Você está na página 1de 7

SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE

Tipo do Documento: Protocolo clínico PRO.OBS.017 Página 1/7

INDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO COM FETO Emissão: 01/03/2015


Título do Documento:
VIVO Revisão Nº: 02 – 12/06/2018

I. AUTOR

• Carolina de Alencar Ohi Garcia


• Jordana Parente Paiva
• Raimundo Homero de Carvalho Neto
• Francisco Edson de Lucena Feitosa

II. CONCEITO

Consiste em estimular artificialmente o preparo do colo e as contrações uterinas coordenadas


e efetivas antes de seu início espontâneo, levando ao desencadeamento do trabalho de parto, em
mulheres a partir da 22ª semana de gestação.

GRAU DE
INDICAÇÕES RECOMENDAÇÃO
RECOMENDAÇÃO
Reduz mortalidade perinatal e síndrome de
Gestação
aspiração meconial. Não se observou aumento na A
prolongada
frequência de cesarianas
Reduz risco de corioamnionite, endometrite e
RUPREMA A
admissão em UTI neonatal.
Diabetes Reduz incidência de macrossomia. A
Pré-eclâmpsia leve a Fracamente a favor, porém não há evidências
D
termo suficientes.
Pré-eclâmpsia Não se observam danos maiores em relação a
grave (versus cesariana eletiva. C
cesariana)
Fracamente a favor, porém sem evidências
Cardiopatia suficientes. B

III. CONTRAINDICAÇÕES

Absolutas:
» Placenta prévia centro-total;
» Vasa prévia;
» Cardiotocografia anteparto não reativa;
» Apresentação córmica;
» Prolapso de cordão umbilical;
» Cesárea clássica anterior e outras cicatrizes uterinas (miomectomias);
» Anormalidade na pelve materna;
1
SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE
Tipo do Documento: Protocolo clínico PRO.OBS.017 Página 2/7

INDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO COM FETO Emissão: 01/03/2015


Título do Documento:
VIVO Revisão Nº: 02 – 12/06/2018

» Herpes genital ativo;


» Tumores prévios (colo ou vagina e mioma em segmento inferior);
» Desproporção céfalo-pélvica.

Relativas:
» Macrossomia fetal (peso fetal estimado por USG ≥ 4000g);
» Gestação gemelar;
» Apresentação pélvica;
» Doença cardíaca materna;
» Cesariana anterior (cicatriz transversa): a depender do método escolhido para indução.

IV. CONDIÇÕES PARA INDUÇÃO DO PARTO

» Gestação única a termo ou com maturidade pulmonar comprovada;


» Apresentação cefálica;
» Peso fetal > 2500g e < 4000g;
» ILA > 50 mm ou maior bolsão ≥ 20mm;
» Avaliação de vitalidade fetal normal;

Riscos relacionados à indução:


» Ruptura uterina;
» Infecção intracavitária;
» Prolapso de cordão umbilical;
» Prematuridade iatrogênica;
» Sofrimento ou morte fetal;
» Falha na indução, com aumento nos índices de cesarianas.

MÉTODOS PARA INDUÇÃO DO PARTO

Para escolha do método à ser utilizado para indução utiliza-se o escore de Bishop modificado,
que se fundamenta nas características do colo uterino e altura da apresentação fetal. Baixos escores
cervicais têm sido associados a falha de indução, ao seu prolongamento e ao elevado índice de
cesariana.

2
SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE
Tipo do Documento: Protocolo clínico PRO.OBS.017 Página 3/7

INDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO COM FETO Emissão: 01/03/2015


Título do Documento:
VIVO Revisão Nº: 02 – 12/06/2018

ÍNDICE DE BISHOP MODIFICADO:


Pontuação 0 1 2 3
Altura da Apresentação -3 -2 -1/0 +1/+2
Dilatação do Colo (cm) 0 1-2 3-4 >4
Comprimento do Colo (cm) >2 2 1 <1

Consistência do Colo Firme Intermediário Amolecido -


Posição do Colo Posterior Intermediário Central -

Métodos:

a) Descolamento de Membranas Ovulares:


Tentativa de separação das membranas ovulares da decídua parietal no segmento inferior
uterino, através do toque vaginal. Além de auxiliar na dilatação do colo, promove liberação de
prostaglandinas. Observou-se redução na duração da gravidez e no número de gestantes que
ultrapassam as 41 semanas, sem aumentar risco materno ou neonatal de infecção.

b) Sonda de Foley (método de Krause):


Utilizada nos casos de contraindicação ao uso do misoprostol (pacientes com cicatriz uterina),
quando deve-se fazer ocitocina e o índice de Bishop encontra-se < 7. A associação com ocitocina
diminui o risco de cesárea em relação ao parto induzido apenas com ocitocina, parecendo ser tão
efetiva quanto o misoprostol (Grau II 2B). E em pacientes com cicatriz de cesárea (Grau IB).
Técnica:

1 Limpar colo e vagina com solução antisséptica (Clorexidina aquosa);

2 Inserção da sonda de foley Nº 16 e enchimento do balão com 60ml de soro fisiológico


a 0,9%;

3 Tração (através da fixação da sonda a face interna da coxa da paciente com


esparadrapo);

4 Manter o balão tracionado por no máximo 24h (se rotura de membranas, manter no
máximo por 12h);

5 Imediatamente após expulsão espontânea ou retirada do balão, iniciar ocitocina


conforme o protocolo (item C)

3
SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE
Tipo do Documento: Protocolo clínico PRO.OBS.017 Página 4/7

INDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO COM FETO Emissão: 01/03/2015


Título do Documento:
VIVO Revisão Nº: 02 – 12/06/2018

c) Ocitocina

Utilizada para estimular as contrações uterinas; ocorre melhor resposta nas últimas semanas
de gestação, pois é dependente dos níveis de estrógeno circulante (aumento de receptores);
Apesar da ação rápida tanto para início da estimulação quanto da sua cessação (suspensão
da infusão), não é usualmente indicado quando colo ainda é imaturo (Bishop < 7), sendo associada a
percentual elevado de partos prolongados, intoxicação hídrica (pelo aumento sucessivo das doses) e,
consequentemente de cesáreas.
Apresentação: ampola de 5 Unidades Internacionais. Técnica recomendada pela ACOG:
» Iniciar com doses de 1 a 2 mili Unidades Internacionais/min, EV, aumentando 1 a 2 mili
Unidades Internacionais/min a cada 30 min até desencadeamento do trabalho de parto. Seguir
protocolo disponível na Internet, “http://www.ebserh.gov.br/web/meac-ufc “ na aba lateral
esquerda “Sobre/Acesso a Informação/Planos Terapêuticos/Obstetrícia/PLT.MED-OBS.032 - USO
DE OCITOCINA”

d) Misoprostol

Análogo sintético da prostaglandina E1;


Utilizado quando Bishop < 7, promovendo amadurecimento cervical e estimulação de
contrações uterinas; preencher plano terapêutico de uso de misoprostol para indução do
trabalho de parto disponível na Internet, “http://www.ebserh.gov.br/web/meac-ufc “ na aba
lateral esquerda “Sobre/Acesso a Informação/Planos Terapêuticos/Obstetrícia/ PLT.MED-OBS.016
- INDUÇÃO DE TRABALHO DE PARTO COM FETO VIVO - USO DO MISOPROSTOL”

» Apresentação: comprimidos de 25 mcg e 200 mcg;


» Técnica: administração de comprimido via vaginal, em fundo de saco posterior, embebido
em água destilada (evitar embebê-lo em gel);
» Riscos: maior chance de taquissistolia e hiperestimulação uterina;
» Indução do parto com feto vivo: 25 mcg a cada 6h;

V. COMPLICAÇÕES DA INDUÇÃO

a) Ocorrência de mecônio: reavaliar vitalidade fetal e continuidade ou não da indução;


b) Taquissistolia: 5 ou mais contrações em 10 min, detectadas por 2 vezes consecutivas
(20 min), ou presença de contração uterina ≥ 120s;
c) Alteração da frequência cardíaca fetal: categorias 2 e 3 segundo critérios NICHD/2008;
d) Iminência de rotura uterina: presença do anel de Brandl-Frommel e retesamento dos
ligamentos redondos

4
SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE
Tipo do Documento: Protocolo clínico PRO.OBS.017 Página 5/7

INDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO COM FETO Emissão: 01/03/2015


Título do Documento:
VIVO Revisão Nº: 02 – 12/06/2018

» Conduta:

• Remoção de partes não absorvidas do medicamento (não utilizar irrigação vaginal);


• Hidratação materna, 2000 mL SRL EV rápido e decúbito lateral esquerdo;
• Se não solucionado, faz-se como primeira escolha, tocólise com Terbutalina 0,25mg
SC (0,5 mg/ml, por ampola, fazer 0,5ml SC). Alternativamente, pode-se administrar
Nifedifina 20mg VO a cada 30 minutos (máximo de 4 doses) ou Sulfato de Magnésio 6g
EV diluído em 100ml de SG a 5% até cessação ou diminuição das contrações;
• Oxigenação materna com cateter de O2/ 3L/min é também recomendada em casos de
alteração na FCF, porém sem evidências fortes;
• Se essas medidas se mostrarem ineficazes e a taquissistolia com ou sem alterações na
FCF persistir, resolve-se a gravidez por via abdominal, idealmente em um tempo que
não ultrapasse 30min.
• Nos casos de taquissistolia sem comprometimento da vitalidade fetal que cedeu com
as medidas acima descritas, poderemos reiniciar a indução de acordo com o índice de
Bishop e se as condições maternas permitirem.

e) Malogro de Indução: definido quando há ausência de trabalho de parto após


administração da oitava dose de Misoprostol.
OBS 1: Deve-se aguardar até, no mínino, 12 a 18h (fase latente) da administração da última
dose de Misoprostol, para que se dê o diagnóstico de Malogro de Indução.
OBS 2: Paciente com trabalho de colo, porém apresentando Bishop <7, devem ser avaliadas
individualmente para o uso de Ocitocina.
f) Rotura uterina: alteração de FCF, sangramento transvaginal, fuga da cabeça (sumiço da
apresentação no toque vaginal), dor abdominal, facilidade de palpação de partes fetais,
cessação das contrações, hipotensão, sudorese, palidez, taquisfigmia.

5
SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE
Tipo do Documento: Protocolo clínico PRO.OBS.017 Página 6/7

INDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO COM FETO Emissão: 01/03/2015


Título do Documento:
VIVO Revisão Nº: 02 – 12/06/2018

FLUXOGRAMA

OBS: Em pacientes com índice de Bishop desfavorável (<7), com contraindicação ao uso de
Misoprostol, deve-se utilizar inicialmente, o método de Krause, para o trabalho do colo, antes
do uso da ocitocina.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

1. THE SOCIETY OF OBSTETRICIANS AND GYNAECOLOGISTS OF CANADA. Induction of


labor: Review. SOGC clinical practice guideline, nº 296, Set 2011, Reviewed March, 2015.
2. WING, D.A. Techniques for ripening the unfavorable cervix prior to induction. Disponível
em: http://www.uptodate.com/contents/techniques-for-ripening-the-unfavorable-cervix-prior-to-
induction?source=search_result&search=Techniques+for+ripening+the+unfavorable+cervix+p
rior+to+induction&selectedTitle=1%7E150. Acesso em 08 set. 2016.

6
SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE
Tipo do Documento: Protocolo clínico PRO.OBS.017 Página 7/7

INDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO COM FETO Emissão: 01/03/2015


Título do Documento:
VIVO Revisão Nº: 02 – 12/06/2018

Você também pode gostar