBP,48como dito,
10 porcentuais)
segundos ponto e pico de torque (valor máximo
foi aplicado apenas na fase 4, após o
N de pontos irradiados por músculo cinco torque obtido durante a realização do
o de
alongamento muscular. Após a irradia- protocolo de fadiga) entre as quatro fases
Figura 1 Pontos de aplicação da Energia total irradiada 12 Joules 0
ção, os indivíduos foram posicionados do estudo
2 Índice (adaptação
de fadiga 1, adaptação
nas quatro 2,
fases do estudo
LBP no músculo tibial anterior Modo de no
sentados Probe estacionário
assento emFigura
contato
do dinamômetro. O direto com
controle e LBP). O nível de significância
(círculos pretos) aplicação a pele, em ângulo de 90° e leve pressão
protocolo foi iniciado 5 minutos depois foi de p<0,05.
Pico de torque
RESULTADOS Índice de fadiga
O pico1 deAdaptação
Adaptação
surado
torque men-
Controle foi deLBP
2
24,92±7,45 40
60
Catorze homens sedentários saudáveis Adaptação 1 Adaptação 2 N.m na fase de adaptação 1,
35 LBP
foram recrutados para o estudo, com Controle 26,83±7,74 N.m na adapta-
50 ção 2, e de 20,00±7,88 N.m
idade média de 23,07±1,94 anos, massa 30
Pico de torque (N.m)

na fase controle, também sem


Índice de fadiga (em %)

corporal de 76,36±5,93 kg e estatura


40 25 diferenças estatisticamente
média de 178,14±5,11 cm.
significantes entre essas três
O índice de fadiga mensurado 20
30 fases (p>0,05). O pico de
por dinamometria isocinética foi de 15 torque na fase LBP foi de
37,95±7,04% na fase de adaptação 30,91±5,86 N.m, foi signifi-
20
1, 37,70±6,60% na fase de adaptação 10
cativamente superior às fase
2, 41,94±7,64% na fase controle e 5 de adaptação 1 (p<0,001),
10
38,07±6,77% na fase LBP, sem diferença de adaptação 2 (p<0,01) e
estatística (p<0,05) entre as quatro fases. 0 controle (p<0,001). Os resul-
0 1doPontos
Os resultados do índice de fadiga são Figura 3 Pico de torque tados picoFigura
nasdoquatro de torque
fases estudode aplicação
são
ilustrados na Figura 2. Figura 2 Índice de fadiga nas quatro fases do estudo
Figura 2 Índice de fadiga nas quatro fases do estudo ilustrados na Figura 3. no músculo tibial a
(círculos pretos)

Pico de torque
Adaptação 1 Adaptação 2
40 Controle LBP Fisioter Pesq. 2010;17(4): 317-21 319
35

30
e (N.m)

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20

Índice
10

0 Figura 1 Pontos de aplicação da LBP


Figura 2 Índice de fadiga nas quatro fases do estudo no músculo tibial anterior
(círculos pretos)

Pico de torque luntários foram capazes do comprimento de onda vermelho.


Adaptação 1 Adaptação 2 de realizar um número Sabe-se que tais comprimentos de onda
40 Controle LBP maior de contrações (na faixa do vermelho) têm menor pe-
35 musculares quando netração na pele quando comparados
tratados previamente a comprimentos de onda infraverme-
30 com LBP, aumentando lhos13, o que pode ter levado a uma
Pico de torque (N.m)

25 conseqüentemente o menor quantidade de energia sendo


trabalho muscular rea- entregue ao tecido alvo (tecido mus-
20 lizado e indicando que cular), ocasionando efeitos apenas nas
15
a fadiga muscular foi primeiras contrações realizadas durante
atenuada. a execução do protocolo; os efeitos
10 positivos se sentiram apenas no pico de
A dinamometria iso-
torque, que usualmente é alcançado no
5 cinética foi previamente
primeiro terço do exercício.
utilizada para mensurar
0
desempenho e fadiga Os mecanismos da LBP para aumen-
Picode
Figura 33 Pico
Figura detorque
torquenas
nas quatro
quatro fases
fases do do estudo musculoesquelética
estudo tar o desempenho musculoesquelético
no estudo de Gorgey não são completamente conhecidos,
et al. 12 , que induzi- porém alguns efeitos da LBP sobre o
DISCUSSÃO
ram a fadiga por um estímulo elétrico estresse oxidativo, a atividade mito-
no músculo quadríceps de cinco vo- condrial e microcirculação são bem
No presente estudo observou-se um luntários saudáveis e aplicaram a LBP conhecidos, podendo assim explicar
aumento significativo no pico de torque com um laser de varredura (scanner) as maneiras pelas quais o desempenho
executado pelos voluntários quando os de 808 nm. Os autores não observaram musculoesquelético é aumentado pela
receberam tratamento com LBP antes da diferença no desempenho e fadiga LBP.
avaliação por dinamometria isocinética. muscular comparando a situação do
Resultados similares foram observados em grupo controle com as situações LBP Estudos feitos com animais indi-
um estudo pré-clínico de Lopes-Martins et utilizando 3 J e 7 J. No entanto, alguns cam que, por mecanismos locais, a
al.8, em que se utilizaram contrações tetâ- fatores como a utilização de estimula- LBP pode prevenir lesões musculares
nicas para induzir fadiga musculoesque- ção elétrica (modalidade passiva) para isquêmicas ao reduzir a atividade
lética no músculo tibial anterior de ratos. induzir a fadiga e a utilização de um de creatino-fosfoquinase e a libera-
Quando a LBP foi aplicada previamente laser scanner (não promovendo um ção de espécies reativas de oxigênio
às contrações tetânicas, foi observado que tempo suficiente de interação do laser (ROS), enquanto aumenta os níveis
a força de contração aumentou significa- com o tecido) em não-contato com de antioxidantes e proteínas de cho-
tivamente, fato similar ao encontrado no a pele (diminuindo possivelmente a que térmico 14,15 . Esses resultados
presente estudo. são interessantes, uma vez que os
penetração da irradiação), podem ser
resultados descritos por Ortenblad
Como mencionado na Introdução, considerados limitações do estudo e prova- e Stephenson 16 mostraram que um
ensaios clínicos recentes apresentaram velmente influenciaram negativamente os músculo exercitado intensamente sob
resultados positivos a favor da LBP no re- resultados. A partir da observação desses condições anaeróbicas iria gerar gran-
tardo da fadiga musculoesquelética. Leal fatores foi que, no presente estudo, des quantidades de ROS, levando a sua
Jr et al.9 utilizaram o comprimento de decidiu-se utilizar exercício ativo para despolarização e reduzindo sua força.
onda vermelho de 655 nm em atletas induzir a fadiga musculoesquelética e, Dessa forma, a LBP pode ser útil para
profissionais de voleibol masculino; para a irradiação, um probe estacioná- aumentar o desempenho muscular. Em
o número de contrações realizadas e rio (aumentando o tempo de interação um estudo recente, de Xu et al.17, a
o tempo para executar essas contra- laser-tecido) em contato com a pele, LBP aumentou a função mitocondrial
ções sofreram aumento significativo aumentando a penetração da LBP. em células musculares sob doses de
nos atletas que receberam tratamento Não foram encontradas diferenças 0,33–8,22 J/cm 2; e doses de LBP de
com LBP previamente ao exercício. Os entre as duas fases de adaptação e 0,33 e 1,338 J/cm2 reverteram o estado
mesmos autores, em outro estudo 10 a fase controle, o que indica que os de disfunção mitocondrial induzida
com o mesmo protocolo para induzir valores de pico de torque obtidos na pela estimulação elétrica.
fadiga musculoesquelética, testaram fase LBP foram ocasionados pelos
os efeitos do comprimento de onda efeitos da irradiação, e não por outros Outro estudo recente 18 com LBP
infravermelho de 830 nm, observando fatores, como adaptação dos indivíduos AsGa 904 nm demonstrou que a do-
novamente que o número de contrações ao protocolo. sagem de 5 J/cm2, aplicada após uma
realizadas pelos atletas profissionais de lesão traumática no músculo gastrocnê-
voleibol aumentou significativamente, Entretanto, não foram observadas mio em ratos, pode aumentar a ativida-
mas que o tempo para efetuar as con- diferenças quanto ao índice de fadiga de de cadeias respiratórias mitocondriais
trações não sofreu alteração. Os dados nas quatro fases do estudo. Isso pode do complexo I, II, III e IV, e de succinato
de ambos os estudos indicam que os vo- ter ocorrido devido à opção pelo uso desidrogenase durante o processo de

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Leal Junior et al. Laserterapia melhora desempenho muscular

cicatrização muscular. Esses resultados Por se tratar de uma nova área de


sugerem que a LBP pode aumentar a pesquisa, são necessários mais estudos Conclui-se que a LBP, aplicada com
síntese de ATP, fato que pode estar di- para verificar os efeitos da LBP no retar- os parâmetros utilizados neste estudo,
retamente relacionado com o aumento do da fadiga muscular, bem como para melhora o desempenho do músculo
do desempenho muscular observado definir uma “janela terapêutica” para a tibial anterior, sem interferir no desen-
no presente estudo. aplicação da LBP com essa finalidade. volvimento da fadiga muscular.

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