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Portugal dispõe, desde 2007, de um Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT), aprovado
pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 53/2007, de 4 de abril, que foi desenvolvido para
o horizonte temporal 2006-2015, e que foi objecto de duas revisões.
Terminado o horizonte temporal do PENT, impunha-se tomar uma decisão: deve o sector do
turismo em Portugal ter um Plano Estratégico Nacional, que defina com detalhe metas
quantitativas de crescimento em número de dormidas e hóspedes, que defina produtos
estratégicos, nacionais e por regiões, que estabeleça planos de ação a dez anos sobre o
desenvolvimento da estruturação e promoção desses produtos e que cristalize, dessa maneira,
e a imponha ao sector, uma visão do turismo que queremos nos próximos dez anos?
O turismo vive uma concorrência à escala planetária. Uma concorrência feroz e crescente.
Depende, para o seu sucesso, da inovação, da criatividade, da capacidade de gerar propostas
de valor que atraiam os turistas, que os façam preferir Portugal a qualquer outro destino. E é
composto quase integralmente pela iniciativa privada.
Se assim é, tudo aquilo que o sector do turismo precisa em Portugal é de que lhe sejam
garantidas condições de competitividade para vencer num mundo global. Competitividade
para conseguir oferecer a melhor proposta, para conseguir responder às motivações da
procura, para conseguir estruturar o seu negócio, para conseguir investir na qualificação ou
requalificação da sua atividade, para conseguir inovar, para conseguir ser melhor e mais rápido
e mais ágil do que a concorrência.
O sector do turismo não precisa que o Estado lhe diga quais os produtos estratégicos em que
deve investir, sobretudo se divididos por regiões, como se vivêssemos num território enorme e
as regiões não estivessem a poucas horas umas das outras. Nem precisa que o Estado
identifique que tipo de oferta de alojamento é que queremos, como se a primeira obrigação
do sector fosse agradar ao Estado e não ao turista. Muito menos precisa que o Estado lhe diga
de que forma deve desenvolver a sua atividade ou estruturar os seus produtos.
De facto não faz muito sentido elaborar um plano prescritivo, fechado, definido
estadualmente, para conformar um sector que vive em permanente mudança e depende
essencialmente da iniciativa e pujança privada.
Qualquer política ou escolha feita num determinado ano estará, com toda a certeza, datada
passados alguns anos, talvez alguns meses. Qualquer plano que impeça a abertura estará, com
toda a certeza, a impedir o dinamismo que uma atividade como o turismo exige. Qualquer
plano definido estadualmente estará, com toda a certeza, desfasado da realidade empresarial.
Qualquer plano que se julgue atualizado está a cometer a primeira falha: não perceber que a
atualização não se completa.
Quer isto dizer que o Estado não deve ter uma estratégia para o turismo, o seu maior sector
exportador?
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Depende do que quiser entender-se por estratégia. Se estratégia é pretender condensar num
documento uma visão de sector, com metas e caminhos, impostos estadualmente ao sector
privado, e como se o cumprimento dessas metas dependesse do Estado, então a resposta é
claramente negativa.
Mas se estratégia for a definição de princípios que devem nortear a atuação das entidades
públicas que interferem no turismo, se esses princípios forem definidos no claro pressuposto
de que o turismo é uma atividade que vive do arrojo privado, do risco privado e da criatividade
do sector privado, se a ambição da estratégia se centrar na competitividade e não em
resultados quantitativos que dependem muito residualmente do Estado, e se o Estado apostar
em cuidar de preservar o território, que é o nosso maior ativo turístico, então a resposta é
positiva.
Assim, este documento, que agora aprovamos e colocamos à consulta pública, revoga o PENT
e define uma ambição de competitividade para o nosso destino e cinco princípios que
favorecem a sua concretização.
Uma ambição que se fundamenta no sector privado do turismo: no horizonte 2020 queremos
ser o destino mais ágil e dinâmico da Europa.
Essencialmente, duas coisas: queremos criar condições para que as receitas auferidas pelo
sector privado do turismo cresçam em Portugal acima da média dos nossos concorrentes e
queremos ser um dos dez destinos mais competitivos do Mundo.
Não queremos identificar produtos estratégicos, nem dar lições a um sector campeão que vive
muito bem sem os conselhos do Estado. Nem queremos lançar números aleatórios de turistas
ou de dormidas, como se isso dependesse do Estado.
É por isso que a nossa ambição e as metas que definimos estão colocadas do ponto de vista da
iniciativa privada.
Certos de que a imprevisibilidade é a única variável que podemos prever neste momento, mais
do que um plano estratégico dirigista e prescritivo, tratámos de definir cinco princípios que se
alinham harmoniosamente para cumprir a ambição de transformar Portugal no destino mais
ágil e dinâmico da Europa: a Pessoa, a Liberdade, a Abertura, o Conhecimento e a
Colaboração.
Porquê estes princípios? Porque eles expressam precisamente as funções do Estado no sector
do turismo e porque foram estes os princípios que nortearam os últimos quatro anos de ação
das entidades públicas no sector do turismo.
Um sector que precisa de liberdade de iniciativa para criar e oferecer a melhor proposta de
valor. Um sector que precisa que o Estado respeite a liberdade de escolha do turista e que não
pretenda protegê-lo de si próprio.
Um sector que precisa de abertura à mudança, que não vê no Estado um descrente da sua
capacidade, um desconfiado da inovação.
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Um sector que tem no Estado um parceiro na promoção do país, mas uma promoção focada
na procura, no turista, e não uma promoção focada na oferta ou na necessidade de gerir
protagonismos políticos. Um sector que tem no Estado uma atitude de abertura às novas
tendências do mercado e que por isso cuida e preserva o seu território e os seus ativos
turísticos.
Um sector que quer envolver-se nas decisões, que precisa de ter uma relação colaborativa com
as administrações públicas, e não uma relação administrativa, que vê no Estado um parceiro,
não um guia.
São estes os princípios que, transversais a todo o documento, corporizam e enformam toda a
lógica operacional das seis formas com que expressamos a ambição de qualificação (crescer
mais do que a concorrência) e competitividade (figurar no top-10 dos destinos mais
competitivos a nível mundial) do nosso destino:
5. Um destino gerido de forma eficaz, onde a definição clara das competências de cada
agente não deve ser um entrave à iniciativa privada, à exploração de sinergias e
intensificação da transversalidade do turismo;
Uma ambição e cinco princípios é assim o que propomos como estratégia das entidades
públicas no sector do turismo para os próximos cinco anos.
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SUMÁRIO EXECUTIVO
Este documento, que agora aprovamos e colocamos à consulta pública, revoga o Plano
Estratégico Nacional do Turismo (PENT), define uma ambição de competitividade para o nosso
destino em 2020, e estabelece cinco princípios (Pessoa, Liberdade, Abertura, Conhecimento e
Colaboração) que favorecem a sua concretização.
A ambição é clara: queremos ser o destino turístico mais ágil e dinâmico da Europa.
Realce-se, com vigor, que este cenário não constitui nem uma previsão nem um objectivo,
mas tão-somente um cenário indicativo para que possa ter-se uma ordem de grandeza do
desafio que temos pela frente.
Queremos ser o destino turístico mais ágil e dinâmico da Europa. Queremos ser mais
competitivos e crescer mais nas receitas do sector privado. Podemos expressar esta ambição
de seis formas diferentes, que no seu conjunto se complementam:
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3. Um destino empreendedor, munido de todas as competências e conhecimento que
lhe permita ser o país campeão do empreendedorismo turístico;
5. Um destino gerido de forma eficaz, onde a definição clara das competências de cada
agente não deve ser um entrave à iniciativa privada, à exploração de sinergias e
intensificação da transversalidade do turismo;
Cada uma destas ambições impõe desafios, pressupõe atuação e implica esforço. O turismo
vive uma concorrência feroz e crescente à escala planetária e está particularmente sujeito a
novas tendências de mudança: sócio-demográficas, económicas, ambientais, tecnológicas e
nos transportes.
Os desafios que o sector enfrenta, se bem que podem ser genericamente identificados,
assumem contornos mutáveis, muito dependentes de circunstâncias externas, sensíveis a
intervenções públicas e privadas de vários níveis, sujeitos à inovação, sempre imprevisível, e à
concorrência, nem sempre previsível.
Hoje não faz qualquer sentido que um documento estratégico a cinco anos prescreva com
minúcia ações e políticas que as entidades públicas e privadas fiquem comprometidas a
executar durante a sua vigência. Este tipo de planeamento centralizado é incompatível com
um conjunto de realidades que muitos reconhecem mas que importa que tenham, igualmente,
consequências práticas.
Em particular, temos de retirar as devidas ilações das mudanças que, em maior ou menor grau,
afetarão o quotidiano das pessoas, o mesmo é dizer, dos turistas Senão, vejamos:
2. Boa parte das mudanças serão imprevisíveis, quer quanto à sua natureza, quer quanto
ao seu impacto.
4. O número de agentes económicos e outros com atividade ligada ao Turismo será cada
vez maior.
Por isso dizemos que não faz sentido elaborar um plano prescritivo. Qualquer política ou
escolha feita num determinado ano estará, com toda a certeza, datada passados alguns anos,
talvez alguns meses.
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É por isso que, mais do que identificar desafios, o que se faz, mais do que definir linhas de
atuação, o que também se faz, e mais ainda do que identificar os esforços, o que também
fazemos, se impõe identificar, isso sim, os princípios que devem nortear a atuação das
entidades públicas do turismo na hora de, a cada momento, a cada desafio, decidir como
enfrentá-lo.
Porque se a realidade vai mudando, os princípios através dos quais se olha para ela em busca
de soluções assumem carácter mais estável, se forem princípios rigorosos e estruturantes.
Identificamos assim cinco princípios, eles sim estratégicos: Pessoa, Liberdade, Abertura,
Conhecimento e Colaboração.
Porque foram estes princípios que fundamentaram a ação pública nos últimos quatro anos e
permitiram ou contextualizaram os resultados muito positivos que o turismo obteve em
Portugal. Porque resultam, porque são instrumentos e ferramentas úteis, são esses os cinco
princípios que propomos para a nossa atuação até 2020.
Foco nas pessoas, nos turistas, na procura, por oposição ao foco na oferta.
Respeito pela liberdade de escolha das pessoas e pela liberdade de iniciativa das empresas do
sector, de forma a responder às motivações da procura, por oposição à tentação de impor aos
turistas aquelo que acreditamos melhor para eles.
Com estes princípios, o Estado está munido das necessárias ferramentas para chegar a 2020
com um destino turístico ágil e dinâmico. O mais ágil e dinâmico da Europa.
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GLOSSÁRIO
B2B – Business-to-business
B2C – Business-to-consumer
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ÍNDICE
PARTE I – UMA AMBIÇÃO PARA 2020: O DESTINO TURÍSTICO MAIS ÁGIL E DINÂMICO DA
EUROPA ....................................................................................................................................... 12
1. COMPETIR NUM MERCADO GLOBAL .............................................................................. 12
2. TENDÊNCIAS DE MUDANÇA ............................................................................................ 13
2.1. Tendências socioculturais e demográficas .............................................................. 14
2.2. Tendências económicas .......................................................................................... 14
2.3. Tendências ambientais ............................................................................................ 15
2.4. Tendências tecnológicas ......................................................................................... 16
2.5. Tendências nos transportes .................................................................................... 17
3. UMA AMBIÇÃO PARA 2020 ............................................................................................. 17
3.1. Dinamismo .............................................................................................................. 18
3.2. Agilidade .................................................................................................................. 18
3.3. Crescer mais do que os nossos principais concorrentes e ser mais competitivo do
que eles ............................................................................................................................... 19
3.3.1. Crescer em receitas geradas ............................................................................... 19
3.3.2. Cenário de crescimento moderado ..................................................................... 22
3.3.3. Crescer mais em receitas internacionais geradas do que em chegadas ............. 23
3.3.3.1. Evolução da procura ........................................................................................ 24
3.3.3.2. Evolução da oferta .......................................................................................... 25
3.3.3.3. Evolução das receitas ...................................................................................... 27
3.3.3.4. Uma ambição ao nosso alcance ...................................................................... 27
3.3.3.5. Crescimento dos preços .................................................................................. 27
3.3.4. Ser mais competitivo do que os nossos principais concorrentes ....................... 28
3.3.5. A afirmação do turismo como sector campeão da economia nacional .............. 29
4. UM PROPÓSITO DIFERENCIADOR ................................................................................... 30
5. O PONTO DE PARTIDA EM 2015 ...................................................................................... 31
PARTE II- UMA AMBIÇÃO, CINCO PRINCÍPIOS: PESSOA, LIBERDADE, ABERTURA,
CONHECIMENTO E COLABORAÇÃO ............................................................................................ 33
CINCO PRINCÍPIOS PARA 2020 ................................................................................................ 33
1. PESSOA ............................................................................................................................ 34
2. LIBERDADE....................................................................................................................... 35
3. ABERTURA ....................................................................................................................... 37
4. CONHECIMENTO ............................................................................................................. 38
5. COLABORAÇÃO................................................................................................................ 39
PARTE III – SEIS FORMAS DE EXPRESSAR UMA AMBIÇÃO .......................................................... 41
1. UM DESTINO ÁGIL E DINÂMICO ...................................................................................... 41
10
2. UM DESTINO SUSTENTÁVEL E DE QUALIDADE ............................................................... 41
2.1. Seis pressupostos de atuação ................................................................................. 42
2.2. Linhas de atuação .................................................................................................... 47
3. UM DESTINO DE EMPRESAS COMPETITIVAS .................................................................. 53
3.1. Seis pressupostos de atuação ................................................................................. 53
3.2. Linhas de Atuação ................................................................................................... 60
4. UM DESTINO EMPREENDEDOR ....................................................................................... 63
4.1. Seis pressupostos de atuação ................................................................................. 63
4.2. Linhas de Atuação ................................................................................................... 67
5. UM DESTINO LIGADO AO MUNDO .................................................................................. 71
5.1. Seis pressupostos de atuação ................................................................................. 71
5.2. Linhas de Atuação ................................................................................................... 73
6. UM DESTINO GERIDO DE FORMA EFICAZ ....................................................................... 76
6.1. Seis pressupostos de atuação ................................................................................. 76
6.2. Linhas de Atuação ................................................................................................... 79
7. UM DESTINO QUE MARCA .............................................................................................. 82
7.1. Seis pressupostos de atuação ................................................................................. 83
7.2. Linhas de Atuação ................................................................................................... 91
8. MONITORIZAÇÃO ............................................................................................................ 97
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................. 98
ANEXOS ....................................................................................................................................... 99
1. PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO TURISMO 2020 – 5 PRINCÍPIOS PARA UMA AMBIÇÃO
99
2. O TURISMO NAS REGIÕES ............................................................................................. 105
2.1. REGIÃO NORTE ...................................................................................................... 105
2.2. REGIÃO CENTRO .................................................................................................... 111
2.3. REGIÃO DE LISBOA ................................................................................................ 117
2.4. REGIÃO ALENTEJO ................................................................................................. 123
2.5. REGIÃO ALGARVE .................................................................................................. 129
2.6. REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES ....................................................................... 136
2.7. REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA ....................................................................... 142
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PARTE I
O turismo é hoje a mais importante atividade de serviços à escala global e aquela em que com
mais propriedade se pode falar de uma verdadeira concorrência à escala planetária, que vive
de fronteiras abertas e que permite a antípodas competir pelo mesmo turista.
A larga maioria dos países da OCDE possui um sector do turismo forte e a quase totalidade dos
países em vias de desenvolvimento elegeu o turismo como atividade estratégica essencial para
o seu desenvolvimento futuro.
Este contexto, que vigorará no período de 2016 a 2020 a que este documento se reporta,
conduz diretamente a duas conclusões importantes:
Num contexto de cada vez maior concorrência é de esperar maior dificuldade em diferenciar
cada destino, exatamente numa altura em que um posicionamento distintivo assume maior
importância na captação de turistas.
Por outro lado, o conceito de diferenciação é dinâmico: o que hoje é distintivo pode amanhã
ter sido adotado por um ou mais dos destinos concorrentes e deixar de ser relevante.
Por este motivo, o desafio estratégico que se coloca à atividade turística em cada país não é
apenas o de eleger fatores diferenciadores que sejam (percepcionados como sendo)
relevantes face à concorrência. É igualmente o da criação de condições de mercado para que
esse fator diferenciador possa evoluir e adaptar-se de modo a manter a sua relevância face à
concorrência.
É também esta a questão estratégica principal que se coloca ao turismo em Portugal. Definir
um fator diferenciador relevante e criar as condições para que ele possa evoluir e manter-se
relevante, ao longo do tempo face à concorrência.
Muitas vezes essa questão convoca a elaboração de documentos estratégicos, quase sempre
prescritivos, que têm a ambição de concretizar metas e políticas quinquenais, num esforço que
acaba por condicionar a atuação das entidades públicas e funcionar como um convite ao
sector privado do turismo para que com essas metas e políticas se acomode.
Sucede que há que tirar as devidas ilações das mudanças que, em maior ou menor grau,
afetarão o quotidiano das pessoas, o mesmo é dizer, dos turistas. Mudanças que
desaconselham esse género de exercícios.
De facto não faz muito sentido elaborar um plano prescritivo, fechado, definido
estadualmente, para conformar um sector que vive em permanente mudança e depende
essencialmente da iniciativa e pujança privada.
Qualquer política ou escolha feita num determinado ano estará, com toda a certeza, datada
passados alguns anos, talvez alguns meses. Qualquer plano que impeça a abertura estará, com
toda a certeza, a impedir o dinamismo que uma atividade como o turismo exige. Qualquer
plano definido estadualmente estará, com toda a certeza, desfasado da realidade empresarial.
Qualquer plano que se julgue atualizado está a cometer a primeira falha: não perceber que a
atualização não se completa.
Mas é possível apresentar um documento que forneça uma ambição consensual e dinâmica
para o turismo em Portugal, animado por metas dinâmicas, não estanques e ajustadas a um
mercado global e concorrencial, enformado por um propósito aberto que permita
adaptações permanentes às tendências de mudança.
2. TENDÊNCIAS DE MUDANÇA
Se é a mudança que provoca a necessidade de repensar a elaboração e conteúdo de um
documento que pretenda enquadrar políticas na área do turismo, importa então sumarizar as
principais tendências de mudança que afectam o turismo ao dia de hoje.
DEMOGRÁFICAS
E
SOCIOCULTURAIS
TRANSPORTES ECONÓMICAS
TENDÊNCIAS
GLOBAIS
TECNOLÓGICAS AMBIENTAIS
13
2.1. Tendências socioculturais e demográficas
14
Figura 3 - Tendências económicas e suas consequências para o turismo
15
2.4. Tendências tecnológicas
A figura seguinte resume de forma não exaustiva as como as principais tendências tecnológicas
estão a influenciar a atividade turística:
Figura 5 - Tendências tecnológicas e suas consequências para o turismo
Portugal ocupa o 16.º lugar a nível europeu no Índice digital da economia e da sociedade. A
nível mundial, de acordo com o Índice de Competitividade no Turismo 2015 do Forum
Económico Mundial (FEM), Portugal apresenta-se como o 40.º destino mais competitivo do
mundo no capítulo da Aptidão para as TIC.
16
Os destinos turísticos que não souberem responder de forma rápida e inovadora vão
progressivamente perder relevância no competitivo mercado do turismo.
A figura seguinte resume não exaustivamente de que forma as principais tendências nos
transportes estão a influenciar a atividade turística:
Figura 6 - Tendências nos transportes e suas consequências para o turismo
E isso obriga a largar as ambições quantitativas, que dependem de forma muitíssimo residual
das políticas públicas, e a procurar uma ambição que incorpore precisamente esse ambiente
de concorrência, competitividade e mudança. Sendo certo que:
O ritmo de mudança irá acelerar, não apenas pela evolução das tendências
tecnológicas.
Cada vez surgem mais destinos concorrentes, com novas propostas de valor e factores
de identificação.
17
Boa parte das mudanças a que o sector está sujeito são imprevisíveis, quer quanto à
sua natureza, quer quanto ao seu impacto.
As atividades que, agregadamente, convencionámos designar por turismo serão cada
vez mais diversas e heterogéneas.
O número de agentes económicos e outros com atividade ligada ao turismo será cada
vez maior.
A volatilidade nas condições de procura nos nossos mercados emissores em função da
ocorrência de eventos políticos, naturais ou económicos, não vai mitigar-se.
Os turistas impõem diariamente novas motivações, novas necessidades e vontades e
diariamente surgem novas propostas de valor no sentido de lhes dar resposta.
Desta forma, a ambição que temos para o turismo em Portugal, no período de 2016-2020 é a
seguinte:
3.1. Dinamismo
3.2. Agilidade
Um destino ágil não é apenas um destino que se centra em metas de crescimento. Um destino
que seja verdadeiramente ágil terá uma combinação das seguintes características:
18
Monitorização permanente dos destinos concorrentes, da competitividade do sector e
das mudanças que com ele interferem.
3.3. Crescer mais do que os nossos principais concorrentes e ser mais competitivo do que
eles
Traduzindo esta ambição para metas de crescimento, pode dizer-se que queremos crescer
mais do que a média dos nossos principais concorrentes, porque tal significará que estamos
a aproveitar melhor as oportunidades, com agilidade e dinamismo.
Traduzindo esta ambição para metas de competitividade, pode dizer-se que queremos ser
mais competitivos do que os nossos concorrentes, pontuando melhor do que estes nos
diversos indicadores que contribuem para o sucesso de um destino turístico e que, no seu
conjunto, o tornam mais atrativo.
É sinal de responsabilidade assumir uma meta de crescimento como esta, relativa e dinâmica,
que tem em conta a concorrência e o seu contexto, ao invés de apresentar metas quantitativas
absolutas e desgarradas da concorrência, e que pouco ou nenhum compromisso permite gerar
e que são elas próprias a negação do ritmo de mudança e concorrência em que vive o sector
do turismo.
O indicador que melhor pode medir essa qualificação do crescimento é o indicador estatístico
das receitas geradas pelo turismo internacional, mensuradas pelo Banco de Portugal, e que
constituem simultaneamente o contributo do sector para as exportações do país.
Não é assim o número de visitantes, insuficiente para avaliar a qualidade do destino, nem o
número de camas, insuficiente para monitorizar a densidade e a sustentabilidade, nem mesmo
o montante de proveitos da hotelaria, insuficiente para retratar o efeito económico do turismo
na totalidade da nossa economia.
Assim, é nas receitas internacionais e nas receitas internacionais por chegada que estão os
nossos critérios de avaliação, num compromisso de associar o crescimento do turismo à
qualificação desse crescimento. Através dele é possível verificar se o nosso destino se
assume como uma proposta de valor, se qualifica a sua atratividade (não só para turistas
internacionais, mas também para turistas nacionais) e se contribui ativamente para a
economia nacional ao mesmo tempo que se assegura que dele partem os incentivos
necessários ao desenvolvimento da atividade.
Importa sublinhar que a necessidade imperiosa de obter os dados das receitas internacionais
por chegada, que atualmente não estão disponíveis, levou à reativação da conta satélite do
turismo, essencial para a monitorização desta ambição.
Queremos assim crescer mais nas receitas por chegada do que os nossos concorrentes. Isto
é, Portugal deve ganhar, sustentadamente, quota em valor no competitivo mercado turístico
internacional, onde aliás o país tem mostrado fortes sinais de protagonismo:
19
Em termos de receitas turísticas, Portugal representa, na Europa (9.º lugar na UE 28),
cerca de 2,5% do total das receitas turísticas internacionais.
E em termos mundiais ocupa o 26.º lugar (cerca de 1,0% a nível mundial).
Ainda que a concorrência seja global, Portugal tem concorrentes mais diretos, nomeadamente
os países da Bacia do Mediterrâneo. No grupo desses países, Portugal posicionava-se em 6.º
lugar em 2013 e apresentou um crescimento entre 2007 e 2013 de 24,3%, muito acima do
aumento de 7,2% registado pelo conjunto daqueles destinos.
Gráfico 1- Receitas turísticas internacionais por países da Bacia do Mediterrâneo [mil milhões €, 2007 e 2013]
50
+7,8%
+7,8%
2007
40
+6,1%
Mil milhões de euros
2013
30
+56,3%
20
+8,0%
+24,3%
+5,9% -1,9% -32,4%
10
0
Espanha França Itália Turquia Grécia Portugal Croácia Marrocos Egipto
Nos últimos cincos anos, as receitas turísticas internacionais cresceram a uma média anual de
8,2% em Portugal, um desempenho que superou a concorrência espanhola (4,5%),
mediterrânica e europeia (5,4%) e mundial (6,5%).
Tabela 1 - Receitas turísticas internacionais [mil milhões $, 2010-2014]
Fonte: OMT
O crescimento das receitas turísticas internacionais acelerou sobretudo nos últimos dois anos.
Em 2014, as receitas turísticas cresceram mais de 12%, um desempenho ímpar entre os
principais concorrentes europeus: Espanha registou um crescimento de 4,2% nas receitas,
enquanto o conjunto dos países do Mediterrâneo observaram uma subida de 3,5%.
20
Gráfico 2 - Variação anual das receitas turísticas internacionais [%, 2007-2014]
20,0
15,0
12,4
10,0
5,0
0,0
-5,0 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
-10,0
-15,0
-20,0
Portugal Espanha França Itália Grécia Croácia Mediterrâneo
Nota: Mediterrâneo composto por: Portugal, Espanha, França, Itália, Grécia e Croácia.
Neste sentido, a evolução mais positiva das receitas turísticas em Portugal tem permitido
ganhar quota de mercado a nível regional, continental e mundial. No seio do Mediterrâneo,
onde se concentram os principais destinos concorrentes, Portugal evoluiu de uma quota de
mercado de 5,3% em 2007 para uma quota de mercado de 6,6%, num período em os
restantes destinos perderam ou mantiveram a sua quota de mercado (à exceção da Grécia).
Em termos práticos, a definição deste objetivo relativo (crescer mais do que a concorrência)
permite avaliar a competitividade e qualificação do destino Portugal em função da
performance dos principais destinos concorrentes, à luz de uma métrica mensurada e adotada
internacionalmente – as receitas internacionais com viagens e turismo.
Esse indicador equivale à diferença entre o que os turistas estrangeiros gastam nas suas visitas
a Portugal e aquilo que os turistas portugueses despendem nas suas visitas ao estrangeiro.
21
E porquê este indicador? Porque o saldo da balança turística permite incluir num único
indicador uma série de variáveis importantes para a monitorização da evolução de Portugal
enquanto destino turístico:
Assim, várias evoluções podem, e devem, contribuir para o aumento do saldo da balança
turística tais como o aumento sustentável do número de turistas estrangeiros, o gradual
incremento dos gastos médios diários, o prolongamento da estadia média ou a substituição
por parte dos turistas nacionais de viagens ao estrangeiro por viagens em Portugal.
Não nos interessa assim olhar para o número de visitantes, insuficiente para avaliar da
qualidade do destino, nem para o número de camas, insuficiente para monitorizar a densidade
e a sustentabilidade, nem mesmo para o montante de proveitos da hotelaria, insuficiente para
retratar o efeito económico do turismo na totalidade da nossa economia.
Prevendo uma taxa de crescimento médio anual de 2,4% nas dormidas na hotelaria nos
próximos cinco anos, é possível ambicionar um total de mais de 50 milhões de dormidas antes
de 2020.
Gráfico 3 - Estimativas de evolução das dormidas na hotelaria [% e milhões, 2014-2020]
15,9
15,5
15,1
13,8
(milhares)
35,3 37,2
32,3 33,5
22
Perante este cenário, Portugal tem ao seu alcance um crescimento médio anual de 3,6% das
receitas turísticas internacionais até 2020, gerando um crescimento na ordem dos três mil
milhões de euros entre 2014 e 2020.
Gráfico 4 - Estimativas de evolução das receitas turísticas internacionais [% e mil milhões €, 2014-2020]
12,2
11,2 13,4
(mil imilhões €)
10,4
Este cenário sugere um crescimento moderado face à evolução das dormidas (TCMA de 5%) e
das receitas turísticas internacionais (TCMA de 8%) geradas entre 2010 e 2014.
Ainda assim, é um cenário que, sendo uma orientação prospetiva, se alinha com as metas
estabelecidas inicialmente: i) crescer mais em receitas turísticas do que dormidas (chegadas) e
ii) crescer acima da concorrência.
Sublinhe-se que esta projeção para as receitas turísticas internacionais resulta de um exercício
baseado na experiência passada do turismo em Portugal e em estimativas para o crescimento
económico e turístico global, que não está livre de riscos, e que aqui apenas se apresenta a
título indicativo.
Para a monitorização da meta a que nos propomos é igualmente importante verificar, a todo o
tempo, se a trajetória das receitas internacionais por chegada acompanha, suplanta ou é
ultrapassada pela trajetória de crescimento das chegadas, na medida em que relação destas
duas trajetórias indicia se o crescimento de receitas internacionais é real, determinado pela
proposta de valor, ou se é determinado pelo simples crescimento da procura (chegadas).
Queremos assim que a trajetória de crescimento das receitas seja superior à trajetória de
crescimento das chegadas, o que nos obriga a uma monitorização do crescimento da procura
e da oferta.
Sublinhe-se, ainda assim, que se adoptará o número de dormidas como indicador a utilizar no
próximo ano pois a reativação da conta satélite do turismo só começará a contabilizar as
chegadas internacionais em 2016 e que, por conseguinte, variações face ao ano anterior só
poderão ser calculadas em 2017.
23
3.3.3.1. Evolução da procura
(mil)
50.000
40.000 29,9%
32,6%
30.000
20.000
70,1%
67,4%
10.000
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Residentes no estrangeiro Residentes em Portugal
Face à evolução das dormidas no país, importa sublinhar que os proveitos de aposento
cresceram a uma taxa anual média de 2,6% entre 2007 e 2014. Esta taxa é superior à taxa de
crescimento das dormidas observada no mesmo período, sinalizando uma melhoria do
rendimento por cada dormida. Em 2014, os proveitos com aposento atingiram um valor
recorde de 1,55 mil milhões de euros, representando já 70% dos proveitos totais (que em 2014
superaram os 2,2 mil milhões de euros).
24
Gráfico 6 - Proveitos por aposento nos estabelecimentos hoteleiros, aldeamentos e apartamentos turísticos País
[milhares, 2007-2014]
Fonte: INE
Também a evolução do RevPAR (receita por quarto disponível) no período em análise sugere a
recuperação da rentabilidade dos estabelecimentos hoteleiros, tendência reforçada sobretudo
nos últimos dois anos.
Gráfico 7 - RevPAR e Taxa de ocupação [€ e %, 2007-2014]
60,0% 40,0
50,3%
47,3% 45,6%
50,0% 42,9% 43,5%
42,6% 42,2% 41,2% 35,0
40,0%
30,0% 30,0
20,0% 33€
31€
30€ 30€ 30€ 25,0
28€ 28€ 29€
10,0%
0,0% 20,0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
O RevPAR atingiu o valor mais elevado em 2014, nos 33 euros, recuperando pelo segundo ano
consecutivo, apesar das taxas de ocupação médias do país continuarem ainda inferiores aos
valores registados em 2007 ou 2008. A taxa de ocupação situou-se nos 45,6% em 2014,
quando em 2007 se fixou ligeiramente acima dos 50%.
25
Constata-se que, nos últimos anos, houve uma qualificação da oferta, representando o
alojamento hoteleiro 74,8% dessas 309.195 camas. De destacar ainda o significativo peso de
52,2% da capacidade oferecida pelos 804 hotéis de 5*, 4* e 3*.
Gráfico 8 - Camas nos estabelecimentos hoteleiros [%, 2007-2014]
350.000
300.000
26,4% 25,2%
250.000 29,4% 28,3%
36.3% 34,7% 32,1%
36.9%7
200.000
150.000
71,7% 73,6% 74,8%
100.000 65,3% 67,9% 70,6%
63,1% 63,7%
50.000
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Após a entrada em vigor do Regime Jurídico do Alojamento Local (Decreto-Lei n.º 128/2014)
no dia 27 de novembro de 2014, que veio dar resposta às novas necessidades dos turistas e,
simultaneamente, permitir aos proprietários de alojamento privado aproveitar os benefícios
potenciados pela sharing economy no que toca aos arrendamentos temporários, verificou-se
uma significativa formalização dos negócios tidos como informais.
Até dia 2 de Junho de 2015, um total de 14.683 Alojamentos Locais estava registado no RNAL,
concentrando-se este tipo de alojamento sobretudo nas regiões do Algarve, de Lisboa e do
Porto, sendo hoje possível, mercê do regime aprovado, ter uma maior noção da oferta de
alojamento local.
A monitorização desta oferta, para efeitos estatísticos, como adiante se propõe, permitirá, no
futuro, ter uma melhor noção do número de camas existentes, adequando as políticas de
planeamento e financiamento a essas novas realidades.
26
3.3.3.3. Evolução das receitas
De acordo com o Banco de Portugal, em 2014, as receitas geradas pelo turismo internacional
em Portugal ascenderam pela primeira vez a mais de 10 mil milhões de euros, representando
6% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
(mil milhões)
15,00 8,0%
6,0%
7,0%
5,5% 6,0%
5,1%
10,00 4,6%
4,2% 4,2% 4,2% 5,0%
3,9%
4,0%
10,4 3,0%
5,00 9,2
8,1 8,6
7,4 7,4 6,9 7,6 2,0%
1,0%
0,00 0,0%
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Receitas (mil milhões €) Peso das receitas sobre PIB (%)
Constata-se assim que a trajetória de crescimento média anual das receitas não só tem sido
superior à média dos nossos principais concorrentes, como tem sido superior à trajetória de
crescimento das dormidas.
Esta meta de crescer mais do que os nossos principais concorrentes, garantindo que tal
crescimento não resulta apenas do crescimento da procura, está a ser atingida.
No entanto, tal não significa que a ambição a que nos propusemos esteja já realizada. O que
esta meta permite concluir é que estamos no caminho certo no sentido da concretização da
nossa ambição, que enfrenta ainda muitos desafios pela frente, nomeadamente o da
competitividade.
Um dos indicadores tradicionalmente apontado como sendo o indicador a ter em conta numa
avaliação qualitativa do crescimento do sector do turismo é dos preços praticados e do
RevPAR do alojamento.
27
Esses critérios não permitem avaliar o sector do turismo como um todo, porque se
circunscreve ao alojamento, e normalmente ao alojamento em empreendimentos turísticos,
deixando de lado novas e populares modalidades de alojamento. Embora, seja,
evidentemente, de crucial relevância, como adiante se demonstrará no capítulo relativo à
competitividade das empresas do nosso destino.
Depois de três anos de políticas de liberalização da atividade do turismo, Portugal subiu cinco
posições, igualando a melhor posição alcançada no ano 2008. Com esta subida de cinco
lugares no ranking Portugal ultrapassou a Suécia, a Nova Zelândia, a Islândia, a Finlândia, a
Bélgica e a Irlanda.
28
Mas há ainda indicadores em que Portugal está manifestamente mal posicionado, afectando a
sua competitividade e a sua capacidade de atração de investimento, talento e capacidade para
superar os desafios de mudança.
A nossa meta é assim, clara. Queremos chegar a 2020 no top 10 mundial do Índice de
Competitividade em Viagens e Turismo, uma meta ao nosso alcance se respeitados os
princípios de atuação a que nos propomos.
O mesmo é dizer que essa afirmação só faz sentido, num documento como este, quando
alicerçada em ambições e metas que a ela possam conduzir, e não enquanto propósito político
desligado de qualquer propósito verificador.
Por comparação com os restantes países da União Europeia, Portugal encontra-se na 10.ª
posição relativamente a este indicador. Os países da União Europeia com maiores pesos
relativos das exportações de “Viagens e turismo” no PIB foram, em 2013, a Croácia, Malta e
Chipre, com 17%, 15% e 13%, respetivamente. Em termos nominais, os países com maiores
receitas de “Viagens e turismo” em 2013 foram a Espanha, a França e a Itália.
29
Gráfico 11 - Receitas turísticas internacionais nos países da União Europeia [2013]
Fonte: Banco de Portugal, 2014 [retirado de “Análise do sector do turismo: Outubro 2014”]
4. UM PROPÓSITO DIFERENCIADOR
Se a ambição é ter um destino turístico e um sector do turismo, público e privado dinâmico e
ágil, capaz de evoluir e de afirmar eficazmente Portugal enquanto destino turístico, importa
identificar um propósito comum para o sector que:
O propósito definido para o turismo em Portugal assenta em dois valores centrais que estão na
base da nossa identidade e presentes tanto nos comportamentos dos portugueses como nos
símbolos que nos representam e que definem o nosso modo de estar no turismo:
vocação universalista, que se traduz num genuíno interesse por conhecer outras
culturas, valorizar a diferença e o entendimento com outros povos.
vontade e capacidade de valorizar as relações humanas, que se expressa na forma de
nos relacionarmos com os outros, disponível, afável, conciliadora e consistentemente
elogiada pelos estrangeiros que nos visitam.
Respeitando os valores identitários de Portugal, o foco nas procuras (vs. oferta) e nas suas
motivações, a expressão do propósito pode resumir-se numa frase simples, credível, que
pretende ser mobilizadora e inspiradora para os vários agentes que atuam no turismo:
“RECEBER BEM”
30
O desenvolvimento de uma cultura turística orientada no sentido de “Receber bem”, de saber
acolher, de proporcionar felicidade, de surpreender, de estar atento aos desejos e
necessidades dos turistas e orientado para exceder as suas expectativas, permite atribuir um
sentido comum a todas as experiências com o destino, valorizando e tornando única a sua
proposta de valor, e permite acomodar milhares de mensagens e expectativas.
Portugal é um destino que dispõe de ativos turísticos territoriais singulares, mas é também um
país que tem na sua génese uma dimensão emocional, que é estrutural da nossa cultura e
identidade e que importa valorizar: a capacidade de “receber bem”.
Assim, pretende-se que Portugal se afirme também como o local “onde o mundo se sente em
casa”, num destino autêntico, cosmopolita e distintivo.
Forças Fraquezas
Invulgar capacidade da população portuguesa de Receber Capacidade instalada na hotelaria com fortes
Bem de forma genuína e autêntica. implicações na taxa de ocupação, nos preços médios
praticados e no RevPAR.
Localização geográfica privilegiada como "porta de entrada
e de saída" da Europa, podendo funcionar como hub Localização geográfica periférica face aos mercados
Europa/África/América emissores europeus e asiáticos
Clima mediterrânico muito ameno, com sol intenso durante Competências e níveis de qualificação do universo dos
boa parte do ano (em média, mais de 2.200 horas de sol por profissionais do turismo ainda insuficientes
ano)
Oferta instalada crescentemente qualificada e com Fraca evidência de I&D no turismo e escassez de
capacidade para acomodar um crescimento intenso da parcerias entre o sistema científico e tecnológico e as
atividade turística empresas turísticas
31
Rede qualificada de escolas de hotelaria e turismo geridas Desarticulação entre cidades e regiões portuguesas,
pelo Turismo de Portugal, que garante boas bases de que pode criar entropias, ineficiências e incoerências na
preparação técnico-profissional gestão dos recursos, dos esforços promocionais e das
próprias marcas (regionais)
Destino turístico muito competitivo a nível mundial Proliferação de marcas e produtos turísticos com
(atestado pelo ranking do Fórum Económico Mundial) e escalas muito diferenciadas e estruturados mais a partir
elevado nível de satisfação por parte dos turistas que visitam da oferta do que na sua articulação com a procura
Portugal, em regra acima das expectativas iniciais Predominância de uma visão individualizada nas ações
e falta de sensibilidade para o funcionamento em redes
com maior sustentabilidade económica.
Fragmentação do tecido empresarial, gerador de
dificuldades de atuação no mercado internacional.
Elevado peso de custos com energia, o edifício e
construção e juros de financiamento, na estrutura de
custos das empresas do turismo.
Oportunidades Ameaças
Crescimento acelerado do turismo à escala global e, em Mudança rápida da procura de destino/geografia para
particular no oriente, com operadores à procura de novos produto/experiência como fator dominante no
destinos para vender processo de decisão do turista à escala global
Supremacia económica (e financeira/ cambial) de mercados Situação económica e política na Europa (responsável
emissores fortes, que torna os destinos europeus mais por uma enorme quota da procura em Portugal)
acessíveis sem perda de valor
Popularidade do turismo de cruzeiros a nível mundial Abrandamento no ritmo de crescimento económico dos
continuará a potenciar o crescimento de destinos bem principais emissores não europeus de Portugal (e.g.
posicionados em termos geográficos, como é o caso nacional Angola, Brasil)
Variação da taxa de câmbio, desvalorizando face ao
Euro.
Elevada notoriedade internacional que o destino Portugal Aumento da concorrência pela via do alargamento das
atravessa, potenciador de novas oportunidades de negócio possibilidades de destinos turísticos, acentuada pela
Aprofundamento da globalização e consolidação de um vasto redução dos custos de transporte (incluindo a
conjunto de transformações tecnológicas, demográficas, consolidação do modelo de negócio low-cost)
sociais, económicas e institucionais no turismo potenciará o
aparecimento de novos nichos de negócio (relevância do
marketing research)
Envelhecimento da população, em especial nos países mais Predominância de uma visão individualizada nas ações
desenvolvidos, é oportunidade de grande relevância para o e falta de sensibilidade para o funcionamento em redes
turismo nacional por razões de clima, preço, bom com maior sustentabilidade económica
acolhimento e fiscalidade (turismo sénior apresenta uma taxa
de retorno superior à média)
Boom na utilização das redes sociais como ferramenta de Dificuldade no acesso ao financiamento em Portugal,
pesquisa e obtenção de informação no âmbito do processo agravada pela baixa rentabilidade operacional das
de decisão sobre destinos turísticos, onde Portugal está já empresas e dotações insuficientes de capitais próprios
bem presente
Relevância da diáspora em várias partes do mundo que Aumento da pressão nas zonas costeiras, reduzindo
mantém fortes laços com o nosso país praias e destruindo falésias
Dinâmica de crescimento do turismo de natureza e de bem- Ritmo de crescimento que coloca desafios ao
estar, que constitui uma oportunidade para a afirmação de aeroporto de Lisboa.
novas regiões turísticas no país
32
PARTE II
UMA AMBIÇÃO, CINCO PRINCÍPIOS:
PESSOA, LIBERDADE, ABERTURA, CONHECIMENTO E COLABORAÇÃO
A nossa ambição é ter Portugal como destino turístico mais dinâmico e ágil da Europa. Poderia
pensar-se, assim, que o presente documento elencaria as medidas necessárias para esse
efeito, uma espécie de catálogo de políticas para os próximos cinco anos.
Não é esse o nosso propósito. Os desafios que o sector enfrenta, se bem que podem ser
genericamente identificados, assumem contornos mutáveis, muito dependentes de
circunstâncias externas, sensíveis a intervenções públicas e privadas de vários níveis, sujeitos à
inovação, sempre imprevisível, e à concorrência, nem sempre previsível.
Porque se a realidade vai mudando, como se referiu, os princípios através dos quais se olha
para ela em busca de soluções assumem carácter mais estável, se forem princípios rigorosos e
estruturantes.
Assim, a questão central que importa colocar, e à qual procuraremos dar resposta, é a
seguinte:
São cinco os princípios orientadores fundamentais que devem inspirar as políticas públicas no
turismo: pessoa, liberdade, abertura, conhecimento e colaboração.
33
1. PESSOA
Dizer que o turismo é uma atividade para pessoas é um lugar-comum. Reconhecer que as
pessoas têm cada vez maior poder de escolha é outra evidência. Defender que a expressão da
individualidade de cada um é um poderoso motivador das ações do ser humano também é
consensual.
Temos então de concluir, logicamente, que o foco central de todos os que operam no sector
turístico têm de ser a pessoa – melhor dito, o turista – que viaja.
Esta atitude de enfoque na pessoa individual tem importantes implicações nas prioridades de
atuação de todos.
Desde logo, é fundamental dar maior importância aos fatores de compreensão e gestão da
procura, pois é esta que determina as opções corretas ao nível da oferta, e não o contrário.
Ou seja, as políticas públicas devem estar orientadas para a procura, não para a oferta.
Devem procurar entender as motivações da procura, respeitá-las, e adaptar-se a estas,
evitando a tentação contrária, a de duvidar ou questionar da procura, tentando condicioná-
la à oferta existente.
Quer isto dizer que qualquer procura serve? Que qualquer turista serve? Evidentemente que
não. O que isto quer dizer é tão somente que o foco da política pública deve estar na procura,
existente e real, seja em que segmento ou escalão for, e não na oferta.
Quantos projetos não falharam apenas porque se pensou na oferta que se queria ter num
território e não na procura que o poderia animar? Um projeto muito bom que não atraia
turistas é um mau projeto, passe a aparente contradição. É preciso superar a visão que radica
na oferta e não tem os olhos postos na procura.
Por outro lado, a multiplicidade de motivações e interesses das pessoas que viajam
desaconselha fortemente que se cataloguem de forma rígida, seja sob a forma de produtos
turísticos, mercados preferenciais ou grupos sociodemográficos a infinita variedade da
procura.
As tendências económicas e sociais do turismo permitem a uma mesma pessoa viajar várias
vezes na sua vida, e até várias vezes num ano, de tal forma que uma mesma pessoa pode ter,
ao longo da sua vida de turista, várias motivações distintas, combinadas ou não numa mesma
viagem, diferentes das motivações da viagem seguinte. Cada pessoa não é mais catalogável
numa espécie de categoria ou produto, fácil de segmentar por si. Antes pelo contrário, cada
pessoa encerra várias motivações, quer vários produtos.
Quer isto dizer que não é possível ter políticas de foco na procura? Antes pelo contrário. O que
isto quer dizer é tão somente que a procura se dispersa hoje por milhares de produtos,
motivações e experiências, que uma mesma pessoa pode ser atraída por produtos e
motivações e experiências distintas, e que qualquer política pública focada em produtos e
34
não em pessoas, em regiões e não em pessoas ou em segmentos e não em pessoas ou
qualquer política pública que ignore esta realidade corre o risco de ser afunilada.
Para que fique claro, não se declara a impossibilidade da segmentação ou customização, muito
pelo contrário. O que se diz é que o enfoque convencional da mobilização dos recursos e da
organização dos produtos deve agora ser englobado numa atenção redobrada às pessoas, com
características e motivações diversificadas, onde é a valorização das experiências que permite
o refinamento da segmentação e o desenvolvimento da customização de massa.
Se é um facto que tal princípio parece consensual, não é menos verdade que, na sua
concretização, se nota muitas vezes que as entidades públicas dele se afastam.
Sempre que o Estado embarca em catalogações sobre turismo de qualidade para, assim,
justificar políticas públicas de apoio à construção ou reconstrução de determinado tipo de
equipamentos, está a violar este princípio, porquanto parece esquecer que o turismo de
qualidade não é já hoje reconduzível a um só tipo de alojamento ou experiência.
Sempre que o Estado procura impedir novas formas de alojamento, que entram em
concorrência com formas presentes ou instaladas, está a violar este princípio, porquanto está
a condicionar as escolhas dos turistas não à sua vontade mas à oferta que pretende protegida.
Quando estrutura a sua promoção por regiões ou produtos e não por motivações ou
experiências, está a violar este princípio, porquanto está a definir a comunicação com base em
critérios da oferta, não da procura.
Assim, no âmbito da análise da procura, para lhe dar resposta, o enfoque deve estar na
pessoa, que evidentemente pode depois agrupar-se em tendências ou segmentos, e não no
colectivo, ganhando assim relevo a motivação e a experiência.
Por outro lado, a individualização da procura, com o crescente número de turistas a planear e
a reservar as suas viagens de forma descentralizada, nomeadamente através dos meios
digitais, exige das políticas públicas e de todos os stakeholders uma adaptação a esta
realidade.
2. LIBERDADE
A diversidade de motivações individuais daqueles que nos visitam é, por si só, um desafio
importante na gestão de Portugal enquanto destino turístico competitivo. Se há que atentar
na procura, e esta assume tantas declinações, como garantir que a oferta surge?
35
É, por isso, ilusório pensar que é possível a qualquer instituição central definir de que forma
concreta se deve adaptar a oferta turística para melhor corresponder às necessidades das
pessoas que viajam. Porque essa procura corresponde a milhões e milhões de motivações e
experiências, em constante mutação.
É certo que, em matéria de promoção e comercialização, o sector público deve, também ele,
fazer um esforço importante de atualização à procura, de forma cativá-la. Mas a oferta, do
ponto de vista do destino e das experiências e dos equipamentos, depende muito do
investimento privado, do risco privado, do arrojo privado.
Só num contexto em que os agentes se sintam livres para investir onde entendem, para
arriscar o que entendem, para iniciar ou alterar a sua atividade turística como entenderem
estarão criadas as condições para a existência de um turismo inovador, criativo, ágil e
dinâmico.
Mas a liberdade não reside apenas na oferta. Ela reside também na procura, num casamento
com o princípio anterior – pessoa.
É que se é procura que comanda, há igualmente que respeitar a liberdade de escolha dos
turistas.
Respeitar quando ela se impõe, quando ela o determina, não esquecendo que é o turista o
consumidor final das nossas políticas.
Há limites? Claro que sim, os princípios seguintes indicam-nos. Mas a liberdade de escolha do
turista é um valor importante, na medida aliás em que obriga as entidades públicas a evitar
políticas destinadas a restringi-la, assim contribuindo para a perda de competitividade do
sector.
Se é um facto que este princípio parece consensual, não é menos verdade que, na sua
concretização, se nota muitas vezes que as entidades públicas dele se afastam.
Sempre que o Estado ignora que o turista é hoje muito mais informado e tem mecanismos
de avaliação e partilha de avaliação da qualidade, afasta-se deste princípio porquanto tende
a criar regulações e entraves destinados a proteger os turistas de si próprios.
36
3. ABERTURA
Não basta criar as condições de liberdade de atuação económica se essas condições não forem
acompanhadas de uma cultura de abertura à mudança.
Conforme já foi aqui repetidamente dito, todos os fatores que contribuem para o sucesso do
turismo em Portugal sofrerão mudanças em maior ou menor grau, mais tarde ou mais cedo. Se
a liberdade de atuação não for aproveitada para acompanhar essas mudanças não
permaneceremos competitivos. Tal implica a necessidade de estarmos abertos para mudar.
Não encarar a mudança como um problema a evitar ou adiar, como um obstáculo a eliminar
ou mitigar, mas como um desafio a abraçar.
É evidente que as mudanças colocam em causa modelos de negócio, que abrem ou reforçam a
concorrência com a entrada de novos produtos, que perturbam os planos dos que já operam.
Mas a resposta do Estado não pode ser a de evitar a mudança no sentido de proteger o
sector. É certo que essa proteção, no imediato, será vista com agrado pela oferta. Mas não o
será pela procura, que precisa de novos produtos, de novas experiências, de novas
motivações.
O papel do Estado não é proteger o sector da mudança, é dar-lhe condições para se adaptar
a ela.
Se é um facto que este princípio parece consensual, não é menos verdade que, na sua
concretização, se nota muitas vezes que as entidades públicas dele se afastam.
Sempre que o Estado procura olhar para a realidade com base nos conceitos pré-existentes à
mudança, condicionando a realidade a estes conceitos, está precisamente a afastar-se deste
princípio porquanto tende a criar regulações desadequadas que outra coisa não fazem senão
adiar ou atrasar a mudança.
Uma parte importante das alterações que o turismo viverá no futuro prende-se com o impacto
que a tecnologia está a ter na forma como as pessoas vivem e, em particular, na forma como
se planeiam, reservam, usufruem e partilham as viagens.
Sem pretensões de sermos exaustivos, devemos ter particular atenção às seguintes evoluções
tecnológicas:
37
destaque aquilo que se tem desenvolvido ao nível das smart destinations. Fazendo uso
da informação que passa a estar disponível em tempo real, esta tecnologia tem o
potencial de mudar a forma de gestão dos territórios, com implicações que vão, aliás,
muito para além da atividade turística no sentido estrito.
Sharing economy: a democratização do acesso à informação está a conduzir à
desintermediação económica num conjunto vasto de sectores. Em várias atividades,
consumidores finais em qualquer parte do Mundo, entram em contacto direto uns
com os outros dispensando os serviços de empresas que faziam a respetiva
intermediação. No jargão desta disciplina, estão a proliferar modelos de negócio C2C,
em detrimento dos anteriores modelos B2C. É das tendências com um potencial de
disrupção maior e, talvez por isso mesmo, tem gerado as maiores e mais controversas
discussões. De facto, sempre que uma disrupção ameaça a rentabilidade, ou mesmo a
sobrevivência, de modelos de negócio existentes, cria-se uma tensão entre os
interesses dos que já operam com os interesses dos que pretendem passar a operar. A
cultura de abertura a que aqui fazemos apelo implica que sejamos capazes de
perceber que estas disrupções acontecem, muitas vezes, porque são formas mais
eficazes de afetar recursos. No caso do turismo, muitas das atividades da sharing
economy permitem a satisfação das necessidades das pessoas que viajam de forma
mais económica ou mais conveniente ou mais alinhada com a sua personalidade.
4. CONHECIMENTO
Por um lado, a dimensão e a importância crescentes do turismo no nosso País exigem que se
melhore significativamente o nível de conhecimento que é produzido e colocado à
disposição dos agentes do sector.
Por outro, as mudanças que a revolução do digital determinou no quotidiano das pessoas
(turistas) foram acompanhadas de um boom de dados, informações e, em última instância,
conhecimento que, de tão dispersos e segmentados que estão, devem constituir uma enorme
oportunidade dos agentes turísticos no sentido de compreender verdadeiramente o que
motiva, estimula e prende o turista no nosso destino.
Assim, mais do que nunca, importa enraizar hábitos e incentivar práticas de produção, partilha
e divulgação de conhecimento entre todos os agentes, impregnando no sector a ideia de que o
sucesso do negócio turístico depende em grande medida do grau de utilização do
conhecimento disponível.
Hoje em dia, não é possível pensar que uma atividade desta importância possa continuar a
ser competitiva se não aumentar significativamente a intensidade da utilização do
conhecimento no seu dia-a-dia.
38
O conhecimento tornou-se numa poderosa ferramenta de optimização do processo de decisão
dos agentes (famílias, empresas, organizações e governo). E melhorar o seu grau de produção,
partilha e utilização terá um enorme impacto na competitividade do turismo em Portugal, em
domínios tão diversos como:
Seleção de investimentos
Eficácia da promoção
Inovação de Produtos
Estratégia de Formação
Licenciamento e Registos
Apoio ao Empreendedorismo
Portanto, a necessidade de conhecimento que o turismo evidencia tem de ser satisfeita por
sistemas que, também eles, se adaptem, atualizem e evoluam constantemente.
5. COLABORAÇÃO
a) Entre empresas: em função do novo perfil de turistas, não é mais possível pensar que
uma empresa sozinha consiga oferecer ou promover a sua oferta sem colaborar com
outras cuja oferta a complemente.
b) Entre instituições: crescerá também a importância da colaboração entre instituições
com responsabilidades no turismo tendentes a garantir o alinhamento das suas
iniciativas com a estratégia de resposta aos grandes desafios do sector,
nomeadamente o alinhamento com os princípios orientadores que aqui se enunciam.
c) Entre regiões: cada região turística tem mais a ganhar com uma lógica de colaboração
recíproca do que com uma lógica de concorrência a qual não tem qualquer
39
correspondência ou relevância na forma como os turistas planeiam e fruem as suas
viagens.
d) Entre sectores: a transversalidade da atividade turística obrigará, cada vez mais, a que
se estabeleçam relações de parceria com outros sectores da sociedade. São
conhecidos os entendimentos com atividades económicas como o agroalimentar
(vinho, azeite, cortiça), com atividades sociais como o desporto, a cultura, a educação
e o ambiente.
e) Entre países: há também um importante caminho a percorrer na colaboração com
outros países no quadro europeu seja ao nível dos produtos turísticos transfronteiriços
ou pan-europeus, seja ao nível da cooperação no domínio da formação e do know-
how, seja, ainda, no alinhamento quanto à definição de políticas internacionais com
relevância para o turismo, como é o caso da política de vistos ou das políticas relativas
às acessibilidades aéreas.
Sem esta colaboração, o turismo não logrará desempenhar a centralidade que, de facto, lhe
é reconhecida pela economia.
Neste sentido, do que se trata aqui, é de procurar que o turismo deixe de ser um
departamento ou uma secção governamental, e passe a ser, enquanto atividade económica
de primeira linha que é, um dos eixos centrais da política governativa. Ora, tal não sucederá
com palavras mas sim com uma cultura de colaboração, nos termos descritos.
40
PARTE III
Tornar Portugal o destino turístico mais ágil e dinâmico da Europa é uma ambição de
crescimento mas é, sobretudo, uma ambição de qualidade e sustentabilidade, onde o primado
da qualidade sobre a quantidade, e dos fluxos de valor sobre os fluxos de turistas, possa fazer
o seu caminho de forma segura e sustentável.
Tornar Portugal o destino turístico mais ágil e dinâmico da Europa configura-se sem dúvida
como uma ambição económica mas, sobretudo, como uma ambição de competitividade e
resiliência, onde o primado do privado sobre o público, e da liberdade de iniciativa sobre o
dirigismo estadual, possa fazer o seu caminho de forma economicamente proveitosa.
Se queremos tornar Portugal o destino turístico mais ágil e dinâmico da Europa, teremos então
de assegurar que Portugal é, simultaneamente:
São seis formas de expressar uma mesma ambição, e que convocam, para os próximos 5 anos,
seis linhas de atuação que, no respeito pelos princípios identificados na Parte II, possam
contribuir para o seu cumprimento.
41
2.1. Seis pressupostos de atuação
A procura por parte dos turistas está maioritariamente centrada nas características que o
mesmo apresenta. Um território preservado e valorizado é ativo turístico, território
degradado e relativizado é um passivo para o turismo.
As novas dimensões e tendências da procura, expressas pelas pessoas, exigem aliás uma
permanente atenção à sustentabilidade do destino, factor distintivo e de competitividade. É a
própria procura que exige um destino sustentável e de qualidade.
Para que tal suceda, o turismo não pode ser visto de forma sectorial. A valorização e
preservação de um destino resulta de um esforço em rede com outras valências de
desenvolvimento e convoca várias tutelas e agentes, do ambiente à economia, da cultura à
agricultura.
Colaboração é por isso essencial para que o território seja visto de forma integrada, não
sectorial, devendo as estratégias sectoriais estar alinhadas e em coerência com propósitos
comuns.
Tais desafios devem ser vistos com abertura, vendo no turismo oportunidades e não ónus, de
forma a ter o turismo como agente para a regeneração, reabilitação, valorização e
dinamização económica do destino e não enquanto atividade económica a limitar ou vedar.
42
Nem todo o território é igual, nem todo o território tem os mesmos desafios e nem em todos
os lados o turismo assume as mesmas características.
Deve notar-se que esta categorização do território é meramente factual e instrumental para a
definição de políticas.
A figura seguinte traduz o modelo territorial no qual são evidenciados os três níveis de
desenvolvimento turístico atrás descritos.
Figura 7 - Modelo Territorial
Produt o | Experiência |
Recurso
Comunicar | Vender
Dormidas: 5% - 10%
TERRITÓRIOS CONSOLIDADOS
Reforçar a sustentabilidade e competitividade
Dormidas: > 10% do país
43
2.1.3. A qualidade do destino depende de uma oferta de experiências, atividades e
produtos turísticos diversificados.
O foco na pessoa obriga a colocar o turista no centro de todas as fases do ciclo de viagem e da
cadeia de valor do turismo.
Por isto mesmo, a era do primado da oferta, assente na definição de produtos, deu lugar à era
do primado da procura, numa progressiva afirmação das experiências turísticas. Esta mudança
torna o rigor da segmentação e o desenvolvimento da customização de massa uma
necessidade permanente para todos os que têm a responsabilidade de gerir destinos
turísticos. O que lhe dá origem não são já produtos ou regiões mas as motivações.
Por outro lado, o futuro das viagens e turismo comportará novos motores de crescimento que
exigem uma resposta às tendências da procura, estruturada a partir da exploração de novos
fatores de atratividade que extravasam a oferta de produtos tipificados.
Nesse sentido, é preciso que os agentes públicos reajam com abertura a essas novas
tendências, que têm gerado novas formas de fruir o território, novas formas de alojamento,
novas formas de transporte e novas experiências. Abertura para entender que não é hoje
possível fixar critérios únicos, estandardizados, de qualidade.
Deve notar-se que qualidade é uma noção dinâmica, que exige um ambiente de liberdade que
permita o surgimento de oferta que responda à procura e que facilite o surgimento de
atividades, produtos, equipamentos e empreendimentos ambiental, social e urbanisticamente
sustentáveis.
Neste sentido, as entidades públicas não devem concorrer com a atuação das empresas de
animação turística e devem reconhecer ao sector privado o seu papel essencial, e mais eficaz,
de estruturação da oferta.
44
2.1.4. Não faz sentido planificar centralmente a estruturação de produtos estratégicos.
Gastronomia e Vinhos
Turismo Residencial
Produtos Turísticos
Saúde e Bem-Estar
Touring Cultural
Turismo do Mar
City Breaks
Sol e Praia
Natureza
Negócios
Golfe
Motivações
Cultura
Cultura e Religião x x x
Conhecimento x x x x
Costumes Locais x x x x
Prazer
Convívio x x x x x x x
Aventura x x x
Diversão x x x x
Quebrar a Rotina x x x x x x x x x x
Relaxamento
Bem-Estar x x x x x
Família x x x x x x x
Descanso x x x x
Disfrutar o Clima x x x x
Físico
Contacto com Natureza x x x x x x
Desporto x x x x x
Vida Ativa x x x x x
Não se trata aqui, no entanto, da definição de produtos turísticos estratégicos, noção que se
abandona neste documento, uma vez que, para efeitos de estruturação, promoção e
comercialização, interessam as motivações e as experiências e não propriamente os produtos.
Estratégico será assim todo o produto que, de forma sustentável e integrada no território,
souber dar resposta às motivações turísticas através de um modelo de negócio também ele
sustentável.
Este documento não serve pois para identificar produtos estratégicos, tarefa aliás
desatualizada e desadequada ao propósito de ter um destino turístico ágil e dinâmico.
E como se desenvolvem estes produtos? Deixa de haver estratégia para eles? A circunstância
de este documento se não pronunciar sobre tal estratégia de produtos estratégicos passa,
desde logo, pela constatação da irrelevância de um documento como este para o verdadeiro e
eficaz desenvolvimento de tais produtos, já que estes dependem de um conjunto de factores
que escapam ao planeamento central:
45
Personalização: modelar, adaptar e customizar a oferta a interesses e necessidades
específicas, possibilitando a criação à medida e a sensação “de ser único”.
Inovação: criar e disponibilizar conteúdos surpreendentes, disruptivos, de diferentes
naturezas, pertinentes para distintos públicos.
Tecnologia: incorporação de facilidades e funcionalidades tecnológicas que permitam
uma experiência turística mais simples, rica e profunda.
Sustentabilidade: ao nível social, cultural, económico e meio ambiental.
É a pessoa, através da procura, que faz surgir estas experiências e produtos, que podem ter
conformações muito distintas.
Para os que esperam políticas públicas de estruturação da oferta, ou que clamam por elas,
respondemos da seguinte forma: para que a oferta corresponda à procura, o essencial é que
o Estado e os demais agentes públicos atuem com abertura, dando liberdade ao sector
privado para a cada momento conseguir identificar as oportunidades de valor, de acordo
com os princípios de atuação definidos neste documento.
Ou seja, deve orientar-se para segmentos de maior valor acrescentado e para a satisfação das
procuras turísticas específicas e sustentadas que promovam a diferenciação e a qualificação
dos destinos.
Quer isto dizer que não há estratégia? Antes pelo contrário. Quer dizer que a estratégia a
seguir passa por abandonar a planificação centralizada em documentos como este, abrindo-
a aos princípios identificados na Parte II deste documento, que pelo seu carácter ágil e
dinâmico contribuem para a melhor tomada de decisões.
Procura: na época baixa existem menos pessoas a viajar no Mundo, sobretudo vindas
dos nossos principais mercados emissores, portanto há um mercado de menor
dimensão e uma maior disputa entre concorrentes para o atrair.
Oferta: as pessoas só viajam quando têm uma motivação para tal, sendo necessário
disponibilizar produtos e experiências que respondam às suas motivações.
Como esta realidade se não irá alterar significativamente, a única maneira de atenuar a
sazonalidade em Portugal é sermos melhores do que os concorrentes e conquistar maior
quota de mercado.
Para conseguir conquistar maior quota do mercado existente, é preciso acima de tudo deter
argumentos de peso para atrair os turistas e satisfazer as suas necessidades.
46
Na verdade, a atividade turística em Portugal continua a ser fortemente influenciada pelo
fator da sazonalidade, cuja taxa total da procura entre julho e setembro agravou no período
entre 2008 (36,7%) e 2014 (40,9%).
2008 2014
Época Época Época
Época alta Época baixa Época alta
baixa (out. intermédia intermédia
(jul. a set.) (out. a fev.) (jul. a set.)
a fev.) (mar. a jun.) (mar. a jun.)
Estrangeiro 27,9 36,2 36 24,1 36,7 39,2
Portugal 30 31,7 38,3 21,8 33 45,2
Total 28,6 34,7 36,7 23,4 35,6 40,9
Nota: em estabelecimentos hoteleiros, aldeamentos, apartamentos turísticos e outros
Fonte: INE
2.1.6. Transformar Portugal num destino turístico inteligente tem efeitos positivos na
sustentabilidade e qualificação do destino.
O gestor do destino acede a uma grande quantidade de dados e de conhecimento que lhe
permite tomar decisões baseadas em dados concretos e ser mais eficiente na gestão urbana,
ambiental e territorial.
Fazendo uso da informação que passa a estar disponível em tempo real, e portanto do
conhecimento, a tecnologia tem o potencial de mudar a forma de gestão dos territórios, com
implicações que vão, aliás, muito para além da atividade turística no sentido estrito.
47
2.2.1. Trabalhar em rede na execução das estratégias já aprovadas ao invés de aprovar
estratégias novas
Ações:
48
2.2.2. Criação de ambiente regulatório adequado ao surgimento de propostas
sustentáveis e de qualidade
Ações:
Ações:
49
Desenvolvimento e manutenção do Sistema de Informação Geográfica do
Turismo (SIGTur), que tem por principal objetivo disponibilizar, de forma
amigável, o acesso a dados sobre a oferta turística, a partir de informação
georreferenciada e alfanumérica associada, de acesso público.
Ações:
Ações:
50
o se orientem para a satisfação de necessidades de mercado,
nomeadamente de procuras turísticas específicas e sustentadas.
o demonstrem posicionar-se eficazmente em todos os elos da cadeia
de valor, nomeadamente ao nível dos canais de distribuição.
o se revelem económica e financeiramente viáveis.
o se orientem para os mercados externos e para a diversificação de
mercados.
o observem critérios de sustentabilidade ambiental e eficiência no uso
de recursos.
o demonstrem o recurso a postos de trabalho adequadamente
qualificados, tendo em vista a prestação de um serviço de excelência.
Ações:
51
Ações:
Ações:
52
2.2.9. Fórum Informal de reflexão sobre crescimento de turismo urbano
Ações:
Uma política pública de turismo que esqueça que o turismo é uma atividade privada, que
procure substituir-se ao sector privado, e que não tenha nas empresas um dos seus eixos de
atuação, será sempre uma política falhada. Nenhum destino turístico se consolida sem um
forte sector privado.
53
promover um ambiente empresarial adequado e para o qual devem concorrer fatores de
competitividade regulatória e fiscal, de concorrência, de capacitação e de inovação.
Sem liberdade de iniciativa privada, sem uma abertura por parte do Estado a novos conceitos
e novos modelos, o sector privado do turismo tenderá a acomodar-se ao que existe ou ao que
lhe é permitido, perdendo a batalha da competitividade mundial de destinos.
Depois de três anos de políticas de liberalização da atividade do turismo, Portugal subiu para o
15.º lugar no Índice de Competitividade em Viagens e Turismo – 2015 elaborado pelo FEM,
igualando a melhor posição alcançada no ano 2008. Com esta subida de cinco lugares no
ranking Portugal ultrapassou a Suécia, a Nova Zelândia, a Islândia, a Finlândia, a Bélgica e a
Irlanda.
De acordo com os dados do Registo Nacional dos Agentes de Animação Turística (RNAAT)
estavam 2.407 agentes registados para o exercício de atividades próprias das empresas de
animação turística, incluindo os operadores de animação turística, no final de maio de 2015.
Gráfico 12 - Registos de empresas de animação turística [2007-2014]
2500
2.120
2000
1500
1.108
1000
500 226
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
2014 foi um ano recorde no número de novas empresas de animação turística: foram
registadas 602 novas empresas no RNAAT.
Desde a entrada em vigor do diploma que liberalizou o acesso a esta atividade (Decreto-Lei n.º
95/2013, de 19 de julho, que alterou o Decreto-Lei n.º 108/2009, de 15 de maio), até 31 de
maio de 2015 registaram-se 1.100 novas empresas de animação turística e operadores
marítimo-turísticos, das quais 165 se registaram em 2013, 602 registaram-se em 2014 e 333 já
em 2015.
Tabela 8 - Evolução dos novos registos no RNAAT
54
2011 377
2012 305
2013 347
2014 602
2015* 333*
Fonte: RNAAT; *até 31 de maio
Depois de dois anos de queda no número de novas empresas (em 2011 e 2012), a inversão
da tendência deu-se em 2013 (+14%) e foi solidamente confirmada em 2014 (+74%).
Por mês, registaram-se no RNAAT cerca de 50 novas empresas de animação turística em 2014,
o dobro do que se verificava com a anterior legislação - em 2012, a média de novas empresas
registadas no RNAAT foi de 24 por mês.
Assim, e após estas reformas liberalizadoras, e pela primeira vez, Portugal figura no top-10 dos
destinos turísticos mais competitivos na Europa, a principal região turística do mundo,
permitindo manter-se à frente de concorrentes diretos como a Grécia, a Croácia e a Turquia.
As dificuldades financeiras das empresas turísticas são fator de desvantagem competitiva que
restringem a capacidade de a iniciativa privada poder desenvolver-se de forma concorrencial e
inovadora.
55
Gráfico 13 - Volume de negócios no turismo e peso no total da economia [milhões € e %, 2007-2013]
11.000 3,5
70.000 0,3
0,24
0,25
60.000
0,2
50.000
0,15
40.000
54.830 53.948 0,1
30.000 0,05
20.000 0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Capitais próprios por empresa Autonomia Financeira
Numa análise ao volume de negócios das empresas com atividades características do turismo,
verificou-se, entre 2007-2013, um decréscimo médio anual de 1,5%, mas ainda assim, é um
valor ligeiramente melhor que o total da economia (-1,7%). No entanto, essa variação
apresentou comportamentos distintos para os diferentes sectores, em termos médios na
ordem dos -0,7% (alojamento) e -3,4% (restauração).
56
Uma análise ao total do VAB (Valor Acrescentado Bruto) das atividades turísticas revela que
em 2013 representavam 4,4% do total do país. Os gráficos seguintes ilustram a distribuição do
VAB das atividades turísticas, por atividade principal.
Gráfico 15 - Distribuição do VAB das atividades turísticas, por atividade principal [%, 2007 e 2013]
1,0% 1,0%
2007 15,1% 13,5% 2013
20,7%
26,5%
47,2% 16,1%
42,1%
16,9%
Por fim, importa salientar que, de acordo com o relatório do Banco de Portugal (2014), a
rendibilidade das atividades turísticas é negativamente influenciada pela elevada dependência
de capital alheio para financiamento da atividade. “Com efeito, o nível médio de autonomia
financeira do sector do turismo (25%) comparava negativamente com o do agregado das SNF
(30%), revelando uma proporção inferior de capitais próprios a financiar a atividade das
empresas. Os empréstimos bancários constituíam a principal fonte de capital alheio (36%, mais
8 pontos percentuais do que nas SNF) em 2013”, lê-se no documento.
Em relação aos preços, importa ter em atenção a evolução do índice de preços no consumidor
no agregado Serviços relacionados com férias organizadas e alojamento, em comparação com
a evolução do índice total de preços.
Gráfico 16 - Índice harmonizado de preços no consumidor por agregados [Taxa de variação média anual (%),
2007-2014]
4 3,4 4,8
2
-0,9 -0,2
0
Abr-09
Abr-07
Abr-08
Abr-10
Abr-11
Abr-12
Abr-13
Abr-14
Out-07
Out-08
Out-09
Out-10
Out-11
Out-12
Out-13
Out-14
Jan-07
Jan-08
Jan-09
Jan-10
Jan-11
Jan-12
Jan-13
Jan-14
Jul-13
Jul-07
Jul-08
Jul-09
Jul-10
Jul-11
Jul-12
Jul-14
-2
-4
-6
-5,9
-6,6
-8
Fonte: INE
57
Entre 2007 e 2014, é possível observar dois momentos de queda acentuada dos preços no
turismo: o primeiro momento desenvolveu-se entre meados de 2009 até perto de final de
2010, na sequência da quebra acentuada do turismo internacional; o segundo momento
iniciou-se em meados de julho de 2011 até maio de 2013, durante o período de vigência do
Programa de Assistência Económica e Financeira e em contraciclo com a evolução positiva da
taxa de inflação geral.
Importa sublinhar, no entanto, que a partir de abril de 2012, quando se registou a taxa de
variação média anual mais negativa (-6,6%), os preços no agregado Serviços relacionados com
férias organizadas e alojamento iniciaram uma recuperação acentuada, tendo atingido a taxa
de variação mais positiva no final do ano passado (+4,8%), numa altura em que os preços no
agregado Total praticamente estagnaram.
10,00
8,2
5,00 5,0
1,1
0,00 -0,1
Jul-14
Jul-09
Fev-14
Jun-07
Jun-12
Set-08
Fev-09
Set-13
Jan-07
Abr-08
Jan-12
Abr-13
Nov-07
Dez-09
Mai-10
Out-10
Nov-12
Dez-14
Mar-11
Mai-15
Ago-11
-5,00
-10,00
-15,00 -14,8
-20,00
Total Restaurantes, cafés e similares Serviços de alojamento
Fonte: INE
Desde 2007 que os preços nos Restaurantes, cafés e similares estão a crescer
ininterruptamente, mesmo nos meses em que os preços recuaram no Total da economia – por
exemplo, os preços nos Restaurantes, cafés e similares têm mostrado alguma resiliência desde
junho do ano passado, momento a partir do qual se tem observado um recuo ligeiro dos
preços.
58
evidenciando que é a procura, e não qualquer pacote de medidas estaduais, que mais
contribui para o crescimento dos preços.
Hoje, tudo isto existe e funciona à distância de um simples clique; e, devido a esse impulso,
esta é uma realidade que tem já um grande impacto na sociedade – na atividade turística, em
particular - e que, como tal, não pode ser ignorada, até porque ela resulta da vontade das
pessoas num exercício de liberdade.
O efeito desta desintermediação é uma aproximação entre todos estes elementos, ou seja, do
pessoa à pessoa, do habitante à cidade e, por fim, do turista ao destino, reciprocamente.
Tudo isto resulta numa economia mais inclusiva, que encerra diversos desafios de um ponto
de vista do respetivo acolhimento face aos enquadramentos legais vigentes e face à oferta
instalada de serviços e negócios tradicionais, mas que permite potenciar a economia,
tornando-a, para além de mais inclusiva, mais competitiva e sustentável.
A sharing economy, desafiando monopólios, vem, ao mesmo tempo, tornar o mercado mais
competitivo e mais próximo do cliente final, e estimular o empreendedorismo e o auto/nano-
emprego. Devemos olhar para ela com abertura.
Neste contexto, e sem prejuízo do acolhimento que esta nova realidade teve já através do
enquadramento legal do alojamento local, é importante considerá-la como um desafio e
também como uma oportunidade para o futuro, devendo procurar-se continuar a acolhê-la e,
procurando encontrar, simultaneamente, o necessário equilíbrio entre as novas plataformas
participativas e a respetiva regulação ou enquadramento, relativamente a aspetos de
segurança e de responsabilidade dos operadores.
Este desafio – que não é exclusivo do turismo mas, ao invés, transversal aos vários sectores de
atividade económica e às várias áreas de governação - deverá fundamentar e materializar-se
numa política que permita o aproveitamento das oportunidades da economia digital, de big
data e conhecimento, criando um ecossistema privilegiado para novas empresas e novos
negócios e um ambiente favorável ao empreendedorismo.
59
sabido, necessitam de liberdade para existir e não podem estar condicionadas a pré-
entendimentos impostos pelo Estado.
Os elementos mais comuns que restringem a liberdade dos agentes do turismo são a sobre-
regulação e a existência de custos de contexto injustificados. Apesar dos progressos
importantes feitos nos últimos anos, a eliminação de obstáculos regulamentares ou de custos
ao livre exercício de atividades turísticas tem de continuar a ser uma prioridade.
Permitir este tipo de liberdade de atuação pressupõe que existe confiança em que essa
liberdade será utilizada em prol do interesse comum do turismo português. A experiência do
passado recente mostra que esta confiança é merecida. Confrontados com um ambiente de
negócios mais livre, os agentes do sector deram provas de serem capazes de empreender e de
criar, num espírito de colaboração entre privados e com entidades públicas. É importante que
assim continue.
Ações:
60
Enquadrar as preocupações de segurança e qualidade na regulamentação da
atividade turística de acordo com juízos de proporcionalidade, de forma a
evitar a sobre-regulação desnecessária das atividades.
Ações:
Ações:
61
Ações:
Ações:
62
o Criação de um programa integrado de formação nas diversas áreas
críticas da cadeia de valor do negócio turístico, especificamente
orientado para os gestores.
o Promoção de encontros para a competitividade no sector do turismo,
fomentando a divulgação e a disseminação de casos de sucesso;
o Assegurar instrumentos, nomeadamente no âmbito do Portugal 2020,
que proporcionem a aquisição de serviços na área da gestão, assim
como a concentração, sucessão ou fusão de empresas.
Concretização de redes de cooperação entre empresas e entre estas e os
centros do conhecimento, criando massa crítica para um adequado
posicionamento no mercado global e que permitam ultrapassar as dificuldades
decorrentes de um tecido empresarial atomizado
4. UM DESTINO EMPREENDEDOR
Aproveitando a massa crítica já existente no mercado português, Portugal tem condições para
se assumir como o país campeão do empreendedorismo no sector do turismo. Deve assumir
como destino preferencial para o desenvolvimento de produtos e serviços com aplicabilidade
noutros destinos turísticos e aumentando, também por essa via, a importância que a atividade
turística tem para a economia portuguesa.
63
Gráfico 18 - Empregos no turismo e peso no total da economia [milhares e %, 2007-2014]
(mil)
6,5
330 6,6
320 6,1 6,4
310 6,2
300 6,0
290 5,6 5,8
280 5,6
270 288,8 289,0 5,4
260 276,4 5,2
250 5,0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Alojamento, restauração e similares Peso do Turismo no total dos empregos
Por outro lado, o World Travel & Tourism Council (WTTC)2 estima que, em Portugal, a
contribuição das atividades ligadas às viagens e turismo para o emprego (incluindo os efeitos
do investimento, cadeia de valor e impactos induzidos) ronde os 18,2% do emprego total.
Analisando o gráfico seguinte, observa-se que o peso das empresas do turismo na economia
aumentou face a 2007, apesar da descida do número de empresas, um indicador de resiliência
e importância do turismo num período difícil para a economia nacional.
1
OMT (2014), Measuring Employment in the Tourism Industries – Guide with Best Practices
2
WTTC (2014), Travel & Tourism Economic Impact 2014 - Portugal
64
Gráfico 19 - Empresas no turismo e peso no total da economia [milhares e %, 2007-2014]
(mil)
92,00 7,8 7,8 7,9
90,00 7,8
88,00 7,7
86,00 7,6
84,00 7,4 7,5
82,00 7,4
80,00 89,52 83,10 7,3
82,29
78,00 7,2
76,00 7,1
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
A taxa de criação de postos de trabalho será quase dez vezes maior do que a taxa
esperada de criação de empregos no resto da economia, que é de 2,2%;
A mesma taxa será quase o dobro daquela que é esperada para o sector europeu –
empregos deverão aumentar 10,2%;
Ao nível das habilitações, o sector dos Hotéis e Restauração em Portugal será mais qualificado
na próxima década, permitindo a aproximar-se de forma significativa ao contexto europeu.
Apenas 54% dos empregos no sector terão trabalhadores com qualificações baixas, face aos
71% observados em 2013. Os trabalhadores com qualificações médias e altas representarão
46% do total de empregados em 2025 (contra 29% observados no ano passado)3.
A transição para a economia verde, onde se espera que venha a contribuir para criar
emprego no turismo.
O peso que o turismo tem na geração de crescimento económico e emprego.
As necessidades de inovação, diversificação, conhecimento e qualidade da oferta
turística, que obrigam a uma maior qualificação e profissionalização do emprego no
sector, quer em atividades turísticas nucleares, quer em serviços complementares.
O desenvolvimento de segmentos específicos de turismo - natureza, náutico, saúde,
cultural, religioso, gastronomia e vinhos, eventos e negócios – que exigem
competências mais especializadas mas complementares na oferta turística.
A especial atratividade do sector do turismo para o desenvolvimento de novos
produtos e modelos de negócio nas áreas da economia digital, sharing economy,
mobile e big data, todas na óptica do conhecimento e às quais devemos reagir com
abertura.
3
CEDEFOP – Agência Europeia para o Desenvolvimento da Formação Profissional e Estudo “Novos
Mercados de Trabalho e Novas Profissões” da Universidade Católica Portuguesa
65
O estímulo do empreendedorismo inovador e qualificado deve constituir um dos veículos de
atração de novo talento e para a introdução de conhecimento, de novas práticas e modelos de
negócio no sector, representando um motor de desenvolvimento e de indução de novas
tendências, inovação e desenvolvimento tecnológico.
O impacto das novas TIC no turismo impulsiona a introdução de novos modelos de negócio e
cria oportunidades para o empreendedorismo, pressionando a elevação dos níveis de
qualificação dos recursos humanos do sector e o desenvolvimento de novas competências,
adaptadas às transformações do mercado.
Mas estas novas tecnologias perturbam a ordem estabelecida e os negócios existentes. Se não
se reagir com abertura a estes desafios, procurando preservar e proteger, corremos o risco de
fechar o mercado de trabalho e deixar escapar talento.
Por outro lado, persistem antigos desafios, uma vez que o sector do turismo mantém, em
alguns indicadores bastante relevantes, uma tradicional subqualificação face à média nacional.
66
4.1.5. O turismo é uma atividade intensiva em conhecimento e em informação.
Ações:
67
algumas escolas de hotelaria e turismo permitirá ao Turismo de Portugal
assumir uma nova perspetiva em matéria de formação.
Descentralizar a gestão de Escolas de Hotelaria e Turismo que tenham
particular relevância para destinos regionais e locais de modo a que estas
possam, em conjunto com o sector privado, adaptar a sua oferta formativa às
necessidades dos destinos regionais, através da contratualização com
Entidades Regionais de Turismo, Câmaras Municipais ou outros agentes
regionais/locais.
O Turismo de Portugal deve atuar como regulador da formação e ensino
sectorial existente em Portugal e ampliar a sua ação como órgão certificador,
através da implementação de um sistema de certificação e de qualidade para a
homologação dos cursos e curricula ministrados pelos operadores de
educação que oferecem formação em turismo, disponibilizando serviços de
consultoria e de auditorias técnico-pedagógicas, de forma a validar a
qualidade do ensino e a adequação da oferta formativa às necessidade das
empresas e das políticas de desenvolvimento do sector.
Estabelecer e fomentar uma maior cooperação entre as universidades,
institutos politécnicos, Rede Escolar do Turismo de Portugal, Escolas
Profissionais e Centros de formação, criando percursos formativos
complementares e integrados, de forma a garantir o apoio à investigação para
produção de conhecimento, novas práticas de formação, promover a
inovação, acompanhar as novas tendências e antecipar as necessidades do
mercado em matéria de requisitos e competências dos recursos humanos.
Envolver o sector privado na definição e preparação da oferta formativa das
escolas de modo a adequá-la às reais necessidade do sector e promover a
identificação e o acompanhamento contínuo das necessidades de qualificação
(incluindo a formação complementar para profissionais do sector do turismo)
versus necessidades das empresas.
Promover a internacionalização da formação e da rede de escolas de
hotelaria e turismo, alavancando a existência de uma rede de ensino com
formação certificada pelo organismo que regula a atividade turística em
Portugal, capacitadas com equipamentos e infraestruturas modernos e de
ponta, equivalentes a várias escolas de referência internacional no ensino do
turismo e com vantagens competitivas ao nível da experiência que Portugal
tem para partilhar com outros países e alunos que apostam na sua formação
no turismo.
Publicitar indicadores quantitativos e qualitativos sobre a oferta formativa
de cada uma das Escolas de Hotelaria e Turismo e sobre os resultados dessa
formação, sobretudo no que à inserção profissional diz respeito, para que os
alunos possam escolher de forma informada a escola que frequentam.
Ações
68
comercialização e criando rede de contactos e stakeholders na área dos
negócios de turismo para apoio dos alunos empreendedores e empresários
Associação e colaboração com ecossistemas de empreendedorismo de base
nacional e de base regional, tendo em vista a realização de programas de
ideação, aceleração e de incubação ajustados aos diferentes estádios do
processo de desenvolvimento dos novos negócios turísticos.
Posicionar Portugal enquanto travel startup hub de referência à escala
europeia, atraindo um conjunto crescente de startups internacionais e de
investidores de referência.
Ao nível do financiamento:
o Assegurar um quadro integrado de apoio financeiro ao
empreendedorismo no turismo, disponibilizando fundos de
coinvestimento para business angels, fundos de venture capital,
incentivos financeiros no âmbito do Portugal 2020 e linhas de crédito
com custos e maturidades adequadas, todos ajustados às
especificidades e necessidades concretas de cada negócio turístico.
o Intensificar atuação da Portugal Ventures no financiamento de
startups do sector do turismo.
Ações:
69
o Promover a investigação aplicada no sector do turismo, aproximando
a produção científica das necessidades do tecido empresarial e
promovendo a transferência de conhecimento.
o Promover a identificação e o acompanhamento contínuo das
necessidades de qualificação (incluindo a formação complementar
para profissionais do sector do turismo) versus necessidades das
empresas.
o Criação de linha de apoio a projetos de investigação científica que
promovam a transferência de conhecimento para as empresas, a
resposta aos desafios com que as empresas se confrontam,
aproximando as universidades e o mundo empresarial.
Concretizar a reativação de Conta Satélite do Turismo e aprofundar a
cooperação entre o Turismo de Portugal e o Instituto Nacional de Estatística
e o Banco de Portugal, de modo a melhorar o conhecimento estatístico sobre
a atividade turística em Portugal. Nesse âmbito, deve trabalhar-se no sentido
do estudo/monitorização de informação estatística sobre os operadores,
utilizadores e impacto da sharing economy, nomeadamente o alojamento local
– de forma a fazê-los refletir nas políticas que têm por base o número de
camas e dormidas.
Apoio ao desenvolvimento de novas metodologias e ferramentas inovadoras
de monitorização da atividade turística, no domínio das telecomunicações,
novas TIC ou das redes sociais.
Realizar inquéritos regulares de caraterização das atividades turísticas
(animação turística, alojamento local, agências de viagens, empreendimentos
turísticos, etc.) e dos turistas, visando a atualização permanente do
conhecimento ao nível da oferta e da procura para o apoio à decisão pública e
privada e reforço o investimento na recolha de informação de mercado e sua
disseminação junto dos agentes do sector.
Apoiar soluções inovadoras de requalificação e desenvolvimento das cidades
em torno do conceito de destinos inteligentes tendo em vista a adoção de
soluções inteligentes que contribuam para a resolução de problemas urbanos
e respondam aos atuais desafios ligados à qualidade de vida, quer dos
residentes, quer dos turistas.
Ações:
70
restauração, operadores de transportes), com abordagens específicas dirigidas
aos demais agentes com intervenção em termos do desenvolvimento de
produtos e experiências turísticas.
Desenvolvimento de programas de formação contínua, privilegiando as
competências associadas ao atendimento e às línguas, tendo em consideração
a aposta na diversificação de mercados.
Valorizar o ensino técnico-profissional através do foco da ação das Escolas de
Hotelaria e Turismo na inserção profissional, preparando os profissionais do
sector turismo para atrair, receber e fidelizar turistas.
A afirmação de um destino turístico passa, em grande medida, pelo seu grau de conectividade
aos mercados internacionais de viagens e turismo.
71
5.1.2. Acessibilidade aérea deve estar suportada numa estratégia de rotas
sustentáveis.
Mas também se deve ter em consideração que a acessibilidade aérea não deve ficar
dependente de um tipo de operação.
Não basta dinamizar rotas aéreas se os obstáculos à entrada no País forem impeditivos de
reforçar as condições de atratividade do destino para os turistas.
72
Deste modo, um regime de emissão de vistos ágil e célere pode desempenhar no estímulo da
procura em mercados estratégicos e, consequentemente, da atividade turística. Segundo o
FEM, Portugal ocupa o lugar 72.º no ranking mundial no componente “Visa requirements”, um
desempenho que abre espaço a melhorias.
A OMT recomenda a facilitação das viagens enquanto ferramenta importante num período em
que a maioria das economias procura estimular as exportações e o crescimento económico.
Até há oportunidades que as novas TIC oferecem no sentido de melhorar os procedimentos de
emissão de vistos e o e também o controle de fronteiras não Schengen, bem como o
reembolso do IVA à saída.
Ações:
Reter e maximizar as ocupações das ligações atuais, reforçando as operações
para aumento da capacidade através i) da cobertura anual de rotas com
operação sazonal e ii) do aumento do número de frequências semanais das
rotas em operação até ao voo diário; e reforçando as operações para a
melhoria dos load factors.
73
Intensificar e diversificar o número de rotas com destino a Portugal que,
além de aumentar a disponibilidade de lugares de avião, permitam o
desenvolvimento da operação turística organizada (pacote), e procurando
dinamizar ações promocionais nos pontos de origem.
Conversão Seats to beds para gerar mais dormidas.
Ações:
Ações:
74
França) e priorização de um mix de companhias híbridas e charter que
favoreçam a operação turística tradicional.
Ações:
Ações:
75
Melhorar as condições de chegada e partida a turistas extra comunitários.
Ações:
Por ser uma vasta aglomeração de atividades, o turismo constitui um terreno privilegiado para
a exploração das formas de cooperação, para a criação de sinergias e de práticas colaborativas
na captação e satisfação das procuras.
Ao mesmo tempo, pela mesma razão, constitui um terreno privilegiado para a sobreposição de
atuações, competências e atribuições, num modelo ou sistema que não favorece
entendimentos nem promove uma coerência que se revela necessária.
Veja-se, apenas no estrito âmbito do turismo, o conjunto de agentes que participa ou executa
políticas de promoção e comercialização turística: o Turismo de Portugal, as cinco Entidades
Regionais de Turismo, as sete Agências Regionais de Promoção Turística, os organismos dos
Açores e da Madeira com as mesmas atribuições, a que se somam dezenas e dezenas de
municípios com iniciativas de promoção turística, interna e externa.
76
Saindo do estrito âmbito do turismo, entrando em fileiras como as do investimento, da
agricultura ou da cultura, temos, também aí, entidades públicas ou associativas a fazer
promoção que, em alguma medida, se pode designar de (ou influenciar a) turística.
Atente-se, outro exemplo, no âmbito da regulação de algumas das (ou que interfere em)
atividades turísticas, que envolve potencialmente centenas de entidades, das autarquias aos
institutos públicos, passando por direções-gerais, das tutelas do ambiente e da economia,
passando pela cultura ou pela agricultura, da fiscalização por parte de entidades da economia
e da defesa passando por entidades do mar.
Estes dois exemplos, apenas enunciados, dão bem conta dos desafios inerentes à boa
governança do sector do turismo e do longo caminho a fazer-se para lhe dar resposta, como se
fosse um desafio eterno.
Por outro lado, o turismo é uma atividade de crescimento acelerado a nível global e as
atividades turísticas representam uma fatia cada vez mais importante na atividade económica
de muitos países. Esta tendência vai intensificar-se no futuro porque a globalização da
economia mundial alimentará o fenómeno turístico mas também porque o turismo, enquanto
atividade transversal, tenderá a densificar-se de uma forma cada vez mais aprofundada e
integrada na economia.
A transversalidade desta atividade exigirá sempre, seja qual for a composição governativa,
uma atenção multissectorial. A não ser que uma tutela do turismo tenha a seu cargo as pastas
dos transportes, cultura, ambiente, ordenamento, agricultura, mar e inovação (e podíamos
continuar…), o que seria inédito, o turismo coloca sempre desafios de colaboração.
Nessa medida, ao nível do Governo e das administrações públicas, importa criar mecanismos
que facilitem e promovam, de forma regular, institucionalizada e metódica, uma atenção e
avaliação multissectorial, assegurando a coerência das políticas e das estratégias.
A transversalidade desta atividade provoca por vezes alguns equívocos. Se tudo, em larga
medida, pode estar direta ou indiretamente relacionado com o turismo, tal não significa que
tudo deva estar na responsabilidade das entidades sectoriais de turismo, que no passado
foram muitas vezes chamadas a suportar iniciativas ou apoios que, apesar de poderem
potenciar o nome de Portugal, têm pouco retorno para a atividade turística. Assim, se tudo é
turismo, nem tudo é do Turismo de Portugal.
77
6.1.4. O sector privado tem de estar envolvido nas (e tomar parte das) decisões.
Sendo o turismo uma atividade económica, de tanta importância para a economia nacional,
não pode a mesma ser objecto de projetos de decisão meramente públicos.
São de evitar, como no passado sucedeu, divisões territoriais artificiais na hora de estruturar
produtos ou de comunicar o destino, porquanto a exiguidade do território e a localização
dos aeroportos permitem, com facilidade, considerar que todo o nosso território está
servido, a pouca distância, de condições de oferta de todos os produtos existentes em
Portugal.
Na verdade, tendo em conta que os fluxos turísticos para Portugal resultam essencialmente do
transporte aéreo, os aeroportos propiciam áreas de influência mais alargadas do que a região
onde estão inseridos, à exceção, naturalmente dos aeroportos da Madeira e Açores, pelo que
a necessidade de atentar na procura, na pessoa, nos aconselha a evitar fronteiras
desnecessárias.
Desta forma, não se justifica olhar para o território como se as regiões fossem territórios
isolados, desconectados, mas antes como extensões de um mesmo território, permitindo uma
geometria variável na estruturação de produtos e na sua promoção e comercialização e uma
maior liberdade de cada região para, a cada momento, tomar a melhor decisão. Mas, acima
de tudo, é preciso aproveitar as sinergias regionais para se implementar uma verdadeira
promoção e comercialização integrada e conjunta.
Isso não significa que a capacidade de resposta da oferta turística nacional para cada uma das
motivações de viagem não seja distinta conforme o destino regional, uma vez que as regiões
possuem um quadro de potencialidades e de ofertas diferentes entre si.
78
6.1.6. Portugal não está sozinho no Mundo.
Ações:
Ações:
79
agregando numa única entidade todas as competências institucionais
relativas à dinamização do turismo, desde a oferta à procura.
o As Entidades Regionais de Turismo são pessoas coletivas públicas, de
natureza associativa, com autonomia administrativa e financeira e
património próprio, que têm por missão a estruturação do produto
turístico, nomeadamente a valorização e o desenvolvimento das
potencialidades turísticas da respetiva área regional de turismo, a
gestão integrada dos destinos no quadro do desenvolvimento turístico
regional e o apoio a eventos, tendo, quanto à promoção,
competências estritas ao nível do mercado interno alargado.
o As Direções Regionais de Turismo dos Açores e da Madeira, são
entidades públicas dos Governos Autónomos dos Açores e Da
Madeira, com autonomia administrativa e financeira, que têm por
missão a estruturação do produto turístico, nomeadamente a
valorização e o desenvolvimento das potencialidades turísticas da
respetiva região, a gestão integrada dos destinos no quadro do
desenvolvimento turístico regional e o apoio a eventos.
o As CCDR – Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional,
ao nível regional NUTS II, constituem como uma escala essencial no
quadro da prossecução de uma política nacional de turismo. As CCDR,
enquanto serviços periféricos da Administração direta do Estado, têm
atribuições em domínios chave para o turismo regional,
nomeadamente no ambiente e ordenamento do território, no
planeamento e desenvolvimento regional, na gestão de fundos
comunitários, na cooperação, na articulação intersectorial e na
coordenação dos serviços desconcentrados. Assim, reconhece-se
papel essencial das CCDR no desenvolvimento turístico das regiões e
na territorialização de uma política nacional de turismo, a qual deverá
estar refletida nos instrumentos de desenvolvimento e financiamento
de âmbito regional, tendo em vista o alinhamento e a convergência
entre os diferentes níveis de planeamento.
o Os Municípios representam a forma mais antiga de organização
turística e, sem prejuízo de uma visão nacional de turismo e de
estratégias regionais de turismo, assumem especial importância na
sustentabilidade de uma região/destino turístico no âmbito das suas
competências ao nível do controlo prévio de operações urbanísticas e
comerciais e bem como das suas competências de planeamento
territorial municipal.
o A Confederação do Turismo Português, parceiro social e
representante do sector privado do turismo, constitui parceiro do
Turismo de Portugal para efeitos de promoção externa, no âmbito do
Protocolo celebrado por ambas as entidades relativo à promoção
externa nacional.
o As Agências Regionais de Promoção Turística (Porto e Norte, Centro
de Portugal, Lisboa, Alentejo, Algarve, Madeira e Açores) são
associações de direito privado, sem fins lucrativos, constituídas por
representantes dos agentes económicos do turismo, por um número
relevante de empresas privadas com atividade turística e que
constituem parceiros privilegiados do Turismo de Portugal na
contratualização da promoção externa regional, enquanto
representantes do sector privado regional do turismo.
80
6.2.3. Governança na área do financiamento
Ações:
Ações:
81
planeados e dinamizados através de um processo de estreita cooperação entre
regiões.
Ações:
Portugal não será um destino ágil e dinâmico, não será competitivo, se apostar numa política
de promoção apenas destinada a reforçar a notoriedade do nosso destino.
Uma boa marca turística é aquela que responde às exigências competitivas do mercado,
afinada na estrutura de identidade do destino e enquadrada numa plataforma de projeção no
futuro, ou seja, que esteja suficientemente enraizada para perdurar no tempo, pensada para
colher frutos no presente e no futuro.
82
Mas se a notoriedade é essencial, e ela é prosseguida não apenas pelo turismo mas também
por todas as restantes atividades que, exportando uma imagem de país, ajudam a construir a
nossa notoriedade, não deixa de igualmente de ser verdade que essa notoriedade só é útil, só
é consequente, só é produtiva, se permitir, num determinado prazo, converter-se na compra
de uma viagem, na reserva de um alojamento, na aquisição de um produto ou serviço.
A promoção de que Portugal precisa, para que se constitua como marca forte e de valor, tem
por isso de estar associada à venda. É esse o caminho que temos de reforçar.
Por outras palavras, a promoção (que gera notoriedade) e o apoio à venda (que visa
converter a notoriedade em venda) são duas faces de uma mesma moeda numa política de
turismo que se pretenda competitiva num mundo global.
Assim promoção e apoio à venda são duas faces de uma mesma moeda numa política de
turismo.
83
7.1.2. Duas palavras-chave: comunicação e distribuição
O processo de venda do destino turístico é composto por numerosas ações, umas dirigidas ao
turista enquanto consumidor final (B2C), outras dirigidas às empresas que operam na cadeia
de valor do turismo (B2B) e outras ainda que estimulam a relação entre os consumidores
(C2C).
Esta multiplicidade de ações pode ser agrupada em dois grupos distintos, importando
assegurar um claro alinhamento e articulação entre eles:
Nesta medida, a comunicação do destino deverá ser potenciada nas ações de apoio à venda
(distribuição), designadamente, as realizadas em conjunto com o trade internacional,
incrementando-se uma maior eficácia junto dos diferentes mercados e segmentos de
consumo. Deste modo, o canal de distribuição deverá assumir relevância como meio de
comunicação preferencial.
A atuação promocional B2B, através dos diversos canais de distribuição nos mercados, é a que
melhor pode contribuir para aumentar os fluxos turísticos de uma forma direta e imediata.
Por seu lado, as ações de comunicação com o consumidor devem ser cuidadosamente dirigidas
em função dos segmentos-alvo identificados:
Cada segmento deverá ser objeto de comunicação específica, sendo fundamental adaptar
conteúdos e narrativas relevantes para cada um.
Em especial, a abordagem para cada mercado emissor terá de ser distinta, associando
diferentes tipos de iniciativas B2C ou B2B, conforme a atual penetração e o crescimento
perspetivado de cada mercado e de acordo com a proporção de consumidores que compram
as suas viagens diretamente em comparação com os que o fazem através dos canais de venda
(agentes e operadores turísticos).
Nos mercados onde domina a operação turística e nos mercados de crescimento as iniciativas
B2B deverão ter particular relevância, designadamente, junto dos agentes da operação
turística e aérea e junto dos canais de distribuição nos mercados externos. Incluem-se neste
conjunto a generalidade dos mercados emissores, sendo que o maior ou menor peso destas
iniciativas dependerá das características do mercado e das oportunidades que possam surgir.
84
propósito que pretende inspirar e dar um sentido comum a todas as ações de apoio à venda
do destino turístico sem o qual a eficácia das ações de promoção e apoio à venda será menor.
7.1.3. Num mercado concorrencial temos de ser mais criativos e mais exigentes
Do foco no produto para o foco nas pessoas – potenciar a relação com as pessoas,
atendendo aos seus anseios e expectativas e privilegiar a qualidade da experiência.
Assumir o desígnio de melhorar a vida das pessoas e facilitar a experiência com o
destino turístico;
Dos anúncios para as histórias – privilegiar a comunicação assente em narrativas e
em conteúdos relevantes para as pessoas. Desenvolver conteúdos baseados em
storytelling e implementar estratégias que propiciem a interatividade e a partilha
com as pessoas;
85
Da promoção para o apoio à venda – estimular a transformação dos processos de
comercialização, definir estratégias de marketing por mercado e produto, reforçar
a intervenção na operação turística e aérea e nos canais de distribuição nos
mercados externos, intervir de forma mais direta e imediata na captação de fluxos
turísticos;
Do offline para o online – uma aposta clara no digital, encarando com abertura as
mudanças nestes domínios, reforçando a presença do destino e dos produtos
turísticos nos distintos canais online e desenvolvendo estratégias de marketing
digital que potenciem a comunicação e a distribuição da oferta do destino
turístico.
A exigência de que se falou no ponto 7.1.2 aplica-se, de igual modo, a todos os que têm
responsabilidades na promoção do destino Portugal. Neste contexto, assume particular
importância o tema da Consistência. Se todos estivermos a falar ao mesmo, dizendo coisas
distintas e a velocidades diferentes, ninguém nos vai ouvir.
De facto, a promoção de uma marca destino será tanto mais eficaz quanto melhor for a
articulação entre as atuações dos agentes que nela trabalham e as mensagens por eles
veiculada. É essencial alinhar as mensagens, torna-las consistentes no tempo para que sejam
eficazes. O alinhamento das atuações e das mensagens terá de respeitar as competências e
atribuições de cada um, numa colaboração que garanta que aquilo que dizemos é ouvido pelos
mercados aos quais queremos chegar. A promoção deste alinhamento caberá ao Turismo de
Portugal, enquanto autoridade nacional do sector.
Afirmar o Turismo de Portugal como agente nuclear da promoção em Portugal não retira
responsabilidades a outras entidades. Antes pelo contrário, a repartição de competências já
descrita procura potenciar o papel de cada um, numa lógica de conjunto que nos beneficia, e
promovendo uma distinção essencial entre estruturação do produto e a sua promoção e
comercialização.
A estratégia de new marketing preconizada para o Destino Portugal assenta em três níveis:
86
Apresentação de experiências turísticas de acordo com a motivação e os interesses da
procura, facilitando a formatação de experiências de acordo com uma perspetiva
territorial. A dinâmica de produção de conteúdos a este nível deverá ser assegurada
pelos Destinos Regionais, que deverão desenvolver conteúdos com o objetivo
específico de converter os visitantes em leads.
Materialização da venda através de uma plataforma transacional que agregue a oferta
de produtos das empresas numa base regional. Neste nível do funil de compra o
objetivo é a conversão dos leads em vendas.
A relevância de cada um destes meios, dependerá, em cada momento, da sua dinâmica e das
oportunidades detetadas em cada segmento de procura. Importará reforçar a penetração nos
mercados através da incorporação de mecanismos de planificação conjunta, gestão em rede e
metodologias colaborativas, que propiciem o retorno efetivo dos investimentos públicos e
privados. As opções estratégicas a desenvolver partirão sempre da auscultação da procura e
da avaliação das novas tendências que a cada momento se verificarem.
Em 2014, os dez principais mercados emissores representavam 82% do total das dormidas do
mercado externo. O gráfico abaixo mostra o posicionamento desses mercados em função da
variação média anual das dormidas entre 2007 e 2014 e da sua penetração.
87
Gráfico 20 - Quotas dos principais mercados emissores e taxa de crescimento média anual
20,0%
Brasil
Taxa de crescimento médio anual das
15,0% França
dormidas 2007/2014
10,0%
Reino
EUA Alemanha
Holanda Unido
5,0%
Irlanda
0,0%
Espanha
Escandinávia
-5,0% Itália
-10,0%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0%
Quota de mercado externo
Porque a realidade varia de região para região, na tabela seguinte identificam-se os cinco
principais mercados emissores para cada uma das regiões.
88
Uma política de promoção e comercialização passa pela identificação de mercados prioritários
de atuação. No entanto, essa definição não deve basear-se numa opinião ou opção casuística,
antes em critérios rigorosos. E a atuação em causa deve ter em conta a caracterização do
mercado e dos objectivos que neste se procuram atingir.
Os mercados prioritários devem dividir-se em três grupos distintos, definidos de acordo com
critérios factuais e inteligíveis:
Note-se que priorização dos mercados é feita a partir da procura, isto é, da atual
representatividade (quota) e das taxas de crescimento dos mercados emissores para Portugal.
É com base neste racional estratégico que se identifica seguidamente a composição e o tipo de
atuação a realizar em cada um dos grupos de mercados identificados.
Importa reforçar que a matriz de mercados que agora se apresenta estabelece prioridades de
atuação no turismo, tanto ao nível nacional como regional. Todavia, não é uma matriz estática,
alheada dos movimentos da procura ou de acontecimentos conjunturais, pelo que se poderá
acrescentar ou reduzir mercados sempre que existe uma sólida fundamentação e justificação.
De um ponto de vista promocional e de apoio à venda, interessa promover o que pode ser
vendido, o que é desejado e procurado, nos mercados receptivos a essa proposta de valor.
Tal significa que a oferta, independentemente das suas características, deve ser promovida na
medida em que tenha, e onde exista, procura. E esse investimento de promoção deve ser
medido em função do retorno que tal esforço representa.
Os dados para o mercado emissor europeu (que, como se viu, é maioritário em Portugal)
revelam que o turismo de Sol & Mar é o principal segmento turístico, embora com taxas de
crescimento modestas próprias de segmento maduro. Pelo contrário, segmentos como os city
breaks ou o touring, que inclui o turismo cultural e religioso, evidenciam ritmos de
crescimento mais elevados que, a manterem-se, poderão alterar o ranking da popularidade
dos segmentos turísticos no futuro.
89
Gráfico 21 - Desempenho dos segmentos turísticos a nível europeu [2000-2020]
Atendendo aos vários mercados emissores para Portugal, é ainda possível alinhar, de forma
indicativa, a relevância que estes têm para os produtos turísticos existentes no nosso
território.
Tabela 10 – Mercados emissores e produtos turísticos
90
Alemanha, Escandinávia, Reino Unido, Holanda,
França, Rússia, Itália, Áustria (84% do mercado Turismo do Mar
europeu)
Reino Unido, Alemanha, França, Holanda, Suécia,
Turismo Residencial
Rússia
Alemanha, Bélgica, Itália, Áustria, Suíça, Reino unido,
Escandinávia, Espanha (81% do mercado europeu) Turismo Saúde e Bem-estar
Fonte: Turismo de Portugal
Neste contexto, importa ainda destacar o papel especial da Gastronomia e Vinhos na oferta
turística nacional. Embora não se trate de uma motivação primária de viagem (ou seja, embora
sejam poucos os turistas que viajam com o objetivo principal e quase único de disfrutar da
gastronomia do destino, como se denota pelo Gráfico), a gastronomia assume-se como um
complemento essencial de todos os produtos turísticos.
De facto, a gastronomia, bem como os vinhos portugueses, têm demonstrado uma enorme
capacidade de agradar e surpreender quem nos visita. Os inúmeros prémios internacionais e,
acima de tudo, a opinião manifestada pelos turistas em sucessivos inquéritos de satisfação,
confirmam a gastronomia e vinhos como um dos fatores mais fortes de valorização do destino
Portugal.
Descrito o método pelo qual devemos identificar os mercados emissores, que devem merecer
o nosso foco promocional, identificam-se agora os principais mercados emissores para
Portugal.
Mercados estratégicos – Espanha, Reino Unido, Alemanha, França, Brasil, Holanda e Irlanda:
deverão ser alvo de uma estratégia individual e detalhada, tendo em conta as realidades
regionais em cada mercado e os distintos segmentos de turistas que os compõem. Também
devem ser privilegiadas as iniciativas que visem um crescimento relativo na época baixa
superior ao da época alta.
Tabela 11 - Mercados Estratégicos
91
de desenvolvimento de ofertas específicas, visando a redução
da sazonalidade da procura.
Mercados de crescimento – Itália, Bélgica, Suíça, Áustria, Rússia e Polónia: ainda que com um
peso relativamente baixo, estes mercados têm representatividade no turismo nacional e
potencial de crescimento, podendo contribuir para a diversificação da procura turística em
Portugal.
Tabela 12 - Mercados de crescimento
92
CRESCIMENTO
Mercados de atuação seletiva – EUA, China, Canadá, Colômbia, Índia, Israel e Países da
Península Arábica: trata-se de mercados que poderão ser objeto de ações de promoção
focadas em ofertas ou em segmentos de procura específicos, desde que estrategicamente
fundamentadas e justificadas. Neste âmbito, deverá ser tido em consideração,
nomeadamente, a procura potencial existente nesses mercados e as oportunidades que
venham a ser detectadas.
ATUAÇÃO SELETIVA
COLÔMBIA, ISRAEL E Ainda que, por razões distintas, nestes mercados importará
PAÍSES DA explorar oportunidades de atuação em segmentos de procura
PENÍNSULA ARÁBICA específicos.
Para se ter uma visão mais ampla do comportamento dos mercados por região, na tabela
abaixo apresentam-se os mercados emissores prioritários para cada uma delas, determinados
tendo em conta a seguinte classificação:
Mercados de 1º nível – são aqueles que possuem uma quota de mercado elevada
(acima de 10%);
Mercados de 2º nível – são aqueles que possuem uma quota de mercado média (igual
ou superior a 5% mas inferior a 10%)
Mercados de 3º nível – são aqueles que possuem uma quota de mercado baixa (igual
ou superior a 2% e menor que 5%)
93
Tabela 14 - Mercados emissores prioritários por região
Tendo em conta esta distribuição, meramente factual, e uma vez que são conhecidos os
comportamentos de mercados por produtos, como acima de evidenciou, pode então
construir-se uma matriz de produtos mais procurados por região, e por isso com maior
potencial de promoção e venda.
Sublinhe-se que o produto Gastronomia está alinhado com todas as regiões na medida em que
se trata de um produto turístico complementar. E reforce-se que esta matriz resulta da
sobreposição entre os mercados emissores, os produtos por este procurados e a distribuição
94
de mercados emissores por regiões. Todavia, não é uma matriz estática, alheada dos
movimentos da procura ou de acontecimentos conjunturais, pelo que, se poderá acrescentar
ou reduzir mercados sempre que exista uma sólida fundamentação e justificação.
Ações:
Ações:
Ações:
95
7.2.5. Utilização de produtos portugueses distintivos e autênticos como âncoras de
comunicação
Ações:
Ações:
Ações:
96
o conhecimento, o processo de negociação, a comunicação, a inovação e
outras.
Garantir que a rede externa tem conhecimento do mercado e o seu papel é
reconhecido junto dos decisores económicos e líderes de opinião.
Lançamento de programa de ações de formação das equipas para as novas
realidades de promoção e marketing.
8. MONITORIZAÇÃO
O Turismo de Portugal é a entidade competente para a elaboração de um plano de ação anual
que compreenda as medidas anuais e plurianuais a desenvolver no âmbito do cumprimento
deste documento e identifique a sua calendarização e responsáveis pela mesma. O plano de
ação deve ser submetido, até 30 de Novembro de cada ano, à tutela do turismo, para
homologação.
Deverá ser realizada pelo menos uma reunião semestral, com a participação ativa dos
parceiros relevantes para refletir sobre as temáticas de turismo.
97
BIBLIOGRAFIA
Augusto Mateus e Associados (2015), Turismo 2020 - Uma estratégia para o desenvolvimento
do Turismo em Portugal e nas suas regiões
FMI (2015), World Economic Outlook - Uneven Growth: Short- and Long-Term Factors
OMT (2014), Measuring Employment in the Tourism Industries – Guide with Best Practices
Turismo de Portugal (2015), Turismo 2020 - Plano de Ação para o Desenvolvimento do Turismo
em Portugal
Bases de dados
Eurostat
INE
OCDE
Turismo de Portugal
98
ANEXOS
99
Turismo Desenvolvimento Regional
Turismo de Portugal, Entidades
Comissões de Coordenação e
Regionais deTurismo, Agências
Desenvolvimento Regional
Regionais de Promoção Turística
Sistema Científico e
Governos Regionais Tecnológico
RA Madeirae RA Açores Universidades e Institutos
Politécnicos
l Turismo 2020
Setor Empresarial
Administração Local CTP, Associações Setoriais e
Empresariais- Hotelaria,
Comunidades Intermunicipais
Restauração, Animação, Golfe,
Operadores, Centros Congressos
O momento seguinte ocorreu em Évora, tendo contado com uma adesão de 334 participantes
e de 27 entidades na sessão de trabalho.
100
Figura 10 - Auscultação e participantes na Região do Alentejo
Seguiu-se a região com maior procura turística de Portugal - o Algarve - que contou com uma
mobilização de 290 pessoas na conferência pública e com uma participação de 28 agentes no
workshop técnico.
Figura 11 - Auscultação e participantes na Região do Algarve
101
Figura 12 - Auscultação e participantes na Região de Lisboa
Na região da Madeira foi igualmente promovida uma conferência pública que decorreu no dia
23 de janeiro no Funchal, envolvendo cerca de 130 pessoas.
102
Figura 14 - Auscultação e participantes na Região Autónoma da Madeira
O último momento de auscultação pública aconteceu nos Açores, com a presença de cerca de
110 pessoas, tendo-se assim encerrado o ciclo de iniciativas públicas de participação e
concertação estratégica para o Plano de Ação Turismo 2020.
Figura 15 - Auscultação e participantes na Região Autónoma dos Açores
Local: Ponta Delgada (Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada) | Data: 19 fevereiro 2015
103
Figura 16 - Website Turismo 2020
Face ao exposto, é possível afirmar que a iniciativa Turismo 2020 promoveu o maior processo
de sempre de mobilização e auscultação dos vários atores envolvidos no turismo em
Portugal.
Todas as regiões turísticas foram ouvidas. Mais de 2000 pessoas estiveram nas Conferências
públicas Turismo 2020. Mais de 150 instituições participaram em workshops técnicos. Todo
este processo de auscultação e participação pública geraram contributos muito relevantes
para o documento que ora se apresenta.
104
2. O TURISMO NAS REGIÕES
Oferta Turística
Minho-Lima
13,9%
No que concerne à oferta de alojamento, salienta-se que a sub-região do Grande Porto detém
mais de 40% (46.560 camas) da oferta global da região do Norte.
A tipologia de oferta também é distinta nas diferentes sub-regiões, por exemplo, a oferta de
capacidade da hotelaria representa 91% no Grande Porto, 46% no Minho-Lima e 52% no
Tâmega, sendo a restante oferta pertencente ao TER e a parques de campismo.
105
Importa ainda referir que, em 2014, 54% da capacidade em empreendimentos turísticos,
correspondia ao alojamento hoteleiro e outros e os restantes 46% à oferta de TER e parques
de campismo.
Estabelecimentos Capacidade
(n.º) (%) (Camas/n.º (%)
campistas)
REGIÃO NORTE 1.089 100% 89.195 100%
Total de Empreendimentos Turísticos 837 77% 79.541 89%
(1)
Alojamentos Hoteleiros 303 36% 36.313 46%
(2)
Outros alojamentos 156 19% 6.595 8%
(3)
TER e TH Parques de Campismo 378 45% 36.633 46%
(3)
Alojamento Local 252 23% 9.654 11%
(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos; (2): Inclui Motéis,
Estalagens e Pensões da anterior legislação; (3): Dados de 2013
106
Procura Turística
A região Norte registou 5,4 milhões de dormidas, em 2014, no alojamento hoteleiro, no seu
sentido mais lato - estabelecimentos hoteleiros, pousadas, aldeamentos e apartamentos
turísticos e outros alojamentos.
Hóspedes Dormidas
(milhares) (%) (milhares) (%)
REGIÃO NORTE 3.848 100% 7.737 100%
Total de Empreendimentos Turísticos 3.408 89% 7.031 91%
(1)
Alojamentos Hoteleiros 2.698 79% 4.843 77%
(2)
Outros alojamentos 347 10% 558 8%
(3)
TER e TH Parques de Campismo 363 11% 925 15%
(3)
Alojamento Local 440 11% 706 9%
(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos (2): Inclui
Motéis, Estalagens e Pensões da anterior legislação (3): Dados de 2013
Minho-Lima
6,0%
(1)
Nota: Inclui Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos
107
No que respeita à evolução da procura turística, não obstante os efeitos conjunturais da crise
internacional, os resultados demonstram que a região Norte teve um bom desempenho, tendo
alcançado 5,4 milhões de dormidas em estabelecimentos hoteleiros e outros
estabelecimentos. Entre 2007 e 2014 verificou-se uma taxa de crescimento médio anual das
dormidas de 2,6%, significando, mesmo, um crescimento superior à média nacional (2,2%).
Gráfico 22 - Evolução das dormidas da Região Norte por residência habitual [n.º, 2007-2014]
(mil)
6.000
5.000
4.000 48,3%
3.000 58,4%
2.000
51,7%
1.000 41,6%
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Residentes no estrangeiro Residentes em Portugal
Para além da evolução da procura importa entender como a mesma se comporta ao longo do
ano. A procura para o Norte registou um aumento da sazonalidade, quando se compara 2007
com 2014, apesar de ser melhor que a média do País. Em 2007 o País registou uma
sazonalidade média de 37% (vs 35% no Norte) e em 2014, 39% contra 36% da região.
Gráfico 23 - Distribuição mensal das dormidas na hotelaria na Região Norte [milhares, 2007 e 2014]
36% 2014
2007
35%
754
576
589
584
459
510
502
430
487
387
387
457
375
360
303
281
265
344
339
336
194
211
FEV 254
JAN 243
MAR
MAI
AGO
OUT
NOV
DEZ
JUN
JUL
SET
ABR
MAR
MAI
OUT
DEZ
JAN
JUN
AGO
JUL
SET
FEV
NOV
ABR
Nos últimos anos a região melhorou o seu posicionamento competitivo, como se demonstra
pela análise da evolução dos principais indicadores turísticos.
108
Gráfico 24 - Posicionamento competitivo da região Norte face à média do país [%, 2007 e 2014]
2007 2014
Taxa Taxa
ocupação- ocupação-
cama (%) cama (%)
80 80
60 60
40 40
sazonalidade RevPar (€) sazonalidade 20 RevPar (€)
20
0 0
Prov. de
quota estr. Prov. de
aposento/tot quota estr. nas
nas dormidas aposento/total
al proveitos dormidas (%)
(%) proveitos (%)
(%)
Norte País
Para esta análise selecionaram-se alguns rácios, relativos aos estabelecimentos hoteleiros, que
permitem aferir a competitividade da região face à média do país e em dois momentos
distintos, no início e após o QREN 2007-2013.
109
Mercados Turísticos
700.000 +18,4%
600.000
500.000
+136,5%
400.000
+172,9%
300.000
+53,6%
200.000 +4,9%
100.000
0
Espanha França Brasil Alemanha Reino Unido
2007 2014
Neste âmbito, vale a pena salientar a variação registada nos principais mercados
internacionais, com especial destaque para o Brasil que, entre 2007 e 2014, passou de 6º para
3º mercado com maior volume de dormidas na região, representando 5,4% do total de
dormidas da região.
20,0% Brasil
5,4%
Taxa de variação média anual
15,0% França
7,9%
Alemanha
2007/2014
10,0%
4,1%
Portugal
Espanha 48,3%
5,0% R. Unido
3,0% 12,0%
0,0%
0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0%
-5,0%
Quota de mercado
110
Entre 2007 e 2014, os principais mercados apresentaram variações médias anuais positivas, de
destacar os significativos aumentos médios anuais registados pelos mercados do Brasil
(+15,4%) e de França (+13,1%).
Oferta Turística
No que se refere ainda à capacidade e a nível dos alojamentos hoteleiros, esta concentra-se
sobretudo em hotéis (74,5%), sendo que apresenta percentagens bastante díspares entre as
várias sub-regiões – as regiões do Interior detêm apenas 11% do total da capacidade de
alojamento a nível dos hotéis, concentrando-se os restantes nas regiões da linha de costa (INE,
Estatísticas do Turismo, 2014).
111
Tabela 18 - Estabelecimentos e Capacidade na Região Centro (2014)
Estabelecimentos Capacidade
(n.º) (%) (Camas/n.º Campistas) (%)
REGIÃO CENTRO 884 100% 117.580 100%
Total de Empreendimentos Turísticos 657 74% 108.165 92%
(1)
Alojamentos Hoteleiros 301 46% 35.452 33%
(2)
Outros alojamentos 121 18% 5.823 5%
(3)
TER e TH Parques de Campismo 235 36% 66.890 62%
(3)
Alojamento Local 227 26% 9.415 8%
(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos; (2):
Inclui Motéis, Estalagens e Pensões da anterior legislação; (3): Dados de 2013
Nos últimos anos, a Região Centro registou uma aposta significativa no alojamento qualificado,
reforçando o desenvolvimento da sua oferta turística.
De facto, entre 2007 e 2014 a Região registou um aumento da sua capacidade de alojamento
em 12%, aumento esse que se verificou tanto a nível quantitativo, como a nível qualitativo. O
alojamento hoteleiro representava, em 2007, um peso de 65,6% do total do “alojamento
hoteleiro” com “outros alojamentos”, para vir a atingir 85% em 2014. Este aumento do peso
do alojamento hoteleiro é consequência, designadamente, de investimentos realizados no
âmbito do QREN 2007-2013. De notar ainda que, cerca de metade da capacidade dos hotéis da
região se concentra em hotéis de 3* (48,7%), sendo que cerca de 30% da capacidade é
absorvida por hotéis de 4* e de 5*.
No que diz respeito ainda à oferta turística na Região Centro, de acordo com a CCDR Centro a
região “tem sido considerada o primeiro destino dos portugueses“, e oferece recursos turísticos
diversificados e com grande potencial.
Procura Turística
Do lado da procura, no ano de 2014, a região Centro registou 5,5 milhões de dormidas no total
dos empreendimentos turísticos, representando o alojamento hoteleiro 69%.
Tabela 19 - Hóspedes e dormidas na Região Centro (2014)
Hóspedes Dormidas
(milhares) (%) (milhares) (%)
REGIÃO CENTRO 3.129 100% 6.015 100%
Total de Empreendimentos Turísticos 2.793 89% 5.474 91%
(1)
Alojamentos Hoteleiros 2.099 75% 3.748 68%
(2)
Outros alojamentos 224 8% 390 7%
(3)
TER e TH Parques de Campismo 470 17% 1.336 24%
(3)
Alojamento Local 336 11% 541 9%
(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos; (2):
Inclui Motéis, Estalagens e Pensões da anterior legislação; (3): Dados de 2013
Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2014
112
Em 2014 e considerando apenas a oferta a nível de alojamento hoteleiro, a região Centro
apresentou um valor de 3,7 milhões de dormidas no total, sendo que estas dormidas se
concentram sobretudo nas sub-regiões junto ao litoral que representam 82,5% das dormidas
na região.
(1)
Figura 20 - Distribuição territorial das dormidas em alojamentos hoteleiros na Região Centro [n.º, 2013]
113
Gráfico 27 - Evolução das dormidas na Região Centro, por residência habitual [n.º, 2007-2014]
5000
4000
3000
63,8% 57,8%
2000
1000 42,2%
36,2%
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Residentes no estrangeiro Residentes em Portugal
2014
2007 40%
37%
694
585
481
463
387
381
427
358
408
330
382
338
330
320
248
238
224
257
182
239
215
JAN 153
191
163
MAR
MAI
JUN
AGO
OUT
JUL
DEZ
FEV
SET
NOV
ABR
MAR
MAI
OUT
JUN
AGO
DEZ
JUL
JAN
FEV
SET
NOV
ABR
114
Gráfico 29 - Posicionamento competitivo da região Centro face à média do país [%, 2007 e 2014]
Mercados Turísticos
Vista a oferta e a procura procedeu-se à análise dos principais mercados turísticos. O mercado
externo está concentrado em cinco mercados, Espanha, França, Brasil, Alemanha e Itália que
representam 62% da procura externa para a região.
115
Gráfico 30 - Evolução das dormidas dos mercados TOP 5 na Região Centro [n.º, 2014]
600.000
+11,7%
500.000
400.000
300.000
+45,1%
200.000 -38,3%
+139,8% +23,7%
100.000
0
Espanha França Brasil Alemanha Itália
2007 2014
Destes cinco mercados emissores, a Itália foi o único mercado que viu diminuir a sua quota
entre 2007 e 2014, todos os outros aumentaram a sua procura na região, com especial
destaque para o Brasil que, entre 2007 e 2014, passou da 7ª posição para a 3ª como o
mercado externo com maior volume de dormidas na região.
Nos últimos sete anos o mercado interno registou uma variação média anual negativa de 0,1%,
ou seja, apesar de ainda ter uma significativa quota de mercado, mostra uma clara tendência
de diminuição.
Gráfico 31 - Quota das dormidas dos principais mercados e variação média anual na Região Centro [%, 2007-2014]
20,0%
Brasil
15,0% 2,9%
Taxa de variação média anual
10,0% França
2007/2014
5,5% Portugal
58,9%
5,0% Espanha
11,7%
Alemanha
0,0% 2,7%
0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0%
-5,0%
Itália
2,6%
-10,0%
Quota de mercado
116
Porém, os mercados, alemão (+2,1%), francês (+4,1%) e brasileiro (+12,4%) revelaram
aumentos médios anuais significativos, com destaque para o último caso, que apresentou um
aumento médio anual substancialmente superior aos restantes mercados.
Oferta Turística
A Região Lisboa, dada a sua diversidade, apresenta condições ímpares para ter uma oferta
única. A Região divide-se em duas grandes sub-regiões de grande riqueza a nível de recursos
turísticos: a Grande Lisboa e a Península de Setúbal.
A diversidade da oferta da Região não só gera o potencial necessário para criar uma proposta
de valor mais rica, como também permite desenvolver nichos de mercado alavancados nos
seus principais fatores de identidade. Paralelamente apresenta uma oferta de alojamento
qualificada, sendo que praticamente metade dos estabelecimentos são alojamentos
Hoteleiros.
117
Tabela 20 - Estabelecimentos e Capacidade na Região de Lisboa [n.º, 2014]
Estabelecimentos Capacidade
(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos; (2):
Inclui Motéis, Estalagens e Pensões da anterior legislação; (3): Dados de 2013
118
Procura Turística
Hóspedes Dormidas
(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos; (2):
Inclui Motéis, Estalagens e Pensões da anterior legislação; (3): Dados 2013
De destacar a preferência pelos hotéis que com 10 milhões de dormidas, detém 91% do total
das dormidas em alojamentos hoteleiros. Mas são nos hotéis de 4* e 5* que se concentram
69% da procura por esta tipologia.
Analisando as dormidas dos alojamentos hoteleiros, que representam o maior peso das
dormidas da Região de Lisboa, verifica-se que a sub-região da Grande Lisboa se assume como a
sub-região com vocação turística deste território.
(1)
Figura 22 - Distribuição territorial das dormidas em alojamentos hoteleiros na Região de Lisboa [n.º, 2013]
Grande Lisboa
92,6%
Península de Setúbal
de 500 000 a 2 500 000
7,4%
(1)
Nota: Inclui Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos
119
Entre 2007 e 2014 a região de Lisboa apresentou um crescimento médio anual de 4,2% (TCMA
no País de 2,2%), foi a região com maior variação média anual e com um crescimento cerca do
dobro da média nacional, apesar dos decréscimos verificados em 2008 e 2009, anos do início
da crise económica.
Gráfico 32 - Evolução das dormidas da Região de Lisboa, por residência habitual [milhares, 2007-2014]
(mil)
14000
12000
10000 24,1%
8000
29,0%
6000
4000 75,9%
71,0%
2000
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
A evolução das dormidas revela ainda uma tendência para o aumento da procura externa em
detrimento do mercado interno, apesar de esta região apresentar uma quota do mercado
externo (76%) acima da média nacional de 70% em 2014.
Para além da evolução da procura também importa entender como a mesma se comporta ao
longo do ano. Lisboa com uma sazonalidade de 34% é uma das regiões com menor
sazonalidade, mesmo bastante inferior aos 39% do país, mas tem vindo a assistir-se ao seu
agravamento, em concordância com a tendência nacional.
Gráfico 33 - Distribuição mensal das dormidas na hotelaria na Região de Lisboa [milhares, 2007 e 2014]
1.239
1.227
1.152
1.148
884
1.054
1.028
846
807
806
800
730
655
637
790
759
539
651
459
455
541
523
ABR
OUT
JAN
NOV
JUN
AGO
SET
FEV
MAI
DEZ
JUL
MAR
MAI
MAR
JUN
AGO
OUT
JUL
DEZ
FEV
SET
NOV
JAN
ABR
120
Gráfico 34 - Posicionamento competitivo da região de Lisboa face à média do país [2007 e 2014]
Taxa 2014
2007
Taxa ocupação-
ocupação- cama (%)
cama (%) 80
80 60
60 40
40 sazonalidade RevPar (€)
20
sazonalidade 20 RevPar (€)
0
0
Prov. de
quota estr.
quota estr. Prov. de aposento/tot
nas dormidas
nas dormidas aposento/tota al proveitos
(%)
(%) l proveitos (%) (%)
Lisboa País
Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2014
- Peso dos residentes no estrangeiro no total das dormidas revela que a região é
bastante competitiva a nível de internacionalização. No ano de 2007, a diferença do
indicador das dormidas face à média do país era superior e de 3,6.p., que aumentou
para 5,9p.p. em 2014.
- A análise da receita por quarto disponível (RevPAR) revela uma aumento entre 2007 e
2014, apesar de menos acentuada que a verificada na média do país. Em 2007, o
RevPAR da região era superior à média do país em 17,3€, sendo que em 2014 essa
diferença passou a 24,6€ revelando que a região tem vindo a melhorar a sua
performance face à média do país.
- O índice das taxas de ocupação revela que a região de Lisboa apresenta sempre
valores superiores à média do país. De notar que a diferença para a média nacional
passou de 6,4p.p em 2007, para 8p.p em 2014, o que demonstra a forte
competitividade deste indicador.
121
Resumindo a análise dos indicadores de posicionamento competitivo da região de Lisboa face
ao país entre 2007 e 2013, é de realçar a melhoria da sua posição relativa.
Mercados Turísticos
No que diz respeito aos mercados turísticos, a região de Lisboa continua a direcionar-se para a
internacionalização da sua procura. A quota de mercado externo, reflete essa realidade na
medida em que, mesmo com uma quota de 71% em 2007, continuou a crescer, atingindo uma
quota de 75,9% em 2014, ou seja, um aumento de 4,9p.p.
Gráfico 35 - Evolução das dormidas dos mercados TOP 5 na Região de Lisboa [n.º, 2014]
1.400.000 -12,1%
1.200.000
+109,5%
1.000.000
+136,7%
+46,1%
800.000 +8,4%
600.000
400.000
200.000
0
Espanha França Brasil Alemanha Reino Unido
2007 2014
Os cinco principais mercados externos representam 51% do mercado emissor para a região,
considerando como medida as dormidas na hotelaria, o que evidencia alguma dispersão de
mercados quando comparado com 63% da média do país.
Importa ainda referir que só o mercado interno tem uma quota de 24,1% seguido do mercado
espanhol com 10,1% de quota e França com uma quota de 8,9%.
122
Gráfico 36 - Quota das dormidas dos principais mercados e variação média anual na Região de Lisboa [%, 2007-
2013]
20,0%
Brasil
Taxa de variação média anual
7,2%
15,0%
França
2007/2014
-5,0%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0%
Quota de mercado
Analisando as variações médias anuais, entre 2007 e 2014, dos mercados em análise verifica-se
que o Brasil e a França registaram crescimentos expressivos de, respetivamente, 13,1%
e11,1%. Espanha foi o único mercado a registar uma variação média anual negativa (-1,8%).
Oferta Turística
O Alentejo tem um património vasto: Alqueva, 160 quilómetros de costa, património edificado
ou património imaterial são alguns exemplos. A oferta ou capacidade de alojamento é dispersa
por toda a região do Alentejo, sendo de referir que as sub-regiões do Alentejo Litoral e do
Alentejo Central representam 64% da oferta existente.
123
Gráfico 37 - Distribuição Territorial da Capacidade em Empreendimentos Turísticos na Região do Alentejo [n.º,
2013]
Em 2014, é ainda de destacar que 60% da oferta de empreendimentos turísticos são TER e
parques de campismo, o alojamento hoteleiro representa apenas 30% da capacidade do total
dos empreendimentos turísticos.
Tabela 22 - Estabelecimentos e Capacidade na Região do Alentejo [n.º e %, 2014]
Estabelecimentos Capacidade
(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos; (2):
Inclui Motéis, Estalagens e Pensões da anterior legislação; (3): Dados de 2013
124
Entre 2007 e 2014 registou-se um aumento da capacidade de alojamento de 31,5%, o que
demonstra uma forte aposta da região do Alentejo no investimento da sua oferta turística.
Mas mais que o aumento quantitativo, assistiu-se a uma evolução a nível qualitativo, tendo-se
verificado um crescimento de 92% no alojamento hoteleiro, o que revela uma significativa
aposta na reconversão dos empreendimentos. É de salientar que no total da oferta de hotéis
68% pertencem às categorias de 3* e 4*.
Procura Turística
Hóspedes Dormidas
(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos; (2):
Inclui Motéis, Estalagens e Pensões da anterior legislação; (3): Dados de 2013
Analisando as dormidas dos alojamentos hoteleiros, que representam o maior peso das
dormidas da região, registou-se em 2014 um valor de 1,2 milhões de dormidas. A sua
distribuição pelo território é dispersa, sendo a maior concentração nas regiões NUTS III do
Alentejo Central e Alentejo Litoral.
125
Figura 23 - Distribuição territorial das dormidas em alojamentos hoteleiros(1) na Região do Alentejo [n.º, 2013]
(1)
Nota: Inclui Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos
(mil)
1400
1200
1000
800 65,4%
75,8%
600
400
200 34,6%
24,2%
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Residentes no estrangeiro Residentes em Portugal
126
entre 2007 e 2014. Considerando que em 2007 o País registou uma sazonalidade média de
37% e de 39% em 2014, verifica-se que o Alentejo acompanha a tendência de aumento
nacional.
Gráfico 39 - Distribuição mensal das dormidas na hotelaria [milhares, 2007 e 2014]
2007 2014
40,6%
35,25%
235
165
113
150
109
146
99
96
121
120
116
89
89
106
79
77
69
61
84
52
69
65
51
44
ABR
JUN
JAN
AGO
OUT
SET
DEZ
FEV
JUL
NOV
MAR
MAI
MAR
MAI
OUT
JUL
DEZ
JUN
AGO
JAN
FEV
SET
NOV
ABR
Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007e 2014
Para perceber o posicionamento competitivo da região, entre 2007 e 2014, fez-se a análise da
evolução dos principais indicadores turísticos.
Gráfico 40 - Posicionamento competitivo da região do Alentejo face à média do país em 2007 e 2014
Taxa 2014
Taxa
2007
ocupação-
ocupação- cama (%)
cama (%) 80
80 60
60 40
40 sazonalidade RevPar (€)
sazonalida 20
RevPar (€)
de 20 0
0
Prov. de
quota estr. Prov. de quota estr.
aposento/tot
nas aposento/t nas
al proveitos
dormidas otal dormidas (%)
(%)
(%) proveitos…
Alentejo País
Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2014
127
competitiva a nível de internacionalização. No ano de 2007, a diferença do indicador
face à média do país era de 43,2p.p., mas o mesmo passou para 36,2p.p. em 2014.
- Quando se analisa a receita por quarto disponível (RevPAR), o indicador revela uma
quebra mais acentuada que a queda da média do país Em 2007, a diferença para a
média do país era de 8,5€ sendo que em 2014 essa diferença passou a 11,3€.
- O Índice das taxas de ocupação, revela que a região manteve a sua posição a nível de
competitividade, apresentado em relação à média nacional uma diferença de 15.p.p..
Mercados Turísticos
Importa então identificar quais os principais mercados emissores e como contribuíram para a
internacionalização da região. É de referir que o Brasil é o mercado que mais se evidencia,
apesar de em 2014 ser o 3º mercado com maior volume de dormidas na região, foi o mercado
que mais cresceu, registando uma variação positiva das dormidas de 268,6%.
Gráfico 41 - Evolução das dormidas dos mercados TOP 5 de 2014
120.000
+37,6%
100.000
+179%
80.000
60.000
+268,6%
40.000 +13,8% +42,2%
20.000
0
Espanha França Brasil Alemanha Reino Unido
2007 2014
128
Considerando como medida as dormidas na hotelaria, é de referir que os cinco principais
mercados emissores conjuntamente com o mercado interno concentram aproximadamente
86,8% do total das dormidas da Região do Alentejo. A maior quota de mercado da região
pertence ao mercado interno com 66,2%.
Gráfico 42 - Quota das dormidas dos principais mercados e variação média anual [2007-2014]
Brasil
25,0%
3,1%
Taxa de variação média anual
20,0%
15,0% França
2007/2014
5,9%
10,0% R. Unido
2,3% Portugal
Espanha 66,2%
5,0% 7.3%
0,0% Alemanha
2,5%
-5,0%
0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0%
Quota de mercado
Analisando para o período de 2007 a 2014 as variações dos diversos mercados e como as suas
quotas evoluíram importa salientar o mercado do Brasil que se destaca com uma variação
positiva de +20,5% seguido do mercado de França que apresenta um aumento de +15,8%. O
mercado interno foi o que menos cresceu, com uma variação média anual de apenas +0,5%.
Oferta Turística
A Região do Algarve é um território de morfologias muito diversas que se agrupa numa só NUT
III, por isso mesmo procede-se à análise do diagnóstico por concelhos. É uma região de grande
riqueza no que se refere à oferta turística, sobretudo a nível paisagístico, sendo a região que
mais praias concentra.
No que diz respeito à oferta de unidades de alojamento, esta carateriza-se por um alojamento
qualificado, comprovado pelo facto de 57% dos hotéis se incluírem nas categorias de 4* e 5*.
Por outro lado, é a região que apresenta menos oferta a nível de turismo em espaço rural
(TER), logo a seguir à Região de Lisboa.
129
Figura 24 - Distribuição Territorial da Capacidade em Empreendimentos Turísticos
Alcoutim
Monchique
0,6% Castro Marim
Aljezur 0,7%
0,2% Silves
2,9%
Loulé São Brás Tavira Vila Real
Portimão 17,5% 4,1% Vila Real de
de de
12,9% Santo António
Lagos Alportel Santo António
8,0% Lagoa 4,8%
Albufeira
Vila do Bispo 7,9% 36,7%
1,8% Olhão
0,6%
Faro
1,5%
0 - 2 013
2 014 - 5 512
5 513 - 9 096
9 097 - 19 893
19 894 - 41 792
Estabelecimentos Capacidade
(n.º) (%) (Camas/n.º Campistas) (%)
REGIÃO ALGARVE 631 100% 148.188 100%
Total de Empreendimentos Turísticos 495 78% 141.999 96%
(1)
Alojamentos Hoteleiros 379 77% 110.979 78%
(2)
Outros alojamentos 57 12% 2.730 2%
(3)
TER e TH Parques de Campismo 59 12% 28.290 20%
(3)
Alojamento Local 136 22% 6.189 4%
(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos; (2):
Inclui Motéis, Estalagens e Pensões da anterior legislação; (3): Dados 2013
130
Entre 2007 e 2014, a Região apresentou um aumento da sua capacidade de alojamento de
cerca de 18%. A qualificação da oferta do alojamento hoteleiro da região reflete-se na elevada
percentagem (78,5%) de hotéis de 4* e 5* existentes, no total da oferta de hotéis.
A região tem como ativos de base os relacionados com o produto de Sol e Mar que se tem
vindo a apresentar de forma multissegmentada. O destaque para o ordenamento e a
valorização dos recursos naturais serão determinantes para o desenvolvimento da oferta
turística da região.
Procura Turística
Analisados os dados da procura turística verifica-se que, em 2014, o Algarve registou 16,4
milhões de dormidas nos “alojamentos hoteleiros” e “outros alojamentos”, o que corresponde
a 98% do total de dormidas nos empreendimentos turísticos.
Hóspedes Dormidas
(milhares) (%) (milhares) (%)
REGIÃO ALGARVE 4.067 100% 18.463 100%
Total de Empreendimentos Turísticos 3.914 96% 17.886 97%
(1)
Alojamentos Hoteleiros 3.523 90% 16.120 90%
(2)
Outros alojamentos 82 2% 272 8%
(3)
TER e TH Parques de Campismo 309 8% 1.494 8%
(3)
Alojamento Local 153 4% 577 3%
(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos; (2):
Inclui Motéis, Estalagens e Pensões da anterior legislação; (3): Inclui Motéis, Estalagens e Pensões da anterior
legislação.
131
(1)
Figura 25 - Distribuição territorial das dormidas em alojamentos hoteleiros
Alcoutim
Monchique
Castro Marim
Aljezur 0,2%
0,7%
Silves
1,7%
Loulé Tavira Vila Real
Portimão 14,2% São Brás 3,8%
de Vila Real de
Lagos 12,1% de
Alportel Santo António
5,3% Lagoa Santo António
Albufeira
Vila do Bispo 8,0% 43,3% 6,6%
1,5%
Olhão
Faro 0,6%
1,9%
0 – 83 643
83 644 – 255 466
255 467 - 788 062
788 063 – 2 087 391
2 087 392 – 6 377 959
(1)
Nota: Inclui Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos
Quanto à evolução da procura turística e face aos efeitos económicos da crise internacional, os
resultados indicam que a região do Algarve registou um decréscimo das dormidas entre os
anos de 2007 e 2009, sendo que a partir de 2010 se assinalou uma tendência positiva do
crescimento.
Gráfico 43 - Evolução das dormidas do Algarve, por residência habitual
(mil)
18000
16000
14000 24,6%
22,8%
12000
10000
8000
6000 77,2% 75,4%
4000
2000
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Residentes no estrangeiro Residentes em Portugal
Entre 2007 e 2014, as dormidas registaram um crescimento médio anual de apenas 1,6%, com
o mercado emissor a crescer a uma média de 1,2%, contra +2,7% do mercado interno, o que se
traduziu num aumento da quota do mercado interno.
132
Gráfico 44 - Distribuição mensal das dormidas na hotelaria (milhares)
2.982
2439
2.461
2115
1742
2.066
1.983
1628
1341
1.538
1.474
1186
1173
1.310
909
642
563
749
492
475
548
507
398
377
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Ao proceder à análise da evolução dos principais indicadores turísticos, podemos concluir que
a região manteve o seu posicionamento competitivo nos últimos anos.
Gráfico 45 - Posicionamento competitivo da região do Algarve face à média do país em 2007 e 2014
2007 2014
Taxa Taxa
ocupação- ocupação-
cama (%) cama (%)
80 80
60 60
40 40
sazonalidade RevPar (€) sazonalidade RevPar (€)
20 20
0 0
Prov. de Prov. de
quota estr. nas quota estr. nas
aposento/total aposento/total
dormidas (%) dormidas (%)
proveitos (%) proveitos (%)
Algarve País
133
A fim de apurar a competitividade da região face à média do país, no início e após o período do
QREN 2007-2013, foram selecionados rácios, relativos aos estabelecimentos hoteleiros, cuja
análise permite retirar as seguintes conclusões:
Mercados Turísticos
134
Gráfico 46 - Evolução das dormidas dos mercados TOP 5 de 2014
6.000.000 -1,5%
5.000.000
4.000.000
3.000.000
2.000.000 +4,0% 8,6%
+17,3% +23,7%
1.000.000
0
Reino Unido Alemanha Holanda Irlanda Espanha
2007 2014
Gráfico 47 - Quota das dormidas dos principais mercados e variação média anual 2007-2014
10,0%
Taxa de variação média anual
Portugal
24,6%
5,0%
Espanha Holanda R. Unido
2007/2014
Irlanda
0,0% Alemanha
5,9%
9,7%
-5,0%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0%
Quota de mercado
Entre 2007 e 2014, apenas o mercado britânico apresentou uma variação média anual
negativa, de -0,2%, continuando ainda assim a ser o mercado com maior quota na região do
Algarve.
135
2.6. REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES
Oferta Turística
O arquipélago dos Açores é constituído por três grupos que totalizam nove ilhas: Flores e
Corvo (Grupo Ocidental); Faial, Pico, São Jorge, Graciosa e Terceira (Grupo Central); São Miguel
e Santa Maria (Grupo Oriental).
Trata-se de uma região que aposta claramente nas atividades turísticas relacionadas com a
natureza, tendo em conta o vasto património natural, destacando-se como destino
sustentável.
(1)
Figura 26 - Distribuição Territorial da Capacidade em alojamentos hoteleiros , por ilhas
Ilha do Corvo
Angra do Heroísmo
Madalena
Vila do Porto
Ainda no que se refere à capacidade de alojamento da região, é de frisar que 44,5% da oferta
existente se concentra em Ponta Delgada, capital da região.
136
Os hotéis representam 90% da capacidade existente em alojamentos hoteleiros e concentram-
se nas Ilhas de São Miguel e Terceira.
Estabelecimentos Capacidade
(n.º) (%) (Camas/n.º Campistas) (%)
REGIÃO DOS AÇORES 184 100% 10.307 100%
Total de Empreendimentos Turísticos 168 91,% 9.682 94%
(1)
Alojamentos Hoteleiros 82 49% 8.816 91%
(2)
Outros alojamentos _ _ _ _
(3)
TER e TH Parques de Campismo 86 51% 866 9%
(3)
Alojamento Local 16 9% 625 6%
(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos; (2):
Inclui Motéis, Estalagens e Pensões da anterior legislação; (3): Dados 2013
A Região Autónoma dos Açores, no conjunto das suas nove ilhas, apresenta um vastíssimo
património natural, cuja riqueza ambiental representa um potencial inquestionável para o
Turismo, apresentando maior ou menor densidade em cada uma das nove ilhas. O património
cultural é também marcante em todo o arquipélago, com destaque para o classificado como
património mundial em algumas das ilhas.
Procura Turística
A procura turística em 2014, na R. A. dos Açores cifrou-se em 1.064 mil dormidas no total do
“alojamentos hoteleiros” e “outros alojamentos”, sendo que o “alojamento hoteleiro”
representa 90% das dormidas em empreendimentos turísticos e 92% dos hóspedes.
137
Tabela 27 - Hóspedes e Dormidas (2014)
Hóspedes Dormidas
(milhares) (%) (milhares) (%)
REGIÃO DOS AÇORES 379 100% 1.167 100%
Total de Empreendimentos Turísticos 357 94% 1.113 95%
(1)
Alojamentos Hoteleiros 329 92% 997 90%
(2)
Outros alojamentos 17 5% 67 6%
(3)
TER , TH e Parques de Campismo 12 3% 49 4%
(3)
Alojamento Local 22 6% 54 5%
(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos; (2):
Inclui Motéis, Estalagens e Pensões da anterior legislação; (3): Dados 2013
(1)
Figura 27 - Distribuição Territorial das Dormidas em alojamentos hoteleiros , por ilhas [nº e %, 2013]
Ilha do Corvo
Corvo
Ilha Graciosa
Ilha das Flores 1,0%
1,2%
Santa Cruz das Santa Cruz da
Flores Graciosa
Ilha de São Jorge
Ilha Terceira
Ilha do Faial Velas 13,9%
7,3% Calheta de São
Lajes Praia da Vitória
das Jorge
Flores Ilha do Pico
3,1%
Horta
São Roque do Pico
Angra do Heroísmo
Madalena
de 0 a 15 000
Ponta Delgada
de 15 001 a 32 500
Povoação
de 32 501 a 100 000 Lagoa
Vila Franca do
de 100 001 a 625 000 Campo Ilha de Santa Maria
2,0%
Vila do Porto
138
No que concerne à evolução da procura turística e face aos efeitos económicos da crise
internacional, os resultados indicam que a região dos Açores registou um decréscimo de 1,5%
na variação média anual das dormidas entre os anos de 2007 e 2014. Apesar desse
decréscimo, neste período, é de destacar o aumento da quota do mercado externo em 13 p.p.,
passando de 55%, em 2007 para 63%, em 2014.
Gráfico 48 - Evolução das dormidas da R. A. dos Açores, por residência habitual [milhares, 2007-2013]
(mil)
TCMA = -1,5%
1400
1200
1000
45,4% 37,4%
800
600
400
54,6% 62,6%
200
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Residentes no estrangeiro Residentes em Portugal
45% 2014
41%
2007
190
185
159
161
132
129
115
130
106
123
99
75
99
88
56
82
46
46
32
51
50
34
33
JAN 26
ABR
JAN
AGO
OUT
DEZ
NOV
FEV
JUN
JUL
SET
MAI
MAR
MAR
MAI
AGO
OUT
DEZ
JUN
JUL
FEV
SET
NOV
ABR
139
Gráfico 50 - Posicionamento competitivo da região face à média do país [%, 2007 e 2014]
2007 2014
Taxa Taxa
ocupação- ocupação-
cama (%) cama (%)
80 80
60 60
40 40
sazonalidade 20 RevPar (€) sazonalidade 20 RevPar (€)
0 0
Prov. de Prov. de
quota estr. quota estr.
aposento/tot aposento/tot
nas dormidas nas
al proveitos al proveitos
(%) dormidas (%)
(%) (%)
Com o objetivo de aferir a competitividade da região face à média do país, no início e depois
do período do QREN 2007-2013, foram selecionados alguns rácios relativos aos
estabelecimentos hoteleiros, sobre os quais se procedeu a uma análise permitindo retirar as
seguintes conclusões:
De modo geral, a evolução destes indicadores revela que a Região Autónoma dos Açores
apresentou progressos significativos nalguns indicadores (índice dos proveitos de
aposento/total de proveitos, taxas de ocupação e quota de estrangeiros nas dormidas), tendo
perdido competitividade, nomeadamente, na sazonalidade e no RevPAR, o que significa que a
Região manteve assim a sua posição relativa face ao País.
140
Mercados Turísticos
350.000
300.000
250.000
200.000 155%
150.000
-69,2%
100.000 +151,9% +55,6% +57%
50.000
0
Alemanha Escandinávia Espanha Holanda EUA
2007 2014
Com um aumento não tão significativo como os anteriores, mas ainda assim notável,
evidencia-se o aumento do mercado holandês (+55,6%) e norte-americano (+57%), sendo que
o único mercado dos TOP 5 que apresentou uma evolução negativa foi o mercado da Península
da Escandinávia que, entre 2007 e 2014, registou um decréscimo de 69,2%. O comportamento
negativo deste mercado poderá justificar-se com a extinção dos voos diretos na rota Península
da Escandinávia – R.A. dos Açores.
A procura (medida em dormidas na hotelaria) nesta região evidencia uma certa concentração
dos principais mercados emissores. Contudo, logo a seguir à Região de Lisboa, esta é a região
que apresenta maior diversificação de mercados, na medida em que o mercado interno e os
cinco principais mercados emissores representam 70,2% das dormidas da R.A. dos Açores.
141
Gráfico 52 - Quota das dormidas dos principais mercados e variação média anual (%, 2007-2014)
20,0% Espanha
7,2%
Taxa de variação média anual 2007/2014 15,0%
EUA Alemanha
10,0% 5,2% 15,2%
-5,0%
-10,0%
Escandinávia
-15,0% 9,6%
-20,0%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0% 45,0%
Quota de mercado
Oferta Turística
142
(1)
Figura 28 - Distribuição Territorial da Capacidade em alojamentos hoteleiros , por concelhos
Porto Santo
8,3%
Porto
Moniz
0,8% São
Vicente
2,0%
Santana
(Santa Cruz)
Com cerca de 10% da capacidade em alojamento hoteleiro do país, predomina a oferta das
unidades hoteleiras. De facto, a tipologia dos hotéis representa 56% da capacidade global dos
empreendimentos turísticos.
Estabelecimentos Capacidade
(n.º) (%) (Camas/n.º Campistas) (%)
REGIÃO DA MADEIRA 363 100% 36.698 100%
Total de Empreendimentos Turísticos 206 57% 32.217 88%
(1)
Alojamentos Hoteleiros 116 56% 26.363 82%
(2)
Outros alojamentos 44 21% 3.187 11%
(3)
TER e TH Parques de Campismo 46 22% 2.667 7%
(3)
Alojamento Local 157 43% 4.481 12%
(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos; (2):
Inclui Motéis, Estalagens e Pensões da anterior legislação; (2): Dados 2013
143
Entre 2007 e 2014, no período de programação comunitária 2007-2013, a Região Autónoma da
Madeira registou uma aposta significativa no desenvolvimento da sua oferta turística,
nomeadamente, ao nível do alojamento qualificado, com um acréscimo de 27% na capacidade
dos hotéis.
Procura Turística
Hóspedes Dormidas
(milhares) (%) (milhares) (%)
REGIÃO DA MADEIRA 1.275 100% 6.901 100%
Total de Empreendimentos Turísticos 1.160 91% 6.354 92%
(1)
Alojamentos Hoteleiros 1032 89% 5.733 90%
(2)
Outros alojamentos 114 10% 561 9%
(3)
TER e TH Parques de Campismo 14 1% 60 1%
(3)
Alojamento Local 115 9% 547 8%
(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos; (2):
Inclui Motéis, Estalagens e Pensões da anterior legislação; (3): Dados 2013
144
(1)
Figura 29 - Distribuição Territorial das Dormidas em alojamentos hoteleiros , por concelho [n.º e %, 2013]
Porto
Santo
4,8%
Porto Moniz
0,6% São
Vicente
1,8%
Santana
Machico
Calheta Nº de dormidas / NUTS III
2,5%
3,3%
de 0 a 50 000
de 50 001 a 160 000
Ponta do
Sol de 160 001 a 500 000
1,2% Santa Cruz de 500 001 a 4 500 000
Câmara de Funchal 13,7%
Ribeira Lobos 69,2%
Brava
0,8%
(Santa Cruz)
(mil)
TCMA = 0,7%
7000
6000 10,6%
13,5%
5000
4000
3000 89,4%
86,5%
2000
1000
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Residentes no estrangeiro Residentes em Portugal
145
Considerando os anos de 2007 e 2014, registou-se um aumento da sazonalidade da procura
para a região, com percentagens significativamente inferiores às da média do País.
600
400
756
661
666
631
589
585
579
576
535
534
553
542
514
511
486
498
432
402
386
366
389
362
200
364
364
0
MAR
MAI
DEZ
JUN
AGO
OUT
JUL
FEV
SET
NOV
JAN
ABR
MAR
MAI
OUT
DEZ
JUN
AGO
JUL
JAN
FEV
ABR
SET
NOV
Procedendo à análise da evolução dos principais indicadores turísticos, podemos concluir que
a região manteve o seu posicionamento competitivo nos últimos anos, mostrando-se uma
região mais competitiva comparativamente às restantes regiões.
Gráfico 55 - Posicionamento competitivo da região face à média do país [%, 2007 e 2014]
2007 2014
Taxa Taxa
ocupação- ocupação-
cama (%) cama (%)
80 80
60 60
40 40
sazonalidade RevPar (€) sazonalidade RevPar (€)
20 20
0 0
Prov. de Prov. de
quota estr. nas quota estr. nas
aposento/total aposento/total
dormidas (%) dormidas (%)
proveitos (%) proveitos (%)
146
Com vista a aferir a competitividade da região face à média do país, no início e depois do
período do QREN 2007-2013, foram selecionados alguns rácios, relativos aos estabelecimentos
hoteleiros, sobre os quais se procedeu a uma análise permitindo retirar as seguintes
conclusões:
De modo geral, a evolução destes indicadores revela que a R. A. da Madeira melhorou a sua
competitividade no que se refere à taxa de ocupação e à sua internacionalização, sendo que se
registou um ligeiro decréscimo da competitividade da região face ao País, relativamente aos
restantes indicadores. Ainda assim e à exceção do indicador “índice dos proveitos de
aposento/total de proveitos”, a região manteve a sua posição relativa face ao País, revelando-
se comparativamente competitiva.
Mercados Turísticos
147
Gráfico 56 - Evolução das dormidas dos mercados TOP 5 [n.º, 2014]
1.600.000 +3,6%
+0,3%
1.400.000
1.200.000
1.000.000
800.000 +120%
-3,6%
600.000
400.000 +6,7%
200.000
0
Alemanha Reino Unido França Escandinávia Holanda
2007 2014
Neste âmbito, considera-se pertinente salientar a variação registada nos principais mercados
internacionais, sendo de referir que as variações registadas nos vários mercados são, de forma
geral, pouco significativas à exceção de dois dos cinco principais mercados. Destaca-se o
mercado francês que, entre 2007 e 2014, aumentou mais do dobro (120%) as dormidas na
região, seguindo-se o mercado holandês que cresceu de forma ligeira (6,7%).
A procura (medida em dormidas na hotelaria) nesta região evidencia uma certa dispersão dos
principais mercados emissores, na medida em que o mercado interno e os cinco principais
mercados representam 74% do total das dormidas na região da Madeira. De destacar que, no
ano de 2014, apenas os mercados alemão e britânico representaram 47% do total de dormidas
na região.
Gráfico 57 - Quota das dormidas dos principais mercados e variação média anual [%, 2007-2014
20,0%
França R.Unido
Taxa de variação média anual 2007/2014
10,0%
Holanda
5,0% Alemanha
3,5%
24,1%
0,0%
Escandinávia
-5,0% 9,3%
-10,0% Portugal
37,4%
-15,0%
-20,0%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0% 45,0%
Quota de mercado
148
Entre 2007 e 2014, o mercado francês foi o que apresentou a variação média anual positiva,
mais elevada (+11,9%). Por outro lado, há a registar o decréscimo do mercado da Escandinávia
(-0,5%) e do mercado interno (-2,6%).
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