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TURISMO 2020

CINCO PRINCÍPIOS PARA UMA AMBIÇÃO

TORNAR PORTUGAL O DESTINO TURÍSTICO


MAIS ÁGIL E DINÂMICO DA EUROPA
INTRODUÇÃO

Portugal dispõe, desde 2007, de um Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT), aprovado
pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 53/2007, de 4 de abril, que foi desenvolvido para
o horizonte temporal 2006-2015, e que foi objecto de duas revisões.

Terminado o horizonte temporal do PENT, impunha-se tomar uma decisão: deve o sector do
turismo em Portugal ter um Plano Estratégico Nacional, que defina com detalhe metas
quantitativas de crescimento em número de dormidas e hóspedes, que defina produtos
estratégicos, nacionais e por regiões, que estabeleça planos de ação a dez anos sobre o
desenvolvimento da estruturação e promoção desses produtos e que cristalize, dessa maneira,
e a imponha ao sector, uma visão do turismo que queremos nos próximos dez anos?

A nossa resposta é negativa.

O turismo vive uma concorrência à escala planetária. Uma concorrência feroz e crescente.
Depende, para o seu sucesso, da inovação, da criatividade, da capacidade de gerar propostas
de valor que atraiam os turistas, que os façam preferir Portugal a qualquer outro destino. E é
composto quase integralmente pela iniciativa privada.

Se assim é, tudo aquilo que o sector do turismo precisa em Portugal é de que lhe sejam
garantidas condições de competitividade para vencer num mundo global. Competitividade
para conseguir oferecer a melhor proposta, para conseguir responder às motivações da
procura, para conseguir estruturar o seu negócio, para conseguir investir na qualificação ou
requalificação da sua atividade, para conseguir inovar, para conseguir ser melhor e mais rápido
e mais ágil do que a concorrência.

O sector do turismo não precisa que o Estado lhe diga quais os produtos estratégicos em que
deve investir, sobretudo se divididos por regiões, como se vivêssemos num território enorme e
as regiões não estivessem a poucas horas umas das outras. Nem precisa que o Estado
identifique que tipo de oferta de alojamento é que queremos, como se a primeira obrigação
do sector fosse agradar ao Estado e não ao turista. Muito menos precisa que o Estado lhe diga
de que forma deve desenvolver a sua atividade ou estruturar os seus produtos.

Num mundo de mudança, em que surgem diariamente novos produtos e experiências e


motivações e formas de alojamento e transporte, o sector do turismo precisa pouco de planos
estratégicos a 10 anos, recheados de medidas e planos de ação que ficam no papel e de pouco
ou nada servem.

De facto não faz muito sentido elaborar um plano prescritivo, fechado, definido
estadualmente, para conformar um sector que vive em permanente mudança e depende
essencialmente da iniciativa e pujança privada.

Qualquer política ou escolha feita num determinado ano estará, com toda a certeza, datada
passados alguns anos, talvez alguns meses. Qualquer plano que impeça a abertura estará, com
toda a certeza, a impedir o dinamismo que uma atividade como o turismo exige. Qualquer
plano definido estadualmente estará, com toda a certeza, desfasado da realidade empresarial.
Qualquer plano que se julgue atualizado está a cometer a primeira falha: não perceber que a
atualização não se completa.

Quer isto dizer que o Estado não deve ter uma estratégia para o turismo, o seu maior sector
exportador?

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Depende do que quiser entender-se por estratégia. Se estratégia é pretender condensar num
documento uma visão de sector, com metas e caminhos, impostos estadualmente ao sector
privado, e como se o cumprimento dessas metas dependesse do Estado, então a resposta é
claramente negativa.

Mas se estratégia for a definição de princípios que devem nortear a atuação das entidades
públicas que interferem no turismo, se esses princípios forem definidos no claro pressuposto
de que o turismo é uma atividade que vive do arrojo privado, do risco privado e da criatividade
do sector privado, se a ambição da estratégia se centrar na competitividade e não em
resultados quantitativos que dependem muito residualmente do Estado, e se o Estado apostar
em cuidar de preservar o território, que é o nosso maior ativo turístico, então a resposta é
positiva.

Assim, este documento, que agora aprovamos e colocamos à consulta pública, revoga o PENT
e define uma ambição de competitividade para o nosso destino e cinco princípios que
favorecem a sua concretização.

Uma ambição que se fundamenta no sector privado do turismo: no horizonte 2020 queremos
ser o destino mais ágil e dinâmico da Europa.

O que é que isto quer dizer?

Essencialmente, duas coisas: queremos criar condições para que as receitas auferidas pelo
sector privado do turismo cresçam em Portugal acima da média dos nossos concorrentes e
queremos ser um dos dez destinos mais competitivos do Mundo.

Não queremos identificar produtos estratégicos, nem dar lições a um sector campeão que vive
muito bem sem os conselhos do Estado. Nem queremos lançar números aleatórios de turistas
ou de dormidas, como se isso dependesse do Estado.

Sabemos que a competitividade de um destino evolui com a capacidade de iniciativa dos


agentes privados. Sabemos que a estruturação da nossa oferta depende muito mais do arrojo
e saber de quem investe do que de quem governa. Sabemos que a função do Estado é abrir o
sector às mudanças e aos desafios, conferindo-lhe a liberdade de atuação e inovação
necessária ao desenvolvimento de uma oferta turística atrativa.

É por isso que a nossa ambição e as metas que definimos estão colocadas do ponto de vista da
iniciativa privada.

Certos de que a imprevisibilidade é a única variável que podemos prever neste momento, mais
do que um plano estratégico dirigista e prescritivo, tratámos de definir cinco princípios que se
alinham harmoniosamente para cumprir a ambição de transformar Portugal no destino mais
ágil e dinâmico da Europa: a Pessoa, a Liberdade, a Abertura, o Conhecimento e a
Colaboração.

Porquê estes princípios? Porque eles expressam precisamente as funções do Estado no sector
do turismo e porque foram estes os princípios que nortearam os últimos quatro anos de ação
das entidades públicas no sector do turismo.

Um sector que precisa de liberdade de iniciativa para criar e oferecer a melhor proposta de
valor. Um sector que precisa que o Estado respeite a liberdade de escolha do turista e que não
pretenda protegê-lo de si próprio.

Um sector que precisa de abertura à mudança, que não vê no Estado um descrente da sua
capacidade, um desconfiado da inovação.

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Um sector que tem no Estado um parceiro na promoção do país, mas uma promoção focada
na procura, no turista, e não uma promoção focada na oferta ou na necessidade de gerir
protagonismos políticos. Um sector que tem no Estado uma atitude de abertura às novas
tendências do mercado e que por isso cuida e preserva o seu território e os seus ativos
turísticos.

Um sector que quer envolver-se nas decisões, que precisa de ter uma relação colaborativa com
as administrações públicas, e não uma relação administrativa, que vê no Estado um parceiro,
não um guia.

Um sector que tem no conhecimento uma das maiores oportunidades de negócio e


qualificação, assim o Estado saiba perceber o desafio que aí vem.

São estes os princípios que, transversais a todo o documento, corporizam e enformam toda a
lógica operacional das seis formas com que expressamos a ambição de qualificação (crescer
mais do que a concorrência) e competitividade (figurar no top-10 dos destinos mais
competitivos a nível mundial) do nosso destino:

1. Um destino sustentável e de qualidade, onde crescimento turístico é compatível com


a produção de benefícios para o território e as comunidades e onde o Estado, na
preservação do território, deve saber cumprir o seu papel;

2. Um destino de empresas competitivas, onde um ambiente saudável para a iniciativa


privada promove a concorrência e inovação na atividade turística;

3. Um destino empreendedor, facultado de todas as competências e conhecimento que


lhe permita ser o país campeão do empreendedorismo turístico;

4. Um destino ligado ao Mundo, onde a conectividade e a mobilidade dos turistas são


ferramentas importantes na ativação da procura;

5. Um destino gerido de forma eficaz, onde a definição clara das competências de cada
agente não deve ser um entrave à iniciativa privada, à exploração de sinergias e
intensificação da transversalidade do turismo;

6. Um destino que marca, cujas estratégias de promoção e comercialização devem


resultar de visões técnicas e não políticas no sentido de almejar a eficiência.

Uma ambição e cinco princípios é assim o que propomos como estratégia das entidades
públicas no sector do turismo para os próximos cinco anos.

Adolfo Mesquita Nunes

Secretário de Estado do Turismo

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SUMÁRIO EXECUTIVO
Este documento, que agora aprovamos e colocamos à consulta pública, revoga o Plano
Estratégico Nacional do Turismo (PENT), define uma ambição de competitividade para o nosso
destino em 2020, e estabelece cinco princípios (Pessoa, Liberdade, Abertura, Conhecimento e
Colaboração) que favorecem a sua concretização.

A ambição é clara: queremos ser o destino turístico mais ágil e dinâmico da Europa.

O que é que isto representa?

Representa uma aspiração de competitividade. Pretendemos situar Portugal entre os dez


destinos turísticos mais competitivos do mundo nos próximos anos. E com essa
competitividade queremos assegurar melhores condições de negócio e de emprego ao sector
privado do turismo, verdadeiro motor do crescimento do sector.

Representa uma aspiração de qualificação. O crescimento que ambicionamos não é medido


em quantidade. Queremos crescer em receitas do sector privado, queremos crescer em
receitas mais do que a média dos nossos principais concorrentes e queremos crescer mais em
receitas por turista. E com esse crescimento, queremos assegurar a qualificação e
sustentabilidade do nosso destino e das nossas empresas, verdadeiros ativos turísticos.

Estas ambições podem ser monitorizadas.

O Índice de Competitividade em Viagens e Turismo, elaborado pelo FEM, e onde Portugal se


posiciona em 15.º lugar num ranking global de 141 países, permite monitorizar os efeitos das
nossas políticas públicas para a competitividade do sector.

Os dados estatísticos da OMT, do INE e do BdP permitem monitorizar os resultados do nosso


sector.

Em termos objetivos, perante um cenário prospetivo de expansão moderada do turismo no


período entre 2015-2020, Portugal tem ao seu alcance um crescimento médio anual de 2,4%
nas dormidas na hotelaria nos próximos cinco anos, para um total de mais de 50 milhões de
dormidas. Paralelamente, Portugal pode ambicionar um crescimento médio anual de 3,6% das
receitas turísticas internacionais, para um total de cerca de 13,4 mil milhões de euros.

Realce-se, com vigor, que este cenário não constitui nem uma previsão nem um objectivo,
mas tão-somente um cenário indicativo para que possa ter-se uma ordem de grandeza do
desafio que temos pela frente.

Queremos ser o destino turístico mais ágil e dinâmico da Europa. Queremos ser mais
competitivos e crescer mais nas receitas do sector privado. Podemos expressar esta ambição
de seis formas diferentes, que no seu conjunto se complementam:

1. Um destino sustentável e de qualidade, onde crescimento turístico é compatível com


a produção de benefícios para o território e as comunidades e onde o Estado, na
preservação do território, deve saber cumprir o seu papel;

2. Um destino de empresas competitivas, onde um ambiente saudável para a iniciativa


privada promove a concorrência e inovação na atividade turística;

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3. Um destino empreendedor, munido de todas as competências e conhecimento que
lhe permita ser o país campeão do empreendedorismo turístico;

4. Um destino ligado ao Mundo, onde a conectividade e a mobilidade dos turistas são


ferramentas importantes na ativação da procura;

5. Um destino gerido de forma eficaz, onde a definição clara das competências de cada
agente não deve ser um entrave à iniciativa privada, à exploração de sinergias e
intensificação da transversalidade do turismo;

6. Um destino que marca, cujas estratégias de promoção e comercialização devem


resultar de visões técnicas e não políticas no sentido de almejar a eficiência.

Cada uma destas ambições impõe desafios, pressupõe atuação e implica esforço. O turismo
vive uma concorrência feroz e crescente à escala planetária e está particularmente sujeito a
novas tendências de mudança: sócio-demográficas, económicas, ambientais, tecnológicas e
nos transportes.

Os desafios que o sector enfrenta, se bem que podem ser genericamente identificados,
assumem contornos mutáveis, muito dependentes de circunstâncias externas, sensíveis a
intervenções públicas e privadas de vários níveis, sujeitos à inovação, sempre imprevisível, e à
concorrência, nem sempre previsível.

Hoje não faz qualquer sentido que um documento estratégico a cinco anos prescreva com
minúcia ações e políticas que as entidades públicas e privadas fiquem comprometidas a
executar durante a sua vigência. Este tipo de planeamento centralizado é incompatível com
um conjunto de realidades que muitos reconhecem mas que importa que tenham, igualmente,
consequências práticas.

Em particular, temos de retirar as devidas ilações das mudanças que, em maior ou menor grau,
afetarão o quotidiano das pessoas, o mesmo é dizer, dos turistas Senão, vejamos:

1. O ritmo de mudança irá acelerar.

2. Boa parte das mudanças serão imprevisíveis, quer quanto à sua natureza, quer quanto
ao seu impacto.

3. As atividades que, agregadamente, convencionámos designar por Turismo serão cada


vez mais diversas e heterogéneas.

4. O número de agentes económicos e outros com atividade ligada ao Turismo será cada
vez maior.

5. Volatilidade nas condições de procura nos nossos mercados emissores em função da


ocorrência de eventos políticos, naturais ou económicos.

Por isso dizemos que não faz sentido elaborar um plano prescritivo. Qualquer política ou
escolha feita num determinado ano estará, com toda a certeza, datada passados alguns anos,
talvez alguns meses.

Um documento como este tem de se preocupar, sobretudo, em definir os princípios de


atuação que garantam um clima de negócios suficientemente ágil e adaptável aos desafios da
Mudança.

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É por isso que, mais do que identificar desafios, o que se faz, mais do que definir linhas de
atuação, o que também se faz, e mais ainda do que identificar os esforços, o que também
fazemos, se impõe identificar, isso sim, os princípios que devem nortear a atuação das
entidades públicas do turismo na hora de, a cada momento, a cada desafio, decidir como
enfrentá-lo.

Porque se a realidade vai mudando, os princípios através dos quais se olha para ela em busca
de soluções assumem carácter mais estável, se forem princípios rigorosos e estruturantes.

Identificamos assim cinco princípios, eles sim estratégicos: Pessoa, Liberdade, Abertura,
Conhecimento e Colaboração.

Porquê estes princípios?

Porque foram estes princípios que fundamentaram a ação pública nos últimos quatro anos e
permitiram ou contextualizaram os resultados muito positivos que o turismo obteve em
Portugal. Porque resultam, porque são instrumentos e ferramentas úteis, são esses os cinco
princípios que propomos para a nossa atuação até 2020.

Foco nas pessoas, nos turistas, na procura, por oposição ao foco na oferta.

Respeito pela liberdade de escolha das pessoas e pela liberdade de iniciativa das empresas do
sector, de forma a responder às motivações da procura, por oposição à tentação de impor aos
turistas aquelo que acreditamos melhor para eles.

Abertura à mudança, à inovação, à criatividade e à concorrência, por oposição à vontade de


proteger o sector da mudança e de adiar ou evitar as tendências de mudança.

Atenção ao conhecimento, às novas oportunidades de negócio, rumo a um destino turístico


inteligente, por oposição à conservação dos velhos modelos de promoção e de negócio.

E colaboração multissectorial, assumindo o turismo como atividade transversal, por oposição à


sua redução sectorial, que o minimiza.

Com estes princípios, o Estado está munido das necessárias ferramentas para chegar a 2020
com um destino turístico ágil e dinâmico. O mais ágil e dinâmico da Europa.

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GLOSSÁRIO

ARPT – Agência Regional de Promoção Turística

B2B – Business-to-business

B2C – Business-to-consumer

CCDR – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional

CTP – Confederação do Turismo de Portugal

FEM – Fórum Económico Mundial

INE – Instituto Nacional de Estatística

NUT – Nomenclatura das Unidades Territoriais

OMT - Organização Mundial do Turismo

OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

PIB – Produto Interno Bruto

RevPAR – Receita por quarto disponível

RNAAT – Registo Nacional dos Agentes de Animação Turística

SIGTur – Sistema de Informação Geográfica do Turismo

TCMA – Taxa de crescimento médio anual

TIC – Tecnologias de informação e comunicação

VAB – Valor acrescentado bruto

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ÍNDICE

PARTE I – UMA AMBIÇÃO PARA 2020: O DESTINO TURÍSTICO MAIS ÁGIL E DINÂMICO DA
EUROPA ....................................................................................................................................... 12
1. COMPETIR NUM MERCADO GLOBAL .............................................................................. 12
2. TENDÊNCIAS DE MUDANÇA ............................................................................................ 13
2.1. Tendências socioculturais e demográficas .............................................................. 14
2.2. Tendências económicas .......................................................................................... 14
2.3. Tendências ambientais ............................................................................................ 15
2.4. Tendências tecnológicas ......................................................................................... 16
2.5. Tendências nos transportes .................................................................................... 17
3. UMA AMBIÇÃO PARA 2020 ............................................................................................. 17
3.1. Dinamismo .............................................................................................................. 18
3.2. Agilidade .................................................................................................................. 18
3.3. Crescer mais do que os nossos principais concorrentes e ser mais competitivo do
que eles ............................................................................................................................... 19
3.3.1. Crescer em receitas geradas ............................................................................... 19
3.3.2. Cenário de crescimento moderado ..................................................................... 22
3.3.3. Crescer mais em receitas internacionais geradas do que em chegadas ............. 23
3.3.3.1. Evolução da procura ........................................................................................ 24
3.3.3.2. Evolução da oferta .......................................................................................... 25
3.3.3.3. Evolução das receitas ...................................................................................... 27
3.3.3.4. Uma ambição ao nosso alcance ...................................................................... 27
3.3.3.5. Crescimento dos preços .................................................................................. 27
3.3.4. Ser mais competitivo do que os nossos principais concorrentes ....................... 28
3.3.5. A afirmação do turismo como sector campeão da economia nacional .............. 29
4. UM PROPÓSITO DIFERENCIADOR ................................................................................... 30
5. O PONTO DE PARTIDA EM 2015 ...................................................................................... 31
PARTE II- UMA AMBIÇÃO, CINCO PRINCÍPIOS: PESSOA, LIBERDADE, ABERTURA,
CONHECIMENTO E COLABORAÇÃO ............................................................................................ 33
CINCO PRINCÍPIOS PARA 2020 ................................................................................................ 33
1. PESSOA ............................................................................................................................ 34
2. LIBERDADE....................................................................................................................... 35
3. ABERTURA ....................................................................................................................... 37
4. CONHECIMENTO ............................................................................................................. 38
5. COLABORAÇÃO................................................................................................................ 39
PARTE III – SEIS FORMAS DE EXPRESSAR UMA AMBIÇÃO .......................................................... 41
1. UM DESTINO ÁGIL E DINÂMICO ...................................................................................... 41

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2. UM DESTINO SUSTENTÁVEL E DE QUALIDADE ............................................................... 41
2.1. Seis pressupostos de atuação ................................................................................. 42
2.2. Linhas de atuação .................................................................................................... 47
3. UM DESTINO DE EMPRESAS COMPETITIVAS .................................................................. 53
3.1. Seis pressupostos de atuação ................................................................................. 53
3.2. Linhas de Atuação ................................................................................................... 60
4. UM DESTINO EMPREENDEDOR ....................................................................................... 63
4.1. Seis pressupostos de atuação ................................................................................. 63
4.2. Linhas de Atuação ................................................................................................... 67
5. UM DESTINO LIGADO AO MUNDO .................................................................................. 71
5.1. Seis pressupostos de atuação ................................................................................. 71
5.2. Linhas de Atuação ................................................................................................... 73
6. UM DESTINO GERIDO DE FORMA EFICAZ ....................................................................... 76
6.1. Seis pressupostos de atuação ................................................................................. 76
6.2. Linhas de Atuação ................................................................................................... 79
7. UM DESTINO QUE MARCA .............................................................................................. 82
7.1. Seis pressupostos de atuação ................................................................................. 83
7.2. Linhas de Atuação ................................................................................................... 91
8. MONITORIZAÇÃO ............................................................................................................ 97
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................. 98
ANEXOS ....................................................................................................................................... 99
1. PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO TURISMO 2020 – 5 PRINCÍPIOS PARA UMA AMBIÇÃO
99
2. O TURISMO NAS REGIÕES ............................................................................................. 105
2.1. REGIÃO NORTE ...................................................................................................... 105
2.2. REGIÃO CENTRO .................................................................................................... 111
2.3. REGIÃO DE LISBOA ................................................................................................ 117
2.4. REGIÃO ALENTEJO ................................................................................................. 123
2.5. REGIÃO ALGARVE .................................................................................................. 129
2.6. REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES ....................................................................... 136
2.7. REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA ....................................................................... 142

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PARTE I

UMA AMBIÇÃO PARA 2020:


O DESTINO TURÍSTICO MAIS ÁGIL
E DINÂMICO DA EUROPA

1. COMPETIR NUM MERCADO GLOBAL

O turismo é hoje a mais importante atividade de serviços à escala global e aquela em que com
mais propriedade se pode falar de uma verdadeira concorrência à escala planetária, que vive
de fronteiras abertas e que permite a antípodas competir pelo mesmo turista.

A larga maioria dos países da OCDE possui um sector do turismo forte e a quase totalidade dos
países em vias de desenvolvimento elegeu o turismo como atividade estratégica essencial para
o seu desenvolvimento futuro.

Este contexto, que vigorará no período de 2016 a 2020 a que este documento se reporta,
conduz diretamente a duas conclusões importantes:

 O turismo continuará a crescer à escala global.


 A concorrência entre destinos alternativos será cada vez mais intensa.

Num contexto de cada vez maior concorrência é de esperar maior dificuldade em diferenciar
cada destino, exatamente numa altura em que um posicionamento distintivo assume maior
importância na captação de turistas.

Por outro lado, o conceito de diferenciação é dinâmico: o que hoje é distintivo pode amanhã
ter sido adotado por um ou mais dos destinos concorrentes e deixar de ser relevante.

Por este motivo, o desafio estratégico que se coloca à atividade turística em cada país não é
apenas o de eleger fatores diferenciadores que sejam (percepcionados como sendo)
relevantes face à concorrência. É igualmente o da criação de condições de mercado para que
esse fator diferenciador possa evoluir e adaptar-se de modo a manter a sua relevância face à
concorrência.

É também esta a questão estratégica principal que se coloca ao turismo em Portugal. Definir
um fator diferenciador relevante e criar as condições para que ele possa evoluir e manter-se
relevante, ao longo do tempo face à concorrência.

Muitas vezes essa questão convoca a elaboração de documentos estratégicos, quase sempre
prescritivos, que têm a ambição de concretizar metas e políticas quinquenais, num esforço que
acaba por condicionar a atuação das entidades públicas e funcionar como um convite ao
sector privado do turismo para que com essas metas e políticas se acomode.
Sucede que há que tirar as devidas ilações das mudanças que, em maior ou menor grau,
afetarão o quotidiano das pessoas, o mesmo é dizer, dos turistas. Mudanças que
desaconselham esse género de exercícios.

De facto não faz muito sentido elaborar um plano prescritivo, fechado, definido
estadualmente, para conformar um sector que vive em permanente mudança e depende
essencialmente da iniciativa e pujança privada.

Qualquer política ou escolha feita num determinado ano estará, com toda a certeza, datada
passados alguns anos, talvez alguns meses. Qualquer plano que impeça a abertura estará, com
toda a certeza, a impedir o dinamismo que uma atividade como o turismo exige. Qualquer
plano definido estadualmente estará, com toda a certeza, desfasado da realidade empresarial.
Qualquer plano que se julgue atualizado está a cometer a primeira falha: não perceber que a
atualização não se completa.

Mas é possível apresentar um documento que forneça uma ambição consensual e dinâmica
para o turismo em Portugal, animado por metas dinâmicas, não estanques e ajustadas a um
mercado global e concorrencial, enformado por um propósito aberto que permita
adaptações permanentes às tendências de mudança.

2. TENDÊNCIAS DE MUDANÇA
Se é a mudança que provoca a necessidade de repensar a elaboração e conteúdo de um
documento que pretenda enquadrar políticas na área do turismo, importa então sumarizar as
principais tendências de mudança que afectam o turismo ao dia de hoje.

Figura 1 - Tendências globais que afetam o turismo

DEMOGRÁFICAS
E
SOCIOCULTURAIS

TRANSPORTES ECONÓMICAS

TENDÊNCIAS
GLOBAIS

TECNOLÓGICAS AMBIENTAIS

Fonte: Turismo de Portugal, 2015

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2.1. Tendências socioculturais e demográficas

A transformação da realidade social e demográfica, além dos impactos em termos da


sustentabilidade das economias e dos seus sistemas de segurança social, apresenta enormes
desafios ao turismo, não exaustivamente descritos nesta figura:

Figura 2 - Tendências demográficas e socioculturais e suas consequências para o turismo

Fonte: IMF (2013), United Nations (2014), análise Idtour (2015)

2.2. Tendências económicas

Estando o fenómeno turístico intrinsecamente associado à crescente globalização da


atividade económica, importa sublinhar quais as principais alterações que vão marcar a
evolução da economia global e das economias regionais nos próximos anos, não
exaustivamente descritas nesta figura:

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Figura 3 - Tendências económicas e suas consequências para o turismo

Fonte: IMF (2013), United Nations (2014), análise Idtour (2015)

2.3. Tendências ambientais

A promoção do turismo enquanto alavanca do crescimento económico pressupõe igualmente


uma resposta aos desafios ambientais e de sustentabilidade da atividade turística, servindo-
se destas tendências como uma oportunidade de desenvolvimento de novas áreas de negócio,
de novos produtos turísticos e de incorporação de novos métodos de gestão nas atividades
turísticas. A figura seguinte resume não exaustivamente de que forma as principais tendências
ambientais estão a influenciar a atividade turística:
Figura 4 - Tendências ambientais e suas consequências para o turismo

Fonte: IMF (2013), United Nations (2014), análise Idtour (2015)

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2.4. Tendências tecnológicas

A emergência da economia digital e das novas tecnologias de informação e comunicação


(TIC) trouxe profundas alterações aos mais diversos sectores de atividade económica nos
últimos anos. O turismo não foi exceção. A globalização e a evolução tecnológica tornaram os
turistas mais sofisticados, exigentes e críticos no processo de decisão, com implicações a vários
níveis, e de onde sobressai uma conclusão essencial: a ruptura da cadeia de valor e de
distribuição trouxe o turista para o centro do turismo.

Paralelamente, a circunstância de o turista ser simultaneamente produtor, ator e espetador


abriu novas possibilidades no que toca à gestão da procura por via de um conhecimento mais
profundo do mercado: os fluxos de turistas, as suas características, as suas preferências e
motivações, o grau de satisfação e as suas necessidades, entre outro tipo de dados.

O turismo transformou-se numa atividade intensiva em conhecimento e em informação e,


mais do que nunca, importa assegurar ao sector as condições que possibilitem o usufruto dos
benefícios e das oportunidades oferecidas pelas novas tendências tecnológicas globais, como o
megadados (doravante, big data), a economia partilhada (doravante, sharing economy) e os
novos modelos de gestão empresarial de gestão de conhecimento (doravante, business
intelligence).

A figura seguinte resume de forma não exaustiva as como as principais tendências tecnológicas
estão a influenciar a atividade turística:
Figura 5 - Tendências tecnológicas e suas consequências para o turismo

Fonte: IMF (2013), United Nations (2014), análise Idtour (2015)

Portugal ocupa o 16.º lugar a nível europeu no Índice digital da economia e da sociedade. A
nível mundial, de acordo com o Índice de Competitividade no Turismo 2015 do Forum
Económico Mundial (FEM), Portugal apresenta-se como o 40.º destino mais competitivo do
mundo no capítulo da Aptidão para as TIC.

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Os destinos turísticos que não souberem responder de forma rápida e inovadora vão
progressivamente perder relevância no competitivo mercado do turismo.

2.5. Tendências nos transportes

Do ponto de vista da acessibilidade, um fator determinante para a dinamização da procura


turística, importa sublinhar o objetivo mais amplo de facilitar a viagem dos turistas a Portugal,
levando em consideração as relevantes transformações que se estão a operar no sector dos
transportes.

Já a nível local, a intensificação do fenómeno turístico levará a profundas alterações dentro


das cidades e centros urbanos, sobretudo na imposição de limitações de circulação de
autocarros, podendo ser um fator potenciador das plataformas intermodais e das
plataformas de sharing economy.

A figura seguinte resume não exaustivamente de que forma as principais tendências nos
transportes estão a influenciar a atividade turística:
Figura 6 - Tendências nos transportes e suas consequências para o turismo

Fonte: IMF (2013), United Nations (2014), análise Idtour (2015)

3. UMA AMBIÇÃO PARA 2020


Se o turismo é uma atividade económica sujeita à concorrência mundial e atravessada por
fortes tendências de mudança, afigura-se aconselhável fazer repercutir tais circunstâncias na
ambição que temos para o turismo em Portugal.

E isso obriga a largar as ambições quantitativas, que dependem de forma muitíssimo residual
das políticas públicas, e a procurar uma ambição que incorpore precisamente esse ambiente
de concorrência, competitividade e mudança. Sendo certo que:

 O ritmo de mudança irá acelerar, não apenas pela evolução das tendências
tecnológicas.
 Cada vez surgem mais destinos concorrentes, com novas propostas de valor e factores
de identificação.

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 Boa parte das mudanças a que o sector está sujeito são imprevisíveis, quer quanto à
sua natureza, quer quanto ao seu impacto.
 As atividades que, agregadamente, convencionámos designar por turismo serão cada
vez mais diversas e heterogéneas.
 O número de agentes económicos e outros com atividade ligada ao turismo será cada
vez maior.
 A volatilidade nas condições de procura nos nossos mercados emissores em função da
ocorrência de eventos políticos, naturais ou económicos, não vai mitigar-se.
 Os turistas impõem diariamente novas motivações, novas necessidades e vontades e
diariamente surgem novas propostas de valor no sentido de lhes dar resposta.

Desta forma, a ambição que temos para o turismo em Portugal, no período de 2016-2020 é a
seguinte:

“Tornar Portugal no destino turístico mais dinâmico e ágil da Europa”

Nesta formulação, é importante entender corretamente os conceitos-chave de dinamismo e


agilidade, ferramentas mais adequadas para a confirmação da relevância económica, social e
cultural do turismo do que a simples enunciação de metas de crescimento mais ou menos
ambiciosas.

3.1. Dinamismo

Um destino dinâmico não é apenas um destino que cresce em número de visitantes. Um


destino que seja verdadeiramente dinâmico terá uma combinação das seguintes
características:

 Crescimento superior ao dos seus concorrentes, ganhando quota de mercado,


aproveitando melhor as oportunidades e melhor preparado para lidar com a incerteza.
 Crescimento qualitativo e integrador de vários critérios de rentabilidade, qualidade e
sustentabilidade.
 Crescimento tendente à mitigação dos desequilíbrios sazonais e regionais.

3.2. Agilidade

Um destino ágil não é apenas um destino que se centra em metas de crescimento. Um destino
que seja verdadeiramente ágil terá uma combinação das seguintes características:

 Sector público aberto à mudança constante e imprevisível, preparado para aceitá-la e


adaptar-se a esta, dotado de instrumentos ágeis, focado no respeito pela procura e
não apenas na proteção da oferta.
 Sector privado liberto de constrangimentos desnecessários que o impeçam de fazer
um movimento semelhante.

18
 Monitorização permanente dos destinos concorrentes, da competitividade do sector e
das mudanças que com ele interferem.

3.3. Crescer mais do que os nossos principais concorrentes e ser mais competitivo do que
eles

Traduzindo esta ambição para metas de crescimento, pode dizer-se que queremos crescer
mais do que a média dos nossos principais concorrentes, porque tal significará que estamos
a aproveitar melhor as oportunidades, com agilidade e dinamismo.

Traduzindo esta ambição para metas de competitividade, pode dizer-se que queremos ser
mais competitivos do que os nossos concorrentes, pontuando melhor do que estes nos
diversos indicadores que contribuem para o sucesso de um destino turístico e que, no seu
conjunto, o tornam mais atrativo.

É sinal de responsabilidade assumir uma meta de crescimento como esta, relativa e dinâmica,
que tem em conta a concorrência e o seu contexto, ao invés de apresentar metas quantitativas
absolutas e desgarradas da concorrência, e que pouco ou nenhum compromisso permite gerar
e que são elas próprias a negação do ritmo de mudança e concorrência em que vive o sector
do turismo.

Mas não queremos crescer de qualquer maneira. A ambição assenta em critérios


qualitativos: aumento dos gastos dos turistas, redução de sazonalidade e dos desequilíbrios
regionais e preservando a sustentabilidade do território e dos destinos e reforço da nossa
competitividade face aos nossos concorrentes.

3.3.1. Crescer em receitas geradas

O indicador que melhor pode medir essa qualificação do crescimento é o indicador estatístico
das receitas geradas pelo turismo internacional, mensuradas pelo Banco de Portugal, e que
constituem simultaneamente o contributo do sector para as exportações do país.

Não é assim o número de visitantes, insuficiente para avaliar a qualidade do destino, nem o
número de camas, insuficiente para monitorizar a densidade e a sustentabilidade, nem mesmo
o montante de proveitos da hotelaria, insuficiente para retratar o efeito económico do turismo
na totalidade da nossa economia.

Assim, é nas receitas internacionais e nas receitas internacionais por chegada que estão os
nossos critérios de avaliação, num compromisso de associar o crescimento do turismo à
qualificação desse crescimento. Através dele é possível verificar se o nosso destino se
assume como uma proposta de valor, se qualifica a sua atratividade (não só para turistas
internacionais, mas também para turistas nacionais) e se contribui ativamente para a
economia nacional ao mesmo tempo que se assegura que dele partem os incentivos
necessários ao desenvolvimento da atividade.

Importa sublinhar que a necessidade imperiosa de obter os dados das receitas internacionais
por chegada, que atualmente não estão disponíveis, levou à reativação da conta satélite do
turismo, essencial para a monitorização desta ambição.

Queremos assim crescer mais nas receitas por chegada do que os nossos concorrentes. Isto
é, Portugal deve ganhar, sustentadamente, quota em valor no competitivo mercado turístico
internacional, onde aliás o país tem mostrado fortes sinais de protagonismo:

19
 Em termos de receitas turísticas, Portugal representa, na Europa (9.º lugar na UE 28),
cerca de 2,5% do total das receitas turísticas internacionais.
 E em termos mundiais ocupa o 26.º lugar (cerca de 1,0% a nível mundial).

Ainda que a concorrência seja global, Portugal tem concorrentes mais diretos, nomeadamente
os países da Bacia do Mediterrâneo. No grupo desses países, Portugal posicionava-se em 6.º
lugar em 2013 e apresentou um crescimento entre 2007 e 2013 de 24,3%, muito acima do
aumento de 7,2% registado pelo conjunto daqueles destinos.
Gráfico 1- Receitas turísticas internacionais por países da Bacia do Mediterrâneo [mil milhões €, 2007 e 2013]

50
+7,8%
+7,8%
2007
40
+6,1%
Mil milhões de euros

2013
30
+56,3%

20
+8,0%
+24,3%
+5,9% -1,9% -32,4%
10

0
Espanha França Itália Turquia Grécia Portugal Croácia Marrocos Egipto

Fonte: OMT – World Tourism Barometer, October 2008 e October 2014

Nos últimos cincos anos, as receitas turísticas internacionais cresceram a uma média anual de
8,2% em Portugal, um desempenho que superou a concorrência espanhola (4,5%),
mediterrânica e europeia (5,4%) e mundial (6,5%).
Tabela 1 - Receitas turísticas internacionais [mil milhões $, 2010-2014]

2010 2014 TCMA (%)


Portugal 10,1 13,8 8,2
Espanha 54,6 65,2 4,5
Mediterrâneo 161,7 199,2 5,4
Europa 411,6 508,9 5,4
Mundo 966 1.245 6,5
Nota: adoptou-se valores em dólares para efeitos de comparação com o Mundo;

Fonte: OMT

O crescimento das receitas turísticas internacionais acelerou sobretudo nos últimos dois anos.
Em 2014, as receitas turísticas cresceram mais de 12%, um desempenho ímpar entre os
principais concorrentes europeus: Espanha registou um crescimento de 4,2% nas receitas,
enquanto o conjunto dos países do Mediterrâneo observaram uma subida de 3,5%.

20
Gráfico 2 - Variação anual das receitas turísticas internacionais [%, 2007-2014]

20,0
15,0
12,4
10,0
5,0
0,0
-5,0 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

-10,0
-15,0
-20,0
Portugal Espanha França Itália Grécia Croácia Mediterrâneo

Nota: Mediterrâneo composto por: Portugal, Espanha, França, Itália, Grécia e Croácia.

Fonte: Bancos Centrais Eurosistema

Neste sentido, a evolução mais positiva das receitas turísticas em Portugal tem permitido
ganhar quota de mercado a nível regional, continental e mundial. No seio do Mediterrâneo,
onde se concentram os principais destinos concorrentes, Portugal evoluiu de uma quota de
mercado de 5,3% em 2007 para uma quota de mercado de 6,6%, num período em os
restantes destinos perderam ou mantiveram a sua quota de mercado (à exceção da Grécia).

Tabela 2 - Quota de mercado mediterrâneo - Receitas Turísticas Internacionais [%, 2007-2014]

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014


Portugal 5,3 5,4 5,4 5,9 5,8 5,9 6,1 6,6
Espanha 31,2 31,4 31,2 31,9 31,9 31,2 31,1 31,3
França 28,3 27,7 27,8 27,4 28,1 28,8 28,2 27,0
Itália 22,3 21,7 22,6 22,6 22,0 22,1 21,8 21,9
Grécia 8,1 8,4 8,1 7,4 7,5 7,2 8,0 8,5
Croácia 4,8 5,4 5,0 4,8 4,7 4,7 4,8 4,7
Nota: Mediterrâneo composto por: Portugal, Espanha, França, Itália, Grécia e Croácia.

Fonte: Bancos Centrais Eurosistema

Na acepção do dinamismo que preconizamos, as metas para o turismo 2016-2020 estão ao


nosso alcance, havendo assim que manter a trajetória de um crescimento das receitas
turísticas internacionais superior à média da concorrência.

Em termos práticos, a definição deste objetivo relativo (crescer mais do que a concorrência)
permite avaliar a competitividade e qualificação do destino Portugal em função da
performance dos principais destinos concorrentes, à luz de uma métrica mensurada e adotada
internacionalmente – as receitas internacionais com viagens e turismo.

Outro indicador importante para avaliar a agilidade e o dinamismo do destino é o saldo da


balança do turismo.

Esse indicador equivale à diferença entre o que os turistas estrangeiros gastam nas suas visitas
a Portugal e aquilo que os turistas portugueses despendem nas suas visitas ao estrangeiro.

21
E porquê este indicador? Porque o saldo da balança turística permite incluir num único
indicador uma série de variáveis importantes para a monitorização da evolução de Portugal
enquanto destino turístico:

a) Receitas geradas por turistas não-residentes, equivalentes às exportações do sector e


ao seu contributo para o PIB nacional.
b) Despesas de turistas nacionais no exterior, equivalentes a importações e, na medida
em que o turismo interno progrida, uma forma de aferir a “substituição de
importações”, não sendo, ainda assim, um indicador adequado para monitorizar a
evolução do turismo doméstico.
c) O saldo da balança turística, em si, corresponde ao contributo do sector para a
Balança de Transações e para a Balança de Pagamentos nacionais e à forma como
concorre para o reequilíbrio das contas externas portuguesas.

Assim, várias evoluções podem, e devem, contribuir para o aumento do saldo da balança
turística tais como o aumento sustentável do número de turistas estrangeiros, o gradual
incremento dos gastos médios diários, o prolongamento da estadia média ou a substituição
por parte dos turistas nacionais de viagens ao estrangeiro por viagens em Portugal.

Não nos interessa assim olhar para o número de visitantes, insuficiente para avaliar da
qualidade do destino, nem para o número de camas, insuficiente para monitorizar a densidade
e a sustentabilidade, nem mesmo para o montante de proveitos da hotelaria, insuficiente para
retratar o efeito económico do turismo na totalidade da nossa economia.

3.3.2. Cenário de crescimento moderado

Prevendo uma taxa de crescimento médio anual de 2,4% nas dormidas na hotelaria nos
próximos cinco anos, é possível ambicionar um total de mais de 50 milhões de dormidas antes
de 2020.
Gráfico 3 - Estimativas de evolução das dormidas na hotelaria [% e milhões, 2014-2020]

15,9
15,5
15,1
13,8
(milhares)

35,3 37,2
32,3 33,5

2014 2016 2018 2020


Residentes no estrangeiro Residentes em Portugal

Fonte: INE [produção própria]

Nota: *Estabelecimentos Hoteleiros, Pousadas, Aldeamentos e Apartamentos turísticos

22
Perante este cenário, Portugal tem ao seu alcance um crescimento médio anual de 3,6% das
receitas turísticas internacionais até 2020, gerando um crescimento na ordem dos três mil
milhões de euros entre 2014 e 2020.
Gráfico 4 - Estimativas de evolução das receitas turísticas internacionais [% e mil milhões €, 2014-2020]

12,2
11,2 13,4
(mil imilhões €)

10,4

2014 2016 2018 2020

Fonte: INE, Banco de Portugal [produção própria]

Este cenário sugere um crescimento moderado face à evolução das dormidas (TCMA de 5%) e
das receitas turísticas internacionais (TCMA de 8%) geradas entre 2010 e 2014.

Ainda assim, é um cenário que, sendo uma orientação prospetiva, se alinha com as metas
estabelecidas inicialmente: i) crescer mais em receitas turísticas do que dormidas (chegadas) e
ii) crescer acima da concorrência.

Sublinhe-se que esta projeção para as receitas turísticas internacionais resulta de um exercício
baseado na experiência passada do turismo em Portugal e em estimativas para o crescimento
económico e turístico global, que não está livre de riscos, e que aqui apenas se apresenta a
título indicativo.

3.3.3. Crescer mais em receitas internacionais geradas do que em chegadas

Para a monitorização da meta a que nos propomos é igualmente importante verificar, a todo o
tempo, se a trajetória das receitas internacionais por chegada acompanha, suplanta ou é
ultrapassada pela trajetória de crescimento das chegadas, na medida em que relação destas
duas trajetórias indicia se o crescimento de receitas internacionais é real, determinado pela
proposta de valor, ou se é determinado pelo simples crescimento da procura (chegadas).

Queremos assim que a trajetória de crescimento das receitas seja superior à trajetória de
crescimento das chegadas, o que nos obriga a uma monitorização do crescimento da procura
e da oferta.

Sublinhe-se, ainda assim, que se adoptará o número de dormidas como indicador a utilizar no
próximo ano pois a reativação da conta satélite do turismo só começará a contabilizar as
chegadas internacionais em 2016 e que, por conseguinte, variações face ao ano anterior só
poderão ser calculadas em 2017.

23
3.3.3.1. Evolução da procura

Portugal é um país carateristicamente receptor. Em 2014, o país registou 46,1 milhões de


dormidas, (70% corresponderam a residentes no estrangeiro) o que traduziu um aumento de
6,4 milhões de dormidas face a 2007. Entre 2007 e 2014, as dormidas aumentaram 16,1% e,
apesar do decréscimo verificado em 2009 e 2010 como consequência da crise financeira e
económica, assistiu-se a uma taxa de crescimento médio anual [TCMA) de 2,2% desde 2007.
Gráfico 5 - Dormidas nos estabelecimentos hoteleiros, aldeamentos e apartamentos turísticos, por residentes no
estrangeiro e no País [milhares, 2007-2014]

(mil)
50.000

40.000 29,9%
32,6%
30.000

20.000
70,1%
67,4%
10.000

0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Residentes no estrangeiro Residentes em Portugal

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 a 2014

Numa análise relativa de quotas de mercado e capacidade de atração de residentes no


estrangeiro, é notória a preponderância de Lisboa e Algarve, não só em termos de atração de
dormidas, mas também ao nível do crescimento registado. Lisboa, Algarve e Madeira
representavam em 2014, 83% das dormidas de estrangeiros em Portugal.
Tabela 3 - Quota das dormidas nos estabelecimentos hoteleiros, aldeamentos, apartamentos turísticos e outros,
por NUTS II [milhares e %, 2007 e 2014]

Total Residentes no Residentes no País


Estrangeiro
2007 2014 2007 2014 2007 2014

País 39 736,6 46 121,9 26 768,5 32 314,5 12 968,1 13 807,4


Norte 10,6% 11,7% 6,6% 8,6% 19,1% 18,9%
Centro 9,7% 9,0% 5,2% 5,3% 18,9% 17,7%
Lisboa 21,8% 25,1% 23,0% 27,1% 23,0% 20,2%
Alentejo 2,8% 2,8% 1,0% 1,4% 6,4% 6,3%
Algarve 37,0% 35,5% 42,4% 38,2% 25,8% 29,2%
R.A. Madeira 15,1% 13,6% 19,4% 17,4% 6,2% 4,8%
R.A. Açores 3,0% 2,3% 2,4% 2,1% 4,1% 2,9%
Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2014

No entanto, denota-se um peso crescente de outras regiões, nomeadamente do Norte. As


regiões do Centro, Alentejo, Algarve e Açores não viram a sua quota de mercado aumentar no
contexto nacional de 2007 para 2014.

Face à evolução das dormidas no país, importa sublinhar que os proveitos de aposento
cresceram a uma taxa anual média de 2,6% entre 2007 e 2014. Esta taxa é superior à taxa de
crescimento das dormidas observada no mesmo período, sinalizando uma melhoria do
rendimento por cada dormida. Em 2014, os proveitos com aposento atingiram um valor
recorde de 1,55 mil milhões de euros, representando já 70% dos proveitos totais (que em 2014
superaram os 2,2 mil milhões de euros).

24
Gráfico 6 - Proveitos por aposento nos estabelecimentos hoteleiros, aldeamentos e apartamentos turísticos País
[milhares, 2007-2014]

2,00 70,6 71,0


70,1
69,5 70,0
1,50
68,6
69,0
67,8
1,00 67,4 67,5 68,0
67,0
1,6
1,3 1,3 1,2 1,3 1,3 1,4 67,0
1,2
0,50
66,0
0,00 65,0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Proveitos aposento Peso nos proveitos totais (%)

Fonte: INE

Também a evolução do RevPAR (receita por quarto disponível) no período em análise sugere a
recuperação da rentabilidade dos estabelecimentos hoteleiros, tendência reforçada sobretudo
nos últimos dois anos.
Gráfico 7 - RevPAR e Taxa de ocupação [€ e %, 2007-2014]

60,0% 40,0
50,3%
47,3% 45,6%
50,0% 42,9% 43,5%
42,6% 42,2% 41,2% 35,0
40,0%

30,0% 30,0

20,0% 33€
31€
30€ 30€ 30€ 25,0
28€ 28€ 29€
10,0%

0,0% 20,0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

RevPar [€] Taxas de ocupação [%]

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 a 2014

O RevPAR atingiu o valor mais elevado em 2014, nos 33 euros, recuperando pelo segundo ano
consecutivo, apesar das taxas de ocupação médias do país continuarem ainda inferiores aos
valores registados em 2007 ou 2008. A taxa de ocupação situou-se nos 45,6% em 2014,
quando em 2007 se fixou ligeiramente acima dos 50%.

3.3.3.2. Evolução da oferta

Em 2014, Portugal dispunha de uma capacidade de 309.195 camas em 2.048


estabelecimentos, considerando apenas a oferta em hotelaria, em sentido lato (inclui Hotéis,
Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos e as antigas pensões
e hospedarias).

25
Constata-se que, nos últimos anos, houve uma qualificação da oferta, representando o
alojamento hoteleiro 74,8% dessas 309.195 camas. De destacar ainda o significativo peso de
52,2% da capacidade oferecida pelos 804 hotéis de 5*, 4* e 3*.
Gráfico 8 - Camas nos estabelecimentos hoteleiros [%, 2007-2014]

350.000
300.000
26,4% 25,2%
250.000 29,4% 28,3%
36.3% 34,7% 32,1%
36.9%7
200.000
150.000
71,7% 73,6% 74,8%
100.000 65,3% 67,9% 70,6%
63,1% 63,7%
50.000
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Alojamento hoteleiro* Outro alojamento turístico

Nota: (*) inclui Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas;

Fonte: Turismo de Portugal, Dados INE.

Neste ponto, torna-se adequado comparar a evolução da capacidade de alojamento, expresso


em número de camas, com a evolução da procura turística, expressa em número de dormidas.
Observa-se que, entre 2007 e 2014, as taxas de crescimento médias anuais para ambos os
indicadores foi de 2,2%. Isto apesar das diferenças na evolução da procura e da oferta ao nível
regional que se desenharam no mesmo período, salientando-se:

 As regiões onde as dormidas cresceram mais do que as camas: Norte e Lisboa.


 E as regiões onde as camas cresceram mais do que as dormidas: Centro, Alentejo,
Algarve, Madeira e Açores.

Ainda no que diz respeito à capacidade de alojamento, importa sublinhar o crescimento da


oferta do Alojamento Local, modalidade de alojamento que compreende os estabelecimentos
de hospedagem, os hostels, as moradias e os apartamentos.

Após a entrada em vigor do Regime Jurídico do Alojamento Local (Decreto-Lei n.º 128/2014)
no dia 27 de novembro de 2014, que veio dar resposta às novas necessidades dos turistas e,
simultaneamente, permitir aos proprietários de alojamento privado aproveitar os benefícios
potenciados pela sharing economy no que toca aos arrendamentos temporários, verificou-se
uma significativa formalização dos negócios tidos como informais.

Até dia 2 de Junho de 2015, um total de 14.683 Alojamentos Locais estava registado no RNAL,
concentrando-se este tipo de alojamento sobretudo nas regiões do Algarve, de Lisboa e do
Porto, sendo hoje possível, mercê do regime aprovado, ter uma maior noção da oferta de
alojamento local.

A monitorização desta oferta, para efeitos estatísticos, como adiante se propõe, permitirá, no
futuro, ter uma melhor noção do número de camas existentes, adequando as políticas de
planeamento e financiamento a essas novas realidades.

26
3.3.3.3. Evolução das receitas

De acordo com o Banco de Portugal, em 2014, as receitas geradas pelo turismo internacional
em Portugal ascenderam pela primeira vez a mais de 10 mil milhões de euros, representando
6% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

Entre 2007 e 2014, as receitas turísticas internacionais registaram um crescimento médio


anual de 5%. Este desempenho determinou um aumento do saldo da balança comercial
turística, o qual tem contribuído decisivamente para o equilíbrio da balança corrente,
salientando o papel eminentemente exportador das empresas turísticas nacionais e o
estatuto do turismo como líder no capítulo da internacionalização da economia portuguesa.

Gráfico 9 - Receitas turísticas internacionais [milhões €, 2007-2014]

(mil milhões)
15,00 8,0%

6,0%
7,0%
5,5% 6,0%
5,1%
10,00 4,6%
4,2% 4,2% 4,2% 5,0%
3,9%
4,0%

10,4 3,0%
5,00 9,2
8,1 8,6
7,4 7,4 6,9 7,6 2,0%
1,0%
0,00 0,0%
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Receitas (mil milhões €) Peso das receitas sobre PIB (%)

Fonte: Banco de Portugal

3.3.3.4. Uma ambição ao nosso alcance

Constata-se assim que a trajetória de crescimento média anual das receitas não só tem sido
superior à média dos nossos principais concorrentes, como tem sido superior à trajetória de
crescimento das dormidas.

Esta meta de crescer mais do que os nossos principais concorrentes, garantindo que tal
crescimento não resulta apenas do crescimento da procura, está a ser atingida.

No entanto, tal não significa que a ambição a que nos propusemos esteja já realizada. O que
esta meta permite concluir é que estamos no caminho certo no sentido da concretização da
nossa ambição, que enfrenta ainda muitos desafios pela frente, nomeadamente o da
competitividade.

3.3.3.5. Crescimento dos preços

Um dos indicadores tradicionalmente apontado como sendo o indicador a ter em conta numa
avaliação qualitativa do crescimento do sector do turismo é dos preços praticados e do
RevPAR do alojamento.

27
Esses critérios não permitem avaliar o sector do turismo como um todo, porque se
circunscreve ao alojamento, e normalmente ao alojamento em empreendimentos turísticos,
deixando de lado novas e populares modalidades de alojamento. Embora, seja,
evidentemente, de crucial relevância, como adiante se demonstrará no capítulo relativo à
competitividade das empresas do nosso destino.

3.3.4. Ser mais competitivo do que os nossos principais concorrentes

No que respeita à competitividade de Portugal enquanto destino turístico, de acordo com o


Índice de Competitividade em Viagens e Turismo – 2015 elaborado pelo FEM, Portugal
posiciona-se no 15.º lugar num ranking global de 141 países.

Depois de três anos de políticas de liberalização da atividade do turismo, Portugal subiu cinco
posições, igualando a melhor posição alcançada no ano 2008. Com esta subida de cinco
lugares no ranking Portugal ultrapassou a Suécia, a Nova Zelândia, a Islândia, a Finlândia, a
Bélgica e a Irlanda.

De acordo com o mesmo estudo e quando comparamos com os nossos principais


concorrentes, Portugal posiciona-se em 4.º lugar no índice de competitividade em viagens e
turismo. No sub-índice Ambiente empresarial, Portugal posiciona-se em 1.º lugar face aos
seus principais concorrentes.
Tabela 4 - Portugal no Índice de Competitividade em Viagens e Turismo [2014]

COMPETITIVIDADE Ambiente Quadro Recursos culturais e


Infraestruturas
VIAGENS & TURISMO empresarial Regulamentar naturais

Espanha 5,31 5,42 4,66 5,68 5,68

França 5,24 5,40 4,58 5,64 5,64

Itália 4,98 5,26 4,39 5,19 5,55

Portugal 4,64 5,11 4,33 4,86 3,71

Grécia 4,36 5,08 4,25 4,78 3,31

Croácia 4,30 5,02 4,23 4,54 3,23

Turquia 4,08 4,64 4,21 4,52 3,15

Marrocos 3,81 4,53 4,14 3,59 2,81

Egipto 3,49 4,17 3,98 3,13 2,42

Fonte: FEM - The Travel & Tourism Competitiveness, Report 2015

Refira-se ainda o posicionamento em vários componentes do índice que colocam Portugal


como destino destacado internacionalmente:

 Segurança e proteção: 10.º lugar


 Recursos humanos e mercado de trabalho: 18.º lugar
 Abertura internacional: 14.º lugar
 Priorização das Viagens e Turismo: 18.º lugar
 Infraestrutura de serviço turístico: 10.º lugar

28
Mas há ainda indicadores em que Portugal está manifestamente mal posicionado, afectando a
sua competitividade e a sua capacidade de atração de investimento, talento e capacidade para
superar os desafios de mudança.

A nossa meta é assim, clara. Queremos chegar a 2020 no top 10 mundial do Índice de
Competitividade em Viagens e Turismo, uma meta ao nosso alcance se respeitados os
princípios de atuação a que nos propomos.

3.3.5. A afirmação do turismo como sector campeão da economia nacional

Ao focar a nossa ambição neste indicador de crescimento estamos simultaneamente a afirmar


o turismo como sector campeão da nossa economia, uma vez que estamos a apontar para o
seu fenómeno exportador.

O mesmo é dizer que essa afirmação só faz sentido, num documento como este, quando
alicerçada em ambições e metas que a ela possam conduzir, e não enquanto propósito político
desligado de qualquer propósito verificador.

Em 2014, as receitas turísticas representaram 14,8% do total de exportações de bens e


serviços e 45,6% das exportações de serviços de Portugal. A manutenção da sua trajetória de
crescimento reforçará a sua liderança nas exportações de serviços.
Gráfico 10 - Peso das receitas turísticas internacionais nas exportações [%, 2007-2014]

43,8% 44,1% 45,6%


42,1% 42,7% 42,2% 43,2% 42,2%

13,5% 13,2% 14,5% 14,0% 13,2% 13,4% 13,5% 14,8%

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Receitas/Export.Bens e Serviços Receitas/Export. Serviços

Fonte: Banco de Portugal

Por comparação com os restantes países da União Europeia, Portugal encontra-se na 10.ª
posição relativamente a este indicador. Os países da União Europeia com maiores pesos
relativos das exportações de “Viagens e turismo” no PIB foram, em 2013, a Croácia, Malta e
Chipre, com 17%, 15% e 13%, respetivamente. Em termos nominais, os países com maiores
receitas de “Viagens e turismo” em 2013 foram a Espanha, a França e a Itália.

29
Gráfico 11 - Receitas turísticas internacionais nos países da União Europeia [2013]

Fonte: Banco de Portugal, 2014 [retirado de “Análise do sector do turismo: Outubro 2014”]

4. UM PROPÓSITO DIFERENCIADOR
Se a ambição é ter um destino turístico e um sector do turismo, público e privado dinâmico e
ágil, capaz de evoluir e de afirmar eficazmente Portugal enquanto destino turístico, importa
identificar um propósito comum para o sector que:

 seja distintivo no presente e que possa manter essa característica no futuro,


independentemente das mudanças, porque preparado para adaptar-se a elas.
 reflita a razão de ser do destino, centrado nas pessoas e nas suas motivações e não na
oferta ou na conjuntura atual.

O propósito definido para o turismo em Portugal assenta em dois valores centrais que estão na
base da nossa identidade e presentes tanto nos comportamentos dos portugueses como nos
símbolos que nos representam e que definem o nosso modo de estar no turismo:

 vocação universalista, que se traduz num genuíno interesse por conhecer outras
culturas, valorizar a diferença e o entendimento com outros povos.
 vontade e capacidade de valorizar as relações humanas, que se expressa na forma de
nos relacionarmos com os outros, disponível, afável, conciliadora e consistentemente
elogiada pelos estrangeiros que nos visitam.

Respeitando os valores identitários de Portugal, o foco nas procuras (vs. oferta) e nas suas
motivações, a expressão do propósito pode resumir-se numa frase simples, credível, que
pretende ser mobilizadora e inspiradora para os vários agentes que atuam no turismo:

“RECEBER BEM”

30
O desenvolvimento de uma cultura turística orientada no sentido de “Receber bem”, de saber
acolher, de proporcionar felicidade, de surpreender, de estar atento aos desejos e
necessidades dos turistas e orientado para exceder as suas expectativas, permite atribuir um
sentido comum a todas as experiências com o destino, valorizando e tornando única a sua
proposta de valor, e permite acomodar milhares de mensagens e expectativas.

Portugal é um destino que dispõe de ativos turísticos territoriais singulares, mas é também um
país que tem na sua génese uma dimensão emocional, que é estrutural da nossa cultura e
identidade e que importa valorizar: a capacidade de “receber bem”.

Assim, pretende-se que Portugal se afirme também como o local “onde o mundo se sente em
casa”, num destino autêntico, cosmopolita e distintivo.

5. O PONTO DE PARTIDA EM 2015


Uma ambição só se concretiza partindo de um conhecimento da realidade, das forças e
fraquezas, das oportunidades e das ameaças que se deparam. A tabela seguinte sumariza essa
análise, resultante dos trabalhos preparatórios para este documento e das discussões que,
para este efeito, tiveram lugar, e complementam os dados estatísticos atrás descritos.

Tabela 5 - Análise SWOT

Forças Fraquezas

 Invulgar capacidade da população portuguesa de Receber  Capacidade instalada na hotelaria com fortes
Bem de forma genuína e autêntica. implicações na taxa de ocupação, nos preços médios
praticados e no RevPAR.
 Localização geográfica privilegiada como "porta de entrada
e de saída" da Europa, podendo funcionar como hub  Localização geográfica periférica face aos mercados
Europa/África/América emissores europeus e asiáticos

 Situação económico-financeira débil do tecido


 Extensa orla costeira e ampla riqueza cultural, natural e empresarial ligado às atividades do turismo no país,
patrimonial, geograficamente concentrada com agravamento significativo em anos recentes

 Clima mediterrânico muito ameno, com sol intenso durante  Competências e níveis de qualificação do universo dos
boa parte do ano (em média, mais de 2.200 horas de sol por profissionais do turismo ainda insuficientes
ano)

 Qualidade de atendimento e fluência em idiomas  Falta de sofisticação na concepção e comercialização de


estrangeiros dos agentes em toda a cadeia de valor do produtos turísticos com mais valor e maior densidade de
turismo experiência
 Excelente oferta do país ao nível de algumas das motivações  Elevada taxa de sazonalidade, influenciada ainda pela
"secundárias" do turismo (e.g. gastronomia), decorrente de dependência do segmento de Sol & Mar e por um baixo
uma forte qualificação em anos recentes grau de desenvolvimento de segmentos turísticos mais
estáveis em procura

 Ótimas condições de segurança, refletidas em indicadores  Subaproveitamento do potencial de diversificação


comparativos internacionais que posicionam muito bem o turística das diversas regiões do País, reduzindo o seu
país potencial contributo para a coesão territorial

 Oferta instalada crescentemente qualificada e com  Fraca evidência de I&D no turismo e escassez de
capacidade para acomodar um crescimento intenso da parcerias entre o sistema científico e tecnológico e as
atividade turística empresas turísticas

 Excelente dotação de infraestruturas de transporte e de  Deficiente coordenação intra e inter-regional nos


suporte ao turismo, reconhecidas internacionalmente esforços de promoção e incipiente avaliação prévia e ex
post da eficácia e eficiência das ações desenvolvidas

31
 Rede qualificada de escolas de hotelaria e turismo geridas  Desarticulação entre cidades e regiões portuguesas,
pelo Turismo de Portugal, que garante boas bases de que pode criar entropias, ineficiências e incoerências na
preparação técnico-profissional gestão dos recursos, dos esforços promocionais e das
próprias marcas (regionais)
 Destino turístico muito competitivo a nível mundial  Proliferação de marcas e produtos turísticos com
(atestado pelo ranking do Fórum Económico Mundial) e escalas muito diferenciadas e estruturados mais a partir
elevado nível de satisfação por parte dos turistas que visitam da oferta do que na sua articulação com a procura
Portugal, em regra acima das expectativas iniciais  Predominância de uma visão individualizada nas ações
e falta de sensibilidade para o funcionamento em redes
com maior sustentabilidade económica.
 Fragmentação do tecido empresarial, gerador de
dificuldades de atuação no mercado internacional.
 Elevado peso de custos com energia, o edifício e
construção e juros de financiamento, na estrutura de
custos das empresas do turismo.

Oportunidades Ameaças

 Crescimento acelerado do turismo à escala global e, em  Mudança rápida da procura de destino/geografia para
particular no oriente, com operadores à procura de novos produto/experiência como fator dominante no
destinos para vender processo de decisão do turista à escala global
 Supremacia económica (e financeira/ cambial) de mercados  Situação económica e política na Europa (responsável
emissores fortes, que torna os destinos europeus mais por uma enorme quota da procura em Portugal)
acessíveis sem perda de valor
 Popularidade do turismo de cruzeiros a nível mundial  Abrandamento no ritmo de crescimento económico dos
continuará a potenciar o crescimento de destinos bem principais emissores não europeus de Portugal (e.g.
posicionados em termos geográficos, como é o caso nacional Angola, Brasil)
 Variação da taxa de câmbio, desvalorizando face ao
Euro.
 Elevada notoriedade internacional que o destino Portugal  Aumento da concorrência pela via do alargamento das
atravessa, potenciador de novas oportunidades de negócio possibilidades de destinos turísticos, acentuada pela
 Aprofundamento da globalização e consolidação de um vasto redução dos custos de transporte (incluindo a
conjunto de transformações tecnológicas, demográficas, consolidação do modelo de negócio low-cost)
sociais, económicas e institucionais no turismo potenciará o
aparecimento de novos nichos de negócio (relevância do
marketing research)
 Envelhecimento da população, em especial nos países mais  Predominância de uma visão individualizada nas ações
desenvolvidos, é oportunidade de grande relevância para o e falta de sensibilidade para o funcionamento em redes
turismo nacional por razões de clima, preço, bom com maior sustentabilidade económica
acolhimento e fiscalidade (turismo sénior apresenta uma taxa
de retorno superior à média)
 Boom na utilização das redes sociais como ferramenta de  Dificuldade no acesso ao financiamento em Portugal,
pesquisa e obtenção de informação no âmbito do processo agravada pela baixa rentabilidade operacional das
de decisão sobre destinos turísticos, onde Portugal está já empresas e dotações insuficientes de capitais próprios
bem presente
 Relevância da diáspora em várias partes do mundo que  Aumento da pressão nas zonas costeiras, reduzindo
mantém fortes laços com o nosso país praias e destruindo falésias

 Dinâmica de crescimento do turismo de natureza e de bem-  Ritmo de crescimento que coloca desafios ao
estar, que constitui uma oportunidade para a afirmação de aeroporto de Lisboa.
novas regiões turísticas no país

 Existência de relevantes sistemas de incentivos financeiros e  Aprofundamento dos desequilíbrios demográficos no


fiscais, instrumentos de engenharia financeira (capital de país, com envelhecimento e consequente desvitalização
risco e linhas de crédito bonificado) e apoios à social muito evidente na paisagem humana
empregabilidade, passíveis de serem mobilizados para a  Alteração do polo de desenvolvimento turístico
qualificação e internacionalização da oferta turística nacional mundial, da Europa para a Ásia

 Portugal 2020 e estímulo à cooperação e à integração entre


atores e entidades no âmbito dos apoios disponibilizados
privilegiando intervenções integradas em detrimento de
investimentos de natureza atomizada e parcelar

 Crescimento da mobilidade internacional de estudantes e


docentes nos cursos superiores
 Crescente relevância dada à Economia azul

32
PARTE II
UMA AMBIÇÃO, CINCO PRINCÍPIOS:
PESSOA, LIBERDADE, ABERTURA, CONHECIMENTO E COLABORAÇÃO

CINCO PRINCÍPIOS PARA 2020

A nossa ambição é ter Portugal como destino turístico mais dinâmico e ágil da Europa. Poderia
pensar-se, assim, que o presente documento elencaria as medidas necessárias para esse
efeito, uma espécie de catálogo de políticas para os próximos cinco anos.

Não é esse o nosso propósito. Os desafios que o sector enfrenta, se bem que podem ser
genericamente identificados, assumem contornos mutáveis, muito dependentes de
circunstâncias externas, sensíveis a intervenções públicas e privadas de vários níveis, sujeitos à
inovação, sempre imprevisível, e à concorrência, nem sempre previsível.

Importa assim estabelecer, antes mesmo de concretizar objectivos e planos de ação, os


princípios que devem nortear os vários agentes – públicos e privados -, no que ao turismo diz
respeito, na hora de, a cada momento, a cada desafio, decidir como enfrentá-lo.

Porque se a realidade vai mudando, como se referiu, os princípios através dos quais se olha
para ela em busca de soluções assumem carácter mais estável, se forem princípios rigorosos e
estruturantes.

Assim, a questão central que importa colocar, e à qual procuraremos dar resposta, é a
seguinte:

Que princípios de atuação devem orientar o Estado de forma a criar condições


para que Portugal seja o destino turístico mais dinâmico e ágil da Europa?

São cinco os princípios orientadores fundamentais que devem inspirar as políticas públicas no
turismo: pessoa, liberdade, abertura, conhecimento e colaboração.

33
1. PESSOA

Dizer que o turismo é uma atividade para pessoas é um lugar-comum. Reconhecer que as
pessoas têm cada vez maior poder de escolha é outra evidência. Defender que a expressão da
individualidade de cada um é um poderoso motivador das ações do ser humano também é
consensual.

Temos então de concluir, logicamente, que o foco central de todos os que operam no sector
turístico têm de ser a pessoa – melhor dito, o turista – que viaja.

Na verdade, o sucesso de todos os agentes do turismo em Portugal depende, em última


análise, do grau de satisfação que consigamos proporcionar a cada uma das pessoas que nos
visita.

Esta atitude de enfoque na pessoa individual tem importantes implicações nas prioridades de
atuação de todos.

Desde logo, é fundamental dar maior importância aos fatores de compreensão e gestão da
procura, pois é esta que determina as opções corretas ao nível da oferta, e não o contrário.

Ou seja, as políticas públicas devem estar orientadas para a procura, não para a oferta.
Devem procurar entender as motivações da procura, respeitá-las, e adaptar-se a estas,
evitando a tentação contrária, a de duvidar ou questionar da procura, tentando condicioná-
la à oferta existente.

Quer isto dizer que qualquer procura serve? Que qualquer turista serve? Evidentemente que
não. O que isto quer dizer é tão somente que o foco da política pública deve estar na procura,
existente e real, seja em que segmento ou escalão for, e não na oferta.

Se o foco estiver na procura, a oferta, se existirem as condições para o efeito, criar-se-á. Se o


foco estiver na oferta, não sabemos se a procura virá.

Quantos projetos não falharam apenas porque se pensou na oferta que se queria ter num
território e não na procura que o poderia animar? Um projeto muito bom que não atraia
turistas é um mau projeto, passe a aparente contradição. É preciso superar a visão que radica
na oferta e não tem os olhos postos na procura.

Por outro lado, a multiplicidade de motivações e interesses das pessoas que viajam
desaconselha fortemente que se cataloguem de forma rígida, seja sob a forma de produtos
turísticos, mercados preferenciais ou grupos sociodemográficos a infinita variedade da
procura.

As tendências económicas e sociais do turismo permitem a uma mesma pessoa viajar várias
vezes na sua vida, e até várias vezes num ano, de tal forma que uma mesma pessoa pode ter,
ao longo da sua vida de turista, várias motivações distintas, combinadas ou não numa mesma
viagem, diferentes das motivações da viagem seguinte. Cada pessoa não é mais catalogável
numa espécie de categoria ou produto, fácil de segmentar por si. Antes pelo contrário, cada
pessoa encerra várias motivações, quer vários produtos.

Quer isto dizer que não é possível ter políticas de foco na procura? Antes pelo contrário. O que
isto quer dizer é tão somente que a procura se dispersa hoje por milhares de produtos,
motivações e experiências, que uma mesma pessoa pode ser atraída por produtos e
motivações e experiências distintas, e que qualquer política pública focada em produtos e

34
não em pessoas, em regiões e não em pessoas ou em segmentos e não em pessoas ou
qualquer política pública que ignore esta realidade corre o risco de ser afunilada.

Para que fique claro, não se declara a impossibilidade da segmentação ou customização, muito
pelo contrário. O que se diz é que o enfoque convencional da mobilização dos recursos e da
organização dos produtos deve agora ser englobado numa atenção redobrada às pessoas, com
características e motivações diversificadas, onde é a valorização das experiências que permite
o refinamento da segmentação e o desenvolvimento da customização de massa.

Se é um facto que tal princípio parece consensual, não é menos verdade que, na sua
concretização, se nota muitas vezes que as entidades públicas dele se afastam.

Sempre que o Estado embarca em catalogações sobre turismo de qualidade para, assim,
justificar políticas públicas de apoio à construção ou reconstrução de determinado tipo de
equipamentos, está a violar este princípio, porquanto parece esquecer que o turismo de
qualidade não é já hoje reconduzível a um só tipo de alojamento ou experiência.

Sempre que o Estado procura impedir novas formas de alojamento, que entram em
concorrência com formas presentes ou instaladas, está a violar este princípio, porquanto está
a condicionar as escolhas dos turistas não à sua vontade mas à oferta que pretende protegida.

Quando estrutura a sua promoção por regiões ou produtos e não por motivações ou
experiências, está a violar este princípio, porquanto está a definir a comunicação com base em
critérios da oferta, não da procura.

Assim, no âmbito da análise da procura, para lhe dar resposta, o enfoque deve estar na
pessoa, que evidentemente pode depois agrupar-se em tendências ou segmentos, e não no
colectivo, ganhando assim relevo a motivação e a experiência.

Por outro lado, a individualização da procura, com o crescente número de turistas a planear e
a reservar as suas viagens de forma descentralizada, nomeadamente através dos meios
digitais, exige das políticas públicas e de todos os stakeholders uma adaptação a esta
realidade.

Se há que atrair, cativar e fazer sonhar o turista, trazendo-o para a reserva e


comercialização, então há que focar as políticas públicas, ou centrá-las, precisamente onde o
turista circula, o que obriga, assim, a uma adaptação à economia digital.

2. LIBERDADE

A diversidade de motivações individuais daqueles que nos visitam é, por si só, um desafio
importante na gestão de Portugal enquanto destino turístico competitivo. Se há que atentar
na procura, e esta assume tantas declinações, como garantir que a oferta surge?

Mas a dificuldade do desafio de permanecer competitivo na captação da procura aumenta


ainda quando percebemos que as ditas motivações individuais se alteram, por vezes
radicalmente, com o tempo e com as evoluções no posicionamento dos destinos nossos
concorrentes.

35
É, por isso, ilusório pensar que é possível a qualquer instituição central definir de que forma
concreta se deve adaptar a oferta turística para melhor corresponder às necessidades das
pessoas que viajam. Porque essa procura corresponde a milhões e milhões de motivações e
experiências, em constante mutação.

Um esforço de adaptação permanente com esta magnitude e complexidade exige um trabalho


conjunto e simultâneo de todos os agentes turísticos, a começar na iniciativa privada. É o
sector privado que melhor conhece a procura e é o sector privado que está em melhor posição
para detetar as inevitáveis e frequentes alterações dessa mesma procura.

É certo que, em matéria de promoção e comercialização, o sector público deve, também ele,
fazer um esforço importante de atualização à procura, de forma cativá-la. Mas a oferta, do
ponto de vista do destino e das experiências e dos equipamentos, depende muito do
investimento privado, do risco privado, do arrojo privado.

Esta exigência de adaptabilidade e inovação que se coloca ao sector privado só é possível de


cumprir num contexto em que exista liberdade de atuação.

Só num contexto em que os agentes se sintam livres para investir onde entendem, para
arriscar o que entendem, para iniciar ou alterar a sua atividade turística como entenderem
estarão criadas as condições para a existência de um turismo inovador, criativo, ágil e
dinâmico.

Só num contexto em que os agentes públicos não influenciam determinantemente as escolhas


do sector privado, por melhores intenções que os agentes públicos tenham, se alcançarão as
condições para ver nascer a oferta adequada às necessidades da desafiante procura.

Mas a liberdade não reside apenas na oferta. Ela reside também na procura, num casamento
com o princípio anterior – pessoa.

É que se é procura que comanda, há igualmente que respeitar a liberdade de escolha dos
turistas.

Respeitar quando ela se impõe, quando ela o determina, não esquecendo que é o turista o
consumidor final das nossas políticas.

Há limites? Claro que sim, os princípios seguintes indicam-nos. Mas a liberdade de escolha do
turista é um valor importante, na medida aliás em que obriga as entidades públicas a evitar
políticas destinadas a restringi-la, assim contribuindo para a perda de competitividade do
sector.

Se é um facto que este princípio parece consensual, não é menos verdade que, na sua
concretização, se nota muitas vezes que as entidades públicas dele se afastam.

Sempre que o Estado ignora que o turista é hoje muito mais informado e tem mecanismos
de avaliação e partilha de avaliação da qualidade, afasta-se deste princípio porquanto tende
a criar regulações e entraves destinados a proteger os turistas de si próprios.

36
3. ABERTURA

Não basta criar as condições de liberdade de atuação económica se essas condições não forem
acompanhadas de uma cultura de abertura à mudança.

Conforme já foi aqui repetidamente dito, todos os fatores que contribuem para o sucesso do
turismo em Portugal sofrerão mudanças em maior ou menor grau, mais tarde ou mais cedo. Se
a liberdade de atuação não for aproveitada para acompanhar essas mudanças não
permaneceremos competitivos. Tal implica a necessidade de estarmos abertos para mudar.

Não encarar a mudança como um problema a evitar ou adiar, como um obstáculo a eliminar
ou mitigar, mas como um desafio a abraçar.

É evidente que as mudanças colocam em causa modelos de negócio, que abrem ou reforçam a
concorrência com a entrada de novos produtos, que perturbam os planos dos que já operam.

Mas a resposta do Estado não pode ser a de evitar a mudança no sentido de proteger o
sector. É certo que essa proteção, no imediato, será vista com agrado pela oferta. Mas não o
será pela procura, que precisa de novos produtos, de novas experiências, de novas
motivações.

O papel do Estado não é proteger o sector da mudança, é dar-lhe condições para se adaptar
a ela.

Se é um facto que este princípio parece consensual, não é menos verdade que, na sua
concretização, se nota muitas vezes que as entidades públicas dele se afastam.

Sempre que o Estado procura olhar para a realidade com base nos conceitos pré-existentes à
mudança, condicionando a realidade a estes conceitos, está precisamente a afastar-se deste
princípio porquanto tende a criar regulações desadequadas que outra coisa não fazem senão
adiar ou atrasar a mudança.

Uma parte importante das alterações que o turismo viverá no futuro prende-se com o impacto
que a tecnologia está a ter na forma como as pessoas vivem e, em particular, na forma como
se planeiam, reservam, usufruem e partilham as viagens.

Sem pretensões de sermos exaustivos, devemos ter particular atenção às seguintes evoluções
tecnológicas:

 Big Data: com o crescimento exponencial de dispositivos ligados à Internet passa a


estar disponível um manancial de dados de enorme valor para a gestão dos destinos
turísticos. Estamos ainda no início do aparecimento do que se tem chamado a Internet
das Coisas (Internet of Things) mas é já evidente o enorme impacto que terá na
competitividade dos destinos. Paralelamente, é cada vez mais fácil, e mais barato,
aceder a ferramentas que analisam estes dados e os organizam de forma a serem
utilizáveis na tomada de decisões importantes a todos os níveis, desde o planeamento
das viagens, às prioridades de promoção, aos critérios de investimento, e por aí
adiante.
 Mobile: a popularização muito rápida dos smartphones alterou, em muito pouco
tempo, a forma e o momento de comunicar com os turistas antes, durante e depois
das viagens. É uma tendência que ainda se irá intensificar, mas que já alterou
profundamente a forma como os destinos são geridos. Neste particular, merece

37
destaque aquilo que se tem desenvolvido ao nível das smart destinations. Fazendo uso
da informação que passa a estar disponível em tempo real, esta tecnologia tem o
potencial de mudar a forma de gestão dos territórios, com implicações que vão, aliás,
muito para além da atividade turística no sentido estrito.
 Sharing economy: a democratização do acesso à informação está a conduzir à
desintermediação económica num conjunto vasto de sectores. Em várias atividades,
consumidores finais em qualquer parte do Mundo, entram em contacto direto uns
com os outros dispensando os serviços de empresas que faziam a respetiva
intermediação. No jargão desta disciplina, estão a proliferar modelos de negócio C2C,
em detrimento dos anteriores modelos B2C. É das tendências com um potencial de
disrupção maior e, talvez por isso mesmo, tem gerado as maiores e mais controversas
discussões. De facto, sempre que uma disrupção ameaça a rentabilidade, ou mesmo a
sobrevivência, de modelos de negócio existentes, cria-se uma tensão entre os
interesses dos que já operam com os interesses dos que pretendem passar a operar. A
cultura de abertura a que aqui fazemos apelo implica que sejamos capazes de
perceber que estas disrupções acontecem, muitas vezes, porque são formas mais
eficazes de afetar recursos. No caso do turismo, muitas das atividades da sharing
economy permitem a satisfação das necessidades das pessoas que viajam de forma
mais económica ou mais conveniente ou mais alinhada com a sua personalidade.

4. CONHECIMENTO

No ponto anterior, aludiu-se à disponibilidade crescente de dados e à existência de software


acessível e capaz de transformar esses dados em informação. Mas a informação bruta, por si
só, não serve para tomar melhores decisões. Para isso, precisamos de conhecimento, área que
historicamente o turismo tem negligenciado e cuja circunstância importa agora inverter.

Atuar sob o princípio do conhecimento pressupõe corresponder a uma exigência que a


intensificação do fenómeno turístico e a revolução digital global impuseram naturalmente.

Por um lado, a dimensão e a importância crescentes do turismo no nosso País exigem que se
melhore significativamente o nível de conhecimento que é produzido e colocado à
disposição dos agentes do sector.

Por outro, as mudanças que a revolução do digital determinou no quotidiano das pessoas
(turistas) foram acompanhadas de um boom de dados, informações e, em última instância,
conhecimento que, de tão dispersos e segmentados que estão, devem constituir uma enorme
oportunidade dos agentes turísticos no sentido de compreender verdadeiramente o que
motiva, estimula e prende o turista no nosso destino.

Assim, mais do que nunca, importa enraizar hábitos e incentivar práticas de produção, partilha
e divulgação de conhecimento entre todos os agentes, impregnando no sector a ideia de que o
sucesso do negócio turístico depende em grande medida do grau de utilização do
conhecimento disponível.

Hoje em dia, não é possível pensar que uma atividade desta importância possa continuar a
ser competitiva se não aumentar significativamente a intensidade da utilização do
conhecimento no seu dia-a-dia.

38
O conhecimento tornou-se numa poderosa ferramenta de optimização do processo de decisão
dos agentes (famílias, empresas, organizações e governo). E melhorar o seu grau de produção,
partilha e utilização terá um enorme impacto na competitividade do turismo em Portugal, em
domínios tão diversos como:

 Seleção de investimentos
 Eficácia da promoção
 Inovação de Produtos
 Estratégia de Formação
 Licenciamento e Registos
 Apoio ao Empreendedorismo

Também ao nível da produção de conhecimento é muito importante que o turismo


intensifique a sua relação com as universidades e outros centros de investigação para que os
temas e os problemas sob estudo estejam alinhados com as efetivas necessidades do sector.

Quanto à disponibilização de dados, de informação e de conhecimento, consideramos que o


Turismo de Portugal está particularmente bem posicionado para desenvolver um Sistema de
Business Intelligence, o qual, além da informação própria de que dispõe enquanto Autoridade
Nacional do Turismo, agregue também conhecimento relevante de outras entidades, públicas
e privadas, nacionais e estrangeiras, com as quais estabeleça parcerias nesse sentido.

Não é necessário lembrar a este propósito que o conhecimento se altera, se renova ou se


torna obsoleto exatamente ao mesmo ritmo das mudanças que foram já por diversas vezes
referidas.

Portanto, a necessidade de conhecimento que o turismo evidencia tem de ser satisfeita por
sistemas que, também eles, se adaptem, atualizem e evoluam constantemente.

5. COLABORAÇÃO

Os resultados recentes do turismo em Portugal são, em parte, resultado de uma maior


capacidade que os agentes do sector têm demonstrado de trabalharem em conjunto.

No entanto, é importante estar consciente de que, no futuro, a necessidade de colaboração


entre diferentes entidades irá ser cada vez maior.

A interdependência entre múltiplos planos de atuação, à qual se junta a natureza transversal


da atividade turística, conduzem a questão das parecerias e do trabalho em rede ao centro do
desenvolvimento do turismo português, exigindo colaborações a vários níveis:

a) Entre empresas: em função do novo perfil de turistas, não é mais possível pensar que
uma empresa sozinha consiga oferecer ou promover a sua oferta sem colaborar com
outras cuja oferta a complemente.
b) Entre instituições: crescerá também a importância da colaboração entre instituições
com responsabilidades no turismo tendentes a garantir o alinhamento das suas
iniciativas com a estratégia de resposta aos grandes desafios do sector,
nomeadamente o alinhamento com os princípios orientadores que aqui se enunciam.
c) Entre regiões: cada região turística tem mais a ganhar com uma lógica de colaboração
recíproca do que com uma lógica de concorrência a qual não tem qualquer

39
correspondência ou relevância na forma como os turistas planeiam e fruem as suas
viagens.
d) Entre sectores: a transversalidade da atividade turística obrigará, cada vez mais, a que
se estabeleçam relações de parceria com outros sectores da sociedade. São
conhecidos os entendimentos com atividades económicas como o agroalimentar
(vinho, azeite, cortiça), com atividades sociais como o desporto, a cultura, a educação
e o ambiente.
e) Entre países: há também um importante caminho a percorrer na colaboração com
outros países no quadro europeu seja ao nível dos produtos turísticos transfronteiriços
ou pan-europeus, seja ao nível da cooperação no domínio da formação e do know-
how, seja, ainda, no alinhamento quanto à definição de políticas internacionais com
relevância para o turismo, como é o caso da política de vistos ou das políticas relativas
às acessibilidades aéreas.

Sem esta colaboração, o turismo não logrará desempenhar a centralidade que, de facto, lhe
é reconhecida pela economia.

Neste sentido, do que se trata aqui, é de procurar que o turismo deixe de ser um
departamento ou uma secção governamental, e passe a ser, enquanto atividade económica
de primeira linha que é, um dos eixos centrais da política governativa. Ora, tal não sucederá
com palavras mas sim com uma cultura de colaboração, nos termos descritos.

40
PARTE III

SEIS FORMAS DE EXPRESSAR UMA AMBIÇÃO

1. UM DESTINO ÁGIL E DINÂMICO

Tornar Portugal o destino turístico mais ágil e dinâmico da Europa é uma ambição de
crescimento mas é, sobretudo, uma ambição de qualidade e sustentabilidade, onde o primado
da qualidade sobre a quantidade, e dos fluxos de valor sobre os fluxos de turistas, possa fazer
o seu caminho de forma segura e sustentável.

Tornar Portugal o destino turístico mais ágil e dinâmico da Europa configura-se sem dúvida
como uma ambição económica mas, sobretudo, como uma ambição de competitividade e
resiliência, onde o primado do privado sobre o público, e da liberdade de iniciativa sobre o
dirigismo estadual, possa fazer o seu caminho de forma economicamente proveitosa.

Se queremos tornar Portugal o destino turístico mais ágil e dinâmico da Europa, teremos então
de assegurar que Portugal é, simultaneamente:

 Um destino sustentável e de qualidade


 Um destino de empresas competitivas
 Um destino empreendedor
 Um destino ligado ao Mundo
 Um destino gerido de forma eficaz
 Um destino que marca

São seis formas de expressar uma mesma ambição, e que convocam, para os próximos 5 anos,
seis linhas de atuação que, no respeito pelos princípios identificados na Parte II, possam
contribuir para o seu cumprimento.

2. UM DESTINO SUSTENTÁVEL E DE QUALIDADE

A qualificação e sustentabilidade do destino são essenciais para a manutenção e reforço da


atratividade e notoriedade de Portugal enquanto destino turístico, para a redução da
sazonalidade, para a dinamização do turismo interno, para a sustentabilidade do
crescimento e para a criação de novas e inovadoras propostas de valor.

A sustentabilidade e a qualidade têm um impacto que vai para além do cumprimento de


objectivos ambientais ou urbanísticos. A qualificação e sustentabilidade do destino não são
conceitos reservados para o edificado ou para o turismo de natureza. São valores transversais
no sector do turismo e desafios próprios de todas as políticas de turismo.

41
2.1. Seis pressupostos de atuação

2.1.1. O território é o mais relevante ativo turístico

A procura por parte dos turistas está maioritariamente centrada nas características que o
mesmo apresenta. Um território preservado e valorizado é ativo turístico, território
degradado e relativizado é um passivo para o turismo.

As novas dimensões e tendências da procura, expressas pelas pessoas, exigem aliás uma
permanente atenção à sustentabilidade do destino, factor distintivo e de competitividade. É a
própria procura que exige um destino sustentável e de qualidade.

O clima, a par da localização geográfica, as pessoas que o habitam, a diversidade das


paisagens, os monumentos arquitectónicos, históricos, culturais e naturais, a cultura, tradições
e gastronomia e ainda a riqueza na área da biodiversidade, constituem o espelho da nossa
identidade e são alguns dos principais recursos para a prática do turismo e contribuem para a
valorização da imagem de marca do território e para a diferenciação do destino.

O desenvolvimento sustentável do destino deve percepcionar-se como satisfazendo as


necessidades das pessoas, turistas e residentes, de forma a ter no turismo um fenómeno
inclusivo, da mesma forma que protege e aumenta oportunidades no futuro, pressupondo a
gestão equilibrada de todos os recursos, para que as necessidades económicas, sociais e
estéticas possam ser satisfeitas enquanto a integridade cultural, os processos biológicos
essenciais, a diversidade biológica e sistemas de suporte da vida são mantidos.

2.1.2. O crescimento do turismo contribui para a valorização dos recursos territoriais


mas gera desafios de sustentabilidade

A estruturação de produtos turísticos pode gerar, no desenvolvimento das cidades e das


regiões, uma valorização do património histórico, cultural e natural reconhecido e classificado,
funcionando de forma ativa como agente qualificador e requalificador do território.

Para que tal suceda, o turismo não pode ser visto de forma sectorial. A valorização e
preservação de um destino resulta de um esforço em rede com outras valências de
desenvolvimento e convoca várias tutelas e agentes, do ambiente à economia, da cultura à
agricultura.

Colaboração é por isso essencial para que o território seja visto de forma integrada, não
sectorial, devendo as estratégias sectoriais estar alinhadas e em coerência com propósitos
comuns.

No entanto, o crescimento significativo do turismo nas principais cidades e nos territórios


litorais gera novos (e atualiza velhos) desafios de sustentabilidade urbana e ambiental.

Tais desafios devem ser vistos com abertura, vendo no turismo oportunidades e não ónus, de
forma a ter o turismo como agente para a regeneração, reabilitação, valorização e
dinamização económica do destino e não enquanto atividade económica a limitar ou vedar.

42
Nem todo o território é igual, nem todo o território tem os mesmos desafios e nem em todos
os lados o turismo assume as mesmas características.

A partir da análise da procura turística (aferida através das dormidas em estabelecimentos


hoteleiros), constata-se a existência de 3 níveis de desenvolvimento no País ao nível do seu
território:

1. Territórios em afirmação turística: incluem-se aqueles que representam menos de 5%


da procura turística de Portugal. Tal situação constata-se nas regiões dos Açores, do
Alentejo, do Centro de Portugal e do Porto e Norte (com exceção do Grande Porto).
Nestes territórios importa alavancar o seu desenvolvimento turístico, promovendo a
transformação dos seus recursos turísticos em produtos e experiências - e proceder à
sua comunicação e venda. Os esforços de estruturação e de comercialização da oferta
turística são especialmente pertinentes nestes territórios.
2. Territórios em crescimento contínuo relevante, que representam entre 5 e 10% da
procura turística do País. Neste caso emerge um único caso – o Grande Porto, que
representa cerca de 70% da procura turística da região do norte. Neste contexto,
importa consolidar o seu crescimento e potenciar o desenvolvimento turístico dos
territórios de proximidade, da região do Porto e Norte e do Centro de Portugal;
3. Territórios consolidados, que representam mais de 10% da procura turística de
Portugal. Inserem-se aqui o Algarve, Lisboa e a Madeira. Nestes casos, importa
requalificar estes destinos, melhorando à oferta, reconvertendo e modernizando os
produtos, e desta forma reforçar a sua sustentabilidade e competitividade.

Deve notar-se que esta categorização do território é meramente factual e instrumental para a
definição de políticas.

A figura seguinte traduz o modelo territorial no qual são evidenciados os três níveis de
desenvolvimento turístico atrás descritos.
Figura 7 - Modelo Territorial

ANÁLISE NUTS III


NÍVEIS DE DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO

TERRITÓRIOS EM AFIRMAÇÃO TURÍSTICA


Alavancar o desenvolvimento turístico
Dormidas: < 5% País
Inovar e Crescer em Valor

Produt o | Experiência |
Recurso
Comunicar | Vender

TERRITÓRIOS EM CRESCIMENTO CONTÍNUO RELEVANTE


Consolidar crescimento e potenciar desenvolvimento
turístico nos territórios de proximidade

Dormidas: 5% - 10%

TERRITÓRIOS CONSOLIDADOS
Reforçar a sustentabilidade e competitividade
Dormidas: > 10% do país

Fonte: Turismo de Portugal

43
2.1.3. A qualidade do destino depende de uma oferta de experiências, atividades e
produtos turísticos diversificados.

O foco na pessoa obriga a colocar o turista no centro de todas as fases do ciclo de viagem e da
cadeia de valor do turismo.

Na verdade, o turista é o configurador da sua própria viagem, procurando experiências


turísticas que respondam às suas necessidades e motivações, enquanto anteriormente o seu
papel era mais passivo, assente em produtos turísticos estabelecidos e previamente
organizados por terceiros.

Por isto mesmo, a era do primado da oferta, assente na definição de produtos, deu lugar à era
do primado da procura, numa progressiva afirmação das experiências turísticas. Esta mudança
torna o rigor da segmentação e o desenvolvimento da customização de massa uma
necessidade permanente para todos os que têm a responsabilidade de gerir destinos
turísticos. O que lhe dá origem não são já produtos ou regiões mas as motivações.

Às motivações, o destino tem de fazer corresponder os produtos turísticos que o território


possibilita, os quais, por sua vez, proporcionam experiências que se traduzem na satisfação das
pessoas, completando um círculo virtuoso que se pode representar na figura seguinte:

Pessoas Motivações Território Produto Experiência

Por outro lado, o futuro das viagens e turismo comportará novos motores de crescimento que
exigem uma resposta às tendências da procura, estruturada a partir da exploração de novos
fatores de atratividade que extravasam a oferta de produtos tipificados.

A centralidade das experiências na organização da cadeia de valor do turismo, superando o


anterior foco quase exclusivo no alojamento, obriga a que se criem condições para o
surgimento de conteúdos autênticos e experiências marcantes e genuínas, de excelência
ambiental e urbanística, que respondam às necessidades da procura.

Nesse sentido, é preciso que os agentes públicos reajam com abertura a essas novas
tendências, que têm gerado novas formas de fruir o território, novas formas de alojamento,
novas formas de transporte e novas experiências. Abertura para entender que não é hoje
possível fixar critérios únicos, estandardizados, de qualidade.

Deve notar-se que qualidade é uma noção dinâmica, que exige um ambiente de liberdade que
permita o surgimento de oferta que responda à procura e que facilite o surgimento de
atividades, produtos, equipamentos e empreendimentos ambiental, social e urbanisticamente
sustentáveis.

Neste sentido, as entidades públicas não devem concorrer com a atuação das empresas de
animação turística e devem reconhecer ao sector privado o seu papel essencial, e mais eficaz,
de estruturação da oferta.

44
2.1.4. Não faz sentido planificar centralmente a estruturação de produtos estratégicos.

É possível responder às principais motivações de viagem através de experiências compostas


por produtos turísticos, como no exercício que se apresenta a seguir.
Tabela 6 – Matriz Motivações vs Produtos

Gastronomia e Vinhos
Turismo Residencial
Produtos Turísticos

Saúde e Bem-Estar
Touring Cultural

Turismo do Mar
City Breaks
Sol e Praia

Natureza
Negócios

Golfe
Motivações

Cultura
Cultura e Religião x x x
Conhecimento x x x x
Costumes Locais x x x x
Prazer
Convívio x x x x x x x
Aventura x x x
Diversão x x x x
Quebrar a Rotina x x x x x x x x x x
Relaxamento
Bem-Estar x x x x x
Família x x x x x x x
Descanso x x x x
Disfrutar o Clima x x x x
Físico
Contacto com Natureza x x x x x x
Desporto x x x x x
Vida Ativa x x x x x

Não se trata aqui, no entanto, da definição de produtos turísticos estratégicos, noção que se
abandona neste documento, uma vez que, para efeitos de estruturação, promoção e
comercialização, interessam as motivações e as experiências e não propriamente os produtos.

E se é verdade que produtos mais maduros se afirmam factualmente como estratégicos,


porque se impõem no seu surgimento e justificam a sua promoção, não é menos verdade que
tal circunstância não impede o surgimento ou a promoção de novos produtos em novos
territórios.

Estratégico será assim todo o produto que, de forma sustentável e integrada no território,
souber dar resposta às motivações turísticas através de um modelo de negócio também ele
sustentável.

Este documento não serve pois para identificar produtos estratégicos, tarefa aliás
desatualizada e desadequada ao propósito de ter um destino turístico ágil e dinâmico.

E como se desenvolvem estes produtos? Deixa de haver estratégia para eles? A circunstância
de este documento se não pronunciar sobre tal estratégia de produtos estratégicos passa,
desde logo, pela constatação da irrelevância de um documento como este para o verdadeiro e
eficaz desenvolvimento de tais produtos, já que estes dependem de um conjunto de factores
que escapam ao planeamento central:

 Autenticidade: histórica, patrimonial e cultural, passível de criar interesse em vastos


públicos e suficientemente universal para ser assimilado, interpretado e gerar
aderência.

45
 Personalização: modelar, adaptar e customizar a oferta a interesses e necessidades
específicas, possibilitando a criação à medida e a sensação “de ser único”.
 Inovação: criar e disponibilizar conteúdos surpreendentes, disruptivos, de diferentes
naturezas, pertinentes para distintos públicos.
 Tecnologia: incorporação de facilidades e funcionalidades tecnológicas que permitam
uma experiência turística mais simples, rica e profunda.
 Sustentabilidade: ao nível social, cultural, económico e meio ambiental.

É a pessoa, através da procura, que faz surgir estas experiências e produtos, que podem ter
conformações muito distintas.

Para os que esperam políticas públicas de estruturação da oferta, ou que clamam por elas,
respondemos da seguinte forma: para que a oferta corresponda à procura, o essencial é que
o Estado e os demais agentes públicos atuem com abertura, dando liberdade ao sector
privado para a cada momento conseguir identificar as oportunidades de valor, de acordo
com os princípios de atuação definidos neste documento.

E evidentemente que o sector público, na sua intervenção ao nível de financiamento e


promoção, deve ser particularmente exigente na avaliação da sustentabilidade do projeto e na
avaliação da sua capacidade de resposta à procura existente.

Ou seja, deve orientar-se para segmentos de maior valor acrescentado e para a satisfação das
procuras turísticas específicas e sustentadas que promovam a diferenciação e a qualificação
dos destinos.

Quer isto dizer que não há estratégia? Antes pelo contrário. Quer dizer que a estratégia a
seguir passa por abandonar a planificação centralizada em documentos como este, abrindo-
a aos princípios identificados na Parte II deste documento, que pelo seu carácter ágil e
dinâmico contribuem para a melhor tomada de decisões.

2.1.5. A mitigação da sazonalidade depende essencialmente da capacidade de resposta


às motivações turísticas.

A sazonalidade é um fenómeno natural da atividade turística, não sendo um exclusivo de


Portugal. Também não se manifesta com a mesma dimensão em todo o território nacional.
Trata-se de um fenómeno que é mais acentuado nas regiões onde predomina o sol e praia,
como é o caso do Algarve.

O problema da sazonalidade tem, se o quisermos sumarizar, duas faces:

 Procura: na época baixa existem menos pessoas a viajar no Mundo, sobretudo vindas
dos nossos principais mercados emissores, portanto há um mercado de menor
dimensão e uma maior disputa entre concorrentes para o atrair.
 Oferta: as pessoas só viajam quando têm uma motivação para tal, sendo necessário
disponibilizar produtos e experiências que respondam às suas motivações.

Como esta realidade se não irá alterar significativamente, a única maneira de atenuar a
sazonalidade em Portugal é sermos melhores do que os concorrentes e conquistar maior
quota de mercado.

Para conseguir conquistar maior quota do mercado existente, é preciso acima de tudo deter
argumentos de peso para atrair os turistas e satisfazer as suas necessidades.

46
Na verdade, a atividade turística em Portugal continua a ser fortemente influenciada pelo
fator da sazonalidade, cuja taxa total da procura entre julho e setembro agravou no período
entre 2008 (36,7%) e 2014 (40,9%).

Tabela 7 - Taxa de sazonalidade [%, 2008-2014]

2008 2014
Época Época Época
Época alta Época baixa Época alta
baixa (out. intermédia intermédia
(jul. a set.) (out. a fev.) (jul. a set.)
a fev.) (mar. a jun.) (mar. a jun.)
Estrangeiro 27,9 36,2 36 24,1 36,7 39,2
Portugal 30 31,7 38,3 21,8 33 45,2
Total 28,6 34,7 36,7 23,4 35,6 40,9
Nota: em estabelecimentos hoteleiros, aldeamentos, apartamentos turísticos e outros

Fonte: INE

Em conclusão, o elemento principal de qualquer plano de combate à sazonalidade é apostar na


oferta de produtos e experiências que tenham a capacidade de gerar procura quando há
menos pessoas a viajar. E se o destino Portugal tem os argumentos necessários quando o clima
é favorável, no Inverno existem ainda lacunas a esse nível.

Assim, importa aprofundar o conhecimento sobre as motivações da procura na época baixa,


perceber como, para onde e o que procura fazer durante a estadia e sobretudo responder com
ofertas adequadas a cada segmento. É por isso um trabalho de estruturação de resposta às
motivações, um trabalho mais lento, mas que tem de ser feito.

2.1.6. Transformar Portugal num destino turístico inteligente tem efeitos positivos na
sustentabilidade e qualificação do destino.

Surgem hoje soluções inovadoras de requalificação e desenvolvimento das cidades ou do


território, em torno do conceito dos destinos inteligentes (smart destinations), tendo em vista
a adoção de soluções inteligentes que contribuam para a resolução de problemas urbanos e
respondam aos atuais desafios ligados à qualidade de vida, quer dos residentes quer dos
turistas.

O gestor do destino acede a uma grande quantidade de dados e de conhecimento que lhe
permite tomar decisões baseadas em dados concretos e ser mais eficiente na gestão urbana,
ambiental e territorial.

Fazendo uso da informação que passa a estar disponível em tempo real, e portanto do
conhecimento, a tecnologia tem o potencial de mudar a forma de gestão dos territórios, com
implicações que vão, aliás, muito para além da atividade turística no sentido estrito.

2.2. Linhas de atuação

47
2.2.1. Trabalhar em rede na execução das estratégias já aprovadas ao invés de aprovar
estratégias novas

Ações:

 Execução do Compromisso para o Crescimento Verde, procurando alcançar os


objectivos e metas nele referidos, todos direta ou indiretamente relevantes
para a afirmação do destino Portugal como um destino sustentável.
 Execução do Plano Estratégico de Transportes e Infraestruturas - Horizonte
2014-2020, nomeadamente no que diz respeito à criação de condições para a
transferência do transporte individual para o coletivo, em especial nas áreas
metropolitanas.
 Execução da Estratégia Nacional para o Mar 2013-2020, contribuindo para a
sua execução, nomeadamente no que diz respeito à consagração de Portugal,
a nível global, como nação marítima.
 Execução da Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas,
nomeadamente contribuindo para moderar os impactos negativos e os seus
custos ambientais, sociais e económicos.
 Execução da Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da
Biodiversidade, nomeadamente pela constituição de um quadro de referência
fundamental na integração dos objetivos de conservação do património
natural na concretização da aposta de desenvolvimento turístico sustentável.
 Execução da Estratégia Nacional para a Gestão Integrada da Zona Costeira,
contribuindo para a criação de um modelo de ordenamento e
desenvolvimento que articule as dinâmicas turísticas com as ecológicas na
utilização dos recursos e na gestão de riscos, e de um modelo de governança
assente na cooperação público-privado, que aposte na convergência de
interesses através do estabelecimento de parcerias, da coresponsabilização e
da partilha de riscos.
 Reforço dos processos de validação, reconhecimento e referência
internacional da mais-valia de recursos naturais, posicionando Portugal como
um destino reconhecido pela sua sustentabilidade e favorecendo a adaptação
do destino às melhores práticas internacionais.
 Valorização do posicionamento costeiro das principais cidades portuguesas e
de todo o litoral, para reforçar a atratividade económica e o dinamismo
turístico.
 Desenvolvimento de condições de reconhecimento de marcas de serviços
destinadas distinguir os estabelecimentos de hotelaria e restauração que
cumpram critérios de sustentabilidade.
 Participação ativa na definição de estratégias transversais para fazer face a
riscos naturais e causados pelo homem, designadamente cheias, secas e
poluição acidental, contribuindo para a Identificação dos riscos potenciais em
todo o território e para a definição de estratégias de prevenção, mitigação e
resposta.

48
2.2.2. Criação de ambiente regulatório adequado ao surgimento de propostas
sustentáveis e de qualidade

Ações:

 Revisão e simplificação do processo de reconhecimento de


empreendimentos turísticos e de atividades de animação turística como
turismo de natureza e implementação, acompanhamento e monitorização do
programa nacional para o turismo de natureza.
 Revisão da Portaria de classificação dos empreendimentos turísticos, e sua
permanente monitorização, assegurando a existência de um conjunto de
requisitos pontuáveis, associados à sustentabilidade dos empreendimentos e
da sua gestão.
 Alargamento aos empreendimentos turísticos da aplicação do Regime
Excecional de Reabilitação Urbana que altera as regras de conservação,
alteração, reconstrução e ampliação de edifícios antigos.
 Alteração do Regulamento da Náutica de Recreio, mitigando os
constrangimentos ao desenvolvimento da náutica de recreio e promovendo a
melhor fruição do recurso natural aquático.
 Uniformização de procedimentos, e simplificação dos mesmos, para a
atribuição de títulos privativos de utilização do domínio público hídrico,
pondo termo à falta de clarificação de competências.

2.2.3. Atualização da intervenção do Turismo de Portugal nos Instrumentos de Gestão


Territorial

Ações:

 O critério de intervenção do Turismo de Portugal no acompanhamento dos


instrumentos de gestão do território fixa-se no seguinte propósito:
representação do turismo numa ótica integrada na ocupação e utilização do
território - e não a representação do turismo numa óptica de representação
sectorial -, tendo em vista um planeamento que procure o equilíbrio entre a
atividade económica e a preservação e conservação do território e a sua
identidade local, conciliando todas as vertentes da sustentabilidade,
económica, ambiental e social e cuidando no entanto que as limitações
impostas nesses instrumentos são proporcionais e adequadas e partem de
uma análise cuidada e rigorosa do fenómeno turístico.
 A participação do Turismo de Portugal nos procedimentos de elaboração,
alteração, atualização e acompanhamento dos instrumentos de gestão do
território deve fundamentar-se em indicadores de sustentabilidade a
desenvolver e disponibilizar publicamente pelo Turismo de Portugal, para
apoio de tomadas de decisão da Administração Local e Central ao nível do
planeamento, bem como dos investidores, por exemplo a Densidade turística
medida em camas por Km2 e a Intensidade turística medida em camas por
habitante.

49
 Desenvolvimento e manutenção do Sistema de Informação Geográfica do
Turismo (SIGTur), que tem por principal objetivo disponibilizar, de forma
amigável, o acesso a dados sobre a oferta turística, a partir de informação
georreferenciada e alfanumérica associada, de acesso público.

2.2.4. Reorientação dos instrumentos de financiamento para a qualificação e


sustentabilidade do destino

Ações:

 No âmbito dos instrumentos de financiamento, o Turismo de Portugal deve


focar-se nos projetos que contribuam para:
o a requalificação de áreas turísticas consolidadas.
o a reabilitação urbana e para a regeneração económica, através do
desenvolvimento de projetos turísticos, principalmente em centros
urbanos e históricos.
o qualificação dos equipamentos e serviços de apoio à atividade
turística, com especial enfoque nas necessidades dos turistas.

 No âmbito dos instrumentos de financiamento, o Turismo de Portugal deve


focar-se em investimentos que:
o observem critérios de sustentabilidade.
o reforcem a competitividade dos sectores e atividades, estimulando
também a criação de novos negócios.
o revelem efeito de arrastamento e estimulem a criação de novos
negócios.
o dotem os recursos humanos de competências para fazer face aos
desafios do crescimento verde.
o Promovam a inovação, investigação e desenvolvimento tecnológico,
tendo em vista uma maior eficiência no uso dos recursos.

2.2.5. Reorientação dos instrumentos de financiamento para a requalificação e


inovação do alojamento

Ações:

 Dinamização de processos de requalificação do alojamento para uso


turístico, que os posicione em segmentos de maior valor acrescentado.
 Orientação das políticas de financiamento, no que à criação de novo
alojamento diz respeito, para os fatores marcadamente diferenciadores,
orientados para os mercados externos e para a satisfação de procuras
turísticas específicas e sustentadas.
 No âmbito dos instrumentos de financiamento, o Turismo de Portugal deve
focar-se em investimentos que:
o revelem fatores de inovação, fazendo uso dos recursos endógenos de
cada território, que os distingam marcadamente da oferta existente e
que proporcionem a qualificação dos destinos.

50
o se orientem para a satisfação de necessidades de mercado,
nomeadamente de procuras turísticas específicas e sustentadas.
o demonstrem posicionar-se eficazmente em todos os elos da cadeia
de valor, nomeadamente ao nível dos canais de distribuição.
o se revelem económica e financeiramente viáveis.
o se orientem para os mercados externos e para a diversificação de
mercados.
o observem critérios de sustentabilidade ambiental e eficiência no uso
de recursos.
o demonstrem o recurso a postos de trabalho adequadamente
qualificados, tendo em vista a prestação de um serviço de excelência.

2.2.6. Plano de mitigação da sazonalidade

Ações:

 Afirmação da animação turística como eixo central da qualificação do


destino e criação, no âmbito do Portugal 2020, de possibilidades de
financiamento de projetos com dimensão à escala global que possam servir de
âncora e dar visibilidade a toda uma estratégia nacional, complementada com
outros projetos de menor dimensão.
 O Turismo de Portugal deve adaptar os seus instrumentos de financiamento
de forma a cobrir investimentos específicos na conversão dos alojamentos
turísticos para a época baixa e deve, junto dos seus itinerários de promoção
desses instrumentos, sensibilizar o sector privado para esta necessidade.
 Estruturar a oferta de animação turística já existente no território de um
ponto de vista comunicacional, criando redes e produtos de escala, e
dinamização, com parceiros privados, e de acordo com as melhores técnicas
promocionais, de uma divulgação não meramente institucional da mesma.
 Estimular a procura de segmentos alvo específicos, designadamente,
seniores, turismo acessível e procura interna.
 Esforço acrescido ao nível do trade marketing no sentido de trabalhar com os
principais players de cada mercado para o desenvolvimento de ofertas
específicas, quer de ligações aéreas que reforcem a acessibilidade do destino,
quer de operações turísticas que promovam a oferta de pacotes diferenciados
que estimulem a procura na época baixa. Os apoios a conceder seriam
formatados para a colocação desses novos produtos nos respetivos mercados,
através de campanhas conjuntas com os parceiros aderentes ao projeto.
 Forte campanha de divulgação em função dos seus objetivos e públicos-alvo,
bem como mercados e meios a selecionar. A campanha será dirigida não só ao
consumidor, mas também ao trade, nos principais canais de venda a identificar
e ainda o trade nacional.

2.2.7. Portugal: Destino Turístico Inteligente

51
Ações:

 Lançamento do Projeto “Portugal: Destino Turístico Inteligente”, suportado


pelo Portugal 2020, destinado a criar as bases para a transformação de
Portugal em destino turístico inteligente. Para esse efeito, deve:
o Definir-se o conceito de destino turístico inteligente e bem assim o
conjunto de requisitos básicos que o compõem.
o Implementar-se um conjunto de Projetos-piloto, suscetíveis de
replicação em diferentes pontos do território nacional, em
colaboração com as Autarquias e Entidades Regionais de Turismo que
teriam outras funcionalidades para além do pacote básico (exemplos
de funcionalidades: realidade aumentada, rede de sensores para
monitorização de consumos e interesses, mobilidade, recolha de
satisfação dos turistas, geo-localização, vídeo-guias e áudio-guias,
vídeo mapping, holografia, design interativo – serious games (jogos
sérios), big data, eficiência energética, etc…).
 Nos concursos do Portugal 2020 que visam a valorização do turismo deve estar
previsto o apoio a projetos/ações que concorram para o desenvolvimento de
destinos turísticos inteligentes.
 Executar o Acordo entre Portugal e Espanha para o desenvolvimento de um
Plano de Ação Conjunta para 2015, entre o Ministério da Indústria, Energia e
Turismo de Espanha e o Ministério da Economia, para o desenvolvimento de
um ‘Projeto de Rota Turística das Fortificações na Fronteira Hispano-
Portuguesa’ – no âmbito do conceito Destino Turístico Inteligente.

2.2.8. Estruturação de rotas e itinerários experienciais

Ações:

 O Turismo de Portugal e as Entidades Regionais de Turismo devem promover,


sempre com a participação ativa dos agentes privados, e bem assim das
entidades sectoriais competentes, a estruturação de rotas e itinerários
baseados que, de acordo com as necessidades da procura e as características
do território, se justifiquem.
 Revisão, atualização e monitorização de um eficaz sistema de sinalização das
principais atrações e rotas.
 Parcerias entre Entidades Regionais, públicas e privadas, com vista à
promoção das rotas, itinerários e eventos regionais com interesse turístico.
 Implementação de programas integrados de desenvolvimento de destinos
turísticos acessíveis, que, de forma descentralizada e com participação do
sector privado, permita a criação de condições para o acolhimento de turistas
com mobilidade reduzida nas infraestruturas e serviços turísticos (alojamento,
animação turística e restauração) e assegure, em formato acessível, a
prestação da informação sobre a acessibilidade das infraestruturas e serviços
turísticos na comunicação promocional dos destinos.

52
2.2.9. Fórum Informal de reflexão sobre crescimento de turismo urbano

Ações:

 Criação, junto do Turismo de Portugal, de um Grupo de reflexão sobre


Turismo e Sustentabilidade Urbana, presidido pelo Presidente do Turismo de
Portugal, reunindo semestralmente, para o qual devem ser convidados os
representantes executivos municipais com responsabilidade na área do
turismo dos concelhos com mais de 500.000 dormidas por ano, as Entidades
Regionais de Turismo e outros especialistas, de forma a:
o articular e concertar as estratégias de desenvolvimento turístico, que
promovam o aproveitamento adequado dos recursos, a valorização da
oferta turística e, em síntese, um melhor e mais sustentável
ordenamento turístico dos municípios e do destino Portugal.
o propor estratégias, modelos e processos que permitam desenvolver
soluções inovadoras para a resolução dos problemas das cidades, para
responder aos atuais desafios ligados à qualidade de vida dos
residentes e dos turistas.
o desenvolver casos de estudo acerca dos destinos turísticos maduros e
estratégias para compatibilizar a atividade turística com o bem-estar
de todos: comunidades residentes, turistas, meio-ambiente.

3. UM DESTINO DE EMPRESAS COMPETITIVAS

O crescimento do turismo, como atividade económica que é, depende, sobretudo, da


capacidade de as empresas portuguesas se revelarem cada vez mais competitivas face a uma
concorrência que é cada vez maior, mais sofisticada e que não conhece fronteiras.

Uma política pública de turismo que esqueça que o turismo é uma atividade privada, que
procure substituir-se ao sector privado, e que não tenha nas empresas um dos seus eixos de
atuação, será sempre uma política falhada. Nenhum destino turístico se consolida sem um
forte sector privado.

3.1. Seis pressupostos de atuação

3.1.1. A qualificação e sustentabilidade do destino dependem de um sector privado


saudável

Cabe à iniciativa privada estruturar e oferecer experiências, atividades e produtos turísticos


diversificados, não devendo o Estado substituir-se a esta.

E, se assim é, a qualidade do destino vai depender das condições em que as empresas e os


agentes económicos desenvolvem as suas atividades de negócio, devendo o sector público

53
promover um ambiente empresarial adequado e para o qual devem concorrer fatores de
competitividade regulatória e fiscal, de concorrência, de capacitação e de inovação.

Sem liberdade de iniciativa privada, sem uma abertura por parte do Estado a novos conceitos
e novos modelos, o sector privado do turismo tenderá a acomodar-se ao que existe ou ao que
lhe é permitido, perdendo a batalha da competitividade mundial de destinos.

3.1.2. A liberalização das atividades económicas fortalece a competitividade do


destino.

Depois de três anos de políticas de liberalização da atividade do turismo, Portugal subiu para o
15.º lugar no Índice de Competitividade em Viagens e Turismo – 2015 elaborado pelo FEM,
igualando a melhor posição alcançada no ano 2008. Com esta subida de cinco lugares no
ranking Portugal ultrapassou a Suécia, a Nova Zelândia, a Islândia, a Finlândia, a Bélgica e a
Irlanda.

Na verdade, nos últimos três anos procederam-se a várias reformas liberalizadoras da


atividade turística, e de redução de custos de contexto, nas áreas do alojamento, restauração,
agências de viagens e animação turística. A liberalização da atividade da animação turística,
dando rédeas à liberdade de iniciativa dos empresários, provou aliás muito bem a ideia de que
a liberdade funciona.

De acordo com os dados do Registo Nacional dos Agentes de Animação Turística (RNAAT)
estavam 2.407 agentes registados para o exercício de atividades próprias das empresas de
animação turística, incluindo os operadores de animação turística, no final de maio de 2015.
Gráfico 12 - Registos de empresas de animação turística [2007-2014]

2500
2.120
2000

1500
1.108
1000

500 226

0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Fonte: RNAAT (valores acumulados)

2014 foi um ano recorde no número de novas empresas de animação turística: foram
registadas 602 novas empresas no RNAAT.

Desde a entrada em vigor do diploma que liberalizou o acesso a esta atividade (Decreto-Lei n.º
95/2013, de 19 de julho, que alterou o Decreto-Lei n.º 108/2009, de 15 de maio), até 31 de
maio de 2015 registaram-se 1.100 novas empresas de animação turística e operadores
marítimo-turísticos, das quais 165 se registaram em 2013, 602 registaram-se em 2014 e 333 já
em 2015.
Tabela 8 - Evolução dos novos registos no RNAAT

Ano Novos registos


2010 472

54
2011 377
2012 305
2013 347
2014 602
2015* 333*
Fonte: RNAAT; *até 31 de maio

Depois de dois anos de queda no número de novas empresas (em 2011 e 2012), a inversão
da tendência deu-se em 2013 (+14%) e foi solidamente confirmada em 2014 (+74%).

Por mês, registaram-se no RNAAT cerca de 50 novas empresas de animação turística em 2014,
o dobro do que se verificava com a anterior legislação - em 2012, a média de novas empresas
registadas no RNAAT foi de 24 por mês.

Assim, e após estas reformas liberalizadoras, e pela primeira vez, Portugal figura no top-10 dos
destinos turísticos mais competitivos na Europa, a principal região turística do mundo,
permitindo manter-se à frente de concorrentes diretos como a Grécia, a Croácia e a Turquia.

Entre as principais razões que explicam a melhoria da competitividade turística de Portugal


está precisamente a subida nos critérios relativos ao ambiente regulatório e à eficácia da
promoção. No índice “Prioritization of Travel & Tourism”, Portugal subiu de 29º lugar para 18º
lugar (subida de 11 posições), perante a melhoria expressiva nos componentes “Government
prioritization of T&T Industry” (subida da 29ª posição para a 17ª posição), “Effectiveness of
marketing to attract tourists” (subida de 18 lugares da posição 55 para a posição 37) e “T&T
gov’t expenditure (% gov’t budget” (subida da 28ª posição para a 24ª posição).
Simultaneamente, Portugal registou melhorias expressivas no índice “Human Resources and
Labour Market”, onde se destaca a posição três no ranking mundial no componente “Ease of
hiring skilled employes”, no índice “Safety and Security”, onde Portugal é percecionado como o
10º destino turístico mais seguro do mundo, e no índice “Price Competitiveness”, onde se
sublinha a subida significativa no componente “Ticket taxes, airport charges”.

3.1.3. A crise económica veio acentuar fragilidades financeiras das empresas.

As dificuldades financeiras das empresas turísticas são fator de desvantagem competitiva que
restringem a capacidade de a iniciativa privada poder desenvolver-se de forma concorrencial e
inovadora.

Aos desequilíbrios estruturais que o turismo acumulou no passado juntaram-se fortes


restrições globais sobre o nível de investimento e sobre o acesso ao financiamento, na
sequência de uma conjuntura económica e financeira global particularmente complexa.

Relativamente ao volume de negócios, as empresas de alojamento, restauração e similares


registaram uma faturação de aproximadamente 8,5 mil milhões de euros em 2013, um valor
que compara com os 9,9 mil milhões de euros faturados em 2007.

Apesar da quebra acentuada em 2012, sublinhe-se que estes sectores praticamente


mantiveram o seu peso no total do volume de negócios face a 2007, representando cerca de
2,6% do total em 2013.

55
Gráfico 13 - Volume de negócios no turismo e peso no total da economia [milhões € e %, 2007-2013]

11.000 3,5

10.000 2,8 3,0


2,6
2,5
9.000
2,0
8.000
9.912,8 1,5
7.000
8.430,9 1,0
6.000 0,5
5.000 0,0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Alojamento, restauração e similares Peso do Turismo no total do volume de negócios

Nota: Total de empresas no Alojamento, Restauração e Similares; Fonte: INE

O seguinte gráfico demonstra que, a partir de 2010, as empresas de alojamento, restauração


e similares registaram um decréscimo dos capitais próprios, uma tendência que contribuiu
para a quebra da autonomia financeira num período de forte constrangimento no acesso ao
financiamento bancário.

Ainda assim, em 2013, uma empresa de alojamento ou restauração apresentava em média


cerca de 54 mil euros de capital próprio, um valor que compara com a média de 54,9 mil euros
de capitais próprios verificada em 2007.
Gráfico 14 - Capitais próprios e autonomia financeira das empresas do turismo [€, 2007-2013]

80.000 0,32 0,35

70.000 0,3
0,24
0,25
60.000
0,2
50.000
0,15
40.000
54.830 53.948 0,1
30.000 0,05
20.000 0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Capitais próprios por empresa Autonomia Financeira

Nota: Total de empresas no Alojamento, Restauração e Similares; Fonte: INE

Numa análise ao volume de negócios das empresas com atividades características do turismo,
verificou-se, entre 2007-2013, um decréscimo médio anual de 1,5%, mas ainda assim, é um
valor ligeiramente melhor que o total da economia (-1,7%). No entanto, essa variação
apresentou comportamentos distintos para os diferentes sectores, em termos médios na
ordem dos -0,7% (alojamento) e -3,4% (restauração).

Relativamente à evolução do número de empresas naquele período, apenas se registaram


aumentos nas atividades de “alojamento” com +22% e de “animação turística”, com +13%. Em
todo o caso, o aumento no número de empresas dessas atividades não se traduziu por igual
crescimento no VAB, porquanto o “alojamento” registou -15% e a “animação turística” -0,8%.

56
Uma análise ao total do VAB (Valor Acrescentado Bruto) das atividades turísticas revela que
em 2013 representavam 4,4% do total do país. Os gráficos seguintes ilustram a distribuição do
VAB das atividades turísticas, por atividade principal.
Gráfico 15 - Distribuição do VAB das atividades turísticas, por atividade principal [%, 2007 e 2013]

1,0% 1,0%
2007 15,1% 13,5% 2013
20,7%

26,5%

47,2% 16,1%
42,1%
16,9%

Transportes aéreos de passageiros Alojamento


Restauração e similares Agências de viagem, op. turísticos
Animação turística
Fonte: INE

Por fim, importa salientar que, de acordo com o relatório do Banco de Portugal (2014), a
rendibilidade das atividades turísticas é negativamente influenciada pela elevada dependência
de capital alheio para financiamento da atividade. “Com efeito, o nível médio de autonomia
financeira do sector do turismo (25%) comparava negativamente com o do agregado das SNF
(30%), revelando uma proporção inferior de capitais próprios a financiar a atividade das
empresas. Os empréstimos bancários constituíam a principal fonte de capital alheio (36%, mais
8 pontos percentuais do que nas SNF) em 2013”, lê-se no documento.

3.1.4. A melhor forma de conseguir subir preços é conseguir aumentar a procura.

Em relação aos preços, importa ter em atenção a evolução do índice de preços no consumidor
no agregado Serviços relacionados com férias organizadas e alojamento, em comparação com
a evolução do índice total de preços.
Gráfico 16 - Índice harmonizado de preços no consumidor por agregados [Taxa de variação média anual (%),
2007-2014]

4 3,4 4,8

2
-0,9 -0,2
0
Abr-09
Abr-07

Abr-08

Abr-10

Abr-11

Abr-12

Abr-13

Abr-14
Out-07

Out-08

Out-09

Out-10

Out-11

Out-12

Out-13

Out-14
Jan-07

Jan-08

Jan-09

Jan-10

Jan-11

Jan-12

Jan-13

Jan-14
Jul-13
Jul-07

Jul-08

Jul-09

Jul-10

Jul-11

Jul-12

Jul-14

-2

-4

-6
-5,9
-6,6
-8

Total Serviços relacionados com férias organizadas e alojamento

Fonte: INE

57
Entre 2007 e 2014, é possível observar dois momentos de queda acentuada dos preços no
turismo: o primeiro momento desenvolveu-se entre meados de 2009 até perto de final de
2010, na sequência da quebra acentuada do turismo internacional; o segundo momento
iniciou-se em meados de julho de 2011 até maio de 2013, durante o período de vigência do
Programa de Assistência Económica e Financeira e em contraciclo com a evolução positiva da
taxa de inflação geral.

Importa sublinhar, no entanto, que a partir de abril de 2012, quando se registou a taxa de
variação média anual mais negativa (-6,6%), os preços no agregado Serviços relacionados com
férias organizadas e alojamento iniciaram uma recuperação acentuada, tendo atingido a taxa
de variação mais positiva no final do ano passado (+4,8%), numa altura em que os preços no
agregado Total praticamente estagnaram.

Observando a evolução do índice de preços no consumidor à luz do Consumo individual por


objetivo, é possível comparar a variação dos preços no Total da economia com os preços no
sector dos Restaurantes, cafés e similares e dos Serviços de alojamento
Gráfico 17 - Índice harmonizado de preços no consumidor por Consumo individual por objetivo [Taxa de variação
média anual (%), 2007-2015]

10,00
8,2

5,00 5,0
1,1
0,00 -0,1

Jul-14
Jul-09

Fev-14
Jun-07

Jun-12
Set-08

Fev-09

Set-13
Jan-07

Abr-08

Jan-12

Abr-13
Nov-07

Dez-09

Mai-10

Out-10

Nov-12

Dez-14
Mar-11

Mai-15
Ago-11

-5,00

-10,00

-15,00 -14,8

-20,00
Total Restaurantes, cafés e similares Serviços de alojamento

Fonte: INE

Desde 2007 que os preços nos Restaurantes, cafés e similares estão a crescer
ininterruptamente, mesmo nos meses em que os preços recuaram no Total da economia – por
exemplo, os preços nos Restaurantes, cafés e similares têm mostrado alguma resiliência desde
junho do ano passado, momento a partir do qual se tem observado um recuo ligeiro dos
preços.

Já os preços nos Serviços de alojamento registaram um comportamento visivelmente mais


oscilante: registaram uma queda acentuada entre o início de 2011 e início de 2014, durante o
período de vigência do Programa de Assistência Económica e Financeira, e cuja variação mais
negativa ocorreu em abril de 2012 (-14,8%); iniciou recuperação nos primeiros meses do ano
passado até ao momento, registando-se no mês de abril de 2015 a variação mais positiva
(+8,2%), num movimento positivo essencialmente sustentado pelo aumento da procura
turística e sem influência de qualquer ação de iniciativa pública.

Na verdade, o que estes indicadores solidamente demonstram é que a recuperação da baixa


de preços assenta no crescimento da procura, uma vez que o Estado não criou nenhum
pacote de medidas tendentes à subida de preços (ou de apoio à subida de preços), assim se

58
evidenciando que é a procura, e não qualquer pacote de medidas estaduais, que mais
contribui para o crescimento dos preços.

3.1.5. A sharing economy veio para ficar.

A proliferação de plataformas online, redes sociais e aplicações móveis – aliados à necessidade


sentida por muitas pessoas de obtenção de fontes adicionais de rendimentos, a uma maior
urbanização das cidades, a uma alteração nas preferências e no lifestyle das novas gerações,
vieram dar um impulso a uma tendência histórica de partilha, que sempre existiu.

Hoje, tudo isto existe e funciona à distância de um simples clique; e, devido a esse impulso,
esta é uma realidade que tem já um grande impacto na sociedade – na atividade turística, em
particular - e que, como tal, não pode ser ignorada, até porque ela resulta da vontade das
pessoas num exercício de liberdade.

Atualmente, a enorme facilidade com que pessoas colocam à disposição da comunidade os


seus ativos – sejam eles um alojamento, um meio de transporte, o seu conhecimento, um
serviço, ou outros quaisquer – veio trazer uma mudança de paradigma na vida das cidades, nas
relações entre os pessoas, e na forma como os turistas percepcionam o destino que visitam.

O efeito desta desintermediação é uma aproximação entre todos estes elementos, ou seja, do
pessoa à pessoa, do habitante à cidade e, por fim, do turista ao destino, reciprocamente.

Tudo isto resulta numa economia mais inclusiva, que encerra diversos desafios de um ponto
de vista do respetivo acolhimento face aos enquadramentos legais vigentes e face à oferta
instalada de serviços e negócios tradicionais, mas que permite potenciar a economia,
tornando-a, para além de mais inclusiva, mais competitiva e sustentável.

A sharing economy, desafiando monopólios, vem, ao mesmo tempo, tornar o mercado mais
competitivo e mais próximo do cliente final, e estimular o empreendedorismo e o auto/nano-
emprego. Devemos olhar para ela com abertura.

Neste contexto, e sem prejuízo do acolhimento que esta nova realidade teve já através do
enquadramento legal do alojamento local, é importante considerá-la como um desafio e
também como uma oportunidade para o futuro, devendo procurar-se continuar a acolhê-la e,
procurando encontrar, simultaneamente, o necessário equilíbrio entre as novas plataformas
participativas e a respetiva regulação ou enquadramento, relativamente a aspetos de
segurança e de responsabilidade dos operadores.

Este desafio – que não é exclusivo do turismo mas, ao invés, transversal aos vários sectores de
atividade económica e às várias áreas de governação - deverá fundamentar e materializar-se
numa política que permita o aproveitamento das oportunidades da economia digital, de big
data e conhecimento, criando um ecossistema privilegiado para novas empresas e novos
negócios e um ambiente favorável ao empreendedorismo.

3.1.6. A liberdade de iniciativa é determinante para a competitividade do sector


privado do turismo

Como em todas as demais atividades económicas, a sustentabilidade do sucesso do turismo


português depende da capacidade de inovar para permanecer competitivo e continuar a
satisfazer os turistas. Na base da inovação estão a imaginação e a criatividade que, é bem

59
sabido, necessitam de liberdade para existir e não podem estar condicionadas a pré-
entendimentos impostos pelo Estado.

Os elementos mais comuns que restringem a liberdade dos agentes do turismo são a sobre-
regulação e a existência de custos de contexto injustificados. Apesar dos progressos
importantes feitos nos últimos anos, a eliminação de obstáculos regulamentares ou de custos
ao livre exercício de atividades turísticas tem de continuar a ser uma prioridade.

Permitir este tipo de liberdade de atuação pressupõe que existe confiança em que essa
liberdade será utilizada em prol do interesse comum do turismo português. A experiência do
passado recente mostra que esta confiança é merecida. Confrontados com um ambiente de
negócios mais livre, os agentes do sector deram provas de serem capazes de empreender e de
criar, num espírito de colaboração entre privados e com entidades públicas. É importante que
assim continue.

3.2. Linhas de Atuação

3.2.1. Criação de um ambiente empresarial, regulatório e fiscal adequado

Ações:

 Eliminar barreiras à entrada da atividade turística, ou evitar a sua criação –


mesmo quando requeridas pelo sector do turismo -, como forma de
assegurar a existência de um mercado interno com massa crítica e
competitivo, que possa fortalecer internacionalmente as nossas empresas e
servir de base ao surgimento de novos produtos e serviços com potencial de
aplicação noutros mercados.
 Eliminar restrições desproporcionais ao exercício de profissões no sector do
turismo, como forma de assegurar um mercado de emprego ativo e
competitivo, que promova a competência e a concorrência e se não adapte a
proteções administrativas.
 Proceder a uma análise anual, prévia à aprovação do Orçamento de Estado, do
efeito da carga fiscal no comportamento do sector turístico, de forma a
fundamentar e legitimar o enquadramento fiscal que lhe é aplicável e suscitar,
sempre que possível, a redução da carga fiscal.
 Manutenção do IVA do alojamento na taxa mínima.
 Estabelece-se o princípio de que apenas podem ser criadas novas taxas no
sector do turismo se, simultaneamente, forem eliminadas o mesmo número
de taxas criadas, e de valores semelhantes.
 Estabelece-se a obrigatoriedade de introduzir sunset clauses obrigatórias em
toda a regulação da atividade turística, ou com esta conexa, assegurando que
a regulação desaparece tacitamente (caducando automaticamente ao fim de 5
anos, ou com prazos variáveis consoante a matéria, entre 3 anos e os 10 anos
por exemplo) se não houver uma vontade explícita e politicamente sufragável
de a manter em vigor.

60
 Enquadrar as preocupações de segurança e qualidade na regulamentação da
atividade turística de acordo com juízos de proporcionalidade, de forma a
evitar a sobre-regulação desnecessária das atividades.

3.2.2. Monitorização permanente da competitividade do sector do turismo

Ações:

 Estabelece-se a obrigatoriedade de serem efetuadas e divulgadas


publicamente análises custo/benefício de qualquer regulação da atividade
turística, ou com esta conexa, ficando o Estado obrigado a provar
genericamente que: i) os custos de regulação são inferiores aos seus
benefícios ii) que os custos da regulação são superiores ao custo de
oportunidade de não regular.
 O Turismo de Portugal deve lançar um ranking de competitividade do sector
do turismo, divulgado publicamente e em colaboração com o sector privado
do turismo, construído de acordo com as melhores práticas internacionais, de
forma a enquadrar e fundamentar as políticas de turismo e monitorizar
anualmente o desempenho do nosso sector.
 Continuar a agir diretamente sobre os factores que influenciam os rankings
de sectoriais de competitividade internacional, nomeadamente o ranking do
FEM, para reforçar a atratividade de Portugal como destino de investimento
turístico e simultaneamente monitorizar a sua competitividade.

3.2.3. Economia da partilha ao serviço da atividade turística

Ações:

 Enquadrar a tendência de partilha económica, no sector do turismo, ao nível


legislativo, dando ao sector instrumentos para responder às reais motivações
da procura e permitindo também ao Estado a optimização de recursos e a
prestação de melhores serviços públicos.

 O Turismo de Portugal deve, no âmbito das suas participações e colaborações


no ecossistema empreendedor e universitário, criar condições para o
surgimento de um Laboratório de Inovação para a sharing economy, sob a
forma de incubadora e de centro de investigação, de forma a ver surgir
negócios e propostas de valor enquadrados na sharing economy e, bem assim,
reflexões académicas sobre a mesma.

3.2.4. Reforçar a iniciativa privada enquanto motor da inovação, competitividade e


qualificação do destino

61
Ações:

 Reforço da rede de parcerias estabelecidas com o mercado financeiro e com


investidores privados.
 Desenvolvimento de mecanismos de acesso a linhas de crédito com
maturidades e remunerações adequadas aos ciclos da atividade das empresas
e para satisfação de necessidades de longo, médio e curto prazo.
 Criação de mecanismos que permitam criar condições mais favoráveis para o
reescalonamento dos serviços de dívida das empresas, ajustando-os aos
respetivos meios libertos.
 Desenvolvimento de mecanismos de acesso por parte das empresas a capital
ou quasi capital, tendo em vista dotar as empresas de uma estrutura de
capitais permanentes adequada e, do mesmo passo, criar condições para o
adequado financiamento do empreendedorismo no sector.
 Desenvolvimento de mecanismos que permitam criar condições para o
acesso das empresas turísticas ao mercado de capitais, diversificando as
fontes de financiamento do sector.
 Dinamização de programas de reconhecimento do desempenho das
empresas, criando condições mais favoráveis de acesso ao mercado
financeiro, com um efeito demonstrador associado.
 Maximização e adequada aplicação dos recursos financeiros decorrentes do
Portugal 2020, sobretudo no âmbito do domínio Competitividade e
Internacionalização, às necessidades e prioridades do sector do turismo e do
seu tecido empresarial.

3.2.5. Melhorar as competências estratégicas das PME do sector do turismo

Ações:

 Reconhece-se a necessidade de melhoria das competências estratégicas das


PME do sector do turismo, enquanto estímulo à competitividade das empresas
por via de modelos de negócio mais sofisticados, da evolução na cadeia de
valor e de uma maior aproximação ao sistema científico, promovendo, da
transferência de conhecimento para as empresas.
 Promoção de apoio às empresas no que respeita aos investimentos em fatores
imateriais de competitividade, nomeadamente através dos sistemas de
incentivos do Portugal 2020, nas áreas das TIC, economia digital, e-commerce,
promoção e marketing internacional, assim como na melhoria do seu
desempenho ao nível da eficiência energética.
 Dinamizar programas de capacitação das empresas nas áreas da organização
e gestão, em articulação com as associações empresariais, com as escolas de
hotelaria e turismo e com os demais centros do saber, que lhes permita
desenvolver modelos de negócio mais sofisticados, evoluir na cadeia de valor e
reforçar o seu posicionamento competitivo, nomeadamente através das
seguintes ações:
o Desenvolvimento de plataformas de autodiagnóstico de competências
especificamente orientadas para o negócio turístico.

62
o Criação de um programa integrado de formação nas diversas áreas
críticas da cadeia de valor do negócio turístico, especificamente
orientado para os gestores.
o Promoção de encontros para a competitividade no sector do turismo,
fomentando a divulgação e a disseminação de casos de sucesso;
o Assegurar instrumentos, nomeadamente no âmbito do Portugal 2020,
que proporcionem a aquisição de serviços na área da gestão, assim
como a concentração, sucessão ou fusão de empresas.
 Concretização de redes de cooperação entre empresas e entre estas e os
centros do conhecimento, criando massa crítica para um adequado
posicionamento no mercado global e que permitam ultrapassar as dificuldades
decorrentes de um tecido empresarial atomizado

4. UM DESTINO EMPREENDEDOR

A formação de recursos humanos e o conhecimento são fatores determinante para promover


a valorização do património, a excelência dos serviços e dos produtos e a inovação das
empresas e, simultaneamente, para constituir nova massa crítica no turismo com
potencialidade para criar emprego e gerar valor acrescentado para o país.

Aproveitando a massa crítica já existente no mercado português, Portugal tem condições para
se assumir como o país campeão do empreendedorismo no sector do turismo. Deve assumir
como destino preferencial para o desenvolvimento de produtos e serviços com aplicabilidade
noutros destinos turísticos e aumentando, também por essa via, a importância que a atividade
turística tem para a economia portuguesa.

4.1. Seis pressupostos de atuação

4.1.1. O turismo é um importante gerador de emprego na economia

As atividades de hotelaria e restauração representavam em 2014 mais de 6% do total do


emprego nacional. Ou seja, atualmente, os alojamentos, os restaurantes e similares são
responsáveis diretos por aproximadamente 276,4 mil postos de trabalho.

63
Gráfico 18 - Empregos no turismo e peso no total da economia [milhares e %, 2007-2014]

(mil)
6,5
330 6,6
320 6,1 6,4
310 6,2
300 6,0
290 5,6 5,8
280 5,6
270 288,8 289,0 5,4
260 276,4 5,2
250 5,0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Alojamento, restauração e similares Peso do Turismo no total dos empregos

Nota: Total de empregos no Alojamento, Restauração e Similares; Fonte: INE

Integrando as estimativas da OMT1, que sugerem que um emprego na indústria core do


turismo cria cerca de um posto de trabalho e meio adicional (indireto) na economia
relacionada com o turismo, estima-se que a atividade turística seja responsável por mais de
15% do total do emprego no país direta ou indiretamente.

Confirmando a tendência de integração do turismo na economia, de acordo com a OMT, há


três trabalhadores indiretamente dependentes de cada um dos empregados no hotel, desde
trabalhadores das agências de viagem, guias, taxistas, serviços de transporte coletivo,
fornecedores de alimentação e bebidas, a funcionários de lavandarias, trabalhadores têxteis,
jardineiros, lojistas ou funcionários dos aeroportos.

Por outro lado, o World Travel & Tourism Council (WTTC)2 estima que, em Portugal, a
contribuição das atividades ligadas às viagens e turismo para o emprego (incluindo os efeitos
do investimento, cadeia de valor e impactos induzidos) ronde os 18,2% do emprego total.

Adicionalmente, cerca de 8% do total de empresas nacionais são do core do turismo. Os


sectores do alojamento e da restauração e similares eram responsáveis diretos por
aproximadamente 82,3 mil empresas em 2013.

Analisando o gráfico seguinte, observa-se que o peso das empresas do turismo na economia
aumentou face a 2007, apesar da descida do número de empresas, um indicador de resiliência
e importância do turismo num período difícil para a economia nacional.

1
OMT (2014), Measuring Employment in the Tourism Industries – Guide with Best Practices
2
WTTC (2014), Travel & Tourism Economic Impact 2014 - Portugal

64
Gráfico 19 - Empresas no turismo e peso no total da economia [milhares e %, 2007-2014]

(mil)
92,00 7,8 7,8 7,9
90,00 7,8
88,00 7,7
86,00 7,6
84,00 7,4 7,5
82,00 7,4
80,00 89,52 83,10 7,3
82,29
78,00 7,2
76,00 7,1
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Alojamento, restauração e similares Peso do Turismo no total das empresas

Nota: Total de empresas no Alojamento, Restauração e Similares; Fonte: INE

4.1.2. O turismo é um sector de futuro e de novos talentos.

As estimativas de emprego no turismo em Portugal apontam para um crescimento de 19,6% só


no sector da Hotelaria e Restauração na próxima década (2013-2025), devendo criar mais 57
mil postos de trabalho para um total de 348 mil empregos:

 A taxa de criação de postos de trabalho será quase dez vezes maior do que a taxa
esperada de criação de empregos no resto da economia, que é de 2,2%;
 A mesma taxa será quase o dobro daquela que é esperada para o sector europeu –
empregos deverão aumentar 10,2%;

Ao nível das habilitações, o sector dos Hotéis e Restauração em Portugal será mais qualificado
na próxima década, permitindo a aproximar-se de forma significativa ao contexto europeu.
Apenas 54% dos empregos no sector terão trabalhadores com qualificações baixas, face aos
71% observados em 2013. Os trabalhadores com qualificações médias e altas representarão
46% do total de empregados em 2025 (contra 29% observados no ano passado)3.

Vários factores contribuem para esta realidade, nomeadamente:

 A transição para a economia verde, onde se espera que venha a contribuir para criar
emprego no turismo.
 O peso que o turismo tem na geração de crescimento económico e emprego.
 As necessidades de inovação, diversificação, conhecimento e qualidade da oferta
turística, que obrigam a uma maior qualificação e profissionalização do emprego no
sector, quer em atividades turísticas nucleares, quer em serviços complementares.
 O desenvolvimento de segmentos específicos de turismo - natureza, náutico, saúde,
cultural, religioso, gastronomia e vinhos, eventos e negócios – que exigem
competências mais especializadas mas complementares na oferta turística.
 A especial atratividade do sector do turismo para o desenvolvimento de novos
produtos e modelos de negócio nas áreas da economia digital, sharing economy,
mobile e big data, todas na óptica do conhecimento e às quais devemos reagir com
abertura.

3
CEDEFOP – Agência Europeia para o Desenvolvimento da Formação Profissional e Estudo “Novos
Mercados de Trabalho e Novas Profissões” da Universidade Católica Portuguesa

65
O estímulo do empreendedorismo inovador e qualificado deve constituir um dos veículos de
atração de novo talento e para a introdução de conhecimento, de novas práticas e modelos de
negócio no sector, representando um motor de desenvolvimento e de indução de novas
tendências, inovação e desenvolvimento tecnológico.

4.1.3. Os recursos humanos são um dos elementos fundamentais da afirmação


competitiva do destino Portugal.

A competitividade dos destinos turísticos e a sua capacidade de desenvolver uma oferta de


serviços de qualidade depende, em grande medida, dos recursos humanos. Com efeito, as
tendências do sector do turismo mostram que um número crescente de destinos assenta nas
pessoas a sua mais importante fonte de criação de vantagens competitivas.

No caso de Portugal, a qualidade dos recursos humanos constitui um dos elementos


fundamentais da afirmação competitiva do País. Por um lado, enquanto fonte de inovação, de
conhecimento e de prestação de serviços de qualidade, pelas quais Portugal se pretende
continuar a afirmar no mercado internacional. Por outro, Portugal tem nas “pessoas” um dos
seus principais fatores de diferenciação: a capacidade de receber bem todas pessoas os que
nos visitam, independentemente do seu local de origem.

Esta capacidade deve ser estimulada, reforçada e complementada por estratégias de


qualificação, formação e colaboração, considerando que os profissionais são um recurso de
um qualquer negócio ou sector, associado a uma cadeia de valor.

4.1.4. O mercado de trabalho continua a ser um desafio do ponto de vista da transição


para uma nova economia.

O desenvolvimento dos recursos humanos no turismo enfrenta novos desafios ligados à


transição para uma nova economia (a economia digital, a economia verde, a economia azul…),
ao envelhecimento da população ou às alterações dos padrões da procura.

O impacto das novas TIC no turismo impulsiona a introdução de novos modelos de negócio e
cria oportunidades para o empreendedorismo, pressionando a elevação dos níveis de
qualificação dos recursos humanos do sector e o desenvolvimento de novas competências,
adaptadas às transformações do mercado.

Mas estas novas tecnologias perturbam a ordem estabelecida e os negócios existentes. Se não
se reagir com abertura a estes desafios, procurando preservar e proteger, corremos o risco de
fechar o mercado de trabalho e deixar escapar talento.

Por outro lado, persistem antigos desafios, uma vez que o sector do turismo mantém, em
alguns indicadores bastante relevantes, uma tradicional subqualificação face à média nacional.

Atualmente, o mercado de trabalho do turismo pode ser caracterizado assim: em qualificação


mas subqualificado face à média europeia, com remunerações inferiores à média nacional e
onde a incidência do salário mínimo e dos postos de trabalho temporários são o reflexo de
fatores específicos da atividade turística, como a sazonalidade e a elevada presença de
pequenas empresas de cariz familiar.

66
4.1.5. O turismo é uma atividade intensiva em conhecimento e em informação.

Mais do que nunca, o turismo é uma atividade intensiva em informação e em conhecimento.

A exploração de sinergias e novas formas de colaboração entre o desenvolvimento do turismo


e a produção e utilização de conhecimento vem responder simultaneamente a uma
necessidade de renovação dos fatores competitividade das próprias empresas, a um aumento
da eficácia na segmentação e promoção dos produtos e das experiências e a uma afirmação e
valorização do turismo na especialização das atividades económicas no quadro mais geral da
reinvenção do crescimento económico.

O conhecimento e informação constituem o interface entre a segmentação dos mercados


turísticos segundo as caraterísticas das pessoas e a diferenciação dos destinos segundo as
caraterísticas do território.

A informação é então o ponto de cruzamento entre o duplo processo de diferenciação dos


destinos e de segmentação dos mercados turísticos. A produção de informação e a sua
transformação em conhecimento sobre os mercados, sobre os turistas e sobre os processos
competitivos e concorrenciais constitui um elemento chave na melhoria da qualidade de
decisão e na qualificação do destino.

4.1.6. Uma política concertada de educação, formação e de emprego para o turismo


deve combinar conhecimento científico, conhecimento técnico e conhecimento
prático.

O Turismo de Portugal deverá promover uma agenda consensualizada entre os vários


operadores (Universidades, Institutos Politécnicos, Rede escolar do Turismo de Portugal,
Escolas profissionais e Centros de formação e emprego) e as associações empresariais, de
forma a incentivar a planificação da oferta formativa em face da eficácia do sistema educativo
e da formação, das exigências e necessidades do mercado, níveis de empregabilidade,
sustentabilidade e racionalização de recursos.

A concertação e colaboração para uma política de educação e da formação dos recursos


humanos do turismo deverão, ainda, ter por base o alinhamento e a complementaridade dos
níveis de qualificação, o ajustamento dos referenciais de competências à evolução da procura,
desenvolvimento tecnológico e aos novos segmentos de negócio.

4.2. Linhas de Atuação

4.2.1. Potenciar as Escolas de Hotelaria e Turismo no desenvolvimento pessoal e


profissional dos recursos humanos ao dispor do turismo

Ações:

 Reestruturação e implementação de um novo modelo de gestão da rede


escolar do Turismo de Portugal, de forma a permitir que o Turismo de
Portugal se concentre na produção de conhecimento e intelligence para
formar e qualificar os recursos humanos do turismo. A concessão da gestão de

67
algumas escolas de hotelaria e turismo permitirá ao Turismo de Portugal
assumir uma nova perspetiva em matéria de formação.
 Descentralizar a gestão de Escolas de Hotelaria e Turismo que tenham
particular relevância para destinos regionais e locais de modo a que estas
possam, em conjunto com o sector privado, adaptar a sua oferta formativa às
necessidades dos destinos regionais, através da contratualização com
Entidades Regionais de Turismo, Câmaras Municipais ou outros agentes
regionais/locais.
 O Turismo de Portugal deve atuar como regulador da formação e ensino
sectorial existente em Portugal e ampliar a sua ação como órgão certificador,
através da implementação de um sistema de certificação e de qualidade para a
homologação dos cursos e curricula ministrados pelos operadores de
educação que oferecem formação em turismo, disponibilizando serviços de
consultoria e de auditorias técnico-pedagógicas, de forma a validar a
qualidade do ensino e a adequação da oferta formativa às necessidade das
empresas e das políticas de desenvolvimento do sector.
 Estabelecer e fomentar uma maior cooperação entre as universidades,
institutos politécnicos, Rede Escolar do Turismo de Portugal, Escolas
Profissionais e Centros de formação, criando percursos formativos
complementares e integrados, de forma a garantir o apoio à investigação para
produção de conhecimento, novas práticas de formação, promover a
inovação, acompanhar as novas tendências e antecipar as necessidades do
mercado em matéria de requisitos e competências dos recursos humanos.
 Envolver o sector privado na definição e preparação da oferta formativa das
escolas de modo a adequá-la às reais necessidade do sector e promover a
identificação e o acompanhamento contínuo das necessidades de qualificação
(incluindo a formação complementar para profissionais do sector do turismo)
versus necessidades das empresas.
 Promover a internacionalização da formação e da rede de escolas de
hotelaria e turismo, alavancando a existência de uma rede de ensino com
formação certificada pelo organismo que regula a atividade turística em
Portugal, capacitadas com equipamentos e infraestruturas modernos e de
ponta, equivalentes a várias escolas de referência internacional no ensino do
turismo e com vantagens competitivas ao nível da experiência que Portugal
tem para partilhar com outros países e alunos que apostam na sua formação
no turismo.
 Publicitar indicadores quantitativos e qualitativos sobre a oferta formativa
de cada uma das Escolas de Hotelaria e Turismo e sobre os resultados dessa
formação, sobretudo no que à inserção profissional diz respeito, para que os
alunos possam escolher de forma informada a escola que frequentam.

4.2.2. Portugal: país campeão no empreendedorismo no sector do turismo

Ações

 Estimular uma cultura de empreendedorismo no sector, capacitando as


escolas de hotelaria e do turismo para atuar nesse domínio, incorporando esta
temática nos planos curriculares dos cursos aí ministrados através de
formação especializada para a inovação, gestão, modelos de negócio e

68
comercialização e criando rede de contactos e stakeholders na área dos
negócios de turismo para apoio dos alunos empreendedores e empresários
 Associação e colaboração com ecossistemas de empreendedorismo de base
nacional e de base regional, tendo em vista a realização de programas de
ideação, aceleração e de incubação ajustados aos diferentes estádios do
processo de desenvolvimento dos novos negócios turísticos.
 Posicionar Portugal enquanto travel startup hub de referência à escala
europeia, atraindo um conjunto crescente de startups internacionais e de
investidores de referência.
 Ao nível do financiamento:
o Assegurar um quadro integrado de apoio financeiro ao
empreendedorismo no turismo, disponibilizando fundos de
coinvestimento para business angels, fundos de venture capital,
incentivos financeiros no âmbito do Portugal 2020 e linhas de crédito
com custos e maturidades adequadas, todos ajustados às
especificidades e necessidades concretas de cada negócio turístico.
o Intensificar atuação da Portugal Ventures no financiamento de
startups do sector do turismo.

4.2.3. Colocar o conhecimento na agenda do turismo

Ações:

 Disponibilização de conhecimento aos agentes públicos e privados da


atividade turística, colocando as bases de dados disponíveis publicamente
para, uma vez assegurado o anonimato dos dados, ser possível a
empreendedores e ao sector privado em geral tratar a informação sobre áreas
relevantes para o sector do turismo que não estejam diretamente
relacionadas com a atividade (ex.: telecomunicações, transportes, urbanismo,
cultura, etc.) e desenvolver aplicações que permitam a utilização deste
conhecimento na atividade turística e na definição de políticas públicas para o
sector. Contempla medidas como:
o Implementação de um Sistema de Gestão do Conhecimento
(Business Intelligence) no Turismo de Portugal que permita ao sector
ter informação completa e relevante, não só sobre a atividade turística
genericamente mas também sobre métricas relevantes para a
atividade operacional e para as decisões de investimento do sector
privado. Esta plataforma de agregação de informação de suporte à
decisão dos agentes do turismo e à monitorização do desempenho do
turismo deve ser potenciada por uma articulação entre o Turismo de
Portugal, o sistema estatístico nacional, as associações empresariais e
as entidades do sistema científico e tecnológico.
o Desenvolvimento e transferência de conhecimento científico e
tecnológico para as empresas do turismo, promovendo a valorização
económica da I&D, fomentando uma maior cooperação entre as
universidades e o núcleo duro das empresas da cadeia de valor do
turismo para melhorar a oferta formativa das instituições de ensino
superior, adequando-a às necessidades dos operadores.

69
o Promover a investigação aplicada no sector do turismo, aproximando
a produção científica das necessidades do tecido empresarial e
promovendo a transferência de conhecimento.
o Promover a identificação e o acompanhamento contínuo das
necessidades de qualificação (incluindo a formação complementar
para profissionais do sector do turismo) versus necessidades das
empresas.
o Criação de linha de apoio a projetos de investigação científica que
promovam a transferência de conhecimento para as empresas, a
resposta aos desafios com que as empresas se confrontam,
aproximando as universidades e o mundo empresarial.
 Concretizar a reativação de Conta Satélite do Turismo e aprofundar a
cooperação entre o Turismo de Portugal e o Instituto Nacional de Estatística
e o Banco de Portugal, de modo a melhorar o conhecimento estatístico sobre
a atividade turística em Portugal. Nesse âmbito, deve trabalhar-se no sentido
do estudo/monitorização de informação estatística sobre os operadores,
utilizadores e impacto da sharing economy, nomeadamente o alojamento local
– de forma a fazê-los refletir nas políticas que têm por base o número de
camas e dormidas.
 Apoio ao desenvolvimento de novas metodologias e ferramentas inovadoras
de monitorização da atividade turística, no domínio das telecomunicações,
novas TIC ou das redes sociais.
 Realizar inquéritos regulares de caraterização das atividades turísticas
(animação turística, alojamento local, agências de viagens, empreendimentos
turísticos, etc.) e dos turistas, visando a atualização permanente do
conhecimento ao nível da oferta e da procura para o apoio à decisão pública e
privada e reforço o investimento na recolha de informação de mercado e sua
disseminação junto dos agentes do sector.
 Apoiar soluções inovadoras de requalificação e desenvolvimento das cidades
em torno do conceito de destinos inteligentes tendo em vista a adoção de
soluções inteligentes que contribuam para a resolução de problemas urbanos
e respondam aos atuais desafios ligados à qualidade de vida, quer dos
residentes, quer dos turistas.

4.2.4. Valorizar a formação técnico-profissional em turismo

Ações:

 Desenvolvimento de programas de formação avançada, com o aumento da


oferta de formação superior vocacionada para as atividades relacionadas com
o turismo, nomeadamente ao nível do 2º e 3º ciclo.
 Desenvolvimento das profissões emergentes e melhoria das competências
de gestão, marketing, comportamentais e linguísticas dos profissionais do
sector, ajustando as qualificações e os referenciais de competências às novas
exigências do mercado, desenvolvimento tecnológico e novos segmentos.
 Alargamento do âmbito da formação de nível 4 e 5 ministrada pelos
operadores de formação profissional na área do turismo, desde logo pelas
escolas de hotelaria e turismo, complementando o esforço de qualificação ao
nível do núcleo duro dos agentes turísticos (hotelaria, agências de viagens,

70
restauração, operadores de transportes), com abordagens específicas dirigidas
aos demais agentes com intervenção em termos do desenvolvimento de
produtos e experiências turísticas.
 Desenvolvimento de programas de formação contínua, privilegiando as
competências associadas ao atendimento e às línguas, tendo em consideração
a aposta na diversificação de mercados.
 Valorizar o ensino técnico-profissional através do foco da ação das Escolas de
Hotelaria e Turismo na inserção profissional, preparando os profissionais do
sector turismo para atrair, receber e fidelizar turistas.

5. UM DESTINO LIGADO AO MUNDO

A afirmação de um destino turístico passa, em grande medida, pelo seu grau de conectividade
aos mercados internacionais de viagens e turismo.

Deste modo, o reforço da competitividade do turismo português pressupõe assegurar e


desenvolver condições que permitam ligar, ainda de forma mais estreita, Portugal aos seus
mercados emissores, sem esquecer a conectividade interna e a intermodalidade enquanto
motores de desenvolvimento do turismo a nível regional.

5.1. Seis pressupostos de atuação

5.1.1. Os aeroportos nacionais são o principal ponto de entrada dos turistas.

Em 2014, desembarcou nos aeroportos nacionais um total de 17,3 milhões de passageiros, o


que representa um aumento de cerca de 10% face ao ano transato. O aeroporto de Lisboa foi
responsável por mais de metade deste tráfego de passageiros: mais de nove milhões de
passageiros desembarcaram no aeroporto da capital no ano passado.

Os fluxos turísticos provenientes da Europa e dos restantes mercados emissores estão


diretamente relacionados com a conectividade aérea de Portugal e, consequentemente,
também com o papel que cada um dos seus aeroportos internacionais (Porto, Lisboa, Faro,
Funchal e Ponta Delgada) representa no turismo português.

Estes aeroportos posicionam-se como as principais portas de entrada de fluxos turísticos,


podendo, a partir do incentivo à diversificação de voos, determinar um aumento significativo
da procura, desde que esta conectividade seja compreendida pelos turistas como uma
oportunidade.

71
5.1.2. Acessibilidade aérea deve estar suportada numa estratégia de rotas
sustentáveis.

Sendo o transporte aéreo crucial para o sucesso do turismo em Portugal, a acessibilidade


aérea deve estar suportada numa estratégia de rotas sustentáveis, com elevados load factors,
que permita às companhias aéreas penetrar e desenvolver o seu programa em Portugal.

O desenvolvimento de campanhas de divulgação do destino, conjuntamente com as


estratégias de venda das companhias e nos canais de marketing próprios, ajudam a construir
notoriedade para o destino Portugal, a assegurar a viabilidade, e a longo prazo o sucesso, das
companhias que trabalham Portugal como um destino chave.

O desenvolvimento da acessibilidade aérea de interesse turístico deverá passar por reter e


maximizar ocupações das ligações atuais, angariar novas rotas e operações e reforçar
frequências em rotas atuais.

Mas também se deve ter em consideração que a acessibilidade aérea não deve ficar
dependente de um tipo de operação.

Reconhece-se a importância das companhias low-cost na dinamização da procura turística.


Mas deve igualmente ser dado ênfase a operações charter e em companhias híbridas, no
âmbito da estratégia global de apoio à venda, além de operações regulares de companhias de
bandeira, reequilibrando o peso das companhias low-cost, sobretudo aquelas cujo modelo de
negócio não seja compatível com a operação turística, que se pretende recuperar.

5.1.3. Cruzamento do transporte aéreo com a operação turística potencia a


qualificação.

Em complemento à política de acessibilidade, a operação turística assume igualmente um


papel relevante, face ao seu contributo para potenciar a ocupação hoteleira e evitar a
tendência de redução da estadia média. O cruzamento do transporte aéreo com a operação
turística será uma linha a seguir, pelas vantagens que a sua integração oferece no acesso dos
turistas ao destino.

À semelhança das companhias aéreas, os grandes operadores oferecem poderosas estruturas


comerciais, através das quais é possível chegar ao consumidor de forma mais eficaz. Nalguns
mercados poderão ser privilegiados canais de distribuição online como meio para gerar vendas
acrescidas.

Importa desenvolver uma estratégia consistente de relacionamento com os operadores que


ofereçam oportunidades de crescimento de turistas e dormidas na hotelaria, através de novas
operações ou reforço das existentes, apoiando campanhas e outras ações conjuntas,
sobretudo nos mercados mais organizados em termos de distribuição turística tradicional.

5.1.4. Facilitação de viagens é uma poderosa ferramenta de desenvolvimento


económico.

Não basta dinamizar rotas aéreas se os obstáculos à entrada no País forem impeditivos de
reforçar as condições de atratividade do destino para os turistas.

72
Deste modo, um regime de emissão de vistos ágil e célere pode desempenhar no estímulo da
procura em mercados estratégicos e, consequentemente, da atividade turística. Segundo o
FEM, Portugal ocupa o lugar 72.º no ranking mundial no componente “Visa requirements”, um
desempenho que abre espaço a melhorias.

A OMT recomenda a facilitação das viagens enquanto ferramenta importante num período em
que a maioria das economias procura estimular as exportações e o crescimento económico.
Até há oportunidades que as novas TIC oferecem no sentido de melhorar os procedimentos de
emissão de vistos e o e também o controle de fronteiras não Schengen, bem como o
reembolso do IVA à saída.

5.1.5. A conectividade interna é uma importante dimensão que esbate as assimetrias


regionais.

A conectividade não se esgota nas ligações de Portugal ao Mundo. A conectividade interna é


também uma dimensão que deve ser considerada. As tendências no mercado turístico
apontam para a fruição de experiências autênticas e diversificadas por parte dos turistas.

Oferecendo Portugal uma diversidade concentrada para experiências turísticas diferenciadas


e, dispondo, simultaneamente, de uma rede de infraestruturas que permitem com facilidade e
segurança a mobilidade de fluxos turísticos em todo o território nacional, é crucial que seja
reforçada a conectividade entre a oferta turística e as diferentes formas de mobilidade.

5.1.6. Promoção intermodalidade entre meios de transporte enquanto solução


inovadora e inteligente.

A promoção da intermodalidade entre meios de transporte, o reforço da interação entre


transportes e operações turísticas, a sinalética e a informação turística são elementos a
considerar para tornar Portugal um destino turístico que, assente em redes de conectividade
turística interna, propicia a mobilidade e a realização de viagens, com experiências múltiplas,
ao longo do território nacional.

Importa sublinhar a oportunidade e inteligência que as novas formas de partilha de transporte


podem conferir no plano da intermodalidade e colectividade do transporte turístico.

5.2. Linhas de Atuação

5.2.1. Dinamizar e consolidar as rotas aéreas e a operação turística no âmbito do


protocolo assinado com a ANA – Aeroportos de Portugal, em 2015

Ações:
 Reter e maximizar as ocupações das ligações atuais, reforçando as operações
para aumento da capacidade através i) da cobertura anual de rotas com
operação sazonal e ii) do aumento do número de frequências semanais das
rotas em operação até ao voo diário; e reforçando as operações para a
melhoria dos load factors.

73
 Intensificar e diversificar o número de rotas com destino a Portugal que,
além de aumentar a disponibilidade de lugares de avião, permitam o
desenvolvimento da operação turística organizada (pacote), e procurando
dinamizar ações promocionais nos pontos de origem.
 Conversão Seats to beds para gerar mais dormidas.

5.2.2. Potenciar o hub do aeroporto de Lisboa ao serviço do turismo

Ações:

 Potenciar e valorizar o hub do aeroporto de Lisboa ao serviço do turismo,


reforçando e estreitando a articulação e cooperação com a ANA, com vista a
estimular novas rotas e melhorar a eficácia das existentes, dando
cumprimento ao protocolo celebrado em 2015.
 Planear e preparar soluções que permitam responder ao crescimento do
número de voos e passageiros ao aeroporto da Portela, decorrente do
contínuo aumento do volume que se tem verificado, tendo como pressuposto
que o aeroporto na Portela é um grande factor de competitividade e que o
alargamento da sua capacidade deve privilegiar localizações que permitam
manter essa competitividade.

5.2.3. Definição de prioridades para cada aeroporto

Ações:

 Aeroporto do Porto: diversificação de mercados (Escandinávia, Holanda e


Leste Europeu), reforço de mercados estratégicos (Reino Unido, Alemanha e
França) e priorização de operações tradicionais para diversificar o mix de
companhias a operar no aeroporto e reduzir a dependência de low costs.
 Aeroporto de Lisboa: diversificação de mercados intercontinentais (EUA,
Canadá, Israel e Ásia), reforço de rotas em mercados estratégicos (Alemanha e
Escandinávia) e priorização no equilíbrio do mix de companhias tradicionais e
low cost para atrair maior variedade de segmentos e perfis de turistas.
 Aeroporto de Faro: diversificação de mercados (Escandinávia e França além de
Paris), reforço de mercados estratégicos (Alemanha, Irlanda e Holanda) e
priorização em operações no inverno IATA bem como em companhias híbridas
nas quais os operadores possam ter acesso a capacidade acrescida para
implementação da estratégia seats to beds.
 Aeroporto de Ponta Delgada: diversificação potenciando a liberalização do
mercado através de fortes ligações domésticas (Lisboa e Porto) e reforço de
ligações às principais capitais e cidades Europeias (Londres, Paris, Frankfurt,
Munique, Amsterdão).
 Aeroporto do Funchal: diversificação de mercados (Áustria/Suíça, Leste
Europeu), reforço de mercados estratégicos (Reino Unido além de Londres e

74
França) e priorização de um mix de companhias híbridas e charter que
favoreçam a operação turística tradicional.

5.2.4. Criação de um ambiente competitivo nas infraestruturas de apoio ao transporte


turístico

Ações:

 Criar vantagens competitivas nos aeroportos nacionais relativamente a


aeroportos concorrentes, melhorando as condições de atratividade dos
aeroportos portugueses com vista ao reforço das ligações aéreas ao nosso
país.
 Identificar e promover os portos com condições favoráveis à captação de
cruzeiros com capacidade de operação de turnaround, por forma a gerar
maior valor económico para o destino, através da estadia no início ou no final
da viagem.
 Promover a interoperabilidade dos sistemas de portagens, em particular,
com Espanha, para assegurar que o processo de pagamento pela utilização da
nossa infraestrutura rodoviária não é um entrave à entrada e circulação de
turistas e que os valores pagos têm em conta as realidades específicas dos
diferentes destinos regionais.
 Colaborar na requalificação de linhas ferroviárias em regiões de interesse
turístico, tais como a linha do Douro e a linha do Algarve.
 Fomentar a criação de condições para o acolhimento de turistas com
mobilidade reduzida nas infraestruturas.
 Colaborar na facilitação do transporte de bicicletas nos meios de transporte
públicos.
 Dinamizar a criação nos principais pólos de atividade turística (Algarve,
Lisboa, Porto e Madeira) de títulos de transporte ou modalidades de
transporte, vocacionados para o consumo turístico, integrando os diferentes
serviços e operadores, e para períodos de tempo adequados.

5.2.5. Dinamizar a facilitação de viagens através dos vistos turísticos

Ações:

 Otimizar o programa de vistos, mantendo a lógica de agilização dos últimos anos


do processo de emissão de vistos turísticos, sobretudo nos mercados
extracomunitários estratégicos e identificados com elevado potencial.
 Reforçar a cooperação com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, procurando
identificar necessidade de meios humanos e técnicos nos postos consulares dos
principais mercados emergentes para agilizar e acelerar o processo de emissão de
vistos para o nosso país.
 Estudar as oportunidades que as novas TIC podem conceder na agilização dos
procedimentos dos vistos, nomeadamente o e-visto (visto electrónico), seguindo a
recomendação da OMT.

75
 Melhorar as condições de chegada e partida a turistas extra comunitários.

5.2.6. Promover soluções inteligentes, inovadoras e sustentáveis no transporte turístico

Ações:

 Promover a mobilidade sustentável de fluxos turísticos, numa lógica de


potenciar a intermodalidade e os transportes coletivos na atividade turística,
contribuindo para desenvolvimento sustentado e integrado da mobilidade
turística interna;
 Estudar os benefícios e vantagens que a sharing economy pode conferir ao
transporte turístico, como forma de dotar o sector e os turistas de alternativas de
transporte mais sustentáveis e eficazes.

6. UM DESTINO GERIDO DE FORMA EFICAZ

Por ser uma vasta aglomeração de atividades, o turismo constitui um terreno privilegiado para
a exploração das formas de cooperação, para a criação de sinergias e de práticas colaborativas
na captação e satisfação das procuras.

Ao mesmo tempo, pela mesma razão, constitui um terreno privilegiado para a sobreposição de
atuações, competências e atribuições, num modelo ou sistema que não favorece
entendimentos nem promove uma coerência que se revela necessária.

A eficácia das políticas públicas de suporte ao desenvolvimento competitivo do turismo em


Portugal e nas suas regiões depende decisivamente da qualidade de um verdadeiro modelo de
governança e colaboração.

O desafio da governação passa essencialmente, em primeiro lugar, por deixar claros e


evidenciados os papéis, competências e atribuições de cada um dos agentes, evitando
sobreposições e duplicações, para, então sim, se proceder ao reforço de uma cultura de
cooperação.

6.1. Seis pressupostos de atuação

6.1.1. O turismo é uma atividade transversal.

Veja-se, apenas no estrito âmbito do turismo, o conjunto de agentes que participa ou executa
políticas de promoção e comercialização turística: o Turismo de Portugal, as cinco Entidades
Regionais de Turismo, as sete Agências Regionais de Promoção Turística, os organismos dos
Açores e da Madeira com as mesmas atribuições, a que se somam dezenas e dezenas de
municípios com iniciativas de promoção turística, interna e externa.

76
Saindo do estrito âmbito do turismo, entrando em fileiras como as do investimento, da
agricultura ou da cultura, temos, também aí, entidades públicas ou associativas a fazer
promoção que, em alguma medida, se pode designar de (ou influenciar a) turística.

Atente-se, outro exemplo, no âmbito da regulação de algumas das (ou que interfere em)
atividades turísticas, que envolve potencialmente centenas de entidades, das autarquias aos
institutos públicos, passando por direções-gerais, das tutelas do ambiente e da economia,
passando pela cultura ou pela agricultura, da fiscalização por parte de entidades da economia
e da defesa passando por entidades do mar.

Estes dois exemplos, apenas enunciados, dão bem conta dos desafios inerentes à boa
governança do sector do turismo e do longo caminho a fazer-se para lhe dar resposta, como se
fosse um desafio eterno.

Por outro lado, o turismo é uma atividade de crescimento acelerado a nível global e as
atividades turísticas representam uma fatia cada vez mais importante na atividade económica
de muitos países. Esta tendência vai intensificar-se no futuro porque a globalização da
economia mundial alimentará o fenómeno turístico mas também porque o turismo, enquanto
atividade transversal, tenderá a densificar-se de uma forma cada vez mais aprofundada e
integrada na economia.

6.1.2. O turismo precisa sempre de uma atenção multissectorial.

A transversalidade desta atividade exigirá sempre, seja qual for a composição governativa,
uma atenção multissectorial. A não ser que uma tutela do turismo tenha a seu cargo as pastas
dos transportes, cultura, ambiente, ordenamento, agricultura, mar e inovação (e podíamos
continuar…), o que seria inédito, o turismo coloca sempre desafios de colaboração.

Nessa medida, ao nível do Governo e das administrações públicas, importa criar mecanismos
que facilitem e promovam, de forma regular, institucionalizada e metódica, uma atenção e
avaliação multissectorial, assegurando a coerência das políticas e das estratégias.

6.1.3. Tudo é turismo mas nem tudo é do Turismo de Portugal.

A transversalidade desta atividade provoca por vezes alguns equívocos. Se tudo, em larga
medida, pode estar direta ou indiretamente relacionado com o turismo, tal não significa que
tudo deva estar na responsabilidade das entidades sectoriais de turismo, que no passado
foram muitas vezes chamadas a suportar iniciativas ou apoios que, apesar de poderem
potenciar o nome de Portugal, têm pouco retorno para a atividade turística. Assim, se tudo é
turismo, nem tudo é do Turismo de Portugal.

Se assim é, a transversalidade do turismo gera um desafio de governação, claro, porque tudo


influi no turismo, mas um desafio de colaboração, porque nem tudo pode ser feito ou estar
sob a responsabilidade do turismo. São estes os desafios a superar:

 O desafio da organização de competências e atribuições, de forma transversal, no


âmbito da Administração Pública, de forma produtiva para o sector do turismo.
 O mesmo desafio de organização de competências e atribuições, no âmbito da tutela
e do sector do turismo.
 O desafio da partilha de responsabilidades com o sector privado.

77
6.1.4. O sector privado tem de estar envolvido nas (e tomar parte das) decisões.

Sendo o turismo uma atividade económica, de tanta importância para a economia nacional,
não pode a mesma ser objecto de projetos de decisão meramente públicos.

Pelo contrário, impõe-se uma Intensificação da cooperação público-público, privado-privado e


público-privado, tendo em vista a competitividade e o reforço das condições de atração do
destino em assuntos tão diversos como a promoção (público-privado), formação (público-
privado), o conhecimento (público-privado, privado-privado), a qualificação e estruturação do
produto (privado-privado).

A colaboração com o sector privado é crucial para a eficácia da promoção e comunicação do


destino Portugal e dos seus destinos regionais numa lógica integrada. O contributo e
envolvimento colaborativo das entidades relevantes presentes na cadeia de valor alargada do
turismo, incluindo as empresas mais significativas, e dos organismos públicos de base nacional
e regional, deve permitir chegar a uma verdadeira estratégia de comunicação coerente,
concertada e diversificada, capaz de enquadrar e orientar o desenvolvimento de ações de
comunicação mais parciais ou específicas.

6.1.5. O turista desconhece fronteiras administrativas.

São de evitar, como no passado sucedeu, divisões territoriais artificiais na hora de estruturar
produtos ou de comunicar o destino, porquanto a exiguidade do território e a localização
dos aeroportos permitem, com facilidade, considerar que todo o nosso território está
servido, a pouca distância, de condições de oferta de todos os produtos existentes em
Portugal.

Na verdade, tendo em conta que os fluxos turísticos para Portugal resultam essencialmente do
transporte aéreo, os aeroportos propiciam áreas de influência mais alargadas do que a região
onde estão inseridos, à exceção, naturalmente dos aeroportos da Madeira e Açores, pelo que
a necessidade de atentar na procura, na pessoa, nos aconselha a evitar fronteiras
desnecessárias.

Desta forma, não se justifica olhar para o território como se as regiões fossem territórios
isolados, desconectados, mas antes como extensões de um mesmo território, permitindo uma
geometria variável na estruturação de produtos e na sua promoção e comercialização e uma
maior liberdade de cada região para, a cada momento, tomar a melhor decisão. Mas, acima
de tudo, é preciso aproveitar as sinergias regionais para se implementar uma verdadeira
promoção e comercialização integrada e conjunta.

Isso não significa que a capacidade de resposta da oferta turística nacional para cada uma das
motivações de viagem não seja distinta conforme o destino regional, uma vez que as regiões
possuem um quadro de potencialidades e de ofertas diferentes entre si.

Existindo regiões com diferentes estádios de desenvolvimento turístico, haverá vantagem em


se desenvolverem iniciativas de colaboração, de cross selling que permitam que os destinos
regionais se complementem e alarguem a sua oferta de produtos turísticos, desde que
atuem de forma articulada e concertada com as regiões vizinhas.

78
6.1.6. Portugal não está sozinho no Mundo.

Reconhece-se a necessidade de iniciar projetos de cooperação internacional que possam ir


além da habitual cooperação e relação institucional entre países, também com o objetivo
promover o trabalho em rede, a disseminação de conhecimento e a construção de parcerias
com mais-valias positivas, com vista à internacionalização das competências nacionais.

É que se o turista desconhece fronteiras administrativas, também relativiza fronteiras


soberanas, pelo que em determinados aspectos, salvaguardada a história, património e
identidade de cada país, se justifica reforçar a colaboração internacional e transfronteiriça.

6.2. Linhas de Atuação

6.2.1. Turismo no Conselho de Ministros

Ações:

 Independentemente da composição governativa, reconhece-se o turismo


como uma das principais atividades económicas de Portugal. Nesse sentido,
mensalmente, no âmbito da Reunião de Coordenação dos Assuntos
Económicos e do Investimento, ou em alternativa na Reunião de Secretários
de Estado, a tutela do turismo continuará a proceder a uma análise de toda a
cadeia de valor do turismo para:

o Analisar, nessa sede, o impacto no sector do turismo dos diferentes


projetos legislativos em circulação no sector do turismo, incentivando
um consenso no sentido de os tornar mais e melhor indutores do
crescimento da atividade.
o Identificar custos de contexto a montante e a jusante da atividade
turística que ainda estejam a limitar a competitividade do sector,
propondo as linhas de atuação para o efeito.

6.2.2. Clarificação do quadro institucional do turismo

Ações:

 Sem prejuízo evidentemente das competências atribuídas às Regiões


Autónomas e Autarquias, afirma-se o Turismo de Portugal como a Autoridade
Turística Nacional e o interlocutor preferencial entre o sector privado e a
restante Administração Central e Regional, de modo a possibilitar uma
articulação eficaz entre os diferentes organismos com influência na atividade
turística e uma permanente monitorização da regulamentação do sector.
Nesse sentido:

o O Turismo de Portugal é o instituto público responsável pela


promoção, valorização e sustentabilidade da atividade turística,

79
agregando numa única entidade todas as competências institucionais
relativas à dinamização do turismo, desde a oferta à procura.
o As Entidades Regionais de Turismo são pessoas coletivas públicas, de
natureza associativa, com autonomia administrativa e financeira e
património próprio, que têm por missão a estruturação do produto
turístico, nomeadamente a valorização e o desenvolvimento das
potencialidades turísticas da respetiva área regional de turismo, a
gestão integrada dos destinos no quadro do desenvolvimento turístico
regional e o apoio a eventos, tendo, quanto à promoção,
competências estritas ao nível do mercado interno alargado.
o As Direções Regionais de Turismo dos Açores e da Madeira, são
entidades públicas dos Governos Autónomos dos Açores e Da
Madeira, com autonomia administrativa e financeira, que têm por
missão a estruturação do produto turístico, nomeadamente a
valorização e o desenvolvimento das potencialidades turísticas da
respetiva região, a gestão integrada dos destinos no quadro do
desenvolvimento turístico regional e o apoio a eventos.
o As CCDR – Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional,
ao nível regional NUTS II, constituem como uma escala essencial no
quadro da prossecução de uma política nacional de turismo. As CCDR,
enquanto serviços periféricos da Administração direta do Estado, têm
atribuições em domínios chave para o turismo regional,
nomeadamente no ambiente e ordenamento do território, no
planeamento e desenvolvimento regional, na gestão de fundos
comunitários, na cooperação, na articulação intersectorial e na
coordenação dos serviços desconcentrados. Assim, reconhece-se
papel essencial das CCDR no desenvolvimento turístico das regiões e
na territorialização de uma política nacional de turismo, a qual deverá
estar refletida nos instrumentos de desenvolvimento e financiamento
de âmbito regional, tendo em vista o alinhamento e a convergência
entre os diferentes níveis de planeamento.
o Os Municípios representam a forma mais antiga de organização
turística e, sem prejuízo de uma visão nacional de turismo e de
estratégias regionais de turismo, assumem especial importância na
sustentabilidade de uma região/destino turístico no âmbito das suas
competências ao nível do controlo prévio de operações urbanísticas e
comerciais e bem como das suas competências de planeamento
territorial municipal.
o A Confederação do Turismo Português, parceiro social e
representante do sector privado do turismo, constitui parceiro do
Turismo de Portugal para efeitos de promoção externa, no âmbito do
Protocolo celebrado por ambas as entidades relativo à promoção
externa nacional.
o As Agências Regionais de Promoção Turística (Porto e Norte, Centro
de Portugal, Lisboa, Alentejo, Algarve, Madeira e Açores) são
associações de direito privado, sem fins lucrativos, constituídas por
representantes dos agentes económicos do turismo, por um número
relevante de empresas privadas com atividade turística e que
constituem parceiros privilegiados do Turismo de Portugal na
contratualização da promoção externa regional, enquanto
representantes do sector privado regional do turismo.

80
6.2.3. Governança na área do financiamento

Ações:

 O Turismo de Portugal tem por missão o apoio ao investimento no sector do


turismo, a qualificação e desenvolvimento das infraestruturas turísticas, a
coordenação da promoção interna e externa de Portugal como destino
turístico e o desenvolvimento da formação de recursos humanos do sector,
bem como a regulação e fiscalização dos jogos de fortuna e azar.
 A seletividade e o reforço da coordenação sectorial e territorial constituem
princípios chave do Acordo de Parceria 2014-2020. Neste âmbito torna-se
especialmente relevante assegurar um alinhamento entre a estratégia para o
turismo do país e os Programas Operacionais do Acordo de Parceria 2014-
2020. Assim, reconhece-se o Turismo de Portugal, na qualidade de Organismo
Intermédio/ Autoridade Turística Nacional, como a entidade de referência
para analisar e emitir parecer sobre os investimentos de natureza privada e
pública da área do turismo candidatados ao Portugal 2020.
 Tendo o Turismo de Portugal na sua missão a coordenação da promoção
interna e externa de Portugal como destino turístico, considera-se que o
Turismo de Portugal é uma das entidades que deverá analisar e emitir parecer
sobre os projetos que visam a promoção turística de destinos e/ou produtos
turísticos candidatados aos Programas Operacionais do Portugal 2020. Só
deste modo poderá ser assegurada uma maior seletividade e uma coerência
dos investimentos apoiados com as prioridades para o turismo do país.
 Os projetos privados e públicos a apoiar na área do Turismo no âmbito do
Portugal 2020 devem estar enquadrados na estratégia Turismo 2020, cabendo
ao Turismo de Portugal aferir o enquadramento desses mesmos projetos com
a referida estratégia.

6.2.4. Reforço de cooperação inter-regional

Ações:

 Criação de redes e a cooperação entre regiões para a formulação de produtos


turísticos coerentes, que podem ser objeto de uma promoção integrada e
devidamente direcionada para segmentos de mercado alvo – segmentos esses
que se deslocam por uma motivação, por uma experiência,
independentemente dos territórios administrativos que existam.
 No âmbito do financiamento, incluindo comunitário, deverá ser incentivado e
privilegiado o apoio a projetos multiregiões que contribuam para a
estruturação e promoção de redes/produtos distintivos da oferta turística
nacional.
 Produtos ou temáticas (ex. caminhos de Santiago, património mundial, ou
rede de áreas protegidas) que atravessam transversalmente diferentes regiões
NUTS II, por vezes mesmo de forma contígua, deverão ser concebidos,

81
planeados e dinamizados através de um processo de estreita cooperação entre
regiões.

6.2.5. Reforço de cooperação internacional

Ações:

 Aprofundamento das relações de cooperação transfronteiriça – Portugal


Espanha – através da realização de projetos e iniciativas comuns para o
desenvolvimento turístico dos territórios/regiões de fronteira dos dois países,
nomeadamente no âmbito do INTERREG V-A Espanha-Portugal- 2014-2020
(POCTEP - Programa de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal);
 Promoção da integração de Portugal em projetos de cooperação transnacional
no âmbito do Programa Espaço Atlântico 2014-2020, com enfoque na
concretização de projetos comuns em torno da cultura atlântica e do mar
emergem como temas chave a considerar neste âmbito;
 Promoção da participação de Portugal em programas e redes de cooperação
da União Europeia, designadamente no contexto dos programas INTERACT,
URBACT, ESPON, LIFE+, Horizon 2020, COSME e Europa Criativa. O ambiente, a
I&D, a competitividade das empresas e as indústrias criativas são temas a
desenvolver no contexto destes Programas à escala europeia e nos quais
Portugal pretende contribuir com um papel relevante.
 Dinamização da cooperação no âmbito do Programa de cooperação territorial
do Mediterrâneo (MED 2014-2020) que visa apoiar projetos que promovam e
reforcem a cultura mediterrânica como fator de atratividade turística e do
Programa SUDOE 2014-2020 de cooperação territorial no Sudoeste europeu
em que o turismo aparece como uma oportunidade de combate ao
desemprego.
 Promover a integração de Portugal em projetos de cooperação transnacional
como o Programa MAC 2014-2020 de Cooperação Transnacional Madeira,
Açores e Canárias (MAC) que integra regiões categorizadas como
ultraperiféricas – que são territórios de especial valor turístico;
 Promoção da participação de Portugal em programas e redes de cooperação
da União Europeia.

7. UM DESTINO QUE MARCA

Portugal não será um destino ágil e dinâmico, não será competitivo, se apostar numa política
de promoção apenas destinada a reforçar a notoriedade do nosso destino.

Uma boa marca turística é aquela que responde às exigências competitivas do mercado,
afinada na estrutura de identidade do destino e enquadrada numa plataforma de projeção no
futuro, ou seja, que esteja suficientemente enraizada para perdurar no tempo, pensada para
colher frutos no presente e no futuro.

82
Mas se a notoriedade é essencial, e ela é prosseguida não apenas pelo turismo mas também
por todas as restantes atividades que, exportando uma imagem de país, ajudam a construir a
nossa notoriedade, não deixa de igualmente de ser verdade que essa notoriedade só é útil, só
é consequente, só é produtiva, se permitir, num determinado prazo, converter-se na compra
de uma viagem, na reserva de um alojamento, na aquisição de um produto ou serviço.

A promoção de que Portugal precisa, para que se constitua como marca forte e de valor, tem
por isso de estar associada à venda. É esse o caminho que temos de reforçar.

Por outras palavras, a promoção (que gera notoriedade) e o apoio à venda (que visa
converter a notoriedade em venda) são duas faces de uma mesma moeda numa política de
turismo que se pretenda competitiva num mundo global.

7.1. Seis pressupostos de atuação

7.1.1. Promoção e apoio à venda: presença em todo o ciclo de viagem

Se a promoção passa pelo reforço da notoriedade do destino Portugal, é também


necessário, por economia de meios e eficiência, que esta se traduza num efetivo apoio à
sua comercialização gerando uma conversão que produza receitas para o sector e para a
economia.

Assim promoção e apoio à venda são duas faces de uma mesma moeda numa política de
turismo.

Perante esta análise, os responsáveis pela promoção de um destino turístico têm a


necessidade de desenvolver políticas que sejam centradas na Procura com o objetivo final
de maximizar a receita gerada pelos fluxos turísticos. Para tal, não basta aumentar a
notoriedade do destino Portugal, é também necessário que a notoriedade se converta em
vendas. Como consequência deverá atuar-se de acordo com o ciclo de viagem do turista:

 Estimular o desejo de conhecer o destino (nas fases de sonho e planeamento);


 Converter esse desejo na compra de uma viagem (na fase de reserva) e
 Assegurar que quem nos visita se sinta bem tratado, confortável, acarinhado e
satisfeito com a experiência no destino, que o recomende e que deseje voltar (nas
fases de experiência e partilha)

Figura 8 - Ciclo de viagem do turista

Estimular Converter Assegurar

SONHO PLANEAMENTO RESERVA EXPERIÊNCIA PARTILHA

83
7.1.2. Duas palavras-chave: comunicação e distribuição

O processo de venda do destino turístico é composto por numerosas ações, umas dirigidas ao
turista enquanto consumidor final (B2C), outras dirigidas às empresas que operam na cadeia
de valor do turismo (B2B) e outras ainda que estimulam a relação entre os consumidores
(C2C).

Esta multiplicidade de ações pode ser agrupada em dois grupos distintos, importando
assegurar um claro alinhamento e articulação entre eles:

 Ações de comunicação, essencialmente destinadas ao reforço da notoriedade, visando


estimular o desejo de conhecer o destino (ações B2C) e visando aumentar a
disseminação e relevância de conteúdos emitidos nas redes sociais por viajantes e
para viajantes (ações C2C)
 Ações de distribuição, sobretudo vocacionadas para converter a notoriedade em
vendas.

Nesta medida, a comunicação do destino deverá ser potenciada nas ações de apoio à venda
(distribuição), designadamente, as realizadas em conjunto com o trade internacional,
incrementando-se uma maior eficácia junto dos diferentes mercados e segmentos de
consumo. Deste modo, o canal de distribuição deverá assumir relevância como meio de
comunicação preferencial.

A atuação promocional B2B, através dos diversos canais de distribuição nos mercados, é a que
melhor pode contribuir para aumentar os fluxos turísticos de uma forma direta e imediata.

Por seu lado, as ações de comunicação com o consumidor devem ser cuidadosamente dirigidas
em função dos segmentos-alvo identificados:

 Por mercado emissor


 Por motivação primária
 Por demografia
 Por etapa do processo de compra em que se encontra

Cada segmento deverá ser objeto de comunicação específica, sendo fundamental adaptar
conteúdos e narrativas relevantes para cada um.

Em especial, a abordagem para cada mercado emissor terá de ser distinta, associando
diferentes tipos de iniciativas B2C ou B2B, conforme a atual penetração e o crescimento
perspetivado de cada mercado e de acordo com a proporção de consumidores que compram
as suas viagens diretamente em comparação com os que o fazem através dos canais de venda
(agentes e operadores turísticos).

Nos mercados onde domina a operação turística e nos mercados de crescimento as iniciativas
B2B deverão ter particular relevância, designadamente, junto dos agentes da operação
turística e aérea e junto dos canais de distribuição nos mercados externos. Incluem-se neste
conjunto a generalidade dos mercados emissores, sendo que o maior ou menor peso destas
iniciativas dependerá das características do mercado e das oportunidades que possam surgir.

Por fim, é importante voltar a sublinhar que as estratégias de comunicação e de distribuição


deverão refletir o propósito definido para o destino turístico Portugal: “Receber Bem”. Este é o

84
propósito que pretende inspirar e dar um sentido comum a todas as ações de apoio à venda
do destino turístico sem o qual a eficácia das ações de promoção e apoio à venda será menor.

7.1.3. Num mercado concorrencial temos de ser mais criativos e mais exigentes

Vivemos e viveremos sempre em forte competição internacional com outros destinos


turísticos com maior poder financeiro e de investimento em promoção. Um turista tem, para
cada motivação de viagem, dezenas de destinos alternativos. Estes, por sua vez, irão aumentar
em número e em qualidade, já que todos os países, com poucas exceções, declaram querer
investir no turismo como sector de desenvolvimento das suas economias. Este contexto
crescentemente competitivo aumentará muitíssimo o nível de exigência que impende sobre a
gestão dos destinos turísticos.

Assim, o continuado sucesso do turismo em Portugal e, concretamente o sucesso da política


de promoção e apoio á venda, dependerá de quatro fatores essenciais, que importa reter:

 Profissionalismo - a sofisticação e a complexidade das modernas técnicas de


comunicação e venda exigem uma profissionalização de toda a cadeia de tomada
de decisão neste domínio. Esta tendência tenderá a acentuar-se, pelo que é
fundamental que exista uma estrutura estritamente profissional no Turismo de
Portugal que se responsabilize pela execução da estratégia de comunicação,
independente de ciclos políticos.
 Diferenciação – será crucial centrar a nossa ação em territórios de comunicação e
de percepção ainda não ocupados pelos nossos concorrentes. Neste sentido, o
nosso propósito “Receber Bem” é particularmente feliz: é muito valorizado pelos
turistas, corresponde à realidade e constitui um território de comunicação e
percepção presentemente desocupado.
 Consistência – as percepções de destinos turísticos mudam lentamente e apenas
se as mensagens que sobre ele sejam recebidas forem, consistentemente, na
mesma direção. A alteração frequente do posicionamento comunicacional de um
destino turístico, ou o abuso de ações atrativas mas pontuais, conduz ao
desperdício de recursos e ao falhanço das intenções de diferenciação.
 Retorno – dado que os recursos disponíveis são finitos, é fundamental que as
decisões de promoção e apoio à venda sigam rigorosos critérios profissionais de
avaliação de eficácia (impacto nas vendas) e de eficiência (com o menor custo
relativo). Nem todas as ações que geram notoriedade (como os eventos, por
exemplo) geram vendas com retorno interessante, quando comparado com o
retorno de ações alternativas.

Dentro do respeito por estes fatores essenciais – Profissionalismo, Diferenciação, Consistência


e Retorno - a estratégia de promoção e apoio à venda deve obedecer às seguintes tendências
irreversíveis, revistas regularmente em função da estratégia dos nossos concorrentes:

 Do foco no produto para o foco nas pessoas – potenciar a relação com as pessoas,
atendendo aos seus anseios e expectativas e privilegiar a qualidade da experiência.
Assumir o desígnio de melhorar a vida das pessoas e facilitar a experiência com o
destino turístico;
 Dos anúncios para as histórias – privilegiar a comunicação assente em narrativas e
em conteúdos relevantes para as pessoas. Desenvolver conteúdos baseados em
storytelling e implementar estratégias que propiciem a interatividade e a partilha
com as pessoas;

85
 Da promoção para o apoio à venda – estimular a transformação dos processos de
comercialização, definir estratégias de marketing por mercado e produto, reforçar
a intervenção na operação turística e aérea e nos canais de distribuição nos
mercados externos, intervir de forma mais direta e imediata na captação de fluxos
turísticos;
 Do offline para o online – uma aposta clara no digital, encarando com abertura as
mudanças nestes domínios, reforçando a presença do destino e dos produtos
turísticos nos distintos canais online e desenvolvendo estratégias de marketing
digital que potenciem a comunicação e a distribuição da oferta do destino
turístico.

A exigência de que se falou no ponto 7.1.2 aplica-se, de igual modo, a todos os que têm
responsabilidades na promoção do destino Portugal. Neste contexto, assume particular
importância o tema da Consistência. Se todos estivermos a falar ao mesmo, dizendo coisas
distintas e a velocidades diferentes, ninguém nos vai ouvir.

De facto, a promoção de uma marca destino será tanto mais eficaz quanto melhor for a
articulação entre as atuações dos agentes que nela trabalham e as mensagens por eles
veiculada. É essencial alinhar as mensagens, torna-las consistentes no tempo para que sejam
eficazes. O alinhamento das atuações e das mensagens terá de respeitar as competências e
atribuições de cada um, numa colaboração que garanta que aquilo que dizemos é ouvido pelos
mercados aos quais queremos chegar. A promoção deste alinhamento caberá ao Turismo de
Portugal, enquanto autoridade nacional do sector.

Afirmar o Turismo de Portugal como agente nuclear da promoção em Portugal não retira
responsabilidades a outras entidades. Antes pelo contrário, a repartição de competências já
descrita procura potenciar o papel de cada um, numa lógica de conjunto que nos beneficia, e
promovendo uma distinção essencial entre estruturação do produto e a sua promoção e
comercialização.

7.1.4. Passar do old marketing para o new marketing

Uma estratégia de new marketing desenvolve-se a partir da criação de conteúdos de


qualidade, alinhados com os interesses do target, para serem optimizados e distribuídos por
todos os canais online. Tem como consequência uma busca proactiva das pessoas pelos
conteúdos criados, em oposição ao que acontece numa estratégia de old marketing em que os
conteúdos são ‘impostos’ ao target.

Nesta perspetiva de new marketing, o desenvolvimento de uma estratégia de conteúdos para


o destino Portugal alinhada com o propósito “Receber bem” será um instrumento poderoso de
venda do Destino e tanto mais bem-sucedido quanto maior for a articulação entre todos os
agentes do sector: Turismo de Portugal, Organismos Regionais do Turismo e Empresas.

A estratégia de new marketing preconizada para o Destino Portugal assenta em três níveis:

 Geração de tráfego para uma plataforma digital que integre os conteúdos


relacionados com a oferta nacional. Os conteúdos de comunicação deverão ser
ancorados, por um lado, em aspetos distintivos da oferta turística portuguesa, que
representem grande capacidade de mobilização e de motivação de viagem, como
sejam o surf, o golfe, a cultura ou a música. Por outro lado, deverão explorar narrativas
sobre produtos portugueses distintivos, autênticos e com relevância e prestígio
internacional como sejam o vinho, a cortiça, o azeite e o calçado.

86
 Apresentação de experiências turísticas de acordo com a motivação e os interesses da
procura, facilitando a formatação de experiências de acordo com uma perspetiva
territorial. A dinâmica de produção de conteúdos a este nível deverá ser assegurada
pelos Destinos Regionais, que deverão desenvolver conteúdos com o objetivo
específico de converter os visitantes em leads.
 Materialização da venda através de uma plataforma transacional que agregue a oferta
de produtos das empresas numa base regional. Neste nível do funil de compra o
objetivo é a conversão dos leads em vendas.

A eficácia do new marketing depende essencialmente da qualidade da atuação no canal de


distribuição, designadamente ao nível dos operadores turísticos, das companhias aéreas, e de
outros mecanismos de acesso ao mercado, como são as feiras, workshops e fam trips.

A relevância de cada um destes meios, dependerá, em cada momento, da sua dinâmica e das
oportunidades detetadas em cada segmento de procura. Importará reforçar a penetração nos
mercados através da incorporação de mecanismos de planificação conjunta, gestão em rede e
metodologias colaborativas, que propiciem o retorno efetivo dos investimentos públicos e
privados. As opções estratégicas a desenvolver partirão sempre da auscultação da procura e
da avaliação das novas tendências que a cada momento se verificarem.

7.1.5. Conhecer bem a nossa procura

Os mercados emissores para Portugal têm sofrido algumas alterações em resultado do


contexto económico, político e social ocorrido em diferentes latitudes, mas também pela
competitividade demonstrada pelo turismo nacional.

Em 2014, os dez principais mercados emissores representavam 82% do total das dormidas do
mercado externo. O gráfico abaixo mostra o posicionamento desses mercados em função da
variação média anual das dormidas entre 2007 e 2014 e da sua penetração.

87
Gráfico 20 - Quotas dos principais mercados emissores e taxa de crescimento média anual

20,0%

Brasil
Taxa de crescimento médio anual das

15,0% França
dormidas 2007/2014

10,0%

Reino
EUA Alemanha
Holanda Unido
5,0%

Irlanda
0,0%

Espanha
Escandinávia
-5,0% Itália

-10,0%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0%
Quota de mercado externo

Nota: - Mercados de crescimento; - Mercados de estratégicos

Receita/noite acima da média nacional

Porque a realidade varia de região para região, na tabela seguinte identificam-se os cinco
principais mercados emissores para cada uma das regiões.

Tabela 9 - Posicionamento regional dos principais mercados emissores [2014]

REGIÕES 1.º 2.º 3º 4.º 5.º

PORTO E NORTE Espanha França Brasil Alemanha R. Unido

CENTRO DE PORTUGAL Espanha França Brasil Alemanha Itália

LISBOA Espanha França Brasil Alemanha R. Unido

ALENTEJO Espanha França Brasil Alemanha R. Unido

ALGARVE R. Unido Alemanha Holanda Irlanda Espanha

AÇORES Alemanha Escandinávia Espanha Holanda EUA

MADEIRA Alemanha R. Unido França Escandinávia Holanda

PAÍS R. Unido Alemanha Espanha França Holanda

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2014

88
Uma política de promoção e comercialização passa pela identificação de mercados prioritários
de atuação. No entanto, essa definição não deve basear-se numa opinião ou opção casuística,
antes em critérios rigorosos. E a atuação em causa deve ter em conta a caracterização do
mercado e dos objectivos que neste se procuram atingir.

Os mercados prioritários devem dividir-se em três grupos distintos, definidos de acordo com
critérios factuais e inteligíveis:

 Mercados estratégicos: os mercados com comportamentos históricos muito


relevantes, ao nível da quota de mercado e do seu ritmo de crescimento, onde se
incluem mercados de 1º nível (com elevada quota de mercado – acima de 10%), de 2º
nível (com alto crescimento – TCMA 10%), e de 3º nível (com quota de mercado
superior a 3% e inferior a 10%),
 Mercados de crescimento: os mercados que apresentam uma quota de mercado
inferior a 3% e um crescimento relativamente lento ou negativo e cuja localização,
comportamento histórico ou conhecimento do mesmo indiciam a possibilidade de
impulso do crescimento ou reversão do declínio;
 Mercados de atuação seletiva: mercados que pela sua distância e dimensão
apresentam dificuldade em assumir massa critica, mas que oferecem oportunidades,
ou onde se perspectiva um elevado crescimento a longo prazo, por razões sociais,
económicas e demográficas, e a que importa dar atenção.

Note-se que priorização dos mercados é feita a partir da procura, isto é, da atual
representatividade (quota) e das taxas de crescimento dos mercados emissores para Portugal.
É com base neste racional estratégico que se identifica seguidamente a composição e o tipo de
atuação a realizar em cada um dos grupos de mercados identificados.

Importa reforçar que a matriz de mercados que agora se apresenta estabelece prioridades de
atuação no turismo, tanto ao nível nacional como regional. Todavia, não é uma matriz estática,
alheada dos movimentos da procura ou de acontecimentos conjunturais, pelo que se poderá
acrescentar ou reduzir mercados sempre que existe uma sólida fundamentação e justificação.

7.1.6. Partir da procura para a oferta

Conforme já se referiu, focar na pessoa corresponde a colocar, assumidamente, o turista no


centro de todas as fases do ciclo de viagem e da cadeia de valor do Turismo. Se é assim na
hora de estruturar produtos, é-o também na hora de escolher o que devemos promover.

De um ponto de vista promocional e de apoio à venda, interessa promover o que pode ser
vendido, o que é desejado e procurado, nos mercados receptivos a essa proposta de valor.
Tal significa que a oferta, independentemente das suas características, deve ser promovida na
medida em que tenha, e onde exista, procura. E esse investimento de promoção deve ser
medido em função do retorno que tal esforço representa.

Os dados para o mercado emissor europeu (que, como se viu, é maioritário em Portugal)
revelam que o turismo de Sol & Mar é o principal segmento turístico, embora com taxas de
crescimento modestas próprias de segmento maduro. Pelo contrário, segmentos como os city
breaks ou o touring, que inclui o turismo cultural e religioso, evidenciam ritmos de
crescimento mais elevados que, a manterem-se, poderão alterar o ranking da popularidade
dos segmentos turísticos no futuro.

89
Gráfico 21 - Desempenho dos segmentos turísticos a nível europeu [2000-2020]

Fonte: Turismo de Portugal com base em dados do IPK

Atendendo aos vários mercados emissores para Portugal, é ainda possível alinhar, de forma
indicativa, a relevância que estes têm para os produtos turísticos existentes no nosso
território.
Tabela 10 – Mercados emissores e produtos turísticos

Mercados Produto Turístico


Alemanha, Reino Unido; Escandinávia, Rússia, França,
Holanda, Itália, Áustria (75% do mercado europeu) Sol e Praia

França, Itália, Escandinávia, Alemanha, Rússia, Reino


Unido, Espanha (62% do mercado europeu) Touring
Alemanha, Reino Unido, Escandinávia, Espanha,
Holanda, Rússia, Itália, França (71% do mercado City Breaks
europeu)
Mercado associativo: o cliente é multimercado e as
decisões tomam-se nas sedes das associações. Turismo Negócios
Mercado Corporativo: Reino Unido, Alemanha, França,
Itália, Benelux, Escandinávia
Reino Unido, Alemanha, Suécia, França, Holanda,
Espanha (85% do mercado europeu) Golfe

Alemanha, Reino Unido, Holanda, Escandinávia,


Turismo Natureza
França, Itália (91% do mercado europeu)

90
Alemanha, Escandinávia, Reino Unido, Holanda,
França, Rússia, Itália, Áustria (84% do mercado Turismo do Mar
europeu)
Reino Unido, Alemanha, França, Holanda, Suécia,
Turismo Residencial
Rússia
Alemanha, Bélgica, Itália, Áustria, Suíça, Reino unido,
Escandinávia, Espanha (81% do mercado europeu) Turismo Saúde e Bem-estar
Fonte: Turismo de Portugal

Neste contexto, importa ainda destacar o papel especial da Gastronomia e Vinhos na oferta
turística nacional. Embora não se trate de uma motivação primária de viagem (ou seja, embora
sejam poucos os turistas que viajam com o objetivo principal e quase único de disfrutar da
gastronomia do destino, como se denota pelo Gráfico), a gastronomia assume-se como um
complemento essencial de todos os produtos turísticos.

De facto, a gastronomia, bem como os vinhos portugueses, têm demonstrado uma enorme
capacidade de agradar e surpreender quem nos visita. Os inúmeros prémios internacionais e,
acima de tudo, a opinião manifestada pelos turistas em sucessivos inquéritos de satisfação,
confirmam a gastronomia e vinhos como um dos fatores mais fortes de valorização do destino
Portugal.

Importa referir, que as motivações são dinâmicas e estão na base da configuração da


experiência turística, pelo que qualquer alteração na procura terá necessariamente de ser
refletida na oferta turística do destino. Neste sentido, deverá existir uma constante
monitorização das alterações da procura, sendo estas o referencial para as mudanças que
venham a ser identificadas como necessárias introduzir na oferta turística.

7.2. Linhas de Atuação

7.2.1. Identificação do que promover e em que mercados

Descrito o método pelo qual devemos identificar os mercados emissores, que devem merecer
o nosso foco promocional, identificam-se agora os principais mercados emissores para
Portugal.

Mercados estratégicos – Espanha, Reino Unido, Alemanha, França, Brasil, Holanda e Irlanda:
deverão ser alvo de uma estratégia individual e detalhada, tendo em conta as realidades
regionais em cada mercado e os distintos segmentos de turistas que os compõem. Também
devem ser privilegiadas as iniciativas que visem um crescimento relativo na época baixa
superior ao da época alta.
Tabela 11 - Mercados Estratégicos

MERCADOS ESTRATÉGICOS COMPORTAMENTO E OPORTUNIDADES DOS MERCADOS

ESPANHA Mercado prioritário pela proximidade, crescimento (TCMA


nível

07/14: +0,7%) e quota elevada (11%): deverá ser alvo de um


esforço de segmentação das distintas realidades regionais e

91
de desenvolvimento de ofertas específicas, visando a redução
da sazonalidade da procura.

ALEMANHA Mercado de recuperação de quota (13,6%), através do


aprofundamento da procura das distintas regiões e
segmentos do mercado e da criação de oferta direcionada a
essas distintas demandas.

REINO UNIDO Mercado a desenvolver uma abordagem específica visando


conter a queda recente (TCMA 07/14: +0%) e gradualmente
recuperar a quota de mercado (23,9%): alavancando a
elevada notoriedade de Portugal enquanto destino turístico e
a afinidade do mercado ao nosso país.

FRANÇA Mercado onde se deve continuar o esforço de aumento de


quota (9,3%) potenciando a particular apetência da procura
ao nosso país (TCMA 07/14: +11%)
2º nível

BRASIL Mercado de potencial de crescimento (TCMA 07/14: +13,6%),


posição forte de Portugal no mercado (4,2%), acessibilidades
aéreas privilegiadas, elevada despesa média e reduzida
sazonalidade: deverá ser alvo de uma abordagem de
promoção visando garantir uma maior penetração nos fluxos
de turistas para a Europa.

HOLANDA Mercado com alguma dimensão turística e que tem afinidade


com o destino turístico Portugal. Deverá ter-se o objetivo de
aumentar a quota (6,4%).
3º nível

IRLANDA Apesar de ser um mercado de pequena dimensão existe uma


forte afinidade com Portugal, pelo que, importará explorar
essa relação no sentido de alavancar a notoriedade do
destino para crescermos, principalmente na época baixa
(quota de 3,6%).

ESCANDINÁVIA Mercados onde importa contrariar a quebra verificada nos


últimos anos. Há que atuar ao nível da adequação da oferta
nacional às exigências da procura do mercado, na
consolidação da acessibilidade aérea e da distribuição,
aproveitando a contribuição para a redução da sazonalidade
da procura e a elevada despesa média. Quota de mercado de
5,2% em 2014, com uma TCMA 07/14 de-0,8%.

Mercados de crescimento – Itália, Bélgica, Suíça, Áustria, Rússia e Polónia: ainda que com um
peso relativamente baixo, estes mercados têm representatividade no turismo nacional e
potencial de crescimento, podendo contribuir para a diversificação da procura turística em
Portugal.
Tabela 12 - Mercados de crescimento

MERCADOS DE COMPORTAMENTO E OPORTUNIDADES DOS MERCADOS

92
CRESCIMENTO

ITÁLIA, BÉLGICA, Mercados que possuem potencial de crescimento e onde se


SUÍÇA E ÁUSTRIA deverá atuar com vista a obter um crescimento absoluto de
dormidas e receitas.

POLÓNIA E RÚSSIA Aproveitar a dimensão destes mercados para crescer em termos


absolutos de dormidas e receitas. No caso de a Polónia alavancar
a atuação na notoriedade que goza Portugal no mercado e na
afinidade da população com o nosso país. A Rússia requer um
esforço em ganho de notoriedade do destino, reservando-se uma
atuação mais sistematizada, após o atual contexto político-social.

Mercados de atuação seletiva – EUA, China, Canadá, Colômbia, Índia, Israel e Países da
Península Arábica: trata-se de mercados que poderão ser objeto de ações de promoção
focadas em ofertas ou em segmentos de procura específicos, desde que estrategicamente
fundamentadas e justificadas. Neste âmbito, deverá ser tido em consideração,
nomeadamente, a procura potencial existente nesses mercados e as oportunidades que
venham a ser detectadas.

Tabela 13- Mercados de atuação seletiva

MERCADOS DE COMPORTAMENTO E OPORTUNIDADES DOS MERCADOS

ATUAÇÃO SELETIVA

EUA, CANADÁ Dada a sua distância e a dificuldade de assumir massa crítica


(quota: 2,5%), a atuação neste mercado deverá estar focada em
segmentos de procura específicos.

CHINA, ÍNDIA Mercados de relação histórica, onde se requer o lançamento de


bases de trabalho de longo prazo. Na China foram já detetadas
algumas oportunidades específicas de atuação.

COLÔMBIA, ISRAEL E Ainda que, por razões distintas, nestes mercados importará
PAÍSES DA explorar oportunidades de atuação em segmentos de procura
PENÍNSULA ARÁBICA específicos.

Para se ter uma visão mais ampla do comportamento dos mercados por região, na tabela
abaixo apresentam-se os mercados emissores prioritários para cada uma delas, determinados
tendo em conta a seguinte classificação:

 Mercados de 1º nível – são aqueles que possuem uma quota de mercado elevada
(acima de 10%);
 Mercados de 2º nível – são aqueles que possuem uma quota de mercado média (igual
ou superior a 5% mas inferior a 10%)
 Mercados de 3º nível – são aqueles que possuem uma quota de mercado baixa (igual
ou superior a 2% e menor que 5%)

93
Tabela 14 - Mercados emissores prioritários por região

mercado 1º nível mercado 2º nível mercado 3º nível

Tendo em conta esta distribuição, meramente factual, e uma vez que são conhecidos os
comportamentos de mercados por produtos, como acima de evidenciou, pode então
construir-se uma matriz de produtos mais procurados por região, e por isso com maior
potencial de promoção e venda.

Tabela 15- Produtos Turísticos para Promoção Externa

nível de importância: grande médio: baixo:

Sublinhe-se que o produto Gastronomia está alinhado com todas as regiões na medida em que
se trata de um produto turístico complementar. E reforce-se que esta matriz resulta da
sobreposição entre os mercados emissores, os produtos por este procurados e a distribuição

94
de mercados emissores por regiões. Todavia, não é uma matriz estática, alheada dos
movimentos da procura ou de acontecimentos conjunturais, pelo que, se poderá acrescentar
ou reduzir mercados sempre que exista uma sólida fundamentação e justificação.

7.2.2. Reforço de presença no digital e aposta no mobile

Ações:

 Reforçar a presença no digital, para responder aos desafios da dinamização de


plataformas web interativas e das redes sociais, favorecendo uma estratégia
de digitalização como aposta nos canais online e mobile.
 Fomentar a interação com o turista e introduzir uma filosofia participativa e
colaborativa de co-criação, por parte dos turistas.
 Reforçar a presença da oferta nacional nos canais de distribuição online.
 Aposta em estratégias de remarketing.

7.2.3. Alinhamento da estratégia de promoção nacional

Ações:

 Alinhar as estratégias de marketing digital das regiões com a estratégia


nacional, que permita dirigir o trafego gerado para um hub digital comum e
onde seja possível realizar a conversão em propostas de experiências turísticas
de âmbito regional.
 Este alinhamento permitirá concentrar os investimentos numa plataforma
comum e garantir a harmonização da presença online ao nível nacional e
regional.
 Permitirá ainda uma maior eficácia na conversão do trafego gerado para o
ambiente regional.

7.2.4. Reforço das iniciativas de trade marketing

Ações:

 Reforçar as iniciativas de trade marketing, designadamente em matéria de


operação turística e de acessibilidade aérea, que se consideram pontos
críticos de sucesso para o incremento dos fluxos turísticos, mas também a
implementação de iniciativas inovadoras de acesso à distribuição e de criação
de programas optimizados para as diferentes regiões do país, potenciando o
cross selling:
o gestão de rotas (estímulo da procura)
o Atração de turistas e conversão em dormidas (via tour operação)
o Reforço de atuação junto de operadores online.

95
7.2.5. Utilização de produtos portugueses distintivos e autênticos como âncoras de
comunicação

Ações:

 A comunicação do destino turístico deverá procurar e estimular a criação de


âncoras de comunicação com base em produtos portugueses distintivos,
autênticos e com relevância e prestígio internacional.
 Afigura-se que a criação de narrativas pertinentes para as pessoas possam
ser utilizadas de forma eficiente e eficaz na comunicação do destino.
Destacam-se como exemplo os seguintes produtos: vinhos, cortiça, azeite e
calçado.
 Também a cultura e a música possuem grande capacidade de mobilização e
de representação de afinidades capazes de provocar interesse e motivo de
viagem.

7.2.6. Plano de dinamização do turismo interno

Ações:

 Elaborar com as Entidades Regionais de Turismo e Direções Regionais de


Turismo dos Açores e da Madeira um plano de promoção do turismo, no
respeito das suas competências.
 Esse plano deve prever iniciativas de captação de consumo de turismo junto
dos portugueses, utilizando novos canais de distribuição, que facilitem o
acesso ao consumidor e que implementem politicas mais agressivas do ponto
de vista comercial.
 Estas iniciativas de carácter comercial deverão apostar no estímulo à criação
de parcerias entre empresas ou entidades do sector do turismo com
organizações que tenham capacidade de penetração no mercado, de
distribuição e com aptidão para induzir a compra de forma eficaz.

7.2.7. Lançamento de novo modelo de representação nos mercados externos

Ações:

 Lançar um novo modelo de representação nos mercados, que inclua a atual


representação através de escritório com equipas de turismo, as quais deverão
ser capacitadas para que se constituam como uma verdadeira rede comercial.
 Sempre que se justifique, deverá ainda ser previsto a implementação de
outras formas de presença externa, designadamente através de agências de
marketing ou de relações públicas locais ou a criação de antenas que gerem os
mercados diretamente através da sede.
 Tornar a rede flexível no acompanhamento dos mercados estratégicos e
noutros emergentes, capaz de responder às mudanças rápidas da procura.
 Garantir resposta competente e qualificada às necessidades dos
Stakeholders, potenciada por meios tecnológicos, em domínios diversos como

96
o conhecimento, o processo de negociação, a comunicação, a inovação e
outras.
 Garantir que a rede externa tem conhecimento do mercado e o seu papel é
reconhecido junto dos decisores económicos e líderes de opinião.
 Lançamento de programa de ações de formação das equipas para as novas
realidades de promoção e marketing.

8. MONITORIZAÇÃO
O Turismo de Portugal é a entidade competente para a elaboração de um plano de ação anual
que compreenda as medidas anuais e plurianuais a desenvolver no âmbito do cumprimento
deste documento e identifique a sua calendarização e responsáveis pela mesma. O plano de
ação deve ser submetido, até 30 de Novembro de cada ano, à tutela do turismo, para
homologação.

Deverá ser realizada pelo menos uma reunião semestral, com a participação ativa dos
parceiros relevantes para refletir sobre as temáticas de turismo.

97
BIBLIOGRAFIA

Augusto Mateus e Associados (2015), Turismo 2020 - Uma estratégia para o desenvolvimento
do Turismo em Portugal e nas suas regiões

Banco de Portugal (2014), Análise do Setor do Turismo, Estudos da Central de Balanços

CEPCEP-UCP (2014), Novos Mercados de Trabalho e Novas Profissões - Estudo Prospetivo

FMI (2015), World Economic Outlook - Uneven Growth: Short- and Long-Term Factors

OMT (2011), Tourism Towards 2030 Global Overview

OMT (2014), Measuring Employment in the Tourism Industries – Guide with Best Practices

OMT (2014), Visa Openness Report 2014

OMT (2015), World Tourism Barometer, volume 13 April 2015

Turismo de Portugal (2014), Animação Turística em Portugal – 2013

Turismo de Portugal (2015), Turismo 2020 - Plano de Ação para o Desenvolvimento do Turismo
em Portugal

PhocusWright (2014) Global Online Travel Overview Third Edition

FEM (2015), The Travel & Tourism Competitiveness

WTTC (2014), Travel & Tourism Economic Impact 2014 – Portugal

Bases de dados
Eurostat

Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia

INE

OCDE

Turismo de Portugal

98
ANEXOS

1. PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO TURISMO 2020 – 5 PRINCÍPIOS PARA UMA


AMBIÇÃO

O Turismo de Portugal lançou, durante os anos de 2014 e 2015, um processo de construção


simultânea de dois documentos estratégicos com base no horizonte temporal 2020: o Turismo
2020 - Plano de Ação, vocacionado para a identificação das prioridades no âmbito do
aproveitamento dos fundos comunitários, e este que agora surge, o Turismo 2020 – 5
Princípios para uma Ambição.

Tratou-se de um só processo de reflexão que se pretendeu dinâmico e participativo e rigoroso


do ponto de vista técnico, que teve por base duas componentes essenciais: i) análise
documental e ii) participação e concertação coletiva e que culminou com uma estratégia
Turismo 2020 (Turismo 2020 - Plano de Ação e Turismo 2020 – 5 Princípios para uma
Ambição).

No que à análise documental diz respeito procedeu-se ao levantamento e análise de vários


documentos chave, nomeadamente: i) estudos e relatórios internacionais (OMT e FMI),
documentos orientadores e regulamentos comunitários (Comissão Europeia), iii) referenciais
estratégicos nacionais, como sendo o Portugal 2020 e a Estratégia Nacional de Especialização
Inteligente e iv) documentos de âmbito regional: Diagnósticos Prospetivos Regionais 2020,
Estratégias Regionais de Especialização Inteligente, Programas Operacionais 2014-2020 e
Planos e Estratégias de Desenvolvimento Turístico Regional.

Acresce ainda o tratamento e análise de dados estatísticos de âmbito nacional e internacional,


os quais permitiram não só proceder a uma sistematização histórica da evolução do turismo
nacional nos últimos anos, como também identificar projeções para o turismo internacional.

Relativamente ao processo de participação e concertação coletiva na construção do Turismo


2020 (Turismo 2020 - Plano de Ação e Turismo 2020 – 5 Princípios para uma Ambição), importa
salientar que o mesmo assentou numa visão holística do turismo, isto é, não incide numa visão
circunscrita às componentes mais transacionáveis da atividade turística.

Inclui uma abordagem abrangente do turismo, envolvendo nomeadamente as dimensões da


valorização do território, da qualificação dos recursos humanos, da competitividade das
empresas, da promoção turística e da cooperação internacional. Assim, foi com este
enquadramento que se promoveu um processo de auscultação a diversos atores de âmbito
nacional, regional e local e de diferentes sectores de atividade com influência no
desenvolvimento turístico do país e das regiões.

99
Turismo Desenvolvimento Regional
Turismo de Portugal, Entidades
Comissões de Coordenação e
Regionais deTurismo, Agências
Desenvolvimento Regional
Regionais de Promoção Turística

Sistema Científico e
Governos Regionais Tecnológico
RA Madeirae RA Açores Universidades e Institutos
Politécnicos

l Turismo 2020
Setor Empresarial
Administração Local CTP, Associações Setoriais e
Empresariais- Hotelaria,
Comunidades Intermunicipais
Restauração, Animação, Golfe,
Operadores, Centros Congressos

Des. Rural e Setor Vitivinícola Cultura


Transportes Federação Minha Terra ADL’s
( ), Rotas Direção Geral PatrimónioCultural
dos Vinhos ComissãoNacional Unesco

Assim, promoveu-se um processo de envolvimento e de auscultação de diversos atores em


todas as regiões de Portugal, que se materializou na realização de eventos públicos em cada
uma das Regiões NUTS II de Portugal.

O primeiro momento aconteceu em Coimbra, em 11 de setembro de 2014, tendo contado com


a participação de 255 pessoas na Conferência e de 22 entidades no workshop técnico.
Figura 9 - Auscultação e participantes na Região Centro

Local: Coimbra (Auditório CCDR Centro) | Data: 11 setembro 2014

O momento seguinte ocorreu em Évora, tendo contado com uma adesão de 334 participantes
e de 27 entidades na sessão de trabalho.

100
Figura 10 - Auscultação e participantes na Região do Alentejo

Local: Alentejo (Auditório CCDR Alentejo) | Data: 18 setembro 2014

Seguiu-se a região com maior procura turística de Portugal - o Algarve - que contou com uma
mobilização de 290 pessoas na conferência pública e com uma participação de 28 agentes no
workshop técnico.
Figura 11 - Auscultação e participantes na Região do Algarve

Local: Faro (EHT Faro)| Data: 25 setembro 2014

A conferência e workshop da região de Lisboa decorreu em Sintra e, nesta ocasião,


participaram 360 pessoas e 14 entidades deste território.

101
Figura 12 - Auscultação e participantes na Região de Lisboa

Local: Sintra (Centro Cultural Olga Cadaval) | Data: 09 outubro 2014

O ciclo de conferências públicas e de workshops técnicos em Portugal continental foi


encerrado na Região do Norte, mais concretamente na cidade do Porto, tendo registado uma
participação de 523 pessoas na conferência e de 23 entidades no workshop técnico.
Figura 13 - Auscultação e participantes na Região Norte

Local: Porto (Centro de Congressos Alfândega do Porto) | Data: 29 outubro 2014

Na região da Madeira foi igualmente promovida uma conferência pública que decorreu no dia
23 de janeiro no Funchal, envolvendo cerca de 130 pessoas.

102
Figura 14 - Auscultação e participantes na Região Autónoma da Madeira

Local: Funchal (Centro de Estudos de História do Atlântico) | Data: 23 janeiro 2015

O último momento de auscultação pública aconteceu nos Açores, com a presença de cerca de
110 pessoas, tendo-se assim encerrado o ciclo de iniciativas públicas de participação e
concertação estratégica para o Plano de Ação Turismo 2020.
Figura 15 - Auscultação e participantes na Região Autónoma dos Açores

Local: Ponta Delgada (Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada) | Data: 19 fevereiro 2015

Paralelamente às Conferências Públicas e aos workshops técnicos foi desenhado


especificamente um website para a iniciativa, onde constam informações e documentação
sobre o Portugal 2020, as comunicações efetuadas nas conferências, testemunhos de oradores
e participantes e um questionário para preenchimento online, onde a qualquer cidadão ou
organização foi possível dar o seu contributo (questionário online).

103
Figura 16 - Website Turismo 2020

Realizaram-se ainda diversas reuniões bilaterais para recolha de contributos e identificação de


potenciais projetos e iniciativas a considerar no horizonte 2020.

Face ao exposto, é possível afirmar que a iniciativa Turismo 2020 promoveu o maior processo
de sempre de mobilização e auscultação dos vários atores envolvidos no turismo em
Portugal.

Todas as regiões turísticas foram ouvidas. Mais de 2000 pessoas estiveram nas Conferências
públicas Turismo 2020. Mais de 150 instituições participaram em workshops técnicos. Todo
este processo de auscultação e participação pública geraram contributos muito relevantes
para o documento que ora se apresenta.

104
2. O TURISMO NAS REGIÕES

2.1. REGIÃO NORTE

Oferta Turística

A Região do Norte dispõe de um vasto e diversificado conjunto de recursos de elevado


interesse turístico. Paralelamente apresenta uma oferta de alojamento qualificada,
nomeadamente ao nível de hotelaria e do turismo em espaço rural (TER). Neste último caso, é
mesmo a região com maior oferta em Portugal.

A capacidade de alojamento da região Norte situa-se maioritariamente nas regiões da linha de


costa, que concentra 66,5% da oferta existente em Empreendimentos Turísticos, onde se inclui
não só alojamento hoteleiro, mas também unidades de TER e Parques de Campismo.
Figura 17 - Distribuição Territorial da Capacidade em Empreendimentos Turísticos na Região Norte [n.º, 2014]

Minho-Lima
13,9%

Cávado Alto Trás-os-Montes


12,4% 9,9%
Ave
6,9%

Nº de Camas / NUTS III


Tâmega até 1 211
Grande Porto 6,8% Douro
de 1 212 a 3 433
40,2% 7,4%
de 3 434 a 4 600
de 4 601 a 6 479
de 6 480 a 18 714
Entre Douro e Vouga
2,6%

Fonte: Turismo de Portugal, 2014

No que concerne à oferta de alojamento, salienta-se que a sub-região do Grande Porto detém
mais de 40% (46.560 camas) da oferta global da região do Norte.

A tipologia de oferta também é distinta nas diferentes sub-regiões, por exemplo, a oferta de
capacidade da hotelaria representa 91% no Grande Porto, 46% no Minho-Lima e 52% no
Tâmega, sendo a restante oferta pertencente ao TER e a parques de campismo.

105
Importa ainda referir que, em 2014, 54% da capacidade em empreendimentos turísticos,
correspondia ao alojamento hoteleiro e outros e os restantes 46% à oferta de TER e parques
de campismo.

Tabela 16 - Estabelecimentos e Capacidade da Região Norte (n.º e %, 2014)

Estabelecimentos Capacidade
(n.º) (%) (Camas/n.º (%)
campistas)
REGIÃO NORTE 1.089 100% 89.195 100%
Total de Empreendimentos Turísticos 837 77% 79.541 89%
(1)
Alojamentos Hoteleiros 303 36% 36.313 46%
(2)
Outros alojamentos 156 19% 6.595 8%
(3)
TER e TH Parques de Campismo 378 45% 36.633 46%
(3)
Alojamento Local 252 23% 9.654 11%
(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos; (2): Inclui Motéis,
Estalagens e Pensões da anterior legislação; (3): Dados de 2013

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2014

No período do QREN 2007-2013, a Região do Norte registou uma aposta significativa no


desenvolvimento da sua oferta turística, nomeadamente ao nível do alojamento qualificado.
Efetivamente entre 2007 e 2014 a Região registou um aumento da sua capacidade de
alojamento em 18%. Mas esse aumento não foi apenas quantitativo, mas também qualitativo.

O alojamento hoteleiro representava, em 2007, uma quota de 60,6% e de 83,3% em 2014,


decorrente, nomeadamente, de investimentos realizados no âmbito do cofinanciamento
comunitário. Esta qualificação da oferta é ainda corroborada pelos 49% da oferta de
capacidade de hotéis de 4* e 5*, no total da oferta de hotéis.

Conforme referido anteriormente, a região oferece um conjunto de recursos turísticos


diversificados e diferenciadores que tem vindo a valorizar, explorando também o potencial de
desenvolvimento de uma variedade relacionada de atividades económicas que encontram no
turismo uma alavanca.

106
Procura Turística

A região Norte registou 5,4 milhões de dormidas, em 2014, no alojamento hoteleiro, no seu
sentido mais lato - estabelecimentos hoteleiros, pousadas, aldeamentos e apartamentos
turísticos e outros alojamentos.

Tabela 17 - Hóspedes e Dormidas na Região Norte (nº e %, 2014)

Hóspedes Dormidas
(milhares) (%) (milhares) (%)
REGIÃO NORTE 3.848 100% 7.737 100%
Total de Empreendimentos Turísticos 3.408 89% 7.031 91%
(1)
Alojamentos Hoteleiros 2.698 79% 4.843 77%
(2)
Outros alojamentos 347 10% 558 8%
(3)
TER e TH Parques de Campismo 363 11% 925 15%
(3)
Alojamento Local 440 11% 706 9%
(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos (2): Inclui
Motéis, Estalagens e Pensões da anterior legislação (3): Dados de 2013

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2014

Circunscrevendo a análise das dormidas ao nível do alojamento hoteleiro, o Norte de Portugal


apresenta uma distribuição muito concentrada nas regiões NUTS III do litoral, com especial
incidência no Grande Porto.
(1)
Figura 18 - Distribuição territorial das dormidas em alojamentos hoteleiros na Região Norte [n.º, 2013]

Minho-Lima
6,0%

Cávado Alto Trás-os-Montes


9,8% 4,8%
Ave
6,0% Nº de dormidas / NUTS III

de 100 000 a 200 000


de 200 001 a 300 000
Tâmega
Douro de 300 001 a 500 000
Grande Porto 3,9%
4,5% de 500 001 a 3 500 000
67,7%

Entre Douro e Vouga


2,2%

(1)
Nota: Inclui Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2013

107
No que respeita à evolução da procura turística, não obstante os efeitos conjunturais da crise
internacional, os resultados demonstram que a região Norte teve um bom desempenho, tendo
alcançado 5,4 milhões de dormidas em estabelecimentos hoteleiros e outros
estabelecimentos. Entre 2007 e 2014 verificou-se uma taxa de crescimento médio anual das
dormidas de 2,6%, significando, mesmo, um crescimento superior à média nacional (2,2%).
Gráfico 22 - Evolução das dormidas da Região Norte por residência habitual [n.º, 2007-2014]

(mil)
6.000

5.000

4.000 48,3%
3.000 58,4%
2.000
51,7%
1.000 41,6%
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Residentes no estrangeiro Residentes em Portugal

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 a 2014

Para além da evolução da procura importa entender como a mesma se comporta ao longo do
ano. A procura para o Norte registou um aumento da sazonalidade, quando se compara 2007
com 2014, apesar de ser melhor que a média do País. Em 2007 o País registou uma
sazonalidade média de 37% (vs 35% no Norte) e em 2014, 39% contra 36% da região.

Gráfico 23 - Distribuição mensal das dormidas na hotelaria na Região Norte [milhares, 2007 e 2014]

36% 2014
2007
35%
754
576

589
584
459

510

502
430

487
387
387

457
375
360

303
281

265

344
339
336
194
211

FEV 254
JAN 243

MAR

MAI

AGO

OUT
NOV
DEZ
JUN
JUL

SET
ABR
MAR

MAI

OUT

DEZ
JAN

JUN

AGO
JUL

SET
FEV

NOV
ABR

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007e 2014

Nos últimos anos a região melhorou o seu posicionamento competitivo, como se demonstra
pela análise da evolução dos principais indicadores turísticos.

108
Gráfico 24 - Posicionamento competitivo da região Norte face à média do país [%, 2007 e 2014]

2007 2014

Taxa Taxa
ocupação- ocupação-
cama (%) cama (%)
80 80
60 60
40 40
sazonalidade RevPar (€) sazonalidade 20 RevPar (€)
20
0 0

Prov. de
quota estr. Prov. de
aposento/tot quota estr. nas
nas dormidas aposento/total
al proveitos dormidas (%)
(%) proveitos (%)
(%)

Norte País

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2014

Para esta análise selecionaram-se alguns rácios, relativos aos estabelecimentos hoteleiros, que
permitem aferir a competitividade da região face à média do país e em dois momentos
distintos, no início e após o QREN 2007-2013.

Da interpretação destes gráficos podemos retirar as seguintes conclusões:

 A região do Norte apresenta uma sazonalidade melhor que a da média do país,


conseguindo mesmo melhorar o gap existente, enquanto em 2007, distava apenas 1,8
p.p. da média do país, em 2014 essa diferença era de 3 p.p..

 O índice dos proveitos de aposento/total de proveitos, mostra que a região apresenta


uma performance acima da média nacional e também com uma evolução positiva.

 A média do RevPAR (Receita por quarto disponível) na região Norte mantém-se


inferior à média nacional, com uma diferença de 8,20€.

 Relativamente às taxas de ocupação, apesar de apresentarem valores inferiores à


média nacional, verifica-se que esse gap é cada vez menor, enquanto em 2007, havia
uma diferença de 8,9 p.p., em 2014 esse valor diminuiu para 4,3 p.p..

 De destacar, ainda a forte internacionalização (medida pelo peso dos residentes no


estrangeiro no total das dormidas). Apesar de este indicador estar abaixo da média
nacional, apresenta um significativo avanço. Efetivamente, enquanto em 2007, a
diferença do indicador das dormidas face à média do país era de 25,8 p.p., passou para
18 p.p. em 2014.

No contexto nacional, os progressos registados nos diferentes indicadores turísticos da região


entre 2007 e 2014 mostram uma melhoria da sua posição relativa.

109
Mercados Turísticos

A propensão para a internacionalização do turismo na região do Norte é notória, porquanto a


quota de mercado do mercado externo passou de 41,6% em 2007 para 51,7% em 2014, mais
de 10 p.p. em apenas sete anos.
Gráfico 25 - Variação das dormidas dos mercados TOP 5 na Região Norte [milhares, 2007 e 2014]

700.000 +18,4%

600.000

500.000
+136,5%
400.000
+172,9%
300.000
+53,6%
200.000 +4,9%

100.000

0
Espanha França Brasil Alemanha Reino Unido
2007 2014

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2014

Neste âmbito, vale a pena salientar a variação registada nos principais mercados
internacionais, com especial destaque para o Brasil que, entre 2007 e 2014, passou de 6º para
3º mercado com maior volume de dormidas na região, representando 5,4% do total de
dormidas da região.

A procura (medida em dormidas na hotelaria) nesta região apresenta-se bastante concentrada,


onde o mercado interno e os cinco principais mercados emissores representam 81% do total
das dormidas da Região Norte. O mercado de proximidade detém 60,3%, considerando 48,3%
do mercado interno e 12,0% do mercado espanhol.
Gráfico 26 - Quota das dormidas dos principais mercados e variação média anual na Região Norte [%, 2007-2014]

20,0% Brasil
5,4%
Taxa de variação média anual

15,0% França
7,9%
Alemanha
2007/2014

10,0%
4,1%
Portugal
Espanha 48,3%
5,0% R. Unido
3,0% 12,0%

0,0%
0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0%

-5,0%
Quota de mercado

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2013

110
Entre 2007 e 2014, os principais mercados apresentaram variações médias anuais positivas, de
destacar os significativos aumentos médios anuais registados pelos mercados do Brasil
(+15,4%) e de França (+13,1%).

2.2. REGIÃO CENTRO

Oferta Turística

A Região Centro apresenta-se como um território diversificado que abrange sub-regiões de


grande riqueza a nível de oferta turística, sendo uma das regiões que concentra mais
património classificado pela UNESCO como património da Humanidade. Paralelamente
apresenta uma oferta de alojamento qualificada, nomeadamente ao nível de hotelaria e do
turismo em espaço rural (TER).

A esmagadora maioria da capacidade de alojamento da região Centro situa-se nas sub-regiões


junto ao litoral, que concentra 83,1% da oferta existente em Empreendimentos Turísticos-
alojamento hoteleiro, TER e Parques de Campismo.
Figura 19 - Distribuição Territorial da Capacidade em Empreendimentos Turísticos na Região Centro [n.º, 2013]

Fonte: Turismo de Portugal, 2014

No que se refere ainda à capacidade e a nível dos alojamentos hoteleiros, esta concentra-se
sobretudo em hotéis (74,5%), sendo que apresenta percentagens bastante díspares entre as
várias sub-regiões – as regiões do Interior detêm apenas 11% do total da capacidade de
alojamento a nível dos hotéis, concentrando-se os restantes nas regiões da linha de costa (INE,
Estatísticas do Turismo, 2014).

A nível de tipos de estabelecimentos turísticos existentes na Região Centro, os


empreendimentos turísticos absorvem 74% da oferta na região, correspondendo os restantes
26% a alojamento local.

111
Tabela 18 - Estabelecimentos e Capacidade na Região Centro (2014)

Estabelecimentos Capacidade
(n.º) (%) (Camas/n.º Campistas) (%)
REGIÃO CENTRO 884 100% 117.580 100%
Total de Empreendimentos Turísticos 657 74% 108.165 92%
(1)
Alojamentos Hoteleiros 301 46% 35.452 33%
(2)
Outros alojamentos 121 18% 5.823 5%
(3)
TER e TH Parques de Campismo 235 36% 66.890 62%
(3)
Alojamento Local 227 26% 9.415 8%
(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos; (2):
Inclui Motéis, Estalagens e Pensões da anterior legislação; (3): Dados de 2013

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2014

Nos últimos anos, a Região Centro registou uma aposta significativa no alojamento qualificado,
reforçando o desenvolvimento da sua oferta turística.

De facto, entre 2007 e 2014 a Região registou um aumento da sua capacidade de alojamento
em 12%, aumento esse que se verificou tanto a nível quantitativo, como a nível qualitativo. O
alojamento hoteleiro representava, em 2007, um peso de 65,6% do total do “alojamento
hoteleiro” com “outros alojamentos”, para vir a atingir 85% em 2014. Este aumento do peso
do alojamento hoteleiro é consequência, designadamente, de investimentos realizados no
âmbito do QREN 2007-2013. De notar ainda que, cerca de metade da capacidade dos hotéis da
região se concentra em hotéis de 3* (48,7%), sendo que cerca de 30% da capacidade é
absorvida por hotéis de 4* e de 5*.

No que diz respeito ainda à oferta turística na Região Centro, de acordo com a CCDR Centro a
região “tem sido considerada o primeiro destino dos portugueses“, e oferece recursos turísticos
diversificados e com grande potencial.

Procura Turística

Do lado da procura, no ano de 2014, a região Centro registou 5,5 milhões de dormidas no total
dos empreendimentos turísticos, representando o alojamento hoteleiro 69%.
Tabela 19 - Hóspedes e dormidas na Região Centro (2014)

Hóspedes Dormidas
(milhares) (%) (milhares) (%)
REGIÃO CENTRO 3.129 100% 6.015 100%
Total de Empreendimentos Turísticos 2.793 89% 5.474 91%
(1)
Alojamentos Hoteleiros 2.099 75% 3.748 68%
(2)
Outros alojamentos 224 8% 390 7%
(3)
TER e TH Parques de Campismo 470 17% 1.336 24%
(3)
Alojamento Local 336 11% 541 9%
(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos; (2):
Inclui Motéis, Estalagens e Pensões da anterior legislação; (3): Dados de 2013
Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2014

112
Em 2014 e considerando apenas a oferta a nível de alojamento hoteleiro, a região Centro
apresentou um valor de 3,7 milhões de dormidas no total, sendo que estas dormidas se
concentram sobretudo nas sub-regiões junto ao litoral que representam 82,5% das dormidas
na região.
(1)
Figura 20 - Distribuição territorial das dormidas em alojamentos hoteleiros na Região Centro [n.º, 2013]

Nota: (1) Inclui Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2013

Entre 2007 e 2014 os efeitos conjunturais decorrentes da crise económica internacional


determinaram a quase estagnação da procura turística, com uma taxa de crescimento médio
anual da Região Centro de 0,1%.

A vocação para a internacionalização do turismo na região Centro é visível, porquanto a quota


do mercado externo passou de 36,2% em 2007 para 42,2% em 2014, cerca de 6 p.p. no
período de sete anos.

113
Gráfico 27 - Evolução das dormidas na Região Centro, por residência habitual [n.º, 2007-2014]

5000

4000

3000
63,8% 57,8%
2000

1000 42,2%
36,2%
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Residentes no estrangeiro Residentes em Portugal

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2014

Considerando os anos de 2007 e 2014, observa-se um ligeiro aumento da sazonalidade da


procura para a região do Centro, com percentagens muito próximas da média do País. Em
2007, a região registou uma sazonalidade média de 37% (média igual para o País) e em 2014,
39,6% contra 39% do País.
Gráfico 28 - Distribuição mensal das dormidas na hotelaria [milhares, 2007 e 2014]

2014
2007 40%
37%

694
585

481
463
387

381
427

358
408

330
382
338
330

320

248

238
224
257

182
239

215

JAN 153
191
163

MAR

MAI
JUN

AGO

OUT
JUL

DEZ
FEV

SET

NOV
ABR
MAR

MAI

OUT
JUN

AGO

DEZ
JUL
JAN
FEV

SET

NOV
ABR

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007e 2014

No sentido de proceder à análise da evolução dos principais indicadores turísticos da região


nos últimos anos, foram selecionados alguns rácios, relativos aos estabelecimentos hoteleiros,
que permitem aferir a competitividade da região face à média do país e em dois momentos
distintos, no início e após o QREN 2007-2013.

114
Gráfico 29 - Posicionamento competitivo da região Centro face à média do país [%, 2007 e 2014]

2007 Taxa 2014


Taxa ocupação-
ocupação- cama (%)
80
cama (%)
80 60
60 40
40 sazonalidade RevPar (€)
20
sazonalidade 20 RevPar (€)
0
0
Prov. de
quota estr.
quota estr. Prov. de aposento/tot
nas
nas dormidas aposento/tota al proveitos
dormidas (%)
(%) l proveitos (%) (%)

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2014

Esta análise permite retirar as seguintes conclusões:

- A região Centro apresenta uma sazonalidade próxima da média do país, registando-se


uma maior sazonalidade em 2014, à semelhança do que se verificou na média do País.

- O índice dos proveitos de aposento/total de proveitos, revela que a região apresenta


valores abaixo à da média nacional, mas com a mesma tendência. De 2007 para 2014,
verificou-se um aumento do peso relativo dos proveitos de aposento face ao total de
proveitos, na região passou de 61% para 68% (+7p.p.) e na média do país +3p.p., de
67% para 70%.

- A média do RevPAR (Receita por quarto disponível) na região Centro aumentou


ligeiramente cerca de 1,00€, mantendo-se com um valor cerca de metade da média
nacional. Em 2014, o país registou 33,00€ e a região do Centro 17,10€.

- No que se refere às taxas de ocupação, a região apresenta valores inferiores à média


nacional, verificando-se que a região acompanha a tendência do decréscimo da taxa
de ocupação média nacional.

- De destacar, ainda um ligeiro aumento na vertente da internacionalização da região


(medida pelo peso dos residentes no estrangeiro no total das dormidas). Embora este
indicador se revele abaixo da média nacional, a região aumentou 5p.p. de 2007 para
2014 (de 36% para 41% de residentes no estrangeiro).

De forma geral, a evolução destes indicadores não apresentou progressos significativos,


mantendo-se a posição relativa da região face ao País. Contudo, destacam-se os indicadores
“internacionalização” e RevPAR onde se verificaram melhorias no período em análise.

Mercados Turísticos

Vista a oferta e a procura procedeu-se à análise dos principais mercados turísticos. O mercado
externo está concentrado em cinco mercados, Espanha, França, Brasil, Alemanha e Itália que
representam 62% da procura externa para a região.

115
Gráfico 30 - Evolução das dormidas dos mercados TOP 5 na Região Centro [n.º, 2014]

600.000
+11,7%
500.000

400.000

300.000
+45,1%
200.000 -38,3%
+139,8% +23,7%
100.000

0
Espanha França Brasil Alemanha Itália

2007 2014

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2014

Destes cinco mercados emissores, a Itália foi o único mercado que viu diminuir a sua quota
entre 2007 e 2014, todos os outros aumentaram a sua procura na região, com especial
destaque para o Brasil que, entre 2007 e 2014, passou da 7ª posição para a 3ª como o
mercado externo com maior volume de dormidas na região.

A procura (medida em dormidas na hotelaria) nesta região evidencia um importante mercado


de proximidade com uma quota de 71% do total, considerando 59% do mercado interno e 12%
do mercado espanhol.

Nos últimos sete anos o mercado interno registou uma variação média anual negativa de 0,1%,
ou seja, apesar de ainda ter uma significativa quota de mercado, mostra uma clara tendência
de diminuição.
Gráfico 31 - Quota das dormidas dos principais mercados e variação média anual na Região Centro [%, 2007-2014]

20,0%
Brasil
15,0% 2,9%
Taxa de variação média anual

10,0% França
2007/2014

5,5% Portugal
58,9%
5,0% Espanha
11,7%
Alemanha
0,0% 2,7%
0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0%
-5,0%
Itália
2,6%
-10,0%
Quota de mercado

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2014

Considerando os principais mercados emissores, ressalta a forte evolução negativa do


mercado italiano de -6,7%, entre 2007 e 2014.

116
Porém, os mercados, alemão (+2,1%), francês (+4,1%) e brasileiro (+12,4%) revelaram
aumentos médios anuais significativos, com destaque para o último caso, que apresentou um
aumento médio anual substancialmente superior aos restantes mercados.

2.3. REGIÃO DE LISBOA

Oferta Turística

A Região Lisboa, dada a sua diversidade, apresenta condições ímpares para ter uma oferta
única. A Região divide-se em duas grandes sub-regiões de grande riqueza a nível de recursos
turísticos: a Grande Lisboa e a Península de Setúbal.

A diversidade da oferta da Região não só gera o potencial necessário para criar uma proposta
de valor mais rica, como também permite desenvolver nichos de mercado alavancados nos
seus principais fatores de identidade. Paralelamente apresenta uma oferta de alojamento
qualificada, sendo que praticamente metade dos estabelecimentos são alojamentos
Hoteleiros.

A capacidade de alojamento da Região de Lisboa é marginal na região da Península de Setúbal


situando-se praticamente todo na sub-região da Grande Lisboa, que concentra 90,58% da
oferta existente em Empreendimentos Turísticos, onde se inclui não só alojamento hoteleiro,
mas também unidades de TER e Parques de Campismo.
Figura 21 - Capacidade em Hotéis, Hotéis- Apartamentos, Pousadas Apartamentos e Aldeamentos Turísticos na
Região de Lisboa [n.º, 2014]

Fonte: Turismo de Portugal, 2014

Relativamente à tipologia da oferta, os hotéis representam 82% da capacidade total de


alojamento hoteleiro e outros alojamentos. É de salientar a qualificação da oferta, onde
aproximadamente 70% da oferta da capacidade de hotéis pertence à categoria de 5* e 4*.

117
Tabela 20 - Estabelecimentos e Capacidade na Região de Lisboa [n.º, 2014]

Estabelecimentos Capacidade

(n.º) (%) (Camas/n.º Campistas) (%)

REGIÃO LISBOA 493 100% 92.690 100%

Total de Empreendimentos Turísticos 392 80% 92.504 97%


(1)
Alojamentos Hoteleiros 251 64% 55.384 60%
(2)
Outros alojamentos 88 24% 4.623 5%
(3)
TER e TH Parques de Campismo 53 14% 32.497 35%
(3)
Alojamento Local 101 20% 3.186 3%

(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos; (2):
Inclui Motéis, Estalagens e Pensões da anterior legislação; (3): Dados de 2013

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2014

No período 2007-2014, a Região de Lisboa registou uma aposta significativa no alojamento


qualificado, tendo a capacidade de alojamento crescido aproximadamente em 21%, aumento
esse que se verificou tanto a nível quantitativo, como a nível qualitativo.

Efetivamente, o alojamento hoteleiro representava, em 2007, 82,4% do total da capacidade


dos empreendimentos turísticos (sem TER nem parques de campismo) e em 2014 já detinha
92,3%. Este aumento do peso do alojamento hoteleiro é consequência, designadamente, de
investimentos realizados no âmbito do QREN 2007-2013.

Conforme já referido a Região de Lisboa oferece um conjunto enorme de recursos turísticos


variados e diferenciadores cujo fator de desenvolvimento assenta numa pluralidade de
atividades económicas que contribuem significativamente para o PIB da região fomentado
pelo crescimento das dormidas.

118
Procura Turística

A região de Lisboa registou, em 2014, cerca de 11 milhões de dormidas no total do alojamento


hoteleiro, que representa 84% da procura em empreendimentos turísticos.
Tabela 21 - Hóspedes e Dormidas na Região de Lisboa [n.º, 2014]

Hóspedes Dormidas

(milhares) (%) (milhares) (%)

REGIÃO LISBOA 5.482 100% 13.935 100%

Total de Empreendimentos Turísticos 5.074 93% 12.944 93%


(1)
Alojamentos Hoteleiros 4.586 90% 10.829 84%
(2)
Outros alojamentos 322 6% 726 6%
(3)
TER, TH e Parques de Campismo 166 3% 1.389 11%
(3)
Alojamento Local 408 7% 991 7%

(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos; (2):
Inclui Motéis, Estalagens e Pensões da anterior legislação; (3): Dados 2013

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2014

De destacar a preferência pelos hotéis que com 10 milhões de dormidas, detém 91% do total
das dormidas em alojamentos hoteleiros. Mas são nos hotéis de 4* e 5* que se concentram
69% da procura por esta tipologia.

Analisando as dormidas dos alojamentos hoteleiros, que representam o maior peso das
dormidas da Região de Lisboa, verifica-se que a sub-região da Grande Lisboa se assume como a
sub-região com vocação turística deste território.
(1)
Figura 22 - Distribuição territorial das dormidas em alojamentos hoteleiros na Região de Lisboa [n.º, 2013]

Grande Lisboa
92,6%

Nº de dormidas / NUTS III

Península de Setúbal
de 500 000 a 2 500 000
7,4%

de 2 500 001 a 9 000 000

(1)
Nota: Inclui Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2013

119
Entre 2007 e 2014 a região de Lisboa apresentou um crescimento médio anual de 4,2% (TCMA
no País de 2,2%), foi a região com maior variação média anual e com um crescimento cerca do
dobro da média nacional, apesar dos decréscimos verificados em 2008 e 2009, anos do início
da crise económica.
Gráfico 32 - Evolução das dormidas da Região de Lisboa, por residência habitual [milhares, 2007-2014]

(mil)
14000
12000
10000 24,1%
8000
29,0%
6000
4000 75,9%
71,0%
2000
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Residentes no estrangeiro Residentes em Portugal

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 a 2014

A evolução das dormidas revela ainda uma tendência para o aumento da procura externa em
detrimento do mercado interno, apesar de esta região apresentar uma quota do mercado
externo (76%) acima da média nacional de 70% em 2014.

Para além da evolução da procura também importa entender como a mesma se comporta ao
longo do ano. Lisboa com uma sazonalidade de 34% é uma das regiões com menor
sazonalidade, mesmo bastante inferior aos 39% do país, mas tem vindo a assistir-se ao seu
agravamento, em concordância com a tendência nacional.
Gráfico 33 - Distribuição mensal das dormidas na hotelaria na Região de Lisboa [milhares, 2007 e 2014]

2007 34% 2014


32%
1.444
1061

1.239

1.227
1.152
1.148
884

1.054
1.028
846

807
806
800

730
655

637

790

759
539

651
459
455

541
523
ABR

OUT
JAN

NOV
JUN

AGO
SET
FEV

MAI

DEZ
JUL
MAR

MAI
MAR

JUN

AGO

OUT
JUL

DEZ
FEV

SET

NOV
JAN

ABR

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2014

Procede-se, seguidamente, a uma breve análise da evolução dos principais indicadores


turísticos para perceber o posicionamento competitivo da região, entre 2007 e 2014.

120
Gráfico 34 - Posicionamento competitivo da região de Lisboa face à média do país [2007 e 2014]

Taxa 2014
2007
Taxa ocupação-
ocupação- cama (%)
cama (%) 80
80 60
60 40
40 sazonalidade RevPar (€)
20
sazonalidade 20 RevPar (€)
0
0
Prov. de
quota estr.
quota estr. Prov. de aposento/tot
nas dormidas
nas dormidas aposento/tota al proveitos
(%)
(%) l proveitos (%) (%)

Lisboa País
Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2014

A análise ao posicionamento da Região de Lisboa face ao país é baseada na seleção de rácios,


relativos aos estabelecimentos hoteleiros, que permitem confrontar a competitividade da
região face à média do país e em dois momentos distintos, no início e depois do período de
programação comunitária 2007-2013.

As principais conclusões desta análise são as seguintes:

- A sazonalidade da Região de Lisboa é inferior à registada na média do país e


acompanha a tendência para aumentar. Enquanto em 2007, distava 4,6p.p. da média
do país, em 2014 essa diferença aumentou relativamente à média do país para 5,2p.p.,
o que demonstra alguma perca de competitividade relativa neste indicador.

- Peso dos residentes no estrangeiro no total das dormidas revela que a região é
bastante competitiva a nível de internacionalização. No ano de 2007, a diferença do
indicador das dormidas face à média do país era superior e de 3,6.p., que aumentou
para 5,9p.p. em 2014.

- O índice dos proveitos de aposento/total de proveitos da região apresentou um


crescimento e com valores superiores à da média nacional, o que demonstra um peso
crescente do core da atividade. Em 2007, apresentava +3,6p.p. da média do país, e em
2014 essa diferença passou para 3,2p.p. Este indicador reflete assim que os proveitos
derivados de alojamento estão a ganhar força em detrimento dos proveitos das
atividades secundárias.

- A análise da receita por quarto disponível (RevPAR) revela uma aumento entre 2007 e
2014, apesar de menos acentuada que a verificada na média do país. Em 2007, o
RevPAR da região era superior à média do país em 17,3€, sendo que em 2014 essa
diferença passou a 24,6€ revelando que a região tem vindo a melhorar a sua
performance face à média do país.

- O índice das taxas de ocupação revela que a região de Lisboa apresenta sempre
valores superiores à média do país. De notar que a diferença para a média nacional
passou de 6,4p.p em 2007, para 8p.p em 2014, o que demonstra a forte
competitividade deste indicador.

121
Resumindo a análise dos indicadores de posicionamento competitivo da região de Lisboa face
ao país entre 2007 e 2013, é de realçar a melhoria da sua posição relativa.

Mercados Turísticos

No que diz respeito aos mercados turísticos, a região de Lisboa continua a direcionar-se para a
internacionalização da sua procura. A quota de mercado externo, reflete essa realidade na
medida em que, mesmo com uma quota de 71% em 2007, continuou a crescer, atingindo uma
quota de 75,9% em 2014, ou seja, um aumento de 4,9p.p.

Há então que perceber quais os principais mercados responsáveis pela internacionalização da


região de Lisboa. O principal mercado emissor é o espanhol, no entanto, e apesar da quebra
registada deste mercado é de referir os expressivos crescimentos de 109,5% de 2007 para
2014, do 2.º mercado (França), assim como do mercado brasileiro (+136,7%), que passou de
5.ª posição para 3.º principal mercado emissor da região.

Gráfico 35 - Evolução das dormidas dos mercados TOP 5 na Região de Lisboa [n.º, 2014]

1.400.000 -12,1%
1.200.000
+109,5%
1.000.000
+136,7%
+46,1%
800.000 +8,4%
600.000

400.000

200.000

0
Espanha França Brasil Alemanha Reino Unido

2007 2014

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2014

Os cinco principais mercados externos representam 51% do mercado emissor para a região,
considerando como medida as dormidas na hotelaria, o que evidencia alguma dispersão de
mercados quando comparado com 63% da média do país.

Importa ainda referir que só o mercado interno tem uma quota de 24,1% seguido do mercado
espanhol com 10,1% de quota e França com uma quota de 8,9%.

122
Gráfico 36 - Quota das dormidas dos principais mercados e variação média anual na Região de Lisboa [%, 2007-
2013]

20,0%
Brasil
Taxa de variação média anual

7,2%
15,0%

França
2007/2014

10,0% Alemanha 8,9%


Portugal
6,8%
24,1%
5,0%
Itália
Espanha
2,6%
0,0% 10,1%

-5,0%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0%
Quota de mercado

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2014

Analisando as variações médias anuais, entre 2007 e 2014, dos mercados em análise verifica-se
que o Brasil e a França registaram crescimentos expressivos de, respetivamente, 13,1%
e11,1%. Espanha foi o único mercado a registar uma variação média anual negativa (-1,8%).

2.4. REGIÃO ALENTEJO

Oferta Turística

O Alentejo tem um património vasto: Alqueva, 160 quilómetros de costa, património edificado
ou património imaterial são alguns exemplos. A oferta ou capacidade de alojamento é dispersa
por toda a região do Alentejo, sendo de referir que as sub-regiões do Alentejo Litoral e do
Alentejo Central representam 64% da oferta existente.

Ainda ao nível da oferta de alojamento é de destacar que só a sub-região do Alentejo litoral


detém mais de 40% do total da oferta global da região.

123
Gráfico 37 - Distribuição Territorial da Capacidade em Empreendimentos Turísticos na Região do Alentejo [n.º,
2013]

Fonte: Turismo de Portugal, 2014

Relativamente à tipologia da oferta a mesma distribui-se uniformemente pelas várias sub-


regiões do Alentejo. De um modo geral, cerca de 57% da oferta são hotéis, contudo a sub-
região do Alentejo Litoral diversifica mais na tipologia de estabelecimentos do que as restantes
sub-regiões, representado os hotéis apenas 15% dos estabelecimentos.

Em 2014, é ainda de destacar que 60% da oferta de empreendimentos turísticos são TER e
parques de campismo, o alojamento hoteleiro representa apenas 30% da capacidade do total
dos empreendimentos turísticos.
Tabela 22 - Estabelecimentos e Capacidade na Região do Alentejo [n.º e %, 2014]

Estabelecimentos Capacidade

(n.º) (%) (Camas/n.º Campistas) (%)

REGIÃO ALENTEJO 471 100% 45.284 100%

Total de Empreendimentos Turísticos 370 79% 42.098 93%


(1)
Alojamentos Hoteleiros 112 30% 11.509 27%
(2)
Outros alojamentos 38 10% 1.538 4%
(3)
TER e TH Parques de Campismo 220 60% 29.051 69%
(3)
Alojamento Local 101 21% 3.186 7%

(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos; (2):
Inclui Motéis, Estalagens e Pensões da anterior legislação; (3): Dados de 2013

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2014

124
Entre 2007 e 2014 registou-se um aumento da capacidade de alojamento de 31,5%, o que
demonstra uma forte aposta da região do Alentejo no investimento da sua oferta turística.

Mas mais que o aumento quantitativo, assistiu-se a uma evolução a nível qualitativo, tendo-se
verificado um crescimento de 92% no alojamento hoteleiro, o que revela uma significativa
aposta na reconversão dos empreendimentos. É de salientar que no total da oferta de hotéis
68% pertencem às categorias de 3* e 4*.

O Alentejo é uma região com enormes recursos turísticos variados e diferenciadores,


nomeadamente, ao nível do património edificado, natural e histórico, bem como, o património
imaterial com valor turístico.

Procura Turística

A região alentejana registou 2,4 milhões de dormidas no total dos empreendimentos


turísticos, em 2014, representando o alojamento hoteleiro 51%.
Tabela 23 - Hóspedes e Dormidas na Região do Alentejo [milhares e %, 2014]

Hóspedes Dormidas

(milhares) (%) (milhares) (%)

REGIÃO ALENTEJO 1.223 100% 2.574 100%

Total de Empreendimentos Turísticos 1.113 91% 2.383 93%


(1)
Alojamentos Hoteleiros 683 61% 1.210 51%
(2)
Outros alojamentos 48 4% 96 4%
(3)
TER e TH Parques de Campismo 382 34% 1078 46%
(3)
Alojamento Local 110 9% 191 7%

(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos; (2):
Inclui Motéis, Estalagens e Pensões da anterior legislação; (3): Dados de 2013

Analisando as dormidas dos alojamentos hoteleiros, que representam o maior peso das
dormidas da região, registou-se em 2014 um valor de 1,2 milhões de dormidas. A sua
distribuição pelo território é dispersa, sendo a maior concentração nas regiões NUTS III do
Alentejo Central e Alentejo Litoral.

125
Figura 23 - Distribuição territorial das dormidas em alojamentos hoteleiros(1) na Região do Alentejo [n.º, 2013]

(1)
Nota: Inclui Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2013

Observando o gráfico abaixo, constata-se que a evolução das dormidas apresentou um


crescimento médio anual, entre 2007 e 2014, de apenas 1,7%. No entanto, assistiu-se a um
significativo aumento do mercado externo, que atingiu em 2014, cerca de 35% das dormidas, o
que correspondeu a uma variação média anual de 7,1%.
Gráfico 38 - Evolução das dormidas da Região do Alentejo, por residência habitual [milhares, 2007-2011]

(mil)
1400
1200
1000
800 65,4%
75,8%
600
400
200 34,6%
24,2%
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Residentes no estrangeiro Residentes em Portugal

Fonte: INE, Estatísticas de turismo, 2007 a 2014

Paralelamente à evolução da procura importa perceber como a mesma se comporta ao longo


do ano. A procura para o Alentejo, verificou um aumento significativo da sua sazonalidade

126
entre 2007 e 2014. Considerando que em 2007 o País registou uma sazonalidade média de
37% e de 39% em 2014, verifica-se que o Alentejo acompanha a tendência de aumento
nacional.
Gráfico 39 - Distribuição mensal das dormidas na hotelaria [milhares, 2007 e 2014]

2007 2014
40,6%
35,25%

235
165
113

150
109

146
99

96

121
120

116
89

89

106
79

77
69
61

84
52

69
65
51
44
ABR

JUN
JAN

AGO

OUT
SET

DEZ
FEV

JUL

NOV
MAR

MAI

MAR

MAI

OUT
JUL

DEZ
JUN

AGO
JAN
FEV

SET

NOV
ABR
Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007e 2014

Para perceber o posicionamento competitivo da região, entre 2007 e 2014, fez-se a análise da
evolução dos principais indicadores turísticos.
Gráfico 40 - Posicionamento competitivo da região do Alentejo face à média do país em 2007 e 2014

Taxa 2014
Taxa
2007
ocupação-
ocupação- cama (%)
cama (%) 80
80 60
60 40
40 sazonalidade RevPar (€)
sazonalida 20
RevPar (€)
de 20 0
0
Prov. de
quota estr. Prov. de quota estr.
aposento/tot
nas aposento/t nas
al proveitos
dormidas otal dormidas (%)
(%)
(%) proveitos…

Alentejo País
Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2014

A análise baseia-se na seleção de rácios, relativos aos estabelecimentos hoteleiros, que


permitem confrontar a competitividade da região face à média do país e em dois momentos
distintos, no início e no fim do período de programação comunitária 2007-2013.

Nesta análise as principais conclusões são:

- A região do Alentejo acentuou a sazonalidade. Enquanto em 2007, distava 1,5p.p. da


média do país, em 2014 essa diferença superou a média do país em 1,1p.p.

- Analisando o peso dos residentes no estrangeiro no total das dormidas, o indicador –


quota de estrangeiros nas dormidas - revela que a região está a tornar-se mais

127
competitiva a nível de internacionalização. No ano de 2007, a diferença do indicador
face à média do país era de 43,2p.p., mas o mesmo passou para 36,2p.p. em 2014.

- O índice dos proveitos de aposento/total de proveitos, aponta para uma evolução


positiva da região e que a se próxima da média nacional. Em 2007, distava 3,6p.p. da
média do país, já em 2014 essa diferença passou a 2,5p.p. Este indicador reflete assim
que os proveitos de alojamento aumentaram em detrimento dos proveitos das
atividades secundárias.

- Quando se analisa a receita por quarto disponível (RevPAR), o indicador revela uma
quebra mais acentuada que a queda da média do país Em 2007, a diferença para a
média do país era de 8,5€ sendo que em 2014 essa diferença passou a 11,3€.

- O Índice das taxas de ocupação, revela que a região manteve a sua posição a nível de
competitividade, apresentado em relação à média nacional uma diferença de 15.p.p..

Resumindo a análise dos indicadores de posicionamento competitivo da região face ao país


entre 2007 e 2014, é de realçar uma ligeira melhoria da sua posição relativa, nomeadamente,
na internacionalização da região e no índice dos proveitos de aposentos no total de proveitos.

Mercados Turísticos

A orientação para a internacionalização do turismo na região do Alentejo é evidente quando


olhamos para quota de mercado do mercado externo e verificamos que aumentou de 24,2%
em 2007 para 34,6% em 2014, cerca de 10,4 p.p.

Importa então identificar quais os principais mercados emissores e como contribuíram para a
internacionalização da região. É de referir que o Brasil é o mercado que mais se evidencia,
apesar de em 2014 ser o 3º mercado com maior volume de dormidas na região, foi o mercado
que mais cresceu, registando uma variação positiva das dormidas de 268,6%.
Gráfico 41 - Evolução das dormidas dos mercados TOP 5 de 2014

120.000
+37,6%
100.000
+179%
80.000

60.000
+268,6%
40.000 +13,8% +42,2%

20.000

0
Espanha França Brasil Alemanha Reino Unido

2007 2014

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2014

128
Considerando como medida as dormidas na hotelaria, é de referir que os cinco principais
mercados emissores conjuntamente com o mercado interno concentram aproximadamente
86,8% do total das dormidas da Região do Alentejo. A maior quota de mercado da região
pertence ao mercado interno com 66,2%.

Gráfico 42 - Quota das dormidas dos principais mercados e variação média anual [2007-2014]

Brasil
25,0%
3,1%
Taxa de variação média anual

20,0%

15,0% França
2007/2014

5,9%

10,0% R. Unido
2,3% Portugal
Espanha 66,2%
5,0% 7.3%

0,0% Alemanha
2,5%
-5,0%
0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0%
Quota de mercado

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2014

Analisando para o período de 2007 a 2014 as variações dos diversos mercados e como as suas
quotas evoluíram importa salientar o mercado do Brasil que se destaca com uma variação
positiva de +20,5% seguido do mercado de França que apresenta um aumento de +15,8%. O
mercado interno foi o que menos cresceu, com uma variação média anual de apenas +0,5%.

2.5. REGIÃO ALGARVE

Oferta Turística

A Região do Algarve é um território de morfologias muito diversas que se agrupa numa só NUT
III, por isso mesmo procede-se à análise do diagnóstico por concelhos. É uma região de grande
riqueza no que se refere à oferta turística, sobretudo a nível paisagístico, sendo a região que
mais praias concentra.

No que diz respeito à oferta de unidades de alojamento, esta carateriza-se por um alojamento
qualificado, comprovado pelo facto de 57% dos hotéis se incluírem nas categorias de 4* e 5*.
Por outro lado, é a região que apresenta menos oferta a nível de turismo em espaço rural
(TER), logo a seguir à Região de Lisboa.

A esmagadora maioria da capacidade de alojamento da região do Algarve situa-se nas regiões


junto ao litoral centro, que concentra 83% da oferta existente em Empreendimentos
Turísticos, onde se inclui alojamento hoteleiro, unidades de TER e Parques de Campismo.

129
Figura 24 - Distribuição Territorial da Capacidade em Empreendimentos Turísticos

Alcoutim

Monchique
0,6% Castro Marim
Aljezur 0,7%
0,2% Silves
2,9%
Loulé São Brás Tavira Vila Real
Portimão 17,5% 4,1% Vila Real de
de de
12,9% Santo António
Lagos Alportel Santo António
8,0% Lagoa 4,8%
Albufeira
Vila do Bispo 7,9% 36,7%
1,8% Olhão
0,6%
Faro
1,5%

Nº de Camas / Concelhos do Algarve

0 - 2 013
2 014 - 5 512
5 513 - 9 096
9 097 - 19 893
19 894 - 41 792

Fonte: Turismo de Portugal, 2014

Relativamente à capacidade a nível dos estabelecimentos hoteleiros, 82,9% da oferta


encontra-se concentrada em cinco concelhos: Albufeira, Loulé, Portimão, Lagoa e Lagos. De
frisar ainda que, dentro da categoria dos estabelecimentos hoteleiros, 53,3% da capacidade
total da região é absorvida por apartamentos turísticos e hotéis-apartamentos. A esmagadora
maioria do número de camas na região (95,6%) pertence aos alojamentos hoteleiros.

No que respeita às tipologias de unidades hoteleiras da Região do Algarve, os


empreendimentos turísticos concentram 78 % da oferta na região, correspondendo os
restantes 22% a alojamento local.
Tabela 24 - Estabelecimentos e Capacidade (2014)

Estabelecimentos Capacidade
(n.º) (%) (Camas/n.º Campistas) (%)
REGIÃO ALGARVE 631 100% 148.188 100%
Total de Empreendimentos Turísticos 495 78% 141.999 96%
(1)
Alojamentos Hoteleiros 379 77% 110.979 78%
(2)
Outros alojamentos 57 12% 2.730 2%
(3)
TER e TH Parques de Campismo 59 12% 28.290 20%
(3)
Alojamento Local 136 22% 6.189 4%
(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos; (2):
Inclui Motéis, Estalagens e Pensões da anterior legislação; (3): Dados 2013

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2014

130
Entre 2007 e 2014, a Região apresentou um aumento da sua capacidade de alojamento de
cerca de 18%. A qualificação da oferta do alojamento hoteleiro da região reflete-se na elevada
percentagem (78,5%) de hotéis de 4* e 5* existentes, no total da oferta de hotéis.

A região tem como ativos de base os relacionados com o produto de Sol e Mar que se tem
vindo a apresentar de forma multissegmentada. O destaque para o ordenamento e a
valorização dos recursos naturais serão determinantes para o desenvolvimento da oferta
turística da região.

Procura Turística

Analisados os dados da procura turística verifica-se que, em 2014, o Algarve registou 16,4
milhões de dormidas nos “alojamentos hoteleiros” e “outros alojamentos”, o que corresponde
a 98% do total de dormidas nos empreendimentos turísticos.

Tabela 25 - Hóspedes e Dormidas (2014)

Hóspedes Dormidas
(milhares) (%) (milhares) (%)
REGIÃO ALGARVE 4.067 100% 18.463 100%
Total de Empreendimentos Turísticos 3.914 96% 17.886 97%
(1)
Alojamentos Hoteleiros 3.523 90% 16.120 90%
(2)
Outros alojamentos 82 2% 272 8%
(3)
TER e TH Parques de Campismo 309 8% 1.494 8%
(3)
Alojamento Local 153 4% 577 3%
(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos; (2):
Inclui Motéis, Estalagens e Pensões da anterior legislação; (3): Inclui Motéis, Estalagens e Pensões da anterior
legislação.

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2014

Considerando apenas a oferta de alojamento hoteleiro, no ano de 2014 a região do Algarve


apresentou um valor de 16,1 milhões de dormidas no total, sendo que estas dormidas se
concentram sobretudo em quatro concelhos junto ao litoral centro (Albufeira, Lagoa, Loulé e
Portimão) que representam 77,6% das dormidas na região

131
(1)
Figura 25 - Distribuição territorial das dormidas em alojamentos hoteleiros

Alcoutim

Monchique
Castro Marim
Aljezur 0,2%
0,7%
Silves
1,7%
Loulé Tavira Vila Real
Portimão 14,2% São Brás 3,8%
de Vila Real de
Lagos 12,1% de
Alportel Santo António
5,3% Lagoa Santo António
Albufeira
Vila do Bispo 8,0% 43,3% 6,6%
1,5%
Olhão
Faro 0,6%
1,9%

Nº de dormidas / Concelhos do Algarve

0 – 83 643
83 644 – 255 466
255 467 - 788 062
788 063 – 2 087 391
2 087 392 – 6 377 959

(1)
Nota: Inclui Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2013

Quanto à evolução da procura turística e face aos efeitos económicos da crise internacional, os
resultados indicam que a região do Algarve registou um decréscimo das dormidas entre os
anos de 2007 e 2009, sendo que a partir de 2010 se assinalou uma tendência positiva do
crescimento.
Gráfico 43 - Evolução das dormidas do Algarve, por residência habitual

(mil)
18000
16000
14000 24,6%
22,8%
12000
10000
8000
6000 77,2% 75,4%
4000
2000
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Residentes no estrangeiro Residentes em Portugal

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 a 2014

Entre 2007 e 2014, as dormidas registaram um crescimento médio anual de apenas 1,6%, com
o mercado emissor a crescer a uma média de 1,2%, contra +2,7% do mercado interno, o que se
traduziu num aumento da quota do mercado interno.

132
Gráfico 44 - Distribuição mensal das dormidas na hotelaria (milhares)

2007 46% 2014


43%

2.982
2439

2.461
2115

1742

2.066
1.983
1628
1341

1.538

1.474
1186
1173

1.310
909
642

563

749
492

475

548

507

398
377
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2014

Tendo em conta os anos de 2007 e 2014, registou-se um aumento da sazonalidade da procura


para o Algarve, com percentagens superiores às da média do País (39%). Em 2007, o Algarve
registou uma sazonalidade média de 43% e em 2014, aumentou 3 p.p..

Ao proceder à análise da evolução dos principais indicadores turísticos, podemos concluir que
a região manteve o seu posicionamento competitivo nos últimos anos.

Gráfico 45 - Posicionamento competitivo da região do Algarve face à média do país em 2007 e 2014

2007 2014
Taxa Taxa
ocupação- ocupação-
cama (%) cama (%)
80 80
60 60
40 40
sazonalidade RevPar (€) sazonalidade RevPar (€)
20 20
0 0

Prov. de Prov. de
quota estr. nas quota estr. nas
aposento/total aposento/total
dormidas (%) dormidas (%)
proveitos (%) proveitos (%)

Algarve País

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2014

133
A fim de apurar a competitividade da região face à média do país, no início e após o período do
QREN 2007-2013, foram selecionados rácios, relativos aos estabelecimentos hoteleiros, cuja
análise permite retirar as seguintes conclusões:

- A região do Algarve apresenta uma sazonalidade superior à da média do país,


registando-se um aumento da sazonalidade da região entre 2007 e 2014 que,
tendencialmente se afasta da média do País. Em 2014, a região apresentou uma
sazonalidade superior à média do país em cerca de 7 p.p., sendo que em 2007 essa
diferença era de 6 p.p.

- O índice dos proveitos de aposento/total de proveitos indica que a região


apresenta uma performance acima da média nacional, sendo que entre 2007 e 2014
assistiu-se a um crescimento de 2 p.p. (de 69% para 71%), acompanhando a
tendência nacional que cresceu 4 p.p., mas a um ritmo inferior.

- A média do RevPAR (Receita por quarto disponível) na região do Algarve aumentou


significativamente (+ 5,00€), verificando-se que entre 2007 e 2014 a Região
conseguiu ultrapassar a média nacional, passando de -0,20€ em 2007 para +5€,
comparativamente ao valor médio do RevPAR a nível nacional.

- Quanto às taxas de ocupação, a região apresenta valores próximos dos da média


nacional, verificando-se que a região se tem distanciado positivamente da média
nacional, com +0,3 p.p. em 2007 e +0,6 p.p. em 2014, relativamente à taxa média de
ocupação do País.

- De referir, ainda, um ténue decréscimo na quota de dormidas de residentes no


estrangeiro, na ordem dos 0,2 p.p. entre 2007 e 2014. Ainda assim, apesar da
diminuição deste indicador, o Algarve é a região do País que apresenta melhores
resultados na vertente da internacionalização do destino, representando os turistas
estrangeiros 75% do peso das dormidas totais na região.

De modo geral, a evolução destes indicadores não apresentou progressos significativos,


mantendo-se assim a posição relativa da região face ao País.

Mercados Turísticos

A vocação para a internacionalização do turismo na região do Algarve é bastante evidente,


apesar de se ter registado uma pequena diminuição da quota do mercado externo (de 77% em
2007 para 75% em 2014), registando-se um ténue aumento da quota de mercado interno, em
cerca de 2 p.p. no período de sete anos.

Circunscrevendo-nos à análise da variação dos principais mercados internacionais, é de referir


que as variações registadas nos vários mercados não são significativas. Verificou-se uma taxa
de variação negativa no mercado inglês, mas em contrapartida os mercados, espanhol e
irlandês apresentaram significativos crescimentos. Apesar das variações registadas entre 2007
e 2014, a posição relativa dos mercados mantém-se inalterada.

134
Gráfico 46 - Evolução das dormidas dos mercados TOP 5 de 2014

6.000.000 -1,5%
5.000.000
4.000.000
3.000.000
2.000.000 +4,0% 8,6%
+17,3% +23,7%
1.000.000
0
Reino Unido Alemanha Holanda Irlanda Espanha
2007 2014

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2014

A procura (medida em dormidas na hotelaria) nesta região apresenta-se algo dispersa,


comparativamente a outras regiões, onde o mercado interno e os cinco principais mercados
emissores representam 86% do total das dormidas da Região do Algarve. De referir que cerca
de 56% das dormidas da região se concentra nos mercados inglês e português.

Gráfico 47 - Quota das dormidas dos principais mercados e variação média anual 2007-2014

10,0%
Taxa de variação média anual

Portugal
24,6%
5,0%
Espanha Holanda R. Unido
2007/2014

5,4% 8,3% 32,4%

Irlanda
0,0% Alemanha
5,9%
9,7%

-5,0%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0%
Quota de mercado

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2014

Entre 2007 e 2014, apenas o mercado britânico apresentou uma variação média anual
negativa, de -0,2%, continuando ainda assim a ser o mercado com maior quota na região do
Algarve.

135
2.6. REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES

Oferta Turística

O arquipélago dos Açores é constituído por três grupos que totalizam nove ilhas: Flores e
Corvo (Grupo Ocidental); Faial, Pico, São Jorge, Graciosa e Terceira (Grupo Central); São Miguel
e Santa Maria (Grupo Oriental).

Trata-se de uma região que aposta claramente nas atividades turísticas relacionadas com a
natureza, tendo em conta o vasto património natural, destacando-se como destino
sustentável.
(1)
Figura 26 - Distribuição Territorial da Capacidade em alojamentos hoteleiros , por ilhas

Ilha do Corvo

Corvo Ilha Graciosa


Ilha das Flores 2,1%
2,3%
Santa Cruz das
Flores Santa Cruz da
Graciosa
Ilha de São Jorge
Ilha Terceira
Ilha do Faial Velas 20,3%
7,4% Praia da Vitória
Lajes Calheta de São
das Jorge
Flores Ilha do Pico
Horta 3,9%
São Roque do Pico

Angra do Heroísmo
Madalena

Lajes do Pico Ilha de São Miguel


55,6%
Nordeste
Ribeira Grande
Nº de camas / Concelhos dos Açores

de 0 a 200 Ponta Delgada


de 201 a 350
Povoação
de 351 a 650 Lagoa
de 651 a 4 000 Vila Franca do Ilha de Santa Maria
Campo 4,1%

Vila do Porto

Nota: (1) Inclui Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos

Fonte: INE, Estatísticas do turismo, 2013

A capacidade de alojamento em empreendimentos turísticos, que inclui alojamento hoteleiro,


unidades de TER e Parques de Campismo, centra-se sobretudo em duas das nove ilhas – Ilha
de São Miguel e Ilha Terceira – que absorvem 75,9% da capacidade total da Região. A restante
capacidade encontra-se dispersa pelas demais ilhas (à exceção das Ilhas de São Jorge e do
Corvo, que não dispõem de informação relativa à capacidade de alojamento).

Ainda no que se refere à capacidade de alojamento da região, é de frisar que 44,5% da oferta
existente se concentra em Ponta Delgada, capital da região.

136
Os hotéis representam 90% da capacidade existente em alojamentos hoteleiros e concentram-
se nas Ilhas de São Miguel e Terceira.

Tabela 26 - Estabelecimentos e Capacidade (2014)

Estabelecimentos Capacidade
(n.º) (%) (Camas/n.º Campistas) (%)
REGIÃO DOS AÇORES 184 100% 10.307 100%
Total de Empreendimentos Turísticos 168 91,% 9.682 94%
(1)
Alojamentos Hoteleiros 82 49% 8.816 91%
(2)
Outros alojamentos _ _ _ _
(3)
TER e TH Parques de Campismo 86 51% 866 9%
(3)
Alojamento Local 16 9% 625 6%
(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos; (2):
Inclui Motéis, Estalagens e Pensões da anterior legislação; (3): Dados 2013

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2014

No que concerne à evolução da capacidade dos empreendimentos turísticos da região,


considerando o período 2007-2014, observou-se um aumento de 5% na oferta do alojamento
hoteleiro, onde a tipologia de hotéis registou o significativo crescimento de 26%.

Assistiu-se a uma preocupação de qualificação da oferta do alojamento hoteleiro da região,


refletido no significativo peso de hotéis de 4* e 5* (64,3% ), no total da oferta de hotéis.

A Região Autónoma dos Açores, no conjunto das suas nove ilhas, apresenta um vastíssimo
património natural, cuja riqueza ambiental representa um potencial inquestionável para o
Turismo, apresentando maior ou menor densidade em cada uma das nove ilhas. O património
cultural é também marcante em todo o arquipélago, com destaque para o classificado como
património mundial em algumas das ilhas.

Procura Turística

A procura turística em 2014, na R. A. dos Açores cifrou-se em 1.064 mil dormidas no total do
“alojamentos hoteleiros” e “outros alojamentos”, sendo que o “alojamento hoteleiro”
representa 90% das dormidas em empreendimentos turísticos e 92% dos hóspedes.

137
Tabela 27 - Hóspedes e Dormidas (2014)

Hóspedes Dormidas
(milhares) (%) (milhares) (%)
REGIÃO DOS AÇORES 379 100% 1.167 100%
Total de Empreendimentos Turísticos 357 94% 1.113 95%
(1)
Alojamentos Hoteleiros 329 92% 997 90%
(2)
Outros alojamentos 17 5% 67 6%
(3)
TER , TH e Parques de Campismo 12 3% 49 4%
(3)
Alojamento Local 22 6% 54 5%
(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos; (2):
Inclui Motéis, Estalagens e Pensões da anterior legislação; (3): Dados 2013

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2014

Considerando apenas as dormidas em alojamento hoteleiro, verifica-se uma concentração de


69,3% em dois concelhos da região, Ponta Delgada (Ilha de São Miguel) e Angra do Heroísmo
(Ilha Terceira).

(1)
Figura 27 - Distribuição Territorial das Dormidas em alojamentos hoteleiros , por ilhas [nº e %, 2013]

Ilha do Corvo

Corvo
Ilha Graciosa
Ilha das Flores 1,0%
1,2%
Santa Cruz das Santa Cruz da
Flores Graciosa
Ilha de São Jorge
Ilha Terceira
Ilha do Faial Velas 13,9%
7,3% Calheta de São
Lajes Praia da Vitória
das Jorge
Flores Ilha do Pico
3,1%
Horta
São Roque do Pico

Angra do Heroísmo

Madalena

Lajes do Pico Ilha de São Miguel


68,7%
Nordeste
Ribeira Grande
Nº de dormidas / Concelhos dos Açores

de 0 a 15 000
Ponta Delgada
de 15 001 a 32 500
Povoação
de 32 501 a 100 000 Lagoa
Vila Franca do
de 100 001 a 625 000 Campo Ilha de Santa Maria
2,0%

Vila do Porto

Nota:(1) Inclui Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos

Fonte: INE, Estatísticas do turismo, 2013

138
No que concerne à evolução da procura turística e face aos efeitos económicos da crise
internacional, os resultados indicam que a região dos Açores registou um decréscimo de 1,5%
na variação média anual das dormidas entre os anos de 2007 e 2014. Apesar desse
decréscimo, neste período, é de destacar o aumento da quota do mercado externo em 13 p.p.,
passando de 55%, em 2007 para 63%, em 2014.

Gráfico 48 - Evolução das dormidas da R. A. dos Açores, por residência habitual [milhares, 2007-2013]

(mil)
TCMA = -1,5%
1400
1200
1000
45,4% 37,4%
800
600
400
54,6% 62,6%
200
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Residentes no estrangeiro Residentes em Portugal

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 a 2014

Considerando os anos de 2007 e 2014, registou-se um aumento da sazonalidade da procura


para a R. A. dos Açores, com percentagens superiores às da média do País. Em 2007, a região
apresentou uma sazonalidade média de 41% que aumentou 4 p.p. em 2014.

Gráfico 49 - Distribuição mensal das dormidas na hotelaria (milhares)

45% 2014
41%
2007
190

185
159

161
132
129
115

130
106

123
99
75

99

88
56

82
46
46

32

51

50
34
33
JAN 26
ABR
JAN

AGO

OUT

DEZ
NOV
FEV

JUN
JUL

SET
MAI
MAR

MAR

MAI

AGO

OUT

DEZ
JUN
JUL
FEV

SET

NOV
ABR

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2014

139
Gráfico 50 - Posicionamento competitivo da região face à média do país [%, 2007 e 2014]

2007 2014
Taxa Taxa
ocupação- ocupação-
cama (%) cama (%)
80 80
60 60
40 40
sazonalidade 20 RevPar (€) sazonalidade 20 RevPar (€)
0 0

Prov. de Prov. de
quota estr. quota estr.
aposento/tot aposento/tot
nas dormidas nas
al proveitos al proveitos
(%) dormidas (%)
(%) (%)

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2014

Com o objetivo de aferir a competitividade da região face à média do país, no início e depois
do período do QREN 2007-2013, foram selecionados alguns rácios relativos aos
estabelecimentos hoteleiros, sobre os quais se procedeu a uma análise permitindo retirar as
seguintes conclusões:

 A R. A. dos Açores apresenta uma sazonalidade superior à da média do país,


registando-se um aumento da sazonalidade da região entre 2007 e 2014 que,
tendencialmente se afasta da média do País. Entre 2007 a região tinha uma
sazonalidade superior à da média do país em 4 p.p. e em 2014 essa diferença
aumentou para 6 p.p.
 O índice dos proveitos de aposento/total de proveitos, indica que a região apresenta
uma performance ligeiramente acima da média nacional, sendo que entre 2007 e 2014
segue a tendência de crescimento da média nacional.
 O RevPAR (Receita por quarto disponível) da região açoriana diminuiu
significativamente (cerca de 4,00€), verificando-se assim, entre 2007 e 2014, uma
tendência contrária à da média nacional que aumentou cerca de 3,00€.
 Relativamente às taxas de ocupação, a região apresenta valores inferiores à média
nacional, verificando-se que a região se tem aproximado positivamente da média
nacional, com -9,5 p.p. em 2007 e -8 p.p. em 2014, relativamente à taxa média de
ocupação do País.
 De destacar, ainda um aumento significativo na quota de estrangeiros nas dormidas
(medida pelo peso dos residentes no estrangeiro no total das dormidas), na ordem dos
8 p.p. entre 2007 e 2014. Assim, apesar de registar uma quota de estrangeiros nas
dormidas inferior à média do País, os Açores têm vindo a diminuir esta diferença de
forma positiva, revelando uma clara aposta na internacionalização do destino, já que
em 2007, a diferença do indicador das dormidas face à média do país era de 12,8 p.p.,
passando para 7.p.p. em 2014.

De modo geral, a evolução destes indicadores revela que a Região Autónoma dos Açores
apresentou progressos significativos nalguns indicadores (índice dos proveitos de
aposento/total de proveitos, taxas de ocupação e quota de estrangeiros nas dormidas), tendo
perdido competitividade, nomeadamente, na sazonalidade e no RevPAR, o que significa que a
Região manteve assim a sua posição relativa face ao País.

140
Mercados Turísticos

A propensão para a internacionalização do turismo na região dos Açores é visível, tendo-se


registado um aumento de 10,0 p.p. na quota do mercado externo (de 54,6% em 2007 e de
62,6% em 2014) no período de sete anos.
Gráfico 51 - Evolução das dormidas dos mercados TOP 5 de 2014

350.000

300.000

250.000

200.000 155%
150.000
-69,2%
100.000 +151,9% +55,6% +57%
50.000

0
Alemanha Escandinávia Espanha Holanda EUA

2007 2014

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2014

Neste contexto, considera-se pertinente proceder à análise da variação dos principais


mercados internacionais, sendo de referir que as variações registadas nos vários mercados são
bastante significativas. Destaca-se o mercado alemão que, entre 2007 e 2014 cresceu mais do
dobro (155%), seguindo-se o mercado espanhol que mais que duplicou (+151,9%) as suas
dormidas na região.

Com um aumento não tão significativo como os anteriores, mas ainda assim notável,
evidencia-se o aumento do mercado holandês (+55,6%) e norte-americano (+57%), sendo que
o único mercado dos TOP 5 que apresentou uma evolução negativa foi o mercado da Península
da Escandinávia que, entre 2007 e 2014, registou um decréscimo de 69,2%. O comportamento
negativo deste mercado poderá justificar-se com a extinção dos voos diretos na rota Península
da Escandinávia – R.A. dos Açores.

A procura (medida em dormidas na hotelaria) nesta região evidencia uma certa concentração
dos principais mercados emissores. Contudo, logo a seguir à Região de Lisboa, esta é a região
que apresenta maior diversificação de mercados, na medida em que o mercado interno e os
cinco principais mercados emissores representam 70,2% das dormidas da R.A. dos Açores.

141
Gráfico 52 - Quota das dormidas dos principais mercados e variação média anual (%, 2007-2014)

20,0% Espanha
7,2%
Taxa de variação média anual 2007/2014 15,0%
EUA Alemanha
10,0% 5,2% 15,2%

5,0% Holanda Portugal


6,2% 37,4%
0,0%

-5,0%

-10,0%
Escandinávia
-15,0% 9,6%

-20,0%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0% 45,0%
Quota de mercado

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2014

Entre 2007 e 2014, os mercados, da Escandinávia e português apresentaram variações médias


anuais negativas de, respetivamente –11,5% e -4,2%. Por outro lado, os mercados, alemão
(+14,3%), espanhol (+14,1%), holandês (+6,5%) e norte-americano (+6,7%) registaram
aumentos médios anuais positivos.

2.7. REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA

Oferta Turística

O turismo é a principal atividade económica da Região Autónoma da Madeira (RAM), sendo


considerado um vetor estratégico para o desenvolvimento económico do arquipélago.
Representa a terceira maior região turística do país e, aliado ao clima ameno durante todo o
ano, oferece um alojamento muito qualificado a par de um vasto conjunto de recursos
turísticos naturais e culturais.

A capacidade de alojamento em empreendimentos turísticos, que inclui alojamento hoteleiro,


unidades de TER e Parques de Campismo, centra-se sobretudo em dois concelhos – Funchal e
Santa Cruz – que absorvem 76,5% da capacidade total da Região. A restante capacidade
encontra-se dispersa pelos demais concelhos, destacando-se o concelho de Porto Santo que,
apesar de não apresentar uma capacidade tão expressiva como os concelhos referidos,
absorve cerca de 8% da capacidade total.

142
(1)
Figura 28 - Distribuição Territorial da Capacidade em alojamentos hoteleiros , por concelhos

Porto Santo
8,3%

Porto
Moniz
0,8% São
Vicente
2,0%
Santana

Calheta Machico Nº de camas / NUTS III


3,4% 3,7%
de 0 a 300
de 301 a 1 000
Ponta do de 1 001 a 3 000
Sol
Santa Cruz de 3 001 a 19 000
1,0%
Câmara de Funchal 13,4%
Ribeira Brava Lobos 63,1%
1,2%

(Santa Cruz)

Nota:(1) Inclui Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos

Fonte: INE, Estatísticas do turismo, 2013

Relativamente ainda à capacidade de alojamento da região, é de frisar que 63,1% da oferta


existente se concentra na capital da Região, Funchal.

Com cerca de 10% da capacidade em alojamento hoteleiro do país, predomina a oferta das
unidades hoteleiras. De facto, a tipologia dos hotéis representa 56% da capacidade global dos
empreendimentos turísticos.

Tabela 28 - Estabelecimentos e Capacidade [n.º e %, 2014]

Estabelecimentos Capacidade
(n.º) (%) (Camas/n.º Campistas) (%)
REGIÃO DA MADEIRA 363 100% 36.698 100%
Total de Empreendimentos Turísticos 206 57% 32.217 88%
(1)
Alojamentos Hoteleiros 116 56% 26.363 82%
(2)
Outros alojamentos 44 21% 3.187 11%
(3)
TER e TH Parques de Campismo 46 22% 2.667 7%
(3)
Alojamento Local 157 43% 4.481 12%
(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos; (2):
Inclui Motéis, Estalagens e Pensões da anterior legislação; (2): Dados 2013

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2014

143
Entre 2007 e 2014, no período de programação comunitária 2007-2013, a Região Autónoma da
Madeira registou uma aposta significativa no desenvolvimento da sua oferta turística,
nomeadamente, ao nível do alojamento qualificado, com um acréscimo de 27% na capacidade
dos hotéis.

A Região registou um aumento da capacidade em alojamento hoteleiro de 14%, sendo que


esse aumento não foi apenas quantitativo, mas também qualitativo. Esta qualificação da oferta
é corroborada pelos 89% da oferta de capacidade de hotéis de 4* e 5*, no total da oferta de
hotéis.

A região oferece ainda um conjunto de recursos turísticos diversificados e diferenciadores que


se apresentam estruturados em produtos desenvolvidos que, em alguns casos, se posicionam
como marcas internacionais. Acresce que a Região oferece potencial para a criação de uma
proposta de valor mais rica, através do desenvolvimento de oferta/produto que se encontra
em diferentes estágios de desenvolvimento.

Procura Turística

A procura turística em 2014, na R. A. da Madeira cifrou-se em 6.294 mil dormidas no total do


“alojamentos hoteleiros” e “outros alojamentos”, sendo que o “alojamento hoteleiro”
representa 90% das dormidas em empreendimentos turísticos e 89% dos hóspedes.

Tabela 29 - Hóspedes e Dormidas [n.º e %, 2014]

Hóspedes Dormidas
(milhares) (%) (milhares) (%)
REGIÃO DA MADEIRA 1.275 100% 6.901 100%
Total de Empreendimentos Turísticos 1.160 91% 6.354 92%
(1)
Alojamentos Hoteleiros 1032 89% 5.733 90%
(2)
Outros alojamentos 114 10% 561 9%
(3)
TER e TH Parques de Campismo 14 1% 60 1%
(3)
Alojamento Local 115 9% 547 8%
(1): Atual legislação: Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos; (2):
Inclui Motéis, Estalagens e Pensões da anterior legislação; (3): Dados 2013

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2014

Circunscrevendo a análise a nível da oferta de “alojamento hoteleiro” e “outros alojamentos”,


no ano de 2014, a R. A. da Madeira apresentou um valor de 6,3 milhões de dormidas,
concentrando-se a grande maioria destas dormidas (83%) em dois concelhos da região –
Funchal e Santa Cruz – que coincidem com os concelhos que absorvem maior capacidade de
alojamento em empreendimentos turísticos no arquipélago.

144
(1)
Figura 29 - Distribuição Territorial das Dormidas em alojamentos hoteleiros , por concelho [n.º e %, 2013]

Porto
Santo
4,8%

Porto Moniz
0,6% São
Vicente
1,8%
Santana
Machico
Calheta Nº de dormidas / NUTS III
2,5%
3,3%
de 0 a 50 000
de 50 001 a 160 000
Ponta do
Sol de 160 001 a 500 000
1,2% Santa Cruz de 500 001 a 4 500 000
Câmara de Funchal 13,7%
Ribeira Lobos 69,2%
Brava
0,8%

(Santa Cruz)

Nota:(1) Inclui Hotéis, Hotéis-apartamentos, Pousadas, Apartamentos e Aldeamentos turísticos

Fonte: INE, Estatísticas do turismo, 2013

No que respeita à evolução da procura turística, os resultados demonstram que os efeitos


conjunturais da crise internacional afetaram o desempenho da R. A. da Madeira que, entre
2007 e 2014, registou uma taxa de crescimento médio anual das dormidas próxima da
estagnação de 0,7%, consequência das intempéries que assolaram a região.
Gráfico 53 - Evolução das dormidas da R. A. da Madeira, por residência habitual [milhares, 2007-2014]

(mil)
TCMA = 0,7%
7000
6000 10,6%
13,5%
5000
4000
3000 89,4%
86,5%
2000
1000
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Residentes no estrangeiro Residentes em Portugal

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 a 2014

145
Considerando os anos de 2007 e 2014, registou-se um aumento da sazonalidade da procura
para a região, com percentagens significativamente inferiores às da média do País.

Gráfico 54 - Distribuição mensal das dormidas na hotelaria [milhares, 2007 e 2014]


2007 2014
33%
30%
800

600

400

756
661
666

631
589
585
579

576

535
534
553
542
514
511

486
498
432

402
386

366
389

362
200
364

364
0

MAR

MAI

DEZ
JUN

AGO

OUT
JUL
FEV

SET

NOV
JAN

ABR
MAR

MAI

OUT

DEZ
JUN

AGO
JUL
JAN
FEV

ABR

SET

NOV

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2013

Considerando os anos de 2007 e 2014, registou-se um aumento da sazonalidade da procura


para a Região Autónoma da Madeira, com percentagens significativamente inferiores às da
média do País. Em 2007, o arquipélago madeirense registou uma sazonalidade média de 30%
(7 p.p. abaixo da média do País, com 37%) e em 2014, de 33% contra 40% do País,
distanciando-se assim positivamente da média nacional. No ano de 2014 e a par da Região de
Lisboa, foi a região que melhores resultados apresentou no que respeita ao indicador da
sazonalidade.

Procedendo à análise da evolução dos principais indicadores turísticos, podemos concluir que
a região manteve o seu posicionamento competitivo nos últimos anos, mostrando-se uma
região mais competitiva comparativamente às restantes regiões.

Gráfico 55 - Posicionamento competitivo da região face à média do país [%, 2007 e 2014]

2007 2014
Taxa Taxa
ocupação- ocupação-
cama (%) cama (%)
80 80
60 60
40 40
sazonalidade RevPar (€) sazonalidade RevPar (€)
20 20
0 0

Prov. de Prov. de
quota estr. nas quota estr. nas
aposento/total aposento/total
dormidas (%) dormidas (%)
proveitos (%) proveitos (%)

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2013

146
Com vista a aferir a competitividade da região face à média do país, no início e depois do
período do QREN 2007-2013, foram selecionados alguns rácios, relativos aos estabelecimentos
hoteleiros, sobre os quais se procedeu a uma análise permitindo retirar as seguintes
conclusões:

 A R. A. da Madeira apresenta uma sazonalidade inferior à da média do país,


registando-se um aumento da sazonalidade da região entre 2007 e 2014 que se traduz
numa aproximação à média do País. Em 2007, a região apresentou uma diferença
positiva de cerca de 7p.p. em relação ao País, sendo que em 2014 essa diferença se
reduziu para 6 p.p.
 O índice dos proveitos de aposento/total de proveitos, indica que a região perdeu
competitividade apresentando uma performance ligeiramente abaixo da média
nacional, sendo que entre 2007 e 2014, a tendência é um afastamento negativo da
média nacional na ordem dos 2 p.p.
 A média do RevPAR (Receita por quarto disponível) na região madeirense aproximou-
se, entre 2007 e 2014, da média nacional em cerca de 1,00€, passando de 35,6€ em
2007 para 33,3€ em 2014 (contra uma média nacional de 30,2€ em 2007, e de 28,9€
em 2014). Ainda assim, a Madeira continua a manter a sua posição relativa neste
indicador com valores superiores à média do País.
 No que diz respeito às taxas de ocupação, a região apresenta valores superiores à
média nacional, verificando-se que a região se tem afastado positivamente da média
nacional, com cerca de +12 p.p. em 2007 e +17 p.p. em 2014, relativamente à taxa
média de ocupação do País.
 Quanto à quota de estrangeiros nas dormidas (medida pelo peso dos residentes no
estrangeiro no total das dormidas), verificou-se um ligeiro aumento na ordem dos 0,3
p.p. entre 2007 e 2014 face à média do País. Apesar de este aumento ser pouco
expressivo, o arquipélago da Madeira continua a ocupar a primeira posição na
captação de turistas estrangeiros no País, evidenciando assim a sua propensão para a
internacionalização do destino.

De modo geral, a evolução destes indicadores revela que a R. A. da Madeira melhorou a sua
competitividade no que se refere à taxa de ocupação e à sua internacionalização, sendo que se
registou um ligeiro decréscimo da competitividade da região face ao País, relativamente aos
restantes indicadores. Ainda assim e à exceção do indicador “índice dos proveitos de
aposento/total de proveitos”, a região manteve a sua posição relativa face ao País, revelando-
se comparativamente competitiva.

Mercados Turísticos

A vocação para a internacionalização do turismo na região da Madeira é notável e crescente,


tendo-se registado um aumento de cerca de 3,0 p.p. na quota do mercado externo que passou
de 86,5% em 2007 e de 89,4% em 2014.

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Gráfico 56 - Evolução das dormidas dos mercados TOP 5 [n.º, 2014]

1.600.000 +3,6%
+0,3%
1.400.000
1.200.000
1.000.000
800.000 +120%
-3,6%
600.000
400.000 +6,7%
200.000
0
Alemanha Reino Unido França Escandinávia Holanda
2007 2014

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2014

Neste âmbito, considera-se pertinente salientar a variação registada nos principais mercados
internacionais, sendo de referir que as variações registadas nos vários mercados são, de forma
geral, pouco significativas à exceção de dois dos cinco principais mercados. Destaca-se o
mercado francês que, entre 2007 e 2014, aumentou mais do dobro (120%) as dormidas na
região, seguindo-se o mercado holandês que cresceu de forma ligeira (6,7%).

A procura (medida em dormidas na hotelaria) nesta região evidencia uma certa dispersão dos
principais mercados emissores, na medida em que o mercado interno e os cinco principais
mercados representam 74% do total das dormidas na região da Madeira. De destacar que, no
ano de 2014, apenas os mercados alemão e britânico representaram 47% do total de dormidas
na região.
Gráfico 57 - Quota das dormidas dos principais mercados e variação média anual [%, 2007-2014

20,0%

França R.Unido
Taxa de variação média anual 2007/2014

15,0% 10,8% 23,1%

10,0%

Holanda
5,0% Alemanha
3,5%
24,1%
0,0%
Escandinávia
-5,0% 9,3%

-10,0% Portugal
37,4%
-15,0%

-20,0%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0% 45,0%
Quota de mercado

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2007 e 2014

148
Entre 2007 e 2014, o mercado francês foi o que apresentou a variação média anual positiva,
mais elevada (+11,9%). Por outro lado, há a registar o decréscimo do mercado da Escandinávia
(-0,5%) e do mercado interno (-2,6%).

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