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ANOTAÇÕES DE EXEGESE,
TEOLOGIA E HERMENÊUTICA
BÍBLICA
1. A LEITURA
2. ANALISE EXEGETICA
Observar os textos paralelos: se há textos que nos remeta ao texto estudado e vice-versa;
ver em que contexto dentro do texto se encontra esses paralelos;
Feito todos esses passos, organizar de modo coeso (com ordem, lógica) todas as
informações e a partir dai, disponibilizá-los para pensar teologicamente e hermeneuticamente
o texto, conforme as diversas confissões religiosas.
3. TEOLOGIA
Para fazer teologia a partir do texto bíblico é importante saber o que é teologia e que
contribuição tem a dar a partir de um contexto especifico.
Quando falamos “Teologia” entendemos com isso, a reflexão de fé, tanto empírica
como acadêmica, sobre fatos e ideias que norteiam a vida comunitária de grupos e pessoas em
sua trajetória histórica na sociedade a partir do paradigma do sagrado.
Na teologia empírica há algumas linhas mestras produzidas e seguidas a partir de um
contexto vital; enquanto na teologia acadêmica há todo um rigor cientifico, todo um conjunto
de saberes, de recursos técnicos, histórico, humano, de modo mais complexo e sujeito às leis
da retorica, das ciências nos diversos campos do saber. Neste sentido, ela se se subdivide em
várias áreas e cobre um campo muito mais amplo da vida humana.
Mas, no geral, a teologia e o fazer teologia está ligado ao sagrado inserido em contexto
humano. Dito de outro modo: teologia é o discurso (pensar, fazer, produzir)sobre Deus e sua
forma de manifestação na vida das pessoas, das comunidades e na história humana. É uma
reflexão da razão iluminada pela fé, daí se diferenciar de outras ciências e da filosofia, mesmo
prescindindo dessas outras para justificar e fundamentar suas afirmações de fé.
Quando fazemos „teologia bíblica‟, estamos realizamos uma reflexão (empírica ou
acadêmica) a partir do texto bíblico especifico, num contexto especifico. Essa teologia
(reflexão) deve suscitar renovado ânimo e esperança, que alimenta a vida dos ouvintes
(crentes) a luz da Revelação.
Dessa forma, a teologia bíblica é uma ferramenta pastoral a serviço da vida, do povo,
e de Deus.
Então, de modo prático, como fazer teologia? Há alguns elementos a serem
considerados. Vamos ensaiar alguns.
Uma vez estimulada a nossa capacidade de fazer (pensar, produzir, pôr por escrito)
teologia, é importante e grave que a submetamos aos víeis da Igreja naquilo que a caracteriza
como confissão de fé, do ponto de vista da Tradição, do Magistério e da própria Bíblia, nas
linhas gerais de sua interpretação. Caso contrário, ficará apenas no „achismo‟, na „opinião
particular‟, desvinculada da comunidade de fé. Inclusive esse é um perigo comum para os que
fazem teologia. Esse perigo é preciso evitar.
4. HERMENÊUTICA
Usar dos recursos encontrados pela exegese para poder fazer uma leitura de
reconhecimento adequado, vendo nessa leitura elementos que estejam em condições
de ser traduzidos e compreendidos adequadamente;
Levantar temas, investigar importância, descrever impacto sobre seus atores
(personagens, povo, cidade, região) em contextos específicos;
Buscar de outras áreas (sociologia, antropologia, filosofia...) da ciência, elementos que
ajude a conhecer melhor, e como poder explicar de forma atualizada tais elementos
investigados e refletidos;
Tentar entender como o objeto investigado passou a ser importante e decisivo naquele
momento do texto (do redator), e de que modo podemos perceber sua influencia hoje,
no caso, por exemplo, de um ritual ou festa tribal;
Coletar todos os dados possíveis e com ele produzir um novo discurso (teologia
hermenêutica) que possibilite novos paradigmas de tradução, dando ferramentas
necessárias para produzir uma teologia con-texto-alizada no momento presente.
1. LEITURA
“33.E chegaram a Cafarnaum. Em casa, ele lhes perguntou: “Sobre que discutíeis no
caminho?” 34. Ficaram em silencio, porque pelo caminho vinham discutindo sobre qual era
o maior. 35. Então ele, sentou, chamou os Doze e disse: “Se alguém quiser ser o primeiro,
seja o último de todos e o servo de todos”. 36. Depois tomou uma criança, colocou-a no meio
deles e, pegando-a nos braços, disse-lhes: 37. “Aquele que recebe uma destas crianças por
causa do meu nome, a mim recebe; e aquele que me recebe, não é a mim que recebe, mas sim
àquele que me enviou”.
2. EXEGESE
1.2) analise literária (Ex.: personagens, verbos, adjetivos, substantivos, gênero literário)
Pronomes Relativos
Qual, o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas,
Que, Quanto, Quantas, Quantos, Onde
1.3) Técnica do quiasmo. Nesse texto não existe nenhuma possibilidade de aplicar a técnica.
Contudo, todavia, há textos que exige aplicar esse recurso. Mas como ela funciona? Veja o
exemplo com outro texto (Jo 6,37-39):
Nesse passo, iremos comparar as diferentes traduções e montar a nossa própria tradução. O
objetivo é notar semelhanças e diferenças e como ela incide sobre a mensagem do texto.
Marcos 9,33-37:
d) Textos paralelos:
Esse passo se faz de uma breve pesquisa bíblica. O objetivo é ver se há textos em
outros livros (ou no mesmo livro) que de algum modo possa ampliar a
compreensão/mensagem do texto estudado, ou que possibilite dentro da margem de
compreensão geral, um espiral de temas conexos ao tema central.
Uma boa Bíblia (NBJ, Vozes, Peregrino) já vem com esse recurso, porém, é
importante que façamos esse exercício, pois, além de nos familiarizarmos com os textos,
teremos uma gama de experiência/informações que nos deixará práticos no exercício da
leitura.
Vamos a alguns paralelos.
Mc 10, 13-16;
Mt 18, 1- 6;
Lc 9, 46 – 48;
Jo 13, 20 [1-20];
3. TEOLOGIA
O reinado de Deus entre nós, segundo Jesus, é concebido do serviço à vida humana,
não qualquer serviço, mas aquele que restaura as relações dos seres humanos com os
próprios humanos, e com Deus. Nesse serviço não há status de maior ou menor, mas de
servidores. Os Doze parece não compreender isso, razão pela qual Jesus os adverte e
esclarece. Contudo, como é do seu feitio, ele que ensina por meio de gestos, palavras e ações,
usa da criança nesse episodio para inculcar a lição de que, os servidores devem ser
despossuídos de poder, uma vez que, as crianças, segundo outros textos e contextos, estão na
mesma situação de desprotegido da lei como os pobres e pecadores, e que por isso mesmo,
não constitui fundamentalmente uma ameaça (preocupação/poder) para o Estado e nem para
a Lei (conforme concebido pelos religiosos da época) da aliança.
Dessa forma, Jesus está exemplificando que os seus seguidores devem ser
despossuídos de toda lógica do poder pelo poder e inculcar o poder serviço. Assim, a criança
4. HERMENÊUTICA
A criança na cultura judaica tinha sua importância primordial apesar de não ser
valorizada como “protagonista social” perante a Lei da aliança. Sua condição de não
cumpridora da lei e nesse caso, despossuída dos direitos concedido a um adulto normal, a
deixava em situação de vulnerabilidade, sendo apenas protegida pelo direito legal da família.
Jesus critica essa situação e a toma como símbolo de sua luta pelo reino, ao lado de
outras categorias (pecadores, pobres, mulheres) de pessoas.
Hoje, milhares de crianças estão à margem do sistema social, por outro lado também,
é verdade, há toda uma programação voltada para a infância, que muda conforme o objetivo
das politicas publica. O fato é que, da sociedade em que Jesus está inserido à sociedade
moderna, houve muitos avanços e a criança foi bastante valorizada.
Apesar desses avanços e valorização, ela é silenciada como agente protagonista.
Porém, ela com sua singularidade e fragilidade é símbolo do reino. Porque é despossuída de
pretensões. Ela representa constantemente o apelo à conversão. E isso foi deixada para trás.
É importante entender que, para a cultura moderna, o reino soa algo do passado e
dereligiosíssimo, não tem sentido de ser. Daí a constante luta por parte dos convertidos para
traduzir pra hoje sua eficácia, seus valores e sua dinâmica.
Quanto à criança ainda é símbolo do reino, no sentido de ser despossuída de
pretensões e status, e isso é, para a sociedade moderna,um “calo”, porque ela representa um
“freio” perante sua ambição desmedida dianteda vida e da história no seu mais profundo
âmago escatológico.
Então, podemos a partir desse texto dizer: hoje, se quisermos ser do reino devemos
ser servidores despossuídos, como crianças. Elas são um símbolo permanente do chamado a
entrar na dinâmica do reino.
Conclusão
Temos aqui nessas linhas, um pouco do que podemos fazer, como exercício de leitura
e estudo bíblico, no sentido de melhorar cada vez mais nossa relação com a Bíblia, nossa
escuta da Palavra/Mensagem e nosso serviço às Comunidades e às Pessoas.