Você está na página 1de 14

Prof: Geól. Dr.

Leonardo Cardoso Renner Disciplina de Petrologia Ígnea e Metamórfica


Introdução ao Metamorfismo

Universidade Federal de Pelotas


Curso de Engenharia de Petróleo
Centro de Desenvolvimento Tecnológico - CDTec
Engenharia Geológica e Engenharia de Petróleo
Praça Domingos Rodrigues nº 2 - CEP: 96010-440 - Pelotas/RS
Fone: (53) 3921-1416

Disciplina: PETROLOGIA ÍGNEA E METAMÓRFICA Código: 0800142

Professor: Geól. Dr. Leonardo Cardoso Renner

ESTUDO COMPLEMENTAR: INTRODUÇÃO AO METAMORFISMO

SUMÁRIO:

1 – INTRODUÇÃO 1
2 – CONDIÇÕES DO METAMORFISMO 2
2.1 – Temperatura 2
2.2 – Pressão 5
2.3 – Fluídos 8
2.4 – Tempo 9
3 – NATUREZA DO PROTÓLITO 10
3.1 – Tipos de protólitos 10
3.2 – Transformações das rochas e minerais no metamorfismo 12
4 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 13
5 - BIBLIOGRAFIA 14

1 – INTRODUÇÃO
metamorfismo pode ser definido como o processo de mudanças físicas e químicas

O (estado sólido) em rochas e minerais dos quais são inferidas pressões,


temperaturas e fluidos diferentes do momento de sua formação. O metamorfismo
EXCLUI os processos de alteração superficial, que atua em ambas as escalas atômicas e iônicas,
lideradas por desagregação mecânica e lixiviação da rocha e não a sua transformação.
As rochas metamórficas (grego: meta=mudança; morfos=forma) correspondem a
transformações predominantemente no estado sólido de rochas pré-existentes ou
PROTÓLITOS (grego: proto=primeiro/anterior; lithos=rocha). Os protólitos podem ser ígneos,
sedimentares ou, mesmo, metamórficos. Em casos mais raros e nem sempre fáceis de serem
determinados, podem, ainda, corresponder a produtos de alteração intempérica (solos,
paleossolos, lateritas,..) ou hidrotermal/metassomática (greisen, skarnitos, pegmatitos
caulinizados...). Em locais privilegiados, como antigas suturas crustais, pode ocorrer fragmento
mantélico como protólito.

1
Prof: Geól. Dr. Leonardo Cardoso Renner Disciplina de Petrologia Ígnea e Metamórfica
Introdução ao Metamorfismo

O processo de diagênese consiste em grande parte em uma redução da porosidade do


sedimento inconsolidado por compactação, podendo também implicar em recristalização. O limite
entre diagênese e metamorfismo é muito sutil porque o ambiente metamórfico na sua grande
maioria é formado em fenômenos orogênicos ou pré-orogênicos, enquanto a diagênese é
relacionada no dinamismo de bacias sedimentares com temperaturas e pressões mais baixas
(Kornprobst, 2003).
O estudo e reconhecimento dos ambientes e rochas metamórficas possuem importância
científica e prática. Do ponto de vista científico, os estudos em petrografia e petrologia
metamórfica têm mostrado que nosso planeta é dinâmico e que vivemos sobre placas litosféricas
de dimensões continentais, que se move de maneira lenta e contínua. Esta movimentação é, em
grande parte, responsável pela formação das estruturas geológicas que registram as diferenças de
pressões, temperaturas, pressões de fluidos e características do ambiente metamórfico. Do ponto
de vista prático, muitas destes ambientes metamórficos são responsáveis pela remobilização de
elementos químicos para a ocorrência de depósitos minerais. Formação de rochas ornamentais
(mármores calcíticos e dolomíticos, gnaisses e metaconglomerados), uso direto em construção
civil (britas e agregados).

2 – CONDIÇÕES DO METAMORFISMO
2.1 – Temperatura
As rochas pré-existentes que sofrem aumento de temperaturas superiores a da diagênese
(± 200 ºC) deformam-se ou recristalizam-se no limite de sua fusão. Portanto, o ambiente
metamórfico possui limite inferior de temperatura acima de 200 ºC ao limite superior de fusão
parcial da rocha (geração de migmatitos). Os processos metamórficos ocorrem em geral
associados a processos tectônicos, portanto, o gradiente geotérmico é o aumento da temperatura
devido ao aumento da profundidade (Fig. 1). Este aumento ocorre devido ao calor residual do
manto/núcleo, decaimento radioativo de isótopos instáveis ou radionuclídeos (235U —> 207
Pb,
238
U —> 206Pb, 40K —> 40Ar, e 232Th —> 208Pb) e efeitos da tectônica global.

2
Prof: Geól. Dr. Leonardo Cardoso Renner Disciplina de Petrologia Ígnea e Metamórfica
Introdução ao Metamorfismo

Figura 1 – Gradiente geotérmico, minerais índices e fácies metamórficas.


A temperatura varia com a profundidade da crosta, tipo de crosta e idade dos terrenos,
sendo assim, proporcional ao fluxo térmico da região (Fig. 2).

Gradiente
Tipo de Crosta T/P Exemplo
Geotermal
Escudo Pré-Cambriano 15º-20ºC/km Baixo T e P Canadá
Margem ativa (arco) 30º-35ºC/km Alta T e baixa P Sierra Nevada - Andes
Zona de subdução 10ºC/km Baixa T e alta P Complexo Franciscano
Orógenos colisionais 25º-30ºC/km Intermediário T e P Himalaias
Cordilheira Mesoceânica Até 60ºC/km Alta T e baixa P Cordilheira Meso-Atlântica

A produção de calor por granitos do embasamento é da ordem de 2,6 mW por m3, 40


vezes que o basalto toleítico e 200 vezes que o peridotito, isto porque o granito possui uma
grande concentração de elementos radioativos. O calor produzido é, portanto significativo em
unidades da crosta continental e pouco na crosta oceânica e no manto superior.

3
Prof: Geól. Dr. Leonardo Cardoso Renner Disciplina de Petrologia Ígnea e Metamórfica
Introdução ao Metamorfismo

Figura 2 – Variação de P e T conforme o ambiente geotectônico. Exemplo: EUA. Fonte


(Grotzinger et. al., 2004).

O calor pode provir de uma intrusão magmática próxima (advecção). Neste caso, a
temperatura atingida depende da temperatura da intrusão do magma, natureza, velocidade de
cristalização, volume e forma do corpo. As rochas da crosta e do manto são pobres condutores de
calor a sua condutividade térmica K é da ordem de 2,5 watts. m-1.ºK-1 para o granito e 4 watts.m-
1
.ºK-1 para peridotitos. Lembrando que a condutividade do ferro é 30 vezes maior e a prata 175
vezes. Portanto, o material de característica lítica é ineficiente da dissipação da energia termal.
Em conseqüência adições de calor local por diversos mecanismos induzem perturbações de longa
duração na condutividade dos gradientes térmicos, exigindo centenas, milhares ou mesmo
milhões de anos para equilibrar a condutividade local.
A composição química dos vários minerais ajuda também ao estabelecimento de
geotermômetros.

4
Prof: Geól. Dr. Leonardo Cardoso Renner Disciplina de Petrologia Ígnea e Metamórfica
Introdução ao Metamorfismo

Rochas deformadas são resultados de stress tectônico e uma boa parte deste trabalho é
transformada em calor. O próprio atrito nos limites de placas tectônicas gera aumento da
temperatura local. A quantidade de calor produzido depende da intensidade do cisalhamento e
sua velocidade de movimentação ao longo da fratura, exemplo: pseudotaquilitos.

A temperatura constitui um dos fatores essenciais nos reajustamentos químicos e


mineralógicos provocando a recristalização da rocha com aumento de seus minerais.
As alterações da temperatura em geral são mais eficientes do que as observadas na
pressão em produzir mudanças mineralógicas que ocorrem em muitas rochas. Um argilito, por
exemplo, tem probabilidade de ser afetado muito mais profundamente pela elevação da
temperatura em umas poucas centenas de graus do que pelo aumento da pressão em alguns
milhares de atmosferas. Entretanto, se um gás é um dos produtos principais de uma reação
metamórfica, por exemplo, quando o dióxido de carbono está sendo expelido durante o
metamorfismo de um calcário dolomítico, a pressão pode ser tão eficiente quanto a temperatura
quanto a determinação do curso do metamorfismo (Williams et. al., 1982).

2.2 – Pressão
A pressão confinante ou litostática (força geral aplicada igualmente em todas as direções,
figura 3A), não deforma os minerais, porém diminui o volume formando sólidos mais densos.
Pressão é a força por uma unidade de área de superfície. Expresso pelo Sistema
Internacional como Pascal (1Pa = Newton.m-2) e 1 bar = 105 Pa ou 1 kbar = 108 Pa.
Em sistemas freáticos (água subterrânea) e no fundo oceânico, a pressão hidrostática é
representada pela força pgz exercida pela unidade de superfície, pela de massa de água (p =
gravidade específica da água, cerca de 1000 kg/m3; g constante gravitacional = 9.81 m s-2 e z
altura da coluna de água. A pressão hidrostática possui um papel importante na alteração e
metamorfismo de basaltos oceânicos. Por exemplo: valores de 25 até 30 MPa (250 até 300 bar)
perto de Cordilheiras Mesoceânicas e 70 até 100 MPa em fossas oceânicas.
A pressão litostática ou pressão de sólido (Ps) representa a força pgz aplicada a uma
superfície de uma área que está cercada por rochas. O valor de p depende na natureza do
material. Em rochas da crosta continental o seu valor em média é de 2600 kg.m-3 e Ps = 260 MPa
em profundidades de 10 km. Nas rochas ultramáficas do manto superior p está na ordem de 3300
kg.m-3 e pressões na ordem de 3GPa (30 kbar) em 100 km de profundidade.

5
Prof: Geól. Dr. Leonardo Cardoso Renner Disciplina de Petrologia Ígnea e Metamórfica
Introdução ao Metamorfismo

Pode variar entre 0,001 kbar (pressão atmosférica) a 20 kbar (limite litosfera-astenosfera).
Pressão de 1 bar = 0,99 atm, portanto, 20.000 bar (20 kbar) = 1.97385 x 104 atm. Lembrando
que a pressão aumenta de 0,3 a 0,4 kbar/km e é diretamente proporcional a profundidade e a
densidade da rocha.
Material Densidade (g/cm3) Densidade (kg/m3)
Água 1 1000
Rochas sedimentares 2,7 2700
Rochas máficas 3.0 3000
Manto superior 3,3 3300

P = dgh
Onde
P = pressão litostática (Pa → 105 Pa = 1 bar)
d = massa volumétrica das rochas (g cm-3); h = profundidade (m); g = aceleração da
gravidade (m s-2)

Exemplo: Qual a pressão de uma coluna de 10 km de rocha ultramáfica?


= 3,300 kg/m3 * 10m/s2 * 10,000 m
= ~ 3,3E8 kg m s-2 m-3 m
= 3.3E8 N/m2 (recalculado que N = kg m s-2)
= 3.3E8 Pa (recalculado que Pa = N/m2)
= 330 MPa (=3 kbar)

Já a pressão dirigida ou tectônica (força exercida em uma direção, figura 3B) varia o seu
vetor e intensidade conforme o tipo de ambiente tectônico, produzindo tensões e deformações.
Pressões maiores tendem a diminuir o espaço para o mineral crescer, portanto, os
minerais metamórficos formados em altas pressões tendem a ser mais densos, rocha com
diminuição da porosidade, expulsão de voláteis e redução do seu volume.
Classificado em três direções de stress:
1. stress principal máximo (σ1);
2. stress principal intermediário (σ2);
3. stress principal mínimo (σ3)

6
Prof: Geól. Dr. Leonardo Cardoso Renner Disciplina de Petrologia Ígnea e Metamórfica
Introdução ao Metamorfismo

Aparecimento de minerais anidros e de formato alongado perpendicular à direção de


máxima pressão.

Figura 3 – Pressão confinante (A) e pressão dirigida (B).

A figura 4 mostra a pressão dirigida em ambientes compressionais (limites convergentes -


a rocha é comprimida), ambientes distensivos (limites divergentes – a rocha é distendida) e
ambientes transformantes (limites transcorrentes – a rocha é cisalhada).

Pressão dirigida é
caracterizada quando um dos (σ1,
σ2 e σ3) é diferente dos demais. O
resultado da pressão dirigida é a
deformação ou strain.

Figura 4 – Pressão dirigida em diferentes ambientes


tectônicos.

7
Prof: Geól. Dr. Leonardo Cardoso Renner Disciplina de Petrologia Ígnea e Metamórfica
Introdução ao Metamorfismo

2.3 – Fluídos
O conhecimento da constituição dos fluidos influentes só será atingida quando: conhecida
a composição química atual da rocha; for possível reconstituir a composição química primitiva e
as condições de temperatura e pressão existentes durante o metamorfismo.
Processo importante para a formação de depósitos minerais onde os minérios se
concentram em veios, uma vez que se a pressão de fluidos for maior que a pressão litostática e
superar a resistência mecânica das rochas ocorrerão fraturamento da rocha e perda de fluidos
através das fraturas.
As moléculas de água H2O e dióxido de carbono CO2 (principais fluidos de interesse
geológico) ocorrem em quatro diferentes situações na rocha:
 Cristalina – fazem parte da estrutura dos minerais na forma de radicais (OH)- e (CO)2-;
 Adsorvidas – estão presas na superfície do cristal, imóveis ou parcialmente móveis nas fases
fluidas. Podem variar de acordo com a morfologia do cristal (tensão superficial e eletrostática
da superfície) e podem variar de acordo com as condições de P e T. Um exemplo é o
argilomineral montmorilonita que é capaz de adsorver o dobro do seu volume em água.
 Dissolvidas – A água liberada por fusão parcial de minerais hidratados move-se para
soluções do líquido silicático (até 10% do seu peso %).
 Livres – fluidos móveis, entre os poros das fases minerais ou em inclusões.
A presença de fluidos acelera o processo metamórfico, facilitando a migração de
elementos. Atua como um catalisador durante o metamorfismo auxilia a troca de íons entre os
cristais em crescimento, promove o transporte de calor (advectivo) e deposição de minerais de
minério.
Inclusão fluida: bolha do fluido original presa nos minerais da rocha. Índice precioso da
condição original de formação da rocha.
Apesar da desidratação metamórfica, ainda há presença de fluidos intergranulares
percolantes (H2O, CO2, Cl, S, F, O2, sais e complexos) que transportam elementos e íons
complexados em uma baixa razão fluido-rocha e que facilitam a ocorrência de reações químicas
e conseqüentes transformações mineralógicas (metassomatismo) de maneira a gerar fases
minerais mais equilibradas em relação às novas condições de P e T. A ocorrência de fluidos pode
promover a desidratação de argilas (H2O), descarbonatação de minerais (minerais perdem CO2) e
inclusões fluidas inter e intra cristalinas.
Pressão de fluidos (Pfl): pressão transmitida através dos fluidos intersticiais. É a soma das
pressões parciais dos vários componentes da fase fluída (Pfl = PH2O + PCO2 + PCH4 + P....)

8
Prof: Geól. Dr. Leonardo Cardoso Renner Disciplina de Petrologia Ígnea e Metamórfica
Introdução ao Metamorfismo

 Plit > Pfl: a pressão é toda concentrada nos contatos dos grãos;
 Plit = Pfl: a pressão dos fluidos atenua a pressão nos contatos dos grãos e se equipara á pressão
litostática;
 Plit < Pfl: pode ocorrer fraturamento hidráulico, se a resistência tensional da rocha for
superada.

2.4 – Tempo
A determinação do tempo de metamorfismo apóia-se em métodos de datação radioativa e
em critérios estratigráficos. Neste sentido, a duração do metamorfismo não pode ultrapassar o
período compreendido entre a idade da formação mais antiga da rocha e a da formação mais
recente que o não sofre ou que contem minerais ou rochas com esse metamorfismo
diagnosticado.
A importância do tempo no metamorfismo manifesta-se bem na influência que tem sobre
a obtenção de equilíbrio nas reações químicas. Somente a longa duração do processo de
reorganização mineralógica o torna possível que as reações químicas se verifiquem de modo a
obter associações de fases em equilíbrio, o caso freqüente das rochas metamórficas.
Os processos metamórficos são muito lentos na sua atuação, principalmente em
condições de diminuição de fluidos (desidratação).

Além dos fatores acima listados as reações metamórficas dependem também da


composição da rocha original (protólito).
A reação química entre silicatos na parte inferior da faixa de temperaturas metamórficas
é, em muitos casos, extremamente lenta. Algumas rochas podem submeter-se a temperaturas e
pressões metamórficas por milhões de anos sem que sofram metamorfismo apreciável.
Para que o metamorfismo tenha eficácia, especialmente em temperaturas baixas, parece
ser necessária algumas influências catalíticas capazes de acelerar as reações químicas (Williams,
et. al., 1982). Dois destes fatores de aceleração são comumente eficientes:
 Os fluidos quimicamente ativos; usualmente aquosos, passando em ondas através dos
espaços intergranulares, diminutos da rocha;
 As deformações da rocha pelos quais os grânulos se desintegram em fragmentos menores,
mais ativos, e se renovam continuamente os contatos entre as superfícies que reagem.

9
Prof: Geól. Dr. Leonardo Cardoso Renner Disciplina de Petrologia Ígnea e Metamórfica
Introdução ao Metamorfismo

3 – NATUREZA DO PROTÓLITO
Os protólitos de rochas metamórficas incluem um amplo espectro de rochas magmáticas e
sedimentares que foram previamente metamorfisadas. No entanto o contraste protolítico e o
contraste do caminho metamórfico pode convergir para uma similaridade de produtos
metamórficos.

3.1 – Tipos de protólitos


Seguindo as propriedades das rochas podemos reconhecer os seguintes protólitos por:
1. Fábrica reliquiar – em metamorfismo de baixo grau as rochas onde a recristalização
forma grãos grandes ou deformação substancial. Limites originais dos cristais são
identificados (Fig. 5).

Figura 5 – seção delgada de andesito (a) e meta-andesito (b) com substituição


(pseudmorfológica) por minerais secundários como o epidoto para o clinopiroxênio e epidoto,
albita e sericita para o plagioclásio. Fonte: Best, 2003.

2. Relações de campo – em alguns casos, metamorfismo progressivo de protólitos não


modificados. A transição pode ser observada em campo, como em metamorfismo de
contato ao lado de intrusões magmáticas.

3. Composição química da rocha manifestada pela assembléia mineral – Pode ser a única
informação para rochas que sofreram modificações obscurecendo a identificação de
fábricas reliquiares.

10
Prof: Geól. Dr. Leonardo Cardoso Renner Disciplina de Petrologia Ígnea e Metamórfica
Introdução ao Metamorfismo

a. Ultramáficas – rochas magmáticas ricas em Mg-Fe, incluindo peridotitos,


piroxenitos e dunitos. Composto por piroxênio, olivina e pouco ou nenhum
feldspato. Metamorfismo de altas T denota a mesma composição mineral mais
espinélio e granada (Mg-Fe), com baixas T a rocha contem combinações de
serpentina, talco, brucita, clorita, tremolita e magnetita.
b. Máficas – rochas com altas concentrações de Mg, Fe e Ca como Al
correspondendo a protólitos de gabros. Minerais ricos em Mg-Fe-Ca com
actinolitas, hornblenda, piroxênio, granada, epidoto, plagioclásio, clorita e
pupeleita são comuns. Alguns autores sugerem o nome de metabasitos.
c. Quartzo-feldspático ou félsico – rochas derivadas de magmas félsicos ou
arenitos líticos. Menor concentração de máficos como biotita, clorita, anfibólio,
pupeleita e óxidos de Fe-Ti. Pouca presença de fábrica reliquiar e relações de
campo podem dificultar a identificação de protólitos com lavas riolíticas, tufos,
obsidianas, granitos e arenitos. Alguns autores sugerem o nome de psamitos para
arenitos compostos por quartzo e menor concentração de argilas.
d. Pelítica – rochas que possuem argilas, protólitos ricos em aluminosilicatos e seus
polimorfos (Al2SiO5), cordierita, granada almandina e estaurolita. Quartzo é
muito presente juntamente com biotita e mica branca (inexistente em altas T).
e. Calcária – rochas derivadas de calcário mais ou menos puro. Calcita e dolomita
na ausência de quartzo e outros silicatos são estáveis em uma ampla varriação de
condições metamórficas.
f. Calci-silicato – rochas derivadas de protólitos carbonáticos impuros que possuem
substancial proporção de argilas e quartzo em adição de calcita e dolominta ou
derivados de skarnitos puros. Minerais metamórficos incluem carbonatos de Ca,
Mg, Fe e localmente Mn mais silicatos de Ca com granada (grossulária-andradita),
vesuvianita, epidoto (grupo), diopsídio-hedenbergita, wolastonita e tremolita.
g. Ferruginosos – BIF (banded iron formation – rochas Pré-Cambrianas) e
metamorfismo de cherts marinhos. Bandas de quartzo subordinado com hematita,
magnetita, halita-verde (Fe,MG)3Si2O5(OH)4, riebeckita, Fe-clorita, siderita e
ankerita Ca(MgFe2+,Mn)(CO3)2.

11
Prof: Geól. Dr. Leonardo Cardoso Renner Disciplina de Petrologia Ígnea e Metamórfica
Introdução ao Metamorfismo

3.2 – Transformações das rochas e minerais no metamorfismo


As rochas sedimentares, ígneas e metamórficas que sofreram transformações sob efeitos
de temperatura, pressão e fluidos ao longo do tempo possuem modificações de um e/ou todos
aspectos abaixo:
 Mineralógicas – novas espécies metamórficas são formadas;
 Mudança da estrutura do mineral (fase sólida) sem mudança da composição química.
Mudança polimórfica expressa da seguinte maneira: fase A= fase B
 Instabilidade entre duas ou mais fases minerais na rocha (ou sistema) levando a reações
entre as fases minerais. As reações são expressas da seguinte forma de acordo com a
complexidade do sistema:
 Fase A + fase B = fase C
 Fase + fase B = fase C + fase D
 Fase A + fase B + fase C = fase D
 Fase A + fase B + fase C = fase D + fase E etc...
 Mudanças na composição do sistema: adição ou perda de fluidos, por exemplo, (H2O,
CO2 etc.) ou adição, perda ou extração de cátions em soluções (Na+ ↔ K+) provocando
reações minerais para formar: A + x = B ou mesmo; A + x = B + y, onde x e y são cátions
em solução em fases fluídas.
Reações que requerem uma modificação da composição do sistema são descritas com
mudanças metassomáticas. O metassomatismo implica em um sistema aberto, e o
transporte de material ocorre em uma escala além das dimensões do sistema

 Texturais – os arranjos entre os minerais são modificados;


 Estruturais – novas estruturas deformacionais são criadas, e estruturas primárias
(sedimentares, ígneas e metamórficas) são obliteradas;
 Composicionais – o metamorfismo pode ser ou não isoquímico.

Assim podemos classificar as reações minerais em:


1. Progradacional: alterações minerais que ocorrem durante um aumento da temperatura;
2. Retrogradacional: alterações minerais que ocorrem durante uma diminuição da
temperatura.

12
Prof: Geól. Dr. Leonardo Cardoso Renner Disciplina de Petrologia Ígnea e Metamórfica
Introdução ao Metamorfismo

4 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEST, M. (2003) - Igneous and Metamorphic Petrology. 2nd ed. Blackwell Publishing,
Malden, MA. London. 729p.
GROTZINGER, J; PRESS, F; SIEVER, R; JORDAN, T. 2004. Understanding the Earth. 4th
ED. 568pp.
KORNPROBST, J. 2003. Metamorphic Rocks and Their Geodynamic Significance: A
Petrological Handbook. Petrology and Structural Geology, 12, Kluwer, 2002. 224pp.

13
Prof: Geól. Dr. Leonardo Cardoso Renner Disciplina de Petrologia Ígnea e Metamórfica
Introdução ao Metamorfismo

WILLIAMS, H.; TURNER, F. J.; GILBERT, C. M. 1982. Petrography: An introduction to


the study of rocks in thin sections. S. Frisco: W. H. Freeman & Co.

5 – BIBLIOGRAFIA
ROBERTO SACKS DE CAMPOS. 2011. Anotações de aula. Universidade Federal do Espírito
Santo. Centro de Ciências agrárias.

14

Você também pode gostar