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SUMÁRIO
CARACTERÍSTICAS
FORMAÇÃO 2 – 10
ÍNDICES FÍSICOS 11 – 19
GRANULOMETRIA 20 – 24
PLASTICIDADE 25 – 31
CLASSIFICAÇÃO 32 – 49
COMPACTAÇÃO 50 – 67
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Neste Capítulo três assuntos são tratados; o primeiro é sobre o significado de alguns termos
muito usados na geotecnia; o segundo, de um modo resumido, é sobre a formação dos solos e, o terceiro
é a descrição de algumas características dos solos. O Capítulo termina com a apresentação de um
exemplo.
Para aquele que está começando o estudo da mecânica dos solos é necessário que o significado
de alguns termos, que serão muito usados neste texto e que fazem parte do vocabulário geotécnico,
fique bem entendido, bem como, as diferenças entre eles.
O solo, em sua condição mais geral, é um material formado por elementos das três fases
físicas: sólida, líquida e gasosa.
Os sólidos, considerados individualmente, são os elementos formadores da fase sólida; a
estrutura porosa dos solos é devido ao arranjo espacial dos componentes da fase sólida, onde nos
vazios formados estão os elementos das fases, líquida e gasosa.
Uma das diferenças marcantes entre esses dois termos é quanto ao valor da grandeza massa
específica; para os sólidos ela é sempre maior que 2,5 g/cm3, enquanto que, para os solos é menor que
este valor.
Vale a pena lembrar que solo é o todo, enquanto que, os sólidos é, apenas, uma parte deste
todo.
Para entender o que é natureza e estado de um material será tomado o exemplo descrito por
Vargas (1.982), onde o autor usou o representante da fase líquida, mais comumente encontrado no
solo, a água. Ela é composta por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio e, essa composição
permanece sem alteração em qualquer uma das condições em que ela pode ser encontrada: como um
bloco de gelo, como um líquido ou como vapor; o que mudou foram as condições externas as quais
fazem com que a água líquida se transforme em vapor ou gelo. Em cada uma dessas condições a água
tem um comportamento diferente: como um líquido e como vapor não tem forma própria, enquanto
que, como gelo tem; como um líquido a compressibilidade volumétrica é desprezível sendo grande
quando como vapor.
A composição da água define a sua natureza, enquanto que, a condição em que ela pode ser
encontrada define o estado, em certo momento.
A mesma situação pode acontecer com um solo; dois exemplos com solos, com
granulometrias diferentes, são dados em seguida.
Uma amostra de um solo argiloso, com a origem mineralógica dos sólidos, bem definida e,
com uma umidade adequada, permite a um escultor trabalhá-la e dar à peça a forma que desejar; se
essa peça for imersa em água ou colocada em uma estufa ela absorverá ou perderá água e, com isso,
passará a uma condição de umidade diferente daquela quando foi moldada. Essa alteração da umidade
inicial da amostra irá levá-la a se comportar como um líquido ou como um sólido e não mais como um
material, geotecnicamente, plástico. Em qualquer uma das condições de umidade a mineralogia dos
sólidos não se alterou e dela resulta o comportamento plástico de uma argila, em um dado intervalo de
umidade. Portanto, uma argila, com a mesma natureza, dependendo do intervalo de umidade em que
se encontra, pode, também, se comportar como um líquido ou como um sólido.
Um segundo exemplo é com uma areia, de granulometria conhecida e, que inicialmente se
encontrava seca. A areia é depositada em uma vasilha até completar todo o volume, com os grãos se
arranjando de modo a formar uma estrutura porosa. Em seguida, a vasilha é levada a um vibrador e
depois de algum tempo há um assentamento dos grãos de areia, sem que a massa seca inicial tenha
sido modificada e, que passam a ocupar um volume menor que o da vasilha; durante a vibração os
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grãos procuraram um novo arranjo resultando uma estrutura final, também porosa, mas diferente da
inicial. Nas duas situações a granulometria da areia manteve-se inalterada e, o efeito da vibração
aumentou a massa específica inicial devido a redução do volume da amostra. Essa modificação da
massa específica, de uma areia de mesma natureza, define estados em que um material granular pode
ser encontrado.
Os exemplos mostram diferentes estados, que um solo de mesma natureza, pode ser
encontrado quando alguma condição inicial é alterada.
A natureza de um solo é definida por características naturais comuns a todos os solos e que
precisam ser obtidas através de ensaios com procedimentos simples.
Desde o início da mecânica dos solos têm sido aceitas como características naturais o
tamanho dos sólidos, a plasticidade e a existência ou não de matéria orgânica na composição do solo.
O tamanho dos sólidos pode ser determinado com o ensaio de granulometria, a plasticidade
com o resultado dos ensaios de limites de consistência e a existência ou não de matéria orgânica
através da cor do solo, dada pela cor dos sólidos.
O estado que um solo se encontra depende da condição atual do maciço e, é definido por um
conjunto de variáveis não naturais, capazes de descrever as condições atuais do solo para o problema
que está sendo estudado.
Como conclusão pode ser dito que as características naturais de um solo dependem apenas dos
sólidos, enquanto, as características de estado dependem da condição atual que o solo se encontra no
maciço.
Por tudo que foi descrito sempre que houver a necessidade de se fazer referência às condições
de um solo ¨in situ¨, em um dado momento, é preferível usar a expressão “condição atual” e não
“condição natural”.
Finalmente, vale a pena realçar que para a prática da engenharia de fundações e de obras de
terra interessa mais como o solo está (estado), no momento em que é investigado ou, como ficará no
caso de uma obra de terra e não como ele é (natureza).
Terminada a identificação passa-se a fase de descrição das características do solo, com base no
resultado dos testes realizados e, complementado com o maior número disponível de informações
sobre ele.
A caracterização é feita com base nos resultados quantitativos dos ensaios de caracterização,
se o objetivo for a classificação do solo ou nos resultados de ensaios específicos para a definição do
comportamento do solo sob condições diversas.
A classificação é um procedimento adotado para dar ao solo um nome, mais específico que o
recebido quando da identificação; para isso, é preciso adotar um sistema de classificação e ter os
resultados dos ensaios exigidos pelo sistema.
A terra tem uma forma, aproximadamente, esférica sendo formada por três camadas com
espessuras diferentes, como mostrado na Figura 3.1 e, com composição e natureza física variada.
Das três camadas, apenas, uma pequena espessura da parte superficial da crosta terrestre tem
interesse à engenharia civil, pois é onde estão os solos e as rochas que são utilizadas como material de
construção e como suporte de estruturas.
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da rocha são transformados em outros minerais. Os processos, físico e químico, agem ao mesmo
tempo predominando aquele cujas condições climáticas sejam mais favoráveis; assim, para clima
quente e úmido predomina o intemperismo químico, enquanto em regiões desérticas e árticas o
processo físico é o predominante. Os fragmentos da rocha matriz geram, em um processo contínuo,
fragmentos menores denominados de sedimentos, que poderão permanecer no local de origem ou
serem transportados para outros lugares. Esses sedimentos serão submetidos à ação de diferentes
fatores e o resultado é a formação de um solo; assim o solo é o resultado de um processo iniciado com
a intemperização da rocha seguido da ação de diferentes fatores, ao longo do tempo.
As rochas podem ser encontradas em duas condições: intactas, quando ainda não submetidas a
um processo ou alteradas quando já intemperizadas.
Os fatores que atuam na formação e na evolução de um solo são a rocha de origem, o clima, o
relevo, organismos vegetais e animais e o tempo de atuação de cada um deles.
Uma descrição detalhada do processo de intemperização de uma rocha e dos fatores de formação
de um solo pode ser encontrada nos trabalhos de Bloom (1.970), Gandolfi; Bjornberg e Paraguassú
(1.977), Leinz e Amaral (1.978) e de Salomão e Antunes (1.998), entre outros.
3.3 O SOLO
no perfil geral aparecem em um perfil particular; a camada superior “porosa”, por exemplo, aparece
somente em locais de inverno seco e verão úmido.
A Figura 3.4 mostra o perfil de um solo residual de basalto, na região da Barragem de Ilha
Solteira, São Paulo, às margens do Rio Paraná, onde a camada superior é um solo transportado,
segundo Vargas (1.970); perfis de solos residuais, de outros lugares, podem, também, ser encontrados
no mesmo trabalho.
Um solo poderá apresentar ao longo do tempo uma evolução decorrente da ação dos agentes
da natureza alterando sua constituição inicial e, resultando um solo com características diferentes das
iniciais.
Uma descrição resumida dos solos de cada camada está apresentada na Tabela 3.1, com a
indicação da variação da espessura de cada zona.
Alem dos solos inorgânicos há, ainda, os solos orgânicos que resultam da impregnação do
húmus (produto da decomposição de matéria orgânica, de cor escura, relativamente estável e
facilmente transportada pela água), em siltes, argilas ou areias finas e os de origem animal devido à
incorporação de moluscos ou diatomáceas formando os solos calcários e as terras diatomáceas.
Outra classe de solos, de pouca utilidade â engenharia civil, são os solos altamente orgânicos, de
cor escura e que são conhecidos por turfas.
Alem dos solos inorgânicos há, ainda, os solos orgânicos que resultam da impregnação do
húmus (produto da decomposição de matéria orgânica, de cor escura, relativamente estável e
facilmente transportada pela água), em siltes, argilas ou areias finas e os de origem animal devido à
incorporação de moluscos ou diatomáceas formando os solos calcários e as terras diatomáceas.
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Figura 3.4 Perfil de um solo residual – Barragem de Ilha Solteira (Vargas, 1.970)
Outra classe de solos, de pouca utilidade â engenharia civil, são os solos altamente orgânicos, de
cor escura e que são conhecidos por turfas.
Os sólidos, que são os elementos que formam a fase sólida de um solo, podem ter
características geométricas diversas, definidas pela forma e pelo tamanho, além de serem também
visíveis ou não a olho nu.
Quanto ao tamanho, os sólidos são menores que 60 mm, dimensão padronizada por norma
brasileira e estão distribuídos em dois conjuntos: grãos e partículas; os grãos são maiores que
0,075 mm e as partículas menores que esta dimensão. O tamanho do grão é definido pelo diâmetro da
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menor esfera que o circunscreve e, o tamanho da partícula é definido por um diâmetro equivalente
calculado de modo indireto. Por isso, o termo diâmetro de um sólido é, também, usado como sinônimo
de tamanho.
Enquanto a indicação do tamanho de um grão por uma medida linear (diâmetro da esfera
circunscrita) é aproximadamente correta, para um argilo-
mineral isso se torna uma aproximação grosseira que não reflete a realidade.
Quanto à visibilidade a olho nu os grãos são visíveis enquanto as partículas não. A abertura da
peneira 200, de malha quadrada e lado igual a 0,075 mm, é a menor dimensão que pode ser percebida
visualmente. As partículas com tamanho próximo da abertura da peneira 200 podem ser sentidas pelo
tato.
Quanto a forma, os grãos podem ser considerados cúbicos ou prismáticos, enquanto as
partículas menores têm forma lamelar (a espessura é muito menor que as outras duas dimensões) ou
fibrilar (forma de um fio).
Uma medida da forma de uma partícula de um argilo-mineral é através da superfície específica
que é a área superficial da partícula por unidade de massa; para os argilo-minerais, caulinita, ilita e
montmorilonita, os valores da superfície específica são, respectivamente, iguais a 15, 90 e
800 m2/g.
A Figura 3.5 resume o que foi descrito sobre as características dos sólidos.
Na Figura 3.6 estão mostrados grãos de areia com diferentes tamanhos e formas.
Na Figura 3.7 está mostrada a foto de uma partícula lamelar de caulinita; o comprimento L
mostrado na Figura é da ordem de 1,5 10-3 mm.
O tamanho e a forma de um grão são fatores condicionantes de algumas propriedades dos
solos grossos, como a permeabilidade e a resistência ao cisalhamento, assim como, a forma e a
superfície específica das partículas dos argilo-minerais também condicionam propriedades dos
solos argilosos, como a plasticidade e a compressibilidade.
Os solos podem ser separados, quanto ao tamanho dos sólidos, em dois grandes grupos: solos
grossos e solos finos. Os solos grossos são aqueles cuja percentagem de ocorrência de grãos é maior
que a de partículas, enquanto, para os solos finos a percentagem de partículas é maior que a dos grãos.
Quando a percentagem de partículas é inferior a 5% o solo é chamado de material granular. Outro
grande grupo é o dos solos altamente orgânicos que por suas características peculiares não está
incluído neste item.
Cada grande grupo pode ser dividido em dois resultando quatro grupos de solos, denominados
de pedregulhos, areias, siltes e argilas, com o tamanho dos sólidos decrescendo nessa ordem; o
tamanho dos sólidos de cada grupo varia dentro de um intervalo padronizado através de normas.
Cada grupo pode conter dois diferentes subgrupos. O primeiro quando o tamanho de todos os
sólidos está dentro do intervalo padronizado para o grupo resultando quatro subgrupos, com uma
granulometria pura, que são os pedregulhos, as areias, os siltes e as argilas. O segundo quando o
tamanho dos sólidos permite colocá-los em dois ou mais grupos resultando outros quatro subgrupos
denominados de pedregulhentos, arenosos, siltosos
e argilosos. A ocorrência mais comum é a de solos que contêm sólidos em dois ou mais grupos.
Cada subgrupo pode conter diferentes tipos de solos, como conseqüência dos valores
percentuais de cada grupo componente do solo. Para a definição do tipo de solo são realizados os
ensaios de caracterização.
Na Figura 3.8 está mostrado, de modo resumido, o descrito.
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3.3.3 Cor
A cor do solo é o resultado das cores dos minerais que o constituem e é a primeira
característica a ser identificada, pois, não depende de nenhum ensaio.
Ela poderá ser derivada da rocha de origem, produto do intemperismo químico ou ainda
determinada pela presença de matéria orgânica. Por isso, pode haver significativa diferença de cor, não
só entre solos de diferentes origens como também entre os diversos horizontes de um mesmo solo.
A cor varia, quanto à sua intensidade, com a umidade do solo e sempre que possível esta deve
estar referida à condição de solo molhado.
A cor de um solo é uma pista indicativa dos seus minerais componentes. Uma cor mais escura
como, marrom, cinza escuro e preto, é indicativa de solo de origem orgânica, enquanto, cores mais
claras indicam solos de origem inorgânica, com predominância de sílica, gipsita ou de depósitos,
relativamente, puros de caulinita.
O objetivo dos testes de identificação é definir a classe em que o solo analisado pode ser
colocado a partir de resultados qualitativos, que permitam determinar a fração predominante e aquela
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com uma percentagem, imediatamente, inferior; além do nome dado, o mesmo da classe no qual o solo
foi colocado, deve ser feita uma descrição geral do solo identificado.
Com os resultados quantitativos dos ensaios de caracterização o tipo de solo é determinado;
com a escolha de um sistema de classificação o solo recebe um nome, o que tornará mais fácil a
comunicação entre geotécnicos.
Terminada a identificação passa-se a fase de descrição das características do solo, com base no
resultado dos testes realizados e, complementado com o maior número disponível de informações
sobre ele.
A caracterização é feita com base nos resultados quantitativos dos ensaios de caracterização,
se o objetivo for a classificação do solo ou nos resultados de ensaios específicos para a definição do
comportamento do solo sob condições diversas.
A classificação é um procedimento adotado para dar ao solo um nome, mais específico que o
recebido quando da identificação; para isso, é preciso adotar um sistema de classificação e ter os
resultados dos ensaios exigidos pelo sistema.
3.4 EXEMPLO
Um solo foi, inicialmente, identificado como pertencente ao grande grupo dos solos grossos e,
outros testes o colocaram no grupo das areias e na classe dos arenosos, identificando-o como uma
areia argilosa.
Os ensaios de caracterização forneceram os dados sobre a granulometria, limites de
consistência e massa específica dos sólidos do solo.
Usando o sistema granulométrico de classificação dos solos, que tem como base o tamanho
dos sólidos, o nome do solo passou a ser: areia fina e média argilosa.
Se o solo tivesse sido classificado segundo o Sistema Unificado de Classificação dos Solos
(SUCS), que leva em consideração também os valores dos limites de consistência o seu nome seria:
SC – areia argilosa.
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ÍNDICES FÍSICOS
O esquema à direita na mesma Figura é muito usado na representação de uma amostra de solo
e atende a uma conveniência didática para a definição dos índices físicos e, para a obtenção das
equações de correlação entre eles. A simbologia usada para representar o volume e a massa de cada
fase e do corpo de prova também está mostrada no neste esquema e será usada na definição dos
índices físicos e, também, sempre que necessário em qualquer parte do texto.
Os valores calculados com essas relações, ao longo do tempo podem ser alterados e por isso os
índices físicos caracterizam as condições de um solo em um dado momento. Os nomes, os símbolos e
as unidades devem ser de conhecimento pleno e estarem incorporados ao vocabulário de uso diário do
geotécnico.
4.1 DEFINIÇÃO
De um modo geral índice físico de um solo é uma grandeza definida por uma relação entre
volumes, entre massas ou entre massa e volume de uma mesma fase ou do solo como um todo.
A partir do esquema à direita da Figura 4.1 serão mostradas as relações que definem os índices
físicos para cada um dos grupos.
teor de umidade
Apenas um índice físico está neste grupo; é o teor de umidade, definido como a relação entre a
massa de água e a massa de sólidos existente em um mesmo volume de solo e, seu símbolo é a letra w,
escrita no formato itálico,
[4.1]
O teor de umidade varia em um intervalo aberto com limite inferior igual a zero e limite
superior não definido e, será sempre indicado em valores percentuais com uma casa decimal
Neste grupo estão três índices físicos: a porosidade, o grau de saturação e o índice de vazios.
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porosidade
grau de saturação
índice de vazios
A relação entre massa e volume define a massa específica e dela resulta três índices físicos: a
massa específica do solo, a dos sólidos e a da água. A letra grega ρ, escrita no modo itálico, é o
símbolo da massa específica do solo; um subscrito indicará a massa específica das fases sólida e
liquida e de outras condições em que o solo pode ser encontrado.
A massa específica do solo é a grandeza definida como a relação entre a massa e o volume de
uma amostra de solo; dependendo do grau de saturação do solo são definidas três massas específicas:
do solo seco, do solo não saturado e do solo saturado, pelas relações
para Sr = 0% [4.5]
para 0 < Sr < 100% [4.6]
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Quando a camada de solo está abaixo do nível d'água freático, a massa específica do solo
submerso é definida como a relação entre a massa do solo submerso e o seu volume:
[4.8]
No Apêndice A está mostrado o modo de se chegar á equação da massa específica submersa,
tal como é usada na prática.
A massa específica dos sólidos é a relação entre a massa e o volume dos sólidos, ambos para
um mesmo volume de solo; da Figura 4.1 resulta
[4.9]
Na Tabela 4.1, estão mostrados intervalos de variação da massa específica de diversos
minerais, sendo o quartzo o mais comum nos solos. A massa específica dos sólidos deve ser dada
com três casas decimais, quando a unidade é g/cm3.
Na maior parte dos problemas encontrados na mecânica dos solos a massa específica da água,
ρw, é considerada constante e igual a 1 g/cm³ ou 1.000 kg/m³, mesmo variando com a temperatura; em
alguns ensaios de laboratório a variação do valor da massa específica da água com a temperatura deve
ser considerada.
Mineral s Mineral s
Caulinita 2,600 a 2,650 Magnetita 5,200
Clorita 2,600 a 2,900 Mica 2,700 a 3,200
Feldspato 2,550 a 2,900 Montmorilonita 2,740 a 2,780
Ilmenita 4,500 a 5,000 Quartzo 2,650 a 2,670
massa específica do ar
A massa específica do ar, ρar, é muito pequena, da ordem de 1,200 kg/m³, quando
comparada às massas específicas da água e dos sólidos e, por isso, a massa da fase gasosa, onde o ar é
o material que predomina, será sempre desprezada no cálculo da massa de solo, sendo essa a primeira
aproximação, entre tantas outras, que será feita na mecânica dos solos.
Os valores das grandezas utilizadas no cálculo da massa específica são obtidos no laboratório,
em gramas e centímetros cúbicos; na prática da engenharia o cálculo de pressões torna-se mais simples
usando-se o peso específico que é igual ao produto da massa específica pela aceleração da gravidade,
cujo valor pode ser aproximado para 10 m/s2, sem que, com isso, ocorram erros sensíveis.
Na Tabela 4.2 estão relacionados os pesos específicos, simbolizados pela letra grega γ, no
formato itálico, com os mesmos subscritos usado na definição das massas específicas; a grandeza
peso, simbolizada pele letra W é igual a W = M g onde M é a massa contida em um dado volume de
solo, nas condições indicadas pelo grau de saturação, ou da fase sólida e líquida.
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4.1.5 Unidades
4.2 DETERMINAÇÃO
Dos seis índices físicos três deles, massa específica do solo, a massa específica dos sólidos e o
teor de umidade, são obtidos em ensaios de laboratório, enquanto os demais índices são calculados
através das fórmulas de correlação.
A descrição dos ensaios para a determinação da massa específica e do teor de umidade do solo
está no Capítulo 13, enquanto que a da massa específica dos sólidos está no Capítulo 14, PARTE III
do livro.
Na Figura 3.3 está mostrado o perfil do terreno de fundação da Barragem de Ilha Solteira, no
Rio Paraná; os índices físicos foram obtidoscom corpos de prova moldados retirados de amostras
indeformadas, em bloco. Os valores obtidos estão mostrados na Tabela 4.4.
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Tabela 4.4 Índices físicos de solos de Ilha Solteira, SP, (Vargas, 1.970)
7 2,897 1,472 0,974 51,1 66,4 75,0 1,973 argila rija vermelha
As fórmulas de definição dos índices físicos não são práticas para a utilização em cálculos e
assim recorrem-se às fórmulas de correlação entre eles. Para a obtenção dessas fórmulas pode-se partir
da hipótese de um volume de sólidos conhecido e depois utilizando as fórmulas de definição calcular o
valor das ordenadas representativas do volume de solo e de cada uma das fases mostradas na Figura
4.1; para calcular a massa de água e a de sólidos basta multiplicar o volume por sua respectiva massa
específica, enquanto a massa do solo é igual à soma das massas das fases líquida e sólida. O resultado
está mostrado na Figura 4.2
Partindo outra vez das fórmulas de definição resultam as que correlacionam os índices físicos
e, que conhecidos os valores de três deles é possível calcular os demais; na Tabela 4.5 estão mostradas
as fórmulas obtidas.
Para os valores extremos do grau de saturação, a massa específica do solo tem simbologia e
fórmulas próprias, mostradas nas duas últimas linhas da Tabela 4.5.
Da fórmula da massa específica dos sólidos resulta Sr e ρw = ρs w, que colocada na equação da
massa específica tem-se ; o primeiro termo do segundo membro pode ser
substituído pela massa específica seca resultando,
= d (1 + w) [4.12]
índice de vazios e s w / Sr w
grau de saturação Sr s w / e w
teor de umidade w Sr e w / s
porosidade n e / (1 e)
massa específica dos sólidos s Sr e w / w
massa específica do solo s Sr e w / (1 e)
massa específica seca d s / (1 e)
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Multiplicando-se os dois lados da equação [4.12] pelo volume do solo resulta a equação,
M = Ms (1 + w) [4.13]
muito usada no laboratório para o cálculo da massa seca ou úmida conhecendo-se o teor de umidade.
Das equações mostradas na Tabela [4.5], pode-se ver que são sete os índices físicos; desde que
a massa específica da água pode ser considerada conhecida, resultam seis variáveis e, para que, o
sistema tenha solução é necessário o conhecimento de três índices físicos.
4.4 EXEMPLOS
Dois exemplos de cálculo dos índices físicos são mostrados em seguida: o primeiro usando as
equações de definição e o segundo com as equações de correlação.
De uma amostra indeformada de um solo arenoso foi moldado um corpo de prova cilíndrico;
foram feitas 5 medidas do diâmetro e da altura com um paquímetro, com resolução de 0,1 mm e,
determinada a sua massa, em uma balança, com resolução de 0,01 g obtendo-se os valores seguintes:
D cm 5,03 5,10 5.08 5,02 5,05
L cm 10,22 10,19 10,15 10,21 10,23
M g 376,61 = = = =
Durante a moldagem do corpo de prova foram separadas 3 amostras e colocadas em cápsulas
de alumínio para a determinação do teor de umidade; essas amostras foram pesadas e depois deixadas
secar em uma estufa a 105º C, até apresentarem massas constantes e, novamente pesadas na mesma
balança. Os valores obtidos foram:
1 2 3
M+Mc g 36,60 35,64 37,67
Ms+Mc g 32,94 32,24 33,93
Mc g 10,49 11,52 10,85
Em ensaio próprio foi determinada a massa específica dos sólidos igual a 2,697 g/cm³.
Calcular os índices físicos do solo, na condição em que se encontrava no momento da retirada
da amostra indeformada, usando as relações de definição dos índices.
D = 0,2 Σ Di D = 5,06 cm
V = 205,112 cm3
L = 0,2 Σ Li L = 10,20 cm
b. teor de umidade
Ms = 323,83 g.
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Com um esquema semelhante ao da Figura 4.1, com as ordenadas representativas dos volumes
e das massas sendo substituídas pelos valores conhecidos e por aqueles que podem ser calculados, de
um modo direto, foi montada a Figura 4.3.
Vs = 122,338 cm3
Vw = 52,780 cm3
e. índices físicos
A amostra do solo arenoso do item anterior foi retirada da camada superior do perfil mostrado
na Figura 4.4 e seus índices físicos determinados como mostrado no item anterior. Calcular os demais
índices físicos usando as equações de correlação.
a. areia argilosa
Na equação do grau de saturação mostrada na Tabela 4.5 substituindo o índice de vazios pela
equação anterior resulta, do mesmo modo, uma nova equação que em função de grandezas conhecidas,
O mesmo pode ser feito com a equação da porosidade da Tabela 4.5, resultando
Substituindo os valores dos índices físicos conhecidos nas equações anteriores resulta:
ρd = 1,577 g/cm3 Sr = 0,638 ou 63,8% e = 0,677
n = 0,404 ou 40,4%
ρ = 1,672 g/cm3
ρd = 1,401 g/cm3
Sr = 0,559 ou 55,9%
n = 0,484 ou 48,4%
ρ = 1,842 g/cm3
ρd = 1,401 g/cm3
Sr = 0,912 ou 91,2%
n = 0,484 ou 48,4%
GRANULOMETRIA
A curva granulométrica é usada para dar um nome ao solo, como será mostrado no Capítulo 7.
Para os materiais granulares ou para a fração grossa de um solo a determinação dos pares de
valores, diâmetro-percentagem de ocorrência, é através do ensaio de peneiramento. O procedimento
do ensaio está descrito no Capítulo 15 da Parte II do texto.
A separação dos grãos, por tamanho, é feita em um conjunto de peneiras de malhas quadradas
e aberturas padronizadas; a relação completa do conjunto de peneiras está mostrada no Anexo E e, na
Figura 5.2 está mostrado um conjunto de peneiras com a indicação do número e da abertura da malha,
em milímetros.
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Na Tabela 5.1 estão mostrados os valores das percentagens retidas, acumuladas retidas e das
que passam em cada uma das peneiras, usadas para traçar a curva granulométrica, do material
granular, mostrada na Figura 5.1.
5.2 SOLOS
individualmente, durante o ensaio e para que isso aconteça deve ser usado um defloculante capaz de
neutralizar a carga elétrica das partículas de argila.
O ensaio é iniciado com a sedimentação dos sólidos em água destilada; os grãos, sólidos
maiores que 0,075 mm, se sedimentam rapidamente formando camadas no fundo da proveta, com o
tamanho deles diminuindo de baixo para cima.
A suspensão, na qual são feitas as medidas, será formada com partículas de silte e de argila.
Em tempos pré-determinados são feitas leituras da densidade da suspensão, no centro de
volume do bulbo do densímetro e, da temperatura da suspensão; essas leituras continuam até que a
partir dos valores lidos seja possível afirmar que o diâmetro equivalente de 0,002 mm tenha sido
alcançado.
Terminada a sedimentação a suspensão é passada na peneira 200, de abertura igual a 0,075
mm, e os grãos retidos são levados para a estufa e depois de secados são separados em um ensaio de
peneiramento.
A base teórica para o cálculo do diâmetro equivalente é dada pela lei de Stokes, que afirma
que “a velocidade de queda de uma partícula esférica, de massa específica conhecida, em um meio
líquido rapidamente atinge um valor constante que é proporcional ao quadrado de seu diâmetro.”;
essa lei pode ser expressa pela fórmula v = C D2 onde v e D são, respectivamente, a velocidade de
queda e o diâmetro da esfera e C é uma constante de proporcionalidade que depende da viscosidade
dinâmica, η e da massa específica da água e da esfera, sendo igual a com dimensão de
comprimento vezes tempo.
O diâmetro equivalente da partícula é calculado com a equação que resulta da lei de Stokes,
[ ] [5.3]
onde D é o diâmetro equivalente de uma partícula e z é a altura de queda da
partícula durante um tempo t; a altura de queda é a distância que vai do centro de volume do bulbo até
o ponto da haste onde é feita a leitura. A medida da temperatura da suspensão é necessária, pois, tanto
a massa especifica quanto a viscosidade dinâmica da água varia com ela.
A percentagem de partículas, com diâmetros equivalentes menores que o diâmetro D, equação
[5.3], é calculada com a equação,
[5.4]
onde, P(< D) é a percentagem de partículas menores que D , Ms a massa de sólidos usada no ensaio. A
leitura do densímetro na suspensão e na solução de água destilada e defloculante, respectivamente, ℓ e
ℓsol, é feita no mesmo instante t e, a temperatura T nas duas provetas deve ser a mesma; as leituras
estão na notação simplificada e a diferença delas é a leitura corrigida do densímetro, ℓc = ℓ - ℓsol. No
cálculo da percentagem a massa especifica da água pode ser considerada constante e igual a 1,000
g/cm3, pois os erros cometidos não alteram o resultado do valor percentual, de modo prático.
Os pares de valores [D, P(<D)] são colocados no gráfico onde estão os pontos obtidos com o
peneiramento e, em seguida, é traçada a curva granulométrica. Com a curva e com uma escala adotada
é possível dar um nome ao solo, como será visto no Capítulo 7.
No Apêndice D alguns pontos da sedimentação estão detalhados.
Na Figura 5.4 estão mostradas as curvas granulométricas de quatro solos, dois de São Carlos
(curvas 3 e 4) e os outros dois da região das barragens de Ilha Solteira (curva 2) e de Salto Santiago
(curva 1); as duas últimas foram retiradas de um trabalho de Cruz (1.983).
24
5.3 EXEMPLO
A amostra reduzida de um solo, usada no ensaio de granulometria conjunta, tinha uma massa
seca Ms = 121,60 g; a massa específica dos sólidos é igual a ρs = 2,726 g/cm3.
A leitura do densímetro, realizada 8 minutos após o início do ensaio, forneceu os seguintes
valores, na notação simplificada:
na suspensão.................................................ℓ = 34,3
na solução ....................................................ℓsol = 4,4
Temperatura da suspensão e solução..............T = 21º C
Das Tabelas C.1 e D.1 dos Anexos C e D foram retirados os valores
da massa especifica e da viscosidade dinâmica da água, respectivamente,
iguais a ρw = 0,998 g/cm3 e η = 9,81 10-4 N∙s/m2, ambos os valores para a temperatura de T = 21º C.
Da calibração do densímetro resultou a equação da altura de queda de uma partícula em
função da leitura do densímetro e, considerando a correção devido à formação de um menisco na
haste, com z medido em centímetros e, c(m) = 0,5, resultando z = 16,36 – 0,27 [ℓ - c(m)].
Calcular o par de valores [D, P(< D)].
O diâmetro equivalente é calculado com a equação [5.3] com as grandezas colocadas em
unidades de base do Sistema Internacional,
ρs - ρw = 2,726 - 0,998 = 1,728 g/cm3 = 1.728 kg/m3
(ρs - ρw) g = 17.280 N/m3, com g = 10 m/s2
ℓc = ℓ - ℓsol = 34,3 – 4,4 = 29,9
z = 16,36 – 0,27 [ℓ - c(m)] = 16,36 – 0,27 x 29,9 = 7,23 cm = 7,23 10-2 m
t = 8 min = 480 s.
Substituindo os valores das grandezas na equação [5.3]
[ ] ou D = 0,012 mm.
A percentagem de partículas, menores que 0,012 mm, é calculada com a equação [5.4],
assumindo ρw = 1,000 g/cm3 e substituindo os símbolos das grandezas por seus valores, resulta,
PLASTICIDADE
Uma argila poderá ter características iguais às de um líquido ou de um sólido dependendo da
umidade em que se encontra e, a mudança nessas características é devido a uma perda gradual de água.
Entre essas duas condições limites o comportamento do solo vai se modificando e definindo duas
situações intermediárias. Essas quatro situações, em que o solo terá um comportamento diferente em
cada uma delas, são chamadas de estados de consistência e o teor de umidade que separa cada dois
estados são os limites de consistência.
[6.1]
26
Para umidade maior ou igual a wi o solo está no estado líquido enquanto que para umidade
menor que wk o solo está no estado sólido. Dentro desse intervalo existe uma umidade wj que separa
o estado plástico
do semi-sólido.
Essas umidades quando quantificadas através de ensaios de laboratório tornam-se teores de
umidade recebendo nome e símbolo próprios:
wi = wL limite de liquidez estado líquido do plástico
wj = wP limite de plasticidade estado plástico do semi-sólido
wk = wS limite de contração estado semi-sólido do sólido
O ensaio de limite de liquidez, com o equipamento atualmente utilizado, teve seu início no
começo da década de 1.930 após a publicação do trabalho realizado por Casagrande (1.932), no MIT;
mais tarde, foram introduzidas alterações por Casagrande (1.958), desde a base até o cinzel, para
tornar o resultado do ensaio mais reprodutivo. No Apêndice E está descrito, de modo resumido o
trabalho de Casagrande (1.932).
A Figura 6.2 mostra uma vista frontal e um corte do aparelho Casagrande com a
indicação de cada uma de suas partes.
cisalhamento direto com cada golpe da concha na base equivalendo a uma pressão de 0,1 kN/m2 ;
portanto, a resistência ao cisalhamento de um solo argiloso, com um teor de umidade igual ao limite
de liquidez é da, ordem de, 2,5 kN/m2, valor esse da mesma ordem de grandeza encontrado por
Norman (1.958).
A equação da reta de fluência, ajustada pelo método dos mínimos quadrados, é da forma w =
A + B log N.
O teor de umidade determinado com uma amostra retirada da região fissurada mede o limite
de plasticidade do solo.
Quando as fissuras aparecem com o diâmetro do cilindro de solo maior que o do elemento
comparador significa que o solo já se encontra no estado semi-sólido e, não no limite entre os dois
estados, e precisa ser acrescentado água a amostra; em caso contrário, a amostra está muito úmida e no
estado plástico e precisa ser secada para que o teor de umidade limite seja alcançado.
[6.2]
Na prática as retas não se encontram no ponto A e, nessa região existe um trecho curvo
concordando as duas retas e o ponto A se encontra sempre dentro desse trecho curvo.
29
Na Figura 6.7 está mostrada a pastilha, após a secagem em estufa com massa Ms e, com uma
redução de volume igual a ΔV = Vo – Vf.
Na Figura 6.8 estão mostradas as três situações que o corpo de prova passa durante o ensaio:
no esquema, à esquerda está representado o corpo de prova em sua condição inicial quando são
conhecidos a massa, o volume e o teor de umidade wo que dá ao solo um estado de consistência
líquido. A amostra vai perdendo umidade lentamente e, ao mesmo tempo ocorre a variação
volumétrica igual ao volume de água retirado, com isso, mantendo o corpo de prova saturado. O
esquema central da Figura 6.7 mostra a condição do solo no ponto A. Em seguida, o solo perde água
até secar, mas, o volume permanece constante, como mostrado no esquema, à direita, da Figura 6.8.
O teor de umidade do corpo de prova, representado pelo esquema central da Figura 6.7, define
o limite de contração do solo; o valor do limite de contração depende do volume de água necessário
para o preenchimento dos vazios do corpo de prova e pode ser calculado com a equação,
[6.3]
que é igual a equação [6.2].
6.2.4 Índices
A partir dos valores dos limites de liquidez e de plasticidade foram definidos três índices: o de
plasticidade, o de consistência e o de liquidez.
O índice de plasticidade, IP, mede o intervalo de variação do teor de umidade no qual o solo se
encontra no estado de consistência plástico e, é igual a,
[6.4]
O índice de plasticidade é usado em um dos sistemas de classificação dos solos.
O índice de consistência, IC, é a relação entre a diferença do limite de liquidez e o teor de
umidade atual do solo e o índice de plasticidade; é calculado com a equação,
[6.5]
O índice de liquidez, IL, é a relação entre a diferença do teor de umidade atual do solo e o seu
limite de plasticidade e o índice de plasticidade; é calculado com a equação,
[6.6]
Para os dois últimos índices é admitido que o teor de umidade atual do solo está entre o limite
de liquidez e o de plasticidade; ambos têm uma pequena aplicação na prática geotécnica.
30
Segundo Vargas (1.978) as argilas orgânicas de Santos estão classificadas como argilas
ativas, enquanto que, as argilas terciárias da
cidade de São Paulo apresentam uma atividade normal.
6.4 EXEMPLO
SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO
7.1 GEOLÓGICO
Assim que a ação do intemperismo se faz manifestar sobre uma rocha gerando os fragmentos
e, em seguida os sedimentos, poderão estes permanecer no local de origem ou serem transportados
para outros locais, pelos agentes da natureza; na Figura 3.2 está esquematizado o processo de
formação dos solos. A classificação geológica procura reconhecer, a partir de informações qualitativas
e de observações de campo, a classe de solo (residual ou transportado) que está sendo investigado.
Se os sedimentos permanecerem no local de origem, o solo que resulta da atuação dos
processos de alteração é denominado de solo residual; dependendo do tempo de atuação desses
processos o solo poderá ser encontrado em diferentes estágios de evolução, podendo ir desde um
residual maduro ao residual jovem (solo saprolítico ou saprólito).
Os solos residuais maduros são encontrados mais próximos à superfície do maciço e não
mostram vestígios da estrutura da rocha de origem.
Os solos residuais jovens são encontrados a profundidades maiores, acima da rocha alterada e,
mostram ainda as feições estruturais da rocha de origem; blocos de rocha, com tamanhos diversos e
envolvidos pelo solo saprolítico, podem impedir a penetração das ferramentas usadas para a
investigação e, com isso, induzir o operador a uma interpretação errada do perfil admitindo ter
encontrado o manto rochoso. A sua composição aumenta a dificuldade de se estimar o comportamento
do solo, sob a pressão exercida por uma estrutura e, também, os danos que poderá causar a ela.
Em regiões de clima tropical onde predomina o intemperismo químico, a espessura das
camadas é da ordem de dezenas de metros, enquanto que, em regiões de clima temperado ela é de
alguns metros apenas.
Os sedimentos poderão ser transportados para outros locais onde serão depositados e após a
atuação dos processos de alteração formam os solos de sedimentos transportados ou somente solos
transportados. Durante esse transporte poderá ocorrer que sedimentos oriundos de diferentes fontes
sejam agregados o que, no futuro, poderá dificultar a identificação da fonte principal dos sedimentos.
Os agentes de transporte mais comuns são a gravidade, a água, as
geleiras e os ventos, cada um deles transportando sedimentos com tamanhos
e distâncias diferentes, com isso, propiciando a formação de solos com características, também,
diferentes.
Os sedimentos formados em locais mais elevados poderão ser movimentados ao longo das
encostas pela ação da gravidade e depositados em local de cota mais baixa. Esses sedimentos têm os
seus tamanhos variando desde matacões até fração argila, com os maiores mantendo a forma original
33
devido a pequena distância de transporte; o solo formado sob essas condições é chamado de
coluvionar.
Quando o agente de transporte é uma geleira, os sedimentos contidos no interior da massa de
gelo manterão a forma e a dimensão inicial enquanto que aqueles que se encontram no plano de
deslizamento terão uma face polida. Após o degelo os sedimentos transportados, que podem ir desde
matacões até partículas de dimensão argila, serão depositados e formarão um solo bem graduado e
denominado solo glacial. Como exemplo desse tipo de solo no Brasil tem-se na região de Itu, no
Estado de São Paulo, onde se encontra o Parque dos Varvitos.
Se o meio de transporte é a água ocorre, ao longo do curso, uma separação natural dos
sedimentos com os de dimensões maiores percorrendo distâncias menores; este tipo de transporte
permite que mesmo os sedimentos de dimensões iniciais maiores possam ser rolados por uma distância
capaz de provocar alteração na forma e no tamanho inicial, devido a abrasão ocorrida durante a
movimentação, gerando grãos arredondados, como os seixos rolados ou pedregulhos de rio. Na Figura
7.1 estão mostrados pedregulhos recolhidos no Rio Mogi-Guaçú, próximo a São Carlos. Os solos
formados, após o transporte, são denominados de aluvionares e têm características granulométricas
diferentes dependendo da distância de transporte; como exemplo, pode-se citar que solos formados na
foz de um rio, junto ao mar, lago ou outro rio são sempre argilosos.
Os sedimentos transportados pelo vento sofrem uma separação natural por tamanho dos grãos,
com os maiores sendo transportados por distâncias menores; devido a isso esses solos, denominados
eólicos, são mal graduados, têm massa específica seca pequena e são estruturalmente instáveis. Devido
às suas características estruturais os solos eólicos apresentam comportamentos peculiares, como
apresentar taludes verticais estáveis, serem pouco compressíveis e capazes de suportar pequenas
cargas quando mantida constante a umidade “in situ”, mas apresentam colapso, às vezes, de grandes
proporções quando inundados; o loesse é o solo mais representativo deste grupo e pode ser encontrado
em várias partes do mundo.
Durante o processo de transporte dos sedimentos, por qualquer um dos agentes, haverá sempre
a possibilidade de sedimentos de diferentes origens, inclusive orgânicos, participarem da formação do
solo.
Esse é um sistema de classificação qualitativa, não apresentando valores numéricos para as
características dos solos. É um sistema mais afeito a geólogos que a engenheiros que, no entanto, não
podem desconhecê-lo.
Para uma complementação do assunto sobre a classificação geológica podem ser consultados
os trabalhos de Pastore e Fontes (1.998) e Vaz (1.996).
7.2 PEDOLÓGICO
A pedologia é o ramo da ciência que considera o solo como uma parte natural da paisagem e
tem seu interesse concentrado no estudo da origem, da evolução e da classificação dos solos.
Pedologia é uma palavra de origem grega, onde “pedon” significa terra ou solo; Lepsch (1.977)
define solo como “... um objeto completo, que teve sua formação iniciada a partir de uma rocha que se
desagregou mecanicamente e se decompôs quimicamente até formar um material solto, que com o
passar do tempo aprofundou-se e veio a sustentar as plantas.”. Essa definição de solo não satisfaz à
geotecnia porque o pedólogo só se interessa pela camada onde possam crescer raízes de plantas
perenes, que nem sempre será aproveitado como material de construção ou como suporte de uma
estrutura pelo engenheiro civil.
34
Após a intemperização da rocha ou o transporte e deposição dos sedimentos, com a ação dos
agentes biológicos, físicos e químicos, o solo começa a se formar e a sofrer transformações e a se
organizar em horizontes, de aspectos e condições diferentes e aproximadamente paralelos à superfície
do terreno. O perfil de um solo bem desenvolvido possui quatro horizontes convencionalmente
identificados pelas letras O, A, B e C como mostrado na Figura 7.2.
O horizonte O é formado com material vegetal, cobrindo a parte superficial do solo mineral,
de pequena espessura e existindo apenas em locais com muita vegetação. É um material sem valor
para a engenharia devendo sempre ser removido, antes do início de qualquer obra.
O horizonte A é o solo mineral mais próximo da superfície, tendo como principal característica
matéria orgânica em decomposição, sendo o fornecedor dos sólidos carreados pela água para os
horizontes inferiores. É um solo muito poroso, de alta compressibilidade não devendo ser aproveitado
como material de construção nem como elemento de suporte, mesmo de pequenas obras; o solo
apresenta uma cor escura.
O horizonte B, é o receptor dos sólidos carreados do horizonte A e apresenta um
desenvolvimento máximo de cor e estrutura; por ser mais denso e com menos matéria orgânica, poderá
ser utilizado como fundação de
de pequenas estruturas e como material de construção.
Os horizontes O, A, B podem ser subdivididos, para indicar diferentes graus de alteração e a
passagem de um horizonte para o vizinho é gradual, havendo alteração tanto na cor quanto na
quantidade de matéria orgânica.
O horizonte C é a zona de transição para a rocha, não tendo sido alcançado pelos agentes de
alteração (biológicos, físicos e químicos) dos horizontes superiores, mantendo assim características
próximas da sua origem geológica. O solo desse horizonte é aquele usado tanto como empréstimo
quanto como fundação. Abaixo do horizonte C se encontra a rocha, algumas vezes indicada pela letra
R.
O pedólogo considera o conjunto dos horizontes O, A, B como o seu solo, enquanto do ponto
de vista da engenharia civil, solo é o conjunto dos horizontes B e C.
Segundo Lepsch (1.977) existem diferentes sistemas de classificação pedológica dos solos; no
Brasil, o sistema usado é uma adaptação, às condições brasileiras, da Classificação Americana de
1.949 e que distribui os solos em três ordens: zonais, azonais e intrazonais.
Os solos zonais possuem características que refletem a influência do clima e dos organismos
vegetais na sua formação; são solos bem desenvolvidos (maduros), pois houve tempo suficiente para
que o estado de equilíbrio final com a natureza fosse atingido, profundos e com os horizontes A, B e C
bem diferenciados, características estas que são mais bem desenvolvidas em regiões altas com taludes
suaves e boa drenagem.
Os solos intrazonais têm características que refletem o domínio do relevo ou do material de
origem em sua formação, em lugar do clima ou organismos. Podem ser formados em locais de
topografia suave com clima úmido e nível d'água próximo à superfície ou em regiões áridas ou
próximas do mar resultando uma concentração de sais solúveis; alguns solos do grupo apresentam um
alto teor de montmorilonita, com comportamento não desejado na engenharia geotécnica.
Os solos azonais, devido ao pouco tempo de sua formação, à natureza do relevo e do material
original que impediram o desenvolvimento de características típicas do clima onde ocorreram e, por
35
isso, são pouco desenvolvidos (jovens); não possuem o horizonte B, com o horizonte A pouco espesso,
apoiado sobre o horizonte C ou rocha.
No trabalho de Salomão e Antunes (1998) pode ser encontrado mais detalhe desse sistema de
classificação, que é muito usado em agronomia, mas, ainda pouco na engenharia civil, embora possa
ser de muita utilidade na fase de reconhecimento em um programa de investigação do subsolo para
uma obra de grande porte.
7.3 GRANULOMÉTRICO
O solo é um material granular, Pp(#200) < 5 e pode ser descrito como uma areia grossa e
média pedregulhenta, com um diâmetro efetivo igual a 0,13 mm e grãos menores que 6,8 mm.
Embora não faça parte da classificação granulométrica a cor do solo, quando úmido, é outra
informação muito útil e que às vezes acompanha o nome dado ao solo; uma coloração mais escura
indica origem orgânica do solo, enquanto cores claras são características de solos inorgânicos. As
cores podem ser obtidas em tabelas ou usando as mais tradicionais: preta, marrom, vermelha, cinza,
amarela, branco, roxo, azul e verde com a indicação também da tonalidade clara ou escura. Ao se
definir a cor deve-se procurar aquela que seja predominante ou usar no máximo, as duas cores que se
salientam; para indicar que o solo não tem uma cor predominante usa-se o termo variegado.
7.4.1 Estrutura
A Figura 7.4 mostra os passos que devem ser seguidos para a classificação de um solo, com
sólidos menores que 75 mm.
Na segunda linha dessa Figura estão mostrados os três grandes grupos em que os solos foram
divididos: solos grossos, solos finos e solos altamente orgânicos. A definição se um solo é grosso ou
fino depende do valor da Pp (#200), enquanto que, a definição se um solo é altamente orgânico é
função das características peculiares desse tipo de solo, como cor, odor e presença de matéria
orgânica.
Na terceira linha estão mostrados os quatro grupos: os pedregulhos e as areias definidas em
função de suas percentagens de ocorrência e, os siltes e as argilas definidas em função do valor do
limite de liquidez: menor e maior ou igual a 50%.
Na quarta linha estão mostrados seis subgrupos: quatro deles são gerados dos grupos grossos
dos pedregulhos e das areias; os dois subgrupos gerados dos solos finos apresentam diferença quanto a
origem, orgânica ou inorgânica do solo.
Na quinta linha estão mostradas as características naturais predominantes de cada grupo:
granulometria, para areias e pedregulhos e, plasticidade, para siltes e argilas, tanto orgânicas quanto
inorgânicas.
Na última linha estão mostradas quinze classes de solos: oito delas geradas a partir de um solo
grosso, seis de um solo fino e uma dos solos altamente orgânicos. Para a definição das classes GM,
GC, SM e SC, além da granulometria, característica natural predominante dos solos grossos, é,
também, levada em consideração a plasticidade, característica natural da fração fina do solo. As
classes OH e OL podem estar tanto no grupo de solos com wL < 50 %, quanto no grupo de solos com
wL ≥ 50%.
Em cada classe existem diferentes tipos de solos, o que levou o SUCS a classificar 108 tipos,
segundo as regras mostradas nos itens seguintes.
Em cada classe existem diferentes tipos de solos, o que levou o SUCS a classificar 108 tipos,
segundo as regras mostradas nos itens seguintes.
Nome Qualidade
Grupo Símbolo Solo Símbolo
Pedregulho G Mal graduado P
Areia S Bem graduado W
Altamente orgânico PT
Na Tabela 7.3 estão relacionados os símbolos e os nomes das quinze classes mostradas na
Figura 7.4.
A regra geral é cada classe ter um nome associado a um símbolo composto de duas letras, mas,
existem classes de solos que recebem o nome e um símbolo duplo, composto de dois pares de letras.
Na Figura 7.4 estão mostradas as oito classes de solos grossos, que foram definidas em função
da Pp(#200): menor que 5% e maior que 12% sendo que para esta última a plasticidade dos finos é,
também, considerada.
Quando a Pp(#200) está entre 5 e 12% outras classes foram criadas e designadas com um
símbolo duplo; a plasticidade dos finos é, também, considerada.
39
D mm D mm #
Pedregulhos 4,8 D 75 Areias 0,075 D 4,8 200 – 4
Grossos 19 D 75 Grossa 2,0 D 4,8 10 – 4
Média 0,42 D 2,0 40 – 10
finos 4,8 D 19 Fina 0,075 D 0,42 200 - 40
Embora a subdivisão não seja usada para dar um nome ao tipo de solo é uma informação que
deve ser passada quando da descrição mais completa do solo.
O solo, nesta condição, é um material granular, não plástico e os nomes são dados, apenas, em
função das características granulométricas. Na classificação é preciso determinar a graduação do
pedregulho ou da areia, através dos valores dos coeficientes de uniformidade e de curvatura e,
compará-los com os mostrados na Tabela 7.5
Nesta condição, para a classificação do solo grosso, a plasticidade dos finos deve ser
considerada e, definida através do gráfico da plasticidade mostrado na Figura 7.5.
Na classificação cada tipo de solo recebe um símbolo duplo, com o primeiro (GW, GP, SW,
SP) indicando a classe do solo grosso e a segunda letra do segundo símbolo (GC, GM, SC, SM)
indicando que os finos são argilosos ou siltosos.
Os finos podem ter ainda um símbolo duplo, CL-ML, desde que o ponto caia na área
escurecida no gráfico da plasticidade; neste caso, a segunda letra do segundo símbolo é sempre C.
classificação
A Tabela 7.6 mostra a classificação dos solos grossos quando a percentagem do grupo grosso
não predominante (areia para os pedregulhos e pedregulhos para areias) é menor que 15 e maior ou
igual a 15; no primeiro caso, o nome do grupo grosso não predominante não tem participação no
nome do solo, enquanto que no segundo caso ele participa com o termo, arenoso ou pedregulhento,
conforme o grupo predominante.
40
Quando a percentagem que passa na peneira 200 está entre 5 e 12 e, a classificação dos finos
no gráfico de plasticidade tem, apenas, um símbolo, ao nome do solo é acrescentado o termo “com
silte” ou “com argila”; quando os finos do solo apresentam um símbolo duplo o termo a ser
acrescentado é sempre “com argila-siltosa”.
Quando a percentagem que passa na peneira 200 é maior que 12 e, a classificação dos finos
no gráfico de plasticidade mostra, apenas, um símbolo é acrescentado ao nome do solo o termo
“siltoso/siltosa” ou “argiloso/argilosa”, para pedregulhos e areias, respectivamente; quando os finos do
solo apresentam um símbolo duplo o termo a ser acrescentado é sempre “com argila-siltosa”.
Com essas restrições o número de tipos de solos grossos é igual a 44.
argila
Argila é um solo fino ou a fração fina de um solo grosso que apresenta plasticidade dentro de
um intervalo de umidade. Para ser classificado como argila, o ponto representativo da plasticidade do
solo deve estar sobre ou acima da linha A, no gráfico da plasticidade. Na identificação do solo um
torrão secado ao ar apresenta uma considerável resistência à compressão.
silte
Silte é um solo fino ou a fração fina de um solo grosso com baixa plasticidade ou não plástico.
Para ser classificado como silte o ponto no gráfico da plasticidade deve estar abaixo da linha A. Na
identificação do solo um torrão, secado ao ar, apresenta pequena ou nenhuma resistência à
compressão.
gráfico da plasticidade
classificação
A classificação de um solo fino começa com a definição da classe indicada pela posição do
ponto no gráfico de plasticidade. Os solos orgânicos, cujos pontos se situam sobre ou acima da linha A
são classificados como argilas, enquanto, os que estão abaixo são classificados como siltes.
Na Tabela 7.7 estão mostradas as classes de solos finos e, o símbolo de cada uma delas.
Tipos de solos
Pr(#200) Símbolo P(S) > P(G) P(G) > P(S)
CL Argila pouco plástica Argila pouco plástica
ML Silte Silte
< 15 CL-ML Argila siltosa Argila siltosa
CH Argila plástica Argila plástica
MH Silte elástico Silte elástico
CL Argila pouco plástica com areia Argila pouco plástica com pedregulhos
ML Silte com areia Silte com pedregulhos
15 a 29 CL-ML Argila siltosa com areia Argila siltosa com pedregulhos
CH Argila plástica com areia Argila plástica com pedregulhos
MH Silte elástico com areia Silte elástico com pedregulhos
P(G) < 15 P(S) < 15
CL Argila pouco plástica arenosa Argila pouco plástica pedregulhenta
ML Silte arenoso Silte pedregulhento
CL-ML Argila silto-arenosa Argila siltosa pedregulhenta
CH Argila plástica arenosa Argila plástica pedregulhenta
MH Silte elástico arenoso Silte elástico pedregulhento
≥ 30 P(G) > 15 P(S) > 15
43
CL Argila pouco plástica arenosa com pedregulhos Argila pouco plástica pedregulhenta com areia
ML Silte arenoso com pedregulhos Silte pedregulhento com areia
CL-ML Argila silto-arenosa com pedregulhos Argila siltosa pedregulhenta com areia
CH Argila plástica arenosa com pedregulhos Argila plástica pedregulhenta com areia
MH Silte elástico arenoso com pedregulhos Silte elástico pedregulhento com areia
Uma mesma classe de solos finos inorgânicos gera diferentes tipos de solos dependendo da
percentagem de areia e de pedregulhos; um solo fino, inicialmente, classificado através do gráfico da
plasticidade, como CH – argila plástica, gera seis outros tipos de solos, todos com o mesmo símbolo:
CH – argila plástica com areia P(S) > P(G)
argila plástica com pedregulhos P(G) > P(S)
argila plástica arenosa P(S) > P(G) e P(G) < 15
argila plástica arenosa com pedregulhos P(G) 15
argila plástica pedregulhenta P(G) > P(S) e P(S) < 15
argila plástica pedregulhenta com areia P(S) 15
Na Tabela 7.9 estão mostrados os tipos de solos orgânicos, para as mesmas condições da
Tabela 7.8, a menos do solo CL-ML – argila-siltosa que só é aplicado a solos inorgânicos.
Tipos de solos
Pr(#200) Símbolo Linha A P(S) > P(G) P(S) < P(G)
OL Sobre ou acima Argila orgânica Argila orgânica
Abaixo Silte orgânico Silte orgânico
< 15
OH Sobre ou acima Argila orgânica Argila orgânica
Abaixo Silte orgânico Silte orgânico
OL Sobre ou acima Argila orgânica com areia Argila orgânica com pedregulhos
Abaixo Silte orgânico com areia Silte orgânico com pedregulhos
15 a 29
OH Sobre ou acima Argila orgânica com areia Argila orgânica com pedregulhos
Abaixo Silte orgânico com areia Silte orgânico com pedregulhos
P(G) < 15 P(S) < 15
OL Sobre ou acima Argila orgânica arenosa Argila orgânica pedregulhenta
Abaixo Silte orgânico arenoso Silte orgânico pedregulhento
OH Sobre ou acima Argila orgânica arenosa Argila orgânica pedregulhenta
Abaixo Silte orgânico arenoso Silte orgânico pedregulhento
≥ 30 P(G) > 15 P(S) >15
OL Sobre ou acima Argila orgânica arenosa com pedregulhos Argila orgânica pedregulhenta com areia
Abaixo Silte orgânico arenoso com pedregulhos Silte orgânico pedregulhento com areia
OH Sobre ou acima Argila orgânica arenosa com pedregulhos Argila orgânica pedregulhenta com areia
Abaixo Silte orgânico arenoso com pedregulhos Silte orgânico pedregulhento com areia
O número de tipos de solos inorgânicos é igual a 35, enquanto que, o de solos orgânicos é
igual a 28.
Esses solos apresentam características muito diferentes dos solos inorgânicos e dos solos
orgânicos; são compostos de matéria vegetal, em diferentes estágios de decomposição, com cheiro
característico, cor marrom escura a preta, aparência esponjosa e pedaços da matéria orgânica que lhe
deu origem. Em condições normais, não é usado como apoio de estruturas por ter um índice de vazios
grande, uma resistência ao cisalhamento pequena e uma compressibilidade alta, além de saturado nem
44
como material de empréstimo. Na última linha da Figura 7.4 está mostrada a classe desses solos sendo
a turfa o mais conhecido deles e que deu origem ao símbolo, PT, da classe.
Nas regiões tropicais, onde as condições climáticas são de chuvas abundantes e temperaturas
mais altas, os processos intempéricos são mais intensos provocando uma desintegração rápida de
alguns minerais e, com isso, resultando solos com características peculiares à sua formação, chamados
de solos tropicais; é preciso salientar que nem todos os solos existentes nessas regiões apresentam as
características dos solos tropicais e portanto não podem ser considerados como tais; dois grupos de
solos tropicais, os lateríticos e os saprolíticos serão aqui descritos, de forma resumida, tanto do ponto
de vista da origem quanto do da classificação. Para um maior conhecimento sobre esses solos pode-se
consultar os trabalhos de Nogami e Villibor (1.995) e do International Committee on Tropical Soils
(1.985), entre outros.
Um solo pode ser considerado laterítico quando formado em um horizonte superficial bem
drenado sob condições de um clima tropical úmido. O mineral predominante na fração grossa é o
quartzo, embora, alguns minerais mais pesados possam, também, estar presente contribuindo para a
elevação da massa específica dos sólidos; a fração argilosa é composta por caulinita e óxidos de ferro
e alumínio hidratados formando uma estrutura altamente porosa e com vazios de tamanhos muito
pequenos até visíveis a olho nu. Nesses solos pode também ocorrer a laterita, que é uma aglutinação
de grãos com tamanho de pedregulhos, com uma resistência muito menor que a do quartzo e formada
por óxidos de ferro e alumínio hidratados. Quanto ao tamanho dos sólidos os solos lateríticos podem
ser enquadrados desde solos arenosos até argilosos. Quando manipulados por espatulação, nem
sempre, os grumos são destruídos o que pode alterar o resultado dos ensaios de caracterização.
Os solos saprolíticos resultam da decomposição da rocha e mantêm de modo claro as
características estruturais que permitem identificar a rocha que lhe deu origem; a fração grossa desses
solos possui uma variedade grande de diferentes minerais, com grãos de tamanhos e graus de
intemperização variados, enquanto na fração argilosa são encontrados argilo-minerais do grupo da
esmectita, da ilita e, às vezes, também da caulinita.
Nesses últimos anos, engenheiros rodoviários brasileiros têm observado uma diferença
marcante, entre os comportamentos previsto e o realizado, de solos tropicais compactados usados na
construção de estradas e que foram escolhidos com base no resultado de ensaios de granulometria e de
limites de consistência. A tendência atual é a de utilizar os resultados de outros ensaios para separar os
solos tropicais em solos de comportamento laterítico e de comportamento não laterítico, distribuindo-
os em classes e estimando as propriedades mais relevantes, dos solos de cada classe, para a utilização
na construção de estradas.
G', S' indica que o solo é uma areia , arenoso, argiloso ou siltoso, respectivamente. A linha pontilhada
mostrada na Figura 7.6 separa os solos de comportamento laterítico dos não lateríticos. Os solos
contidos em cada uma dessas classes podem ser descritos como:
NA: areias, siltes e areias siltosas, grão de quartzo, de baixa plasticidade a não plásticos, podendo
ou não apresentar alta expansibilidade;
NA’: areias siltosas e areias argilosas de plasticidade média a não plásticos; alguns solos podem
apresentar alta expansibilidade;
NS’: siltes, siltes arenosos e argilosos de plasticidade média a alta; em suas condições naturais
podem apresentar colapso e erodibilidade elevada;
NG’: argilas, argilas arenosas e siltosas, de alta plasticidade; apresentam alta expansibilidade,
plasticidade, compressibilidade e contração quando tem a umidade alterada;
LA: areias, com uma percentagem pequena de argila; são não plásticos ou de baixa plasticidade;
LA’: areias argilosas, argilas arenosas de baixa a média plasticidade; nas condições “in situ”
apresentam massa específica seca baixa, índices de vazios maiores e apresentam colapso, quando
encharcados;
LG’: argilas, argilas arenosas de média a alta plasticidade; “in situ” podem apresentar
colapsibilidade e um índice de vazios maior.
Figura 7.6 Classificação MCT dos solos tropicais (Nogami e Villibor, 1.995)
A Tabela 7.10 mostra a classificação dos solos tropicais de cada grupo, segundo a MCT e as
correspondentes segundo o Sistema Unificado de Classificação dos Solos (SUCS) e a American
Association of State Highway Officials (AASHO), retirada de Nogami e Villibor (1.995).
Segundo Nogami e Villibor (1.995), a dificuldade maior para se utilizar essa classificação está,
em primeiro lugar, na base de dados sobre os quais ela foi montada, “em cerca de meia centena de
amostras de solos tropicais do Estado de São Paulo”, uma quantidade pequena e regionalizada. A
segunda dificuldade é a quantidade excessiva de dados a serem obtidos através dos três ensaios,
46
relativamente, complexos e de difícil assimilação por iniciantes, conforma relatado por Fabbri (1.994).
Os autores da proposta parecem concordar com essas dificuldades, pois, desde o início da década de
90 vêm procurando desenvolver ensaios e testes que exigem um número menor de dados e reduzindo o
tempo para a identificação de comportamento laterítico dos solos tropicais, Nogami e Villibor (1.994,
1.996).
Um ensaio mais rápido e mais simples do que aqueles exigidos pelo Sistema MCT, para a
identificação do comportamento laterítico de um solo tropical, foi adaptado por Fabbri (1.994) a partir
de uma proposta de Lan (1.977). Para a realização do ensaio é preparada uma suspensão com 1 g
da fração do solo que passa na peneira de 0,075 mm de abertura em 100 cm³ de água destilada e uma
solução aquosa de azul de metileno contendo 1 g de sal anidro por litro da solução; a suspensão será
colocada em um agitador magnético e deixada algum tempo em agitação para, em seguida, se
adicionar 1 cm³ da solução de azul de metileno. Após um minuto de espera é retirada uma gota da
suspensão e depositada sobre um papel filtro e, com isso, formando uma mancha com um núcleo mais
escuro, onde estão as partículas do solo e uma borda mais clara. Esse procedimento deve ser repetido,
com o acréscimo de mais 1 cm3 da solução de azul de metileno,e retirada da gota e formação da
mancha, até que a borda apresente uma tonalidade azulada ou esverdeada; quando isso acontecer o
resultado deve ser confirmado e anotado o volume da solução de azul de metileno necessário para que
ele tenha ocorrido. Os solos foram separados, em três classes, em função do valor de um coeficiente de
atividade da fração fina com partículas menores que 0,005 mm e considerada a mais ativa do solo,
calculado com os dados obtidos no ensaio.
Os valores dos coeficientes de atividade, de mais de 200 amostras de solo, oriundas de
diferentes locais, foram comparados com a classificação obtida com a metodologia MCT tendo sido
possível estabelecer uma correlação entre os valores dos coeficientes de atividade e o tipo de
comportamento do solo tropical como mostrado na Tabela 7.11.
Por ser uma proposta ainda recente mais resultados poderão definir de um modo melhor os
intervalos de variação do coeficiente de atividade e do tipo de comportamento esperado. Um maior
detalhamento do procedimento desse ensaio poderá ser encontrado em Fabbri (1.994).
7.6 EXEMPLOS
Dois exemplos de classificação do solo serão mostrados, sendo um com materiais granulares e
outro com solos, usando dois sistemas de classificação: o granulométrico e o unificado.
7.6.1 Granulométrico
material granular
Na Figura 7.7 estão mostradas as curvas granulométricas de seis materiais, todos com menos de
5% dos sólidos passando na peneira 200, o que os caracteriza como materiais granulares.
Na mesma Figura estão mostradas as escalas adotadas para a classificação dos materiais,
segundo o tamanho dos grãos; a escala 1 é a adotada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), enquanto a escala 2 é a da American Society for Testing and Materials (ASTM) para separar
as frações das areias e dos pedregulhos.
Na Tabela 7.12 estão mostradas as percentagens de ocorrência de cada grupo e, também, de suas
frações.
47
1 2 3 4 5 6
Areia: 98 74 34 = = 14
Fina 50 3 = = = =
Média 38 30 9 = = 3
Grossa 10 41 25 = = 11
Pedregulho: 2 26 66 99 97 78
Fino 2 19 52 19 = 14
Médio = 7 14 65 55 25
Grosso = = = 15 42 39
Matacão = = = 1 3 8
A classificação dos materiais granulares, segundo a escala da ABNT, está mostrada a seguir:
solos
Na Figura 7.8 estão mostradas as curvas granulométricas de quatro solos, todos, com mais de
5% dos sólidos passando na peneira 200.
48
Na Tabela 7.13 estão as percentagens de ocorrência de cada grupo e das frações do grupo areia e
a classificação dos quatro solos, segundo a escala da ABNT.
7.6.2 Unificado
material granular
1 2 3 4 5 6
Os materiais granulares 1, 2 e 3 são areias, pois tem mais de 50 % de seus grãos passando na # 4
e, os três últimos são pedregulhos, por terem mais de 50% dos grãos retidos na # 4; a classificação dos
49
solos grossos, com menos de 5% de sólidos passando na # 200, segue o mostrado na Tabela 7.6 e,
resulta:
1. SP – Areia mal graduada
2. SW – Areia bem graduada
3. SW – Areia pedregulhenta bem graduada
4. GP – Pedregulho mal graduado
5. GP – Pedregulho mal graduado
6. GW – Pedregulho arenoso bem graduado
solos
Inicialmente os solos são separados em solos grossos (1 e 2) e solos finos (3, e 4), em função do
valor da percentagem que passa na peneira 200.
Na Tabela 7.15 estão mostrados os valores dessas percentagens e, também, os valores dos
limites de liquidez e de plasticidade dos solos.
Um ensaio de limite de liquidez, com amostras inicialmente secadas em estufa, dos solos 3 e 4
resultaram em valores, respectivamente, iguais a 72 e 45% mostrando que os solos finos são
inorgânicos.
A Figura 7.9 mostra a posição dos pontos no gráfico da plasticidade e, a classificação dos finos
dos solos grossos (1 e 2) e a dos solos finos (3 e 4).
Em função dos resultados obtidos e do descrito na Tabela 7.8, os solos são classificados como:
1. SC : Areia argilosa
2. SC – SM : Areia argilo-siltosa
3. CH : Argila plástica
4. MH : Silte elástico arenoso
50
COMPACTAÇÃO
O solo vem sendo usado como material de construção há muito tempo como mostrado em
alguns exemplos do Capítulo 2.
Na construção de uma estrutura de solo, como aterros para os mais diversos fins, este precisa
ser compactado; o processo de compactação, estático ou dinâmico, é realizado através da aplicação de
uma energia sobre uma camada de solo solto com uma redução do volume de vazios inicial tornando a
camada mais densa e resistente e, menos permeável e compressível. A escolha do tipo de solo a ser
usado em uma obra é fundamental para o sucesso da estrutura a ser construída.
O procedimento a ser adotado na compactação depende da classe do solo e, assim, os
materiais granulares e os solos têm processos de compactação diferentes, tanto em laboratório quanto
em campo, e, serão aqui tratados separadamente.
8.1 HISTÓRICO
Mesmo sendo um processo construtivo que vem sendo usado há muito tempo somente no final
da década de 1920 é que foi iniciado o estudo da compactação de um modo mais científico.
A necessidade de se ter um procedimento mais preciso para o projeto e a construção de
barragens de terra na Califórnia, USA, levou R. R. Proctor, então engenheiro de obras do Bureau of
Waterworks and Supply, da cidade de Los Angeles, a observar o comportamento dos solos durante a
compactação. A partir da observação de que a massa específica seca da camada, depois de
compactada, variava com o teor de umidade do solo solto, Proctor (1.933) propôs um ensaio de
laboratório cujo resultado define a função, massa especifica seca – teor de umidade, que é única para a
energia de compactação usada no ensaio.
O equipamento, mostrado na Figura 8.1, e o procedimento do ensaio atual pouco mudou da
proposta inicial de Proctor; nela a amostra é compactada dentro de um cilindro, com volume de 944
cm3, em 3 camadas, com a energia fornecida pela queda livre de um martelo de massa igual a 2,5 kg,
caindo 25 vezes em cada camada de uma altura de 30,48 cm. A energia aplicada por unidade de
volume do corpo de prova compactado é de 580 kJ/m3.
Na Figura 8.2 está mostrada uma curva de compactação típica de um solo, para uma dada
energia de compactação e curvas para 3 diferentes valores do grau de saturação. Durante a aplicação
da energia de compactação há uma saída de ar sem uma alteração significativa no teor de umidade
inicial, mas, como há uma redução do volume de vazios, com o volume de água mantendo-se
51
constante o grau de saturação aumenta; no entanto, com esse processo não se chega à condição de solo
saturado.
8.2 SOLOS
para a esquerda e para cima e, com isso, a massa específica seca máxima cresce e o teor de umidade
ótimo decresce.
Os solos B e C foram compactados com a energia e, o resultado obtido está mostrado na
Figura 8.3, onde também foi incluída a curva de compactação do solo A, com essa energia. Como a
granulometria dos três solos são diferentes as curvas resultantes se deslocam para a direita e para
baixo, do solo mais grosso para o mais fino; a massa específica seca máxima decresce e o teor de
umidade ótimo cresce.
Na Tabela 8.2 estão mostrados os valores das coordenadas do pico de cada curva das Figuras
8.3 e 8.4, bem como, os valores dos índices de vazios e dos graus de saturação desses picos.
Dois outros fatores, a secagem da amostra em estufa ou direto ao sol e a realização do ensaio
usando a mesma amostra reduzida, em todos os pontos, podem afetar a curva de compactação de
alguns solos argilosos, como mostrado por Lindquist (1.975).
Na Tabela 8.3 estão mostradas as percentagens de cada uma das frações, o valor do limite de
liquidez e do índice de plasticidade, o argilo-mineral predominante no solo argiloso usado por
Lindquist (1.975) e, a classificação granulométrica e a unificada.
Na Figura 8.5 estão mostradas as curvas de compactação dos quatro ensaios realizados, sob
diferentes condições iniciais de umidade das amostras reduzidas.
A condição inicial de cada amostra reduzida, sem ou com secagem (SS, CS) e o tipo de ensaio
realizado, sem ou com reuso (SR, CR), está mostrada na Tabela 8.4, juntamente com os valores do
teor de umidade ótimo, da massa específica seca máxima, índice de vazios e grau de saturação dos
picos, de cada uma das curvas da Figura 8.4.
As curvas B, C, e D, obtidas com amostras do solo que tiveram uma das condições
modificadas, se deslocaram para a esquerda e para cima quando comparadas com a curva A obtida
com uma amostra sem secagem e com ensaio sem reuso.
Na Tabela 8.5 estão mostrados os valores da variação percentual do teor de umidade ótimo, da
massa especifica seca máxima, do índice de vazios e do grau de saturação, das três curvas, em
relação aos mesmos valores da curva A.
54
Os valores, máximo e mínimo, da massa específica seca nos dois ensaios estão mostrados na
Tabela 8.6.
A massa especifica seca máxima obtida com o processo vibratório é maior que a do ensaio de
Proctor, enquanto a massa especifica seca mínima é menor; isso pode ser explicado pela maior
facilidade de movimentação dos grãos menores que preenchem os vazios formados pelos grãos
maiores, com a vibração. Quando o material está molhado a água acaba dificultando essa
movimentação dos grãos.
ensaio w d e
% g/cm³
máximo mínimo mínimo máximo
D-2049 0,0 1,733 1,464 0,529 0,810
8.4 TEORIAS
A primeira explicação sobre a forma da curva de compactação foi de Proctor; ele admitiu que
no início do ramo seco da curva, os sólidos estão envoltos por uma fina película de água e, quando
forçados a se aproximarem, devido a energia aplicada, essa água gera uma tensão capilar alta que se
opõe a aproximação, resultando um corpo de prova com massa especifica seca pequena. Um
acréscimo na umidade do solo aumenta o volume de água nos vazios, reduz a tensão capilar e, os
sólidos se aproximam mais uns dos outros resultando um corpo de prova com uma massa especifica
seca maior e um índice de vazios menor. Tudo se passa como se a água atuasse como um lubrificante
facilitando a aproximação dos sólidos. O efeito lubrificação continua até que a energia de
compactação aplicada não consegue mais remover a água e o ar contidos nos vazios do corpo de
prova; nesse momento, definido pelo teor de umidade ótimo, a massa especifica seca atinge o valor
máximo para a energia aplicada. Para um teor de umidade. Para um teor de umidade maior que o
ótimo, i. é, ramo úmido da curva, o volume de água nos vazios é maior e a tensão capilar praticamente
desaparece; a água passa a ocupar um espaço que poderia ser de um sólido e, com isso, a massa
especifica seca decresce com o crescer da umidade.
Na Figura 8.7 estão mostradas 3 curvas: a de compactação, a da massa especifica – teor de
umidade e a do índice de vazios – teor de umidade. Os pares de valores das coordenadas dos picos, das
duas primeiras curvas são iguais a (wot = 14,7%, ρdmax = 1,775 g/cm3) e (w = 15,2%, ρmax = 2,042
g/cm3), respectivamente; a curva do índice de vazios mostra valores decrescentes no ramo seco e
crescentes no úmido com uma variação menor que a do ramo seco.
O solo compactado com a mesma massa específica seca, mas, com teores de umidade
diferentes, um no ramo seco e outro no úmido, pontos com d = 1,716 g/cm³ e w = 13,5 e 18,3% na
Figura 8.7 tiveram comportamentos diferentes com o mais seco sendo menos plástico que o mais
úmido e mais resistente a penetração de uma ferramenta, mesmo, tendo ambos igual índice de vazios,
0,576.
A explicação de Lambe (1.958) para a forma da curva de compactação, para um solo argiloso,
tem sua base na teoria da química coloidal. Para isso foi, inicialmente, colocado o conceito de
deficiência em água, que um solo pode ter; as partículas de um solo argiloso, sob um determinado
estado de tensões, precisam de uma quantidade de água para o desenvolvimento pleno da camada
dupla e, que nem sempre está disponível na condição atual do solo. A diferença entre a quantidade de
água necessária e a disponível é a deficiência em água do solo que a partícula tentará absorver para
desenvolver a camada dupla. Lambe lembra que, geralmente, nos solos argilosos compactados este
valor é positivo e, portanto há uma falta de água para a formação plena da camada dupla. Na Figura
8.8 estão mostradas duas curvas de um mesmo solo, compactado com energias diferentes.
No ponto A, sobre a curva inferior, a pequena quantidade de água no solo não permite o
desenvolvimento pleno da camada dupla gerando uma concentração eletrolítica alta reduzindo as
forças de repulsão entre as partículas e, como conseqüência, há uma tendência à formação de
flóculos; o resultado é um solo com um arranjo estrutural randômico e massa especifica baixa
como mostrado na Figura 8.8.
No ponto B, da mesma curva, a quantidade de água no solo permite uma expansão da camada
dupla com uma redução na concentração eletrolítica reduzindo a floculação e, permitindo um arranjo
estrutural mais ordenado e, com isso, resultando um solo com uma massa especifica maior.
O termo lubrificação, antes utilizado como uma atividade física descreve, agora, a permissão
dada às partículas de melhor se orientarem e formarem camadas mais densas devido ao aumento das
forças repulsivas.
No ponto C, uma maior quantidade de água no solo permite uma continuada expansão da
camada dupla e uma redução das forças de atração entre as partículas diminuindo a floculação e a
formação de um arranjo estrutural mais ordenado que em B. Mesmo com esse novo arranjo a massa
57
8.5 EQUIPAMENTOS
58
O grupo dos compactadores estáticos é formado por aqueles equipamentos que aplicam ao
solo uma pressão, apenas, devido ao peso
próprio, sendo o rolo compressor o seu representante; a pressão é aplicada
ao solo através da área de contato entre o cilindro metálico ou o pneu e o solo. O cilindro metálico
pode ter sua superfície lisa ou não derivando daí duas denominações para esses equipamentos: rolo
compressor liso e o rolo tipo pé-de-carneiro, mostrados na Figura 8.10; o cilindro é oco permitindo
que a sua massa seja alterada colocando-se areia seca ou molhada na quantidade necessária para se
adequar à pressão exigida na compactação. Da mesma forma a área de contato do pneu com o solo
pode ser alterada variando-se a pressão interna dos pneus e adequando-a as condições de compactação.
No grupo dos compactadores vibratórios estão incluídos os equipamentos que utilizam
vibração, além de seu peso próprio. Os equipamentos pertencentes ao grupo anterior, quando têm um
sistema vibratório, se transformam em um equipamento deste grupo.
Em algumas situações, a compactação com um desses equipamentos não é possível e, outros
processos e equipamentos são mais apropriados; a compactação de uma camada mais profunda ou
mais espessa, para melhorar as características atuais, nem sempre é possível para qualquer tipo de solo
e, os processos são diferentes para solo e material granular.
Para materiais granulares existem alguns processos, como a cravação e a retirada de uma
estaca acompanhada por um efeito vibratório ou o processo da vibro-flotação, descrito por Janes
(1.973) e Brown (1.977), respectivamente, e que conseguem alterar as características do material
tornando-o mais denso.
Na Figura 8.11 estão mostradas as quatro fases do processo de compactação por vibro-
flotação. Uma sonda, com uma abertura na ponta e outra no topo, que podem ser abertas de forma
independente é suspensa por um guindaste e sua ponta é colocada próxima a superfície da camada a
ser compactada. Um jato de água sob pressão sai da ponta da sonda fluidificando a areia e permitindo
59
a descida do equipamento até a cota desejada, Figura 8.11.a. Durante essa fase o equipamento já está
sendo vibrado o que provoca a densificação do solo em uma faixa em torno da sonda, Figura 8.11.b.
Terminada essa fase, o fluxo de água na ponta da sonda é interrompido e transferido para a
abertura no topo e, ao mesmo tempo é iniciado o lançamento da areia que irá preenchendo o vazio
deixado pela retirada da areia, Figura 8.11.c. A areia vai sendo lançada e vibrada enquanto a sonda vai
sendo retirada; com a vibração aplicada a areia vai se tornando mais densa criando uma região da
camada com característica diferente da inicial, Figura 8.11.d. Esse processo de compactação tem se
mostrado bastante útil no aumento da densidade relativa de areias em camadas profundas, tendo sido
usado na melhoria do solo de apoio da estrutura de lançamento do foguete Saturno, em Cabo
Canaveral, na Flórida, quando foram adicionados 5.300 m³ de areia para aumentar a compacidade da
camada a uma profundidade média de 8,5 m.
A queda de um bloco, com uma grande massa, sobre um solo arenoso é, também, um
processo apropriado para compactá-lo devido ao efeito, tanto do impacto quanto da vibração, sobre
a estrutura desse solo.
Além dos equipamentos descritos para a construção de aterros e dos
processos de densificação de uma camada de solo há ainda o processo construtivo conhecido como
"aterro hidráulico", que usa as forças de percolação e o peso próprio das camadas superiores para
provocar a compactação das camadas inferiores.
Na Figura 8.12 está mostrado, de forma esquemática esse processo de construção. Uma lama é
jogada nos pontos mais altos (A) e escorre ao longo do talude AB quando os sólidos maiores vão se
depositando; a suspensão que chega até o nível de água contém ainda grãos de areia que, rapidamente,
se sedimentam formando a região de transição granulométrica entre o material grosso e o núcleo
formado pela deposição das partículas de argila. No Brasil, algumas barragens do Sistema Billings, em
São Paulo, foram construídas com esse processo, como a Barragem de Pedreira, com 25 metros de
altura e 1500 metros de comprimento da crista, como descrito por Savelli (1.978).
60
8.6 CONTROLE
onde wf , df , w1 , w2 e GC são, respectivamente, o teor de umidade e a massa específica seca de
cada camada do aterro, os intervalos de variação permitidos do teor de umidade para o ramo seco e o
úmido e o grau de compactação cujo valor a ser adotado depende do tipo de cada obra ; a área
hachurada na Figura 8.13 esquematiza graficamente essas inequações.
Durante a construção, o teor de umidade e a massa específica de cada camada são medidas e
seus valores comparados com os especificados, definidos com as inequações [8.4]. Além desses
parâmetros, outras verificações devem ser feitas sobre a jazida de origem do solo e do local onde será
colocado no aterro; após o espalhamento do solo a espessura inicial e final da camada é medida,
número de passadas do rolo, sobre uma mesma faixa (controle da energia por unidade de volume
compactado), se foi feita a escarificação que é o revolvimento da parte superior do solo da camada
compactada. Se todos os itens controlados foram satisfeitos a camada pode ser liberada e uma nova
será construída.
O controle do teor de umidade e do grau de compactação é feito através de determinações
rápidas no campo, enquanto os demais controles são visuais e táteis.
61
A determinação do teor de umidade de cada camada deve ser rápida, para não prejudicar o
andamento da construção e não elevar o custo da obra e, precisa para garantir que o resultado obtido
permita ou não a liberação da camada. O problema maior nessa determinação é o tempo de secagem
da amostra na estufa elétrica, que pode variar de 6 a 12 horas e, por isso, outros processos de secagem
têm sido utilizados.
O teor de umidade da camada pode ser obtido por um dos processos:
“speedy moisture tester” (SMT), estufa de raios infravermelhos (ERIV), forno microondas (FMO) e
Hilf. O valor do teor de umidade determinado com qualquer um destes processos de secagem rápido
da amostra é, apenas, uma estimativa do valor do teor de umidade determinado com a secagem da
amostra reduzida na estufa elétrica padrão (EEP).
O ensaio com o “speedy” é mais apropriado a solos arenosos devido ao processo de secagem
da amostra reduzida. O “speedy”, como é conhecido, é um aparelho formado de três partes: câmara de
reação, manômetro e membrana elástica colocada entre os dois primeiros e ligada ao ponteiro do
manômetro, Figura 8.14; na mesma Figura está mostrada a balança usada em campo na realização do
ensaio.
Para a determinação do teor de umidade uma amostra reduzida do solo, com uma massa
próxima a 20 g, é colocada na câmara de reação junto com ampolas de vidro contendo carbureto e
esferas de aço. Com a agitação do “speedy” as esferas de aço quebram as ampolas de vidro o carbureto
reage com a água do solo resultando um gás que aumenta a pressão na câmara; a membrana se
deforma e por estar ligada ao ponteiro do manômetro este se movimentará indicando o teor de
umidade em uma escala previamente preparada quando da calibração do aparelho no laboratório. O
valor do teor de umidade obtido com o “speedy” depende da capacidade do carbureto retirar toda a
água do solo e, por isso, é mais aplicável a solos arenosos, em face da resistência dos solos argilosos
em liberar a água neles existente. A calibração do aparelho deve ser feita com todos os tipos de solos a
serem controlados. O procedimento da calibração é semelhante ao do ensaio de campo: uma amostra
úmida reage com o carbureto e a pressão resultante na câmara é lida na escala do manômetro; o teor de
umidade da amostra é determinado na EEP e com os pares de valores teor de umidade-pressão pode
ser preparada uma nova escala para uma leitura direta no manômetro, dentro do intervalo de umidades
desejado.
62
Durante o período de construção das grandes barragens de terra no Brasil, forçando a uma
utilização mais intensa dos processos de controle, como o proposto por Hilf (1.959), começou a ser
observado uma grande dispersão entre os resultados obtidos no controle e aqueles de laboratório,
como relatado por Mellios e Mendes (1.975); esse fato levou o Laboratório Central de Engenharia
Civil, de Ilha Solteira, a pesquisar outros equipamentos de secagem rápida do solo e que pudesse ser
usado no campo. Esses estudos levaram a uma estufa de raios infravermelhos, descrita na Norma
MSL-10, CESP (1.983) e divulgado por Mellios (1.983), e que permite a secagem das amostras em
tempo inferior a 60 minutos.
O forno microondas, para utilização doméstica, começou também a ser utilizado na secagem
de amostras de outros materiais; a American Society for Testing and Materials (ASTM) padronizou o
procedimento deste ensaio, nos Estados Unidos.
Em trabalho realizado por Cesar (1.996) no qual foram comparados os valores dos teores de
umidade obtidos com a secagem das amostras na estufa elétrica padrão, na estufa de raios
infravermelhos e no forno microondas; os resultados foram divulgados por Nogueira; Cesar; Santos e
Valadares Filho (1.998) mostraram compatibilidade entre eles, sendo que o tempo necessário para a
secagem da amostra no forno microondas está, em torno de, 12 minutos.
A determinação do teor de umidade de uma forma rápida não elimina o uso da estufa elétrica
padrão que fornecerá o resultado algumas horas depois e que será tomado como referencial das
medidas feitas em campo e para propor correções, se necessário.
No Apêndice A estão descritos os procedimentos para a determinação do teor de umidade
com a ERIV e o FMO e, no Apêndice E
está descrito o processo de Hilf.
( )
[8.5]
e, depois comparar este valor com o exigido pela especificação de construção. O teor de umidade é
obtido por um dos processos citados no item anterior.
A massa específica do solo pode ser obtida através de dois ensaios: um, usando um cilindro
cortante e, outro usando o frasco de areia.
Na Figura 8.15 estão mostrados os quatro elementos do cilindro cortante: cilindro, colar,
haste-guia e soquete.
63
O cilindro deve ter uma relação de áreas menor que 15% e a borda inferior biselada para
facilitar o corte do solo, segundo Hvorslev (1.949); a lubrificação da parte interna do cilindro diminui
o atrito cilindro-solo, reduzindo o encurtamento da amostra. A relação de áreas é calculada com a
equação
[8.6]
onde De e Di são os diâmetros externo e interno do cilindro; a equação é usada para dimensionar a
espessura da parede do cilindro que não pode ser muito fina para não se deteriorar rapidamente, nem
muito grossa para não dificultar a cravação que é feita com o soquete mostrado na Figura 8.16 sem a
preocupação com a energia usada. A amostra ao ser retirada deve ter um excesso de solo no topo e na
base.
Para a retirada do cilindro o solo é escavado em sua volta até atingir a borda inferior e, depois
a escavação continua, por baixo do cilindro, para soltá-lo do solo compactado.
Retirados os excessos de solo, do topo e da base, resta o corpo de prova com volume igual ao
interno do cilindro; em seguida, este é pesado e conhecendo-se a tara e o volume do cilindro, Mc e Vc,
a massa especifica da camada pode ser calculada com a equação
[8.7]
onde M é a massa do corpo de prova.
Na Figura 8.16 está mostrado um corte longitudinal do equipamento e a cravação do cilindro
no solo.
Amostras reduzidas retiradas do interior do corpo de prova são usadas para a determinação do
teor de umidade com um processo rápido e, confirmado com a EEP.
Esse procedimento não é apropriado a camadas muito densas devido às dificuldades de
cravação do cilindro, nem, a um solo arenoso fofo que devido a vibração poderá ocorrer uma
acomodação das partículas, com diminuição do volume de vazios.
O equipamento usado no ensaio com o frasco de areia está mostrado na Figura 8.17; à
esquerda, a foto mostra o conjunto e, à direita, um corte longitudinal do frasco posicionado para a
realização do ensaio.
A abertura do furo deve ser rápida e protegida dos raios solares e alcançar uma profundidade,
em torno, de 2/3 da espessura da camada. Terminada a abertura é realizada a pesagem do solo retirado,
M, e, também, amostras para a determinação do teor de umidade com uma secagem rápida e com a
EEP.
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Em seguida o frasco de areia é posicionado sobre o furo e a válvula é aberta permitindo que o
escoamento da areia preencha todo o volume do furo e, também, o do funil.
O volume do furo é determinado de modo indireto através de pesagens do frasco antes (M1) e
depois (M2) da colocação da areia no furo; a diferença entre essas duas pesagens é a massa de areia
necessária para preencher o volume do furo e o do funil. A massa de areia necessária para o
preenchimento do funil é determinada previamente em laboratório e, se torna uma constante do
equipamento; para isso, o frasco é apoiado sobre o tampo de uma mesa e a válvula é aberta. Com
pesagens do frasco, antes e depois dessa operação é determinada a massa de areia seca, Ms, que
preenche o volume do funil, (M3).
A massa de areia, secada previamente na estufa, que deve ter sido secada em estufa, que
preenche o volume, Vf, é igual a Ms = M1 - M2 - M3.
Uma estimativa da massa especifica seca da areia no ensaio de campo, é obtida no laboratório
depositando-a, nas mesmas condições das de campo, em um frasco de volume conhecido e,
determinando a massa de areia que preencheu o frasco e, depois calculando a massa especifica seca.
O volume do furo é calculado com a equação
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[8.8]
e a massa específica do solo compactado é igual a
[8.9]
O processo de Hilf (1.959, 1.975) permite calcular, de um modo direto, o grau de compactação
de uma camada; a descrição completa do processo se encontra no Apêndice E.
8.7 EXEMPLO
Um ensaio de compactação Proctor Normal, sem reuso, foi realizado com um solo da cidade
de São Carlos resultando a curva de compactação mostrada na Figura 8.18.
Os resultados dos ensaios de caracterização estão mostrados na Tabela 8.7, onde, também,
consta a classificação granulométrica e a unificada; o solo foi identificado como inorgânico e sua cor
predominante é vermelha.
Para dois valores da massa especifica seca, d = 1,450 e 1,525 g/cm3, serão calculados os
índices físicos, no ramo seco e no úmido, usando, apenas, as equações de definição; para isso serão
calculados o volume e a massa de cada fase.
Para uma mesma massa específica seca os teores de umidade dos pontos A e B e, dos pontos C
e D são, iguais a:
A B
d = 1,450 g/cm 3
w = 24,1% e w = 32,2%
C D
d = 1,525 g/cm3 w = 26,9% e w = 28,2%.
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O volume do corpo de prova compactado é igual 1.000 cm3, que é o volume do cilindro usado
no ensaio de Proctor Normal.
Ponto A
V = Vv + Vs Vv = 492,65 cm3
ponto d w s e Sr n
g/cm3 % g/cm3 g/cm3 % %
A 1,450 24,1 1,799 0,971 70,9 49,3
B 32,2 1,917 2,858 94,8
C 1,525 26,9 1,935 0,874 88,0 46,6
D 28,0 1,952 91,6
Para uma mesma massa especifica o aumento no teor de umidade altera o valor, apenas, da
massa especifica e do grau de saturação.
Na Tabela 8.9 estão mostrados os volumes das três fases do solo nos pontos A, e C, no ramo
seco e, nos pontos D e B, no ramo úmido, bem como, a variação que ocorre em valores absolutos e
percentuais.
Quando se passa do ponto A (w = 24,1%) para o C (w = 26,9%) no ramo seco houve um
acréscimo no teor de umidade de 11,6% em relação ao inicial o que provocou um acréscimo de 5,3% e
17,4% no volume de sólidos e de água, respectivamente e, uma redução de 60,8% no volume de ar.
Do ponto D (w = 28,0%) para o ponto B (w = 32,2%) no ramo úmido o acréscimo relativo no
teor de umidade é de 15,0% reduzindo o volume de sólidos de 4,9% e aumentando o volume de água
de 9,3%; a redução do volume de ar foi de 34,7%, um pouco menos da metade da redução no ramo
seco.
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