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MANUAL DE

HIPODERMÓCLISE
Divisão de Cuidados
Paliativos
Divisão de Cuidados Paliativos
__________________________
Clínica Sensumed Oncologia
Instituto Sensumed de Ensino e Pesquisa Ruy França

1ª Edição

CAROLINE SOUZA DOS ANJOS


W I L L I A M H I R O M I F U Z I TA

Manaus | AM
2018
©2018 Clínica Sensumed Oncologia
Todos os direitos reservados.
Diretor Clínico
André Campana Leite
Diretor Técnico
William Hiromi Fuzita
Assessoria Administrativa
Ana Karla Torres
Assessoria de Comunicação
Lenise Ipiranga
Projeto Gráfico
Paulo Maciel
Gabriel de Andrade

Ficha Catalográfica

A599m Anjos, Caroline Souza dos.


Manual de Hipodermóclise / Caroline Souza dos Anjos e William
Hiromi Fuzita. Manaus: Sensumed Oncologia, 2018.
48p.: il., color; 18 cm.

Esta obra integra as ações da Divisão de Cuidados Paliativos da


SENSUMED - Oncologia Manaus AM.
1. Cuidado paliativo. 2. Hipodermóclise. 3. Assistência terminal. 4.
Oncologia 5. Medicina. I. FUZITA, William Hiromi. II. Título.

CDD – 616.994
CDU – 616-006

Bibliotecária Responsável: Thaís Lima Trindade – CRB11/ 687

Todos os direitos dessa edição


reservados à Sensumed Oncologia.

Sensumed Oncologia
Rua Belém, 545, Adrianópolis,
69057-250 Manaus, AM
Telefone: (92) 2129 - 5660 / (92) 2129 - 5637
sensumedoncologia.com.br
AUTO R ES

Caroline Souza dos Anjos


Médica Oncologista Clínica da SENSUMED Oncologia.
Diretora da Divisão de Cuidados Paliativos da SENSUMED
Oncologia. Preceptora da Residência de Clínica Médica do
Hospital Adventista de Manaus. Doutoranda em Oncologia
na Faculdade de Medicina do Hospital das Clínicas da
USP de Ribeirão Preto (FMRPUSP). Especialização em
Medicina Paliativa pelo Instituto Paliar, em andamento.
Médica Pesquisadora do Instituto Sensumed de Ensino e
Pesquisa Ruy França (ISENP Ruy França).

William Hiromi Fuzita


Médico Oncologista Clínico da SENSUMED Oncologia.
Diretor Técnico da SENSUMED Oncologia. Preceptor
da Residência Médica de Clínica Médica do Hospital
Adventista de Manaus. Membro do Comitê de Ética e
Pesquisa da Fundação Centro de Controle de Oncologia
do Estado do Amazonas (FCECON). Médico Pesquisador
Principal do Instituto Sensumed de Ensino e Pesquisa Ruy
França (ISENP Ruy França).

Ana Karla Santos Torres


Gerente administrativa da SENSUMED Oncologia.
Enfermeira especialista em Oncologia pela Faculdade
Estácio de Sá.

MANUA L DE HIP ODERMÓ C L ISE 5


Ananda Castro Chaves
Médica residente de Clínica Médica do Hospital
Adventista de Manaus (HAM).

Bianca Santos de Souza


Farmacêutica da SENSUMED Oncologia. Especialista em
Farmácia Clínica em Oncologia pela Faculdade Estácio
de Sá.

Maressa Gasparoto Lenguble Lisboa


Enfermeira líder da Central de Quimioterapia da
SENSUMED Oncologia. Enfermeira assistente na
Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do
Amazonas (FCECON). Especialista em Oncologia pela
Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

Maria da Conceição Costa


Enfermeira líder do Núcleo de Radioterapia da SENSUMED
Oncologia. Especialista em Oncologia pela Universidade
do Estado do Amazonas (UEA).

Rafaela Melo Campos Borges


Médica residente de Clínica Médica do Hospital
Adventista de Manaus (HAM).

6 M A N UA L D E HIP ODERMÓCLISE
COLABORADORES | REVISORES

Lia Mizobe Ono


Cirurgiã-dentista da Fundação Centro de Controle de
Oncologia do Estado do Amazonas (FCECON) e da
SENSUMED Oncologia. Diretora de Ensino e Pesquisa
e pesquisadora do Instituto Sensumed de Ensino e
Pesquisa Ruy França (ISENP Ruy França). Mestrado
em Patologia Tropical pela Universidade Federal do
Amazonas (UFAM). Doutorado e especialização em
Cirurgia Bucomaxilofacial pela Universidade de Campinas
(UNICAMP). Laserterapeuta pela Faculdade São Leopoldo
Mandic (SLM). Membro dos Comitês Científico e de Ética
e Pesquisa da Fundação Centro de Controle de Oncologia
do Estado do Amazonas (FCECON).

Juliana de Araújo Melo Fortes


Médica Geriatra da Secretaria de Saúde do Estado
do Amazonas. Atendimento em Oncogeriatria na
SENSUMED Oncologia. Doutoranda em Ciências Médicas
pela Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (FMUSP). Pesquisadora do Instituto Sensumed de
Ensino e Pesquisa Ruy França (ISENP Ruy França).

Sileno de Queiroz Fortes Filho


Médico Geriatra da Secretaria de Saúde do Estado
do Amazonas. Atendimento em Oncogeriatria na

MANUA L DE HIP ODERMÓ C L ISE 7


SENSUMED Oncologia. Doutorando em Ciências do
Sistema Musculoesquelético pela Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo (FMUSP). Pesquisador do
Instituto Sensumed de Ensino e Pesquisa Ruy França
(ISENP Ruy França).

8 M A N UA L D E HIP ODERMÓCLISE
PR EFÁC I O

A medicina ocidental assumiu por décadas o modelo


hospitalocêntrico de cuidado. Com a incorporação
progressiva de tecnologia de ponta, ao diagnóstico e
tratamento, objetivava-se aumentar o tempo de vida dos
doentes. Hipoteticamente, talvez o descobrimento dos
antibióticos, anestésicos, da fisiopatologia de doenças,
outrora graves, e o sucesso terapêutico atingido em
inúmeros casos, trouxeram a possibilidade social de
‘imortalidade’.

Entretanto, o aumento da longevidade populacional


associado à incidência crescente de doenças crônicas,
faz surgir na saúde o enfoque dado à qualidade de vida
dos pacientes. Dessa forma, os cuidados paliativos e
a medicina integrativa emergem não para valorizar o
quanto se vive, mas como se vive.

Diante dos portadores de doenças crônicas, muitas


vezes não candidatos a terapias modificadoras da
doença, é emergencial realizar o controle efetivo
dos sintomas e garantir a máxima qualidade de vida
diante das possibilidades da fase do adoecimento.
Posicionando-se contra a cultura do ‘já não há mais nada
a fazer’, os cuidados paliativos abraçam o ser humano
e seus familiares em sua plenitude, com olhar humano,
atento e acolhedor.

MA NUA L DE HIP ODERMÓ C L ISE 9


Com maestria, Cicely Saunders inaugura o
movimento moderno dos cuidados paliativos em 1967.
Reconhecendo a importância do tratamento adequado da
dor e do manejo dos sintomas, considerando a dimensão
pessoal e única dos mesmos em cada paciente, designou
o conceito de ‘dor total’ e descreveu a importância da
abordagem das vertentes emocional, psicossocial e
espiritual do paciente e seus familiares.

Com a nova dimensão priorizada no cuidado clínico


dos pacientes acima citados, a hipodermóclise assume
um papel essencial e de extrema importância por ser um
acesso de simples execução, seguro, confortável, efetivo
e bem descrito historicamente.

A SENSUMED Oncologia é um centro de referência


no diagnóstico e combate ao câncer. E por meio da
fundação do Instituto Sensumed de Ensino e Pesquisa
Ruy França, assume compromisso social e acadêmico de
inserir o Estado do Amazonas na comunidade científica
brasileira. A produção do Manual de Hipodermóclise
contempla esse objetivo e visa guiar condutas médicas
em pacientes candidatos a essa modalidade de cuidado.

Desejamos uma excelente leitura!

Caroline S. dos Anjos


William H. Fuzita

10 M A N UA L D E HIP ODERMÓCLISE
S UM Á R I O

1 | Introdução 13
2 | Mecanismo de ação 19
3 | Indicações e contraindicações 23
3.1 | Indicações 23
3.2 | Contraindicações 24
3.2.1 | Contraindicações absolutas 25
3.2.2 | Contraindicações relativas 25
4 | Vantagens e desvantagens 27
4.1 | Vantagens 27
4.2 | Desvantagens 28
5 | Efeitos adversos da hipodermóclise 31
5.1 | Locais 31
5.2 | Sistêmicos 32
6 | Técnica de punção 33
7 | Medicamentos padronizados e diluições 41

MANUA L DE HIP ODERMÓ C L ISE 11


12 M A N UA L DE HIP ODERMÓCLISE
1
I N T R O D UÇÃO

Caroline Souza dos Anjos


Rafaela Melo Campos Borges

O ano de 1967 marca o início do movimento


moderno dos Cuidados Paliativos, a partir da
inauguração do St. Christopher hospice pela médica
paliativista Cicely Saunders. Com atuação em
medicina humanizada, individualizada e focada no
ser humano, não apenas na doença, Cicely Saunders
iniciou uma forma de abordagem multidimensional
para controle dos sintomas, a fim de garantir a
máxima qualidade de vida dos pacientes e seus
familiares diante do adoecimento e piora funcional
progressiva 1,3.

Na década de 1990, a Organização Mundial da


Saúde (OMS) definiu Cuidado Paliativo como uma
modalidade de cuidado e estratégia de intervenção
em saúde pública. A partir de então, inúmeros países
tem validado essa abordagem, promovendo assim
um aumento considerável de ensino e pesquisa sobre
esse tema, cujo um dos focos é formar profissionais
capacitados em medicina paliativa 1,3.

Segundo Gomez-Batiste (2017), os Cuidados


Paliativos são conceituados conforme descrição a
seguir:

MANUA L DE HIP ODERMÓ C L ISE 13


Cuidado Paliativo é a prevenção e alívio do
sofrimento e a promoção da dignidade, melhor
qualidade de vida e adaptação à doenças de
evolução progressiva, destinado a adultos e
crianças que vivem com problemas de saúde
sérios, crônicos, complexos ou ameaçadores à
continuidade da vida, e seus familiares. Devido
às mudanças regionais, culturais e ao longo do
tempo em relação aos tipos de sofrimento mais
comuns e severos, as definições conceituais
e as populações incluídas no cuidado podem
mudar, assim como os próprios cuidados
paliativos

Considerando os aspectos físico, psicológico, espiritual


e social, de todos os pacientes e seus cuidadores, os
Cuidados Paliativos emergem como uma necessidade
essencial, diante do aumento da incidência de doenças
crônicas e na ausência de terapias modificadoras do
curso do adoecimento. Ressalta-se a importância do
cuidado médico integrado, ou seja, além do cuidado
médico especializado na condição clínica crônica, o
Cuidado Paliativo deve ser feito de forma precoce flexível
e concomitante, e não apenas quando a doença apresenta
franca deterioração clínica. A razão para isso decorre das
necessidades multidimensionais já abordadas, visto que, o
paciente e seus familiares sofrem com o curso progressivo
do adoecimento em estágio avançado com inúmeras
internações e demandas diversas com o passar do tempo1,4.

14 M A N UA L DE HIP ODERMÓCLISE
Diante das demandas apresentadas, um pilar
fundamental dos Cuidados Paliativos é a comunicação
em toda a sua dimensão e contemplando todas as suas
vertentes. O bom profissional paliativista é habituado a
praticar a escuta acolhedora, sem preconceitos, além de
validar todas as angústias de familiares e cuidadores4.

Portanto, são princípios dos Cuidados Paliativos2:

• Promover o controle da dor e outros sintomas


associados ao adoecimento;

• Afirmar o valor da vida, entretanto, considerar a morte


como um processo natural;

• Não apressar e nem adiar a morte;

• Integrar os aspectos psicossociais e espirituais ao


cuidado do paciente;

• Oferecer um sistema de apoio para que o paciente


viva da forma mais ativa diante das possibilidades
existentes, enquanto possível;

• Oferecer suporte aos familiares do paciente durante


todo o processo de adoecimento;

• Utilizar abordagem multidisciplinar para cuidados com


o paciente e seus familiares;

• Afirmar que a máxima qualidade de vida pode


influenciar positivamente o curso da doença.

MANUA L DE HIP ODERMÓ C L ISE 15


Na execução das práticas clínicas inerentes ao Cuidado
Paliativo de qualidade, há situações em que a via oral/
enteral encontra-se impossibilitada de uso e a punção de
acesso venoso periférico é extremamente difícil e dolorosa,
diante de um paciente frágil e com múltiplas punções
anteriores. Nesse contexto, está indicada a administração
de medicamentos e hidratação pela via subcutânea
através da técnica conhecida por hipodermóclise5,6.

A primeira descrição da técnica foi realizada em 1885,


por Cantani, em Nápolis. Apesar disso, há descrição do
uso da técnica, anteriormente, nas epidemias de Cólera
em 1827 (Índia), 1831 (Europa) e 1832 (Estados Unidos).
Em 1860, houve descrição do uso de narcóticos por via
subcutânea, porém, devido aos avanços tecnológicos
provocados na Medicina durante a 2ª Guerra Mundial e
à descrição de complicações decorrentes da infusão de
soluções inadequadas por hipodermóclise, essa via foi
desacreditada e abandonada ao longo do tempo5.

Com o surgimento do movimento moderno de Cuidados


Paliativos no final da década de 60, a técnica voltou a
ser amplamente utilizada e divulgada, sobretudo no
tratamento de pessoas idosas e frágeis, visto ser uma
via segura, com pouco risco de complicações e de fácil
manipulação e manutenção na assistência domiciliar.
Entretanto, ainda há poucos manuais de conduta e
protocolos hospitalares em nosso país para a divulgação
e popularização da técnica2,4.

16 M A N UA L D E HIP ODERMÓCLISE
A SENSUMED Oncologia é um centro de referência na
prevenção e combate ao Câncer na cidade de Manaus
- AM. Destina-se a oferecer Medicina baseada em
evidência, realizada por equipe multiprofissional, com
foco em atendimento humanizado e acolhedor. Diante do
compromisso social e científico com ensino e pesquisa,
elaborou o primeiro Manual de Hipodermóclise para
normatização de condutas institucionais e educação
continuada em Cuidados Paliativos na região Norte do
país.

1. AZEVEDO DL, organizador. O uso da via subcutânea em


geriatria e cuidados paliativos. Rio de Janeiro: SBGG, 2016.

2. GOMEZ-BATISTE X & CONNOR S. Building integrated palliative


care programs and services.1st ed. Catalonia: Liber dúplex; 2017.

3. CACCIALANZA R, CONSTANS T, COTOGNI P et al. “Subcutaneous


infusion of fluids for hydration or nutrition: a review”. J Parenter
Enteral Nutr. 2018; 42(2):296-307.

4. Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Manual de


cuidados paliativos. Rio de Janeiro: Diagraphic, 2009.

5. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (BR). Medidas


de prevenção de infecção relacionada à assistência à saúde.
Brasília: Anvisa, 2017.

6. VIDAL M, HUI D, WILLIAMS J, BRUERA E. “A prospective study of


hypodermoclysis performed by caregivers in the home setting”. J
Pain Symptom Manage. 2016; 52(4): 571-4 .

MA NUA L DE HIP ODERMÓ C L ISE 17


2
M e c a n i s m o d e Aç ã o

William Hiromi Fuzita


Ananda Castro Chaves

A pele é responsável pela manutenção da integridade


do corpo, proteção contra agressões externas, absorção
e excreção de líquidos, regulação da temperatura e
metabolização de vitaminas (vitamina D, por exemplo). 1,2,6

Ela é formada por três camadas (Figura 1): epiderme


(poros, pelos, camada queratinizada e terminações
nervosas), derme (glândulas sudoríparas e sebáceas,
músculo eretor do pelo e folículo piloso) e hipoderme
(veias, artérias e tecido adiposo). A hipoderme, ou tecido

EPIDERME

DERME

HIPODERME

Figura 1| Anatomia da pele.


Fonte: Adaptado de Azevedo (2016).

MA NUA L DE HIP ODERMÓ C L ISE 19


subcutâneo, tem como principal função o depósito
nutritivo de reserva e atua como isolante térmico e
protetor mecânico. A distribuição do tecido subcutâneo
depende da faixa etária, gênero e hereditariedade.1,6

A hipoderme é composta de tecido adiposo e uma


rede de septos fibrovasculares de tecido conjuntivo os
quais constituem a maior parte da matriz extracelular. A
matriz extracelular é considerada a primeira barreira para
a absorção de soluções e confere estrutura mecânica
devido à presença de moléculas do colágeno. O principal
regulador de fluidos na matriz extracelular é o ácido
hialurônico, presente nos glicosaminoglicanos, que
controla a capacidade de o tecido subcutâneo receber
grandes volumes e transportar moléculas para a corrente
sanguínea3,4.

Por apresentar capilares sanguíneos e vasos linfáticos,


a hipoderme é uma via favorável à administração de
fluidos e/ou medicamentos, posteriormente absorvidos
à macrocirculação por mecanismos de difusão. A
vascularização do tecido subcutâneo é responsável por
6% do débito cardíaco, permitindo uma taxa de absorção
similar à via intramuscular, com concentrações séricas
menores, mas com tempo de ação prolongado, como
demonstrado na Figura 2. 1,2,6

Entretanto, existem alguns fatores que podem


influenciar na absorção de fluidos e/ou medicamentos.
Moléculas com carga negativa são absorvidas com maior

20 M A N UA L DE HIP ODERMÓCLISE
Intravenosa
Concentração de medicamento
na corrente sanguínea

Intramuscular

Subcultâneo

Oral

Tempo
Figura 2 | Variação da concentração do medicamento na
corrente sanguínea versus tempo.
Fonte: Adaptado de Instituto Nacional do Câncer (2009).

facilidade, pois existe uma tentativa de compensação


por eliminação da mesma em excesso, visto que os
glicosaminoglicanos, presentes na matriz extracelular,
possuem carga negativa. A passagem de moléculas
maiores, com peso igual ou superior a 16 KDa é limitada.
A maior parte dos fármacos usados por via subcutânea
em Geriatria e Cuidados Paliativos são constituídos
de moléculas pequenas, como por exemplo a Morfina,
Metoclopramida, Ranitidina, entre outros.2,5

Há ainda o processo de difusão simples, que depende


do gradiente de concentração e da solubilidade do
líquido injetado, favorecendo a difusão das moléculas
lipofílicas. Já a presença de grandes canais aquosos na
membrana endotelial permite também a passagem de
moléculas menos lipossolúveis pelos capilares. E por

MA NUA L DE HIP ODERMÓ C L ISE 21


fim, vários outros fatores podem interferir na quantidade
e velocidade de absorção do medicamento. Fatores
fisiológicos como fluxo sanguíneo no local da aplicação,
atrofia capilar e profundidade do tecido subcutâneo, bem
como fatores teciduais, como ligação do medicamento a
moléculas intersticiais e o perfil de catabolismo do tecido
subcutâneo, devem ser analisados. 2,6,7

1. AZEVEDO DL, organizador. O uso da via subcutânea em


geriatria e cuidados paliativos. Rio de Janeiro: SBGG, 2016.

2. GOMEZ-BATISTE X & CONNOR S. Building integrated palliative


care programs and services.1st ed. Catalonia: Liber dúplex; 2017.

3. CACCIALANZA R, CONSTANS T, COTOGNI P et al. “Subcutaneous


infusion of fluids for hydration or nutrition: a review”. J Parenter
Enteral Nutr. 2018; 42(2):296-307.

4. Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Manual de


cuidados paliativos. Rio de Janeiro: Diagraphic, 2009.

5. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (BR). Medidas


de prevenção de infecção relacionada à assistência à saúde.
Brasília: Anvisa, 2017.

6. VIDAL M, HUI D, WILLIAMS J, BRUERA E. “A prospective study of


hypodermoclysis performed by caregivers in the home setting”. J
Pain Symptom Manage. 2016; 52(4): 571-4.

22 M A N UA L DE HIP ODERMÓCLISE
3
IN D I CAÇ Õ E S
E C O N T R A I ND I CAÇ Õ ES

Ana Karla Santos Torres

A redução da ingesta oral, dificuldades de punção de


acesso venoso periférico e perda ponderal significativa
são problemas frequentes enfrentados por pacientes
frágeis e em cuidados paliativos. Tais pacientes
apresentam diversos sintomas a serem otimizados
através de intervenção medicamentosa e administração
de soluções. Portanto, pela dificuldade de ingestão oral,
punção intravenosa ou intramuscular, faz-se necessário
a utilização de outras vias, tais como a hipodermóclise1,2.
Sua indicação mais importante está inserida no controle
farmacológico dos sinais e sintomas inerentes ao
processo de fim de vida1,.

3.1 | Indicações

São as indicações para hipodermóclise1,2,3:

• Pode ser utilizada em diversos ambientes: hospitalar,


domiciliar e instituições de longa permanência;

• Pacientes com desidratação leve a moderada;

• Presença de desnutrição leve a moderada, quando a

MA NUA L DE HIP ODERMÓ C L ISE 23


ingestão oral/enteral é insuficiente e a via intramuscular
não é factível;

• Alterações gastrointestinais como disfagia grave


e odinofagia, lesões em cavidade oral, náuseas e
vômitos persistentes, fístula traqueobrônquica e
broncoesofágica, oclusão intestinal, intolerância
gástrica, má absorção do trato gastrointestinal;

• |Alteração do nível de consciência como sonolência,


coma, diminuição do nível de consciência, fase
agônica e pacientes em delirium;

• Impossibilidade de acesso venoso em pacientes com


difícil acesso e que tenham o seu sofrimento aumentado
pelas constantes tentativas de punção; pacientes
cujo acesso venoso represente impossibilidade ou
limitação para a administração de medicamentos e
fluidos decorrentes de flebites, trombose venosa e
sinais flogísticos;

• Cuidados domiciliares por ser um método seguro, sem


graves complicações e facilmente manipulado pelo
paciente ou familiar/cuidador;

3.2 | Contraindicações

A hipodermóclise também possui contraindicações e


que podem ser divididas em absolutas ou relativas, como
as que seguem1,2,3:

24 M A N UA L DE HIP ODERMÓCLISE
3.2.1 | Contraindicações absolutas

• Recusa do paciente;

•||Sangramento local e hematoma na presença de


distúrbio grave da hemostasia;

• Presença de anasarca;

•||Necessidade de reposição rápida de volume


(desidratação grave ou choque).

3.2.2 | Contraindicações relativas

• Edema inviabiliza o acesso subcutâneo, pois reduz a


velocidade de absorção dos medicamentos. Entretanto,
se o paciente não estiver em franca anasarca, pode-se
realizar a punção em áreas do corpo menos acometidas
por edema;

• Síndrome de veia cava superior;

• Ascite;

• Áreas com circulação linfática comprometida (após


cirurgia ou radioterapia);

• Pacientes com perda de peso grave, a opção por realizar


o acesso deve ser na região do abdome ou coxas, onde
existe uma quantidade maior de tecido subcutâneo;

•|Punção em regiões da pele com integridade

MA NUA L DE HIP ODERMÓ C L ISE 25


comprometida ou evidência de infecções, inflamação,
próximo a lesões, áreas ulceradas, áreas próximas de
dissecção ganglionar ou de incisão cirúrgica.

1. AZEVEDO DL, organizador. O uso da via subcutânea em


geriatria e cuidados paliativos. Rio de Janeiro: SBGG, 2016.

2. Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Manual de


cuidados paliativos. Rio de Janeiro: Diagraphic, 2009.

3. VIDAL M, HUI D, WILLIAMS J, BRUERA E. “A prospective


study of hypodermoclysis performed by caregivers in the home
setting”. J Pain Symptom Manage. 2016; 52(4): 571-4 .

26 M A N UA L DE HIP ODERMÓCLISE
4
VANTAGENS E DESVANTAGENS

Maria da Conceição Costa

A hipodermóclise é uma via segura para infusão de


medicamentos e soluções, contudo apresenta algumas
limitações. As principais vantagens e desvantagens da
técnica estão descritas abaixo1,2,3.

4.1 | Vantagens

•|Via parenteral mais acessível e confortável que a


venosa;

• Fácil inserção e manutenção do cateter;

•|Risco mínimo de complicações sistêmicas


(hiponatremia, hipervolemia, congestão);

• Complicações locais raras;

• Risco infeccioso mínimo;

• Redução da flutuação das concentrações plasmáticas


de opióides;

• Utilização para manutenção de hidratação basal;

• Pode ser realizada por qualquer profissional de saúde


treinado;

MANUA L DE HIP ODERMÓ C L ISE 27


• Possibilidade de alta hospitalar precoce e permanência
do paciente em domicílio;

• Baixo custo;

•|Evita múltiplas tentativas de punção periférica em


pacientes frágeis.

4.2 | Desvantagens

• Não pode ser usada em pacientes que apresentem


trombocitopenia e distúrbios de coagulação graves;

• Não é a via de escolha para fazer grandes volumes e


expansão volêmica rápida, pois o volume máximo a
ser infundido em 24 horas é de 3.000 mL, 62 mL/hora,
sendo 1.500 mL por sítio;

• Não deve ser utilizada em situações de emergência,


desequilíbrio hidroeletrolítico grave, sobrecarga de
fluidos e desidratação severa;

•|Absorção variável influenciada por perfusão e


vascularização;

• Apesar de ser uma técnica antiga, eficaz e segura, não é


de amplo conhecimento técnico entre os profissionais
da saúde.

28 M A N UA L DE HIP ODERMÓCLISE
AZEVEDO DL, organizador. O uso da via subcutânea em geriatria e
cuidados paliativos. Rio de Janeiro: SBGG, 2016.

Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Manual de cuidados


paliativos. Rio de Janeiro: Diagraphic, 2009.

VIDAL M, HUI D, WILLIAMS J, BRUERA E. “A prospective study of


hypodermoclysis performed by caregivers in the home setting”. J Pain
Symptom Manage. 2016; 52(4): 571-4 .

MA NUA L DE HIP ODERMÓ C L ISE 29


5

EFEITOS ADVERSOS DA
HIPODERMÓCLISE

Maria da Conceição Costa

Como qualquer procedimento em saúde, a


hipodermóclise pode produzir efeitos adversos. Para
minimizar tais complicações, é fundamental que a técnica
de aplicação e diluição das medicações infundidas
estejam corretas e sejam realizadas por profissionais
treinados. Os efeitos adversos locais e sistêmicos mais
frequentes estão descritos abaixo1,2,3.

5.1 | Locais

• Edema local;

• Rash cutâneo transitório próximo ao local de inserção


do cateter;

• Dor ou desconforto local;

• Infecção

Os sinais de irritação local podem surgir, geralmente,


nas primeiras 4 horas pós-punção. Para reduzir o risco de
complicações locais é aconselhável reavaliação e trocar
o sítio de punção quando houver:

MA NUA L DE HIP ODERMÓ C L ISE 31


• Sinais flogísticos locais: edema, calor, eritema
persistente e dor no sítio de punção;

• Endurecimento, hematoma, necrose do tecido


(complicação tardia);

• Sinais de infecção: presença de febre, calafrio e dor


(suspender a infusão);

• Cefaleia e ansiedade.

5.2 | Sistêmicos

• Sinais de sobrecarga cardíaca como taquicardia, tur-


gência jugular, hipertensão arterial, tosse e dispneia.
A ocorrência dos mesmos indica a suspensão do uso
do acesso.

1. AZEVEDO DL, organizador. O uso da via subcutânea em


geriatria e cuidados paliativos. Rio de Janeiro: SBGG, 2016.

2. Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Manual de


cuidados paliativos. Rio de Janeiro: Diagraphic, 2009.

3. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (BR).


Medidas de prevenção de infecção relacionada à assistência à
saúde. Brasília: Anvisa, 2017.

32 M A N UA L D E HIP ODERMÓCLISE
6
T É C N I CA D E PUN ÇÃO

Maressa Gasparoto Lenglube Lisboa

A técnica é um procedimento simples e pode ser


feito com treinamento mínimo, podendo ser realizado
por enfermeiros e técnicos de enfermagem, tanto em
ambiente hospitalar quanto domiciliar1,2. É apenas
necessário seguir as orientações descritas abaixo de
acordo com a padronização adotada na SENSUMED
Oncologia.

Material necessário:

• Luva de procedimento;

• Solução para antissepsia (álcool 70% ou clorexidine


alcoólica);

• Algodão;

• Cateter íntima 24 ou jelco 24 (Não é recomendado o


uso de dispositivo metálico como scalp(3));

• Curativo película transparente.

Antes de realizar o procedimento, é importante avaliar


o sítio de punção considerando as necessidades do
paciente como: volume a ser infundido, mobilidade do
paciente e a integridade do local a ser puncionado. É

MANUA L DE HIP ODERMÓ C L ISE 33


importante ainda considerar as medicações que serão
infundidas, respeitando suas incompatibilidades e
necessidade de mais de um acesso 4,5.

É possível puncionar diversas regiões do corpo 1,5:

• Região deltóidea;

• Região anterior do tórax;

• Abdome (cerca de 5 cm da cicatriz umbilical);

• Faces anterior e lateral da coxa;

• Região escapular;

• Região anterior medial e posterior medial do braço.

A capacidade de infusão tolerada em cada região


dependerá das condições gerais do paciente e do
tamanho da região a ser puncionada1. O volume total a
ser infundido diariamente não deve ultrapassar 3.000
mL, podendo ser infundido por equipo gravitacional ou
bomba de infusão, embora seja preferível o gravitacional
por diminuir o risco de edema local3,4.

O tempo de validade dos dispositivos é bem contraditório


na literatura, mas é unanimidade que dispositivos não
agulhados permanecem por mais tempo. Na SENSUMED
Oncologia padronizou-se realizar a troca a cada 15 dias -
se punção com íntima -, e 7 dias - se jelco -, caso o sítio de
punção não apresente complicações ou sinais flogísticos

34 M A N UA L DE HIP ODERMÓCLISE
anteriormente. Para se manter esse período, é importante
avaliação local regular e troca de curativo transparente
quando necessário. No momento da troca da punção
é essencial realizar o rodízio do sítio, respeitando-se a
distância mínima de 5 cm do local da punção anterior1,3,4.

A infusão pode ser interrompida a qualquer momento


sem o risco de complicações, como por exemplo
formação de coágulos ou trombose de vaso, mas é
importante infundir cerca de 1 mL no circuito, para
garantir que toda a medicação tenha sido administrada e
manter o dispositivo salinizado1,4.

Figura 3 | Material necessário para puncionar Hipodermóclise.


Fonte: Autores.

MANUA L DE HIP ODERMÓ C L ISE 35


Passo a passo para punção da Hipodermóclise:

• Escolher o sítio de inserção do cateter desconsiderando


áreas próximas às articulações

• Inspecionar a região a ser puncionada a fim de identificar


a presença de lesões cutâneas - hiperemia, inflamação
ou infecções. A pele deve estar intacta;

• Realizar a limpeza da pele em movimento circular


centrífugo com algodão embebido em álcool a 70%

Salinizar cânula

Inserir o dispositivo em um ângulo de 45º com a pele


para alcançar o espaço subcutâneo

Testar se há refluxo sanguíneo (não é esperado pois


se trata de um acesso subcutâneo)

Injetar lentamente pequena quantidade de Soro


Fisiológico 0,9%

Identificar o curativo com data, calibre do dispositivo


e responsável pela punção

Fixar com película transparente

36 M A N UA L DE HIP ODERMÓCLISE
Pa s s o a Pa s s o p a ra
pun ç ã o d a H i p o d e r m ó cl i s e

1 2

3 4

5 6

Figura 4 | Fluxograma com as orientações de punção.


Fonte: Autores

MA
MANUA
NUA LL DE
DE HIP
HIPODERMÓ
ODERMÓCCLLISE
ISE 37
37
Figura 5 | Ilustração dos sítios de punção padronizados para
uso na SENSUMED Oncologia e seus respectivos volumes
máximos de infusão. Fonte: Autores.

38 M A N UA L DE HIP ODERMÓCLISE
1. AZEVEDO DL, organizador. O uso da via subcutânea em
geriatria e cuidados paliativos. Rio de Janeiro: SBGG, 2016.

2. GOMEZ-BATISTE X & CONNOR S. Building integrated palliative


care programs and services.1st ed. Catalonia: Liberdúplex; 2017.

3. CACCIALANZA R, CONSTANS T, COTOGNI P et al.


“Subcutaneous infusion of fluids for hydration or nutrition: a
review”. J Parenter Enteral Nutr. 2018; 42(2):296-307.

4. Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Manual de


cuidados paliativos. Rio de Janeiro: Diagraphic, 2009.

5. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (BR).


Medidas de prevenção de infecção relacionada à assistência à
saúde. Brasília: Anvisa, 2017.

6. VIDAL M, HUI D, WILLIAMS J, BRUERA E. “A prospective


study of hypodermoclysis performed by caregivers in the home
setting”. J Pain Symptom Manage. 2016; 52(4): 571-4 .

MANUA L DE HIP ODERMÓ C L ISE 39


7
MEDICAMENTOS PADRONIZADOS
E DILUIÇÕES

Bianca Santos de Souza

A SENSUMED Oncologia padronizou, para uso


institucional, os medicamentos e soluções1-6 que seguem
apresentados na tabela 1 e demonstra na tabela 2 a
compatibilidade entre medicamentos1,2.

Apesar das divergências em relação à diluição, a


maioria das publicações recomenda que a mesma seja
1:1, ou seja, 1 mL de medicamento para 1 mL de diluente1.

MEDICAMENTOS DOSE DILUIÇÃO OBSERVAÇÕES

SF 0,9% Aplicação lenta em


Dipirona 1-2 g até 6/6 h 2 mL bolus.

Não padronizamos a
infusão contínua da
droga devido à meia
50% da dose SF 0,9% 10 vida longa e risco de
Metadona oral habitual mL intoxicação;

Padronizamos o uso
de bolus.

Não existe dose


máxima;

Não requer Iniciar com a menor


diluição dose possível em
Dose inicial: (bolus) pacientes muito
2-3 mg 4/4 idosos, frágeis ou com
h (bolus) ou
Morfina doença renal crônica;
10-20 mg/24
h (infusão SF 0,9% 100 O intervalo entre
contínua) mL (infusão as aplicações pode
contínua) ser aumentado
em pacientes com
insuficiência hepática
ou renal.

MA NUA L DE HIP ODERMÓ C L ISE 41


MEDICAMENTOS DOSE DILUIÇÃO OBSERVAÇÕES

SF 0,9% 20
mL (bolus)
100-600
Tramadol mg/24 h SF 0,9% 100
mL (infusão
contínua)

Aplicação lenta e
administração 1 ou
01 ampola em 2 vezes ao dia, pela
1 mL de SF manhã;
2-16 mg a cada 0,9% ou, diluir
Dexametasona 1 ampola de
24h Sítio exclusivo devido
dexametasona à incompatibilidade
em 2,5 mL de com outros
SF 0,9% medicamentos e risco
de irritação local.

Infusão em bolus ou
contínua;
20 mg 8/8
Escopolamina SF 0,9% 1
h até 60 mg Não utilizar
(Buscopan) mL (bolus)
6/6 h apresentação
combinada com
Dipirona.

Tempo infusão: 40
minutos. Pode causar
dor e irritação local - se
100-600 SF 0,9% 100
Fenobarbital necessário, infundir
mg/24 h mL mais lentamente;

Sítio exclusivo.

Para idosos frágeis


começar com menor
Água
0,5 – 30 dose possível;
Haloperidol destilada.5
mg/24 h mL Risco de precipitação
com SF 0,9%.

42 M A N UA L D E HIP ODERMÓCLISE
MEDICAMENTOS DOSE DILUIÇÃO OBSERVAÇÕES

SF 0,9% 5
1-5 mg (bolus) mL (bolus) Pode causar irritação
10–120 mg/
Midazolam SF 0,9% 100 local.
dia (infusão mL (infusão
contínua) contínua)

Diluir 4
ampolas de Infusão contínua a
A critério fentanil 50
Fentanil critério médico.
médico mcg/mL em
SF 0,9% 210
mL

Pode causar irritação


SF 0,9% 2
Metoclopramida 30-120 mg/dia local.
mL (bolus)

Tempo de infusão:
30 minutos (risco de
SF 0,9% 30
Ondansetrona 8-32 mg/24 h prolongamento do
mL intervalo QT no ECG).

50–300 SF 0,9%
Ranitidina mg/24 h 2 mL

Tempo de infusão: 4
horas;
SF 0,9% 100
Omeprazol 40 mg 24/24 h Dose única diária;
mL
Não mesclar com
outros medicamentos.

SF 0,9 % 2
mL (bolus)
20-140 mg/24 ou volumes
Furosemida h maiores
(infusão
contínua)

MA NUA L DE HIP ODERMÓ C L ISE 43


MEDICAMENTOS DOSE DILUIÇÃO OBSERVAÇÕES

Reconstituir
1 g em 10
mL de água Tempo de infusão: 40
1 g de 12/12 h
Cefepime destilada minutos.
ou 8/8 h e fazer em
SF 0,9% 100
mL.

Reconstituir
1 g em 10
mL de água Tempo de infusão: 40
Ceftriaxona 1 g de 12/12 h destilada e minutos.
diluir em SF
0,9% 100
mL

Tempo de infusão:
40-60 minutos;
500 mg-1 g SF 0,9%
Meropenem 8/8 h 100mL A solução é
estável por 3 h em
temperatura ambiente.

Volume de infusão
1.500 mL/24 h
SF 0,9% máximo de 62,5 mL/h.
por sítio

Máximo 1000 Volume de infusão


Soro glicosado 5% mL/24 h por máximo de 62,5 mL/h.
sítio

SF 0,9% ou
NaCl 20% 10-20 mL/24 h SG 5% 1000 Sempre requer
mL diluição.

SF 0,9% ou Sempre requer


KCl 19,1% 10-15 mL/24h SG 5% 1000 diluição.
mL

Tabela 1| Padronização dos medicamentos e doses. SF: Soro


Fisiológico; SG: Soro Glicosado. Adaptado de Azevedo (2016).

O uso de eletrólitos deve ser feito com cautela pelo


seu potencial de irritação da pele secundária à infusão. A
infusão deve ser realizada em pequenas concentrações,

44 M A N UA L DE HIP ODERMÓCLISE
lentamente e deve ser individualizada de acordo com a
performance status do paciente e sua funcionalidade.

Levomepromazina
Metoclopramida

Dexametasona
Escopolamina

Ondansetrona
Furosemida
Ceftriaxona

Haloperidol

Midazolam
Medicamentos

Octreotida
Cefepime

Tramadol
Dipirona

Ranitina
Morfina
Cefepime C C C C C C C C C I C I C I
Ceftriaxona C C C C C C C C C I C I C I
Dipirona C C C C C C C C C I C I C I
Escopolamina C C C C C C C C C I C I C I
Furosemida C C C C C C I I I I C I C I
Haloperidol C C C C C C C C C I C I C I
Levomepromazina C C C C C C C C C I C I C I
Metoclopromida C C C C I C C C C I C I C I
Midazolam C C C C I C C C C I C C C I
Morfina C C C C I C C C C I C C I I
Octreotida C C C C C C C C C C C I C I
Ondansetrona C C C C C C C C C C I I C I
Ranitidina I I I I I I I I C C I I I I

Tramadol C C C C C C C C C I I C C I

Dexametasona I I I I I I I I I I I I I I

Tabela 2 | Compatibilidade entre medicamentos.C: Compatível; I:


Incompatível. Adaptado de Azevedo e Barbosa (2012).

MA NUA L DE HIP ODERMÓ C L ISE 45


1. AZEVEDO DL, organizador. O uso da via subcutânea em
geriatria e cuidados paliativos. Rio de Janeiro: SBGG, 2016.

2. Azevedo EF, Barbosa MF. Via subcutânea: a via parenteral de


escolha para administração de medicamentos e soluções de
reidratação em cuidados paliativos. In: Carvalho RT, Parsons
H, editores. Manual de Cuidados Paliativos ANCP. 2ª ed. Porto
Alegre: Sulina, 2012. p. 259-69.

3. GOMEZ-BATISTE X & CONNOR S. Building integrated palliative


care programs and services.1st ed. Catalonia: Liberdúplex; 2017.

4.|CACCIALANZA R, CONSTANS T, COTOGNI P et al.


“Subcutaneous infusion of fluids for hydration or nutrition: a
review”. J Parenter Enteral Nutr. 2018; 42(2):296-307.

5.|Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Manual de


cuidados paliativos. Rio de Janeiro: Diagraphic, 2009.

6.|AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (BR).


Medidas de prevenção de infecção relacionada à assistência à
saúde. Brasília: Anvisa, 2017.

7.|VIDAL M, HUI D, WILLIAMS J, BRUERA E. “A prospective


study of hypodermoclysis performed by caregivers in the home
setting”. J Pain Symptom Manage. 2016; 52(4): 571-4.

46 M A N UA L DE HIP ODERMÓCLISE
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