Você está na página 1de 13

\I~~~)V!

\ .. \
',t'<""
.....\J . _~..i
'. ,.'
'\J
, (':w'~ \) \<tl'
11' .\,Y \~'-Í~\- ~\',".l
-------'
\J '\.'
'. '~f\))
,;., ~
~í,j"
. \ "',,"
, ')l"}
\ .,.~ f(::_~
\..S~~,._~C;/'·,),~_2("2: , \c-"
(~)..: j ~r ~
\i -....•.
,nl'
l\
~:5',\.')··s
\..! c.'
(':,
''. ". f"\

,); f' ,,"- _ II


\ i I'.
\! ~ ...
. -1
~ \\,1-1
,\'-~' .:..:y>"\ . .) d'<:::,r,/-,.(::,-)0 ...".,C·'Y...~C./ (\".J
\ ,}

•• P A R í E
,
j-

q-.
~'.,)
~

A Abordagem Comportamental
No Capítulo I analisamos brevemente o trabalho de
rência a ansiedades, impulsos, motivações, necessi-
John B. Watson, fundador do comportamentalis- dades ou mecanismos de defesa, processos mencio-
mo. I ~ua psicologia comportamentalista enfocava o . nados pela maioria dos outros teóricos da personali.
comportamento observável, as respostau.estímJk:', dade·Eilra os comportamelltalistas, a personalidade
los externos das pessoas submetidas a experimen-=.
é meramente um acúmulo de regJ.Q§!!!Laprendi~s
tos. Essa abordagem da psicologia como sendo uma
por meio de estímulos, padrões de comportament~
ciência natural, baseada em cuidadosas pesquisas observáveis ou sistemas de hábitos. A personalidade
experimentais e na quantificação precisa das variá- refere-se apenas ao que pode ser observado e mani·
veis de estímulo e resposta, tornou-se imensamente' pulado de maneira objetiva.
popular na década de 1920 e permaneceu como uma· A abordagem comportamental da personalidade
força dominante na psicologia por mais de 60 anos. é repreSentada. aqui pelo trabalho de B.F. ~ki,~I"
No comportamentalismo de Watson não havia
cujas idéias seguem a..~~a~ªQYVª!~q!"Ii,ªrgl,-Skin'ner
lugar para forças conscientes ou inconscientes por •. ' rejeitou quaisquer pretensas forças ou processos in-
que elas não podiam ser observadas, manipuladas ou
ternos por considerá-Ios irrelevantes. Sua únic~_
medidas. Watsoll acredita~lle, o que querqu~ preocupação era com o comportamento óbse;:vável
desse esta7'ocorrendo dentro de um or.g~ismo - e os estímulos externos que lhe dão forma; tentou
rõsse uma pessoa ou um animal - entre a àprêSen- entender o que chamamos de "personalidade" por
tação do estímulo e o surgimento da n::.sp.o.§.!.~.Ln&o meio de pesquisas laboratoriais com ratos e pombos,
põsruía valor, significado ou utilidade científica . e não de trabalho clínico com pacientes. No entanto,
porque os cieni'istiS-~não podiam conduzir eXJ)~ri- suas idéias mostraram-se úteis no ambiente cIínico
mentos em tais condiÇ5eSinternas. Na abordagem por'meio da aplicação de técnicas de modificação do
comportamental, portanto, não encontramos refe- comportamento.

-:'

1. HÚ lraduçõc!-. que ad,-lplam o Lermo on,!llnnJ em in~jês heh(fl'jorisl/1 ao norltJVll~" "h,~h;IVif\,.i"lY\""(1\1 'T')
É o ambiente que deve ser transformado.

-B.F. Skinner

QUAfORZE

~~

">

B.E Skinner
Ratos, Pombos e um Organismo Vazio As Aplicações do Condicionamento Operante
Programas de economia de fichas
A Vida de Skinner (1904-1990)
Programas de modificação de comportamento
Encontrando uma identidade Punição e reforço negativo

Questões sobre a Natureza Humana


Reforçamento: A Base do Comportamento

Comportamento respondente A Avaliação na Teoria de Ski.rmer


Comportamento operante Observação direta do comportamento
Aéaixa de Skinner e o processo Auto-relatps de comportamento
de condiciona mento operante Mensuraçães fisiológicas de comportamento

Esquemas de Reforçamento A Pesquisa na Teoria de Skinner


Um Comentário Final
Aproximações Sucessivas: A Modelagem
do Comportamento Resumo do Capítulo

Comportamento Supersticioso Perguntas de Revisão

O Autocontrole do Comportamento Sugestões de Leitura


"RTE 8 A Abordagem Comportamental QUATORZE B, F.Skinner 363
.~.
"

.,.
,",

,.atos, Pombos e um Organismo Vazio t:~~


processos fundamentais são,~imilares. Assim como uma ciência deve dirigir-se
do simples ao complexo, os processos mais elelnentares têm de ser estudados
,!?J'<:. Skinner não apresentou uma teoria de personalidade que possa ser facilmen- primeiro. Dessa maneira, el~ escolheu o comportamento animal por ser mais
te contrastada e comparada com outras teorias discutidas neste livro. Na verdade, simples que o comportamento humano.
ele definitivamente não apresentou uma teoria da personalidade, nem sua pesqui- O trabalho de Skinner ~Óide importância monumental na psicologia norte-
sa tralou especificamente de personalidade, O seu trabalho tentou dar conta de tõ- americana. A AmeIÍcan psy2hological Foundation outorgou-lhe sua medalha de
'(ia comportamento, não apenas da personalidade, em termos concretos e descri- ouro e a American Psycholcigical Association concedeu-lhe o Prêmio de Contri-
tivos, "Não se pode chegar a resultados, ficando sentados e teorizando sobre o
buição Científica Relevante (1958). Diz a menção honrosa: "Poucos psicólogos
mundo interior. Quero dizer àquelas pessoas: atenham-se aos fatos" (Skinner ci- norte-americanos tiveram um impacto tão profundo sobre o desenvolvimento da
tado em Hall, 1967, p, 70), Skinner argumentou que os psicólogos devem limitar psicologia e sobre os jovens psicólogos promissores". O primeiro livro de Skin-
suas investigações aos fatohao que eles podem observar, ,manipular e medir llQ. ner sobre comportamentalismo, The behavior of orgC//zisl/ls: An experimental
laboratório, Isso significa uma ênfase exclusiva nas respostas observáveis que analysis (Skinner, 1938), foi descrito como um dos poucos a mudar verdadeira-
uma pessoa avaliada fornece e nada mais. A alegação de Skinner era que a psico-
mente a natureza desse campo do conhecimento (Thompson, 1988). Skinner tam-
logia é a ciência do comportamento, do que um organismo faz.
bém recebeu a Medalha Nacional de Ciência dos EUAe apareceu na capa da Ti-
Já dissemos que essa abordagem foi popularizada por John B. Watson. O es-
. '.~-h'· me, definido na manchete como o mais famoso psicólogo norte-americano. Seu
pírito da revolução comportamentalista de Watson na psicologiarque,influenciou
controvertidplivro de 1971, Beyollelfreedp.nl anel digllity, tornou-se um be,\'I.I'eller
o jovem Skinner, continua a existir no trabalho de Skinner, ainda que numa ver- e fez dele uma celebridade.
são mais sofisticada e madura.,O-estudo.,de....'lkinner...s..obre o comportamento é ª- ,.....
':",.\ -' antítese das abc;>rdagens psicanalítica..ill:.traços,.desenvoly.irru,nti~J.ª..s.~gnitiva e 'h;,~'
"Skinrier foi, durante um curto' período, o YÚ% mais quente'nos programas de ent;'e-
humanista, difering.9_~l~1ili2..<lpe.nas~ant()_i\~ 0!Jleto de estudo, mas 'ta!!!.b.ém vista nacionais e das grandes cidades (...) Num mês, milhões de norte-americanos ti-
~~.ão à m~i9doT.ogrãe-:ioi_Qhjeli.v.o.s..-- ~--, -'-.-." -=-~~""----=- nham lido ou ouvido falardele e de 13eyonllfreedom ond digllily, Ele foi 'colnpleta-
. Ao explicar a personalidade, a maioria dos outros teóricos busca pistas den- mente inundado' por correspondência, chamadas telefônicas e visitas (. ..) Estranhos
tro da pessoa. As razões, motivos e impulsos - as forças que direcionam nosso iam cumprimentá-Ia em restaurantes. Tinha, como mencionou um escritor, 'adquiri-
desenvolvimento e comportamento - originam-se dentro de cada um de nós. do a celebridade de um astro de cinema ou da TV'" (Bjork. 1993, p. 192).
Skinner, ao contrário, não fez referência a estados subjetivos internos para expli-
car o comportamento, Influências inconscientes, mecanismos de defesa, traços e O trabalho de Skinner teve amplas aplicações práticas, Inventou um apare-
outras forças motrizes não podem ser observados;e, portanto, não têm lugar nu- lho automático para cuidar de;bebês e foi responsável por promover o uso de má-
ma psicologia científica. Não têm mais valor para a ciência que o antigo concei- quinas de ensinar, Publicou um romance bem-sucedido que oferece um progra-
to teológico de alma. Skinner não negavaaexistência de forçl!s internas, mas ape- ma para o controle comportamental da sociedade humana. Técnicas terapêuticas
nás sua utilidade científica, Skinner aplico"u raciocínio"análogo aos processos originadas a partir de suas pesquisas têm sido aplicadas em ambientes clínicos pa-
fisiológicos que não são observáveis nem relevantes para a ciência. Disse ele: "O ra tratar uma variedade de dis:túrbios que incluem psicose, retardamento mental
interior do organismo é irrelevante seja como o sítio dos processos ,fisiológicos, e autismo. Suas técnicas de f(iodificação do 'c6in'portamento são empregadas em
s~já como o local das atividades mentais" (citado'Ím Evans, 1968, p. 22), . escolas, negócios, instituições:correcionais e hospitais,
De fato, ele não via necessidade de buscar, dentro do organismo, alguma
fonna de atividade interna. Para Skinner, os seres humanos são "()n~anismos va- +.1
:.~~
zios", termo CO]Tl o qual sugeria que não há nada dentro de nós que possa ser in- A Vida de Skínner (1904-1990) .~~
vocado para explicar o comportamento em termos científicos. Assim, no debate
pessoa-situação, Skinner estava clara e exclusivamente do lado do ambiente ou B. F. Skinner, o mais velho ci~ dois irmãos, nasceu em Susquehanna, na Pensil-
situação. vânia; o irmão morreu aos 16 anos. Os seus pais eram pessoas trahalhadoras que
Outra maneira pela qual Skinner se diferenciava de outros teóricos era na incutiram em seus filhos regras claras de comportamento adequado, "Fui educa-
sua escolha das pessoas submetidas a experimentos, Alguns teóricos da perso- do para temer a Deus, a polícia e o que as pessoas vão pensar" (Skinner, 1967, p.
nalidade concentram-se em pessoas emocionalmente perturbadas e outros foca- 407). A sua mãe nunca se desviou de seus rígidos padrões. O seu método de con-
lizam indivíduos normais ou medianos. Pelo menos um deles baseou sua teoria trole era dizer "tsc tsc". A avó certificava-se de que ele entendera as punições do
nas pessoas melhores e mais brilhantes. Embora as idéias de Skinner sobre com- inferno, apontando as brasas do aquecedor da sala de visitas. O pai contribuiu pa-
portamento tenham sido aplicadas a pessoas, as pesquisas de sua abordagem ra a educação moral do filho, ensinando-lhe a sina que recai sobre os criminosos.
comportamental utilizaram ratos e pombos. O que podemos aprender sobre a Mostrou-lhe a cadeia pública e levou-o a uma aula sobre a vida numa notól;a pri-
são estatal de Nova York.
personalidade humana a partir de pombos? Lembre-se de que o interesse de
Skinner era por respostas comportamentais aos estímulos, e não por experiên- A autobiografia de Skinner contém muitas referências ao impacto dessas ad-
cias de infância ou sentimentos de adulto: Responder a estímulos é algo que os vertências na infância sobre o seu comportamento adulto, Ele escreveu sobre ter
animais fazem bem, algumas vezes melhor do que as pessoas. Ele admitia que o visitado uma catedral e tomado cuidado para evitar pisar nas lápides do piso;
____ ~ ~('~n~m"r.~n~r~t~~m="n~t~n.humano..éJna~omplexo
que o comport~.mento animal, mas su- quando criança, fora instruídq, de que tal comportamento não era adequado. Es-
---~ .. ~ ... ~ ""......a:+'''''
..''''•.•,.....
-'C' "'~f"5", n<::l inlpnc::.irl:::uip. f": nãn no tlnr, FI~.~,..t"Prlit~I"~flllP nc ses e outros exelilnl()~ l()rnAr~I'~~-lhprl::l.l"n nl1P 1\(' C"Pl1C' I",.,. •.,...,..•n.·t,. •.•..........
~. ....1
.• 1..•. ,
ARTE 8 A Abordagem Comporta mental
QUATORZE B. F. Skinner 365

viam sido determinados pelas recompensas e punições (os "reforçamento"') que


recebera quando criança. Portanto, o seu sistema de psicologia e sua visão das envo]vimento com processos intrapsíquicos, tais como intuição. livre associação, flu-
pessoas como "sistemas comportamentais complexos de acordo com a lei." refle- xo de consciência e participação do inconsciente, bem como a consideração de fan-
tasias e sentimentos como sendo partes importantes do ser. A última nega isso tudo
tiam as suas próprias experiências na infância (Skinner, 1971, p. 202).
- faz com que as fantasias, os sentimentos e todo o domínio intrapsíquico refluam
Também proféticas sobre as suas opiniões de que as pessoas funcionam como
a uma condição de noções 'pré-científicas' (para usar o termo favorito de Skinner),
máquinas que operam de modo previsível foram as muitas horas que passou cons- enquanto se dá atenção a9 comportamento observável e às operações aecessárias pa-
truindo dispositivos mecânicos como vagões, gangorras, carrosséis, catapultas, ae- ra registrá-I o, predizê-I o ~ controlá-Io eficientemente'; (Mindess, 1988, p. 105).
romodelos e um canhão a vapor que atirava pedaços de batata e de cenoura na ca-
sa dos vizinhos. Skinner também trabalhou numa máquina de moto-perpétuo, que Processos psíquicos aparecem no trabalho de Skinner apenas C0l110 objetos
de escárnio.
fracassou perpetuamente. Seu interesse pelo comportamento animal é também
proveniente da infância. Tinha tartarugas, cobras, sapos, lagartos e esquilos como Ele ficou em Harvard até J 936 com bolsa de estudos de pós-doutorado. Le-
animais de estimação. Um conjunto de pombos adestrados numa feira municipal cionou, em seguida, na Universidade de Minnesota e na Universidade de India-
deixou-o fascinado. Os pombos encenavam umâcorrida, empurravam um CatTO na, retomando a Harvard e~ 1947. Por volta de seus 40 anos, expelienciou um
de bombeiros até um edifício em chamas e encostavam uma escada nele. Um pom- período de depressão, que resolveu voltando à sua fracassada identidade como es-
bo treinado, vestindo um chapéu vermelho de bombeiro, subia até a janela de um critor. Ele projetou o seu descontentamento emocional e intelectual no protago-
'~'''andllr superior para resgatar um pombo em perigo. Posteriormente, Bkinner trei- nista de um romance, Walde"h two, dando vazão, por meio do personagem, a suas
naria pombos para jogar pingue-pongue e para Cl?pduzir um míssil até um alvo. frustrações pessoais e profi~~ionais (Skinner, 1948). O livro, que continua sendo
editado, já vendeu mais de 2"milhões de cópias e descreve uma sociedade na qual
EncontrandÓÜma identidade " . ,.:.. "".; ~ todos ps aspectos da vida são controlados por reforçm.nento positivo, que é o prill-.
cípio básico do sistema da psicologia de Skinner~ . . _
--------------------Skillller graduou=se-eminglês"no -Hamilton-College-e-esperava-torna~eToman;-------
-··-----Aos 8"0 anos, continuav~ a trabalhar com entusiasmo e dedicação. Regulava
cista após a graduação. Encorajado pelos comentários favoráveis sobre o seu tra-
balho feitos pelo eminente poeta Robert Frost, Skinner construiu um estúdio no os seus hábitos, registrando;~ sua produção diária e o tempo médio gasto por pa-
sótão da casa de seus pais em Scranton, Pensilvânia, e tentou escrever. Os resul- lavra publicada (dois minutos). Assim, virou um exemplo vivo de sua definição
dos humanos como sistemas comportamentais que se comportam de acordo com
tados foram desastrosos. Lia, ouvia rádio, tocava piano e construía modelos de
as leis. Construiu em sua casa uma caixa pessoal de Skinner, um ambiente contro-
navios enquanto esperava por inspiração. Pensou em consultar um psiquiatra,
mas para o seu pai seria um desperdÍCio de dinheiro. Skinner tinha 22 anos e era, lado que fornecia reforço positivo. Dormia num tanque de plástico amarelo gran-
de o suficiente para conter um colchão, estantes e um peqlleno aparelho de televi-
aparentemente, um fracasso na única coisa que desejava fazer.
são. Ia para a cama toda noite às 22 horas, dormia por três horas, trabalhava em
Mais tarde, referiu-se àquela época como o seu ano sombrio, o que Erik Erik-
sua escrivaninha durante uma hora, dormia mais três e se levantava às 5, para mais
sori chamaria de crise de identidade. A ideiltidadeDcupacional de escritor, que
três horas de trabalho antes de caminhar um quilômetro e meio de seu escritório
construiu cuidadosamente durante os seus anos de universidade e que Robert
até Harvard, Administrava reforço positivo toda tarde ao ouvir música. Certa vez,
Frost reforçou, de.smoronou e levou consigo o senso de respeitá próprio. Saiu de
comentou com um amigo que fora citado mais vezes na literatura de psicologia
Scranto para Greenwich Village, em Nova York, mas descobriu que lá tambéin"
que Freud. Quando lhe foi perguntado se esse tinha sido o seu objetivo, respon-
não conseguia escrever. Pior, sob o seu ponto de vista, foi que várias mulheres
deu: "Eu pensava que isso era possível" (citado em Bjork, 1993, p. 214).
desprezaram o seu amor declarado a elas, deixando-o tão perturbado que marcou
a ferro quente as iniciais de uma mulher em seu braço, que permaneceu durante
anos (Skinner, 1983a).
Quando já perdera toda a esperança, descobriu uma identidade que lhe caía
Reforçamento: A Base do Comportamento
bem e à qual iria se apegar pelo resto da vida. lá que escrever não havia funcio- A abordagem skinneriana do comportamento, conceitualmente simples, é funda-
nado com ele, decidiu estudar o comportamento humano pelos métodos da ciên- mentada em rilÍÍhares de horas de pesquisa bem controlada. ~éia fundamen-
cia e não da ficção. Leu livros de Ivan Pavlov e lohn B. Watson e resolveu tor-
tal é que o comportamento pode ser controlado POl~~~collse.9.@nci~§,~l!.....
nar-se comportamentalista. Dessa forma, sua auto-imagem e identidade ficaram pelo que o acompanha. Skinner acreditava que um animal ou um ser humano po-
seguras. :... ceria ser treinado para desempenhar praticamente qualquer ação e que o tipo de
Skinner ingressou na Universidade de Harvard em 1928 para estudar psico- reforçamento que se seguisse ao comportamento seria o responsável por determi-
logia. Nunca fizera nenhum curso na área, mas obteve seu Ph.D. em três anos. Sua ná-Io, Assim, quem quer que controle os reforçamento tem o poder de controlar
opção pelo comportamentalismo levou-o a rejeitar os sentimentos e as emoções õ;)ffiportamento humano, da mesma forma que um experimentador controla o
que tentara retratar como escritor. Um historiador de psicologia observou que: comportamento de um rato dç::laboratório.
Comportamento
"[Há] diferenças essenciais entre uma caneira d~'votada a escrever poesia e ficção e respondente. Respostas Comportamento resp0i1dente
uma outra devotada a promover a causa do comportamentalismo. A primeira requer produzidas ou
••.••..:_: __ .J __ ." _~lt-lnnp •• rI~f,02·•••n,....;,..,.•• rl •..•~ •.• t: ,.:,·...l •.••. ~ ..••. ~_.u _ ~
:~
;
QUATORZE B. F.Skinner 367
(ARTE 8 A Abordagem Comporta mental

".;..-.-.:;,;:-:::-
••-:--:::M:~,.?,~,~:.",;:-::-,':l'~-"""""-'-::;:':~'-" ·:1··!".....··7:,.".:~~·~:...,....,.~':",r!";'ji:-;.:-··-
,~;:

':·'·3 ',,,:;-:-

Animais podem ser


condicionados ao serem
'•.••~.:2.i~ ..;.:.:a.".,.< ...'.. ,'~.:::..:.::_:..:~.:.::. ••..,..•\,.""':""::":'.;.-!,:;'.~.i:~~~:":":'l,.a..t.....;.;~~
reforçados com comida
quando exibem
comportamentos
desejáveis.
..,'"
F I G U."R A 1 4" ,1" Um apary/ho simples de condicionamento operante
.'

lho, é um exemplo. Aplica-se um estímulo (uma batida no joelho) e ocorre a res-


posta (a perna dá um' solavanco). Esse comportamento não é adquirido. Ocorre" ---.------
Comportamento
•.
operante
--.---. _

_--=~u~-,-nátic!l:~~:y'(llul1taFiamente.-Não prMisamos ser treinados ou-eondicioJIll.dO.L C<rnip"orlainento


operante.
para produzir a resposta adequada.
Comportamento emilido
Num nível mais alto está esse tipo de comportamento, que ~ adquirido. Esse
espontânea ou
aprendizado, chamado condicionamento, compreende a substituição de um estí- voluntariamente que
mulo por outro . .9 çqn~lto originou~ trabalho do fisiologista russo Ivan Pa- alua no ambiente para
modificá-lo.
v\ov por volta de 1900. M~is tarde, as idéias de Pavlov sobre condicionamento
fo~.~rrta_d()t_ad~spor lohn B. Watson como o método de pesquisa básico do com-
porta mental ismo.
Trabalhando com cães, Pavlov descobriu que eles salivavam em resposta a
estímulos neutros, tal comO o som dos passos db lratador. Antes disso, a respos-
ta salivação tinha sido originada por apenas um estímulo: a visão de comida. In-
trigado com essa observação, Pavlov estudou o fenômeno de fonna sistemática . .~,
•~l.~:j'ª-Ziª.soar um si~o um pouco antes de alimentar um cão. No início, oeão sa~ . ".' ,
livava apenas em resposta à comida, e não ao sino, pois o sino era desprovido de
significado. No entanto, após uma série de badlladas duplas seguidas pela comi-
da, o cão começou a salivar ao som do sino. Logo, o cão havia sido condiciona-
do, ou ti'einado, a responder ao sino. A resposta do cão deslocou-se da comida pa- A caixa de Skinner e o','proce55o de condicionamento operante
.' . ra o que, no início, havia sido um estímulo neutro.'
Condicionamento Para ilustrarmos o processÔ.de cOlldicio/lame/lto operallte, acompanhcmos o
Reforçamento. O ato de O experimento clássico de Pavlov ~~l:nonstrol\ a importância do refor-
fortalecer uma resposta operante. curso de um rato no aparelho dc condicionamento operante de Skinncr, também
çamento. Os cães não aprenderiam a responder aos sinos, a menos que fossem re- O procedimento por
com a adição de uma conhecido como caixa de Skinner (ver Figura 14.1). Ao colocar um rato sem co-
compensados por proceder assim. Neste exemplo, a recompensa foi comida. Pa- meio do qllalllma
recompensa. mida na caixa, no início o seu comportamento é espontâneo e aleatório. Elc fica
alimentando. assim. a vlov, então, formulou uma lei fundamental para o aprendizado: .•não seP.2..d~ mlldança nas
conseqüências de lima ativo, fungando, cutucando e explorando o seu ambiente. Esses comportamcntos
probabilidade de que a estabelecer uma resposta condicionada na ausência de reforço. O ato de reforçar
resposta afetará a taxa são emitidos, não originados; em outras palavras, o rato não cstá respondcndo a
resposta seja repetida. wna resposta fortalece-a e aumenta a probabilidade de que a resposta se repita. na qual a resposta nenhum estímulo de seu ambiente.
No entanto, uma resposta condicionada estabelecida não se sustentará na au- ocolTe.
Em algum momento durante essa atividade, o rato pressionará uma alavan-
sência de reforço. Imagine um cão condicionado a responder ao som de um sino.
ca ou barra localizada numa parede da caixa dc Skinner, causando a queda de
Toda vez que o sino toca, o cão saliva. Aí o experimentador interrompe o forneci-
uma bolinha de ração numa vasilha. O comportamcnto do rato (pressionar a ala-
Extinção. O processo mento de comida após tocá-Io. O cão ouve o sino e nada ocorre - não há mais co-
'. vanca) atuou sobre o ambienle e, como conseqÜência, modificou-o. Como'? O
de eliminação de um mida, nelT)~eforço ou recolTIpensa. Com os toques sucessi vos do sino a resposta
comportamento pela ambiente agora possui uma bolinha de ração. A ração é um rcforçador devido ao
salivação do cão diminui em intensidade e freqÜência, até não ocorrer mais nenhu-
retenção de
ma resposta. Esse processo é chamado exti/lção. A resposta foi removida, ou ex-
____ ~C(lf.llp01:tam~Ht{l-de__pressiol1ar ..a-barnr. .. e..rato--ctlmeça a prcsslonar a barra com
reforcamenlo. n .••...•
~•..•.
,. ~·.·.o•..•i;í:>.'n ••• r"'\ .••• _ ""_'h._') rI .
rima, POrque os reforcos ou recompensas a ela não r'oram malS fornecidos.
,RíE B A Abordagem Comporta mental
QUATORZE B. F. Skinnel' 369

dessa forma, pressiona a barra ainda mais freqüentemente. O comportamento do


rato está agora sob o controle dos reforçadores. Suas atividades na caixa são me- çar o raLOnum esquema de reforçamento contínuo, ou seja, toda vez que ele res-
nos aleatórias e espontâneas, pois passa a maior parte do tempo pressionando a pondesse? O que aconteceria se recompensasse o rato apenas uma vez por minu-
barra e comendo. to, independentemente da freqÜência com que ele pressionasse a alavanca em
Se o colocarmos de volta na caixa no dia seguinte, poderemos predizer o seu busca de comida? O resultado surpreendente desse raciocínio foi que Skinner e
comportamento e controlar suas ações de pressionar a barra ao fornecer-lhe ou re- os seus estudantes gastaram nienos tempo fazendo bolinhas de ração. Iniciou um
tirar-lhe os reforçadores ou ao fornecê-I os numa quantidade diferente. Ao retirar- programa de pesquisas que o levou à sua contribuição mais significativa: esque-
lhe a ração, o comportamento operante extingue-se da mesma forma que o res- mas de reforçamento.
pondente. Se o comportamento não reforçado não funcionar mais, por não trazer
mais recompensas, cessará brevemente. Assim, ~ pe~s,()a que controla os reforça-
dores também controla o comportamento dos avaliados. Esquemas de Reforçamento
Skinner acreditava que a maior parte do comportamento humano e animal é
adquirida por meio de condicionamento operante. Considere a forma como os be- Skinner apontou que na vida cotidiana fora do laboratório de psicologia são im-
bês aprendem; no início, demonstram comportamentos aleatórios e espontâneos, prováveis os esquemas dereforçamento contínuos. Nosso comportamento é ra-
dos quais apenas alguns são reforçados (recompensas com comida, abraços ou ramente reforçado toda vá que ocorre. Um bebê não é colocado no colo e acari-
'. . ~
'
;"'" brinquedos, por exemplo) pelos pais, irmãos ou"por quem cuida deles. À medida ciado sempre que chora.· Os astros de beisebol não conseguem a pontuação
que forem crescendo, os comportamentos reforçados posit!y.ilmente"aquel.es que máxima todas as vezes que usam o taco. O empacotador do supermercado não re-
os pais aprovam, persistirão, ao passo que os desaprovados pelos pais' serão ex- cebe uma gOljeta por saco_,~mpacot~doç.oseu.grupo musical favorito não ganha
tintos ou descontinuados. O conceito é o mesmo que o do rato na caixa de Skin- um Grammy para todo álf,ium que grava: Você pode pensar em muitos outros
.. ner. CompÓrtamento; cj~b'funcionam (pressionar a barra para obter ração) são exemplos decomportame~tos que persistem mesmo que sejam reforçados ape-
nas eventualmente .. ",'
exibido~Jr_~9ü_entemente e os que nã~ funcio~~m não se repetem. Portanto, o
.c<~!TI.portamento do OJ:galllsmo ãiua sobre o ambiente, o qual atua sobl-e-a compô~:':' Depois de observar ql!_~os seus ratos continuavam a pressionar a barra a uma
Esquemas de--
tamento do organismÇl sob a forma de reforço. reforçamento. Padrões rãzão relafivamente-constantê-. mesm'o-qua-ndo'não'estavam sendo reforçados por
Você pode ver quão poderoso pode ser o reforço em determinar e controlar ou razões de resposta, Skinner decidiul~vestigar diferentes esquemas de reforçamellto para
o comportamento. Skinner escreveu que: '~O.c()n.~kionamento operante molda o fornecimento e retirada determinar a sua efetividade em controlar o comportamento. Entre as razões de
comportamento como um escultor molda lIm pedaço de argila" (1953, p. 91). Se de reforçadores. reforçamento que ele testou encontram-se as seguintes:
esse pedaço de argila necessitar demais desse reforçador, não haverá limite em
• Intervalo fixo.
como moldar o seu comportamento - por um experimentador com uma bolinha
• Razão fixa.
de ração, pelo dono de um cachorrinho com um biscoito canino, por uma mãe
• Intervalo variável.
com um sorriso, por um chefe com um tapinha nas costas ou pela promessa feita
• Razão variável.
por um governante.
A partir da infância, exibimos diversos comportamentos e aqueles que são
í'éforçados irtl6 se fortal;;·êh e fonnar pad.'ões. Era assim que ~1<i!U)erçQJlC.ebiaa .. <iJ T:!m~!!f!!!ª-.deIefo[Çll,~'!!!Q.~!!illD'alos fixos sig!ill~:clQf~ador ..
1?~~~1i.?_~al}dade,
CO~_~~!!!.pad~ .~ .cpnjunto de comportam.el1.!9..§.-ºperante~ é fornecido a panir~" primeiril r~~posla _q.l"'~· ~~~n·~r!~~()i~.~ce_tçr.p-ª,~.s.ª-ºQ.J!lJ1jo:

Qque outrOSpsicQ1Qg9s ch,!!!,ariam~rtamento ne!lrótico ou anormal pa- lervalÓ fixo ç1e.I.en1po.• que pode ser um minuto, três minutos ou qualquer outro
!!I.,~kinnel:.!\ªR ..Ǻ-Il!!.~~.~térios do que o desemp.enho contínuo de com: período fixo. A sincronização do reforço não tem nada a ver com o número de rcs-
po~_~~~_~~o~}.!ldesejá_~.i,;;.~ hav~~d.Qs~ postas. Se o rato respo!1~~J __
Q!L6º..Yeze..s._P-OLlJJiIU!!{Lºl!.!:Q.I1!.~
..0 intervalo fixo, o
Tendo demonstrado como o comportamento poderia ser modificado por reforçador continua a._~!~~~·~ll1e2 .•.
te d~}s dapas~1;:.!'" d~ um~~o~ii?~~?~~ ..
meio de reforçamento contínuo - ou seja, oferecendo reforçamento depois de iempo e da elliis's1ío da re~osta correta.
cada resposta -, Skinner decidiu examinar como o comportamento poderia ser --. I-Ú;nuita~ sil~,~çÕes cjU'e-o-;;~~:;:~.~-s;;-gundoo esquema de reforçamenlo a in-
modificado se ele variasse a razão em que era reforçado. O que o levou a essa tervalos fixos. Se o seu professor der um exame no meio do semestre e outro no
questão foi uma preocupação prática, mais uma questão de utilidade do que uma final, estará usando um esquema de intervalo fixo. Um emprego no qual o seu sa-
curiosidade intelectual. Começou com as bolinhas de ração usadas para reforçar lário é pago uma vez por semana ou uma vez por mês funciona num esquema de
os ratos em sua pesquisa. Hoje em dia, podem-se comprar muitos sacos de boli- intervalo fixo. Você não é pago de acordo com o número de itens que produz ou
nhas de ração produzidas industrialmente, mas, na década de 1930, os pesquisa- que vende (o número de respostas), mas pelo número transcorrido de horas, dias
dores e os seus azarados estudantes de graduação passavam muitas e tediosas ho- ou semanas .
. ras fazendo manualmente essas bolinhas de ração. O laboratório de Skinner As pesquisas de Skinner mostraram que Çluªp~~_rT1ais_ç.!!!·!O
o intervalo entl~e_
precisava de, no mínimo, 800 bolinhas por dia para manter os experimentos. Num ~presel!!!,~~.s do rcforç~dor, maior a freqÜência ~~. r~p~s!~, cuja razão de,
sábado à tarde, descobriu que a não ser que ele passasse a noite fazendo bolinhas, caiu com o aumento do intêrvalo entre os reforçamentos. A freqÜência de apare-
o suprimento estaria esgotado na segunda-feira. Mesmo-para um pesquisador de- cimento dos reforçadores ta(nbém afetou a rapidez de extinção da resposta, a qual
dicado, passar um fim de semana com a máquina de bolinhas de ração não era cessava mais rapidamente ~e o rato tivesse sido reforçado continuamente e depois
--~-I:Gn-R-f'êf5l'le~i~a.atr.2.entc Ocon-eu-lhe uma alternativa: ro~' 'luc ele teria de !:efor- o reforçamenl:o fosse inl.errgmpido do que se o ralo tivesse recebido reforçamento
----Lle. llJQÔn ln~.~~"~'~,~:~~. ti
--,;_.- T":'....:_L T:"' d_ 1"';;;0- •.- .•••.•.•• • ••••••. ' •..• õ'\:J-curupOll ~1t1t::fl{e-of)-pSlCa-------
PARTE 8 A Abordagem Comportamen-cal QUATORZE B. F.Skinner 371

ciente em produzir taxas de resposta altas e estáveis, como pode ser alegremente
confirmado por quem faz apostas em cassinos. Caça-níqueis, roletas, corridas de
cavalo e loteria federal pagam segundo um esquema de reforçamenlo de razão va-
riável, o que é um meio altamente eficiente de controlar comportamentos. Os es-
quemas de reforçamento vahável resultam em comportamentos de resposta du-
radouros, que tendem a resistir à extinção. A maior parte dos aprendizados diários
ocorre como resultado de e~quemas de reforçamenlo a intervalos variaveis Oll de
razões variáveis.
As pesquisas de Skinner sobre esquemas de reforçamcnto fornecem uma
técnica efetiva para controlàr, modificar e moldar o comportamento. Se você for
responsável por ratos, vendedores ou operários de uma linha de montagem Oll se
estiver tentando treinar seu animalzinho de estimação ou scu filho, essas técni-
cas de condicionamento operantes podem ser úteis para produzir o comporta-
mento que você deseja.

.-
Aproxim0çães Sucessivas: A Modelagem do Comportamento
Um sorriso de ·(~':...!.<~:'·f·:
No experimento original de Skinner sobre condicionamento operante, o compo.l\.
tamento operante (pressionar a alavanca) é um comportamento simples: que'és:'
aprovação dos pais
pera-se que um rato de laboratório exiba ao final do percurso de exploração de
pode reforçar o :' .. ) .
. - --- ...---- -~.-_seu-ambiente._Assim,.há uma grandeprobabilidade.de quclal comportam'entove-~ .__ ._
. ---00ff1pÕ"ftEfffl"effW tfe- ----~-~:",:.~.L_·_--.;'---5~----Cr:;~':"·-··
uma criança. ~i)~;~;.;J nha a ocorrer, desde que o experimentador tenha paciência suficiente. É óbvio,
entretanto, que animais e seres humanos demonstram muitos comportamentos
operantes mais complexos que têm probabilidades de ocorrência muito mais bai-

No esnuema de rei~orçamento d e razao


- fiIxa, os reicorça d ores sao
.. c10rneCI-
. xas no .... curso normal dos eventos. Como esses comportamentos complexos são
~x, .. , -------- - adqUIrIdos? Como um expenmentador ou um progenitor podem reforçar e con-
dos somente
.· .. ·.n~
apos
__
o orgamsmo realizar• um numero determmado
, ••
de, respostas.

Por d'IClOnar
. um pom b o ou uma cnança
. a d esempen h ar comportamentos que nao__ sao
exemplo ' o experimentador
.. reforçana após toda decl1na " ou vlgesllna resposta.
.. , . d e ocorrer espon taneamen te.'/
passlvels
Nesse esquema, diferentemente do esquema de Illterva.lo fixo, a apresentaçao d~s Aproximações Skinner a essas questões com o Inétodo de aproximações suces-
respondeu
reforçadores depende de quão freqüentemente o avaliado respon~e. O rato nao sucessivas. Explicação sivas, ou modelagem (Skinder, 1953). Em poucóíêinpó,Úeinouumpombo a bi-
receberá uma bolinha de ração enquanto não emitir o número exigIdo de respos- pama aquisição de car uma mancha específica em suá gaiola. A probabilidade de que o pombo bi-
tas. Esse esquema de reforçamento produz uma taxa mais rápida de respostas que < comportamento casse, por si mesmo, precisamente aquela mancha era baixa. No princípio, ele el:a,
d "'1' I f' " ...complexo. Um .·C· 'd d' I . d" h
O esquema e I~ erva o IXO... " comportamento, tal re~orçado co~ comI a ~uan,o sllnp ~smente se vIrasse em Ireção a I~anc a. De-
A taxa maIs alta de respostas para o reforçamento de razao fIxa tambem se como aprender a falar, pOIS, suspendia-se o reforçamento ate que o pombo fIzesse algum movunento, por
aplica aos seres humanos. Num trabalho no qualo seu pagamento é determinado somente será reforçado menor que fosse, em direção) mancha. A seguir, era fornecido reforçamento ape-
com base numa razão por peça, o quanto você gânha depende do quanto produz. quand.o convergir ou se nas para movimentos que o~.Jevassem para mais perto da mancha. Depois disso,
Quanto mais itens produzir maior será o pagamento. A recompensa está ~irela~ '. aproximar do. O pombo era reforçado somente quando mexesse a cabeça na direção da mancha.
_me.~t~~~~ea~nataxa de re~postas~ O mesmo é válido pá,:a-úí; ve~ded~r que tra- ~~~~f~~'~~l1lento
fmal Finalmente, ele era reforça~,? apenas quando? seu bico. t~casse a mancha. Em-
balha por comissãá:-'o pagamento depende do número de produtos vendIdos; bora pos~a p~recer um proce~so demorado, Skmner condlclOnou pombos em me-
quanto mais vender, mais ganha. Em contraposição, um vendedor que recebe um nos de tres ml.nutos ... ' , .. _
salário semanal ganha a mesma coisa toda semana, independentemente do núme- O procedlment~ expe,nmental exphca, por SI mesmo, o termo aproxlmaçoes
. d . d'd sucessivas. O orgamsmo e reforçado conforme o seu comportamento for se apro-
10 e Itens ven I os,
M as nem sempre a VI 'd a COtl
'd"lana penmte um esquema d e le,orçm
. c ne n to de I'n-
,
xlmando,
...
'-~"."
em estaglOs
'o
..
sucessIvos ou consecutivoS,
•••
d d
o comportamento fina cse)a-
. I
tel'valo fixo ou de razão fixa Os reforçadores são ,as vezes apresen t ad os numa b ase do. Skl11ner
'0"." sugenu que e dessa maneira que as cnanças aprendem o comportamen-
..
, .' o' :,. to complexo da fala. Os bebes emItem sons espontaneos e desprovIdos de sentIdo,
val··la'vel No esquema de ref<orçamento a mtervalos vanavelS
, '. , .' ' o~~=.-_;
reforcador pode
". , ....
que os paIS reforçam ao somr, nr e conversar. DepOIS de um certo tempo, os paIS
aparecer apos duas horas napnmelra vez, uma hora e meIa na segunda e apos duas reforçam esse balbucio de formas distintas fomecendo reforcadores maiores para
,oh----" ., . U ssa o dia pescando deve ser ' >
orase qumze ml11utos na terceira. ma pes~oa que pa ., . sons que se aproximam de palavras. Com a continuação do processo, o refor-
recompensada, quando muito, com base em mtervalos V~llaVels. Q.es~uema:de ..r\;.- çamento dos pais torna-se mais restrito, fornecido apenas quando do uso e da pro-
ti:>rçoé_~eteJIl'linad().p_elo apareci~ento al~~~ó~~~~_~?~~lS:~d3:5_~_~!~e_Tl..a~~ca. _ núncia adequados. Portanto, o comportamento complexo de aquisição do domínio
Um esquema de reforçamento de razao vanaven6.'ªse_~c1º.num numero da linguagem é modelado por meio de reforçamento diferencial em estágios,
médio de respostas entre reforçadores, porém com grande variação em torno da Skinner foi responsáve1. uma vez, por modelar o comportamento do psica-
-m@dia~k.inner--v(lBfi(;ou-que-<l.esquema.de.refDIçamen1D_de.J}lZfuLY.lJIJáve]
• u_,
é efi-~
-----
~_. ,. ~_---",_:""L..:c.~~.~ ..'~' .. ,0 ••..••.
tlF'mn-~tnnn1Tlr;:Ü' -ci(rp.rf:"'-fil-,-rlf"ç:,~,
__ .• _ .• ~_
tnn"'~l.;" P.'J(ff"ITI~ li:
••
PARTE B A Abordagem Comporta mental
QUATORZE 13.F. Skinner 373

fixos. É provável que o pombo estivesse fazendo alguma coisa, exibindo algum
tipo de comportamento ou atividade quando a bolinha de ração reforçadora fos-
se apresentada. Ele podia estar dando uma volta, levantando a cabeça, emperti-
gando-se, saltitando ou estar imóvel. Qualquer que fosse o compOl'tamento emi-
tido no momento da recompensa seria reforçado.
Skinner descobriu que um único reforço era poderoso o bastante para levar
o pombo a repetir com maior freqÜência o comportamento reforçado acidental-
mente, o que aumentava a probabilidade de que aparecesse outra bolinha de ra-
ção enquanto aquele comportamento era efetuado. E, com intervalos curtos entre
os reforçadores, os comportamentos supersticiosos são adquiridos rapidamente.
Assim como os jogadores de futebol dos exemplos anteriores, os comportamen-
tos supersticiosos oferecidos pelo pombo não possuem relação funcional com os
reforçadores. A conexão é involuntária. Nos seres humanos, eles podem persistir
por toda a vida e reqllerer,apenas reforços ocasionais para sllstentá-Ios.

Os pais ensinam
comportamentos
aceitáveis aos seus
o Autocontroledo Comportamento
filhos reforçando o comportamento é conu:6lado e modificado por variáveis cxternas ao organis-
aquelas atividades que ·mo. Não há coisa alguma't1entro de nós - nenhum processo, impulso ou qual-
____ ~ se a['Coximam dos ,. . . .__ -'!uer áti'~jdade interna que odetennine. Entretanto, embora esses estímulos e
comportamentos finais
reforçadores externos sejam responsáveis por moldar e controlar o cOJnportamen-
desejados,
Autocontrole. to, temos a capacidade de"llsar o que Skinner chamou d~ alltocolltrole, que des-
A capacidade de exercer creveu como o agir para álterar o impacio de eventos externos. Skinner não esta-
controle sobre as
va falando de agir sob o-controle de algum se(f misterioso. Ele sugellu que
"Erich Fromm julgava ter algo a dizer sobre quase tudo, porém com pouca profundi- variáveis que
determinam nosso podemos, até certo ponto; controlar as variáveis externas que determinâin nosso
dade. Quando ele começou a argumentar que não éramos pombos, decidi que tinha
comportamento. comportamento.
de fazer alguma coisa. Escrevi [a um colega] num pedaço de papel: 'Olhe a mão es-
Skinner propôs diversas técnicas de autocontrole. Na evitação do estímulo,
querda de Fromm. Vou fazer com que ela fique entrecortando o ar' (...) [Fromm] ges-
ticulava bastante ao falar e, toda vez que levantava a mão esquerda, eu olhava dire- por exemplo, se a música do aparelho de som do seu colega de quarto o incomo-
dae interfere nos seus estudos, você pode abandonar o quarto e ir à biblioteca,.!'.e-
tamenle para ele. Se baixasse a mão, eÚ meneava a cabeça e sorria. Em cinco minutos,
ele estava golpeando o ar tão vigorosamente que o seu relógio ficava escon'egando tirando-se de uma variável externa que afeta o seu comportamento. Ao.evitar uma
do braço para a mão" (S(<inner, 1983.a,pp. 150-151). . ,.~, .. '~t',. ,:.~pessoa.ouuma situação que o deixa irritado, você reduz o controle que a pessQj1
ou a situação tem sobre o seu comportamellio. De maneira semelhante, os alcoó-
latras podem agir para evitar um estímulo que controla o seu comportamento ao
não permitir que se guarde bebida alcoólica em sua casa.
Comportamento Supersticioso Por meio da técnica de ~aciedade auto-administrada, exercemos controle
Sa\!Jemos que a vida não é sempre tão ordenada ou bem controlada como os even- para nos curarmos de maus hábitos ao exagerarmos o compo'l:tamento. Aqueles
tos num laboratótio de psicologia. Somos, às vezes, reforçados acidentalmente após que quiserem parar de fumar podem fumar um cigarro atrás do outro por um pe-
termos exibido algum comportamé;lto. Como conseqÜência, esse comportamento, ríodo de tempo, tragando sempre, até se tornarem tão enojados e desconfortáveis
q'üe não recebeu ou causou reforço, pode se repetir em situação semelhante: ou tão doentes que acabam largando o vício. Essa técnica tem sido bem-sucedi-
Considere um exemplo do futebol. Um jogador dos Tampa Bay (FL) Bucca- da em programas de terapia formal planejados para eliminar o hábito de fumar. A
neers estava Illuna péssima temporada no início de sua carreira. Pediu ao seu com- técnica de autocontrole por Ç.st!fi1u1.ação aversiva.envol~e_c..?~lseqÜências desa~
panheiro de quarto para trocar de cama com ele para que pudesse dormir mais gradáveis ou repugnantes. Pessoas obesas que queiram perder peso declaram sua
próximo do banheiro. Seu jogo imediatamente depois melhorou. Pelo resto de sua iiltenção aos seus amigo"s. Se elas não mantiverem a sua resolução, enfrentam as
carreira, insistiu em dormir na cama mais próxima da porta do banheiro em todo desagradáveis conseqÜênçias de fracasso pessoal, embaraços e crítica. No ~uto-
hotel no qual a equipe ficava. E o jogador do NFL que abraçava as traves antes .r~forço, nós nos recompensamos por exibirmos comportamentos bons ou desc-
Comportamento de cada jogo? Ele as havia abraçado antes de umajogada bem-sucedida e, por ha- jáveis. Pode ser que um adolescente que concorde em esforçar-se por uma deter-
supersticioso. ver dado certo, continuou a prática. Contou a um jornalista que queria que as tra- minada nota ou em cuidar de um i1mão ou irmã menor recompense a si mesmo
Comportamento ves soubessem que ele as amava e que ficassem imóveis quando ele chutasse. comprando entradas para,llIn concerto ou roupas novas .
persistente que tem uma· ' -' ..
. . 1-'
comCI( - ama
enCla, e nao Skll1ner chamou esse tenomenode ~ comportamento superstICIOSO e o de- .f'ilsaS~inner, então, Ô ponto crucial é que vatiáveis externas moldam e con-
trolam o comportamento.·Mas, às vezes, por meio de nossas próprias ações po-
relação fl!ncion~.1.com <;l monstrou no laboratório. Um pombo famintoJoi colocado no aparelho de condi-
-i'eTól"çiuliem()I'ecel5íoQ.""""" . ·--cionamenw·operant"e·l'ef1'lrçat!e-a-ead·a--!.§--segunaosnum esquema.de.JnteJ\Lal.P.'i. .----- ---demm-modificar .0s.efeitos_dessasJ.oI.c.~ externas. ~_. ._
~ •••.•• o;:: . .-.:..:";;.-_--_ -_. h.----r--.~- ---
·~

PARTE 8 A Abordagem Comporta mental QUATORZE B. F. Skinner 375

As Aplicações do Condicionamento Operante Programa5 de modificação de comportamento


Modificação de Os psicólogos têm aplicado as técnicas de condicionamento operante de Skinner Têm sido aplicadas técnicas de condicionamento operante a problemas no comér-
comportamento.
para modificar o comportamento humano em clínicas, negócios e ambientes edu- cio e na indústria. Verificou-se que programas de modificação de comportamen-
Forma de terapia que
aplica os princípios de cacionais. A modificação do comportamento tem sido bem-sucedida com crian- to em grandes fábricas, ilistituições financeiras e agências governamentais redu-
reforço para ocasionar ças e adultos, com pessoas mentalmente saudáveis e com as mentalmente pertur- zem absenteísmos, atrasbs e abusos de licenças-saúde, além de levarem a
mocJitlcações badas, bem como com comportamentos indjyiduais e também grupais. melhoras no desempenhde na segurança do trabalho. As técnicas também podem
comporlamcntais
ser usadas para ensinar procedimentos simples de trabalho. Os reforçadores usa-
desejáveis.
Programa5 de economia de ficha5 dos em negócios incluem:pagamento, segurança no trabalho, reconhecimento por
parte dos supervisares, btinificações e status dentro da empresa e a oportunidade
Economia de fichas. A aplicação clássica é a economia de fichas. No estudo pioneiro, uma ala fe- de crescimento pessoal.~ão se faz nenhuma tentativa de trabalhar supostas an-
Técnica de modificação
minina com mais de 40 pacientes psicóticas numa instituição psiquiátrica esta- siedades, traumas reprimidos ou forças motivadoras inconscientes. O foco está
de comportamento na
qual lichas, que podem tal foi considerada como uma gigantesca caixa de Skinner (Ayllon e Azrin, em modificar o comportamento observável, definindo a natureza dos reforçado-
ser [rocadas por objetos 1968). As pacientes não poderiam mais ser tratadas por meio de tratamentos res adequados e determinando sua razão mais adequada de apresentação para mo-
valiosos ou por convencionais. Tinham sido internadas há muito tempo e eram incapazes de se dificar o comportamento.
privilégios. são cuidar sozinhas.
concedida~devicJo a
Nesse ambiente, foram oferecidas oportunidades' às pacientes'de trabalhar
con1portameiiLos Punição e reforço negativo
desejáveis. em serviços usualmente executados por arrumadeiras pagas pelo hospital e pelos
quais elas receberiam
.. ' '"fichas,
' que funcionavam como dinheiro; daí o termo eco- p umçao.
. - A p J'Icaçao
.. d e A maiolia
. _ das
'. aplicações de condicionamento
''' operante
... envolve reforço "em vez
nomia de fichas. Assim como as pessoas fora da instituição, as pacientes tam- um estí~luJo aversivo de pUlnçao. As pacIentes da economia de fichas nao eram pUllIdas por fracassa-
________________ ~b_é_n_l_J1iliÜ.a.n:Lc.QJnpraLl=doci.aS_e_flI'Í.v.ilé.giGSilllI'a-melheFaF-ll_qooltclflàe-tle--v i- apé&--lHRa-re-&j3e&~a, 1:em.-em-se--e--empefl-ar-aàe-ftl*\à,amente:---5k-ffifler-disse--que-a-pnnTção-erail1-e1'iciell-
da. Com um certo número de fichas, podiam comprar balas, cigalTos, batons, visando ?iminuir te para mu~ar o comportamento de indesejável para desejável ou de anormal pa-
luvas e jornais. Pagando com fichas, podiam assistirà um filme, caminhar pelas a probabilidade de que a ra normal. E muito mais eficiente o uso de reforço positivo para comportamentos
. resposta OCOITa, d" . d d' -
cercanias do hospital ou mudar para um quarto melhor. Os privilégios mais ca- ese.lavels o que o uso e pUlllçao.
ros, que exigiam 100 lichas, eram um passeio pela cidade escoltado e um encon·
tro particular com uma assistente social. Um encontro particular com um psicó- "O que está errado com as punições é que elas funcionam imediatamente. mas não
logo valia apenas 20 fichas. fornecem resultados de longo prazo. As respostas à punição são ou O ímpeto de fugir.
de contra-atacar ou uma apatia teimosa. Esses são os maus resultados que se obtêm
Quais comportamentos as pacientes teriam de emitir para que fossem refor-
nas prisões, nas escolas ou em qualquer lugar onde se usam punições" (citado em Go-
çadas e recebessem fichas? Caso se banhassem na hora designada, escovassem leman, J 987).
os dentes, arrumassem as camas, penteassem os cabelos e se vestissem'de manei-
ra apropriada, receberiam uma ficha por atividade. Receberiam até 10 fichas por Reforço negativo.
Fortalecimento de uma Reforço negativo não é o mesmo que punição. Um reforçador negativo é um es-
período de trabalbo na cozinha ou na lavanderia do hospital ou por ajudar a lim-
resposta poi"'meio da tímulo aversivo ou nociv;:' cuja remoção é recompensadora. No laboratório ou na
par a ala, fazer pequenos' serviços ou levar outras pacientes para caminhar. As ta-
remoção de um estímulo sala de aulas pode ser estabelecida uma situ'ação de condicionamento operante na
refas podem parecer simples para nós, mas, antes que o programa de economia aversivo. qual o estímulo desagradável (tal como um l'lIído forte ou um choque elétrico)
de fichas tivesse início, essas pacientes eram consideradas incapazes e sem rumo.
continuará até que o estudado emita a resposta desejada. Assim como o reforço
O condicionamento funcionou esplcndidamente. As pacientes não apenas positivo, o ambiente modifica-se em conseqÜência do comportamento; nesse ca-
cuidavam de si e das cercanias, como também se ocupavam de várias tarefas. 1n- so, o estímulo nocivo desaparecerá.
lcragiam socialmente com a equipe e assumiam alguma responsabilidade pelo Podemos ver exemplos de reforço negativo nas situações cotidianas. Uma
cuidado das pacientes. A auto-estima teve melhora significativa e elas se torna- pessoa pode parar de fumar para evitar o estímulo aversivo de uma esposa ou um
ram menos dependentes.
colega implicante. A impli~ância deve cessar quando o comportamento desejável
Uma advertência em relação a esses impressionantes resultados: tem-se ve- for apresentado (não acender um cigarro em casa ou no escritório). Skinner opu-
rificado que economias de fichas são eficientes apenas no âmbito no qual elas fo- nha-se ao uso de estímulos nocivos para modificar o comportamento, dizendo que
ram implementadas. Em geral, os comportamentos modificados não resistem à as conseqüências não eram tão previsíveis como com o reforço positivo. Além
vida fora da instituição. Deve haver continuidade no reforçamento para que per- disso, o reforço negativo nem sempre funciona, ao passo que o positivo é consis-
sistam as mudanças de comportamento desejadas. Quando não são mais forneci- tentemente mais eficaz.
das fichas, os comportamentos reforçados normalmente revertem ao seu estado
original (Kazdin e Boolzin, 1972; Repucci e Saunders, 1974). Mas, se os aten-
dentes forem treinados a recompensar comportamentos desejáveis com reforça- Questões eobre a Natureza Humana
dores como sorrisos, elogios, abraços e outros sinais de afeto, então é mais pro-
vável que os comportamentos condicionados na situação de economia de fichas A posição de Skinner é clara com relação à questão natureza-criação (ver Figura
--------~----
da instituição continuem no ambiente doméstico (Kazdin, 1989).
i,- .• :': •.•.. • ••• ·t·
14.2). As pessoas são produtos da aprendizagem, modeladas m_'!is'p~las\l,ªdáv_eis
- exi:ernas-éÚI(:-po;~fatores-ger;éii~õ-S:' Põ-cie;-nos-;~t:eri~~~;e~;,'â ~;Üriri" .<::ki~rip, os
_
~
0'0';'

,.<TE 8 A Abordagem Comporta mental QUATORZE B, F. Skinner 377

dem ser mais responsélbilizados por sllas aÇões, do mesmo modo que um automó-
Livre-arbítrio vel sem motorista que se precipita morro abaixo. Ambos agem segundo leis, de
modo previsível, controlados por variáveis externas,
Resta-nos uma concepção pessimista das pessoas como sendo robôs desam-
Natureza parados e passivos, incapazes de desempenhar um papel ativo na determinação
de seus comportamentos? Essa não é a visão completa de Skinner. Apesar de sua
crença de que o comportamento é controlado por estímulos e reforçaclores exter-
Experiências
nos, certamente não somos vítimas, Ainda que sejamos controlados pelo nosso
presentes
ambiente, somos responsáveis por projetar esse ambiente, Nossos edifícios, cida-
des, bens de consumo, fábricas e instituições governamentais são o resultado da
Universalidade construção humana, Assim também são nossos sistemas sociais, línguas, costu-
mes e recreações, Mudamos continuamente nosso ambiente, na maioria das ve-
zes, para nosso benefício, Ao procedermos assim, agimos tanto como controla-
Crescimento dores quanto como controlados, Projetamos a cultura controladora e somos
produtos dela.

Pessimismo "Podemos não ser agentes livres. mas podemos fazer alguma coisa com relação à nos-
sa vida, apenas se rearranjarmos os conlroles que influenciam nosso compol1amento
(, ..) não estoll tenlando mudar as ssoas, Tudo o lIe eu =1azeLéJlllldu.o-lntl'lln------

o em que elas vivem" (Skillll~r cilado em Biork, 1993, pp, 16.233),


FIGURA 14.2 Visão de Skinner da natureza humana
O mundo pode impor limit~s à nossa liberdade de mudar, Ao fazer mudanças,
seremos dirigidos e, às vezes, restringidos por si tuações que nos tenham forneci-
do reforço positivo no passado, Ao agirmos para mudar nosso ambiente, procura-
experiências infantis são mais importantes que as experiências mais recentes, pois remos maiores oportunidades dé'reforço positivo e, durante o processo, modifica-
nossos comportamentos básicos são fonnados na infância. Isso não significa que remos nosso próprio comportaníí;nto, Skinner deixou-nos com um paradoxo, uma
o comportamento não possa se modificar na vida ad.ulta, O que é adquirido na in- imagem de homem-máquina capaz de alterar as condições ambientais que deter-
fância pode ser modificado, podendo-se adquilir novos comportamentos em qual- minam o comportamento da máguina,
."':~'
quer idade, O sucesso dos programas de modificação de comportamento confirma
essa afirmação, A crença de Skinner de que o comportamento é moldado pelo
aprendizado também nos leva a concluir que cada pessoa é única, Por sennos mol- A Avaliação na Teoria de Skinner
i . :-. ,.
dados pela experiência - e todos n6s possuímos experiências diferentes, particu- Skinner não usou as técnicas típicas de avalillção preferidas por outros teóricos,
larmente na infância - não haverá duas pessoas que se comportem exatamente da Em seu trabalho não havia espaço para livre associação, interpretação de sonhos
mesma maneira,
ou técnicas projetivas. Por não estar lidando diretamente com a personalidade,
Skinner não se preocupou com a questão de um objetivo fundamental e ne- não tinha realmente interesse em avaliá-Ia, No entanto, avaliou o comportamen-
cessário nem fez nenhuma referência à superação da inferioridade, à redução da to. Note que, na aplicação de suas técnicas de modificação de comportamento, é
ansiedade ou ao esforço pela auto-realização, Tais motivos implicam estados in- necessário primeiro avaliar comportamentos específicos, tanto desejáveis como
ternos e subjetivos que Skinner não aceitav~, Qualquer indicação de um objetivo indesejáveis. Também é preciso avaliar os fatores ambientais que atuam como re-
de vida no trabalho de Skinner parece ser social e não individuaL Em seu roman- forçadores e que podem ser manipulados para alterar o comportamento, Nenhum
ce Waldim Mo e em outros escritos, discutiu sua noção da sociedade humana ide- comporlamento pode ser modificado de maneira adequada sem avaliação ante-
aL Declarou que o comportamento individual deve ser direcionado ao tipo de so- rior. A abordagem skinneriana de avaliação do comportamento é chamada de
Análise funcional.
ciedade que tem a maior possibilidade de sobrevivência. análisefullcional e envolve três aspectos do comportamento,
Abordagem do estudo
Quanto à questão do livre-arbítrio ver.l'UJ determinismo, as pessoas funcio- do comportamento que
envolve avaliar a • A freqÜência do comportamento,
nam como máquinas, de acordo com leis, de forma ordenada e predeterminada,
freqÜência de um • A situação na qual ele ocorre,
Skinner rejeitava qualquer sugestão de um ser intelior ou um seifautônomo que
comportamento, • O reforço associado a ele,
determine um curso de ação ou escolha agir livre e espontaneamente,
a situação na qual ele
Dos escritos acadêmicos de Skinner ao seu romance popular sobre uma so- ocorre e os reforçadores A menos que esses fatores tenham sido avaliados, não é possível planejar e
ciedade utópica baseada em condicionamento operante, sua mensagem é a mes- associados a ele, implementar um programa de modificação do comportamento.
ma: o comportamento é controlado por reforçadores, De certo modo, isso signi- Considere uma análise funcional para fumantes que queiram interromper o
fica que é inútil culpar ou punir as pessoas por suas atitudes, Um ditador que "'"0'''';',, hábilP cje,Jumar. Pede-se ,; eles q,ue registrem precisamente o número de cigarros
'!"'.;«,.!.\ ••..:.;:.-;".:
.. ,

ordeo?, o r;:xZ\:,nnZni:c"e1!I'i11assél
dernílhares de pêSSOaS()u um serial ki/ier não po-
:'~'"
PARTE 8 A Abordagem Comporta mental
QUATORZE B. F. Skinner 379

num lugar particular ou num momento determinado? Na presença de outros ou


amostra de comportamento, Não é feita nenhuma tentativa de fazer inferências
sozinho? Após as refeições ou ao dirigir? E quais são os reforçadores? A maioria
dos fumantes fuma com maior freqüência na presença de certos estímulos. É ne- ou de tirar conclusões sobr~ as características ou os traços de personalidade da
pessoa, São importantes o comportamento por si só e o estímulo associ8do a ele.
cessário identificar tais estímulos, poís sua modificação deve levar a uma modi-
ficação no comportamento de fumar. Não há preocupação com motivos subjetivos, experiências infantis ou outros pro-
cessos mentais.
Embora Skinner não usasse inventários de personalidade de auto-relato, ele
Observação direta do comportamento concordou, por volta dos virte anos, em se submeter a vários testes escritos de
As três abordagens para avaliar o comportamento são: observação direta, auto- personalidade aplicados em"uma reunião científica. Descreveu os resultados da
relato e mensurações fisiológicas. Muitos co~portamentos são avaliados por seguinte forma: ~le tinha m~lhor julgamento qu~ 95%. de seus .co.legas que foram
meio da observação direta. Em geral, duas ou mais pessoas conduzem a obser- testados, era mais extrove;~\ldo que 57% e mais faCIlmente IITltável que 65%.
vação para assegurar precisão e confiabilidade. Por exemplo, num relato cJássi- Anos depois, fez dois teste~ ;projetivos, o Teste do Borrão de Tinta de Rorschach
co de uma situação de modificação de comportamento, uma mulher procurou tra- e o Teste de Apercepção Te;mática. Forneceu as respostas ao teste do borrão de
tamento para o seu filho de quatro anos, cujo comportamento era considerado tinta tão r~pidame~te que o examinador não conseguiu acompanhá-lo e relatou
ingovernável (Hawkins, Peterson, Schweid e Bijou, 1966). Dois psicólogos ob- que nada tinha a dizer em resposta aos desenhos das pranchas do Teste de Aper-
servaram mãe e filho em sua casa par~.avaliar a n~t\lr~za e a freqüência dos com- cepção Tem~!ica (TAT) (Skinner, 1979)",.
:,;.
portamentos indesejáveis da criança, quando e onde ocorriam e 'Ós"reforçadores _ .. ,.
que a criança recebia pelos comportamentos. Mensuraçoes flslologlcas de comportamento
Foram identirycados nove c0n.:p0rtamentos indesejáveis, incluindo-se chutar, .... As avaliações fisiológicas' de comportamento incluem taxa de batimento car-
atirar coisas, mordÚ e empurrar um irmão. Os psicólogos comprovaram que a . dí-aGG,lêflsãe-mll-s€1lm-e-Gndas-cerebTais:i~-pussfvetavatiar os efeitos t!slOló
______________ I1l,ã~-erya-v-a-t)-mefti-flo-dando_lTIe_brinquedmrmr<:omida quando se comportava gicos de vários estímulos registrando tais medidas, que podem também ser usa-
mal. Sua intenção era fazê-Io parar de portar-se mal. Em vez disso, ela o estava das para confirmar a acuidade da informação obtida por outros métodos de
recompensando e, portanto, reforçando o mau comportamento. A avaliação por avaliação. Por exemplo, uma pessoa que fica muito envergonhada ao revelar,
observação direta durou 16 horas, mas, sem ela, os psicólogos não teriam sabido numa entrevista ou num questionário, que tem medo de elevador pode exibir
exatamente quais comportamentos indesejáveis tentariam eliminar ou quais re- uma mudança na taxa de batimento cardíaco ou na tensão muscular quando per-
força dores a criança esperava. guntada sobre elevadores.
Com um programa abrangente de observação direta é possível planejar uma Seja qual for a técnica de avaliação escolhida para avaliar o comportamento
evolução de modificação do comportamento. Neste caso, os psicólogos instruíram em diferentes situações de éstímulo, o foco permanece no que as pessoas fazem,
a mãe a usar atenção e aprovaçã(j) como reforçadores quando a criança se compor- não no que as teria motivado a fazê-Io. O objetivo fundamental é modificar o
tava de maneira positiva e a nunca reconipensá-la quando demonstrava um dos no- comportamento, não a personalidade.
ve comportamentos indesejáveis observados. A freqüência desses comportamentos,
como determinada na avaliação pqrobservação direta, fomeceu uma linha de base
com a qual se poderia comparar o comportamento durante e após o tratamento. A Pesquisa na Teoria de5kinner ',li

Você pode ver que os métodos de avaliação de Skinner diferem radicalmente da-
Abordagem de sinal Auto-relato5 de comportamento queles usados por outros teóricos aqui discutidos. Os seus métodos de pesquisa
versus amostra.
Uma outra abordagem para avaliar o comportamento é a técnica de auto-relato também divergem da psicologia experimental convencional. O procedimento
Na abordagem de sinal
para avaliar a realizada por meio de entrevistas e questionários. A pessoa observa o seu próprio usual é estudar grandes grupos de animais ou seres humanos e comparar estatis-
perso/lalidade, são comportamento e o relata ao examinador. Têm sido publicados diversos questio- ticamente suas respostas médias. Por outro lado, ele preferia o estudo intensivo
inferidos tipos ou traços de um único avaliado; argumentava que os dados de desempenho médio de gru-
nários de auto-relatos. Por exemplo, eles pod'em avaliar a extensão do medo de
de personalidade ou pos têm pouco valor ao lidar-se com um caso particular. Uma' ciência que trata de
conflitos inconscientes a uma pessoa em situações como dÜigir um automóvel, ir ao dentista ou falar em
partir de questionários e público. médias oferece pouca informação para ajudar a entender o indivíduo único.
outros inventários de Questionários para avaliar comportamentos são similares em formato aos in- Skinner acreditava ser'possível obter resultados válidos e reproduzíveis sem
auto-relatos. o uso de análise estatística; :contanto que fossem coletados dados suficientes de
ventários de auto-relatos que avaliam personalidade. A diferença reside no modo
N a abordagem por um único avaliado sob condições experimentais bem controladas. O uso de gran-
amostra para avaliar o em que são interpretados, como descrito pela abordagem de sinal versus amos-
des grupos de avaliados obrigava o experimentador a lidar com o comportamen-
comportamento. tra. Na abordagem de sinal, que é usada para avaliar a personalidade, o psicólo-
as respostas aos testes to médio. Os dados resultantes poderiam não refletir a resposta comportamental
go infere a existência de tipos ou traços de personalidade ou de conflitos incons-
são interpretadas como individual e as diferenças individuais de comportamento. Dessa maneira, Skinner
cientes a partir das respostas do indivíduo. Por exemplo, se uma pessoa indica que
indicações diretas do preferia a abordagem idiográfica à nomotética.'
tem medo de ficar no elevador, esse medo pode ser interpretado como um sinal
comportamento
presente, e não de 011 um sintoma indireto de algum motivo ou conflito subjacente.
traços. moti vos ou Na abordagem por amostra, que é usada para avaliar o comportamento, as 3. As abordagens idiográficas e nomotéticas são. respectivamente, segundo o historiador alemão
f;:xperiências de infância. res;::ostas aO ques,ionário são interpretada, ~or1l0 indic"'s'õe~ direlas de uma ~·j"'ilhe.l~ll
~y·~r.ódJrand.(:g4.~-1915). as aborda~ens d~s ciêncins que tratam de fatos singu!arcs·(as al'-
'~.

'o PARTE8 A Abordagem Comporta mental QUATORZE B. F.Skinner 381

Projeto de inversão cionados a desempenhar vários comportamentos para comerciais de televisão e


Os experimentos de Skinner com um único avaliado seguem o projeto de in.
experimental. Técnica
versão experimental, que se processa em quatro estágios. atrações turísticas; eram pombos, rtlCCOOJ1.\',"
galinhas, /W/1lSlerS, golfinhos, ba-
de pesquisa que envolve Impulso instintivo.
o estabelecimento de leias e vacas. Os animais demonstraram uma tendência ao impulso instintivo ao
Substituição de
uma linha de base, a • O primeiro envolve o estabelecimento de uma linha de base. O comportamen. comportamentos substituir comportamentos instintivos pelos comportamentos que foram reforça-
aplicação de um to do avaliado (a variável dependente) é observado com o intuito de determinar instintivos por dos, mesmo quando os comportamentos instintivos relacionavam-se com o rece-
tratamento experimental a taxa normal de respostas illltes de..i niciar o tratamento experimental. comportamentos que bimento de alimentação.
e a suspensão do foram reforçados.
• O segundo é o condicionamento, ou estágio experimental, quando é introduzi_ Num exemplo, porcos e raccoolls foram condicionados a pegar uma moeda,
tratamento experimental
para determinar se o da a variável independente, a qual, se afetar o comportamento, ploduzirá uma carregá-Ia por uma certa distância e depositá-Ia num banco de brinquedo (um co-
comportamento retorna modificação considerável na taxa da linha de base de respostas do avaliado. frinho em forma de porco, é lógico). Depois de depositarem um certo número de
ao seu valor de base ou • O terceiro, chamado inversão, determina se algum fator, além da variável inde. moedas, os animais recebiam ração como reforçador. Aprenderam os comporta-
se algum outro fator é pendente, é responsável pela modificação de comportamento observada. Duran. mentos desejados rapidamente,
responsável pela
moditicação do te esse estágio, a variável independente não é mais aplicada. Se o comportamen_
comportamento to retomar à taxa de sua linha de base, então o pesquisador pode concluir que a " ...mas após lerem déselllpenhado satisfatoriamente bem a seqÜência duranle algum
observado. variável independente Foi responsável pela diferença observada durante o está- lempo. começaram a se ateI' a comportamentos indesejáveis, pelo menos sob o pon-
to de visla dos treinadores. Os porcos paravam no meio do caminho [para o banco].
gio de condicionamento. Se o comportamento não retomar à taxa de linha de
enterravam a moeda na areia e a retiravam para fora com o focinho;-bs 11f<'CO(}/I.\· pas-
base é porque algum outro fator que não a variável independente af~t.ou o com .. ,.
',- savam muito tempo manipulando a moeda, com os seus conhecidos movimentos que
. "portamento.
lembram o ato de se lavar. No início foi divertido, mas depois se tornou demorado e
• A linha de base, o condicionamento e os estágios de reversão são suficientes na
fazia com que o sho':;nodoparecesse imperfeito ao espectador. Comercialmente, foi
maioria dos experimentos de laboratório.' Quando o procedimento é aplicado à . um desastre" (Richelle, 1993, p. 68).
modificação de comportamento, adiciona-se um estágio de recondiciona-
_________________ men1o.--S.u.pomlo-E1ue-a-variável-indepentlemetenha SIdo etJcaz na modificação o que aconteceu foi que um comportamento instintivo - tal como a esca-
do comportamento ela é reintroduzida. Sem o quarto estágio, os avaliados nos vação de sujeira do porco e a esfregação das patas do raccoon como se estivesse
programas de modificação de comportamento permaneceriam em reversão com lavando-as - veio a assumir precedência sobre o comportamento adquirido, em-
o compoltamento no nível de sua linha de base revertido aos seus níveis de re- bora significasse um atraso em receber o reforço (a ração). Os treinadores publi-
ferência, sem as inoditicações de um tratamento que se mostrou eficaz. Não res- caram um artigo sobre o fenômeno e, com o encorajamento de Skinner, o intitu-
tabelecer o tratamento eficaz selia antiético.
laram "O mau comportamento do organismo" (Breland e Breland, 1961), que foi
uma paródia do título do livro pioneiro de Skinner, The Behllvior ofOrgllni.\'I1Js
Skinner e os seus seguidores conduziram milhares de experiinentos de con- (1938).
dicionamento operante em tópicos como esquemas de reforço, aquisi.ção de lin- Skinner ignorou muitas das críticas que o seu trabalho recebeu. Sobre a re-
guagem, modelagem de comportamento. comportamento supersticioso e modifi- senha crítica de um livro, disse a um entrevistador: "Li um pouco e vi que ele não
cação de comportamento. Os resultados foram altamente contirmadores das entendeu ( ...) Há coisas melhores afazer com o meu tempo do que esclarecer os
idéias de Skinner. nial~entendidos deles" (citado em Rice, 1.,968).Quando lhe perguntaram como ele
lidava com o fato de ser mal entendido tão freqUentemente, disse: "Acho que pre-
ciso ser entendido apenas três ou quatro vezes por ano" (citado em Blackman,
Um Comentário Final 1995, p. 126).
Skinner foi uma força poderosa na psicologia norte-americana do século XX.
A abordagem de Skinner tem sido criticada em diversos pontos. Os que se opõem
Influenciou a área talvez mais do que qualquer outro indivíduo. Numa pesquisa
ao determinismo têm muitos motivos para não gostar das suas concepções. Os
tratando da importância relativa de mais de 150 eventos na história da psicologia,
psicólogos humanistas, que acreditam que as pessoas são mais complexas que
as suas idéias e a abordagem de modificação do comportamento ficaram em pri-
máquinas, ou ratos, ou pombos opõem-se à imagem que Skinner faz da natureza
meiro e segundo lugares (Gilgen, 1982). O Joumal O/lhe Experimenwl Ana/ysis
humana. Argumentam que a ênfase exclusiva no comportamento observável ig-
Df Behavior, lançado em 1958, publica pesquisas sobre o comportamento de su-
nora qualidades humanas extraordinárias. como o livre-arbítrio consciente. Têm
jeitos individuais. Em 1968, foi lançado o Jourrlll/ ofApplied Be/wvior Ana/Y.I'is
havido críticas ao tipo de avaliado e à simplicidade das situações nos experimen-
como um meio de divulgação de trabalhos em técnicas de modificação de com-
tos de Skinner. Ele formulou asserções e predições sobre o comportamento hu-
portamento. Embora a posição comportamentalista radical de Skinner continue a
mano e a sociedade - sobre questões sociais, econômicas, religiosas e culturais
ser aplicada em laboratórios, em ambientes clínicos e organizacionais, ela foi
- com uma con'siderável confiança. Mas podemos estender a ação de um pom-
contestada dentro da estrutura comportamentalista pelas posições de orientação
bo bicando um disco para a de uma pessoa no mundo real? A distância parece ser
cognitiva de Albert Bandura e Julian Rolter (capítulos 15 e 16). Na década de
grande demais para permitir amplas generalizações. Muitos aspectos do compor-
1960, o estudo da consfiência retomou à psicologia, acarretando um declínio na
tamento humano não podem ser reduzidos de modo significativo para o nível no
dominação do comportamentalismo skinneriano.
qual Ski nner conduzia suas pesquisas.
A crença de Skinner de que todos os comportamentos são adquilidos foi con-
testada por um cx-aluno seu. Mais de 6 mil animais de 38 espécies foram condi- 4. Espécie de pequenos carnív·xos noturnos (hncrof/ LOf(/rl elaAmhi"f1 ,ln f\ln."••' (1\1 T\
PARTE8 A Abordagem Comporta mental QUATORZE B. F.Skinner 383

Skinner reconheceu que sua fonna de psicologia perdeu terreno para a b ° sistema de Skinner tem considerável apoio empírico, mas tem sido criti-
dagem cognitiva (Goleman, 1:87) .. Outr?s ps~:ólo~os concord~ranl, afinn:n~~ cado por sua visão determinista, pela simplicidade das situações experimentais e
que o comportamentahsmo skmnenano tmha decaldo quanto a preferência e _ peja falta de interesse em comportamentos a não ser no índice de respostas e por
tre a maioria dos trabalhadores ativos na área [e era) freqüentemente mencio n não considerar as qualidades humanas que nos diferenciam de ratos e pombos .
." ) N na-
do no pretérito" (Baars, 1986, pp. VIII, I. aentanto, apesar das incursões da psi-
cologia cognitiva, a posição de Skinner permanece influente em muitas áreas, de
salas 'de aula a linha~ de montagem, de cai~~s de Skinner a instituições psiquiá_ ferguntaB de ReviBão
tricas. Skinner acreditava que, com o condlclOnanteoperante, oferecia Uma téc-
1 Como a abordagem skinneriana da personalidade difere das outras aqui
nica para melhorar a natureza humana e as sociedades que as pessoas planejam. discutidas?
~,. 2 Descreva o experimento clássico de condicionamento de Pavlov com cães.

ReBumo do Capítulo Como ele extinguiu aSJespostas condicionadas?

Skinner negava a existência de uma entidade chamada personalidade e não bus-


t
L
3 Qual a diferença entre ô comportamento respondente e o operante?
4 Qual o papel do reforço'na modificação do comportamento c como ele se re-
cava causas para o comportamento dentro do organismo. Os processos mentais e laciona ao comportamento supersticioso?
psicológicos não são observáveis objetivamente e, portanto, não têm relevância 5 Defina reforço positivo, reforço negativo e punição. Segundo Skinner, quão
para a ciência. As causas.~o cqmport~mento são externas ao organismo. ° COIll- eficiente é cada técnica para modificar o comportamento? .
portamento pode ser controlado por suas' córiseqüências, pelo reforçador que o 6 Descreva quatro esquemas de reforço. Que esquema se aplica à pessoa que
acompanha. ° comportamento respondente envolve uma resposta originada por vende programas de computação por comissão? Que esquema se aplica à
estímulos ambientais específicos. °condicionamento (comportamento respon- criança à qual se permite um sorvete apenas ocasionalmente?
dente que é adquirido) envolve a substituição de um estímulo por outro.Pavlov 7 Explique como um COJDpnrlamenlo-COmplexg,tal-<:-eme-apren6el'-a-f-ntar;-é-ad-
_______________ ~d=e=m=o_ns_t_ro_u
__aJmpor.târicia..rlo..r.efoI~-ãe-eoor-r-erá-e()l'ldicionamento-sem retor- quirido por meio de aproximação sucessiva.
ço. ° comportamento operante é emitido, determinado e modificado pelo refor- S Descreva técnicas para o autocontrole do comportamento.
çador que o acompanha. Um comportamento operante não pode ser remontado a 9 Descreva a abordagem de economia de fichas para a modificação do compor-
um estímulo específico; ele age no ambiente e o modifica. A personalidade é sim- tamento.
plesmente um padrão de comportamentos operantes. 10 Por que Skinner preferiu estudar o indivíduo em vez de grupos? Descreva o
Os esquemas de reforço compreendem intervalo fixo, razão fixa, intervalo estágio num experimento skinneriano com um avaliado humano. Descreva
variável e razão variável. A modelagem (aproximação sucessiva) implica refor- um experimento skinneriano com um pombo como avaliado_
çar o organismo somente quando o seu comportamento se aproxima do desejado. 11 Qual era a posição de Skinner sobre a questão natureza-criação? E sobre o li-
° comportamento supersticioso acontece quando o reforço é apresentado num es- vre arbítrio verSl/S determinislllo?
quema de intervalo fixo ou variável. Seja qual for o comportamento que ocorrer 12 QÜal técnica os skinnerianos usam para avaliar o comportamento humano?
no momento do reforço, ele virá a ser exibido mais freqüentemente. ° autocon- 13 Discuta o impacto da psicologia cognitiva sobre o comportamentalismo
skinneriano.
trole do comportamento refere-se a alterar ou evitar certos estímulos e reforçado-
res externos. Outras técnicas de autocontrole são: a saciedade, a estimulação aver-
siva e o aUlo-reforço para exibir comportamentos desejáveis.
SugeBtõeB de Leitura
A modificação do comportamento emprega técnicas de condicionamento ope-
rante aos problemas do mundo real. Comportamentos desejáveis são reforçados po- ELMS, A.c. "Skinner's dark year and Walde/l Two". to humanos numa sociedade utópica baseada em princí-
sitivamente e os indesejáveis são ignorados. A abordagem de economia de fichas American Psychologist, 36, 1981. pp. 470-479. Sugere pios comportamentalistas.
gratifica comportamentos desejáveis com fichas que podem ser usadas para adqui- que Skinner experienciouuma crise de identidade em sua
rir objetos que têm valor. A modificação do comportamento trata apenas de com- juventude ao fracassar como escritor e que escrever seu 'SKINNER, B.F. (1976). Parricu/ars of my life; (1979).
portamento observável e usa reforço positfvo, não punição. °
reforço negativo im- romance foi uma forma de terapia quando os assuntos de
identidade tomaram-se novamente importantes para ele
The shaping of o behlll'iorisr: (1983). Amarra of cOl/se- .
quences. Nova York: Alfred A. Knopr. Autobiografia de
plica remover um estímulo aversivo ou nocivo. É menos eficiente que o positivo.
durante a meia-idade. Skinner em três volumes.
A imagem da natureza humana que Skinner -tinha enfatiza o determinismo,
a singularidade, a importância do ambiente e o projeto de uma sociedade que
NYE, R.D. The legacy of B.F. Skin/ler: Concepts and SKINNER. B.F. UpOIl furrher reflectioll. Englewood
maximiza a oportunidade de sobrevivência. Mesmo que as pessoas sejam con-
perspectives, controversies and misunderstandings. Paci- Cliffs. NJ: Prentice-Hall, 1987. Ensaios sobre psicologia
troladas pelo ambiente, elas podem exercer controle ao planejar tal ambiente de
fic Grove, CA: Brooks/Cole, J 992. Um livro para inician- cognitiva, comportamento verbal. educação e autogeren-
maneira apropriada.
tes sobre os conceitos básicos de Skinner e sua relevância ciamento em idade avançada.
Skinner avaliava o comportamento (não a personalidade) usando análise fun- para o comportamento no niundo de hoje. Examina con-
cional para determinar a freqüência do comportamento, a situação na qual ele trovérsias e mal-entendidos envolvendo opiniões de SKINNER, B.F. "Whatever happened to psychology as
ocorria e os reforçadores associados a ele. As três maneiras de avaliá-Io são: a ob- Skinner e compara o seu sistema com os de Sigmund lhe science of behavior?" Al11ericclI/P,ych%gisr, 42.
servação direta, o auto-relato e as medidas fisiológicas. As pesquisas de Skinner Freud e Carl Rogers. 1987, pp. 780-786. Acusa a psicologia humanista, a psi-
foram idiográficas, focando-se no estudo intensivo de um único avaliado. ° seu cOlerapia e a psicologia cognitiva de serem obstáculos no
projeto de inversão experimental consiste nos estágios de linha de base, condi- SKINNER, B.F. Waldell MO. Nova York: Macmillal\ camj~ho da aceitação por parte da psicologia de seu pro-
fT'-<:l'~"'" ••••.•••., •..••.•,~'::;1;,.."
cionamento, inver:.;ão fi recondicionamento. 1948. Ronlance de Skillr~e)' soÓre vaiorf'_<;;p. r.omnnrf:llI1PIl_

Você também pode gostar