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CONFIANÇA EM DEUS, NA ANGÚSTIA

SALMO 4:1-8

INTRODUÇÃO:

 Você já passou por uma profunda angústia?


 Já teve um filho espiritual revoltado contra a sua autoridade?
 Já teve inimigos fortes contra si mesmo, e não sabia o que fazer?
O salmista Davi ainda está escrevendo este outro salmo tendo como fundo sua fuga
do palácio, sendo perseguido pelo seu filho Absalão, liderando uma multidão que
conspirava contra ele para destroná-lo, levando-o à morte.
Para nossa melhor compreensão do texto bíblico podemos dividi-lo em três partes
principais: 1) DAVI FALANDO PARA DEUS (v.1); 2) DAVI FALANDO PARA
HOMENS (vv.2-6); 3) DAVI FALANDO DE SI MESMO (vv.7-8):

1. DAVI FALANDO PARA DEUS – v.1

(1) Responde-me quando clamo, ó Deus da minha justiça; na angústia, me tens


aliviado; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração.
Em primeiro lugar, a certeza que Deus responde – Note que
Davi ora a Deus baseado nas experiências passadas, pois ele sabia
que assim como Deus respondeu antes, Ele faria de novo.

O imperativo "ouve" é um clamor ardente e aflito que


significa: "Responde-me!". Davi orou pedindo o
socorro de Deus e esperava uma resposta (Sl 18:6;
50:15; 55:16; 145:18).
Quando ainda era jovem e enfrentou o exílio, tinha
consigo um sacerdote para consultar o Urim e o Tumim
e descobrir a vontade de Deus, mas não na rebelião de
Absalão.
Em segundo lugar, a justiça de Deus como base – Observe que
a segurança da oração respondida de Davi não estava baseada
nele mesmo, mas na justiça de Deus, pois Deus é um Deus justo,
que justifica seus filhos.

A expressão "Deus da minha justiça" indica não apenas


que Deus é justo e fará o que é melhor, mas também
que a justiça do rei é proveniente de Deus e, portanto,
Deus deve justificá-lo.
Por certo, Davi estava sendo disciplinado por sua
desobediência, mas Deus havia perdoado seus
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pecados. Deus havia chamado Davi para ser rei, e
somente Deus podia justificá-lo.
Em terceiro lugar, clamor na angustia e livramento – Perceba
que Davi estava vivendo em meio a angustia, e necessitava
urgentemente de um livramento do Senhor, e diante disso ele
clama por ajuda.
Davi lembra o Senhor do livramento que lhe concedeu
em várias ocasiões do passado, de modo que pode fazê-
lo novamente.
O termo "angústia" refere-se a uma situação sem saída,
"estar encurralado num lugar apertado". Mas Deus o
tem "aliviado" ou "colocado num lugar espaçoso", pois
Davi crescia quando se encontrava em situações
difíceis (Sl 18:19, 36; 25:17; 31:8; 118:5; 11 9:32).

Em quarto lugar, a misericórdia como base – Note que Davi não


é arrogante no seu perdido, mas ele tem a misericórdia como base
para seu perdido, ele se apega a ela, e não ao seu próprio mérito.
Davi sabe que não merece ajuda alguma do Senhor,
mas ora com base na misericórdia e no favor de Deus.
Em sua graça, o Senhor nos dá aquilo que não
merecemos e, em sua misericórdia, não nos dá aquilo
que merecemos.

2. DAVI FALANDO PARA HOMENS – vv.2-6


(2) Ó homens, até quando tornareis a minha glória em vexame, e amareis a vaidade,
e buscareis a mentira? (3) Sabei, porém, que o SENHOR distingue para si o
piedoso; o SENHOR me ouve quando eu clamo por ele. (4) Irai-vos e não pequeis;
consultai no travesseiro o coração e sossegai. (5) Oferecei sacrifícios de justiça e
confiai no SENHOR. (6) Há muitos que dizem: Quem nos dará a conhecer o bem?
SENHOR, levanta sobre nós a luz do teu rosto.
a. (2) Ó homens, até quando tornareis a minha glória em vexame, e
amareis a vaidade, e buscareis a mentira? (3) Sabei, porém, que o
SENHOR distingue para si o piedoso; o SENHOR me ouve quando eu
clamo por ele.
Em primeiro lugar, Davi confronta seus inimigos – Note que o
termo "homens" refere-se aos líderes corrompidos por Absalão e
que, com ele, fizeram o povo se desviar. Davi entendia seu
raciocínio e sabia como Absalão os enganara. Não possuía glória
alguma em si mesmo, pois toda a glória provém do Senhor (Sl
3:3).

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A multidão entusiasmada seguia a vaidade e pagaria
caro por seus pecados. Quando seguimos coisas vãs e
acreditamos em mentiras, sempre acabamos nos
perdendo. O povo não está apenas depondo um rei, mas
também lutando contra o Senhor Jeová que colocou
Davi no trono.
Por certo, Absalão não é um homem de Deus, e
também não foi escolhido por Deus governar sobre
Israel. Na verdade, após darem ouvidos às bajulações
de Absalão e a suas promessas enganosas, os rebeldes
passaram a seguir um falso deus (2 Sm 15:1-6).

b. (4) Irai-vos e não pequeis; consultai no travesseiro o coração e


sossegai. (5) Oferecei sacrifícios de justiça e confiai no SENHOR.
Em segundo lugar, Davi conforta seus amigos – Nesses
versículos, Davi se dirige a seus seguidores, sendo que alguns
deles se encontram tão sobrepujados por suas emoções que estão
prestes a perder o controle. Davi lhes dá cinco instruções, sendo
que todas elas se aplicam a situações de hoje, quando percebemos
a ira crescendo dentro de nós.

Primeiro, não pequeis – A ira pecaminosa produz


palavras e atos pecaminosos e até mesmo homicídio
(Mt 5:21-26). Paulo cita esse versículo em Efésios
4:26, usando para isso a Septuaginta (versão grega do
Antigo Testamento), que diz: "Irai-vos e não pequeis",
lembrando que nem toda ira é pecaminosa. Há uma ira
santa contra o pecado que deve estar presente no
coração de todo cristão (Mc 3:5), mas devemos cuidar
para não alimentar uma ira pecaminosa.
Segundo, consultai o coração – É fácil irar-se com os
pecados dos outros e, ao mesmo tempo, esquecer-se
dos próprios pecados (Mt 7:1-5). Na verdade, o próprio
Davi havia feito isso (2Sm 12:1-7). Algumas traduções
dizem: "Falai ao vosso coração" (Sl 10:6,11,13). Em
vez de virar de um lado para o outro na cama por causa
das atitudes dos outros, devemos fazer uma
introspecção e ver se não há em nosso próprio coração
pecados que precisam ser confessados.
Terceiro, Sossegai – A reflexão sincera sobre nosso
coração não deve causar inquietação, mas sim nos
levar a confessar nossos pecados ao Senhor e a nos
apropriar de seu maravilhoso perdão (1Jo 1:9).
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Quarto, oferecei sacrifícios de justiça – Esses
sacrifícios não podiam ser oferecidos ali no deserto,
mas era possível prometer oferece-los quando
voltassem para Jerusalém. Foi o que Jonas fez (Jn 2:9).
Absalão ofereceu sacrifícios hipócritas para
impressionar o povo (1Sm 15:12), mas Deus não os
aceitou (Sl 50:14, 15).

Quinto, confiai no Senhor – Absalão estava confiando


em sua liderança, em seu exército, em suas estratégias
astutas e em sua popularidade, mas não confiava no
Senhor. Portanto, seu plano estava condenado ao
fracasso.

Davi não era apenas um grande rei e estrategista


militar, mas também um pastor amoroso que se
importava com seu povo e desejava que andassem com
o Senhor. Sabia que a situação espiritual do povo era
muito mais importante que suas aptidões militares,
pois o Senhor dá a vitória àqueles que confiam e
obedecem (Sl 51:16-19).

c. (6) Há muitos que dizem: Quem nos dará a conhecer o bem? SENHOR,
levanta sobre nós a luz do teu rosto.
Primeiro, os líderes de Davi relataram ao rei aquilo que muitos
do povo estavam dizendo, portanto ele sabia que sua gente estava
desanimada (Sl 3:2). A pergunta: "Quem nos dará a conhecer o
bem?" significa: "Como gostaríamos de ver algo bom acontecer!"
ou "Será que essa situação pode redundar em algo de bom?", ou
ainda: "Quem pode nos tirar dessa situação terrível?"
Segundo, o tempo do verbo indica que essas palavras de
desânimo são repetidas continuamente pelos queixosos e que,
quanto mais reclamam, mais tensos deixam os outros. Alguém
disse bem que '"os bons tempos' são uma combinação de uma
péssima memória com uma excelente imaginação". Que tipo de
"bem" essas pessoas estão procurando: riquezas, paz, segurança
a qualquer custo, um rei temente a Deus ou um novo rei bem-
sucedido?
Terceiro, Davi sabe que tipo de "bem" deseja: o resplendor do
sorriso de Deus sobre ele e seu povo. Ver o rosto glorioso de Deus
e estar certo de que ele se agrada deles será mais do que
suficiente. Essa declaração refere-se ã bênção sacerdotal em
Números 6:24-26 (Sl 31:16; 44:3; 67:1; 80:3, 7,19; e 119:1 35).
Nenhum sacerdote está presente para dar sua bênção, mas Davi
sabe que Deus responderá à súplica de seu coração.

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Quarto, o rei quer ver o Senhor transformar as trevas em luz, e é
exatamente isso o que Deus faz. Porém, não apenas as trevas de
Davi transformam-se em luz como também seu desânimo é
substituído por alegria (v.7). Os israelitas alegravam-se
grandemente em casamentos e em tempos de colheitas
abundantes (Is 9:3; Jr 48:33); mas a alegria que Deus concedeu a
Davi foi maior do que a dessas ocasiões (Rm 15:13 e Jo 16:24).

3. DAVI FALANDO DE SI MESMO – vv.7-8


(7) Mais alegria me puseste no coração do que a alegria deles, quando lhes há
fartura de cereal e de vinho. (8) Em paz me deito e logo pego no sono, porque,
SENHOR, só tu me fazes repousar seguro.

Primeiro, Davi louva a Deus pela paz que o Senhor colocou em


seu coração antes de a batalha ser travada e vencida (v. 8; ver
3:5). Deus lhe dera descanso na noite anterior e agora repousaria
novamente, sabendo que Deus era seu escudo (3:3).

Segundo, O termo hebraico para "paz" (shalom) significa muito


mais do que a ausência de conflitos. Dá a idéia de adequação,
confiança e plenitude de vida.
Terceiro, Talvez o Senhor tenha lembrado Davi de
Deuteronômio 33:12: "O amado do Senhor habitará seguro com
ele; todo o dia o Senhor o protegerá, e ele descansará nos seus
braços". Essa promessa se torna ainda mais significativa quando
nos lembramos de que Davi quer dizer "amado".

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