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PLANO DE AULA APOSTILADO

Escola Superior de Teologia do Espírito Santo

Teologia do Novo Testamento


A revelação de Deus no periodo Neotestamentário

Escola Superior de Teologia do ES


A Escola Superior de Teologia do Espírito Santo – ESUTES, é amparada pelo disposto no parecer
241/99 da CES (Câmara de Ensino Superior) – MEC
O ensino superior à distância é amparado pela lei 9.394/96 – Artº 80 e é considerado um dos mais
avançados sistemas de ensino da atualidade.
Sistema de ensino: Open University – Universidade aberta em Teologia
O presente material apostilado é baseado nos principais tópicos e pontos salientes da matéria em
questão.
A abordagem aqui contida trata-se da “espinha dorsal” da matéria. Anexo, no final da apostila, segue
a indicação de sites sérios e bem fundamentados sobre a matéria que o módulo aborda, bem como
bibliografia para maior aprofundamento dos assuntos e temas estudados.

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__________

Sumário
_______

Introdução..............................................................................................................................................04

Objetivos da Teologia Neotestamentária ...............................................................................................05

Surgimento da Teologia Neotestamentária em torno da pessoa

e do ensino de Jesus ...........................................................................................................................06

Os escritos que hoje formam o Novo Testamento...................................................................................07

O reino de Deus.....................................................................................................................................07

O Deus do reino .....................................................................................................................................09

Títulos Messiânicos de Jesus .................................................................................................................11

Nova Era................................................................................................................................................14

O batismo de João .................................................................................................................................15

Jesus e João..........................................................................................................................................17

A Teologia do Novo Testamento nos escritos de João............................................................................18

O dualismo Joanino ...............................................................................................................................21

A Teologia do Novo Testamento nos escritos paulinos ..........................................................................27

Os ensinos de Jesus sobre o homem e o pecado ...................................................................................33

Os Ensinos de Jesus Sobre o Pecado....................................................................................................36

Concepção errônea do Pecado ..............................................................................................................37

Israel e a Igreja ......................................................................................................................................39

Bibliografia.............................................................................................................................................40

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Introdução – conceito de Teologia do Novo
Testamento

“A palavra teologia vem do grego Theós (Deus) e Lógos (linguagem que encerra
idéia, palavra). Assim, teologia vem a ser idéia de Deus ou idéia a respeito de Deus.
no sentido da linguagem elaborada, de um sistema de conhecimentos resultantes de
estudo.”
A teologia alcança ao mesmo tempo o divino e o humano, o espiritual e o social, o
eterno e o temporal.

A Teologia do Novo Testamento por sua vez é:

“O estudo que enfatiza e soletra o conteúdo do Novo Testamento do ponto de


vista teológico; é o estudo da ação de Deus e do que se pensava sobre Deus, no
período do Novo Testamento”.

A teologia neo-testamentária tem de pressupor o trabalho do exegeta (uma boa


exegese do texto) para proporcionar os detalhes de interpretação de um texto, apesar
de se fundamentar na Teologia Bíblica que é ramo da teologia que interpreta a
Bíblia ou as duas grandes porções dela – Antigo e Novo testamentos - a partir da
observação simples dos textos bíblicos. Quando falamos de observação simples,
falamos da observação dos costumes de época que o texto revela, falamos do
comportamento religioso e moral que o texto revela e et.
Segundo Broadus Hale, grade estudioso da Bíblia “a Teologia Bíblica deve
proporcionar as normas pelas quais as outras podem ser avaliadas.”

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Objetivos da Teologia Neotestamentária e os
Fatores Formativos
Objetivos da Teologia Neotestamentária

Os objetivos específicos da Teologia Bíblica do Novo Testamento são:

a) O de conhecer Deus através da pessoa de Jesus como a imagem de


Deus invisível (Cl 1.15)

b) Conhecer as experiências dos cristãos sob a influência dinâmica do


Espírito Santo, e interpretar suas novas atitudes, em função da
nova vida (regenerada) que alcançaram.

c) Conhecer as Escrituras do Novo Testamento de maneira


especializada, tendo-a como a única fonte confiável, infalível e
última na formação do corpo de doutrinas cristãs, que conduz à
prática e propicia respostas às inquirições humanas.

Fatores Formativos da Teologia do Novo Testamento

FATOR 1
Jesus Cristo é uma pessoa Real, Histórica e Divina.

FATOR 2
Aceitação e Credibilidade das Escrituras Sagradas Neotestamentárias.

FATOR 3
Reconhecer e Aceitar a Real Atuação do Espírito Santo na Vida dos
Cristãos.

FATOR 4
Entender e Explicar as Experiências Espirituais dos Cristãos Referidos
nas Escrituras do Novo Testamento Sujeitos à Operação do Espírito
Santo.

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O surgimento da Teologia Neotestamentária em
torno da pessoa e do ensino de Jesus

No princípio, tudo acerca de Jesus — os fatos e os ensinos — eram transmitidos


oralmente.
A origem da formação teológica e de uma teologia de forma geral e
neotestamentária surgem devido a:
• O Rápido Crescimento do Número de Crentes, por isso a necessidade de se
normatizar e organizar escritos
• Dificuldades para instruir oralmente
• Conflitos de natureza múltipla, por exemplo, heterogeneidade entre judeus X
prosélitos (gentios) – Atos 6;
• Dispersão dos Crentes: Os primeiros 25 anos da história cristã, com perseguições,
impulsionou a igreja na implantação do Evangelho pela Ásia e pela Europa, culminando
no surgimento de muitas igrejas e instrução escrita a qual era lida perante a Congregação,
copiada e enviada a outras igrejas.
• Surgimento de problemas de natureza comportamental: Embates acerca
dos costumes pagãos entre os convertidos, a moral do cristianismo. Os Escritos
surgiram para orientar objetivamente, fundamentados no ensino de Jesus — como os
cristãos deveriam se portar entre os irmãos — o corpo de Cristo e entre os de fora, com um
viver digno, segundo a vontade e o padrão de Cristo.
Exemplo: Indisciplina nos cultos, a imoralidade sexual, o faccionismo
em torno de nomes de pregadores, a crença nos dons espirituais e a
falta de discernimento do sentido da Ceia do Senhor.
• Choque das esperanças cristãs com a hostilidade e crueldade do mundo que
tinham de enfrentar: Como entender a violência até o martírio, diante das promessas de
Jesus? Escrever para consolar os cristãos assolados pela perseguição e os incentivar a
perseverar na fé até o fim. Era muito necessário.
• Choque entre a mentalidade judaica e a gentílica no encontro de cristãos judeus
e cristãos gentios
Há choques de ponto de vista (sistema) religioso originário, como por exemplo: A
ressurreição dos mortos, a volta de Jesus, a justificação pela fé sem as obras da lei, etc.

• Infiltração de heresias nas fileiras cristãs


Fábulas criadas pela mente humana, movida por fanatismo e
superstição, infiltraram-se entre os cristãos e ameaçava a fé, ou no
mínimo, confundia os crentes. Por exemplo, o legalismo e o
gnosticismo, combatidos no Evangelho de João para provar que Jesus
não era uma simples emanação de Deus, ou mera aparição incorpórea,
mas sim a encarnação do Verbo.

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Os escritos que hoje formam o novo Testamento

A formação do Novo Testamento, não se originou com os Evangelhos. Outros


escritos surgiram primeiro, nesse caso as cartas. Paulo por exemplo desenvolveu
sua teologia a partir da pessoa, obras e ensinos de Jesus, e buscou alicerçar sua
autoridade nessas realidades. Quando Paulo disse aos Coríntios: “Porque eu recebi do
Senhor o que também vos ensinei” (I Co 11.23) — ele estava revestido de autoridade em
seu ensino por baseá-lo naquilo que havia recebido do próprio Senhor Jesus. Em
outras palavras, Paulo não quis construir um edifício por si mesmo, de sua própria
sabedoria e invenção, mas ensinou o que aprendera de Jesus Cristo.
Observe também o testemunho de Pedro em II Pedro 1.13-16.
Os Escritos do Novo Testamento são autênticos e revestidos de autoridade, pois
em última análise, fluíram da pessoa, obras e ensino de Cristo Jesus.
Qualquer teologia que colida com a pessoa de Jesus em sua historicidade e
divindade — caráter milagroso de sua obra — é falsa e perniciosa ao Reino de Deus.

O Reino de Deus – O que é?

Afinal qual é a interpretação correta da mensagem de Jesus: “ É chegado o Reino de


Deus?”
“De Agostinho aos reformadores, o ponto de vista dominante foi que o Reino, de
um modo ou de outro, deveria ser identificado com a Igreja”.
Atualmente, este ponto de vista é raro, mesmo entre os teólogos católicos.
Outros têm argumentado sobre um Reino futuro e totalmente escatológico.
A maioria dos eruditos não têm considerado o “Reino de Deus” como
exclusivamente escatológico. Rudolf Bultmann aceitou a aproximação iminente do
Reino escatológico como a interpretação correta da mensagem de Jesus: “ É chegado o
Reino de Deus”.
Mas o verdadeiro significado do Reino deve ser compreendido em termos
existenciais: a proximidade e a exigência de Deus”.
Tem havido um sem-números de interpretações não escatológicas do Reino de
Deus. Muitos eruditos têm interpretado o Reino primariamente em termos da
experiência religiosa pessoal — o reino de Deus na alma do indivíduo.
Na Grã-Bretanha, a interpretação mais influente tem sido a de C. H. Dodd,
conhecida como Escatologia Realizada’”. Ele compreende a mensagem apocalíptica
como uma série de símbolos que representam as realidades que os homens não
entenderiam de um modo direto.

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Dodd, minimizou o aspecto futurista do Reino, mas em sua última publicação (The
Founder of Christianity, 1970) ele admitiu que o Reino ainda aguarda a consumação
"além da história".

"Se há algum tipo de consenso entre a maioria dos eruditos, este é que o Reino é, em algum
sentido, tanto presente quanto futuro"

Em certos círculos evangélicos na América e Grã-Bretanha, uma perspectiva bem


recente a respeito do Reino tem alcançado grande influência.
Uma crítica ampla sobre esta perspectiva pode ser encontrada no livro de G.E.
Ladd, Crucial Questions About the Kingdom of God(Questões cruciais sobre o reino
de Deus) (1952). Partindo da Idéia de que todas as profecias que o Velho testamento
fez com relação a Israel precisam ser literalmente cumpridas, os dispensacionalistas
têm feito uma forte diferenciação entre o Reino de Deus e o Reino dos Céus. O Reino
dos Céus significa o domínio dos céus (Deus) sobre a terra e tem referência primária
ao Reino teocrático de natureza terrena prometido ao Israel do Velho Testamento.
Somente o Evangelho de Mateus nos fornece o aspecto judaico do Reino.
Quando Jesus anunciou que o Reino dos Céus estava próximo, estava fazendo
referência ao reino teocrático terreno prometido a Israel (O reino de Deus
estabelecido na Terra). Entretanto, Israel rejeitou a oferta do Reino, e, em lugar de
estabelecer o Reino para Israel, Jesus introduziu uma nova mensagem, oferecendo
descanso e serviço para todos os que cressem, iniciando a formação de uma nova
família de fé, que se faz presente ao longo das linhas de separação racial, eliminando-
as (a igreja).
O mistério do Reino dos Céus mencionado em Mateus 13 representa a esfera da
profissão de fé cristã — cristandade — que é a forma assumida pelo domínio de Deus
sobre a terra entre os dois adventos de Cristo. O fermento (Mateus 13.33) sempre
representa o mal; no Reino dos Céus — a igreja militante — a verdadeira doutrina
será corrompida pela doutrina falsa. O Sermão do Monte é a lei do Reino dos Céus —
a Lei Mosaica do Reino teocrático do Velho Testamento, interpretada por Cristo,
destinada a ser o código de conduta do Reino aqui na terra.
O Reino dos Céus, rejeitado por Israel, será consumado no evento da volta de
Cristo, quando Israel será convertido e as promessas do Velho Testamento a respeito
da restauração do Reino de Davi serão literalmente cumpridas. O princípio básico
desta linha de pensamento teológico é que há dois povos de Deus — Israel e a Igreja
— com dois destinos, sob dois programas divinos.

Outros escritores recentes tem interpretado o Reino basicamente do mesmo modo


em termos do descortinamento da história da redenção. O Reino de Deus é o
domínio real de Deus, que tem dois momentos: um cumprimento das promessas do
Velho Testamento na missão histórica de Jesus e uma consumação ao fim dos
tempos, inaugurando a Era Vindoura.

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O Deus do Reino

O Reino é o Reino de Deus, não do homem: Deus sempre é visto como governador
soberano sobre todos (inclusive no judaísmo).
Deus sempre tem sido o superintendente que providencia toda a existência
humana. No presente tem manifestado sua atuação redentora em Cristo e no final
revelará sua glória na consumação dos tempos e no surgimento da Era Vindoura.

Ele é “O Deus que Busca”

Aquele que deve ser conhecido pela experiência e não apenas ensinado pela
comunicação intelectual.
A Chegada do Reino, anunciava uma possibilidade nova e desconhecida, que
Deus estava intervindo na História através de Jesus, buscando o pecador, num ato
gracioso e redentor. Jesus veio para ministrar aos pecadores (Marcos 2.15-17);
"O centro das ‘boas-novas’ sobre o Reino é que Deus tomou a iniciativa de buscar e
achar aquilo que se havia perdido".

Ele é "o Deus que convida"

Jesus descreveu a salvação escatológica em termos de um banquete ou festa para a


qual muitos foram convidados (Mateus 22.1; Lucas 14.16; Mateus 8.11).

“Jesus conclamou os homens ao arrependimento, mas a intimação foi também um


convite.”

Ele é “o Deus que julga”

Enquanto Ele busca o pecador, seu atributo de justiça o mantém no posto de Juiz
para aqueles que rejeitam seu Dom gracioso e salvador.
“O reverso de herdar o Reino será sofrer a punição do fogo eterno” (Mt 25.34,41).
Este destino escatológico, é uma decisão determinada pelo pecador em resposta ao
convite salvador de Cristo Jesus (Mc 8.38 e Mt 10.32,33).
A figura da galinha ajuntando seus pintainhos é do Antigo Testamento (Dt 32.11;
Sl 17.8; 36.7) onde o judeu ao converter um gentio, é visto como trazendo-o sob as
asas da Shekinah (a presença de Deus). O sentido simples, é o de introduzir os
fariseus no Reino de Deus, mas a rejeição fez Jesus chorar conhecendo o que lhes
esperava: "e te sitiarão" (Lc 19.41-44).
Ao rejeitar a chamada graciosa a catástrofe histórica ficou determinada trazendo
morte e destruição.

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Paternidade

O Deus paternal. Deus busca pecadores, convidando-os a que se submetam ao seu


domínio para que possa ser seu Pai. O justificado por Cristo entrará no Reino Eterno
de seu Pai (Mateus 13.43). É o Pai quem preparou a graça bendita a que os filhos
herdarão no Reino (Mateus 25.34)
Na oração dominical, Jesus ensina a pedir que o Reino venha, tal é o gozo dos
remidos pelo mesmo (Mateus 6.10).
O conceito de Pai tem raízes no Antigo Testamento. A Paternidade é expressa em
decorrência da Aliança entre Deus e Israel: “Israel é meu primogênito” (Ex 4.22); Deus é
o Pai da nação (Dt 32.6; Is 64.8; Ml 2.10).
A Paternidade Universal de Deus somente pode ser entendida no sentido
potencial, e não real. Deus como Pai de todas as criaturas, alimenta-as, mandando
chuva sobre os maus e os bons ( Mt 5.44). Na parábola do Filho Pródigo em Lucas
15, a verdade central é que Deus Busca o Pecador e que o lugar próprio do homem é
na casa do Pai.
A linguagem aramaica abba foi vestida pelo grego em Romanos 8.15 e Gálatas 4.6.
No sentido aramaico, significa a linguagem infantil semelhante ao nosso
“paizinho”.
Jesus proibiu usar esta palavra no uso diário como um título de cortesia (Mt 23.9);
Os discípulos deveriam reservar este termo apenas para Deus. Abba representa a
nova relação de confiança e intimidade que Jesus conferiu aos homens.

O Mistério do Reino

O mistério do Reino é a vinda do Reino para a história como uma espécie


adiantamento de sua manifestação apocalíptica.
Em resumo, ele significa o cumprimento sem consumação. Esta é a verdade singular
ilustrada pelas várias parábolas de Marcos 4 e Mateus 13.
A chamada dos doze discípulos por Jesus para participarem de sua missão tem
sido amplamente reconhecida como um ato simbólico, no qual se demonstra a
continuidade entre os seus discípulos e Israel. Que os doze representam Israel, pode
ser demonstrado pela atuação escatológica que lhes foi atribuída. Eles devem sentar-
se nos doze tronos, a julgar as doze tribos de Israel (Mateus 19.28; Lc 22.30). Quer
esta expressão signifique que os doze devem determinar o destino de Israel através
do julgamento ou devem governar sobre eles, os doze estão destinados a
encabeçarem o Israel escatológico.
O número 12 simboliza a transição entre o Israel passado e o Israel escatológico.
Ekklesia passou a ser um termo bíblico que designa Israel como a congregação ou
assembléia de Yahweh.

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“O Reino de Deus é o domínio redentor de Deus, ativo dinamicamente, visando estabelecer
seu governo entre os homens, e que este Reino, que aparecerá como um ato apocalíptico na
consumação dos tempos, já entrou para a história humana na pessoa e missão de Jesus com a
finalidade de sobrepujar o mal, de libertar os homens do seu poder e propiciar-lhes a
participação das bênçãos da soberania de Deus sobre suas vidas”.

“A vós vos é confiado o mistério do reino de Deus, mas aos de fora tudo se lhes diz por
parábolas; para que vendo, vejam, e não percebam; e ouvindo, ouçam, e não entendam; para
que não se convertam e sejam perdoados” (Marcos 4.11-12).

A Ética do Reino

Mateus 22.40 Resume todo o ensino ético de Jesus.


É a lei do amor.

Títulos Messiânicos de Jesus

I – “FILHO DE DEUS”
II – “FILHO DO HOMEM”

A compreensão do sentido escriturístico desses dois títulos vem a ser uma


contribuição a mais para a compreensão da pessoa de Jesus, de sua natureza, de seus
ensinos e de sua missão neste mundo, e, dessa maneira, contribuição também para a
formação de uma teologia autenticamente bíblica em seu conteúdo e dinâmica em
seus efeitos.

I - "FILHO DE DEUS"
Título muito empregado no Antigo Testamento. Os discípulos o ouviram e
entenderam em seu sentido escriturísticamente acostumados.

Uso no Antigo Testamento

1. Aplicado a anjos.

2. Aplicado aos juízes de Israel. (Sl 82.2,6,7)

3. Aplicado ao povo de Israel. (Dt 14.1; Êx 4.22; Os 1.10)

4. Aplicado ao rei teocrático. (Sl 2.6,7)

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Uso nos Evangelhos

Jesus usou este título apenas indiretamente:

1. Referindo-se a Deus como seu Pai (Mt 11.22 e Jo 5.17,18).

2. Narrando a Parábola dos lavradores maus ( Mc 12.6).

3. Confirmando no Julgamento pelo Sinédrio (Mc 14.61,62).

4. Chamando Deus de Pai na oração agonizante no Getsêmani (Mc


14.36).

Outras pessoas aplicaram o título a Jesus:

1. Evangelho de João 20.31. Explicando a finalidade do Evangelho.

2. A voz de Deus: no batismo de Jesus e no episódio da


transfiguração (Mc 1.11; Lc 3.22; Mt 3.17; Mt 17.5; Mc 9.7; Lc
9.35)
3. Na tentação, Satanás diz (Mt 4.3).

4. Na possessão do Gadareno os demônios o reconheceram (Mt 8.29).

5. Pedro o declara em nome do Colégio Apostólico (Mt 16.16,17).

Os Três Sentidos do Título "Filho De Deus"

1. O sentido messiânico

Só poderia ser usado por aquele que fosse realmente o Messias — o Rei de Israel
(Mt 16.16-20); o Ungido, o Enviado por Deus para redimir a Israel e toda a
criação. Jesus confirmou no Sinédrio (Mc 14.61). Jesus suportou, sendo
escarnecido na cruz (Mt 27.40; Mc 15.32).

2. O sentido ético

Denota que Jesus tinha uma relação especial, íntima e obediente a Deus,
tornando-se jus ao título por atuar intensamente em todos os seus ideais,
propósitos e obra.

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3. O sentido metafísico

Jesus tem a mesma essência e natureza de Deus. Jesus é igual ao Pai. No ventre
da virgem Maria, Jesus foi gerado, não criado, não houve começo para Deus. Ele
veio ao mundo e se encarnou — como Jesus histórico (Jo 1.1) Ele disse: "Antes que
Abraão existisse, eu sou" (Jo 8.57,58).

II - "FILHO DO HOMEM"

Entender o significado desse título, implica em resultados dinâmicos em nosso


posicionamento e em nossa atuação como servos de Deus no mundo. "Filho de"
significa: "o que tem a natureza de" ou "o que tem participação com".
Esse título identificou Jesus Cristo com o ser humano e participante dessa
natureza, de suas fraquezas, limitações e necessidades; também de seus objetivos e
de seu destino; menos de sua pecaminosidade. Jesus levou sim as suas dores, “se
fazendo pecado” (não pecador) por nós, para assumir a penalização, conforme Isaías 53
e Filipenses 2.7,8.

Esse título proclamou sua humanidade.

Sentido do Título no Antigo Testamento

Aparece às vezes no VT, só para designar a pessoa humana.

"Deus não é homem... nem filho do homem..."(Nm 23.19)


"Que é o homem... e o filho do homem para que o visites?"(Sl 8.4)

"Eu sou aquele que vos consola; quem pois és tu para que temas o homem, que é mortal, ou
o filho do homem que se tornará em feno?" (Is 51.12)

No livro do profeta Ezequiel, as dezenas de vezes em que o termo é empregado,


refere-se ao profeta que é de natureza terrena e humana, mas autorizado por Deus
(Ez 2.1).
Já no livro de Daniel, o termo aparece no sentido messiânico, designando aquele
ser especial e sobrenatural, revestido de glória e poder, que vem da parte de Deus
para estabelecer um reino eterno. (Dn 7.13,14)

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Sentido do Título Usado por Jesus

Davis, em o Dicionário da Bíblia, diz que 78 vezes o título "filho do homem" é usado
no NT.
O Senhor Jesus fez uso deste título inúmeras vezes, identificando-se com a profecia
de Daniel (Dn7.13,14,26,27).

Em Mt 24.30 lê-se: "Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem..."

Em Mt 25.31,32: "E quando o Filho do homem vier em sua glória e todos os anjos.... se
assentará no trono da sua glória... e apartará uns dos outros..."
Este título no cumprimento da profecia de Daniel nos consola, dando-nos a certeza
de que Jesus Cristo já inaugurou o seu Reino Eterno entre nós.
Isto nos motiva a manter nossa posição de servos, que paciente e
perseverantemente prosseguem na expansão do Reino, pregando, ensinando e
discipulando.
Ele identificou-se conosco através dos sofrimentos, carências, tentações, porém,
vencendo em tudo e tirando o pecado do mundo.
Nós agiremos de tal modo, que resguardaremos o Evangelho das ideologias
políticas, das distorções religiosas de falsos profetas, para apresentar o Evangelho, a
sã doutrina em conquista de almas através da obra missionária.

Identificando-nos assim com os nossos semelhantes, conscientes de suas misérias,


condenação e penalização sem Cristo e saindo do aconchego dos templos para buscar
as almas perdidas pelas ruas, praças, casas e favelas, na certeza da esperança de que
em breve veremos aquele que se identificou como o Filho do Homem, para ajudar os
homens em suas fraquezas.

Nova Era

No período interbíblico, em lugar da voz viva dos profetas do SENHOR, surgiram


duas correntes religiosas:

• A religião dos escribas que interpretava a vontade de Deus somente em termos


de obediência à Lei escrita, interpretação feita pelos escribas;
• E a religião dos apocalípticos que incorporavam à Lei suas esperanças numa
salvação futura apocalíptica em que Deus reinaugurasse o Seu Reino.

João Batista, segundo Lucas 1.80, atingindo sua maturidade sentiu forte
necessidade de sair dos grandes centros, e foi para o deserto ( eruditos mais recentes
como Brownlee, J.A. T. Robinson, e Scobie estão certos de que ele era membro da
Seita de Qunram, e esta é uma possibilidade óbvia, porém é melhor que fique no

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campo da especulação). permanecendo por anos lá, (parece que meditando)
esperando a manifestação de Deus.
Em Lucas 3.2, João surgiu no vale do Jordão pregando o batismo de
arrependimento, de modo profético anunciando que o Reino de Deus está próximo.
Sua indumentária: manto de pêlos e cinto de couro (parece ser uma imitação dos
sinais característicos de um profeta.
Em João 1.21, João negou ser o Cristo ou Elias.
Sua atuação foi dentro dos moldes tradicionais de um profeta.
Sua mensagem: ele anunciava (com autoridade profética recebida da Palavra de
Deus) a grande ação interventora do SENHOR na história para manifestar o seu
poder real, e que portanto, antecipadamente todos deveriam se arrepender, e como
evidência submeterem-se ao batismo.

Seu ministério criou uma Nova Expectativa, a expectativa por um novo tempo ou
uma nova era na vida do povo judeu.
Pode-se imaginar o clima e a reação do povo diante de um profeta portador de uma
mensagem vívida e carregada de autoridade divina. Toda Judéia logo ficou
sabendo, e multidões começaram a se dirigir para o rio Jordão, onde Ele pregava (Mc
1.5) assim ouvindo-o se submetiam ao batismo e suas exigências (Mc 11.32; Mt 14.5).

O Batismo de João

Em virtude de Israel se considerar um povo especial — o povo de Deus — entre


todas as nações, não há na literatura apocalíptica ênfase à conversão.
Para O Reino vindouro é necessário uma preparação.
João clama o povo ao arrependimento (metanoia = voltar-se do pecado para Deus)

O batismo de João rejeitou todas as idéias de uma justiça legalista ou nacionalista


e exigiu um retorno moral e religioso para Deus. Ele rejeitou a idéia de um Israel
justo, idéia que era fixa na mente do povo judeu. João anuncia que somente aqueles
que se arrependem é que manifestam frutos dignos.
O batismo para João é a expressão do arrependimento, e este sim é que resulta no
perdão dos pecados.

A Origem do Batismo de João

Não se sabe com precisão o fundo histórico do batismo de João. Os eruditos estão
em desacordo quanto a isso.
Uns pensam que João adaptou as abluções (banhos diários de purificação) dos
membros da sociedade de Qumram para o seu batismo de arrependimento.

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Outros há que encontram fundo histórico do batismo de João no batismo judaico
de prosélitos.
Há semelhanças entre o batismo de João e o batismo de prosélitos judaicos e entre
o batismo de João e as abluções diárias dos membros da sociedade de QUMRAM(
essênios).
Em ambos os ritos, tanto no batismo de João quanto no de prosélitos, o iniciante era
imergido ou imergia-se completamente na água. Fazia uma confissão de
rompimento ético com a sua maneira primitiva de viver e de dedicação numa nova
vida.
O Rito era uma vez só realizado.

De uma coisa tem-se certeza: o batismo de João tinha por objetivo preparar o
povo para a era vindoura — caráter escatológico.

Enquanto o de prosélitos era aplicado somente a gentios, o de João era para os


Judeus.

Seja qual for o fundamento histórico, João dá um novo significado ao rito da


imersão por chamar o povo ao arrependimento, tendo em vista a aproximação
do Reino de Deus.

A Crise Iminente

A iminente intervenção de Deus no Reino, a que João anunciou, envolvia:


• Um duplo batismo – Mt 3.11 e Lc 3.16 - Com o Espírito e com fogo;
Um modo de compreender, é o de que João anunciou um único batismo mas que
inclui dois elementos: a punição dos ímpios e a purificação dos justos.

Em outro ponto de vista, aquele que estava por vir batizaria os justos com o
Espírito Santo e os ímpios com o fogo.

No Antigo Testamento existe uma ampla base acerca de um derramamento


escatológico do Espírito (Isaías 44.3-5 profecia sobre o "Servo"). Este elemento é
básico para efetivar a transformação da era messiânica, assim o Rei messiânico
reinará em justiça e prosperidade, e a justiça e a paz irão prevalecer (Is 32.15).
Ezequiel 37.14 promete a ressurreição de Israel quando Deus colocar seu espírito
dentro de cada israelita.
Deus então dará ao seu povo um novo coração e um novo espírito, através do
Espírito Santo, capacitando-os a andar em obediência à Sua vontade.
Joel 2.28-32 Aponta para o dia do Senhor, semelhantemente, identifica que um
grande derramamento do Espírito e sinais apocalípticos, identificará o tempo(dia) do
Senhor.

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João estava indicando que as promessas eram iminentes, é tempo de
arrependimento e de produzir frutos dignos de arrependimento. Dentro dessa idéia:

• Alguns seriam batizados com o Espírito (celeiro)


• Outros seriam mandados embora em juízo. (fogo)

Para João o evento do Messias sugere o término da era presente e a inauguração da


Era Vindoura.

No VT ele é identificado como um rei Davídico e o agente para o estabelecimento


do Reino

Jesus e João

Jesus explicou o significado do ministério de João conforme está registrado em


Mateus 11.2 s
João ao ouvir as obras que Cristo realizava, questionou. Porquê?
O problema é que tais atos e realizações não eram aqueles que João esperava. Não
havia acontecido, até então, nenhum batismo do Espírito nem de fogo. O Reino não
havia chegado. O mundo permaneceu como estava anteriormente. Tudo o que
Jesus estava fazendo era pregar o amor e amar às pessoas enfermas. Não era isto o
que João esperava.
Assim como qualquer judeu questionaria, João Batista questionou se Jesus era de
fato aquele que deveria inaugurar o Reino de Deus em poder apocalíptico.

A resposta de Jesus

Jesus indicou que a profecia messiânica de Isaías 35.5-6, estava se cumprindo em


seu ministério. Era chegado os dias do reinado messiânico.
Jesus louvou a João de modo elevado e asseverou que João era o “Elias” que
deveria proclamar o Dia do Senhor” Conforme a profecia de Malaquias 4.5.
Segundo Jesus, ninguém maior do que João, o Batista jamais existira.
Nas palavras de Jesus, João foi o maior de todos os profetas, o mais importante
homem nascido de mulher até então.
Concluímos que Jesus quis dizer que João é o maior dos profetas; de fato, ele é o
último dos profetas. Com ele, a era da Lei e dos profetas tinha chegado ao seu fim.
A partir dos dias de João, o Reino de Deus está operando no mundo, e o menor nesta
nova era desfruta e conhece bênçãos maiores que as desfrutadas por João, porque
participa de uma nova comunhão pessoal com o Messias e das bênçãos que este fato
confere. João é o arauto, assinalado que a antiga era havia chegado ao seu fim e a
nova era estava irrompendo no horizonte.

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 17


A Teologia do novo Testamento nos escritos de
João
João Batista no quarto Evangelho

Neste Evangelho, a narrativa acerca de João é bem diferente das encontradas nos
Sinópticos: João descreve o Messias como aquele que é o Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo ( Jo 1.29 ).

Segundo a crítica moderna, isto significa uma reinterpretação radical do ministério


de João feita pela igreja cristã à luz do ministério real de Jesus.
A proclamação apocalíptica é colocada de lado em favor da soteriologia. Para a
crítica moderna, consequentemente, a narrativa do Evangelho de João não é histórica,
mas uma reinterpretação teológica. Contudo, esta conclusão é quase desnecessária e
ignora certos fatos importantes.
O registro tal qual ele se encontra em nossos textos é historicamente consistente e
demonstra uma perspectiva psicológica correta. A narrativa encontra no Evangelho
de João pressupõe os eventos descritos nos Evangelhos Sinópticos. Isto é claramente
indicado em João 1.32-33, onde o batismo de Jesus já havia acontecido, e pelo fato de
que o grupo comissionado pelos sacerdotes e levitas, para argüir a João quanto à sua
autoridade para fazer o que estava fazendo, deve ter sido ocasionado por eventos
como os que se encontram descritos nos Evangelhos Sinópticos.
O Quarto Evangelho não pretende dar uma história diferente da narrada pelos
Sinópticos, mas representa uma tradição independente.”
Devemos entender a proclamação complementar que João fez acerca do ministério
messiânico de Jesus, como “a própria interpretação que João fez de sua experiência no
batismo de Jesus, iluminada por uma inspiração profética posterior”.
Deve ser lembrado que, se bem que haja vários pontos de contato entre o
ministério de João Batista como narrado nos Sinópticos e o pensamento escatológico
e apocalíptico contemporâneos aos seus dias, os elementos de divergência são ainda
mais destacados.
A mesma inspiração profética que impulsionou João a proclamar a iminência da
atividade divina para a salvação messiânica agora, à luz de sua experiência com
Jesus, o impele a acrescentar uma outra palavra.
No Batismo de Jesus, João reconheceu que a Pessoa que se apresentava
diferia em qualidade dos outros homens. Jesus não tinha pecados a confessar nem
um sentimento de culpa que o levasse ao arrependimento. Não podemos dizer se o
reconhecimento de João a respeito da impecabilidade de Jesus foi baseado em um
diálogo em que ele lhe tenha formulado perguntas ou somente na iluminação
profética. Provavelmente ambos os elementos estiveram envolvidos. De qualquer
forma, João estava convencido de sua própria pecaminosidade em comparação com a
impecabilidade de Jesus.

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O Dualismo Joanino - Os Dois Mundos

Na teologia Joanina, encontramos um dualismo aparentemente diferente ao dos


Sinópticos. Nos Evangelhos Sinópticos, o dualismo “é primariamente horizontal:
• Um contraste entre duas eras — a era presente e a era vindoura. Nos Sinópticos a
“era presente” ou “esta era” equivale a expressão “este mundo”.

O dualismo de João é primariamente vertical:


• Um contraste entre dois mundos — o mundo superior ( de cima ) e o mundo
inferior ( de baixo ):
“Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo” (Jo 8.23).
O dualismo Joanino representa quase sempre um contraste entre “este mundo”
como mal, sob o governo do Diabo (16.11) e o mundo de cima — de Deus (18.36).
“Jesus veio para ser a luz deste mundo (11.9). A autoridade de sua missão não
procede “deste mundo”, mas do mundo de cima — de Deus (18.36). Quando a sua
missão estiver cumprida, ele deve partir “deste mundo”(13.1). Jesus veio dos céus
para cumprir uma missão que ele recebeu de Deus (6.38).

Trevas e Luz

O mundo de baixo é do mal, recusa-se a aceitar a luz, é governado pelas trevas


(Mal), mas o mundo de cima é de Deus — da luz, Jesus veio trazer a verdadeira luz
para os homens não permanecerem mais nas trevas, a fim de praticarem a verdade
sem tropeço (1.5; 8.12; 9.5; 11.9; 12.35.46). Os que desprezam a luz, descrêem em
Jesus, coroam o Mal.

Carne e Espírito

Outro contraste no dualismo Joanino está no sentido em que carne é pertencente


ao reino de baixo; e Espírito, ao que é de cima. A carne (não é pecaminosa, pois o
"Verbo se fez carne" (Jo 1.14) representa a fraqueza e impotência do reino (inferior)
humano, limitado, gerado na "vontade da carne" ( Jo 1.13) e que é incapaz de elevar-
se à vida do mundo de cima ( Jo 6.63). “O que é nascido da carne é carne”( Jo 3.6); o
homem mortal precisa nascer de cima — do Espírito, para compreender,
experimentar e participar do Dom e das Bênçãos do reino de Deus (Jo 3.12). Jesus,
(vindo de cima) instituiu uma nova ordem de adoração, sem Jerusalém ou Gerizim,
substituiu escatologicamente instituições temporais (humanas) como o Templo, ao
introduzir que a adoração é espiritual "em espírito e em verdade" (Jo 4.24).

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Kosmos

João fez uso deste termo ("mundo"- kosmos) para designar a obra criada como um
todo (17.5, 24); como a terra em particular (11.9; 16.1; 21.25), como designando (por
metonímia) o gênero humano (12.19; 18.20; 7.4; 14.22). Destaque especial ao uso
como sendo a — humanidade — o objeto do amor e salvação de Deus (3.16, 17; 4.42;
1.29 e 6.33) Deixa transparecer que o mundo criado não é mal, pois "Todas as coisas
foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez" (Jo 1.3), o mundo
criado, continua sendo de Deus.

Kosmos: O Homem em Inimizade com Deus

Um uso diferente do termo, não encontrado nos Sinópticos, é que além de


habitantes e objeto do amor de Deus, kosmos caracteriza a humanidade decaída,
rebelde e alienada de Deus(7.7; 15.18; 17.25). O kosmos (humanidade) se afastou de
Deus para servir aos poderes malignos, isto sim é mal (12.31; 14.30; 16.11; ver I Jo
5.19). A vinda de Jesus originou uma divisão entre os homens do kosmos (15.19) e os
escolhidos por Jesus que por sua vez formam uma nova comunidade organicamente
em Cristo (17.15) no mundo, não pertencendo ao mundo (17.16), mas aborrecida pelo
mundo (15.18; 17.14). Os discípulos têm uma missão (continuação da missão de
Jesus) são enviados ao mundo (17.18), através da obediência e santificação, Deus os
guarda do mal (17.6,17,19,15).

Esta separação do gênero humano em povo de Deus e povo do mundo não é


portanto, uma divisão absoluta. Os homens podem ser transferidos do mundo para a
condição de povo de Deus por ouvir e responder à missão e mensagem de Jesus.
Dessa forma, os discípulos devem perpetuar o ministério de Jesus no mundo a fim de
que os homens possam conhecer o evangelho e ser salvos do mundo. O mundo não
pode receber o Espírito, pois, de outra forma, ele deixaria de ser o mundo, mas
muitos, no mundo, aceitarão o testemunho dos discípulos de Jesus (17.20,21), e crerão
nele, mesmo sem jamais o terem visto.

Satanás

João não registra a luta de Jesus com os poderes das trevas (Satanás e
demônios), ele simplesmente descreve a existência sobrenatural de um poder
maligno (8.44; 13.2), que é “príncipe”(archon – governador, senhor - é assim que
Satanás é denominado nos Sinópticos - Mt 12.24) deste mundo e que está
procurando vencer Jesus, embora seja impotente para tal.

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Pecado

Nos Sinópticos hamartia (pecado) foi utilizado para descrever os atos de pecado,
manifestações de pecado. Em João há uma ênfase maior, colocada sobre o princípio
do pecado. O Espírito Santo deve convencer o mundo do pecado (16.8). O pecado é
um princípio que, neste estágio, se manifesta na descrença em Cristo. Todo aquele
que vive na prática do pecado está em escravidão — é um escravo do pecado (8.34).
O pecado humano é servidão ao poder demoníaco e, conseqüentemente, completa
separação de Deus. A menos que os homens creiam que Jesus é o Cristo, morrerão
em seus pecados (8.24).

Trevas é sinônimo de pecado, indicando que o caráter do mundo é


pecaminoso(trevas). O mundo procura engolfar (apanhar) os que andam na luz
(12.35), mas quem anda nas trevas ignora como e onde vai (12.35), Jesus o Logos de
Deus, é o único que dissipa as trevas, quem nele crê, recebe a luz e torna-se filho da
luz (12.36).

Pecado é descrença

A frase, crer em Cristo (pisteuoeis), aparece apenas uma vez nos Sinópticos (Mt
18.6), mas em João, 13 vezes nas palavras de Jesus, e 29 vezes na interpretação de
João. Ela é importante porque expressa a essência da justiça, por outro lado, a
descrença é a essência do pecado (16.9), se os homens não crerem perecerão (3.16)
permanecendo a ira de Deus sobre eles (3.36) morrerão em seus pecados (8.24).

Morte

João não fala muito sobre a morte, a não ser como um fato a respeito da existência
do homem no mundo. Ele não oferece especulações a respeito da origem, quer de
Satanás, do pecado, ou da morte. À parte da vida trazida por Cristo, a raça humana
está entregue à morte, e é responsável por este fato, em virtude de ser pecaminosa. A
morte é característica deste mundo, mas a vida veio a este mundo procedente de
cima, a fim de que todos os homens possam escapar da morte e entrar para a vida
eterna (5.24).

Dualismo Escatológico

Assim como nos Evangelhos Sinópticos há uma proclamação da salvação no


Reino de Deus escatológico, por meio de Jesus que invadiu a história pessoalmente

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para cumprir sua missão. João anuncia "uma salvação presente na pessoa e missão de
Jesus, a qual terá uma consumação escatológica". O dualismo de João é bíblico, pois
proclama a visitação de Deus encarnado na história humana, e a meta final que é a
ressurreição, o julgamento e a vida na era vindoura.
O mesmo dualismo, com seu duplo aspecto, caracteriza os escritos bíblicos. Se
bem que a estrutura básica dos Evangelhos Sinópticos revela um dualismo
escatológico — a mensagem de um Reino escatológico que irrompeu na história e na
pessoa de Jesus — os Evangelhos refletem também um dualismo vertical. O céu é
concebido como a habitação de Deus, ao qual os discípulos de Jesus ficam
dinamicamente relacionados.
Os que conhecem a bênção da soberania de Deus e sofrem por ele alcançarão
grande recompensa nos céus (Mt 5.12). Jesus desafiou os homens a ajuntar tesouros
nos céus (Mt 6.20).
A ilustração mais viva é o Apocalipse do Novo Testamento, onde João é
arrebatado aos céus em uma visão, a fim de testemunhar a revelação do plano
redentor de Deus para a história. Ao passo que ele observa as almas dos mártires sob
o altar celestial (Ap 6.9), a consumação outra coisa não significa senão a descida da
Jerusalém celestial à terra (Ap 21.2).
A estrutura básica da literatura bíblica é que há um Deus nos céus que visita os
seres humanos na história e que efetuará uma visitação final, a fim de transformar
uma ordem — estado de coisas — caída e habitar entre os homens em uma terra
redimida. Isto é completamente diferente do dualismo grego, o qual encontra
salvação no vôo libertador da alma desde o plano da história até o mundo celestial.

O homem sábio que é bem sucedido em dominar suas paixões corporais e permitir
que sua mente reine sobre seus desejos inferiores. Salvação é para aqueles que
dominam suas paixões; e, por ocasião da morte, suas almas serão libertadas de sua
escravidão terrena, corpórea, a fim de, libertas, desfrutarem uma imortalidade
abençoada.

Com relação ao dualismo de Qumran, existem semelhanças no dualismo ético e


escatológico: João usa as mesmas expressões de — luz versus trevas — ao descrever
situações éticas, e também esboça a mesma expectativa do triunfo escatológico final
da luz. Contudo difere do dualismo de Qumran, no fato em que o conflito é entre
dois espíritos, dominando sobre duas classes distintas de homens, mas no Evangelho
o Logos encarnado é a luz, e todos os homens estão em trevas, e são convidados a
virem para a luz.
Também difere acerca da teologia do pecado, "nos escritos de Qumran, os filhos da
luz são aqueles que se dedicaram à estrita obediência à Lei de Moisés, conforme interpretada
pelo Mestre da Justiça, os quais voluntariamente se separaram do mundo” (dos filhos da
perversidade). Em João, “os filhos da luz são aqueles que crêem em Jesus e
conseqüentemente recebem a vida eterna”.

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Para Qumran, as trevas representam a desobediência à Lei; para João, as trevas
simbolizam a rejeição de Jesus."

Concluímos que se houve alguma influência de Qumran nos escritos de João,


ocorreu apenas nos aspectos da linguagem e terminologia característicos, já na
teologia do livro não houve influência.

Arrependimento

No Evangelho de João, Jesus é apresentado como salvador do homem (Jo 3.17 )


pois o homem está perdido.

Para a salvação, é preciso cumprir algumas condições - participação humana (Mt


3.2; Mc 1.15).

Nesse caso, arrependimento é uma das condições. E fé é a outra condição.

Arrependimento é uma mudança de mente (metanóia) e estado, na relação do


homem para com Deus, e para com o pecado.

O verdadeiro arrependimento é aquele que contempla mais a Deus e a sua


justiça, e não meramente os seus pecados e as conseqüências de seus atos, como o fez
Judas. (atitude que pode levar de volta ao pecado).

Arrependimento não é um movimento suspeito que permita a pessoa olhar com


saudade as “delícias” do mundo pecaminoso. Arrependimento é uma volta
completa, pela qual se fixa o olhar em uma direção inteiramente oposta; e desde que
o homem não tem olhos na parte posterior da cabeça, o mundo fica completamente
fora de vista da pessoa arrependida; só Deus fica à sua frente.


Sabemos que o fundamento da salvação é a morte de Jesus Cristo, o que Ele fez
por nós. Como nós nos apropriamos desta tão grande salvação? É pela fé.
João 3. 18-21 fala da fé como condição para que o homem possa apropriar-se da
salvação.
Voltando à figura do pão, poderemos compreender claramente a função da fé. O
que salva o homem da morte pela fome é o pão (ou o alimento que ele representa).
Para o indivíduo apropriar-se do pão, importa que ele o coma. É verdade que o ato
de comer não salva ninguém, o ato é simplesmente o meio pelo qual o pão traz a
salvação. O pão é que salva da morte física, por meio do comer. Assim é o crer em
Jesus.

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A fé, por si só, não pode jamais salvar a ninguém. O crer não salva. Jesus é quem
salva, porém esta salvação só vem por meio da fé; isto é, por crer. A não ser que se
coma do pão, é certa a morte do corpo. A não ser que se creia em Jesus, é certa a
morte espiritual. Crê ou morre, esta é que é a verdade. O ato de alguém crer em Jesus
é em tudo semelhante ao ato de comer o pão para saciar a fome. Pela fé somos salvos
por Jesus.
João não usa a palavra fé no Evangelho, apenas uma vez na I Epístola cap. 5.4.
Para João fé não tem um só significado como acontece nos escritos de Paulo e na
Epístola de Hebreus. No seu entender há uma variedade de fé:

• João 20.31 indica como fé o aceitar um fato e aceitar uma pessoa;


• Em 1 João ao combater o falso agnosticismo, que negava a encarnação de Jesus,
ele registra a fé como sendo uma afirmação de que Jesus é o Cristo nascido de
Deus. (Marta assim confessou João 11.27). Crer aqui é afirmar certos fatos.

Por crer, o crente apodera-se da vida do objeto da sua fé. Do mesmo modo que o
homem pelo ato de comer se apropria da vida, da substância do pão, assim também
o crente pelo uso da fé em Cristo, se apropria de todo o poder e vida que estão em
Jesus Cristo.
No discurso de Jesus sobre o pão da vida, as expressões: ‘vem a mim’, ‘crê em
mim’, são sinônimas de ‘comer da minha carne’ e ‘beber do meu sangue’. Todas
falam da mesma fé forte e vigorosa, ativa e frutífera. Elas ensinam também que o
valor da fé se deriva do seu próprio objeto.
Aparece o verbo crer, às vezes, sem o objeto direto como em João 1.7 e 3.12 “Este
veio para testemunho, para que testificasse da luz; para que todos cressem por ele”
— “Se vos falei de coisas terrenas, e não crestes, como crereis, se vos falar das
celestiais?”

A Função da Fé

A fé propicia vida. Assim como a analogia do pão serve para explicar que
fisicamente o homem vive por comer; espiritualmente vivemos pela fé. Mas assim
também, como o ato de comer não nos salva da fome, também a fé não nos salva da
morte. O pão é que salva, seu exercício poderoso sobre o organismo, sacia a fome.
Assim, Jesus é quem salva, com a sua vida, e o seu poder espiritual.

A Natureza da Fé

A natureza da fé é propiciar o relacionamento vivo, perfeito e vital entre o Deus


Salvador e o homem pecador, é propiciar o remédio espiritual para o estado
espiritual do homem.

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A fé em si mesma é a submissão completa da personalidade a Jesus Cristo. Mas a
fé é mais do que simplesmente um ato da inteligência; envolve a personalidade toda;
é uma submissão voluntária e inteligente da personalidade integral a Jesus Cristo.
Em geral a idéia é que quando alguém pratica o ato de comer, está, por meio deste
ato, entregando a comida ao corpo. Realmente é o contrário; quando comemos não
estamos entregando o alimento ao corpo, mas estamos entregando o corpo ao
alimento. Isto se torna bem claro, supondo que tomássemos um veneno qualquer;
pois vemos logo que o veneno se apossaria do corpo. O que se come domina o
corpo; pois que ele, a fim de assimilar o que come, submete-se à comida. Tem que
ser assim, porque pelo plano de Deus a comida vai agindo dentro do corpo,
expulsando a fome e a fraqueza, edificando e fortalecendo o corpo de muitas
maneiras.
A fé age da mesma maneira. Pela fé o homem entrega-se a Jesus Cristo, o Pão dos
céus, o perfeito alimento que nutre a alma; e Jesus, como o pão, vai agindo dentro da
nossa alma, fazendo a sua vontade. Ele expulsa de nós o pecado, purifica-nos e
fortalece-nos constantemente. A razão por que Ele não faz mais é a nossa imperfeita
submissão.

Salvação Pela Graça

Visto que o homem está num estado pecaminoso, necessitado de salvação, vimos
que a salvação vem de Jesus.

Como a salvação se torna possível ao homem?


I João 1.5,7,9 declara que “Deus é luz e não há nEle nenhuma treva”. A conclusão,
portanto, é que só os que andam na luz serão purificados de todo o pecado.
É de interesse observar também que o pecado de que aqui se fala é o do crente e
não o do descrente. Mas tanto de um como de outro é o sangue de Jesus que nos
purifica.
Estas passagens indicam que a morte de Jesus, referência ao seu sangue, de algum
modo está ligada à salvação, mas não explicam ainda a maneira pela qual a salvação
é proporcionada.
Em I João 3.5 está registrado que Jesus se manifestou para tirar os nossos
pecados; e no Evangelho de João 1.29, Ele é indicado pelo profeta, como: “o Cordeiro
de Deus, que tira o pecado do mundo”. Este último texto está diretamente relacionado
com Isaías 53.7, dando-nos compreensão de que a nossa salvação depende de “Jesus
Cristo, do seu sofrimento e do seu sangue”.

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A Necessidade da Expiação de Jesus

João 12.24 – Jesus diz que o grão de trigo (Ele) deve cair na terra, morrer, para
muito frutificar. (João 32-33 diz que através da morte de cruz atrairá a todos)
Os Escritos do Novo Testamento estão fundados nesta grande verdade, que João
ensina, bem como os outros — o fundamento da salvação é a morte de Jesus Cristo.
Ele fêz o grande sacrifício pelo qual se realizou a nossa reconciliação com Deus.’
João 6.51 diz: “o Pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo”.
Em João 11. 47-53 temos a profecia de Caifás, sumo sacerdote: “convém que um
homem morra pelo povo, e que não pereça toda a nação”.
Mas os dois textos mais importantes que fundamentam a doutrina da nossa
salvação, provavelmente são:

• I João 2.2 onde se indica que Jesus é a propiciação pelos nossos pecados e de todo
o mundo;
• I João 4.10 que revela que Deus nos amou antes, isto é, primeiro, e nos enviou
seu Filho para fazer propiciação pelos nossos pecados.

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 26


A Teologia do novo Testamento nos escritos
Paulinos

A Fé nos Escritos Paulinos

Para o apóstolo, a fé é confiar em Deus, é fazer repousar a alma em Deus ou em


Jesus Cristo; é uma atitude tanto receptora como simpática para com Deus e a sua
graça. Para Paulo a fé também:

• É uma questão de confiança do coração humano na justiça divina (Rm 10.10);


• É no coração que Cristo vem habitar pela fé em amor (Ef 3.17);
• A fé é um princípio ativo de operação numa personalidade receptiva e acionada
pelo amor (Gl5.6);
• A fé é o grande motivo para a obediência e para aplicação às boas obras (1 Ts 1.3;
2 Ts 1.11);
• A fé não atrapalha o crente na obra, ela o dispõe a trabalhar, só é contrária às
obras quando estas se colocam como fundamento da salvação;

A para Paulo, aquilo que é feito sem vir de fé é pecado, isto é, não ter a fé como
fundamento (Rm 14.23).

Uma das frases mais características de Paulo é a frase “crer em Cristo” para
descrever um intimo e pessoal relacionamento entre o crente e o Senhor. É a fé que
propicia a entrada nesta relação espiritual com Cristo, este é o objetivo da fé cristã.
Viver pela fé em Cristo é como Paulo expressou aos Gálatas: “É viver em Cristo, ou
Cristo viver no crente” ( Gl 2.20).
É viver em comunhão muito intima, onde as coisas velhas já passaram, tudo se fez
novo (II Co 5.17).

Gálatas 5.6 Diz que “só a fé operada por amor é que tem valor”’.

Estudo da Pessoa de Cristo na Teologia de Paulo

Nos Evangelhos, Christos é quase sempre um título, raramente um nome próprio.


Em Paulo, Christos tornou-se exclusivamente um nome próprio. V. Taylor acha que
há apenas um lugar onde Christos é usado como título: “e de quem descende o Cristo
segundo a carne” (Rm 9.5).
A experiência de Paulo ao encontrar-se com o Senhor no Caminho de Damasco,
conhecendo-o como o Messias, e não apenas (como no judaísmo) — Jesus de Nazaré.

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 27


É um quadro que mostra a “diferença da avaliação da pessoa de Jesus. Tudo o mais
— sua idéia a respeito da salvação, da Lei, da vida cristã — foi determinado por
isto.”

Nos escritos de Paulo, a fórmula mais simplificada, “Jesus, o Messias”,


desapareceu completamente, enquanto “Jesus Cristo” e a expressão completa “nosso
Senhor Jesus Cristo” são freqüentemente usadas.”
Em Antioquia (Atos 11.26) os crentes pela primeira vez foram chamados de
Christianoi, o que sugere que o termo Christos já seria visto como um nome próprio.
O fato de Paulo falar pouco acerca do Reino de Deus e do messiado de Jesus, se dá
muito provavelmente, pelo fato de estar se dirigindo não aos judeus, mas aos
gentios, num mundo em que “proclamar qualquer rei que não fosse César fazia com
que se ficasse passível à pena de sedição (At. 17.3,7).
O entendimento de Paulo, do Messiado de Jesus, contém uma transformação de
categorias messiânicas tradicionais, pois não é como um monarca terrestre que Jesus
reina de um trono de poder político, mas como o Senhor ressuscitado, glorificado.

Ele foi elevado aos céus (Rm 8.34), onde está assentado à mão direita de Deus (Cl
3.1), e agora reina como rei (I Co 15.25). Contudo, seus inimigos não são mais reinos e
impérios — os inimigos terrestres do povo de Deus — mas poderes invisíveis,
espirituais. O objetivo deste reino é subjugar todos estes inimigos rebeldes sob seus
pés; o último inimigo será a morte (I Co 15.26). Isto corresponde ao fato de que o
próprio Jesus havia recusado um reino terrestre (João 6.15), havia afirmado que sua
lei vinha de uma ordem mais alta e não se baseava em poderes mundanos espirituais
do mal (Mt 12.28).

A Pessoa de Cristo – O Messias é Jesus

Não pode haver dúvida, para Paulo, que aquele que ressuscitou dentre os
mortos e subiu aos céus, e que agora reina como o Messias à mão direita de Deus não
é ninguém além do Jesus de Nazaré. O debate moderno a respeito do Jesus histórico
e do Cristo exaltado sempre obscureceu o pensamento de Paulo, mesmo porque
Paulo nunca levantou fatos bibliográficos a respeito de Jesus.
Se por um lado Paulo não levantou fatos biográficos do Jesus Histórico, ainda que
ele conheceu algo da tradição sobre a vida de Jesus (I Co 11.23) Paulo sabe QUE:

1) Jesus é um israelita (Rm 9.5) da família de Davi (Rm 1.3);


2) Que viveu Sua vida sob a Lei (Gl 4.4);
3) Que Ele tinha um irmão chamado Tiago (Gl 1.19);
4) Que era um Homem pobre (II Co 8.9);
5) Que exerceu Seu ministério entre os judeus (Rm 15.8);
6) Que teve doze apóstolos (I Co 15.5);

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 28


7) Que Instituiu a ceia (I cor. 11.23 e ss);
8) Que foi crucificado, sepultado e ressurgiu dentre os mortos (II Co
4.14; I Co 15.4).

Ele também estava "familiarizado com as tradições sobre o caráter de Jesus" .


Paulo faz menção:

A) Da sua mansidão e benignidade (II Co 10.1);


B) Da sua obediência a Deus (Rm 5.19);
C) Da sua constância (II Ts 3.5);
D) Da sua graça (II Co 8.9);
E) Do seu amor (Rm 8.35);
F) Da sua completa autoabnegação (Fl 2.7 );
G) Da sua justiça (Rm 5.18);
H) Da sua impecabilidade (II Co 5.21).

Ainda que sejam poucas e casuais informações do Jesus histórico, isto não pode
significar que ele fosse um mito, ou um homem com consciência divina, foi porque
ele teve uma experiência com Jesus, o Senhor Exaltado, o que lhe propiciou um
ministério sob a orientação do Espírito, possibilitando-lhe conclusões e implicações
acerca da pessoa divina de Jesus, como uma pessoa já glorificada.
Paulo podia perceber os poderes do Reino que anteriormente estavam em Jesus
(histórico), agora concedidos pelo Espírito Santo para todos os crentes. Assim os
poderes da Era Vindoura, foram libertos das limitações de tempo e de espaço, pois
estas bênçãos não estão mais limitadas pela presença corporal de Jesus na terra.
Tudo o que Paulo fez, foi incluir além do que já havia na História e Missão de
Jesus, a pregação do Jesus glorificado, revelando, expandindo e aumentando tudo o
que a vida, os feitos e as palavras de Jesus significam, expandindo o significado
escatológico total da pessoa de Jesus, seus feitos, sua morte , sua ressurreição e
exaltação.

Jesus, O Senhor.

Esta é a designação mais característica e predominante para Jesus (Kyrios), nos


escritos Paulinos e no cristianismo gentio em geral. As pessoas ingressavam à
comunidade da Igreja através da crença na ressurreição e da confissão de Jesus como
seu Senhor (Rm 10.9; I Co 1.2; At 9.14,21; 22.16; II Tm 2.22). Cristo como Senhor é o
centro da proclamação (II Co 4.5).

É um relacionamento pessoal e da Igreja como um todo:

"Nosso Senhor Jesus Cristo" (28 vezes),

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"Nosso Senhor Jesus"(9 vezes),

"Jesus Cristo nosso Senhor"( 3 vezes).

O confessor, juntou-se à comunidade daqueles que reconhecem que Jesus é o


Senhor, tanto dos vivos como dos mortos ( Rm 14.9), exaltado acima de todos os
poderes (deuses, senhores, quer reais ou imaginários) do kosmos (I Co 8.5,6).
Ali aguarda até o Dia do Senhor (que veio a se tornar o Dia do Senhor Jesus Cristo
- II Tes. 2.2; 1 Co. 5.5; 2 Co. 1.14), quando o último inimigo há ser subjugado aos seus
pés. "Isto é claramente afirmado no grande hino cristológico em Filipenses 2.5-11.
O significado do título Kyrios é encontrado no fato de ser Kyrios a tradução grega
do tetragrama YHWH, o nome convencionado para Deus no Velho Testamento. O
Jesus exaltado ocupa o papel do próprio Deus, no governo do Universo.

Paulo também menciona JESUS COMO O FILHO DE DEUS, com alguma


freqüência (Rm 1.3,4; Gl 4.4)
Jesus é filho único, próprio, o Filho de seu amor - comum em natureza entre Pai e
Filho (Rm 8.3,32; Col. 1.13); A imagem do Deus invisível, o Primogênito (prototokos =
prioridade temporal ou soberania de posição).

Expiação nos Escritos Paulinos

A idéia de que a morte de Cristo contornou o problema do pecado humano e


reconciliou os homens com Deus é uma das idéias centrais do Novo Testamento.

A morte de Cristo é tema central na estrutura do pensamento paulino. Um


exemplo disto é a declaração confessional que Paulo recebeu da igreja primitiva (I Co
15.3).
Em quase todas as suas cartas, Paulo menciona, de uma forma ou de outra:
• A morte de Cristo (Rm 5.6; 8.34; 14.9,15; I Co 8.11; 15.3; II Co 5.15; Gl 2.21; I Ts.
4.14; 5.10);
• Seu sangue (Rm 3.25; 5.9; Ef 1.7; 2.13; Cl 1.20);
• Sua cruz (I Co 1.17 e s; Gl 5.11; 6.12, 14; Ef 2.16; Fl 2.8; Cl 1.20; 2.14);
• Ou sua crucificação (I Co 1.23; 2.2; Gl 3.1; II Co 13.4).

O Amor de Deus

A morte de Cristo é a revelação suprema do amor de Deus.


A cruz é a medida do Amor de Cristo(II Co 5.19; Gl 2.20; II Co 5.14; Ef 5.25)
-

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Expiatória

Paulo vê a morte de Cristo como uma morte expiatória Associada com o ritual e
conceito de sacrifício do Antigo Testamento. Romanos 3.25, por exemplo, faz
alusão à oferta pelo pecado oferecida pelo Sumo Sacerdote no dia da Expiação.
Efésios 5.2 fala de Oferta e sacrifício a Deus em cheiro suave.
Em I Coríntios 5.7 Cristo é nosso cordeiro pascal, sacrificado; através do seu
sangue temos um propiciador (Rm 3.25) que nos justifica (Rm 5.9), nos redime (Ef
1.7), nos aproxima de Deus (Ef 2.13) e nos outorga a paz (Cl 1.20).

Vicária

Teologicamente é usada a palavra "vicária", para significar que Cristo não morreu
meramente como um homem comum e por causa própria. Ele 'morreu por nós'(I Ts
5.10; Rm 5.8, 32; Ef 5.2; Gl 3.13).
Ele indicou que tipo de morte teria (Mc 10.45) "para... resgate de muitos".

Substitutiva

Ele foi o único que não conheceu pecado (II Co 5.21), no entanto ele sofreu a morte
no lugar de todos os culpados (pecadores) que mereciam morrer; por causa dela
fomos libertados da condenação e da experiência da ira de Deus. Cristo já morreu
por todos, "logo todos morreram". Em II Coríntios 5.14; nos identificamos com Cristo
na sua morte.

Propiciatória

A palavra "propiciação" (hilasterion) está no centro da doutrina de Paulo acerca da


morte de Cristo (Rm 3.24,25), "Através da morte de Cristo, o homem é liberto da
morte; ele é absolvido de sua culpa e justificado; é efetuada uma reconciliação, pela
qual a ira de Deus não precisa mais ser temida. A morte de Cristo salvou o crente da
ira de Deus, de modo que ele não mais espera pela ira de Deus, mas pela vida (I Ts
5.9). A culpa e a condenação do pecado foram carregados por Cristo; a ira de Deus
foi propiciada.

Um reconhecimento total do caráter propiciatório, substitutivo, da morte de Cristo


não tem que permitir-nos negligenciar ou menosprezar a doutrina de que a morte de
Cristo, como uma demonstração do amor divino, está designada a atear uma reação
amorosa nos corações dos homens. O objetivo e o caráter substitutivo da morte de

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Cristo como a demonstração suprema do amor de Deus deve resultar numa
transformação de conduta executada pelo poder restritivo desse amor.
Aqueles que reconhecem e admitem este amor têm que submeter-se ao seu poder
controlador; porque Cristo morreu por todos, os homens não devem mais se dedicar
à satisfação de seus próprios desejos, mas a ele, que, por amor a eles, morreu e
ressuscitou (II Co 5.14,15).
A influência moral da morte de Cristo sobre as vidas dos homens não deve ser
ignorada, porque tem-se abusado deste ensino e erroneamente feito dele a verdade
central da expiação. O amor de Cristo manifestado em dar-se a si mesmo como um
sacrifício a Deus deve ser imitado através de se andar em amor ( Ef 5.2). O exemplo
de total humildade de Cristo em submeter-se em perfeita obediência a Deus, mesmo
essa obediência levando a morte na cruz, deve ser emulada pela conduta humilde de
seus discípulos em seus relacionamentos uns com os outros (Fl 2.5 ).
O significado propiciatório, substitutivo, os benefícios do qual devem ser
recebidos, pela fé, como uma dádiva de graça; mas a influência subjetiva de sua
morte, em despertar a reação de amor nos corações dos homens, não pode ser nem
negada nem ignorada. Há tanto uma significação objetiva como uma subjetiva na
morte de Cristo.

Redentora

Palavras usadas no grego clássico e helenístico, denotam que houve um preço


pago para resgatar o homem que estava sob o penhor da escravidão.

Em Tito 2.14 (lutroo) "para nos remir";


Em Marcos 10.45 (lutron) "em resgate de muitos";
Em I Timóteo 2.6 (antilutron) "em resgate por todos" O uso de anti
sugere substituição. A morte de Cristo foi um resgate-substitutivo."
Em Romanos 3.24,25 (apolutrosis) "mediante a redenção" .
Em I Coríntios 6.19,20 (agorazo) "fostes comprados por preço".
Em Gálatas 3.13 (exagorazo) "Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição
por nós".

Triunfante

A morte de Cristo obteve triunfo sobre todos os poderes cósmicos (Cl 2.15). Ele
está reinando até que todos os inimigos sejam postos debaixo de seus pés( I Co
15.24,25). Sejam regentes políticos como Pilatos ou Herodes ou sejam poderes
angelicais, todos estão derrotados na vitória de Cristo na cruz (Cl 2.15).

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O ensino de Jesus sobre o Homem e o Pecado
Sobre o Homem

O estudo acerca da idéia, valor e papel do homem, é fundamental na teologia,


porque deriva disto o entendimento sobre temas doutrinários como evangelização,
salvação, missão da Igreja etc. Também depende o modelo a se adotar na prática, se
a ênfase será social ou individual; se material ou espiritual e se temporal ou eternal.

Jesus nos trouxe uma nova ordem — ordem de reino espiritual, de um povo
constituído por pessoas (homem individual, responsável e consciente)
regeneradas pelo sangue de Jesus Cristo e revestidas da incorruptibilidade pela
ressurreição.

Não tratou o homem-sociedade que exime de responsabilidade o ser individual —


que o caracteriza como fruto do meio social;

Não tratou o homem-totalidade que desvaloriza a individualidade — que


considera a religião como fator de controle da sociedade, manipulado por classes
dominantes.

Jesus não tratou do tema sistematizadamente. Ainda que Ele sabia tudo sobre e o
que havia no homem (Jo 2.25) sem que alguém tivesse que lhe testificar, Ele jamais se
referiu, por exemplo à natureza do homem, expressa e objetivamente. O que os
Evangelhos registram são atitudes e ensinos encontrados no decorrer do ministério
de Jesus a respeito do homem, e que são suficientes para fornecerem uma imagem
clara da doutrina de Jesus sobre o homem.

Jesus Exaltou o Valor do Homem como Indivíduo

Os sistemas sócio-políticos-economicos derivados de ideologias materialistas,


exaltam:

a) O comunismo — a economia
b) O nazismo — a raça
c) O fascismo — a cultura nacional

Neles, ao invés do Estado trabalhar pelo bem de cada indivíduo, o indivíduo age
em função do Estado!!!

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Jesus exaltou "o valor do homem em cada indivíduo de per si, e não na sociedade e
nem em qualquer sistema de vida coletiva."

Para Jesus:

a) São de responsabilidade individual o discipulado e o destino da alma (Lc 9.23-


25).

b) Os indivíduos (pessoas) eram o objeto (não a sociedade) no ministério


de Jesus (Mc. 16.15-16).

c) Jesus ensinou o valor eterno de um só indivíduo (Lc 15.3-7; Lc.


15.10).

d) Jesus socorreu um só indivíduo, em desafio ao poder da religião organizada.


Ex: O homem da mão mirrada (Mt 12.10,13) e o paralítico de Betesda (Jo 5.1-5).

JESUS ENSINOU A NATUREZA INDIVIDUAL E A RESPONSABILIDADE


PESSOAL DO HOMEM

A natureza do homem é individual, completo em si mesmo e completamente


responsável. Contrário ao ensino da filosofia holística que diz ":os organismos
desenvolvem seus membros a partir da totalidade"
No ensino de Jesus não há fundamento algum para o afamado Evangelho social
(homem fruto da sociedade = salvação social), ou para o ativismo político em
substituição à evangelização que visa à salvação das almas, uma por uma.

JESUS CRISTO ENSINOU A IGUALDADE DE TODOS OS HOMENS

Ele não exaltou a raça judaica — estabeleceu entre todos os homens a igualdade
perfeita, derrubando as barreiras da separação entre judeus e gentios, inaugurou o
princípio da universalidade do Evangelho (Lc 24.46,47 ) Conforme Gálatas 3.28,
todos são um em Cristo.

• Conviveu com publicanos ( Mateus Mt 9.9-13);


• Com samaritanos ( Jo 4.1-42);
• Com gentios ( Mc 7.24-30; Mt 15.2).

JESUS CRISTO ENSINOU A POSSIBIDADE DE RECUPERAÇÃO DA


PESSOA HUMANA

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Foi convivendo e tratando os mais desprezíveis tipos de pessoas que Jesus em seu
amoroso ministério, os animou e os convergiu ao arrependimento e fé:

• Zaqueu, o publicano (Lc 19.1-10);


• A mulher adúltera (Jo 8.10,11);
• A mulher samaritana (raça odiada);
• O moço (ingrato e dissipador) da Parábola do Filho Pródigo (Lc 15.11-32);

A teologia do Novo Testamento nos leva á realidade de que não devemos jamais
nos omitir na Evangelização de pessoas socialmente renegadas.

Na prática Jesus nos mostra que no aplicar da disciplina nas igrejas, não podemos e
nem devemos ferir a dignidade da pessoa de modo a obstruir o caminho da
recuperação.

JESUS RECONHECEU E PROCLAMOU O ESTADO PECAMINOSO DO


HOMEM, BEM COMO SUA NECESSIDADE DE RECUPERAÇÃO PESSOAL

A síntese da sua pregação foi "arrependei-vos e crede no evangelho" (Mc 1.15; Mt


4.17).

JESUS ENSINOU A IMORTALIDADE DA ALMA

Em vários momentos do ministério terreno de Jesus isso fica claro:

• Na resposta ao apelo do ladrão na cruz - Lc 23.43;


• Na exortação a temer àquele que faz perecer no inferno a alma e o corpo - Mt
10.28
• Na parábola do Rico e Lázaro — a existência da alma fora do corpo - Lc 16.19-31

No Apocalipse, João viu as almas (imortais) perante Deus (Ap 6.9-17)

Dr. De Haan, baseado em II Coríntios 5.1-4, acredita que há imediatamente após a


morte um revestimento no qual o crente habita enquanto aguarda a volta do Senhor.

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Os ensinos de Jesus sobre o Pecado

JESUS ENSINOU QUE O PECADO É UM ESTADO OU CONDIÇÃO DA ALMA


HUMANA, ANÁLOGA À DOENÇA DO CORPO

”Os sãos não precisam de médicos e sim os doentes; ... e sim os pecadores.”(Mc 2.17)

JESUS ENSINOU QUE O PECADO NÃO É SOMENTE UM MAL OBJETIVO, OU


UM ATO CONSUMADO, CONTRA O BEM; MAS É TAMBÉM A PRÓPRIA
DISPOSIÇÃO ÍNTIMA PARA ESSA PRÁTICA

a) Na Crença judaica pecado é o ato (consumado) de violação da Lei (exteriorização).

b) No ensino de Jesus a má intenção já é pecado (interiorização).

Jesus Ensinou que a Fonte do Pecado é o Coração

Mateus 12.33- Romanos 7.14-24 Lucas 19.1-10

Jesus Ensinou haver Gradatividade no Pecado

a) Pecado por queda - Ocorre quando sem planejamento inicial; não desejado
(porém, também voluntário, é uma decisão que conduz ao ato e à culpa). Ex.: Pedro
negou 3 x a Jesus

É mais fácil arrepender-se (Pedro saiu e chorou amargamente - Mt 25.75)

b) Pecado deliberado - Mediante planejamento antecipado e seguido de


voluntariedade procura a sua consecução.
Exemplo: Judas Iscariotes; Ananias e Safira em Atos 5.1-11
Veja as palavras de Pedro nesse texto de Atos: “Por que formaste este desígnio para
tentar o Espírito do Senhor?” (At 5.4)
O arrependimento e a conversão podem ser mais dramáticos, contudo possíveis,
como no caso do Filho pródigo (Lc 15.11-32)

c) Pecado imperdoável - Pecado de injúria/blasfêmia contra o Espírito Santo. Este


tipo de dolo é profundamente maligno e irreconciliável. Os elementos deste pecado
estão descritos em Mateus 12.22-32.

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 36


Jesus curara um endemoninhado cego e mudo. Os fariseus quiseram levantar o
povo contra Jesus e então disseram que curara pelo espírito de Belzebu (Príncipe dos
demônios)
Atribuir a Satanás a obra realizada pelo Espírito Santo é (tentar) desmoralizar,
injuriar propositada e irreverentemente a obra do Espírito de Deus.
É imperdoável. Chegou ao grau máximo de degeneração e malignidade.

JESUS ENSINOU QUE O EVANGELHO É O ÚNICO REMÉDIO PARA O


PECADO

Nenhuma ação humana, seja ela social, política ou econômica poderá melhorar o
estado interior (espiritual) do homem pecador.
Somente a fé em Cristo como Filho de Deus e seu Salvador — como aquele que
morreu na cruz pelo(substituto) pecador cumprindo a lei “a alma que pecar
morrerá” [Graça + fé + arrependimento = salvação.]

A compreensão do ensino de Jesus sobre o pecado:

• Nos põe em constante vigilância, quanto ao perigo real de queda;


• Nos equipa com conhecimento e saber, para discernir as filosofias e “teologias”
modernas e pós-modernas, as quais desfiguram a verdade evangélica, e tentam
substituir o sangue de Cristo por artifícios humanos (filosofias, religião,
conhecimento, evolução, etc.);
• Nos motiva a uma dedicação cada vez mais consagrada, na proclamação do
evangelho às almas que sabemos – estão perdidas em pecado – e que para as tais
— Jesus é a única esperança!

Concepção Errônea de Pecado

Os teólogos liberais afirmam que “o pecado não é uma transgressão deliberada e


voluntária, mas antes fraqueza e erro.”
Este ponto de vista é muito antigo. Sócrates(468-400 a.C.) conceituou o pecado
como sendo ignorância, disse ele: “Pecado é ignorar”.
Eles vêem o homem como mero resultado ou produto do meio em que vive. Eles
Crêem que as circunstâncias deficientes da sociedade, vencem as forças humanas,
oprimindo e forjando sua conduta de modo destrutivo e perverso.
Este ponto de vista diminui o homem a um ser desprovido de voluntariedade,
responsabilidade e culpa.

Os liberais portanto, acreditam que as lutas contra o pecado, sejam políticas,


econômicas e de educação generalizada.

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A utopia de um messias político-econômico, um revolucionário que salve a
Sociedade e promova paz e prosperidade, sem injustiça e pobreza, é pura ilusão.
Nisto falham as reformas sociais e políticas, por desconhecerem a realidade e atuação
presente do pecado na natureza humana.

A Suécia é um exemplo deste ponto de vista equivocado: A Suécia alcançou índice


de analfabetismo zero; todos os bens e serviços são socializados, todos têm de tudo, e
mesmo assim, apresenta um dos mais altos índices de suicídio do mundo.
Tendo educação e bens materiais e assistências sob todos os aspectos, e tendo
uma vida moral liberada, as pessoas matam-se a si próprias, de tédio e de desespero.
É a presença do pecado que não se elimina por meios materiais e educacionais. As
conquistas sociais e econômicas dos povos não os fazem felizes e seguros.
Essas conquistas não conseguem erradicar o pecado da natureza humana, aliás, não
conseguem nem ao menos lhe diminuir a virulência. E o pecado se manifesta, por
um lado, pela autodestruição; e, por outro, pela devassidão moral, pela
permissividade sexual que ultraja a pessoa humana e destrói os alicerces da família.
Os esforços humanos para melhorar o homem esbarram sempre nas sinistras rochas
submersas do pecado. E por isso fracassam.
“O pecado não reside nas estruturas político-sociais, não nas insuficiências da
sociedade; ele reside na própria natureza do homem”.

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 38


Israel e a Igreja

Embora Deus se revele aos gentios, a relação de Deus com Israel foi especial,
através do concerto, revelou-se de modo especial, sendo preservado a despeito de
todos os pecados. (Rm 3.1-5). O Propósito de Deus, era que Israel fosse a nação
portadora da salvação determinada graciosamente a todas as nações. Paulo lutou e
sofreu muito, para desfazer esta falsa interpretação de que só judeus eram escolhidos
pelos desígnios de Deus para uma relação redentiva.

O Propósito de Deus falhou, quando os judeus rejeitaram o Plano Divino por meio
de Cristo? Não. Israel o povo escolhido rejeitou a missão (as maiores bênçãos) da
salvação e o próprio Messias.
A Nação fracassou.
Fracassou também o plano de Deus? Não. Romanos 9-11 revela fatos desta
importante questão.
Pode “haver uma eleição dentro de uma eleição; isto é, pode haver um ‘resto’, um
grupo fiel dentro da nação infiel. Podia ser que a massa do povo tornando-se infiel
tivesse de ser rejeitada, porém uma parte deste, um Israel dentro de Israel, houvesse
de se manter sempre fiel aos desígnios e propósitos de Deus
“Assim pois também agora neste tempo ficou um resto, segundo a eleição da graça”(Rm
11.5).
O Plano não falhou: A Palavra de Deus não falta.
Se houve falhas, quem falhou foi o povo judeu, por ter buscado a sua própria
justiça. É como o caso referido por Isaías, quando Deus estendia debalde as suas
mãos a Israel, que não O atendia: “Estendi as minhas mãos todo o dia a um povo rebelde,
que caminha por caminho que não é bom, após os seus pensamentos” (Isaías 65.2).
Mas, mesmo a despeito da rejeição dos judeus ao messias e ao evangelho da graça,
os gentios não tomaram o lugar dos judeus.
Primeiro o Evangelho foi pregado aos judeus, mas com a rejeição ao Messias, foi
apressada a obra de oferecimento do evangelho aos gentios, por meio da pregação
(Rm 11.11; Atos 13.46).

Paulo esperava que a pregação e o conseqüente gozo pela bênção da salvação


entre os gentios, estimulasse os judeus à conversão a Cristo (Rm 11.13-14, 31) A
figura da árvore e do enxerto ilustra bem essa idéia (Rm 11.23).

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Bibliografia

• Teologia do Novo Testamento – Geoge Eldon Ladd – São Paulo- Editora Hagnos
• Esboços em Teologia Sistemática – A . B. Langston – São Paulo- JUERP

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Avaliação do Módulo: Teologia do Novo


Testamento

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1- Defina Teologia do Novo Testamento
2- Quais os objetivos da teologia do novo Testamento?
3- No seu entendimento, o que é o “reino de Deus“?
4- Fale sobre as possíveis origens do batismo de João
5- Qual era o propósito de Deus para Israel em relação ao evangelho?
Faça uma pesquisa sobre as principais correntes teológicas do tempo de Jesus:
• Os fariseus, sua origem histórica e sua atuação no tempo de Jesus (mínimo de 10
linhas em fonte Times New Roman - Tamanho 12)
• Os saduceus, sua origem histórica e atuação no tempo de Jesus (mínimo de 10
linhas em fonte Times New Roman - Tamanho 12)
• Os essênios, sua origem histórica e atuação no tempo de Jesus (mínimo de 10
linhas em fonte Times New Roman - Tamanho 12)

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provas@esutes.com.br
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Enquanto a prova é corrigida o aluno já pode solicitar NOVO MÓDULO
c) Alunos que recebem o MÓDULO IMPRESSO podem enviar sua avaliação também para e-mail:
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Após a correção da prova recebida por correio, enviaremos sua NOTA por E-MAIL e a avaliação corrigida
seguirá com o próximo módulo solicitado

DICAS DE ESTUDO ON-LINE

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1- Procure utilizar em seu computador um protetor de tela para minimizar a claridade do
monitor. Temos que cuidar de nossa visão
2- Se for estudar a noite, duas dicas:

a) Não deixe para estudar muito tarde, pois o sono pode atrapalhá-lo em sua
concentração;
b) Não deixe a luz do ambiente em que estiver, apagada, pois a claridade da tela do
computador torna-se ainda maior, provocando dor de cabeça e irritabilidade.

3- Pense na possibilidade de imprimir sua apostila, pois pode ser que isso dê a
opção, por exemplo, de carregá-la para onde quiser e de grifar com caneta,
partes que ache importante.

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