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sobre
Drogas
para
Jornalistas
PLATAFORMA BRASILEIRA
DE POLÍTICA DE DROGAS
Guia
sobre
Drogas
para
Jornalistas
Coordenação: AssistENTE de produção:
Catalize Comunicação Social Cristina Uchôa
TEXTO E EDIÇÃO: Tarso Araujo Revisão técnica : Andrea
Projeto Gráfico: Estúdio Nono Galassi, Dartiu Xavier da Silveira e
Direção de arte: Jorge Oliveira Luís Fernando Tófoli (saúde), Carolina
Ilustrações: Inara Negrão Diniz, Cristiano Avila Maronna e
Assistente de arte: Cristina Uchôa (direito), Maurício Fiore
Jacqueline Hamine (ciências sociais), Dênis Petuco e Maria
ARTE-FINALIZAÇÃO E Angélica Comis (redução de danos)
FECHAMENTO DE ARQUIVOS: Suporte administrativo:
Rosalina Taques | DoceDesign Alexandre Soledade de Oliveira,
Revisão e produção Priscila Nicastro, Roberto Seracinskis
editorial : Débora Tamayose e Victor de S. Nogueira
Assistente de Pesquisa: COLABORAÇÃo :
Manuela Muzzachio Cleia Noia, Luciana Zaffalon,
Coordenação de Nathalia Oliveira e Priscila Beltrame
projeto: Harumi Visconti
Este projeto foi financiado com recursos do Drugs, Security and Democracy (DSD)
Program do Social Science Research Council, o qual conta com o apoio financeiro da
Open Society Foundations.
A658g
Araujo, Tarso
Guia sobre drogas para jornalistas / Tarso Araujo – 1ª ed. – São
Paulo : IBCCRIM-PBPD-Catalize-SSRC, 2017.
96 p.
ISBN 978-85- 54861-00- 1
1ª edição
São Paulo
IBCCRIM-PBPD-Catalize-SSRC
2017
Instituto Brasileiro de
Ciências Criminais – IBCCRIM
Diretoria Executiva 2017/2018 :
Presidente: Cristiano Avila Maronna • 1º Vice-presidente: Alexis Couto de Brito
• 2ª Vice-presidenta: Eleonora Rangel Nacif • 1º Secretário: Renato Stanziola Vieira
• 2º Secretário: Carlos Roberto Isa • 1º Tesoureiro: Édson Luis Baldan • 2º Tesoureiro:
Bruno Shimizu • Diretor nacional das coordenadorias regionais e estaduais: André
Adriano do Nascimento da Silva • Assessora da diretoria: Jacqueline Sinhoretto
• Ouvidor: Rogério Fernando Taffarello
CONSELHO CONSULTIVO 2017/2018 :
Presidente do conselho: Andre Pires de Andrade Kehdi
Membros: • Carlos Alberto Pires Mendes • Helios Nogués Moyano
• Mariângela Gama de Magalhães Gomes • Sérgio Salomão Shecaira
Acesse a composição completa do IBCCRIM em www.ibccrim.org.br
Plataforma Brasileira
de Política de Drogas
Secretaria Executiva :
Secretário Executivo: Cristiano Avila Maronna
Secretária Executiva Adjunta: Luciana Zaffalon
Coordenação Científica: Maurício Fiore
Coordenação de Comunicação: Harumi Visconti
Coordenação de Relações Institucionais: Gabriel Elias
Articulação: Nathália Oliveira
Mais sobre a PBPD na página 11.
Sumário
Este guia está organizado da seguinte maneira: a parte principal, da página 25 à 70, traz um glossário,
em ordem alfabética, com diversos termos recorrentes na cobertura jornalística sobre drogas.
A segunda parte traz uma sequência de fichas com informações por substâncias ou grupos de subs-
tâncias, listando mitos e verdades, dados relevantes e informações correlatas. Ao longo de todo o guia,
você encontrará referências cruzadas entre os termos, que se complementam, assim como as fichas
por substâncias. Notas sobrescritas também indicam as referências, todas reunidas na parte final.
9 13
pági na pági na
pági na pági na
21 25
O que são drogas? Glossário de termos
sobre drogas
pági na pági na
73 91
Cada droga Referências
é uma droga
8 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
Por que um
guia sobre
drogas para
jornalistas?
Plataforma Brasileira de Política de Drogas (PBPD) nasceu da
A
necessidade de unir, em rede, especialistas e organizações dedicadas a
estudar e a promover a reforma da política de drogas em suas diversas
frentes: saúde, segurança pública, acesso à justiça e direitos humanos.
Composta de mais de 40 entidades em todo o país e sediada
no Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM), a
PBPD atua pela redução da violência e dos danos associados a
políticas proibicionistas, defendendo normativas e programas
– 9
Por que um guia sobr e drogas para jornalistas ?
10 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
Quem compõe
a Plataforma Brasileira
de Política de Drogas:
Apoio à Pesquisa e Pacientes de Cannabis Medicinal • Associação Brasileira de Estudos Sociais
do Uso de Psicoativos • Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais
• Associação Brasileira de Redução de Danos • Associação Brasileira de Saúde Coletiva
• Associação Brasileira de Saúde Mental • Associação Brasileira Multidisciplinar de Estudos
sobre Drogas • Associação Brasileira para Cannabis • Associação dos Agentes da Lei contra a
Proibição • Associação Juízes para a Democracia • Associação Multidisciplinar de Estudos sobre
Maconha Medicinal • Associação Psicodélica do Brasil • Centro Brasileiro de Estudos de Saúde
• Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas • Centro de Convivência É de
Lei • Centro de Direitos Humanos e Educação Popular • Centro de Estudos de Segurança e
Cidadania da Universidade Cândido Mendes • Centro de Referência sobre Drogas e
Vulnerabilidades Associadas • Cia. Pessoal do Faroeste • Comitê Latino-Americano e do Caribe
para a Defesa dos Direitos da Mulher • Conectas Direitos Humanos • Cultive Associação de
Cannabis Medicinal • Grupo Interdisciplinar de Estudos sobre Substâncias Psicoativas
• Growroom • Grupo de Pesquisas em Política de Drogas e Direitos Humanos da UFRJ • Grupo
de Trabalho do Programa Álcool, Crack e Outras Drogas da Fundação Oswaldo Cruz • Iniciativa
Negra por uma Nova Política sobre Drogas • Instituto Brasileiro de Ciências Criminais
• Instituto de Defesa do Direito de Defesa • Instituto de Pesquisa de Adaptógenos e Enteógenos
• Instituto Manoel Pedro Pimentel • Instituto Sou da Paz • Instituto Terra, Trabalho e Cidadania
• Laboratório de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos da Unicamp • Maryjuana.com.br
• Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos • Observatório Baiano sobre
Substâncias Psicoativas • Pastoral Carcerária Nacional • Plantando Consciência • Programa de
Orientação e Atendimento a Dependentes da Universidade Federal de São Paulo • Rede Brasileira
de Redução de Danos e Direitos Humanos • Rede Cidade Fala • Rede Latino-Americana de
Pessoas que Usam Drogas • Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas
– 11
12 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
A imprensa
no rehab
Tar s o Ar aujo
– 13
introdução
14 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
introdução
– 15
introdução
4 ANDI. Mídia e drogas – O perfil do uso e do usuário na imprensa brasileira. São Paulo: Cortez, 2005.
5 NOTO, A. R.; MASTROIANNI, F. C. As drogas psicotrópicas e a imprensa brasileira: análise
material publicado e do discurso de profissionais da área de jornalismo. Repositório Institucional
Unifesp, 2006. Disponível em: <http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/8969>. Acesso em:
3 nov. 2017.
16 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
introdução
– 17
introdução
18 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
introdução
– 19
20 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
O que são
drogas?
A palavra droga admite muitos significados. Do ponto
de vista farmacológico, ela pode ser definida como “qualquer
substância que pode afetar o funcionamento de um organismo”.
É por isso que chamamos farmácias de drogarias e, por sua
vez, poderíamos chamar qualquer remédio ou mesmo chás e
até o açúcar de droga. Mas é mais comum chamarmos essas
substâncias de medicamentos, bebida e alimento, respectiva-
mente. No dia a dia, reservamos a palavra droga para aquelas
substâncias que atuam no cérebro e afetam nossa percepção
ou nosso comportamento. Ou seja, informalmente usamos a
palavra droga como sinônimo de uma classe mais específica de
drogas psicotrópicas ou psicoativas. É assim que a imprensa usa
essa palavra, e é assim que vamos usá-la neste livro também.
– 21
O QUE SÃO drogas ?
Regime de controle
As drogas podem ser classificadas em três tipos,
conforme seu regime de controle.
22 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
O QUE SÃO drogas ?
Tipos de efeito
Outra classificação comum das drogas psicoativas é por
seu efeito sobre o sistema nervoso central (SNC).
– 23
a – B PRIMEIRA PALAVRA, última palavra
24 – GGuui a
i a ssoobbrree DDrroogas
gas pa
parraa JJoorrnnaalli stas
i stas
PRIMEIRA PALAVRA, última palavra – A
Glossário de
termos sobre
drogas
– 25
a – abstnênciA, Alcoólicos Anônimos (AA)
A
consumo de produtos e serviços
sujeitos à vigilância sanitária,
como alimentos, agrotóxicos,
cosméticos, medicamentos e
equipamentos médicos. No Brasil,
é responsável pela atualização das
Abstinência listas de substâncias de uso con-
Período ou momento em que uma trolado ou banido1 , determinadas
pessoa não está usando drogas. pelos anexos da Lei de Drogas (Lei
Quando se diz que alguém está n. 11.343, de 11 de outubro de 2016).
“em abstinência”, geralmente se
pressupõe que ela já usou alguma Alcaloides
substância regularmente e, no Classe de moléculas orgânicas
momento, não tem usado. Em da qual fazem parte importantes
pesquisas epidemiológicas, é substâncias psicoativas, como
comum usar a expressão “atual- a cafeína, a nicotina, a morfina
mente abstinente” para se referir e a cocaína. Geralmente são
a um período de pelo menos batizadas com o sufixo -ina
12 meses sem uso de drogas. e derivadas de vegetais, mas
+ Síndrome de abstinência (p. 67). também podem ser encontradas
em espécies de fungos e bactérias.
Ácido lisérgico
Substância sintética de efeito Alcoólicos
alucinógeno, também chamada Anônimos (AA)
de LSD, LSD-25 ou dietilamida de Grupos de ajuda mútua criados
ácido lisérgico. + Ficha LSD (p. 83). e mantidos por usuários
problemáticos de álcool para
Agência Nacional de acolhimento e promoção da
Vigilância Sanitária abstinência. A organização foi
(Anvisa) criada nos Estados Unidos em
Autarquia criada em 1999 1935 por Bill Wilson e Bob Smith,
para controlar a produção e o que desenvolveram o “Programa
26 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
Alcoolista, Analgésico – A
– 27
a – B Anfetaminas, Bafômetro
Anfetaminas Autocultivo
Classe de drogas estimulantes Termo usado por consumidores de
que inclui substâncias ilícitas, Cannabis para se referir ao cultivo que
como o cristal, e prescriti- fazem para seu próprio consumo.
vas, como o metilfenidato
(Ritalina®) e diversos emagre- Ayahuasca
cedores de uso controverso. Bebida psicodélica, geralmente usada
+ Ficha anfetaminas (p. 77). em contexto religioso, por seguidores
do Santo Daime e outras religiões
Ansiolíticos ayahuasqueiras, preparada a partir do
Drogas usadas para reduzir a cipó jagube e das folhas de chacrona
ansiedade. Podem ser naturais, ou rainha. + Ficha ayahuasca (p. 76).
B
como a camomila e a passiflora,
ou sintéticos, como a classe de
medicamentos benzodiazepínicos.
+ Ficha sedativos e calmantes (p. 87).
Antidepressivos
Drogas psicoativas comercia-
lizadas sob prescrição médica, Bad trip
desenvolvidas para melhora Expressão usada por usuários
dos sintomas da depressão. Os para se referir a qualquer tipo de
antidepressivos não se encontram mal-estar que sintam enquanto estão
sob controle nas convenções sob efeito de alguma substância,
internacionais de drogas. independentemente de a causa do
problema ser o uso da droga em si ou
Associação para alguma circunstância do contexto.
o tráfico
+ Tráfico de drogas (p. 69). Bafômetro
Nome informal do etilômetro, tipo
Audiência de custódia de equipamento usado para aferir o
+ Processo penal (p. 60). percentual de álcool presente no ar
28 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
Barbitúrico, Canabinoides B – C
C
dos pulmões de quem está sendo
testado. Sua leitura fornece uma
medida indireta da concentração
de etanol no sangue. É usado
por autoridades de trânsito para
averiguar o consumo recente
de álcool por motoristas. Cafeína
Substância estimulante de
Barbitúrico ocorrência natural no café,
Classe de drogas depressoras no cacau, em certos tipos de
do sistema nervoso central. chá e em outros vegetais. É a
+ Ficha sedativos e calmantes (p. 87). droga psicoativa mais usada no
mundo. + Ficha cafeína (p. 80).
Bebida alcoólica
80%
Qualquer bebida que contenha
etanol. No Brasil, para registro e
classificação, são consideradas
alcoólicas as bebidas potáveis com
da população mundial
0,5% a 54% de volume de etanol em consome pelo menos algum produto
sua composição. Para veiculação de com cafeína todos os dias3 .
propaganda, porém, a lei2 considera
alcoólicas apenas as bebidas com
mais de 13% de etanol. Assim, Canabidiol (CBD)
cervejas e vinhos, por exemplo, não 5 Leia na próxima página.
são consideradas bebidas alcoólicas
e podem ter sua publicidade Canabinoides
veiculada sem restrições de horário. Classe de substâncias que interagem
com o sistema endocanabinoide.
Boca de fumo São as principais responsáveis pelas
Gíria para ponto de venda propriedades psicoativas e terapêu-
de drogas ilícitas. ticas da Cannabis. Os canabinoides
Sinônimo de biqueira. são produzidos principalmente nas
– 29
C – Canabidiol (CBD), Cannabis sativa
30 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
Caps AD, Clínica de reabilitação – C
– 31
C – Clonazepam, Cogumelo alucinógeno
Clonazepam Codeína
Comercializado no Brasil com Substância derivada do ópio, é
o nome de Rivotril®, é um depressora do sistema nervoso
medicamento da classe dos central e usada na fabricação de
benzodiazepínicos, drogas remédios para dor e tosse.
depressoras do sistema nervoso + Ficha opioides (p. 86).
central. Há anos é um dos medi-
camentos que causa dependência Coffee shop
mais vendidos no Brasil. Apelido surgido na Holanda para
estabelecimentos autorizados a vender
Clubes sociais maconha no varejo. A popularização
de cannabis desse tipo de comércio está ligada a
Tipo de organização autorregulada uma orientação de 1980 do Ministério
para o cultivo de Cannabis Público holandês para reduzir a
criado na Espanha no início dos prioridade do combate ao tráfico da
anos 2000. Sua proposta é tirar droga. No entanto, segundo a Lei de
partido da descriminalização Drogas do país, o porte e o comércio
da Cannabis para uso pessoal de maconha continuam ilegais.
e organizar cultivos coletivos
que atendam exclusivamente a Cogumelo alucinógeno
pequenos grupos de sócios, que Termo geral usado para se referir a
financiam a produção sem visar diversos cogumelos que produzem
ao lucro. Nos anos 2010, a proposta psilocibina ou psilocina, substâncias
original, criada pela Federação de alucinógenas. Em algumas socieda-
Associações Canábicas (FAC), foi des o uso desses cogumelos é tra-
abandonada por uma nova onda dicional e religioso. A produção e o
de clubes com fins comerciais. comércio são ilegais na maioria dos
países porque seus dois princípios
Cocaína ativos estão na lista de substâncias
Droga estimulante extraída banidas pelas convenções interna-
das folhas do arbusto de coca. cionais de drogas.
+ Ficha cocaína (p. 78). + Alucinógeno (p. 27), Enteógeno (p. 42).
32 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
Comissão Internacional do Ópio, Comudidades TERAPÊUTICAS – C
– 33
C – Comissão sobre Drogas Narcóticas, Crack
34 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
Cracolândia, Crime organizado – C
– 35
C – Convenções Internacionais de drogas, CRITÉRIOS OBJETIVOS
Cristal
Convenções Apelido da metanfetamina
internacionais em forma cristalina, droga
de drogas estimulante de uso injetável,
Existem três acordos internacionais
que orientam a formulação de leis
inalável ou fumável.
sobre drogas nos mais de 170 países + Ficha anfetaminas (p. 77).
que assinaram seus termos:
Critérios objetivos
• Convenção Única sobre Opção normativa adotada
Entorpecentes, 1961 em alguns países para
Primeiro tratado sobre drogas criado sob
diferenciar as condutas
a égide da ONU, visa controlar a oferta
e reprimir o comércio das substâncias de uso e tráfico de drogas.
controladas em nível internacional. Reduz a discricionarie-
Restringe o uso, a posse, a produção,
dade das autoridades no
a distribuição e o comércio para fins
medicinais, científicos e religiosos. enquadramento criminal de
pessoas presas em flagrante
• Convenção sobre Substâncias portando drogas ilícitas.
Psicotrópicas, 1971
Criada em reação ao crescimento do O critério objetivo usado
uso problemático de drogas psicoativas com mais frequência é o
sintéticas, fabricadas pela indústria da quantidade de drogas
farmacêutica, como as anfetaminas.
Criou classificações para as substâncias apreendida no flagrante. A
de acordo com seu potencial de causar quantidade limite permitida
dependência e seu valor terapêutico. aos usuários, no entanto,
• Convenção contra o Tráfico varia de país para país, como
Ilícito de Entorpecentes e indica o quadro a seguir.
Substâncias Psicotrópicas, 1988 + Regulamentação
Buscava aumentar a cooperação entre
das drogas (p. 64).
países e a eficácia do combate ao tráfico
internacional, que cresceu e se fortaleceu
economicamente após a criação das duas
primeiras convenções. É o primeiro acordo
internacional que trata de temas como
lavagem de dinheiro e extradição de presos.
36 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
CULTIVO ALTERNATIVO, Designer drugs C – D
D
Exemplos de limites
para definição de porte
para uso pessoal13
Cocaína Maconha
(gramas) (gramas)
0,5 México 5
Dabs
Extratos de Cannabis com altas
0,5 Holanda 5 concentrações de THC, geralmente
superiores a 80%. São consumidos
1 Paraguai 10 em dispositivos especiais para esses
produtos. Sua popularização tem
2 República Tcheca
15 suscitado debates sobre os riscos
do consumo de THC concentrado.
2 Portugal
25
DEA
7,5 Espanha
100 Sigla de Drug Enforcement
Administration, ou Agência de
- jamaica
56 Repressão às Drogas. É o órgão
federal dos Estados Unidos
Cultivo alternativo especializado na fiscalização e
Substituição de cultivos no combate ao tráfico nacional e
ilegais por cultivos lícitos. internacional de drogas ilícitas.
Normalmente promovido
no contexto de programas Dependência
mais amplos de desenvolvi- 5 Leia na página 39.
mento alternativo, que também
promovem educação, emprego Descriminalização
e saúde entre a população rural, + Regulamentação de drogas (p. 64).
para colocar camponeses envol-
vidos com a produção de drogas Designer drugs
no mercado agrícola legal. + NPS (p. 53).
– 37
D – Despenalização, Droga de entrada
Despenalização Dopamina
+ Regulamentação das drogas (p. 64). Neurotransmissor importante
nos mecanismos neurológi-
Dispensário cos de dependência graças
Loja que vende maconha legalmente a seu papel no sistema de
nos Estados Unidos. Popularizado a recompensa – rede neural que
partir da legalização do uso medicinal “ensina” os indivíduos a repetir
da maconha na Califórnia no fim ou evitar determinados com-
dos anos 1990, o termo hoje também portamentos de acordo com
é usado para designar lojas para uso maior ou menor sensação de
recreativo. O termo era tradicional- bem-estar ou prazer. A maioria
mente usado na língua inglesa para das drogas causadoras de
estabelecimentos onde se obtinham dependência também aumenta
remédios ou tratamento médico. a concentração de dopamina
nas sinapses, estimulando
o indivíduo a repetir o uso
No início de 2016, o estado em busca da recompensa
americano da Califórnia tinha
2.756
prazerosa que o neurotrans-
missor proporciona.
+ Dependência (p. 39),
Neurônio (p. 54).
dispensários com faturamento
anual de US$ 844 milhões
Droga de entrada
Fonte: Marijuana Bussiness Factbook 2016.
Substâncias cujo consumo
é apontado como causa
DMT do uso de outras drogas,
Sigla de dimetiltriptamina, segundo a controversa
substância psicodélica presente teoria da porta de entrada.
em diversas plantas e em + Porta de entrada (p. 58).
alguns animais. É um dos
princípios ativos da ayahuasca.
+ Ficha ayahuasca (p. 76).
38 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
Dependência – D
Dependência
Segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), criada pela
Organização Mundial da Saúde, referência global na área, a
dependência é “um agrupamento de sintomas fisiológicos,
comportamentais e cognitivos”14 que indicam o uso contínuo de uma
substância, apesar dos riscos a ela associados.
– 39
D – Droga pesada e droga leve, Drug courts
40 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
Ecstasy, Encarceramento feminino – E
E
os vizinhos Bolívia e Peru. No
Brasil, o aumento da repressão no
polígono da maconha fez trafican-
tes cultivarem a droga no Paraguai.
Efeito comitiva
Ecstasy (Entourage Effect)
Droga à base de MDMA, Fenômeno em que dois ou mais
estimulante com propriedades canabinoides agindo em conjunto
empatógenas e psicodélicas. mostram resultados clínicos
+ Ficha ecstasy (p. 81). melhores do que o de cada compo-
nente isolado, graças à sinergia da
Efeito balão interação entre eles no organismo.
Refere-se ao deslocamento de Esse efeito tem sido observado no
determinada rota de tráfico ou uso medicinal da maconha, por
estrutura produtiva em virtude estudos que mostram resultados
da repressão do Estado16 . Por positivos da interação entre o THC
exemplo, com o aumento da e o CBD, por exemplo17 . Outros
fiscalização das rotas marítimas estudos indicam que componen-
de tráfico entre a Colômbia e os tes não canabinoides, como os
Estados Unidos, o tráfico passou terpenos, podem estar envolvidos
a usar rotas aéreas. Já nos anos no efeito comitiva18 . O fenômeno
1980, as rotas aéreas caribenhas tem incentivado, desde os anos
passaram a ser mais vigiadas, 2000, mais investigações sobre o
então os traficantes passaram efeito terapêutico da Cannabis in
a investir em rotas pelo oceano natura ou de extratos integrais da
Pacífico. Outro exemplo famoso planta em detrimento de produtos
é o Plano Colômbia: à medida com canabinoides isolados19 .
que o país andino aumentou a
frequência de fumigações nas Encarceramento feminino
regiões de cultivo de folha de + Políticas de gênero (p. 57).
coca, a produção se deslocou para
– 41
E – Encarceramento em massa, Entorpecente
42 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
ERRADICAÇÃO FORÇADA, FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO E – F
F
Derivada do grego narkotikos –
“aquilo que dá sono” –, a palavra
passou a ser usada como sinônimo
de psicoativo ilícito com a criação da
Single Convention on Narcotic Drugs,
convenção internacional vigente
para o controle de drogas24 . Fatores de risco
e de proteção
Erradicação forçada São características pessoais ou
Prática de combate às contextos sociais associados a maior
plantações de matérias-primas ou menor probabilidade de ocorrência
de substâncias ilegais. Pode ser de determinado problema de saúde.
manual, quando se arrancam Não são, necessariamente, a causa de
os pés, ou química, quando há uma doença ou de sua ausência. Por
aplicação de agrotóxico. exemplo, sofrer violência física ou
psicológica na infância é um fator de
Estatuto da Criança e risco para a dependência de drogas,
do Adolescente (ECA) mas não pode ser considerada a
Lei federal sobre os direitos de causa do problema isoladamente.
crianças e adolescentes, define
direitos e medidas protetivas Fatores de risco
(para crianças com menos de Contextos sociais frequentemente
12 anos) ou socioeducativas (para associados a problemas com drogas
adolescentes de 12 a 17 anos) • Uso de drogas pelos pais em casa
quando estes cometem atos • Falta de afeto dos pais
infracionais (ilegais), incluindo • Sentimento de rejeição
aqueles previstos na Lei de Drogas. familiar ou social
• Desemprego e falta de acesso a lazer
Estimulante
+ Classificação das drogas (p. 21). Fatores de proteção
Contextos sociais pouco associa-
dos a problemas com drogas
– 43
F – G Fissura, Guerra às drogas
G
• Pais que não usam drogas
• Pais afetivos e presentes
• Relações sociais estáveis
e duradouras
• Acesso a educação e lazer
Fissura Growshop
Forte desejo de usar drogas Comércio dedicado à venda de equi-
novamente durante períodos de pamento para cultivo de Cannabis,
abstinência. Costuma ser desenca- principalmente em ambientes
deada pelo contato com pessoas, fechados (indoor), como lâmpadas,
imagens, odores ou outras sensações exaustores, fertilizantes etc.
que remetam à experiência de uso.
+ Recaída (p. 63), Síndrome Grupo de risco
de abstinência (p. 67). Grupo de pessoas cuja probabili-
dade de sofrer determinado evento
Flagrante negativo é maior do que a da
+ Processo penal (p. 60). média da população. Por exemplo,
pessoas que usam drogas na ado-
Flashback lescência constituem um grupo
Experiência relatada por alguns de risco em relação à dependência
usuários de LSD de reviver sensações de substâncias na idade adulta.
semelhantes às do efeito da droga + Fatores de risco e de proteção (p. 43).
depois de sua eliminação pelo
organismo. Quando esse fenômeno Guerra às drogas
é visual e torna-se recorrente, é Expressão cunhada pelo ex-presidente
reconhecido pela medicina como americano Richard Nixon em 1971
transtorno perceptivo persistente por para se referir a sua política de drogas,
alucinógenos. Não existem estudos centrada na repressão ao uso e ao
sobre a prevalência desse fenômeno, tráfico, amparada por intervenções
mas ele é considerado raro. policiais e militares, domésticas e
internacionais. Atualmente, o termo
44 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
Guerras do Ópio, Heroína G – H
H
é usado para se referir de modo
geral a qualquer política que
prioriza a repressão ao tráfico em
detrimento de ações de prevenção,
tratamento ou redução de danos.
+ Encarceramento em massa
(p. 42), Políticas de gênero (p. 57). Habeas corpus
Ação judicial para proteger o
Guerras do Ópio direito de ir e vir, é usada para
Confrontos militares entre evitar uma indevida restrição de
Inglaterra e China no século 19 liberdade em qualquer etapa do
motivados pelo comércio de ópio. procedimento. Pode contestar uma
Na tentativa de conter o uso da ordem de prisão especificamente
substância no país, o imperador ou mesmo a própria validade da
chinês proibiu seu comércio. investigação ou da acusação. Pode
Diante da insistência britânica em ser solicitado preventivamente
manter o tráfico da droga, acon- caso se entenda que há ameaça à
teceram duas guerras: a primeira liberdade 25 . + Processo penal (p. 60).
de 1839 a 1842 e a segunda de 1856
a 1860. A superioridade bélica dos Haxixe
navios e dos armamentos britâ- Droga feita de uma resina rica em
nicos lhes garantiu a vitória nos canabinoides produzida pelas flores
dois conflitos. Ao fim da primeira fêmeas de Cannabis, com os mesmos
guerra, foi assinado o Tratado princípios ativos da maconha. Tem
de Nanquim, que cedeu o porto o aspecto de uma massa marrom e
de Hong Kong e amplos direitos costuma ser misturada em cigarros
diplomáticos e comerciais aos com tabaco ou maconha para ser
vitoriosos – incluindo o direito de fumada. + Ficha maconha (p. 84).
comercializar a droga na China.
+ Ficha opioides (p. 86). Heroína
Droga semissintética derivada da
morfina. + Ficha opioides (p. 86).
– 45
H – I Hospital psiquiátrico, Internação
I
Voluntária
Feita com o consentimento formal
do paciente, precisa ser justificada
por laudo médico. Termina por
iniciativa do paciente ou do médico.
Involuntária
Iniciada a pedido de terceiro,
geralmente um familiar. Deve
Ibogaína ser autorizada por um médico e
comunicada ao Ministério Público em
Alcaloide alucinógeno extraído
até 72 horas. Termina a pedido de quem
da iboga, planta originária do a solicitou ou do médico responsável.
Gabão. Tem sido pesquisada Compulsória
para o tratamento de depen- É determinada por um juiz a partir
dência e apresentado resultados de um laudo médico. Diferente
da voluntária e da involuntária,
promissores. A regulação do seu depende de decisão judicial para
uso ainda é discutida no Brasil26 . terminar. Não há consenso sobre
as razões que levam o Judiciário
a decidir pela internação e, para
Inalantes alguns especialistas, sua adoção tem
+ Ficha inalantes (p. 82). acontecido de forma indiscriminada.
46 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
Inimputabilidade, Justiça terapêutica I– J
J
Inimputabilidade
Pode ser atribuída a uma pessoa
quando o juiz entende que ela
não é capaz de compreender
a ilegalidade de seus atos.
Segundo os artigos 26 a 28
do Código Penal, as causas de Jife (INCB)
inimputabilidade podem ser + Comissão sobre Drogas
doença mental, idade abaixo de Narcóticas (p. 33).
18, entre outros. Nesses casos,
a pessoa não é culpável, mas Jurisprudência
pode ser submetida à medida O termo refere-se ao conjunto de
de segurança, como internação decisões e de interpretações do
ou tratamento ambulatorial. Direito feitas por juízes. Quando a
+ ECA (p. 43), Medida de jurisprudência sobre certo tema se
segurança (p. 50), Medida consolida em alguma direção, os
socioeducativa (p. 52). tribunais podem editar súmulas,
condensando o entendimento.
Interdição O Supremo Tribunal Federal
Um juiz pode declarar pessoas (STF) edita súmulas vinculantes.
com mais de 18 incapazes de Permitem reclamação direta ao
exercer atos da vida civil, como Supremo se forem descumpridas.
assinar contratos ou vender
bens, por meio de uma ação Justiça
de interdição. Depende de terapêutica
perícia médica que confirme a + Drug courts (p. 40).
incapacidade da pessoa de com-
preender as consequências de
suas ações, por exemplo, causada
por transtornos mentais.
– 47
L – Lança-perfume, Lavagem de dinheiro
L
1910, no Brasil, e foi proibido nos
anos 1960. + Ficha inalantes (p. 82).
Larica
Gíria usada para expressar o
aumento de apetite em pessoas
Lança-perfume sob efeito de maconha. Pode ser
Produto aromatizador de ambientes usada para se referir às comidas
à base de cloreto de etila, é usado desejadas por pessoas nesse estado.
como droga inalante por seu
efeito euforizante e hilariante. Legalização
Tornou-se popular na década de + Regulamentação de drogas (p. 64).
Lavagem de dinheiro
Procedimento realizado para transferir dinheiro obtido ilegalmente para a
economia legal e driblar seu rastreamento por mecanismos de fiscalização
nacionais e internacionais. Pode ser feito por diversos métodos, que
geralmente passam por três etapas:
48 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
Lei de Drogas, LSD – L
– 49
M MACONHA SINTÉTICA, Medida de segurança
M
+ Hospital psiquiátrico (p. 46).
Marcha da Maconha
Movimento social global que
organiza anualmente marchas em
prol da legalização da maconha,
Maconha sintética geralmente no mês de maio.
Produto herbáceo pulverizado com
canabinoides sintéticos, é parte MDMA Princípio ativo do
da tendência de novas drogas ecstasy. + Ficha ecstasy (p. 81).
psicoativas (NPS). Vendida como
aromatizador, é usada como droga Medida cautelar
recreativa. É potencialmente Restrições de liberdade para uma
mais perigosa do que a cannabis, pessoa investigada ou acusada da
pois está associada a convulsões, prática de um crime, antes de decisão
mortes por parada cardíaca29 condenatória definitiva. Devem ser
e suicídios30 . + NPS (p. 53). aplicadas apenas quando comprovada
a necessidade da medida para a
Maconha medicinal investigação ou processo criminal,
5 Leia na página seguinte. em alternativa à prisão provisória.
Podem consistir em monitoramento
Manicômio eletrônico, proibição de viajar, reco-
Denominação de hospitais lhimento noturno, comparecimento
psiquiátricos com características periódico em juízo, entre outras.
asilares. São historicamente + Encarceramento em massa
associados a maus-tratos e (p. 42), Prisões, tipos de (p. 63).
violações de direitos de pacientes.
Sua extinção foi uma das prin- Medida de segurança
cipais demandas da Reforma Espécie de sanção penal destinada a
Psiquiátrica, embora ainda pessoas que cometeram crime, mas
existam denúncias de hospitais são inimputáveis ou semi-imputáveis.
operando como manicômios. Pode consistir, preferencialmente,
50 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
Maconha medicinal – M
• Dores crônicas33
• Espasmos musculares
da esclerose múltipla34
• Náusea e
vômitos (durante
quimioterapia)35
39
39
• Doença de
38
Parkinson36
29
28
26
25
24
24
• Convulsões epiléticas37
20
18
18
17
17
16
16
• Doença de Crohn38
• Dores articulares39
8
7
6
5
3
• Dependência de
2
opioides40 ou de crack41
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
– 51
M – Medida socioeducativa, MORFINA
52 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
MULA, ÔNUS DA PROVA N – O
N
ingerindo cápsulas de cocaína. uma fórmula nova e não constam
das listas de substâncias proscritas,
seu comércio não é crime44 .
243 251
Narcótico 166 206
+ Entorpecente (p. 42).
O
dependentes de drogas psicoativas
diferentes do álcool que seguem
a inspiração e os métodos dos
Alcoólicos Anônimos (AA).
+ Alcoólicos Anônimos (p. 26).
Neurônio
5 Leia na próxima página. Ônus da prova
Obrigação que recai sobre alguém
NPS de comprovar sua versão dos
Sigla de New Psychoactive Substances fatos. No direito penal, o ônus da
(novas substâncias psicoativas). prova sempre recai sobre o autor
Denominação criada pelo Escritório da ação – no caso de ação penal
de Drogas da ONU para se referir pública, o Ministério Público.
a substâncias psicoativas criadas
– 53
N – Neurônio
Neurônio
1. Neurônio 2
Tipo de célula do sistema nervoso central
responsável pela condução do impulso nervoso.
Esse impulso é transmitido pelas sinapses, por
meio de íons ou de neurotransmissores. As
drogas psicoativas fazem efeito ao interferir
nessa comunicação, substituindo determinados
neurotransmissores nas sinapses.
2. Sinapse 3. Neurotransmissor
Espaço entre as terminações Moléculas que funcionam como mensageiros
de dois neurônios. Nessa fenda da comunicação entre neurônios, geralmente
sináptica, os axônios lançam para aumentar ou reduzir sua atividade. Existem
neurotransmissores que, quando mais de 100 tipos de neurotransmissor.
se conectam a receptores de
membrana, influenciam na
atividade do neurônio seguinte. 4 . Receptores de membrana
Moléculas de membrana capazes de se conectar
com substâncias específicas e, então, provocar
mudanças na atividade interna da célula.
o efeito do álcool
O ácido gama-aminobutírico (GABA) é o principal neurotransmissor inibidor
do sistema nervoso central – ou seja, ao ser lançado por um neurônio na
sinapse, ele reduz a atividade do neurônio seguinte. A molécula de álcool
“desacelera” o sistema nervoso porque, na sinapse, é capaz de se conectar
ao receptor de GABA e facilitar o seu efeito inibidor sobre os neurônios.
54 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
Ópio, opioides e opiáceos, PARAÍSO FISCAL o – P
P
são considerados fundamentais
para lavagem de dinheiro.
+ Lavagem de dinheiro (p. 48).
Finanças ocultas
Países com maior índice de sigilo
financeiro do mundo, segundo ranking
Padrões de uso da ONG Tax Justice Network47 .
5 Leia na próxima página. 1 . Suíça
2 . Hong Kong
3. Estados Unidos
Países corredores 4 . Cingapura
Nações usadas por traficantes 5. Ilhas Cayman
– 55
P – Padrões de Uso de drogas
Usuário
regular ou
Usuário habitual: pessoa
ocasional: que usa a droga
Experimentador:
pessoa que usa a com frequência.
pessoa que experi-
droga de tempos
menta uma droga por
em tempos, quando Classificação: Uso
Não curiosidade, mas não
disponível. no mês ou recente –
usuário: repete a experiência. pelo menos uma vez
pessoa que nos últimos 30 dias.
nunca ex- Classificação:
Classificação:
perimentou Uso no ano – pelo
Uso na vida – uso da
menos uma
determinada droga pelo menos
vez no ano.
droga. uma vez na vida.
Uma pessoa que usa drogas pode se encontrar em qualquer desses estágios de consumo e
não ser um dependente ou mesmo um usuário problemático. Uma minoria das pessoas que usam uma
droga se torna dependente ou faz uso problemático.
56 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
PASTA BASE, Políticas de gênero – P
– 57
P – Porta de entrada, PREVENÇÃO
58 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
Princípio ativo, proibicionismo – P
– 59
P – Processo penal
Processo penal
legenda
Fluxo do processo
1 2 3 4
Pedido de
dO inquÉrito
investigação
preliminar
Flagrante
Aceita a denúncia
Relatório
Denúncia
e cita a defesa
Oferecimento
Defesa
delegado
da denúncia
MPF/MPE
Juiz
Juiz
art.
33
Audiência
art. de custódia
28
Jecrim
No caso do artigo
28, a pessoa não e Pedido de
presa em flagrante. É arquivamento R R
encaminhado ao Juizado
Especial Criminal, no Rejeição Absolvição
da denúncia sumária
qual tem a opção de
uma transação penal.
60 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
Processo penal – P
5 6 7
Recursos para
e julgamento
superiores
Condenação Manter
instrução
Apelação
audiência
sTJ
tribunais
TJ/trf
Juiz
R R
Sentença Acórdão
Etapas Defesa Defesa
• Depoimento ou MPF/ ou MPF/
da vítima MPE MPE
• Testemunhas
sTF
– 61
R – REDUÇÃO DE DANOS
Redução de danos
Conjunto de práticas e políticas de saúde pública cujo
objetivo é reduzir os danos relacionados ao uso de drogas
em pessoas que não podem, não conseguem ou não querem
parar de consumi-las. É norteada pelo cuidado em liberdade
e o respeito à autonomia, buscando construir formas de
cuidado junto ao usuário de drogas e ao seu contexto. A
redução de danos não tem a abstinência como objetivo central
e não exige resultados da pessoa que faz uso de drogas.
Housing first
2. Pautada na ideia de que ter moradia segura é um
pressuposto para o cuidado, sobrepondo-se inclusive aos
tratamentos psicológicos e psiquiátricos, a estratégia busca
oferecer residência aos usuários de droga em situação de
rua. Entende-se que a moradia contribui decisivamente
para a estabilidade de pessoas que estão em sofrimento
psíquico ou fazem uso problemático de drogas.
62 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
Psicoativo e psicotrópico, Regime prisional P – R
R
a cabo é criminalizar a produção, a
distribuição e o uso dessas drogas56.
Psicoativo e psicotrópico
Substâncias psicotrópicas são
aquelas que atuam sobre o sistema
nervoso central (SNC). O conceito
de psicoativo pode ser usado como Recaída
sinônimo de psicotrópico, mas Retorno ao uso de drogas depois de
geralmente é adotado para se referir um longo período de abstinência.
a substâncias que atuam no SNC, É encarado pelos médicos como
alterando a percepção e/ou o com- parte do processo de tratamento da
portamento do indivíduo. Segundo dependência, já que é considerada
essa interpretação, o canabidiol, por por muitos uma doença crônica.
exemplo, é considerado um psico-
trópico sem efeito psicoativo. Para Refino
efeitos legais e regulatórios, psico- Processo de purificação de uma subs-
trópicos são as substâncias listadas tância qualquer, obtida geralmente
na Convenção de 1971. + Convenções a partir de um produto natural.
internacionais de drogas (p. 36). Laboratórios de refino de drogas
em centros urbanos geralmente
Psicodélico transformam pasta base em crack
Termo usado como sinônimo de ou em cloridrato de cocaína (pó).
alucinógeno. Costuma ser preferido
por pesquisadores da área que Regime prisional
consideram o termo “alucinógeno” Modelo de cumprimento de uma
inadequado. A palavra foi proposta pena de prisão. Pode ser de três
originalmente pelo psiquiatra inglês tipos: fechado, semiaberto ou
Humphry Osmond na década de 1950, aberto. O fechado é obrigatório para
pela junção de radicais gregos que penas maiores que 8 anos de prisão
– 63
R – REGRAS DE bangkok, Regulamentação de drogas
ou para penas de 4 a 8
anos em caso de reinci- Regulamentação
dência. O semiaberto de drogas
se aplica a réus primários
A regulamentação das drogas é o conjunto
com penas de 4 a 8 anos. de normas, inclusive leis para fiscalizar a
O aberto, a réus primários cadeia produtiva de substâncias psicoativas.
com penas de até 4 anos.
Seu oposto é a O termo regu-
LIBERAÇÃO , lamentação
Regras de que pressupõe também é usado
Bangkok a total falta de na imprensa
+ Políticas de gênero (p. 57). controle sobre como sinônimo
essas substâncias. de legalização,
A imprensa já que esse
Regras de costuma usar modelo propõe
esse termo uma regulamen-
Mandela como sinônimo tação nova e
Aprovado pela ONU, o de legalização, mais detalhada
dando a entender para substâncias
documento apresenta
que ela propõe atualmente
diretrizes e parâme- um descontrole ilegais.
tros mínimos sobre da circulação de
drogas – o que
o tratamento digno a
é falso. Um modelo de liberação não existe
pessoas privadas de nem tem sido proposto em qualquer país
liberdade, tratando do mundo. Logo, o termo deve ser evitado.
64 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
Regulamentação de drogas – R
Compare os modelos
O estigma O tráfico
É crime O usuário Usar é dificultao acesso Vender de drogas
usar? vai preso? legal? a tratamento? é legal? é crime?
Proibição
Despenalização
do uso
Descriminalização
do uso
Legalização
– 65
S – Salas de uso seguro, Senad
S
ou restritiva de direitos (p. 57). lhamento de seringas e overdose,
além da promoção de tratamento
e outros serviços socioeducativos.
É uma estratégia de redução
de danos praticada desde a
década de 1970 na Europa58.
66 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
SENAD, Síndrome de abstinência – S
– 67
S – T Sistema endocanabinoide, Testagem de drogas
t
diversas enfermidades o tem
tornado alvo de intensa investigação
farmacológica desde os anos 199064.
Skunk
É considerada uma das primeiras
variedades de Cannabis desenvolvida
para cultivo em locais fechados, com Tabaco
luzes artificiais. O termo costuma ser + Ficha tabaco (p. 88).
usado para se referir de modo geral a
qualquer variedade potente da erva. Testagem de drogas
Análises químicas que permitem
Substância controlada identificar o uso de drogas de
Qualquer substância que conste uma pessoa por meio de amostras
nas listas das convenções de urina, saliva, sangue ou
68 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
THC, TRANSAÇÃO PENAL – T
– 69
T – U – V Tratamento, Vias de administração
u
Tratamento
A dependência é um fenômeno
multifacetado e o cuidado
das pessoas que fazem uso
problemático de drogas envolve
várias possibilidades. Há dife-
rentes tipos de tratamento, que Uso problemático
podem ser combinados ou não, + Padrões de uso de drogas (p. 56).
como grupos de ajuda mútua,
psicoterapia e medicamentos, Uso recreativo
por exemplo. Nenhum deles Também chamado de uso social,
proporciona resultados em curto refere-se ao consumo de drogas
prazo, e recaídas fazem parte por prazer, lazer e bem-estar, como
do processo, como em qualquer é visto, na maioria dos casos, o
problema de saúde crônico. padrão de consumo de bebidas alco-
A desintoxicação é um tipo de ólicas e outras substâncias lícitas.
cuidado intensivo para o alívio +Padrões de uso de drogas (p. 56).
v
de sintomas da síndrome de
abstinência, mas não é o trata-
mento da dependência em si.
Muitos tratamentos têm a absti-
nência como único objetivo, mas
não todos: na redução de danos,
ainda que a abstinência esteja no
horizonte, há outros objetivos, Vias de administração
como, por exemplo, mitigar Formas de consumo de drogas:
problemas sociais associados ao
consumo de uma substância. Via respiratória usada
com drogas que podem ser
inaladas ou fumadas. Rota mais
curta para o cérebro, produz
efeitos em poucos segundos.
70 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO, Viciado – V
– 71
72 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
Cada droga
é uma droga
Cada Droga é uma droga
52+48
propaganda
52% da população* é exposta
a propagandas de bebidas
alcoólicas pelo menos
uma vez por semana.
*Com mais de 14 anos
19+81 Prevenção
19% da população é exposta
a campanhas de prevenção
do uso de álcool pelo menos
uma vez por semana66 .
74 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
6238+ 104+
Consumo no Brasil
66
em alta
Homens Mulheres
43,5%
62%
38%
10%
3,6% O consumo de álcool
per capita no Brasil aumentou
Não abstêmios * Dependentes 43,5% entre 2006 e 201667 .
*População adulta
12+33+41681791
mortalidade Como o 0 ,1%
álcool Condições
O consumo de neonatais
álcool é associado mata 8,7% 12,5 %
Homicídios Câncer
a 5,9% das mortes
no mundo,
17 , 1 %
segundo a OMS68 . Acidentes
6%
Entre pessoas de das mortes
20 a 39 anos, a bebida globais são
atribuídas 33 ,4%
tem relação com 8% ao álcool Doenças
25%
Doenças cardiovasculares
infecciosas e diabetes
16, 2 %
Doenças 4%
gastrointestinais Distúrbios
psiquiátricos
das mortes
Álcool na adolescência
Pesquisa do IBGE 69 com estudantes de 9o ano (13 a 15 anos) no Brasil revela que:
55%
já ficaram bêbados
2 1 ,4%
– 75
Cada Droga é uma droga
Atenção
O consumo da ayahuasca
Legalidade
O uso da ayahuasca
em contexto religioso
não é recomendado para é legalmente
pessoas com diagnóstico assegurado por
de esquizofrenia e outros resolução de
transtornos psicóticos70 , 2010 do Conselho
pois existe o risco de Nacional de Políticas
piora do quadro71 . sobre Drogas.
76 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
Anfetaminas Efeitos psicoativos
Estimulação, bem-estar,
aumento da confiança, perda de
apetite e, quando injetada ou
fumada, euforia. Seu efeito pode
durar até 12 horas. Em altas
doses, pode causar alucinações
visuais, sonoras e táteis.
Efeitos adversos
Os efeitos adversos mais
comuns em curto prazo
O que é Classe de drogas estimulantes são insônia, ansiedade,
criadas a partir da efedrina, substância de agressividade e arritmias
origem vegetal. Inclui as metanfetaminas, cardíacas. Pode causar morte
substâncias que têm maior potencial de por overdose, em consequência
causar dependência e problemas de saúde. de derrame ou parada
As anfetaminas foram lançadas como cardíaca, e provoca uma forte
antidepressivo na década de 1930 e logo síndrome de abstinência. O
começaram a ser usadas com finalidades uso em longo prazo pode
não medicinais. Até hoje, são vendidas piorar quadros psicóticos
legalmente sob prescrição em farmácias preexistentes e está associado
de muitos países. “Rebite” e “bolinha” a uma prevalência maior de
são alguns de seus nomes populares. esquizofrenia e suicídio.
1,1%
anos 2000 uma sucessão de
mudanças sobre o comércio de
ilícita
anorexígenos – anfetaminas mais
prescritas para o emagrecimento. usada
A Anvisa chegou a proibi-los em no país,
2012, alegando falta de estudos de da população
adulta
depois da
eficácia e grande potencial de
causar dependência e danos de faz uso ocasional maconha
saúde 72 , mas o Congresso de estimulantes do e da
revogou a decisão em 201773 . tipo anfetamina cocaína
– 77
Cada Droga é uma droga
Efeitos adversos
A cocaína aumenta os batimentos
cardíacos e a pressão sanguínea.
O que é A cocaína é uma substância Pode causar convulsões, parada
estimulante encontrada nas folhas de coca cardiorrespiratória e derrame,
(Erythroxylum coca), um arbusto típico da mesmo em curto prazo, com risco
região dos Andes. O pó branco conhecido de morte por overdose. O percentual
popularmente pelo nome da droga é o de usuários de cocaína em pó que se
cloridrato de cocaína, um sal obtido por tornam dependentes é menor que o
meio do refino da pasta base de coca. Nesse de usuários de crack e de morfina, por
estado, a molécula de cocaína é solúvel exemplo. A droga produz tolerância
em água e pode ser usada por inalação ou rapidamente – numa mesma noite
injetada. Um estudo de 2003 revelou que – e síndrome de abstinência, com
70% das amostras apreendidas em São sintomas como insônia, depressão
Paulo tinha no máximo 55% de cocaína. e agressividade. Seu uso em longo
Nas ruas, a droga costuma ser misturada prazo está associado a doenças
com cafeína, benzocaína, bicarbonato de cardiovasculares, depressão, suicídio
sódio ou fermento em pó, por exemplo. e comportamento violento.
78 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
Crack Efeitos psicoativos
O crack produz os mesmos efeitos
estimulantes da cocaína, mas em uma
escala mais imediata e intensa, pois a
fumaça chega ao cérebro
em poucos segundos e de forma
mais concentrada. A sensação de
prazer, euforia e confiança é mais
intensa, mas dura menos – o pico
dos efeitos acontece em até
5 minutos e desaparece em cerca de
meia hora. A rapidez do efeito está
O que é O crack é outro produto associada à procura por novas doses
feito a partir da pasta base de folhas em intervalos menores de tempo.
de coca. Usando um processo de refino
em meio básico, a molécula de cocaína
torna-se insolúvel em água e adquire Efeitos adversos
forma cristalina, sólida – daí o apelido Os riscos do crack para a saúde são
de “pedra”. Essa substância só pode ser semelhantes aos da cocaína cheirada,
fumada, e sua concentração de cocaína mas a dependência é três vezes mais
varia entre 60% e 80% – geralmente comum. Usuários de crack também
maior que a do cloridrato de cocaína. estão mais expostos a doenças do
sistema respiratório e a infecções
causadas pelo compartilhamento
O crack não é um
de cachimbos. O uso do crack é
“suproduto” do refino da fortemente associado à pobreza e à
cocaína. É apenas outro vulnerabilidade extrema. Além disso,
produto que pode ser feito a seus usuários são mais expostos à
partir da pasta base de coca. violência da polícia e do tráfico.
Perfil dos usuários Segundo a Pesquisa Nacional sobre o Uso de Crack, de 201274
– 79
Cada Droga é uma droga
Efeitos adversos
Doses acima de 1 grama de cafeína,
correspondente a cerca de dez
xícaras de café espresso, podem
causar episódios de ansiedade,
pânico e arritmia cardíaca.
Overdoses por parada cardíaca
O que é Estimulante de origem são possíveis, mas extremamente
natural presente em dezenas de espécies raras – a dose necessária equivale
vegetais, como o café, a erva-mate, a cerca de cem xícaras. Usuários
o guaraná e a noz-de-cola. Também crônicos podem ter síndrome de
é usada como aditivo em diversas abstinência, com sintomas como
bebidas e alimentos industrializados. sono, dor de cabeça e irritação.
– 81
Cada Droga é uma droga
82 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
como cores mais vivas. Os usuários
LSD também relatam alterações de
consciência, de sua percepção sobre si e
sobre as coisas ao redor. As alterações
visuais cessam em cerca de quatro
horas, mas os efeitos levam até 12 horas
para desaparecer totalmente81 .
Efeitos adversos
A pressão sanguínea e o ritmo
cardíaco permanecem estáveis
durante o efeito do LSD e não há
risco de dependência ou síndrome
de abstinência. Os principais riscos
são psicológicos. Os usuários
podem ter delírios potencialmente
O que é O LSD (ou ácido lisérgico) é perigosos (por exemplo, achar que
uma substância de efeito psicodélico (ou voam) ou bad trips – mais frequentes
alucinógeno) criada em 1938. Nos anos quando o usuário está em contexto
1950, era prescrito como adjuvante para desfavorável (Ver Set e setting, p.
psicoterapia, mas a popularização de seu uso 67). Outro risco são os flashbacks –
recreativo levou à sua proibição. É vendido fenômeno raro caracterizado pelo
ilegalmente em pequenos quadrados de retorno da experiência psicodélica
papel absorvente (blotters) ou em gotas80 . na ausência da droga82 .
Efeitos adversos
Sob efeito, os usuários têm mais
dificuldade para se lembrar de
coisas recentes. Essa situação
permanece, em menor grau, por
horas ou mesmo dias após o uso.
Esse efeito é reversível em adultos,
mas pode persistir em caso de uso
crônico durante a adolescência.
Usuários frequentes podem
O que é Droga feita de flores da
ter maior dificuldade de tomar
planta fêmea da espécie Cannabis, rica
decisões quando estão sóbrios85 .
em THC, seu principal componente
psicoativo. A resina produzida pelas A coordenação motora é bastante
flores também produz o haxixe, afetada pela droga, por isso não
droga com maior teor de THC. é recomendado dirigir sob efeito
Há controvérsias sobre sua classificação da droga. O THC aumenta os
por tipo de efeito. Já foi considerada batimentos cardíacos e pode
“perturbadora”, mas com recentes descobertas causar taquicardia, por isso a
sobre o sistema endocanabinoide, estuda-se
droga deve ser evitada por pessoas
uma nova classificação para este caso.
com problemas cardiovasculares.
Podem acontecer ataques de
Efeito psicoativo pânico em usuários iniciantes ou
A maconha causa uma sensação de que consomem altas doses, em
prazer e de relaxamento. Algumas geral após o consumo por ingestão.
pessoas ficam mais contemplativas, Overdoses são virtualmente
outras têm crises de riso, mas os impossíveis, já que a dose letal
efeitos são bastante subjetivos, estimada é cerca de mil vezes
diferentes de acordo com a variedade maior que a normal86 . A maconha
da planta. Muitos usuários relatam causa tolerância e produz síndrome
maior percepção emocional e sensorial. de abstinência leve – agitação
Fumada, leva segundos para fazer e irritabilidade são os sintomas
efeito, que dura de uma a duas mais comuns. Cerca de 10% dos
horas. Quando ingerida, os efeitos usuários tornam-se dependentes87 .
84 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
Tipos us$
20,2 bilhões
Existem três tipos
principais de Cannabis,
consideradas diferentes
espécies ou simples
variedades88 .
É o quanto deve faturar a venda legal
de maconha na América do Norte em
2021, incluindo EUA e Canadá.
Fonte: Arcview Market Research, 2017
– 85
Cada Droga é uma droga
Efeitos adversos
O que é A flor da papoula Os principais riscos associados ao uso
(Papaver somniferum) produz de opioides são a dependência e a
uma resina que, cozida, torna-se overdose, além da contaminação por
uma droga chamada ópio, a qual agulhas infectadas compartilhadas entre
contém cerca de 50 substâncias usuários que se injetam. A heroína e o
psicoativas. A principal delas é fentanil estão entre as drogas com maior
a morfina, que em laboratório potencial de causar dependência. As
pode ser transformada na overdoses são comuns porque a dose fatal
semissintética heroína. Essas é poucas vezes maior do que a normal entre
substâncias naturais derivadas do os opioides – apenas seis vezes, no caso da
ópio são chamadas de opiáceos. morfina. Além disso, essas drogas causam
A classe dos opioides inclui muita tolerância, fazendo os usuários
drogas sintéticas comercializadas aumentarem suas doses para obter os
como analgésicos que atuam nos mesmos efeitos. As overdoses acontecem
mesmos receptores, por exemplo por parada cardiorrespiratória. A síndrome
o fentanil, a hidrocodona, a de abstinência é especialmente forte, com
meperidina e a oxicodona. dores, febre, delírios, vômitos e diarreia.
86 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
Sedativos e Efeitos psicoativos
Os remédios calmantes são
calmantes depressores do sistema nervoso
central, causam sensação de prazer
e diferentes níveis de sedação –
alguns reduzem mais a ansiedade,
outros dão mais sono. O efeito
de alguns dura poucos minutos,
o de outros pode chegar a dias.
Efeitos adversos
Doses elevadas podem reduzir
os batimentos cardíacos e a
respiração a ponto de causar morte
por overdose – o risco é maior no
O que é Medicamentos com efeito caso dos barbitúricos e do GHB,
sedativo usados principalmente cuja dose fatal é mais próxima
para tratar problemas de sono e da normal. Elas têm potencial
ansiedade. Os mais populares são os de causar dependência, mas esse
barbitúricos, os benzodiazepínicos e o risco é menor se consumidas
ácido gama-hidroxibutírico (GHB). sob orientação médica.
40%
Em 2010, os calmantes eram os
medicamentos controlados mais
vendidos do Brasil. Nesse ano, o
clonazepam (genérico do Rivotril ®)
aumento O consumo de foi o segundo remédio sob prescrição
sedativos no Brasil aumentou mais vendido no país 94 .
40% entre 2010 e 201493 .
– 87
Cada droga é uma droga
Tabaco
calmante e ansiolítico, mas
esse efeito pode ser um alívio
dos sintomas da síndrome de
abstinência.
Efeitos adversos
O uso de tabaco é considerado
pela OMS a principal causa de
mortes que podem ser prevenidas
do mundo. Produtos fumáveis,
como o cigarro e o charuto, são
sua versão mais popular, e sua
queima produz uma fumaça
com dezenas de substâncias
cancerígenas. A nicotina tem alto
O que é Droga feita das folhas potencial de levar à dependência,
de plantas do gênero Nicotiana, especialmente quando fumada,
típicas das Américas. Seu princípio e produz uma síndrome de
ativo é a nicotina, um estimulante abstinência – irritação, ansiedade,
fraco. O tabaco pode ser usado por insônia e aumento de apetite são
muitas vias, incluindo a digestiva, mas os principais sintomas. Doses
fumá-lo é o método mais popular. altas causam tontura, vertigem
e náusea – efeitos comuns em
usuários iniciantes. Convulsões
Efeitos psicoativos e overdoses são condições raras,
A nicotina produz um tipo de mas possíveis em doses extremas.
estimulação que aumenta a atenção O fumo na gravidez aumenta a
e a concentração. Muitos fumantes probabilidade de parto prematuro
regulares também relatam um efeito e de malformação do feto95 .
88 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
tabaco
45%
35%
30%
25%
Estimativa da prevalência de tabaco
Homens
20% fumantes
Mulheres
15% fumantes
10%
1989 1999 2009
2006
1990 2000
Novo
Imposto específico Proibição da aumento de
para tabaco propaganda imposto
2007
1996
2003 Leis municipais
Advertência sobre riscos Aumentos dos e estaduais de
de saúde nas embalagens, impostos sobre restrição de fumo
aumento de preços, criação o cigarro em locais fechados
de áreas livres de tabaco
10 5 10 2
vezes vezes vezes vezes
– 91
R eferências
92 – G u i a s o b r e D r o gas pa r a J o r n a l i stas
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